Química Industrial - formei

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Formação Modular
Q uím ica Industrial
C O M U N ID A D E E U R O P E IA
F un d o S o cia l E u rop e u
INSTITUTO DO EMPREGO
E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
IEFP · ISQ
Colecção
MODULFORM - Formação Modular
Título
Química Industrial
Suporte Didáctico
Guia do Formando
Coordenação Técnico-Pedagógica
Apoio Técnico-Pedagógico
Coordenação do Projecto
IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional
Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos
CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria
Metalúrgica e Metalomecânica
ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade
Direcção de Formação
Autor
Eduardo Dias Lopes
Capa
SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA
Maquetagem e Fotocomposição
Revisão
Produção
Propriedade
1.ª Edição
Tiragem
Depósito Legal
ISBN
ISQ / José Artur Almeida
OMNIBUS, LDA
SAF - Sistemas Avançados de Formação
Instituto do Emprego e Formação Profissional
Av. José Malhoa, 11 1000 Lisboa
Portugal, Lisboa, Junho de 1998
200 Exemplares
127-664-98
972-732-466-5
Copyright, 1998
Todos os direitos reservados
IEFP
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP
M.S.03
Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo
Estado Português, e pela União Europeia, através do FSE
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Actividades / Avaliação
Bibliografia
Caso de estudo
ou exemplo
Destaque
Índice
OBJECTIVOS GERAIS
Objectivos
Conhecer processos químicos industriais. Da unidade temática I à IX, faz-se
referência aos processos industriais de síntese e de separação e aos principais
equipamentos usados nas indústrias químicas. Nas unidades temáticas
seguintes, abordam-se as principais indústrias de química orgânica, inorgânica
e biotecnologia.
Recurso a diapositivos
ou transparências
Recurso a software
Recurso a videograma
M.T.09
Resumo
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Índice Geral
ÍNDICE GERAL
I - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS QUÍMICOS INDUSTRIAIS
•
•
•
•
•
Introdução
I.2
Classificação da Indústria Química
I.3
Operações unitárias
I.4
Resumo
I.6
Actividades / Avaliação
I.7
II - MOAGEM
•
•
•
•
•
Introdução
II.2
Tipos de equipamentos. Princípios gerais
II.2
Classificação dos equipamentos de moagem
II.3
Resumo
II.12
Actividades / Avaliação
II.13
III - MISTURA E DOSAGEM
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Introdução
III.2
Mistura de sólidos
III.2
Mistura de líquidos
III.3
Agitação por ar comprimido
III.5
Mistura de sólidos com líquidos
III.6
Misturadores de gases e de líquidos com gases
III.7
Mistura de soluções coloidais
III.7
Dosagem
III.7
Resumo
III.9
Actividades / Avaliação
III.10
IV - PENEIRAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO. SEPARAÇÃO
ELÉCTRICA E MAGNÉTICA
Peneiração
IV.2
Classificação e separação por densidade
IV.2
Classificação por flutuação
IV.6
Separação eléctrica
IV.7
M.T.09
•
•
•
•
Química Aplicada
Guia do Formando
IG . 1
IEFP · ISQ
•
•
•
Índice Geral
Separação magnética
IV.9
Resumo
IV.10
Actividades / Avaliação
IV.11
V - EXTRACÇÃO, SEDIMENTAÇÃO E ESPESSAMENTO
•
•
•
•
Introdução à extracção
V.2
Aspectos práticos da extracção
V.4
Instalações piloto e instalações industriais
V.4
Sedimentação e espessamento
V.5
• Introdução aos fenómenos de sedimentação e espessamento V.5
•
•
• Sedimentação em líquidos
V.5
• Sedimentação em gases
V.7
Resumo
V.9
Actividades / Avaliação
V.10
VI - FILTRAÇÃO, PRENSAGEM E CENTRIFUGAÇÃO
•
•
•
•
•
•
•
Conceito de filtração
VI.2
Fenómenos associados à filtração
VI.2
Tipos de filtros
VI.4
Princípios básicos da centrifugação
VI.8
Tipos de equipamentos usados na centrifugação
VI.8
Resumo
VI.12
Actividades / Avaliação
VI.13
VII - EVAPORAÇÃO, SECAGEM E CRISTALIZAÇÃO
•
•
•
•
•
VII.2
Mecanismos de evaporação e tipos de equipamentos
VII.2
Mecanismos de secagem e equipamentos
VII.15
Introdução à cristalização
VII.22
Equipamentos usados na cristalização e factores físicos
associados
VII.22
Resumo
VII.27
Actividades / Avaliação
VII.28
M.T.09
•
•
Introdução
Química Aplicada
Guia do Formando
IG . 2
IEFP · ISQ
Índice Geral
VIII - DECANTAÇÃO, DESTILAÇÃO E CONDENSAÇÃO
•
•
•
•
Introdução
VIII.2
Aspectos práticos da destilação
VIII.2
Resumo
VIII.6
Actividades / Avaliação
VIII.7
IX - ABSORÇÃO E ADSORÇÃO DE GASES
•
•
•
•
•
•
Introdução ao fenómeno de absorção
IX.2
Aparelhagem usada
IX.2
Introdução ao fenómeno de adsorção
IX.6
Aparelhagem usada
IX.6
Resumo
IX.10
Actividades / Avaliação
IX.11
X - INTRODUÇÃO À INDÚSTRIA DE QUÍMICA ORGÂNICA
Combustíveis e sua utilização
X.2
Coqueficação da hulha
X.5
Borracha
X.7
Plásticos sintéticos
X.8
Fibras têxteis artificiais e sintéticas
X.10
Óleos, gorduras e ceras animais e vegetais
X.11
Sabão e detergentes sintéticos
X.12
Petróleo e seus derivados
X.14
Petroquímica
X.27
Química Industrial da madeira
X.30
Açúcar e amido
X.33
Fertilizantes orgânicos naturais
X.34
Insecticidas, fungicidas e herbicidas orgânicos
X.34
Corantes
X.35
Outros produtos orgânicos
X.36
Resumo
X.37
Actividades / Avaliação
X.39
M.T.09
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Química Aplicada
Guia do Formando
IG . 3
IEFP · ISQ
Índice Geral
XI - INTRODUÇÃO À INDÚSTRIA DE QUÍMICA INORGÂNICA
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Ácido sulfúrico e enxofre
XI.2
Derivados do azoto
XI.4
Cloreto de sódio
XI.7
Carbonato de sódio
XI.8
Ácido clorídrico
XI.9
Sal de Glauber
XI.10
Soda cáustica e cloro
XI.11
Fosfatos, fósforo, fertilizantes e sais potássicos
XI.13
Explosivos químicos
XI.14
Resumo
XI.15
Actividades / Avaliação
XI.16
XII - INTRODUÇÃO À BIOTECNOLOGIA
•
•
•
•
•
Reactores bioquímicos
XII.2
Esterilização
XII.5
Recuperação de produtos bioquímicos
XII.7
Resumo
XII.9
Actividades / Avaliação
XII.10
ANEXO I - Introdução às Unidades e Dimensões
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Unidades e dimensões
AI.2
Conceito de mole
AI.8
Densidade
AI.9
Peso específico
AI.9
Volume específico
AI.10
Fracção molar e fracção de peso
AI.10
Unidades de concentração
AI.10
Temperatura
AI.11
Pressão
AI.11
Resumo
AI.15
Actividades / Avaliação
AI.16
ANEXO II - Peneiração e Peneiros
•
Peneiração e peneiros
B.1
M.T.09
BIBLIOGRAFIA
AII.1
Química Aplicada
Guia do Formando
IG . 4
Introdução aos Processos Químicos Industriais
M.T.09
Ut.01
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
Distinguir o que são operações unitárias e tipos de indústrias;
Classificar Indústrias Químicas nos seus vários ramos.
TEMAS
Introdução
Classificação da Indústria Química
Operações unitárias
Classificação das reacções químicas
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.01
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
I . 1
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
INTRODUÇÃO
A Química Industrial é uma área tecnológica que tem por objectivo transformar
as matérias-primas básicas em produtos que podem ser, directamente ou
indirectamente, consumidos pelo Homem.
Esta transformação parte de alguns princípios básicos da Química, usando
equipamentos de grande dimensão.
Portanto, como em qualquer outro ramo de engenharia aplicado à Indústria,
tudo se resume em projectar e fabricar. Para tal, e para compreender o
funcionamento de uma unidade industrial, será necessário efectuar o projecto
duma instalação, conhecer os vários processos de fabricação, ordená-los numa
forma lógica e sequencial e introduzir os equipamentos necessários para esse
fim.
Deste modo, para se conhecer uma unidade industrial é necessário estudar:
•
•
•
Operações unitárias;
•
Controlo industrial.
Combustíveis e utilização racional de energia;
Materiais de construção (em que a resistência à corrosão é uma
componente importante);
Voltando ao tema inicial, os bens de consumo podem ser obtidos pelos vários
tipos de indústrias:
•
•
•
•
•
•
•
Indústrias alimentares;
Indústria do vestuário;
Indústria de produtos de construção;
Indústria de produtos de iluminação e aquecimento;
Indústria de produtos destinados à agricultura;
Indústria de meios de transporte;
etc.
M.T.09
Ut.01
Os produtos fabricados e o consumo per capita definem o nível de vida. Muitos
destes produtos podem ser destinados ao consumo ou à exportação. No
entanto, quando existe uma sobreprodução desses produtos, esta acaba por
se reflectir no desenvolvimento das populações.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
I . 2
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
CLASSIFICAÇÃO DA INDÚSTRIA QUÍMICA
A Indústria Química tem um largo campo de acção, que abrange os seguintes
tipos:
•
•
•
•
•
•
•
produtos metalúrgicos
• ferro, aço
• não-ferrosos
indústrias básicas de química inorgânica
• ácido sulfúrico
• amoníaco
• sais naturais
• cloro e bases
• adubos
indústrias electroquímicas
• combustíveis
• petróleo e derivados
• gás
• produtos pesados
produtos de destilação da madeira
• carvão
• gases industriais
produtos cerâmicos
• cerâmica em geral
• cal
• cimentos
produtos orgânicos naturais
• açúcar
• amido
• papel
• celulose
• borracha
• resinas e gomas
• óleos, gorduras e ceras
• sabão e glicerol
• colas e gelatinas, etc.
produtos orgânicos artificiais (sintéticos)
• corantes e soluções
• plásticos
• explosivos
• detergentes
• gases militares
• perfumes
produtos farmacêuticos, etc.
M.T.09
Ut.01
•
Tipos de Indústria Química
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
I . 3
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
OPERAÇÕES UNITÁRIAS
Numa Indústria Química existe um número de operações que estão sempre
presentes para se produzirem os objectivos finais, as quais se podem sintetizar
do seguinte modo:
•
•
•
Transporte e mistura dos reagentes;
Realização das reacções químicas;
Separação e transporte dos produtos de reacção.
A realização das operações anteriormente resumidas fazem-se à custa das
chamadas operações unitárias da indústria e que são as seguintes:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Transporte de sólidos
Transporte de líquidos
Transporte de gases
Moagem
Mistura
Transmissão de calor
Evaporação
Hidratação e desidratação
Peneiração
Classificação e separação por densidades
Separação eléctrica e magnética
Extracção
Sedimentação e decantação
Filtração
Centrifugação
Secagem
Cristalização
Destilação
Absorção
As operações entre a peneiração e absorção são também conhecidas por
acções de separação.
Na realização das reacções químicas existem também formas de classificação,
sendo cada tipo de reacção conhecido por processo unitário. São eles os
seguintes:
Combustão
Oxidação
M.T.09
Ut.01
•
•
Realização das reacções
químicas
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
I . 4
IEFP · ISQ
•
•
Neutralização
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Electrólise
Introdução aos Processos Químicos Industriais
Tratamento por bases
Dupla decomposição
Calcinação
Nitração
Esterificação
Redução
Amonólise
Halogenação
Sulfonação
Hidrólise
Hidrogenação
Alquilação
Reacção de Friedel e Craft
Condensação e polimerização
Diazotação
Fermentação
Pirólise, etc.
Todos estes factores constituem a base de projecto e funcionamento duma
Unidade Química, sendo resumidas no chamado diagrama de fabrico ou
flow-sheet.
M.T.09
Ut.01
Modernamente, estes diagramas estão introduzidos em computadores de
processo e podem fornecer em cada instante um “output” do funcionamento
duma dada Unidade.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
I . 5
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
RESUMO
A Engenharia Química está estruturada em determinados princípios básicos
que permitem ordenar o seu estudo.
A ordenação das Indústrias em tipos permite agrupar também princípios
específicos comuns a cada uma.
M.T.09
Ut.01
A abordagem das operações unitárias possibilita estabelecer em que medida é
que, numa unidade industrial, se podem juntar os vários processos para se
poder produzir uma determinada substância química.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
I . 6
IEFP · ISQ
Introdução aos Processos Químicos Industriais
ACTIVIDADES/AVALIAÇÃO
1. O que entende por uma operação unitária numa unidade de processo
químico?
2. Qual a razão por que se devem estudar os materiais de construção numa
indústria química?
3. Que entende por controlo industrial?
4. Que diferença existe entre Indústria de Química Orgânica e Inorgânica?
M.T.09
Ut.01
5. Em sua opinião, de que modo se devem abordar as reacções químicas
numa indústria química?
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
I . 7
Moagem
M.T.09
Ut.02
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Moagem
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Explicar o que é moagem e identificar quais os objectivos numa Indústria
Química;
•
Classificar os tipos de moinhos.
TEMAS
Introdução
Tipos de equipamentos. Princípios gerais
Classificação dos equipamentos de moagem
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.02
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
II . 1
IEFP · ISQ
Moagem
INTRODUÇÃO
Após o transporte de matérias-primas numa Unidade Química, segue-se a
mistura das mesmas. Esta, para ser eficiente, implica que as dimensões dos
componentes (ou reagentes) seja tão pequena quanto possível. No caso de
líquidos, a fase de subdivisão faz-se na mistura. No entanto, no caso dos sólidos
é necessário que se faça uma operação preliminar de moagem.
A moagem consiste em reduzir as partículas de determinado volume ou
granulometria noutras de menor dimensão, submetendo essas partículas a
acções mecânicas superiores à tensão de rotura. Os esforços de tipo mecânico
mais eficientes pare este efeito, são os de compressão e de corte, actuando
na prática simultaneamente.
TIPOS DE EQUIPAMENTOS / PRINCÍPIOS GERAIS
Com base nos mecanismos físicos associados à moagem (compressão e corte),
é possível estabelecer os princípios de funcionamento dos equipamentos.
Assim, a compressão pode obter-se do seguinte modo:
•
efeito entre duas superfícies planas ou curvas que se afastam de modo
a permitir a entrada da matéria-prima e que, em seguida, se aproximam;
•
por rolamento entre duas superfícies planas ou curvas permitindo reduzir,
sucessivamente, o afastamento entre elas efectuando, deste modo, a
compressão;
•
percussão de uma dada massa sobre a matéria-prima a triturar.
Por sua vez, os esforços de corte são produzidos pelos processos seguintes:
•
•
escorregamento de duas superfícies, uma sob a outra;
por percursão dos pedaços de forma não-uniforme.
Podem também conjugar-se os esforços de compressão e corte, obtendo-se
um efeito misto:
escorregamento de uma superfície sobre a outra;
idêntico ao anterior, usando também a energia cinética das massas em
contacto (da matéria-prima).
M.T.09
Ut.02
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 2
IEFP · ISQ
Moagem
CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE MOAGEM
Os equipamentos de moagem podem-se classificar nas seguintes categorias.
•
•
•
•
Tipos de Indústria Química
aparelhos que reduzem partículas médias e grossas ou britadores;
aparelhos que reduzem partículas médias e finas ou trituradores;
aparelhos que reduzem partículas finas e muito finas ou moinhos;
aparelhos que reduzem partículas muito finas e coloidais ou moinhos
coloidais.
A classificação granulométrica é pouco rigorosa em termos quantitativos. No
entanto, pode-se fazer a seguinte divisão:
•
•
•
•
partículas grossas: 50 a 1500 mm;
partículas médias: 1 a 50 mm;
partículas finas e muito finas: inferiores a 1 mm;
partículas coloidais: inferiores a 1 mícron.
Britadores
Os britadores exercem um esforço de compressão sobre a superfície a moer,
através de aperto entre superfície de distância variável, que se afastam para
receber o produto e que se aproximam para efectuar o escorregamento.
Existem vários tipos de britadores:
•
•
britadores de superfície plana (Blake e Dodge) (Fig. II.1);
britadores de superfície curva (Fig. II.2).
Nos britadores de superfície plana, uma das superfícies é fixa e a outra móvel
em torno de um veio horizontal, sendo o movimento comunicado por um
excêntrico.
As superfícies têm o nome de mandíbula ou maxilas, podendo ser lisas ou
dentadas (para superfícies muito duras).
M.T.09
Ut.02
os britadores de superfície curva, as maxilas são substituídas por dois
tronco-cones, sendo o fixo oco e o móvel maciço.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 3
IEFP · ISQ
Moagem
Fig. II.1 – Britadores de superfícies planas (Blake e Dodge)
M.T.09
Ut.02
Fig. II.2 – Britadores de superfícies curvas
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 4
IEFP · ISQ
Moagem
Trituradores
Os trituradores são equipamentos de moagem que podem trabalhar por
rolamento de superfícies umas sobre as outras, por aperto entre duas superfícies
e por percussão.
Nos trituradores por rolamento, este é conseguido por duas ou mais superfícies
cilíndricas que rolam sobre um plano horizontal ou sobre outra superfície
cilíndrica: trituradores de galgas (Fig. II.3) e trituradores de cilindros (Fig. II.4).
Fig. II.3 – Triturador de galgas
M.T.09
Ut.02
Fig. II.4 – Triturador de cilindros
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 5
IEFP · ISQ
Moagem
Nos trituradores que utilizam a força centrífuga (trituradores Symons ou de
discos), o mecanismo básico é constituído por duas superfícies cónicas, cujas
bases se encontram voltadas uma para a outra e que possuem movimento de
rotação, em torno de dois eixos diferentes, no mesmo sentido e com a mesma
velocidade (Fig. II.5).
Fig. II.5 – Triturador de Symons
O disco interior está montado num veio descentrado possibilitando um
afastamento ou uma aproximação.
Nos trituradores por percussão ou de compressão a actuação é feita deixando
cair em cima da substância um determinado número de massas que estão
montadas em eixos verticais, accionadas por um veio de cones horizontal,
mas que, devido ao baixo rendimento, são pouco usados. Os trituradores de
percussão mais comuns (força de corte) são os de martelo (Fig. II.6).
M.T.09
Ut.02
Fig. II.6 – Triturador de Martelos
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 6
IEFP · ISQ
Moagem
Os martelos são peças articuladas na superfície do cilindro e que se mantêm
em posição radial, devido à força centrífuga. As partículas a triturar por acção
dos martelos são obrigadas a adquirir uma determinada velocidade, devendo
atingir a energia necessária para se dar a fractura.
Um outro tipo de trituradores de percussão (por corte) são os trituradores de
dentes Fig. II.7; o cilindro, em vez de martelos, tem dentes.
Fig. II.7 – Trituradores de percussão
Os trituradores centrífugos, desintegradores de gaiola ou moinhos Carr (Fig.
II.8), são constituídos por dois discos paralelos em que estão montadas barras
dirigidas segundo geratrizes de vários cilindros concêntricos; os discos possuem
movimento de rotação com sentidos inversos. A substância a moer entra pela
parte central e é lançada para a periferia devido à força centrífuga, sendo triturada
ao passar pelas barras.
M.T.09
Ut.02
Fig. II.8 – Trituradores centrífugos
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 7
IEFP · ISQ
Moagem
Moinhos
Os moinhos baseiam-se no aperto por rolamentos de superfície devido a esforços
de corte e a esforços mistos.
A moagem por rolamentos é semelhante à dos trituradores de cilindros,
mas os eixos destes não são fixos, de modo a obrigarem as roletes a
encostarem contra as paredes do moinho (por meio de molas ou de força
centrífuga) Fig. II.9 e II.10.
R
Fig. II.9 – Moagem por pressão por mola
M.T.09
Ut.02
Fig. II.10 – Moagem de pressão por força centrífuga
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 8
IEFP · ISQ
Moagem
Nos moinhos por meio de força centrífuga existem dois tipos de moagem (Griffin e
Raymond), sendo o segundo o mais potente e onde se obtém maior eficácia.
A moagem por corte consegue-se por meio de duas mós sobrepostas
(Fig. II.11), com o mesmo diâmetro, sendo uma fixa e outra móvel, com um
plano de contacto e com uma ranhura de modo a permitir a entrada de
matéria-prima a moer por um esforço de corte.
Fig. II.11 – Moagem por corte
Nos moinhos de esforço misto, exercidos só por escorregamento, o princípio
de funcionamento é semelhante aos dos moinhos pendulares, em que
os roletes são substituídos por esferas de aço (Fig. II.12).
Alimentação
Zona
de
moagem
Veio
M.T.09
Ut.02
Fig. II.12 – Moinho de esfera
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 9
IEFP · ISQ
Moagem
O movimento de rotação é comunicado por braços montados num veio central.
Nos moinhos de esfera, o princípio de funcionamento baseia-se na queda de
esferas de aço, sílex ou porcelana que caem em cima da substância a moer,
com uma acção de corte junto às paredes. A blindagem destes moinhos é
cilíndrica com um movimento de rotação em torno do eixo (que se encontra
numa posição horizontal). A velocidade de rotação é tal de modo a que as
esferas estejam em contacto com as paredes e que caiam do ponto mais alto.
Moinhos coloidais
Como se referiu anteriormente, são sistemas de moagem para partículas de
granulometria inferior a 1 mícron. Os princípios em que se baseiam são idênticos
aos moinhos normais, mas com as seguintes diferenças:
•
•
•
•
as velocidades dos órgãos móveis são bastante mais elevadas;
as capacidades de moagem são bastante menores;
a moagem é feita em meio líquido e não em seco;
o líquido circula em circuito fechado até se atingir a granulometria
desejada.
Os principais tipos de moinhos são os seguintes:
•
•
•
•
moinhos de dentes
moinhos de discos
moinhos rotativos
moinhos de bolas
Os moinhos de dentes (ou de Planson e Block) têm uma velocidade de rotação
de 1 200 rpm e velocidades periféricas de 200 m/s. O líquido circula a 0,7 m/s.
Nos moinhos de disco, o funcionamento é baseado numa mistura de
trituradores de discos e de mós planos, em que um dos discos é responsável
pela alimentação. O movimento de rotação dos dois discos é de sentido inverso,
podendo no entanto um deles ser fixo. No moinho de Harrell a velocidade de
rotação atinge 9 000rpm e no “Coloid Mill Corporation” 7 000 rpm.
M.T.09
Ut.02
Fig. II.13 – Moinho de discos
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 10
IEFP · ISQ
Moagem
Os moinhos rotativos têm um princípio de funcionamento idêntico ao dos
moinhos de café (Fig. II.14), mas com os dois cones virados para o mesmo
lado. O moinho comercial mais comum é o Premier Mill.
Fig. II.14 – Moinho rotativo
As velocidades periféricas atingem 150 m/s.
M.T.09
Ut.02
Os moinhos de bolas são moinhos de pequeno diâmetro (cerca de 25cm) e
com esferas de 1 mm. Usam-se sobretudo para substâncias facilmente
inflamáveis. No entanto, para se atingir a granulometria desejada é necessário
que o líquido circule durante 150 a 200 horas.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 11
IEFP · ISQ
Moagem
RESUMO
A moagem é a operação que se segue ao transporte das partículas de dimensões
não apropriadas para se fazer a mistura.
A esta operação segue-se, normalmente, a mistura que é feita com todos os
intervenientes sólidos ou fluidos.
Numa instalação começa-se por fazer a análise da potência a instalar, de modo
a poder dimensionar-se a mesma.
A classificação dos equipamentos é feita em função da granulometria das
partículas que se pretendem obter.
Fundamentalmente, existem os seguintes tipos de equipamentos:
Britadores
Trituradores
Moinhos coloidais
M.T.09
Ut.02
Estes foram analisados nesta unidade temática, com algum detalhe.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
II . 12
IEFP · ISQ
Moagem
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Qual a função da operação moagem numa Indústria Química?
2. Em que princípios físicos se baseia a moagem?
3. Dê exemplos de Indústrias Químicas que usem a moagem como Operação
Unitária.
4. Faça um esquema de funcionamento de um moinho de bolas.
M.T.09
Ut.02
5. Caracterize os moinhos coloidais.
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
II . 13
Mistura e Dosagem
M.T.09
Ut.03
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
Definir os conceitos de mistura e dosagem;
Definir os tipos de agitadores;
Definir o que são coloidais e quais as formas de mistura.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Introdução
Mistura de sólidos
Mistura de líquidos
Agitação por ar comprimido
Mistura de sólidos com líquidos
Misturadores de gases e de líquidos com gases
Mistura de soluções coloidais
Dosagem
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.03
TEMAS
Química Industrial
Guia do Formando
III . 1
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
INTRODUÇÃO
A produção de reacções químicas ou outras operações unitárias exige que se
faça a mistura e, para isso, no caso dos sólidos, é necessário que as partículas
sejam tão finas quanto possível. Esta operação obtém-se por moagem, conforme
se viu na Unidade Temática anterior.
No caso de líquidos e gases, essa operação de subdivisão faz-se por
pulverização ou agitação e efectua-se, simultaneamente, com a mistura ou a
dosagem.
MISTURA DE SÓLIDOS
O princípio de mistura entre sólidos é bastante simples. Quando se efectua
esta operação, juntam-se os dois componentes que, por exemplo, se encontram
depositados em dois pontos diferentes. À medida que a mistura se vai fazendo,
vai-se dando uma uniformização.
Mistura
Quando a camada de um dos componentes for da ordem de grandeza da sua
granulometria, a operação de mistura está realizada.
A operação de mistura vai obrigar, assim, a uma série sucessiva de conjugação
e disjunção em que os dois componentes se vão interpenetrando. O trabalho
necessário para realizar a mistura aumenta com os volumes das fracções; a
mistura é tanto mais rápida quanto maior forem os volumes das fracções.
Existem dois processos de mistura que se usam na Indústria Química, dando
origem, portanto, a dois tipos de misturadores:
•
misturadores contínuos - a mistura é mais lenta mas o consumo de energia
é menor;
•
misturadores descontínuos - a mistura é mais rápida mas o consumo de
energia é maior.
Os misturadores contínuos são constituídos por uma caixa cilíndrica em cujo
interior existe um órgão móvel que efectua a mistura, imprimindo às partículas
um movimento com um determinado sentido. Este objectivo é atingido através
dum sem-fim.
M.T.09
Ut.03
Os misturadores descontínuos são constituídos por uma caixa com um
movimento de rotação em torno de um eixo. Esta caixa tem, habitualmente,
uma forma cilíndrica ou tronco-cónica (em que se incluem, por exemplo, as
betoneiras). No movimento de rotação, devido ao atrito da força centrífuga, a
substância é arrastada, caindo de uma determinada altura (Fig. III.1).
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 2
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
Fig. III.1 – Misturadores descontínuos
A velocidade de rotação tem de ser limitada para que as partículas caiam quando
atingem uma determinada altura.
MISTURA DE LÍQUIDOS
A mistura de líquidos efectua-se por agitação, executada mecanicamente,
ou por meio de ar comprimido (cujo objectivo é criar correntes na massa líquida).
A agitação mecânica consiste em comunicar um movimento de rotação a
uma determinada porção de líquido. A mistura faz-se por meio de um movimento
cuja superfície isobárica é um parabolóide e cujo eixo é o do eixo de rotação.
Há no entanto duas forças que impedem a formação de um parabolóide: a força
centrífuga que impele a parte isolada para a periferia, e as camadas superiores
do líquido que tendem a ocupar o espaço que ficou livre. No entanto, as linhas
de corrente são dependentes dos tipos de misturadores.
Ao contrário dos sólidos, os líquidos misturam-se rapidamente, uma vez
accionada a perturbação, sendo necessário, para tal, ter uma agitação
permanente e a energia para o efeito. O cálculo de um agitador de pás é
complexo e baseia-se em princípios de mecânica definidos, sendo as fases
essenciais as seguintes:
resistência ao movimento;
potência a instalar;
número de rotações;
dimensionamento das pás.
M.T.09
Ut.03
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 3
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
Outros tipos de agitadores são os mecânicos; os mais comuns são os seguintes:
•
•
•
•
•
•
agitadores de hélice;
agitadores sem-fim;
agitadores de rotor;
agitadores de cone;
agitadores de propulsão radial;
agitadores de discos de elevada velocidade.
Nos primeiros (agitadores de hélice) as pás tradicionais são substituídas por
uma hélice.
Nos agitadores sem-fim a parte central possui um parafuso sem-fim (Fig. III.2.).
Nestes sistemas, cada espora é equivalente a uma hélice.
Fig. III.2 – Agitadores mecânicos de tipo sem-fim
Nos agitadores de rotor existe um corpo central (rotor), que é accionado
como uma bomba centrífuga, obrigando o líquido a circular (Fig. III.3).
M.T.09
Ut.03
Os outros tipos de agitadores têm geometrias características dos nomes,
obrigando os líquidos a movimentos específicos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 4
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
Fig. III.3 – Agitador de rotor
AGITAÇÃO POR AR COMPRIMIDO
O sistema por emulsor é idêntico ao de rotor, mas a bomba centrífuga é
substituída por um emulsor (Fig. III.4).
Ar Comprimido
Jactos de Ar
Jactos de Ar
M.T.09
Ut.03
Fig. III.4 – Agitador por ar comprimido
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 5
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
Outros sistemas fazem borbulhar ar comprimido ou vapor por meio de tubos
perfurados, situados no interior do líquido. Este sistema é usado para explosivos
ou líquidos corrosivos.
MISTURA DE SÓLIDOS COM LÍQUIDOS
A mistura de sólidos com líquidos pode efectuar-se de dois modos:
Mistura de sólidos com
líquidos
•
Caso a mistura seja pouco viscosa, efectua-se como se de um líquido se
tratasse;
•
se a mistura for bastante viscosa a forma de a efectuar e através de um
sistema com um sem-fim, sendo essencial estudar o atrito. As pás possuem
formato esférico, tendo cada uma delas uma função idêntica a uma hélice
de um sem-fim (Fig. III.5), sendo o número de rotações igual ao de um
sistema deste tipo.
Líquido
Sólidos
Líquido
Fig. III.5 – Sistema para misturas de elevada viscosidade
M.T.09
Ut.03
Para sistemas usados no fabrico de explosivos usam-se misturadores de baixa
rotação, podendo efectuar-se, igualmente, uma rotação em torno do eixo.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 6
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
MISTURADORES DE GASES E DE LÍQUIDOS COM GASES
A mistura de gases é efectuada num recipiente fechado, fazendo entrar pela
parte inferior gás mais denso ou fazendo entrar os dois simultaneamente.
Mistura de gases
Na mistura de líquidos com gases, pode-se actuar de dois modos:
Mistura de líquidos com
gases
•
lançando o líquido finamente dividido na massa do gás;
•
fazendo borbulhar o gás na massa líquida, sendo, no entanto, o primeiro
tipo o mais comum.
A mistura do líquido com o gás pode ser feita ainda de dois modos:
•
lançamento do líquido sob pressão;
•
afastamento do líquido por meio dum gás sob pressão.
A subdivisão pode-se efectuar fazendo passar o líquido através de orifícios
finos, ou através dum pequeno rotor que lança o líquido muito dividido para a
periferia. O primeiro sistema denomina-se pulverização e o segundo,
dispersão. No caso de rotores cilíndricos, o sistema de dispersão chama-se
turbodispersor.
Pulverização, dispersão,
turbodispersão e ar primário
O sistema de arrastamento é bastante usado na combustão de líquidos e ar,
denominando-se “ar primário”.
MISTURA DE SOLUÇÕES COLOIDAIS
A mistura deste tipo de soluções é idêntica à dos líquidos, mas com grande
agitação, sendo aconselhável a utilização de agitadores de propulsão radial.
DOSAGEM
A dosagem é acompanhada de medição de quantidades a misturar, tendo
aspectos específicos no caso de misturadores descontínuos ou contínuos.
Misturadores descontínuos
M.T.09
Ut.03
Nestes misturadores é necessária a pesagem prévia dos sólidos e dos
líquidos ou a medição dos volumes dos líquidos. A pesagem é semelhante
para sólidos ou líquidos, porque os sólidos estão, em princípio, bastante subdivididos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 7
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
Os sistemas de pesagem podem ser manuais ou automáticos, caindo a massa
no sistema de alimentação, quando necessário. No caso de regulação automática
existe uma válvula de regulação que fecha pouco antes do fim da dosagem
necessária, sendo o último ajuste feito por uma outra válvula de regulação fina,
permitindo, deste modo, uma alimentação rápida e correcta.
A medição de volumes de líquidos faz-se com recurso a recipientes de volume
conhecido.
Misturadores Contínuos
Neste caso, há necessidade de fazer uma medição contínua das substâncias
a alimentar no misturador, as quais são feitas por doseadores volumétricos
ou ponderais.
Doseadores
Os doseadores volumétricos para sólidos são de tipo variável, indo desde
uma simples válvula a dispositivos com um órgão rotativo, que no movimento
arrastam um dado volume de sólidos, ou por um transportador de vários tipos.
Os doseadores ponderais são do tipo transportador, normalmente de banda,
e que é alimentado a partir de uma balança.
Os doseadores de líquidos são mais simples e fazem-se, volumetricamente,
por meio de válvulas. No entanto, o volume doseado depende da pressão em
que é introduzido, sendo necessário a devida calibração.
M.T.09
Ut.03
Os doseadores de gases têm um princípio idêntico ao dos líquidos, sendo a
pressão de alimentação uma variável importante.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 8
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
RESUMO
A mistura e a dosagem são duas operações unitárias fundamentais em
Engenharia Química pois, destas acções, depende muitas vezes o resultado
prático de uma Instalação Industrial, ou seja, o seu rendimento.
A mistura pode ser encarada como uma subdivisão dos constituintes de forma
a que as entidades presentes possam reagir ou formar uma outra nova entidade.
A mistura de sólidos pressupõe, na maioria das vezes, uma operação prévia de
moagem, de modo a que os constituintes fiquem finamente divididos.
A energia necessária para se efectuar a mistura pode ser efectuada por meios
mecânicos ou por insuflação de ar.
Os agitadores são, de um modo geral, de tipo hélice ou rotativos e a escolha do
tipo a usar obedece a um certo número de regras. Nos agitadores por ar
comprimido, as hélices são substituídas por um emulsor. Este tipo aplica-se
muito no fabrico de explosivos, por exemplo, pólvora.
M.T.09
Ut.03
A mistura pode abranger não só sólidos, como também outros tipos de fases.
A dosagem é uma outra forma de mistura mas, aqui, as quantidades a adicionar
são doseadas em função dos fins a atingir. Os doseadores podem ser
descontínuos ou contínuos sendo estes munidos de meios de regulação de
débitos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
III . 9
IEFP · ISQ
Mistura e Dosagem
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Que tipo de operação prévia à mistura é necessário fazer para que esta seja
eficiente?
2. Que tipos de misturadores de sólidos existem e quais as vantagens de
cada um?
3. Em que consiste a agitação mecânica usada em mistura?
4. Como se procede para fazer misturas de soluções coloidais?
M.T.09
Ut.03
5. A dosagem, como meio de mistura, distingue-se por vários factores.
Distinga-os.
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
III . 10
Peneiração e Classifacação. Separação Eléctrica e Magnética
M.T.09
Ut.04
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
Identificar operações de peneiração e sua classificação;
•
Identificar um precipitador electrostático e descrever como é feita a separação
magnética.
Analisar como se faz a separação e classificação por densidade e por
flutuação;
TEMAS
Peneiração
Classificação e separação por densidade
Classificação por flutuação
Separação eléctrica
Separação magnética
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.04
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
IV . 1
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
PENEIRAÇÃO
A peneiração é uma operação efectuada em sistemas que são constituídos por
redes, às quais é imprimido um determinado movimento, de modo a obrigar as
partículas finas a passarem através delas, ficando retidas as de maior dimensão.
O movimento é conseguido por três processos:
•
•
•
Peneiros
rotação
movimento horizontal
movimento vertical
A estes, correspondem três tipos de peneiros:
•
•
•
rotativos
ondulatórios
vibratórios
Peneiros rotativos
São constituídos por cilindros, em que é deitada a substância a peneirar e
cuja superfície lateral é uma rede. A capacidade é de cerca de 200 kg por
hora, por m2 e por mm de abertura.
Peneiros vibratórios e oscilatórios
São constituídos por uma caixa rectangular com um fundo construído
por uma rede, cujo número de oscilações varia entre 60 e 400 por minuto e
o número de vibrações de 1 200 a 3 500 por minuto. A capacidade vai até
cerca de 5 toneladas por hora, por m2 e por milímetro de abertura, para as
peneiras vibratórias e de 1 a 3 toneladas por hora, por m2 e por milímetro
de abertura, para os oscilatórios.
CLASSIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO POR DENSIDADE
Esta forma de classificação e separação por densidades baseia-se na diferença
de velocidade de deposição de uma partícula em suspensão num fluido, em
função das suas dimensões ou do seu peso específico.
Classificação. Separação
M.T.09
Ut.04
Na prática, as velocidades de deposição determinam-se igualando o peso
aparente das partículas (peso real menos a impulsão) à resistência que o
fluido exerce, ou seja, quando se atinge a velocidade final em que o movimento
é uniforme.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 2
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
O movimento das partículas é determinado em função da forma das mesmas,
e das características do fluido, em que se está a processar o movimento.
A classificação é a separação das partículas de granulometrias diferentes
mas com o mesmo peso específico, ou seja, na prática, as partículas
depositam-se tanto mais depressa quanto maior for o seu diâmetro (Fig. IV.1).
Suspensão
Finos em
Suspensão
Chicana
Água
Partículas
Grosseiras
Partículas
Intermédias
Partículas
Pequenas
Fig. IV.1 – Deposição de partículas de várias granulometrias
A classificação das partículas pode ser auxiliada, se existir um fluido em
contracorrente ao sentido em que se está a realizar a deposição. Este fluido
pode ser um líquido ou um gás.
No caso de ser um líquido, geralmente utiliza-se a água. No caso de se efectuar
sem líquido auxiliar, a deposição pode ser feita por gravidade ou mecanicamente.
No caso de se usar a gravidade, utiliza-se um sistema de caixas (Fig. IV.2)
com uma forma piramidal e de dimensões crescentes.
A remoção por meios mecânicos é constituída por um sistema formado por
uma caixa com uma rampa de 10 a 20°. O líquido que entra no classificador
fica entre a rampa e a superfície livre. As partículas mais finas saem com o
líquido, enquanto que as mais grossas ficam na rampa, sendo retiradas por um
transportador de pás, cujo movimento é bastante curto (cerca de 30cm). As
pás do transportador são montadas numa barra que tem um movimento inverso
mas, para que não arraste as partículas no mesmo sentido, levanta durante
este percurso (Fig. IV.3).
Quando se recorre a um líquido auxiliar, há que usar um sistema que, em
princípio, tem a forma de cone (Fig. IV.4).
M.T.09
Ut.04
A separação de partículas grossas e finas faz-se por agitação do líquido,
provocada pela movimentação das pás, fazendo com que as partículas finas se
mantenham em suspensão, aumentando o peso específico do líquido e
justificando, deste modo, a separação.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 3
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
Alimentação da
suspensão
Água de separação
Material pesado mais grosso
Sólidos menos grossos
Sólidos ainda menos grossos
Sólidos Finos
Fig. IV.2 – Classificador de caixas
M.T.09
Ut.04
Fig. IV.3 – Sistema de classificação mecânica
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 4
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
Pode-se recorrer também a um gás auxiliar, como o ar, desde que não haja
perigo de explosão ou combustão, ou, quando existir esse risco, deve utilizar-se
um gás inerte. Os equipamentos são também em cone duplo (Fig. IV.5).
A separação por densidades é idêntica ao de classificação entrando, para o
efeito, com a variação de densidades e não com os diâmetros. Esta operação
tem grande aplicação em engenharia de minas.
Carga
Saída de água e
de sólidos finos
Cone móvel
Cone fixo
Água
Sólidos grossos
Fig. IV.4 – Sistema de separação com líquido duplo auxiliar
M.T.09
Ut.04
Fig. IV.5 – Sistema de separação com gás auxiliar
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 5
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
CLASSIFICAÇÃO POR FLUTUAÇÃO
Outra forma de separação, também com grande aplicação na engenharia de
minas, é a que tem como base a flutuação. Consiste em fazer flutuar
determinados minérios ou minerais cujas partículas são inferiores a 0,3mm,
em líquidos de peso específico inferior. Para o efeito, é necessário fazer diminuir
o peso específico aparente desses minerais, o que se consegue por meio de
uma película de retenção de ar sobre a superfície dos mesmos.
Este efeito é conseguido da seguinte forma:
•
•
•
•
•
Introdução de ar no fundo do recipiente de flutuação;
Preparação da superfície dos grãos para retenção da superfície de ar;
Fazer com que apenas flutue o mineral que interessa separar;
Preparação de espuma que mantenha à superfície o material separado;
Conservar o pH do líquido em determinado valor.
Apresenta-se na Fig. IV.6 um esquema deste sistema de separação.
M.T.09
Ut.04
Fig. IV.6 – Sistema de separação por flutuação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 6
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
SEPARAÇÃO ELÉCTRICA
A separação eléctrica utiliza-se na purificação de gases com partículas sólidas
em suspensão.
Electrofiltros
Este processo foi estudado por Cotrell, nos EUA, por Lodge, na Inglaterra e por
Moeller, na Alemanha, sendo, no entanto, mais conhecido por Cotrell.
Estes equipamentos têm normalmente o nome de precipitadores eléctricos
ou electrofiltros.
Basicamente, o processo consiste em fazer passar o gás a purificar entre
armaduras de um condensador com potenciais diferentes. O campo eléctrico é
criado pela diferença de potencial e tem de ser suficiente para ionizar as
partículas. O campo criado não deve chegar para ionizar totalmente o gás, de
modo a não provocar a descarga do condensador.
Um electrofiltro é constituído por armaduras verticais onde é aplicada
uma tensão de 50 a 75 kV. Aquelas são constituídas por fios; as armaduras
colectoras são constituídas por placas planas ou redes, ou por tubos que
circundam os fios verticais, e com uma distância que varia entre 7,5 e
15cm.
Os electrofiltros são constituídos por câmaras de secção quadrada, cujas
dimensões variam com o caudal de gases a purificar e com o rendimento que
se quer obter. Este será tanto maior quanto maior for o tempo de permanência
no campo eléctrico.
Na Fig. IV.7, apresenta-se um precipitador electrostático.
A despoeiração eléctrica é aplicada para vários fins, nomeadamente:
•
•
•
•
•
Fumos metalúrgicos
Ácido sulfúrico
Caldeiras a carvão
Gasogénios
Recuperação de sólidos secos (por ex.: indústria do cimento)
M.T.09
Ut.04
O grande problema, ainda hoje, neste tipo de equipamento, são as elevadas
temperaturas a que funcionam, o que levanta dificuldades na escolha de
materiais para as armaduras e isolamentos laterais.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 7
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
Saída de gases
Entrada de água
Suporte de isolantes
Saída de gás
Electrodos de alta
voltagem
Placa de suporte
Electrodos colectores
Pesos
Corpo
Saída de efluente
M.T.09
Ut.04
Fig. IV.7 – Precipitador Electrostático ou Electrofiltro
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 8
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
SEPARAÇÃO MAGNÉTICA
A separação magnética destina-se a separar pedaços de ferro ou de
outro material ferromagnético, de líquidos ou sólidos.
Esta operação tem importância quando as substâncias têm de entrar em
britadores ou moinhos, como forma de retenção de materiais metálicos. Os
dispositivos utilizados são simples e são constituídos por sistemas em que há
um actuador magnético que faz a separação, conforme se pode ver na Fig. IV.8.
M.T.09
Ut.04
Fig. IV.8 – Sistema de separação magnética de dupla tela
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 9
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
RESUMO
Os peneiros são equipamentos de separação de partículas sólidas e dividem-se
em: rotativos, ondulatórios e vibratórios.
A separação por densidades é baseada nas diferentes velocidades de deposição
de partículas, em função das dimensões ou de peso específico.
São exemplos deste sistema os ciclones que, dentro deste tipo de equipamentos,
são os mais vulgarizados.
A classificação por flutuação é outra forma de separação de partículas e é
bastante usada em mineração.
A separação eléctrica baseia-se no fenómeno de ionização de partículas sólidas
em campos criados com alta tensão.
M.T.09
Ut.04
A separação magnética destina-se a separar materiais ferromagnéticos, como
o aço, e tem alguma aplicação em indústrias metalúrgicas e nas modernas
indústrias ligadas à reciclagem ou ao ambiente em geral.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 10
IEFP · ISQ
Peneiração e Classificação. Separação Eléctrica e Magnética
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Qual a função da peneiração como operação unitária?
2. Em que tipo de Indústrias Químicas se pode usar a separação por
densidades?
3. A flutuação é usada em mineração. Descreva outro tipo de utilização em
Instalações Químicas.
M.T.09
Ut.04
4. Em que condições se podem usar as separações eléctrica e magnética?
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
IV . 11
Extracção, Sedimentação e Espessamento
M.T.09
Ut.05
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
•
Analisar o que é um diagrama binário de equilíbrio;
Determinar o objectivo duma instalação piloto;
Explicar o que é a extracção e a sedimentação;
Definir os equipamentos principais usados nestas operações unitárias.
TEMAS
Introdução à extracção
Aspectos práticos da extracção
Instalações piloto e instalações industriais
Sedimentação e espessamento
Introdução aos fenómenos de sedimentação e espessamento
Sedimentação em líquidos
Sedimentação em gases
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.05
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
V . 1
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
INTRODUÇÃO À EXTRACÇÃO
A operação de extracção consiste em separar os constituintes de uma
mistura, pondo essa mistura em contacto com um líquido que dissolva
alguns desses constituintes. A quantidade separada depende da quantidade
de solvente usado e do tempo de contacto, sendo o problema principal
estabelecer qual o mecanismo adequado de dissolução. No caso de uma
substância bem definida e completamente solúvel, a separação torna-se uma
operação simples de entender. Supondo uma fase líquida B e uma substância
A solúvel em B, ambas em presença uma da outra, a fase B vai dissolver a A
até se atingir o equilíbrio, ou seja, até que esteja saturada em B, formando-se
uma única fase, se não se atingir o limite de saturação. No caso da quantidade
ser superior ao limite de solubilidade, formar-se-á uma fase e o remanescente
de A não solubilizado.
Extracção
Conceitos básicos
A dissolução faz-se através de uma interface e vai variando ao longo do tempo.
Pode dar-se de dois modos:
•
com o líquido em repouso;
•
com o líquido em movimento (agitação do solvente).
No primeiro caso, o movimento da molécula de A em B faz-se por um mecanismo
de difusão e depende das diferenças de concentração. No segundo caso, a
dissolução é facilitada por existir uma renovação permanente do solvente (por
convecção).
Os fenómenos de difusão e de convecção são complexos, sendo necessário
recorrer a cálculos longos que simulem os mecanismos físicos que lhes estão
associados. No entanto, é do conhecimento comum que o fenómeno da
dissolução que está associado à extracção é mais rápido se for feito com
agitação.
No caso de dissolução de um constituinte de uma mistura (de dois constituintes)
num solvente, tem-se já uma verdadeira extracção. Para se perceber melhor o
modelo, pode-se considerar que um dos constituintes é completamente insolúvel
no solvente. Para se dar a dissolução é necessário que o componente a extrair
contacte com a superfície livre do solvente. O equilíbrio dá-se entre duas soluções
do constituinte solúvel, ou seja, a existente e a que se vai formar (fase A e fase B).
O transporte do constituinte solúvel através do primeiro dissolvente, terá um
mecanismo inverso ao da dissolução descrito anteriormente e pode fazer-se
por difusão ou por convecção, formando-se na interface um filme estacionário.
Existirão, assim, dois filmes adjacentes através dos quais se faz a transferência.
M.T.09
Ut.05
No entanto, quando uma das fases é sólida, não se formam dois filmes mas
apenas um.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
V . 2
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
No caso de solventes parcialmente solúveis entre si, há necessidade de recorrer
a diagramas binários (Fig. V.1) para se saber as concentrações e a composição
das fases em presença dos componentes presentes.
CAe
CBe
Fig. V.1 – Diagrama binário de equilíbrio
Este facto torna-se mais complexo se existirem mais de dois solventes,
podendo-se, para isso, recorrer-se a diagramas ternários (Fig. V.2) a fim de se
conhecerem as condições de equilíbrio.
D
D
1
2
2
3
1
D1
D2
2
1
D1
D2
Fig. V.2 – Diagrama ternário de equilíbrio
Convém referir que um factor que não foi abordado detalhadamente é o tempo
de execução desta operação, que é longa, se os fenómenos se realizarem
apenas por difusão.
M.T.09
Ut.05
Para facilidade de aplicação dos diagramas ternários podem-se usar diagramas
binários, procurando-se, apenas naqueles, pontos específicos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
V . 3
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
ASPECTOS PRÁTICOS DA EXTRACÇÃO
Do ponto de vista prático, a extracção deve efectuar-se reduzindo o mais
possível o tempo e a quantidade de solvente. O tempo de extracção total,
teoricamente, é infinito, sendo a operação na fase final muito lenta, porque o
solvente extractor vai-se concentrando. Assim, para aumentar o rendimento,
opera-se por andares, ou seja, o dissolvente vai extrair uma primeira formação
enquanto a velocidade for razoável, sendo este renovado, e assim
sucessivamente, chamando-se a este processo extracção por contacto
múltiplo. O solvente que sai em cada andar é o extracto e a mistura é o
resíduo, podendo o número de andares ser igual a dois ou superior.
Extracção
Um outro processo é o de contracorrente. Neste caso, o solvente novo entra
por um andar em que a mistura está quase toda processada.
O resíduo que sair desta operação é o resíduo final e o solvente que sair deste
andar vai para um outro, onde a mistura é mais rica no constituinte que se quer
extrair, e assim por diante. Com este processo, consegue-se reduzir o tempo
de extracção com um rendimento desejável.
Os processos de contacto múltiplo e contracorrente reduzem também a
quantidade de solvente a usar. Um exemplo típico dá como valores de solventes,
para uma dada extracção e para um dado rendimento, os seguintes:
•
•
•
Prática de extracção
simples .............................. 3,7 l
contacto múltiplo ............... 1,9 l
contracorrente .................... 1,2 l
INSTALAÇÕES PILOTO E PROCESSOS INDUSTRIAIS
Para o estabelecimento do número de andares e, dada a complexidade deste
assunto, recorre-se a instalações piloto e ensaios laboratoriais para determinar
o processo de extracção. Modernamente, recorre-se também a modelos
computacionais, os quais têm em linha de conta a especificidade dos processos
químicos que lhes estão associados.
M.T.09
Ut.05
A extracção aplica-se em inúmeros processos industriais como a
purificação de óleos lubrificantes ou a extracção de gases em sistema
de desgasificação (desgasificadores ou desarejadores), em circuitos de água
de alimentação de caldeira.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
V . 4
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Extracção. Sedimentação e Espessamento
SEDIMENTAÇÃO E ESPESSAMENTO
Introdução nos
espessamento
fenómenos
de
sedimentação
e
A classificação, separação por densidades e a extracção de sólidos, tem,
normalmente, num processo químico, uma operação de separação, que pode
ser feita por sedimentação ou filtração.
No caso de partículas que depositem facilmente, usa-se um processo de
sedimentação. A secagem também pode ser a operação final a realizar, no
caso de o fluido ser um líquido. O espessamento é uma sedimentação de
líquidos.
Os líquidos que arrastam partículas sólidas podem classificar-se em
suspensões ou soluções coloidais, consoante o diâmetro das partículas seja
superior ou inferior a 0,1 mícron. Na indústria metalúrgica, chamam-se areias
às partículas de diâmetro superior a 74 mícron e lamas às de diâmetro inferior.
Os processos de sedimentação não são aplicáveis a soluções coloidais.
No caso de partículas em suspensão, às quais se chamam dispersoides,
podem ainda dividir-se em mecânicas ou de condensação, consoante sejam
arrastadas pelo gás ou sejam provenientes do próprio gás, devido a reacções
químicas ou a condensação.
Os diâmetros variam, no caso de dispersoides mecânicos, entre 5 e 50 mícron
e têm, normalmente, o nome de poeiras ou chuvas, consoante sejam sólidos
ou líquidos. Os dispersoides de condensação têm diâmetros entre 0,1 e 0,5
mícron e chamam-se “fumos” ou “névoas”, conforme sejam sólidos ou líquidos.
Sedimentação
Sedimentação em líquidos
Um aspecto teórico, importante, no fenómeno de sedimentação em líquidos
é o facto de este não ser idêntico na parte inferior, junto ao fundo.
Sedimentação em líquidos
A aparelhagem é constituída por um tanque, que tem o nome de espessador,
com uma saída na parte central inferior por onde é retirado o sólido sedimentado
(através duma bomba de diafragma). O líquido sai pela parte superior enquanto
que a alimentação se faz, continuamente, pela parte central superior (Fig. V.3).
Um dos aspectos importantes que deve ser considerado no estudo destes
equipamentos é, para além da potência do mecanismo de movimento, o
dimensionamento das pás e a capacidade de processamento.
M.T.09
Ut.05
Estes sistemas devem possuir um mecanismo que transporte a massa
espessada para o centro. Aquele é constituído por um veio, animado dum
movimento lento de rotação (inferior a 1 r.p.m.), onde são montados 2 ou 4
braços munidos de pás inclinadas (que arrastam as partículas para o centro).
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
V . 5
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
Bomba de
Diafragma
Fig. V.3 – Sistema de sedimentação
O espessador contínuo, com este sistema mecânico, tem o nome de
“Espessador Dorr”. Estes são, em geral, colocados em níveis diferentes.
Normalmente, cada um deles constitui um andar de extracção em contracorrente
(Fig. V.4).
1, 2, 3, 4 - Circuito sólido
5, 6, 7, 8 - Cicuito líquido de lavagem
Sódido
Novo
Agitador
Solvente
Novo
Produto Líquido
P de A
Conc.ÃO a
Conc.ÃO I1
Conc.ÃO I2
Sólido Lavado
qP de B
Primeiro Espessador
Primeiro Espessador de
Lavagem
Segundo Espessador de
Lavagem
Fig. V.4 – Espessador contínuo
M.T.09
Ut.05
Entre cada dois andares é necessário produzir uma mistura interna entre o
extracto que entra e o resíduo. Esta operação é feita numa calha com pás,
com um movimento oscilatório em torno de um eixo longitudinal intitulado
“amassador Dorrco”.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
V . 6
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
Sedimentação em gases
A sedimentação em gases é feita em equipamentos típicos, cujo exemplo
mais conhecido é o “ciclone”. As câmaras de sedimentação são equipamentos
mais simples desta classe de sedimentadores e podem ser de dois tipos:
•
•
Sedimentação em gases
Vazia
Com chicanas
As chicanas têm a vantagem de permitir aumentar o comprimento de
deposição e de fazer com que, nas várias mudanças de direcção, as partículas
possam embater nas paredes, perdendo energia e depositando-se mais
facilmente (Fig. V.5).
Fig. V.5 – Câmara de sedimentação de chicanas
Os ciclones são equipamentos em que as partículas, no seu interior, são
obrigadas a percorrer um caminho circular dentro duma câmara cilíndrica e
troncocónica e a depositarem-se no fundo, perdendo, neste movimento,
aceleração. As partículas mais finas, cujo comportamento se assemelha mais
a um gás, são arrastadas por este e saem pela parte superior (Fig. V.6).
M.T.09
Ut.05
Fig. V.6 – Esquema de um ciclone
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
V . 7
IEFP · ISQ
Extracção. Sedimentação e Espessamento
M.T.09
Ut.05
As dimensões dum ciclone têm a ver com as dimensões das partículas e com
a velocidade de sedimentação. Nestes equipamentos existe uma grandeza
importante chamada diâmetro crítico das partículas, a qual define, para
determinadas condições de funcionamento, o valor de diâmetro de partículas
abaixo do qual não é possível efectuar a sua separação. Outro aspecto
importante nestes equipamentos é a perda de carga, motivada pela passagem
dos gases no seu interior e que tem de ser tomado em conta, quando se
calcula o transporte da massa gasosa.
Componente Científico-Tecnológica
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V . 8
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Extracção. Sedimentação e Espessamento
RESUMO
A operação de extracção consiste em separar os constituintes de uma mistura,
pondo esta em contacto com um líquido que dissolve alguns desses
constituintes.
A separação é feita através dum interface com o líquido em repouso ou com o
líquido em movimento.
A extracção recorre, em termos práticos, a diagramas binários ou ternários em
equilíbrio, mas dever-se-á ter em conta que o factor tempo é uma variável bastante
importante.
Assim, e em termos mais práticos, dever-se-ão procurar condições efectivas,
que permitam fazer a extracção duma forma rápida e com menor volume possível
de solvente.
A sedimentação é a forma de separação de partículas que se depositam
facilmente, quer seja num meio líquido ou gasoso.
M.T.09
Ut.05
Um dos equipamentos mais importantes de separação de partículas por este
processo é o ciclone que tem uma vasta aplicação em Engenharia Química.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
V . 9
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Extracção. Sedimentação e Espessamento
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Como classifica, do ponto de vista físico, uma separação?
2. De que modo se pode aplicar um diagrama de equilíbrio para extracção de
sólidos ou líquidos dum outro líquido?
3. Que características tem de ter uma extracção para ser eficiente?
4. Do ponto de vista prático, como se pode determinar o rendimento de uma
extracção?
M.T.09
Ut.05
5. Descreva um ciclone e quais as características que deve ter para ser eficiente.
Componente Prática
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Química Industrial
V . 10
Filtração, Prensagem e Centrifugação
M.T.09
Ut.06
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Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Explicar os mecanismos de filtração e centrifugação, os meios filtrantes e
equipamentos;
•
Identificar os equipamentos usados na centrifugação.
TEMAS
Conceito de filtração
Fenómenos associados à filtração
Tipos de filtros
Princípios básicos da centrifugação
Tipos de equipamentos usados na centrifugação
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.06
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
VI . 1
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
CONCEITO DE FILTRAÇÃO
Foi referido anteriormente que, no caso de se pretender efectuar a separação
de partículas de diversas granulometrias em suspensão num líquido, esta se
pode efectuar por meio de um peneiro colocado no percurso desse líquido. A
granulometria das partículas que passam depende da abertura das malhas. Se
a malha for mais apertada que a granulometria das partículas, dá-se a separação
das partículas por um fenómeno chamado “filtração”.
Na filtração usam-se filtros de tecidos de fibras naturais ou artificiais (lã, algodão,
seda, etc.) permitindo, deste modo, filtrar o líquido, mas impedindo, no entanto,
de reter as partículas mais finas.
Filtração
Outra hipótese a que se recorre é à filtração através de corpos compactos de
determinada porosidade, a qual permite o mesmo efeito. Os materiais mais
comuns utilizados são:
•
•
•
Membranas
Produtos cerâmicos
Materiais finos que se encontram entre outros de maior granulometria
Outro aspecto que há a considerar na operação de filtração é o facto de o papel
onde a substância é filtrada operar também como meio filtrante. Se se chamar
“precipitado” à suspensão de partículas num líquido, aquele, ao ser retido no
filtro, vai actuar a partir de determinada altura como meio filtrante, sendo
denominado “bolo”. O estudo deste bolo é variável consoante se trate de partículas
deformáveis ou indeformáveis, ou seja, bolos compressíveis ou incompressíveis.
Do ponto de vista industrial e na maioria dos casos, a filtração faz-se usando
o bolo como meio filtrante, sendo o papel do filtro, propriamente dito, de
simples suporte. Enquanto não se obtém um regime estacionário, é provável
que subsista alguma turbidez, que é reduzida, posteriormente, à medida que o
processo de filtração se desenvolve.
FENÓMENOS ASSOCIADOS À FILTRAÇÃO
Sempre que se efectua a passagem de um líquido através de um meio filtrante,
há uma resistência a essa passagem. Para aumentar o rendimento de filtração,
é preciso actuar de dois modos:
•
•
Exercer compressão ou sobrepressão na parte superior do líquido;
Aspirar na parte inferior.
M.T.09
Ut.06
Esta sobrepressão ou aspiração (vácuo) é função da perda de carga através da
membrana filtrante e do bolo que se vai formando. O conhecimento desta vai
possibilitar saber qual a sobrepressão ou vácuo que se tem de aplicar.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 2
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
Portanto, todo o fenómeno de filtração consiste em saber até que ponto se
pode reter um bolo, antes de o retirar numa operação intercalar e de modo a
que o rendimento de filtragem seja elevado, sem aumentar demasiado a
sobrepressão ou a aspiração.
Os filtros agrupam-se, assim, em duas grandes categorias:
•
•
Filtros de grande área filtrante e de trabalho descontínuo;
Filtros de pequena área e contínuos.
No primeiro caso, é usual utilizar-se um composto de filtros empilhados
fazendo-se a alimentação entre os mesmos e usando uma sobrepressão. No
segundo caso, usam-se filtros rotativos, com aspiração, também chamados
filtros de vácuo.
Deste modo, é possível definir os filtros que se podem usar na prática:
•
Filtros de materiais soltos não são utilizáveis para grandes quantidades de
precipitado (é destinado, principalmente, à filtração de águas para a indústria
alimentar).
•
Filtros de membrana e de materiais cerâmicos são usados,
fundamentalmente, para laboratório.
•
Em aplicações industriais, os filtros mais usados são os de precipitado.
Filtros de membrana
As membranas artificiais obtêm-se a partir de soluções coloidais por evaporação
do solvente, obtendo-se, deste modo, uma película muito fina de poros bastante
apertados. Os filtros de papel usados sobretudo nos laboratórios, podem ser
considerados, com alguma aproximação, como membranas.
Filtros de membrana
Filtros de materiais cerâmicos
Filtros de materiais cerâmicos
Estes tipos de filtros são, sobretudo, de três categorias:
Filtros de porcelana porosa;
Filtros de grãos aglomerados por fusão;
Filtros de grãos ligados por um cimento de ligação.
Aos dois primeiros grupos pertencem os filtros constituídos por vidro ou porcelana
aglomerada a alta temperatura, enquanto que, ao terceiro, pertencem os de
tipo alumina, carvão ou quartzo, com um cimento de ligação à base de silicato
de sódio.
M.T.09
Ut.06
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VI . 3
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
Filtros de grãos soltos
Os materiais mais usados são a areia, terra, carvão, carvão activado, etc., com
uma granulometria variável, mas que ronda 0,25 mm. Estes tipos de filtros são
constituídos por uma caixa cilíndrica ou prismática, podendo o eixo ser colocado
vertical ou horizontalmente. Os filtros deste tipo dividem-se, ainda, em lentos e
rápidos, podendo estes ser abertos ou fechados. No primeiro caso, são apenas
condicionados por uma coluna de água e, no segundo caso, por uma
sobrepressão que pode ter valores até 4 bares.
As capacidades de filtragem são variáveis. Assim, tem-se:
•
Filtros lentos – 0,03 l/s m2;
•
Filtros rápidos – 1 a 3 l/s m2.
Estes meios não servem, de modo geral, como únicos meios filtrantes. No
entanto, no caso de gases, servem como meio filtrante como, por exemplo,
nos chamados “filtros de mangas”.
Nestes filtros, é interrompida, periodicamente, a passagem do gás de modo a
retirar as partículas retidas, sendo estas operações, de um modo geral,
automáticas.
Substâncias auxiliares de filtração
São substâncias que se juntam aos precipitados finos e coloidais, de modo a
facilitar a filtração. Devem permanecer em suspensão na solução, ser inertes e
promover a aglomeração dessas partículas.
TIPOS DE FILTROS
Conforme se viu anteriormente, os filtros de bolo classificam-se em:
•
•
Filtros de pressão
Filtros de vácuo
Os filtros de pressão subdividem-se, ainda, em:
•
•
•
Filtros de prensa
Filtros de placas
Prensas
M.T.09
Ut.06
Os filtros de prensa são formados por uma série de molduras sobrepostas
alternadamente, e cujo corte transversal se pode ver na Fig. VI.1, a seguir.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VI . 4
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
Placas de
Lavagem
Tecido
Placa Simples
Quadro
Entrada da
água de
lavagem
Cabeçote
Bolo
Fechado
Bolo
Fechado
Fig. VI.1 – Esquema geral de um filtro prensa
As características mais comuns são:
•
•
•
pressão inferior a 70 bar;
dimensões de 1 a 1,5 m de lado;
número de quadros inferior a 40
Os filtros de placas são formados por uma série de superfícies filtrantes
sobrepostas, constituídas por uma rede metálica sobre a qual assenta o material
filtrante (Fig. VI.2).
Fundamentalmente, existem dois tipos de filtros: Sweetland e Kelly. A pressão
de funcionamento varia, para ambos os casos, entre 3 e 15 bar, situando-se
a área total entre 50 a 100 m2.
Quando o precipitado é poroso, a quantidade que fica retida é suficiente,
tornando-se necessário submetê-la a uma prensagem, que se pode obter por
sistemas sem-fim ou por bombas hidráulicas.
Outro tipo de filtro, bastante usado na indústria, é o de vácuo, o qual, de um
modo geral, é contínuo, sendo a pressão, normalmente, inferior à atmosférica.
M.T.09
Ut.06
Existem, fundamentalmente, dois tipos: os de correia e os rotativos. Nos filtros
de correia, o material de suporte é formado por uma correia sobre a qual se faz
vácuo. Em relação aos filtros rotativos, estes podem ser de tambor ou de discos.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 5
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
Suspiro
de ar
Papel de filtro, tecido
ou tela metálica
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Bolo
Placa perfurada
Placa de filtragem
Entrada
Placa polidora
Solução de
polimento
Saída
Fig. VI.2 – Filtro de placas
Os filtros de tambor são formados por duas superfícies cilíndricas concêntricas,
de raios pouco diferentes, sendo a coroa cilíndrica dividida em partes iguais
(Fig. VI.3).
A cada um dos compartimentos, liga-se um dispositivo de vácuo com disposição
radial, reunindo-se todos num disco central, com um número de orifícios igual
ao número de tubos, o qual é apertado contra outro disco com dois orifícios
diferentes, um com sobrepressão (o menor) e outro ao vácuo (o maior).
M.T.09
Ut.06
Quando em funcionamento, os orifícios vão estando em contacto com o vácuo
e com o de sobrepressão, dando-se a operação de filtração ou separação do
bolo. O filtrado segue pela canalização de vácuo, sendo, posteriormente,
bombeado. O vapor do líquido segue também para um condensador barométrico.
O vácuo é produzido, de um modo geral, por uma bomba rotativa, e a
sobrepressão por um compressor de menor dimensão. A alimentação do filtro
é feita, ou pela parte interior, ou através de um tanque concêntrico exterior. No
Componente Científico-Tecnológica
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VI . 6
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
primeiro caso, o filtro está na parte interior e, no segundo, na superfície exterior
(filtros Oliver ou Darrco).
Fig. VI.3 – Esquema geral de um filtro rotativo de tambor e tambor de aspiração
sobrepressão
Os filtros de discos são semelhantes aos rotativos, mas são constituídos por
uma série de discos sobrepostos, divididos em vários sectores (Fig. VI.4)
ligados a tubos de vácuo.
M.T.09
Ut.06
Fig. VI.4 – Esquema geral de um filtro rotativo de discos
Componente Científico-Tecnológica
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Filtração, Prensagem e Centrifugação
Os parâmetros típicos de funcionamento dos filtros rotativos são os seguintes:
•
•
•
Velocidade de rotação: 1 a 60 r.p.m.
Espessura dos bolos:
cerca de 2,5cm
Dimensões: Filtros Oliver
– diâmetro 30cm a 4,5m
– comprimento 30cm a 6m
Filtros Darrco
– diâmetro 1 a 4m
– comprimento 30cm a 1,5m
Filtros de discos
– diâmetro 0,5 a 4m
– número de discos 5 a 10
Os bolos, após serem separados, podem ter de sofrer uma operação posterior
de lavagem, operação essa que, na maioria dos casos, é feita com água. Estes
processos de lavagem dependem dos tipos de filtro.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CENTRIFUGAÇÃO
Nos ciclones, o sistema de separação das partículas baseia-se numa força
centrífuga, permitindo, deste modo, recolher as partículas em suspensão num
fluido gasoso. A força centrífuga pode ser usada, também, para fazer a
separação, sendo esta operação denominada “centrifugação”.
A centrifugação pode substituir a separação por densidades (sólidos de
densidades diferentes), a sedimentação (sólidos de líquidos) e a decantação
(líquidos de densidades diferentes).
Os equipamentos utilizados baseiam-se em princípios idênticos aos dos
ciclones.
TIPOS DE EQUIPAMENTOS USADOS NA CENTRIFUGAÇÃO
Basicamente, a aparelhagem usada destina-se a realizar, com o máximo de
rendimento, o que se apresenta na Fig. VI.5. A centrífuga tem uma peça lateral
(parede) e um canal central de alimentação que formam uma única peça,
denominada “cesto” ou “tambor de centrifugação”.
Dado que o líquido fica turvo se for descarregado continuamente, a alimentação
é feita de forma descontínua, ficando o depósito separado. O líquido sai
continuamente através de um cesto exterior. Como exemplos de centrífugas,
consideram-se três tipos:
Decantador Heine
Supercentrífuga Sharples
Centrífuga de pratos “De Laval”
M.T.09
Ut.06
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 8
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Filtração, Prensagem e Centrifugação
Fig. VI.5 – Esquema geral de uma centrífuga
O decantador Heine apresenta ainda duas variantes: a contínua, para
pequenas quantidades de sólidos, e a centrífuga de parede perfurada,
coberta, interiormente, com panos de filtro.
O decantador de Heine (Fig. VI.6) tem um diâmetro que varia entre 0,5 e 1,2 m,
uma altura entre 25 a 75cm e velocidade de rotação de 500 a 1 500 r.p.m..
M.T.09
Ut.06
Fig. VI.6 – Decantador de Heine
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 9
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Filtração, Prensagem e Centrifugação
A supercentrífuga Sharples (Fig. VI.7) possui um tambor pequeno, de altura
aproximadamente 6,5 vezes o diâmetro, atingindo uma velocidade que pode ir
a valores de 18 000 r.p.m.. Em laboratório, as dimensões são menores e as
velocidades chegam a atingir 45 000 r.p.m..
Mecanismo de Accionamento
Cobertas de Descarga
Recipiente Rotativo
Espaço com Ar
Líquido Leve
Armação
Sólidos
Líquido Pesados
Travão
Entrada de
Líquido
Fig. VI.7 – Supercentrífuga Sharples
Nas centrífugas de pratos (Fig. VI.8), o líquido percorre canais estreitos
entre pratos de forma troncocónica. O afastamento dos pratos é de 0,4mm.
Nas centrífugas contínuas, para pequenas quantidades de sólidos, a forma é
idêntica à de Heine, onde as partes superior e exterior do tambor estão em
comunicação com uma canalização de saída.
M.T.09
Ut.06
Nas centrífugas de parede furada há uma operação conjunta de filtração, pois a
parede do cesto é perfurada.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 10
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
M.T.09
Ut.06
Fig. VI.8 – Centrífuga de pratos
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VI . 11
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
RESUMO
A filtração é uma das formas de separação de sólidos em suspensões, através
de meios filtrantes.
Estes podem ser de vários materiais, como membranas, produtos cerâmicos e
materiais finos, que se encontram entre os de maior granulometria.
O aspecto mais importante na filtração é a formação do bolo, cuja consistência
influencia a eficiência do mesmo.
A filtração pode ser feita com sobrepressão ou depressão, resultando o seu
rendimento da velocidade com que o bolo se forma e do modo como é extraído.
Os filtros podem-se dividir em filtros de grande área, ou descontínuos, e de
pequena área, ou contínuos.
A centrifugação é outra forma de separação de sólidos, que se baseia na
diferença de densidades. Pode substituir a separação pura e simples por
densidades, a decantação e a sedimentação.
M.T.09
Ut.06
Existem vários tipos de centrífugas, podendo algumas atingir grandes velocidades
de rotação (45 000 r.p.m. em modelos de laboratório).
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VI . 12
IEFP · ISQ
Filtração, Prensagem e Centrifugação
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. O que é, fisicamente, a filtração?
2. Que materiais filtrantes se podem aplicar e quais são os mais eficientes?
3. De que modo o bolo pode aumentar a eficiência de uma filtração?
4. O que são filtros de grãos soltos e quais os tipos mais usados?
5. Qual o efeito da sobrepressão ou depressão na eficiência de uma filtração?
M.T.09
Ut.06
6. O que é uma centrifugação e em que situações se pode aplicar?
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
VI . 13
Evaporação, Secagem e Cristalização
M.T.09
Ut.07
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
Explicar quais os objectivos da vaporização;
•
•
Explicar conceito de secagem e quais os equipamentos principais;
Identificar os mecanismos de evaporação, tipos de equipamentos e quais
os equipamentos usados na evaporação;
Explicar o conceito de cristalização e quais os equipamentos principais.
TEMAS
Introdução
Mecanismos de evaporação e tipos de equipamentos
Mecanismos de secagem e equipamentos
Introdução à cristalização
Equipamentos usados na cristalização e factores físicos associados
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.07
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
VII . 1
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
INTRODUÇÃO
A vaporização de líquidos é uma operação frequente na Indústria Química e
tem como objectivos os seguintes:
•
•
•
•
Produção de vapor para produção de energia;
Provocar arrefecimento através da vaporização (refrigeração);
Concentrar soluções por vaporização do dissolvente;
Separar os componentes de uma mistura líquida.
Os dois últimos correspondem a vaporização de misturas, apenas diferindo
pela composição do vapor obtido. No primeiro, o vapor é constituído por um
componente puro. Esta operação denomina-se “evaporação”. No último, o vapor
tem quantidades apreciáveis de todos os componentes e a operação
denomina-se destilação.
A secagem consiste na separação de um sólido de um líquido por vaporização
deste último, podendo ter diversas formas específicas.
No caso da quantidade de líquido ser bastante superior à do sólido,
obtém-se uma operação mais idêntica à de evaporação. Quando a quantidade
de sólido é bastante maior que a de líquido, o fenómeno associado
assemelha-se mais à de extracção de sólidos. Este consiste em duas
operações sequenciais em que, primeiramente, se dá a difusão do líquido até à
superfície do sólido e, posteriormente, uma evaporação.
No caso de a quantidade de sólido ser maior que a de líquido, aquela permanece
sempre na superfície deste, sendo a secagem uma operação de evaporação.
Em caso contrário, a operação é regulada por fenómenos de difusão, sendo o
problema físico associado mais complexo.
MECANISMOS DE EVAPORAÇÃO E TIPOS DE EQUIPAMENTOS
Qualquer sistema que permita fornecer calor ao líquido a evaporar pode
ser usado para realizar a evaporação. O vapor obtido pela evaporação
tem de ser condensado. O calor libertado na condensação pode ser aplicado
na evaporação de líquidos de menor ponto de ebulição, ou do mesmo líquido a
pressões mais baixas (este último caso é conhecido por evaporação de
múltiplo efeito).
Evaporação. Equipamentos
Em qualquer dos casos, há vantagem em que a superfície de contacto seja tão
grande quanto possível.
M.T.09
Ut.07
O fornecimento de calor para se realizar a evaporação pode ser fornecido
por um gás quente que é introduzido sobre a superfície livre do líquido, ou
através das paredes de contacto com o líquido do próprio recipiente ou de
tubagem de aquecimento.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
VII . 2
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
No caso de haver contacto directo do gás com o líquido, trata-se de transmitir
calor através de dois filmes (gás e líquido) de interface. No segundo caso, há
ainda a considerar a transmissão de calor através de uma superfície de
aquecimento.
O vapor formado pode-se retirar por arrastamento, juntamente com o gás de
aquecimento, ou por condensação, no segundo caso. Aqui, existe ainda a
possibilidade de lançamento na atmosfera se não se quiser fazer aproveitamento
do mesmo (e desde que não se introduzam disfunções ambientais).
A execução da evaporação por contacto directo entre o líquido e o gás de
aquecimento pode processar-se de modo adiabático, isto é, sem perdas de
calor pelo sistema (em que o aquecimento do líquido é, exclusivamente, feito
pelo gás).
A aparelhagem usada neste caso tem por objectivo produzir uma superfície de
separação entre o líquido e o gás tão grande quanto possível, a qual se pode
obter por três processos:
•
•
•
líquido e gás em repouso, com uma grande superfície de contacto;
subdivisão do líquido;
subdivisão do gás.
No primeiro caso, existe uma grande superfície de contacto, como, por exemplo,
numa salina, em que o ar é o próprio gás usado neste processo. A transmissão
de calor faz-se por convecção natural.
A renovação constante da camada de ar sobre a superfície líquida e o facto de
a saturação do ar ser inferior à mesma vai permitir fazer a evaporação.
O processo de subdivisão do líquido tem quatro formas de realização:
•
•
•
•
empilhamentos
agitação do líquido
pulverização do líquido
torres de evaporação
Nos empilhamentos, o processo de evaporação é análogo ao do gás e do
líquido em repouso, mas este é, no entanto, obrigado a correr sobre uma
superfície empilhada, conseguindo-se, assim, uma grande superfície de contacto
com o gás.
A agitação do líquido obtém-se fazendo circular o líquido e o gás em
contracorrente num recipiente cilíndrico de eixo horizontal.
M.T.09
Ut.07
No terceiro caso, de pulverização do líquido, este é, primeiro, dividido finamente,
antes de ser lançado em contracorrente contra o gás, em equipamentos análogos
aos primeiros em que existem sistemas de dispersão.
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 3
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Nas torres de evaporação, o gás e o líquido circulam em contracorrente, em
torres onde existe um rendimento que permite a dispersão.
A subdivisão do gás consegue-se fazendo borbulhar a massa de gás na massa
do líquido.
No caso de sistemas com parede de separação, é necessário equacionar o
problema de transmissão de calor através da superfície de contacto. Esta
depende das características físicas do material e da espuma de parede.
O aquecimento pode ser feito por diversos sistemas que, seguidamente, se
passam a referir:
Sistemas de aquecimento
Aquecimento por gases quentes
Este sistema usa os gases quentes de combustão para aquecimento directo;
estes só devem contactar as paredes de transmissão, após a combustão se
dar completamente, a fim de evitar a diminuição de velocidade de combustão
provocada pelas paredes mais finas. É conveniente, neste sistema, efectuar a
agitação de modo a evitar sobreaquecimento. Como exemplo, têm-se as panelas
de aquecimento ou as caldeiras.
Aquecimento por óleo
Neste tipo de sistemas, usam-se líquidos contidos em recipientes de paredes
duplas onde o óleo circula, sendo este aquecido, previamente, por sistema
directo, análogo ao da caldeira de vapor.
Outros dois sistemas baseiam-se no aquecimento por vapor de água ou por
sistema eléctrico (resistências).
Para além da transmissão de calor, há que considerar a convecção, a qual
pode ser realizada por três métodos:
•
•
•
convecção natural
convecção por agitação
convecção por circulação
Trocas caloríficas
M.T.09
Ut.07
A evaporação pode efectuar-se por qualquer um dos processos anteriormente
descritos. A entrada do líquido a evaporar e do fluido de aquecimento fazem-se
de modo contínuo. O líquido concentrado, resultante da vaporização, é retirado
contínua ou descontinuamente.
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VII . 4
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Relativamente aos equipamentos, há vários sistemas a considerar:
•
•
•
•
•
Aquecimento directo
Aquecimento usando parede dupla
Aquecimento por superfícies tubulares
Evaporação a pressão reduzida
Evaporação por múltiplo efeito
Procede-se, seguidamente, à sua análise detalhada.
Aquecimento directo
Os equipamentos por aquecimento directo são os que se baseiam no sistema
atrás referido, por gases quentes, cujos exemplos mais característicos são as
caldeiras. Tratam-se de sistemas tubulares, cuja água circula por convecção
natural ou forçada entre dois barriletes, ou um barrilete e um sistema de
colectores de distribuição, passando pela fornalha (no caso de caldeiras
aquotubulares), sendo aquecida por gases provenientes de combustão
(Fig. VII.1).
Barrilete
Fumos
Camara de
Combustão
Entrada do Sobreaquecedor
Final
Saída do Sobreaquecedor Final
(Vapor Frio)
Saída do Sobreaquecedor
Primário
Queimadores
Saída do Economizador
Entrada do Sobreaquecedor
Primário
Entrada do
Economizador
Fumos
Colector Inferior
Ar
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.1 – Caldeira aquotubular
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VII . 5
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Um outro tipo de caldeira usa os gases de combustão para esse efeito (Fig. VII.2),
passando por tubos que conduzem água.
Fig. VII.2 – Caldeira pirotubular
O vapor produzido passa, em seguida, por um circuito de sobreaquecimento,
de modo a aumentar a temperatura do vapor, podendo destinar-se directamente
ao Processo Químico ou passar, primeiramente, por um sistema de produção
de energia.
Aquecimento de parede dupla
Neste caso, o aquecimento é produzido num recipiente envolvido por uma
camisa exterior, onde passa um fluido de aquecimento (Fig. VII.3).
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.3 – Sistema de aquecimento de parede dupla
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VII . 6
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Aquecimento por superfícies tubulares
Neste sistema, bastante difundido com a Indústria Química, há a considerar
quatro tipos:
•
•
•
•
tubos horizontais
tubos verticais
tubos inclinados
tubos com formas especiais
Nos evaporadores de tubos horizontais, existem duas variantes, consoante o
fluido de aquecimento circula no interior ou no exterior dos tubos. Nos sistemas
onde o vapor circula no interior dos tubos (Fig VII.4), este entra, primeiramente,
no compartimento de onde parte o feixe tubular que penetra no líquido a evaporar.
Vapor
produzido
Carga
Vapor de água
Solução
fervente
externa ao
tubos
Caixa de vapor
Feixe de tubos
Condensado
ou purga
Solução
concentrada
Fig. VII.4 – Evaporadores de tubos horizontais com aquecimento pelo interior dos tubos
Os condensados e os gases não condensáveis saem pelo compartimento
oposto ao primeiro.
Dimensões habituais:
Diâmetro
- 1 a
3,5 m
Diâmetro dos tubos
- 22 a 32 cm
Altura
- 2 a
3m
M.T.09
Ut.07
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 7
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Este sistema é adequado para soluções não viscosas e que não originem
incrustações ou cristais sobre a superfície livre dos tubos.
No caso de o vapor passar pelo exterior dos tubos (evaporador Yaryan –Fig. VII.5),
o evaporador é formado por um cilindro oco de bases perfuradas para a
passagem daqueles. Sobre estas bases, estão as placas de distribuição,
fazendo-se a alimentação através do primeiro tubo; em torno do segundo, existe
uma câmara com anteparos que permite a separação entre líquido e vapor.
Esta separação deve-se ao facto de, à medida que a evaporação se dá, se
formar uma mistura de gás e líquido em turbilhão que necessitam de uma
separação.
Fig. VII.5 – Evaporador de tubos horizontais com aquecimento pelo exterior dos tubos
O comprimento usual destes equipamentos varia entre 2,5 e 6m.
Nos evaporadores de tubos verticais existem quatro tipos fundamentais:
•
•
•
•
standard
cesto
tubos compridos
circulação fechada
Nos evaporadores tipo Standard (Fig. VII.6), os tubos são montados numa coroa
cilíndrica, e o vapor circula no seu exterior.
Por vezes, o cilindro central da coroa circular, através do qual o líquido desce,
é substituído por vários cilindros situados em vários pontos da superfície do
líquido.
Dimensões habituais dos tubos:
Diâmetros:
Comprimento:
25
a 100 mm
0,75 a
2m
M.T.09
Ut.07
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 8
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Vapor
Ventilação
Feed
Vapor
de Água
Vapor de Água
Condensado
Licor
Espesso
Fig. VII.6 – Evaporador de tubos verticais tipo Standard
Nos evaporadores de tubos verticais de tipo cesto, a superfície através do qual
o líquido desce é anelar em vez de central (Fig. VII.7).
A caixa e os tubos constituem um sistema único quando se desmontam,
possuindo um anteparo que evita o arrastamento líquido, pois, quando a
evaporação é violenta, pode arrastar grandes quantidades de líquido.
Nos evaporadores de tubos verticais de tipo tubos compridos (Fig. VII.8),
também vulgarmente designados por tipo Kestner, dá-se um aumento de
velocidade de passagem de líquido com o objectivo de reduzir a espessura do
filme de líquido.
O líquido ocupa um nível relativamente baixo (60 a 90cm), a partir da parte
inferior, atravessando o feixe de uma só vez. Na parte superior, existe um anteparo
que faz a separação do líquido; este desce, de seguida, por um tubo lateral. A
válvula é usada apenas no início de funcionamento ficando aberta quando em
regime estacionário.
Dimensões dos tubos:
•
Diâmetro
•
Comprimento
– 32 a 64 cm
–3 a
6m
M.T.09
Ut.07
O feixe tubular pode, também, estar situado no exterior.
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 9
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Vapor
Vapor de
água
Cabeça do Vapor
Deflector
Ventilação dos gases
Passagem descendente
anular
Alimentação
Elemento de aquecimento tipo
cesto
Condensado de
vapor de água
Saída do licor espesso
Filtros do sal quando
necessário
Fig. VII.7 – Evaporador de tubos verticais de tipo cesto
Nos evaporadores de feixe tubular vertical, de circulação forçada (Fig. VII.9), o
líquido circula através do accionamento de uma bomba. Este tipo de
evaporadores é aconselhável para líquidos de elevada viscosidade,
líquidos que formam espuma ou que dão origem a incrustações.
As dimensões habituais dos tubos:
Diâmetro
Comprimento
– 19
mm
– 2,5 m
M.T.09
Ut.07
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 10
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Vapor
produzido
Espaço de
arraste e
separação
Chicana de
impacto para
separar líquido e
vapor
Ebulição no
interior dos
tubos
Vapor de água
condensando-se no
exterior dos tubos
Saída da solução
concentrada
Purga
Carga
Bomba de
circulação
Fig. VII.8 – Evaporador de tubos verticais de tipo tubos compridos
Como no caso anterior, existe uma variante de tubo externos. Os evaporadores
de tubos inclinados são uma variante daqueles e usam-se apenas em
casos muito particulares, sendo, contudo, de utilização muito frequente.
M.T.09
Ut.07
Os evaporadores de tubos de formas especiais constituem outra variante,
podendo ter a forma de U ou em serpentina. Não apresentam qualquer
vantagem em relação ao vertical.
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VII . 11
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Fig. VII.9 – Evaporador de feixe tubular de circulação forçada
Evaporação a pressão reduzida
Neste sistema, o recipiente de evaporação está em comunicação com um
ejector que aspira os vapores formados.
Condensação de vapores formados
Os vapores produzidos por sistema de evaporação são, em seguida,
condensados em sistemas específicos, denominados condensadores.
Estes funcionam por contacto directo com o líquido de arrefecimento
(condensador de contacto) ou através de dois circuitos distintos (condensadores
de superfície). Os primeiros são os mais importantes e classificam-se em
húmidos e secos, consoante os condensados e os gases não condensados
são retirados pela mesma bomba ou por bombas diferentes. Em qualquer dos
casos, a condensação pode ser em contracorrente ou em co-corrente (corrente
no mesmo sentido), como se pode ver nas Fig. VII.10 e VII.11.
M.T.09
Ut.07
No tipo húmido, a remoção conjunta do líquido e do gás é feita por uma bomba
com dimensões suficientes para a mistura a transportar. No tipo seco, o líquido
é retirado por um tubo barométrico ou por uma bomba, sendo os gases não
condensados aspirados por uma bomba de vácuo.
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VII . 12
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Ar
Água
Vapor
Fig. VII.10 – Condensação em contracorrente
Vapor
Água
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.11 – Condensação em co-corrente
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VII . 13
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Separação do condensado do vapor de aquecimento
O vapor de aquecimento que se vai condensando à medida que a evaporação
prossegue tem de ser retirado continuamente, usando-se para o efeito bombas
ou purgadores. Um purgador é um sistema que permite retirar o condensado,
mas que evita a saída do vapor. Existem três tipos fundamentais:
•
•
•
dilatação
copo
rotativos
Apresentar-se-ão, a seguir, exemplos dos dois primeiros tipos de purgadores.
Qualquer destes sistemas pode ser de retorno ou não-retorno, conforme a câmara
de descarga tiver uma pressão superior, igual ou inferior à da câmara a esvaziar.
Os purgadores de dilatação e de copo são de tipo não-retorno, e os rotativos de
retorno.
Purgador de dilatação
Este sistema pode ser visto com maior detalhe, na Fig. VII.12. O tubo está
ligado ao evaporador e a saída é fechada pela válvula, montada na extremidade
de uma haste solidária com uma parede ondulada, sendo esta, por sua vez,
montada numa das extremidades de uma manga metálica.
Purgadores
Fig. VII.12 – Purgador de dilatação
M.T.09
Ut.07
O espaço entre a parede ondulada e a manga está cheio de óleo. O
condensado, ao contactar com a parede do purgador, vai arrefecendo
também o óleo, contraindo a manga, e a válvula abre-se deixando sair
o líquido. Quando este sai, o vapor aquece de novo a manga. Este sistema,
devido à dificuldade de regulação, só se usa para pequenas capacidades.
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VII . 14
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Purgador de copo
Neste sistema (Fig. VII.13), o líquido vai enchendo o copo, o qual desce quando
o peso do líquido atinge um certo valor. A haste desce, igualmente, e abre a
válvula. Este tipo de purgador é intermitente.
Valvula
Haste
Corpo
Fig. VII.13 – Purgador de copo
MECANISMOS DE SECAGEM E EQUIPAMENTOS
O estudo de secagem depende do tipo de mecanismo que se verificar, o qual
está associado ao grau de saturação do sólido, no líquido que se pretende
evaporar.
Secagem
Seja qual for o modo de evaporação, esta só se realiza se a saturação do
sólido for superior às das condições ambientais que o rodeiam. Da
diferença entre estes dois valores, designada por “saturação livre f” e que se
exprime em massa de líquido por unidade de massa de sólido, nasceu o conceito
fundamental no estudo da secagem.
A secagem efectua-se através de um gás quente que atravessa,
continuamente, um secador onde está contida a substância a secar,
condensando-se como adiabática. O gás tem uma circulação contínua, em
que a temperatura e a humidade são variáveis de ponto para ponto, independentes
do tempo, durante o período em que a secagem é regulada pela evaporação.
Este período tem o nome de “secagem a velocidade constante”.
M.T.09
Ut.07
Experimentalmente, existe um valor crítico, ou fc , abaixo do qual o fenómeno
é regulado pela dispersão e, acima do qual, é regulado pela evaporação.
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VII . 15
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Quando a saturação crítica é atingida, a velocidade de difusão diminui e a parte
de líquido evaporado é cada vez menor. Neste caso, o período é designado por
período de secagem a velocidade decrescente.
Os secadores podem classificar-se em três tipos:
•
•
•
directos
indirectos
especiais
Nos secadores directos, a secagem faz-se por convecção de calor entre o
gás quente e o sólido húmido. O agente de aquecimento pode ser ar
aquecido por vapor, gases de combustão ou atmosfera inerte (azoto,
vapor sobreaquecido). As temperaturas variam até 750°C.
Quando a secagem se faz abaixo da temperatura de ebulição do líquido, o
factor determinante da velocidade de secagem é a saturação do gás, tendo
implicações na velocidade de secagem e na saturação final do sólido. Quando
esta é inferior à temperatura de ebulição do líquido, a saturação do gás não tem
influência. Para se efectuar a secagem a baixas temperaturas, é necessário
secar previamente o gás quando a sua humidade é elevada. O rendimento de
secagem aumenta quando a temperatura do gás aumenta e a de saída se
mantém constante.
Nos secadores indirectos, a secagem resulta da condução de calor através
de paredes metálicas e, em geral, o agente de secagem é vapor saturado
(mas pode ser água quente, gases de combustão, etc.).
A temperatura de contacto varia entre 0 e 500°C, sendo especialmente
adequados para actuarem a temperaturas reduzidas e em atmosferas inertes.
Aplicam-se, por exemplo, na recuperação de dissolventes. A utilização de vapor
saturado dá bom rendimento, porque o fornecimento de calor é fornecido à
medida das necessidades.
Existem dois tipos fundamentais de secadores especiais: os de energia
radiante e os de alta frequência.
Nos de energia radiante, são usadas lâmpadas de incandescência ou de
refractário.
•
O secador é constituído por um túnel onde existem lâmpadas, através do
qual o material a secar é transportado. Este sistema é adequado para
secagem de filmes delgados, como filmes fotográficos, ou secagem
de pinturas.
•
No segundo caso, as substâncias a secar passam num campo electrostático
de alta frequência, sendo a secagem feita do interior para fora. Uma das indústrias
que usa este sistema é a fabricação de contraplacado, a cerâmica, etc.
•
A diversidade de secadores obriga a que se faça uma sistematização baseada
nas características dos materiais a secar.
M.T.09
Ut.07
•
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 16
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Apresentam-se alguns exemplos:
•
Materiais em bolos ou massas, contidos em transportadores ou tabuleiros:
• secadores descontínuos
• secadores contínuos (túnel)
•
Materiais soltos, granulares ou cristalinos:
• rotativos de tipo directo
• rotativos de tipo indirecto
•
Materiais em folhas contínuas:
• secador de cilindros
•
Pastas e lamas:
• secadores com agitação mecânica
•
Materiais em solução:
• secadores de tambor
• secadores de pulverização
Nos secadores descontínuos, de compartimentos à pressão atmosférica
(Fig. VII.14), o corpo é dividido em várias secções, onde o gás é aquecido por
meio de uma tubagem; na entrada, pode ser misturado gás fresco ou gás
húmido, de modo a reduzir a velocidade de secagem, se necessário.
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.14 – Secadores de compartimentos
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VII . 17
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Este tipo de secador é indicado para substâncias aglomerantes ou plásticas,
massas granulosas, pastas e fibras têxteis.
Nos secadores descontínuos de compartimentos em vácuo (Fig. VII.15), as
paredes são ocas, de modo a permitir a circulação de vapor ou água quente na
câmara de secagem.
Fig. VII.15 – Secador de compartimento em vácuo
Este, quando usado para secagem de pólvora ou precipitados, torna irrelevante
a velocidade de difusão através do sólido.
Nos secadores contínuos de túnel (Fig. VII.16), o gás de secagem circula em
contracorrente com a carga ao longo de todo o secador, e usa-se, por exemplo,
em indústria de tijolos, cerâmica ou madeira, permitindo realizar a secagem
lentamente e em grandes quantidades. Na madeira, é habitual humidificar o ar
antes da entrada, com o objectivo de evitar a secagem rápida na fase final.
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.16 – Secadores contínuos
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VII . 18
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Os secadores rotativos de tipo directo são constituídos por uma superfície
cilíndrica, revestida a refractário e assente sobre roletes, sobre os quais se
efectua a rotação (Fig. VII.17).
Fig. VII.17 – Secador rotativo directo em contracorrente
Este secador usa-se, por exemplo, para açúcar, sal ou outros materiais
granulares e cristalinos.
Nos secadores rotativos de tipo indirecto, existe um tubo indirecto em contacto
com o cilindro exterior por meio de canais (Fig. VII.18).
E - Queda da alimentação
F - Chaminé do forno
G - Alimentador em parafuso
H - Ventilador
J - Carreto de accionamento
K - Panela de descarga
L - Elevadores
M - Valvula de passagem esquiva
Fig. VII.18 – Secador rotativo de tipo indirecto de corrente dupla e aquecido por
gases de combustão
M.T.09
Ut.07
A - Porta de combustão
B - Regulador de ar
C - Forno
D - Valvulas de controlo
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VII . 19
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Evaporação, Secagem e Cristalização
Este sistema é usado, por exemplo, em materiais como argila para
porcelanas, os quais não podem ser contaminados.
No cálculo das dimensões, entra-se em linha de conta com a inclinação, número
de rotações, etc.
O secador de cilindros é usado para materiais em folhas descontínuas
(Fig. VII.19). O aquecimento é indirecto e feito por vapor que passa no
interior dos cilindros.
Fig. VII.19 – Secador de cilindros
O secador com agitação mecânica (Fig. VII.20) é usado para pastas e
lamas que não podem ser secas em secadores rotativos, pois podem
agarrar-se às paredes; outros processos alternativos explicados anteriormente
são demasiado onerosos.
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.20 – Secadores de agitação mecânica
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VII . 20
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Os secadores de tambor (Fig. VII.21) são usados na fase final de evaporação,
em que a viscosidade não permite a utilização de evaporadores.
Fig. VII.21 – Secador de dois tambores com alimentação entre eles
Portanto, este tipo de secadores é o adequado para soluções de materiais. Os
secadores deste tipo são aquecidos internamente e têm um movimento de
rotação lento.
Os secadores de pulverização (Fig VII.22) baseiam-se na pulverização de uma
solução numa câmara de secagem de forma cilíndrica; o aquecimento é directo.
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.22 – Secador de pulverização
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VII . 21
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Existe ainda um outro tipo de secador (de dispersão), onde a secagem se faz
por arrastamento, por correntes de gases quentes.
INTRODUÇÃO À CRISTALIZAÇÃO
A cristalização consiste em separar uma substância dissolvida, por saturação
de solução, por arrefecimento ou evaporação do solvente. A cristalização
inicia-se pela formação de pequenos cristais – núcleo de cristalização – que
vão aumentando de volume à medida que a cristalização prossegue.
Este fenómeno é o inverso de dissolução e só se dá se existirem condições
específicas entre a massa líquida e a superfície dos cristais formados.
Portanto, a cristalização consiste, primeiramente, na formação de núcleos de
cristalização – ou nucleação – seguida de crescimento nos núcleos formados.
Na prática, a cristalização efectua-se em soluções, onde se espalham núcleos
de cristalização já formados e sobre os quais prossegue a formação dos cristais.
Pode-se determinar o tamanho dos cristais fazendo-se uma análise
granulométrica. Durante a cristalização, existem trocas de calor, que podem
ser de arrefecimento ou aquecimento.
EQUIPAMENTOS USADOS NA CRISTALIZAÇÃO E FACTORES
FÍSICOS ASSOCIADOS
Para que se realize uma cristalização controlada, é necessário que se conjuguem
os seguintes factores:
•
A solução não deve estar sobressaturada além de um certo limite, de modo
a evitar a deposição incontrolada;
•
Para que a sobressaturação seja controlada, é necessário que a solução
seja renovada;
•
Os cristais devem ser agitados continuamente, para evitar a sua
aglomeração;
•
Os cristais que se vão formando devem ser removidos, de modo a manter
constante a sua velocidade de formação.
Cristalização. Equipamentos
Os cristais podem ser classificados de acordo com o sistema de fornecimento
do sistema de produção:
Sobressaturação produzida por arrefecimento;
Sobressaturação produzida por evaporação com produção de calor;
Sobressaturação produzida por evaporação adiabática (cristalizadores de
vácuo);
M.T.09
Ut.07
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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VII . 22
IEFP · ISQ
•
Evaporação, Secagem e Cristalização
Circulação de águas-mãe, com sobressaturação provocada por quaisquer
dos processos anteriores (cristalizadores de classificação).
O método por arrefecimento, é a forma mais eficaz para produzir a
sobressaturação, nos casos em que a solubilidade aumenta muito com a
temperatura. No caso de a solubilidade ser pouco variável com a temperatura,
usa-se a evaporação.
Os cristalizadores de arrefecimento podem ser contínuos ou
descontínuos. Nos de tipo descontínuo, existe um tanque onde a solução
saturada é lançada, efectuando-se a cristalização por arrefecimento e
vaporização. A solução pode, ou não, ser agitada, e o tempo de cristalização
varia entre 2 e 10 dias. Na Fig. VII.23 mostra-se um sistema deste tipo, em que
as lâminas facilitam a formação dos cristais.
Saída de água de arrefecimento
Entrada de água
de arrefecimento
Fig. VII.23 – Cristalizador descontínuo de arrefecimento
Nos de tipo contínuo, os mais usados são de tipo Wulff Bock e Swenson-Walker.
O primeiro é constituído por um canal inclinado, montado sobre roletes e com
um movimento de oscilação. A alimentação é contínua, sendo o arrefecimento
feito por convecção natural.
M.T.09
Ut.07
Nos de tipo Swenson-Walker, a sua constituição é idêntica à dos transportadores
de tipo parafuso, permitindo o arrastamento dos cristais (Fig. VII.24).
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 23
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Fig. VII.24 – Cristalizador Swenson-Walker (cristalizador contínuo)
Nos cristalizadores de evaporação (Fig. VII.25) a solução circula através de um
evaporador, por meio duma bomba. Os cristais de maior dimensão são retirados
pela parte inferior.
Água
Vapor de água
Ao reservatório quente
Vapor de água à pressão
Aquecedor
Descarga de cristais
Descarga de
cristais
Recompressor de vapor
Condensado
Bomba
Suspensão
de cristais
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.25 – Cristalizador de evaporador
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 24
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Nos cristalizadores de vácuo, de arrefecimento e de evaporação, a solução é
lançada num cilindro vertical de base cónica, sendo o vácuo feito por um ejector
(Fig. VII.26). O abaixamento do ponto de ebulição forma o fenómeno de
vaporização adiabática.
Fig. VII.26 – Cristalizador de vácuo
Nos cristalizadores de classificação (Fig. VII.27) faz-se circular uma solução
sobressaturada, de baixo para cima, através de uma suspensão de cristais. A
variação de velocidade de sustentação com as dimensões dos cristais origina
a classificação dos mesmos, dando origem ao seu nome.
M.T.09
Ut.07
Fig. VII.27 – Cristalizadores de classificação
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 25
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
Um dos problemas relacionados com a utilização é o do endurecimento dos
cristais, quando armazenados a granel ou em sacos; o endurecimento é facilitado
pelos seguintes factores:
•
•
•
•
•
•
•
teor de humidade
presença de impurezas
tamanho dos cristais
pressão de armazenagem
temperatura
duração de armazenagem
transição para outra forma cristalina.
M.T.09
Ut.07
Todos estes factores provocam uma ligação entre os cristais, criando o
endurecimento, o que é de evitar; isso consegue-se com a adição de agentes
de acondicionamento, os quais formam uma película entre os mesmos. As
substâncias usadas nestes casos são, por exemplo, o calcário, a cal, o
caulino, o talco.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 26
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
RESUMO
A vaporização é uma operação que é utilizada na Indústria Química para várias
finalidades, como a produção de vapor, a refrigeração, a concentração de
soluções ou a separação de componentes de misturas líquidas.
Para efectuar a vaporização é necessário, na maioria das vezes, provocar o
aquecimento do meio líquido, o que se pode fazer por vários meios, como
sejam: o aquecimento por gases, óleo, por uma forma directa ou por trocas
caloríficas.
A vaporização pode realizar-se, ainda, por pressão reduzida em níveis próximos
da tensão de vapor, à temperatura a que se realiza.
Nos sistemas de vaporização, existem acessórios de extrema importância,
denominados “purgadores” e que têm como objectivo fazer sair condensados
não desejáveis no sistema.
A secagem é outra forma de separação de líquidos e sólidos, com importância
na Indústria Química. Os secadores são os equipamentos mais representativos
desta Operação Unitária e podem ser directos, indirectos ou especiais.
Os secadores utilizam-se bastante, por exemplo, na Indústria de Adubos e de
Açúcares.
A cristalização é outra forma de separação de sólidos e líquidos e baseia-se no
princípio físico da precipitação de um sólido, quando este atinge valores superiores
ao limite de saturação.
M.T.09
Ut.07
Os equipamentos característicos desta Operação Unitária são os
cristalizadores.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 27
IEFP · ISQ
Evaporação, Secagem e Cristalização
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Qual a maior aplicação na indústria da Operação Unitária de vaporização e
com que fim é que é usada?
2. Qual a diferença entre vaporização e secagem?
3. De que modo se pode fazer o aquecimento em sistemas de vaporização?
4. Qual a diferença entre uma caldeira aquotubular e uma outra pirotubular?
5. Descreva o princípio de funcionamento de um secador contínuo e indique
em que tipo de indústrias se pode aplicar.
M.T.09
Ut.07
6. Por que razão se pode aplicar a cristalização como forma de purificação de
uma substância em solução?
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
VII . 28
Decantação, Destilação e Condensação
M.T.09
Ut.08
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
Definir destilação;
Enumerar alguns aspectos práticos da destilação;
Identificar os principais tipos de equipamentos e sistemas de destilação e
condensação.
TEMAS
Introdução
Aspectos práticos da destilação
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.08
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
VIII . 1
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
INTRODUÇÃO
Entre as operações, em Engenharia Química, com grande importância,
encontram-se a destilação e a condensação, aplicadas à separação de misturas
líquidas. Têm particular importância na Indústria dos Petróleos e na separação
de misturas gasosas a baixas temperaturas, em particular, na produção de
azoto e oxigénio a partir do ar, e do hidrogénio a partir de gases de fornos de
coque. A operação de decantação, também bastante importante na Indústria
Química, destina-se a separar líquidos não-miscíveis.
A destilação consiste em vaporizar uma mistura líquida, obtendo-se uma fase
vaporizada com uma composição diferente do líquido. Efectuando-se a
condensação seguinte, obtém-se um líquido com uma composição diferente.
A mistura inicial também ficará, igualmente, com uma composição diferente. O
facto de a condensação se fazer parcialmente origina uma mudança de
composição.
Conjugando-se a vaporização e a condensação consegue-se, numa condição
limite, efectuar a separação dos componentes de uma mistura. Este problema
é, no entanto, complexo, tornando-se ainda mais complexo se se pensar em
misturas de vários componentes.
ASPECTOS PRÁTICOS DA DESTILAÇÃO
A destilação pode efectuar-se por meio dos três processos seguintes:
•
•
•
vaporização (ou condensação) integral
vaporização (ou condensação) diferencial
rectificação
Na vaporização diferencial, o vapor que se vai formando é retirado continuamente,
sendo condensado a seguir. Deste modo, quando se vaporiza uma certa
quantidade de líquido, o vapor tem uma composição correspondente à do líquido
em cada instante. A rectificação consiste em fazer circular parte do destilado,
misturando-o com o vapor que sai, de modo a enriquecê-lo nos componentes
mais voláteis. A junção do destilado em circulação ao vapor tem o nome de
“refluxo” e a relação de massas do refluxo e do vapor denomina-se “relação de
refluxo”. Apresenta-se, na Fig. VIII.1, um esquema de um sistema de rectificação.
M.T.09
Ut.08
A vaporização integral consiste em vaporizar parcialmente o líquido, mantendo-o
em contacto com o vapor e fazendo condensar o vapor obtido. A vaporização
termina quando as tensões de vapor dos componentes em mistura igualarem a
pressão P a que a vaporização se efectua, obtendo-se duas fracções com
composições diferentes: o destilado mais rico em componentes voláteis e o
resíduo enriquecido nos componentes menos voláteis. A partir de cada uma
destas duas fracções, é possível obter destilados e resíduos cada vez mais
ricos, respectivamente, no componente mais volátil e no menos volátil.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 2
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
Condensador
Divisor de refluxo
Arrefecedor
Produto
Arrefecedor
Fig. VIII.1 – Sistema de rectificação
A alimentação da coluna de destilação é feita num ponto intermédio; a parte
superior chama-se coluna de rectificação, e a parte inferior coluna de
esgotamento.
Basicamente, uma coluna de destilação é formada por uma superfície cilíndrica,
onde são montados uma série de pratos afastados igualmente e em que o
vapor está em contacto com um vapor em circulação. A localização do prato de
alimentação determina-se a partir da composição de vapor que sai de cada um
deles.
As colunas de destilação podem ser de dois tipos :
•
pratos de campânula
•
colunas de enchimento
Pratos de campânula
Estes pratos são circulares, sendo a entrada de vapor feita através de
campânulas colocadas, uniformemente, em toda a área do prato (conforme
Fig. VIII.2).
M.T.09
Ut.08
Para determinar as suas dimensões, é necessário estabelecer uma relação
entre a velocidade de passagem de vapor e o rendimento dos pratos. Este
problema é complexo e, teoricamente, difícil de calcular.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 3
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
O espaçamento dos pratos varia entre 0,135 e 0,6 m e a velocidade de vapor
através de coluna varia, também, entre 0,135 e 0,6 m/s. O diâmetro dos tubos
que entram nas campânulas varia entre 5 e 10 cm e a sua velocidade de saída
situa-se na ordem de 3 m/s.
Destilação Equipamentos
Fig. VIII.2 – Distribuição de campânulas num prato
O vapor, ao atravessar a coluna, perde pressão. Esta é composta por três
parcelas:
•
•
•
perda de pressão nos tubos de passagem de vapor;
perda de pressão nas fendas das campânulas;
perda de pressão existente, devido à coluna de líquido situada acima das
fendas.
A perda de pressão cifra-se em cerca de 5 mm de Hg por prato, para colunas
de média e alta pressão (1 a 30 bar), e de 2 mm de Hg para colunas de vácuo
(10 mm de Hg). Para colunas de vácuo elevado, a perda de pressão é bastante
inferior. Abaixo de 2 mm, as colunas trabalham com baixo rendimento, sendo
preferível usar colunas de enchimento.
As colunas de enchimento são do tipo das torres de absorção de gases; a
altura de torre equivalente a um prato é designada por HEPT (Height Equivalent
to one Plate Theoretical) e o valor varia consoante os tipos de enchimento.
Existem, ainda, as chamadas “destilações especiais”, podendo aqui incluir-se:
Destilação azeotrópica
Destilação extractiva
Destilação por arrastamento com vapor
Destilação molecular
M.T.09
Ut.08
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 4
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
A destilação azeotrópica é aquela que se aplica a misturas que formam
um azeotrópico, efectuando-se por adição de um componente suplementar.
Este componente, por seu turno, pode formar também um azeotrópico com
algum dos componentes, efectuando a separação por um outro processo
(decantação ou extracção).
Na destilação extractiva, que é um caso particular de destilação azeotrópica,
o terceiro componente é menos volátil que os restantes, correspondendo o
processo a uma destilação e extracção simultâneas.
Na destilação por arrastamento por vapor (normalmente vapor de água),
introduz-se este na mistura a vapor, com ou sem calor interior. A mistura do
vapor com essa mistura vaporiza a uma temperatura inferior à do componente
menos volátil, permitindo, deste modo, efectuar a destilação a baixa temperatura.
Este processo utiliza-se quando existe o perigo de alterar as propriedades
de uma substância por destilação a alta temperatura, em particular,
para separar líquidos de pontos de ebulição a altas temperaturas.
M.T.09
Ut.08
A destilação molecular efectua-se a pressões inferiores a 0,01 mm de Hg
num evaporador especial, constituído por um disco com elevado número de
rotações e do tipo Hickman. O disco é aquecido e o líquido é introduzido pela
parte central e distribuído pela superfície sob a forma dum filme delgado e
devido à força centrífuga. Este tipo de destilação é extremamente
dispendioso, sendo, portanto, adequado para componentes de custos
elevados.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 5
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
RESUMO
A destilação é uma das Operações Unitárias de maior importância na Indústria
Química, pois, praticamente, todas as instalações de processo possuem
colunas para separação de líquidos de vários pontos de ebulição.
A destilação baseia-se na aplicação dos diagramas de equilíbrio e na Lei de
Raoult. Um aspecto das misturas líquidas que trazem problemas na destilação
está relacionado com a formação de misturas azeotrópicas.
As aplicações industriais da destilação são feitas, quer a temperaturas baixas
(gases líquidos), quer a altas temperaturas (destilação atmosférica de petróleo).
M.T.09
Ut.08
Os sistemas industriais usados na destilação são, fundamentalmente, de
rectificação e utilizam colunas típicas com pratos de campânulas ou colunas
de enchimento.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 6
IEFP · ISQ
Destilação e Condensação
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Dê exemplos de Indústrias Químicas onde se apliquem Operações Unitárias
de destilação.
2. Que processos físicos existem na destilação?
3. Que tipos de colunas de destilação são aplicados na Indústria Química?
M.T.09
Ut.08
4. Como é a actuação da destilação por arrastamento por vapor?
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
VIII . 7
Absorção e Adsorção de Gases
M.T.09
Ut.09
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
•
Distinguir os fenómenos de absorção e adsorção;
Identificar quais os equipamentos principais usados nestas operações;
Explicar a reversibilidade da reacção de absorção;
Interpretar as operações de adsorção.
TEMAS
Introdução ao fenómeno de absorção
Aparelhagem usada
Introdução ao fenómeno de adsorção
Aparelhagem usada
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.09
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
IX . 1
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
INTRODUÇÃO AO FENÓMENO DE ABSORÇÃO
A absorção de gases foi, anteriormente, abordada quando se estudou a extracção.
Resta acrescentar, nesta unidade temática, alguns aspectos relacionados com
a aparelhagem e dimensões, fazendo-se, no entanto, previamente, algumas
referências a aspectos físico-químicos associados. Por exemplo, no caso em
que o líquido com o qual se faz a absorção reage quimicamente com o gás a
absorver, será necessário considerar a absorção física e a reacção química.
APARELHAGEM USADA
Na absorção de gases, a entrada destes faz-se sempre pela parte inferior, e os
tipos usados dependem, fundamentalmente, de cada um dos filmes de interface,
e dos caudais de líquido e de gás. Existem, assim, as seguintes categorias de
aparelhagem de absorção:
•
•
•
•
•
•
Absorção Aparelhagem
Sistemas em que o gás borbulha no líquido;
Câmaras de pulverização;
Sistemas em que o gás passa sobre massas líquidas;
Torres de enchimento;
Colunas de pratos;
Sistemas com partes mecânicas.
Os sistemas em que o gás borbulha no líquido, só se usam no caso em que os
gases são completamente solúveis, sendo a absorção regulada pelo filme líquido.
Nas câmaras de pulverização, o líquido é pulverizado na massa do gás. São
utilizadas quando a absorção é regulada pelo filme gasoso. Na Fig. IX.1,
mostra-se um equipamento deste tipo.
Os sistemas de pulverização podem ser colocados em vários níveis de câmaras
ou numa coluna central.
O sistema em que o gás passa sobre massas de líquido (Fig. IX.2) aplica-se
quando se libertam grandes quantidades de calor na reacção de absorção
(garrafões de grés).
A torre de enchimento, conforme ilustra a Fig. IX.3, destina-se a ser ocupada
por este.
M.T.09
Ut.09
Podem usar-se várias torres em série; a alimentação é feita por distribuidores,
conforme se pode ver na Fig. IX.4, em que a vedação se obtém por meio de
uma junta hidráulica.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 2
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
Pás contra rodopio
Disco
Ramificação múltipla
para pulverização
Entrada de gás
tangencial
Amortecedor das oscilações da
admissão
Manípulo
Saída de
Líquido
Entrada de
Líquido
Fig. IX.1 – Câmaras de pulverização
Gás
Líquido
M.T.09
Ut.09
Fig. IX.2 – Garrafões de grés
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 3
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
Entrada do Líquido
Saída do Gás
1. Invólucro
2. Entradas e Saídas
3. Enchimento
Saída do Líquido
Entrada
do Gás
Fig. IX.3 – Torre de enchimento
Fig. IX.4 – Distribuidor de torre
O enchimento destina-se a aumentar a superfície livre do líquido, tendo de
obedecer às seguintes condições:
baixo peso por unidade de volume
grande superfície em relação ao volume
grande secção de passagem
M.T.09
Ut.09
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 4
IEFP · ISQ
•
•
•
Absorção e Adsorção de Gases
grande volume livre
pequena retenção de líquido
elevada resistência química
Os tipos de enchimento mais vulgares são os seguintes:
•
•
•
•
•
•
coque
tijolos cerâmicos
anéis de Raschig
anéis de Lessing
selas de Berl
esferas de Gottmann
Os anéis de Raschig são anéis em material cerâmico, que podem apresentar
algumas variantes (Fig. IX.5), tais como a existência de uma espiral interior ou
de um ceptro que o divide.
Fig. IX.5 – Anéis de Raschig
Os anéis de Lessing são anéis metálicos com uma tela interna.
A sela de Berl, representada na Fig. IX.6, tem uma configuração especial.
M.T.09
Ut.09
Fig. IX.6 – Sela de Berl
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 5
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
As colunas de pratos são idênticas às de rectificação. Os sistemas com partes
mecânicas são constituídos por órgãos rotativos que lançam o líquido no gás,
aos quais pertencem os tubos dispersores.
INTRODUÇÃO AO FENÓMENO DE ADSORÇÃO
Fisicamente, a adsorção consiste na retenção da molécula de um gás ou de
um líquido sobre a superfície de um sólido, constituindo um filme de adsorção.
A superfície do sólido refere-se à superfície total incluindo os poros e os
capilares. A adsorção pode ser física ou química, conforme é determinada por
forças de Van der Walls ou pela formação de compostos à superfície.
Adsorção
O calor de adsorção física (energia envolvida quando se processa este tipo
de ligação) é da mesma ordem de grandeza da liquefacção, podendo
ser, no entanto, superior (até 100%). O calor de adsorção química pode
formar valores elevados da ordem de 100 000 cal/mole de gás. Por exemplo,
o calor de adsorção física do azoto pelo ferro varia de 1 000 cal/mole, no início,
até 1 360, na fase final. Na adsorção química a alta temperatura atingem-se
valores de 35 000 cal/mole.
A adsorção física é rápida e reversível; a adsorção química é lenta (quase
sempre), exigindo uma temperatura de desadsorção bastante elevada.
APARELHAGEM USADA
As substâncias adsorventes, mais vulgares, são:
•
•
•
•
•
•
•
carvão mineral
sílica gel
bauxite activada
alumínio activado
carvão activado
terra de infusórios
metais
A substância adsorvente tem de ser reactivada, sendo apenas necessário,
para isso, fazer atravessar a substância absorvente por gases quentes. No
caso de líquidos é necessário fazer a lavagem.
M.T.09
Ut.09
A adsorção pode ser estática ou dinâmica, conforme o fluido não esteja
em movimento ou atravesse uma camada de substância adsorvente.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 6
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
A adsorção de gases tem duas aplicações principais:
•
•
secagem de gases
catálise de contacto
A adsorção de líquidos tem por objectivo a remoção de impurezas de certas
substâncias. Estas podem ser coradas ou ter um cheiro desagradável, sendo
necessário efectuar estas operações.
Na Fig. IX.7, apresenta-se um esquema de uma unidade descontínua, sendo
indicado o equipamento necessário para efectuar o arrefecimento, em circuito
fechado, após a activação.
Entrada de ar humido
Coluna de adsorção
Refrigerante
Aquecedor
Entrada para a
activação
Saída de ar seco
Saída na activação
Fig. IX.7 – Unidade descontínua de adsorção
Na Fig. IX.8, apresenta-se uma unidade semelhante mas de funcionamento
contínuo.
Ventilador de regime
Entrada de ar
comprimido
Refrigerante
Colunas de adsorção
Aquecedor
Entrada para a
activação
Saída de ar seco
Ventilador para a activação
M.T.09
Ut.09
Fig. IX.8 – Unidade contínua de adsorção
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 7
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
Na Fig. IX.9, apresenta-se um esquema de secagem de um gás comprimido
com activação, em circuito fechado em alta pressão.
Compressor
Gasometro
Aquecedor
Coluna
Ventilador
Saída do
gás seco
Condensador
Fig. IX.9 – Secagem a alta pressão com activação
Na Fig. IX.10, mostra-se uma unidade de percolação em fase líquida, onde é
necessário proceder à calcinação fora do adsorvedor.
Absorvente regenerado
Oleo
Dissolvente
Vapor
Dissolvente e
vapor
Coluna de
adsorção
Oleo tratado
Absorvente exausto
Fig. IX.10 – Unidade de percolação
Na Fig. IX.11, mostra-se um exemplo de uma unidade de contacto em fase
líquida.
M.T.09
Ut.09
A adsorção é uma área recente de Engenharia Química. A sua aplicação
industrial é relativamente recente.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 8
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
Deposito do
Absorvente
Torre de contacto
Bomba de vacuo
Alimentador
Misturador
Coluna de adsorção
Filtro prensa
Vapor
ou ar
Deposito de
recolha
Aquecedor
Oleo
Oleo
tratado
Aquecedor
Absorvente exausto
Fig. IX.11 – Unidade de contacto em fase líquida
As aplicações mais modernas são:
•
•
•
hipersorpção
cromatografia
recuperação de solventes por carvão activado
A hipersorpção consiste na absorção de vapores de hidrocarbonetos usando,
para o efeito, um leito fluidizado de carvão activado.
A cromatografia (muito usada em Química Analítica) baseia a sua aplicação na
adsorção de líquidos ou gases, em colunas de separação.
M.T.09
Ut.09
O carvão activado está a ser bastante usado na recuperação de solventes, nas
indústrias que usam grandes quantidades destes produtos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 9
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
RESUMO
A absorção é um fenómeno normalmente associado à extracção, regendo-se
por duas formas específicas: a química e a física.
Os equipamentos utilizados nesta operação baseiam-se em sistemas em que
o gás borbulha no líquido, em câmaras de pulverização, em sistemas em que o
gás passa por massas liquidas, em torres de enchimento ou em colunas de
pratos, e em sistemas com partes mecânicas.
A adsorção consiste na retenção de moléculas de gases ou de líquidos sobre
a superfície de sólidos, sendo constituída por uma película superficial ligada,
química ou fisicamente, ao sólido de suporte.
A reacção de adsorção é um fenómeno reversível, exigindo uma temperatura
determinada para se concretizar.
M.T.09
Ut.09
Como exemplos de substâncias adsorventes mais vulgares, tem-se o carvão
activado ou a sílica gel, embora já existam outras substâncias com as mesmas
características de adsorção.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 10
IEFP · ISQ
Absorção e Adsorção de Gases
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Faça a distinção entre absorção e adsorção.
2. Qual a semelhança entre as torres de destilação e as usadas em Operações
Unitárias de absorção?
3. Na adsorção, as ligações moleculares podem ser de tipo físico ou químico.
Distinga estes dois tipos de ligações.
M.T.09
Ut.09
4. Descreva o que é reversibilidade da adsorção.
Componente Prática
Guia do Formando
Química Industrial
IX . 11
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
M.T.09
Ut.110
IEFP · ISQ
Química Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Orgânica
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Explicar qual a extensão desta indústria e quais os objectivos de cada um
dos seus constituintes;
•
Identificar, dentro de cada tipo de indústria, quais as Operações Unitárias
que deverão existir para se produzirem as diferentes substâncias químicas.
TEMAS
Combustíveis e sua utilização
Coqueficação da hulha
Borracha
Plásticos sintéticos
Fibras têxteis artificiais e sintéticas
Óleos, gorduras e ceras animais e vegetais
Sabão e detergentes sintéticos
Petróleo e seus derivados
Petroquímica
Química Industrial da madeira
Açúcar e amido
Fertilizantes orgânicos naturais
Insecticidas, fungicidas e herbicidas orgânicos
Corantes
Outros produtos orgânicos
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
X . 1
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Orgânica
COMBUSTÍVEIS E SUA UTILIZAÇÃO
É desnecessário referir quais as implicações que os combustíveis têm na
indústria e nas instalações em geral. Do ponto de vista de classificação, existem
três tipos de combustíveis:
•
•
•
Carvões
Petróleo/Derivados
Gás natural
Os carvões combustíveis podem ser classificados segundo as normas ASTM,
em várias classes, com base no teor em carbono fixo, teor de voláteis e poder
calorífico:
1. Antracite (meta-antracite, antracite, semiantracite);
2. Betuminosos (com cinco subgrupos baseados no teor de voláteis, teor em
carbono fixo e poder calorífico);
3. Subetuminosos (subdivididos em três grupos com diferente poder calorífico);
4. Linhites (linhites e turfas).
Existe ainda uma outra classificação, mais específica (Classificação
Internacional de Carvões), que se baseia, igualmente, no poder calorífico e no
teor em voláteis, mas que engloba ainda a humidade, o carbono fixo, as
propriedades de endurecimento e a resistência.
Esta tabela foi desenvolvida, primeiramente, nos EUA e posteriormente retomada
e desenvolvida pela CE ou, mais concretamente, por um organismo específico
– CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço).
O carvão é extraído de duas formas:
•
•
Em céu aberto
Em minas
Para ser utilizado, o carvão necessita de uma preparação prévia, de modo a
retirar-lhe resíduos não-combustíveis (rocha, etc.). Após a extracção, é,
primeiramente, sujeito a uma limpeza e pré-classificado com base nos seguintes
factores:
•
•
•
Combustíveis
Granulometria
Teor em cinzas
Teor em enxofre
M.T.09
Ut.10
Para as primeiras operações, usam-se sobretudo trituradores, separadores e
equipamentos de limpeza.
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Química Industrial
X . 2
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A composição química é a característica determinada antes da utilização,
usando-se também as normas ASTM, que incluem os teores de:
•
•
•
•
•
•
Carbono
Hidrogénio
Oxigénio
Azoto
Enxofre
Resíduo mineral (cinzas)
Outras características:
•
•
•
•
Humidade
Carbono fixo
Cinzas
Poder calorífico
A utilização do carvão é feita, principalmente, nas seguintes operações:
•
•
•
Combustão
Gaseificação
Coqueficação
Na produção de energia, em que o carvão é usado como combustível,
conseguem-se hoje em dia rendimentos de 0,30 kg carvão/KWh,
correspondendo a um rendimento global de 37% para um carvão com um poder
calorífico de 7 280 Kcal/Kg.
A gaseificação tem como objectivo produzir gases industriais usados
posteriormente em combustíveis (ou, eventualmente, para outros fins). Este
processo tem provado ser bastante eficiente para combustíveis pobres, de baixo
poder calorífico.
O petróleo é outro dos produtos naturais usados como combustível, após
preparação adequada (destilação). O petróleo formou-se por decomposição
anaeróbica de óleos, a uma temperatura mediana, em antigos
sedimentos marinhos. A composição química é complexa sendo a sua
M.T.09
Ut.10
A coqueficação permite converter o carvão em coque, alcatrão, produtos
químicos e gases industriais (que poderão ser usados também como
combustíveis). Esta operação é análoga à denominada “destilação seca”.
O aquecimento progressivo permite fazer a separação dos vários compostos
orgânicos retidos nos carvões. A coqueficação pode ser feita a três níveis
de temperaturas (510 - 650°C - baixa temperatura; 600 - 890°C - média
temperatura; 900 - 1 100°C - alta temperatura).
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
constituição baseada no tipo de hidrocarbonetos presente:
•
•
•
•
Base parafínica
Base mista
Base nafténica
Base aromática
Os compostos parafínicos variam de hidrocarbonetos gasosos a líquidos e
parafinas sólidas, com mais de 30 átomos de carbono na molécula, com
predominância de cadeias lineares. Podem também aparecer cicloparafinas,
como o ciclopentano e o ciclohexano. Os aromáticos apresentam benzeno,
tolueno, etilbenzeno, xileno, naftalina, etc.
Os compostos oxigenados são provenientes das acções de armazenamento,
sendo poucos os compostos naturais que podem, no entanto, existir (fenóis,
ácidos nafténicos, ácidos gordos, etc.).
Os compostos sulfurados estão combinados, sobretudo, com componentes
resinosos e asfálticos. Os compostos metálicos são constituídos,
principalmente, à base de vanádio e níquel.
A refinação do petróleo tem por fim a obtenção de produtos comerciais
(incluindo combustíveis).
A refinação usa, praticamente, todas as operações unitárias, que se estudarão
mais adiante. As fracções primárias obtidas em destilação são:
•
•
•
•
•
•
•
Gasolinas leves
Nafta
Querosene
Gasóleo leve
Gasóleo médio
Gasóleo pesado
Resíduos
Estes produtos podem usar-se como combustíveis ou ser processados para
obtenção de outros produtos. Numa operação prévia, antes da destilação, é
feita uma separação de hidrocarbonetos gasosos dissolvidos através de um
separador gás-óleo, o qual, por sua vez, separa também partículas e água.
Os gases recuperados nesta operação são: butano, propano, metano,
etano e outros hidrocarbonetos mais pesados (em quantidades pequenas).
Alguns destes produtos podem ser logo processados para produzirem gasolina natural.
Apresentam-se, a seguir, alguns dos principais derivados do petróleo:
Combustíveis
Solventes
M.T.09
Ut.10
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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•
•
•
•
•
Introdução à Indústria de Química Orgânica
Lubrificantes
Óleos especiais
Asfalto
Ceras
Produtos farmacêuticos
O gás natural é o outro dos combustíveis, extraído também de rochas
sedimentares que, depois de ser processado para separação de
hidrocarbonetos líquidos, água, dióxido de carbono e compostos sulfurados, é
usado como combustível ou como matéria-prima de base para outros produtos.
O próprio enxofre dos compostos sulfurados é uma fonte de enxofre elementar
importante.
COQUEFICAÇÃO DA HULHA
Uma elevada percentagem de hulha é usada em pirólise, para coqueficação.
Na ausência de ar, a hulha betuminosa, quando aquecida, funde em primeiro
lugar, desprendendo depois produtos voláteis e deixando um resíduo chamado
“coque”. Os produtos voláteis são constituídos por:
•
•
•
•
•
•
•
Gás
Alcatrão
Amoníaco
Benzeno
Tolueno
Xileno
Outros
Os primeiros fornos usados são do tipo reverbero, onde parte dos gases é
aproveitada para queima. Este processo não é, no entanto, muito rentável devido
à perda que produz; o coque, na sua maioria, é usado, hoje em dia, na fabricação
de ferro e aço.
A hulha para a coqueficação é misturada a partir de diferentes tipos, sendo
depois introduzida nos fornos (com diferente volatilidade). Usa-se hulha com
granulometria de cerca de 2,5cm, fazendo-a passar, previamente, por um
triturador, introduzindo-a, depois, numa tela transportadora, passando por
moinhos de martelos onde é pulverizada em partículas com cerca de 3mm. No
entanto, pode usar-se com granulometrias um pouco maiores. Em seguida, é
transportada para os fornos, em vagonetes. Estes fornos possuem orifícios de
alimentação na parte superior, sendo previamente tarada a quantidade
alimentada.
M.T.09
Ut.10
Os fornos de coqueficação são componentes descontínuos, carregando-se
e descarregando-se periodicamente. A descarga é feita por um máquina
impulsora de êmbolo.
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Outros fornos de coque fazem a recuperação química dos gases, constituindo
câmaras verticais estreitas, cobertas com ladrilhos de sílica. Apresenta-se, na
Fig. X.1, um exemplo de um forno Koppers-Becker, em uso nos EUA.
1 - Entrada de gases de alto
forno
2 - Saída de gases de
combustão
3 - Entrada de ar
4 - Recuperador
5 - Forno
6 - Nível de coque
6
7
5
7 - Saída de coque
4
3
1
2
Fig. X.1 – Forno de coque Koppers-Becker
Estes fornos trabalham a temperaturas entre 920 e 1 150°C, na zona de
coqueficação.
Os produtos voláteis provenientes da hulha são vários, originando, por sua vez,
vários subprodutos que, a seguir, se resumem:
Gás
Coque
Alcatrão
Amoníaco (sob a forma de sulfato de amónio)
Óleos leves (aromáticos)
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
•
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
O gás, por sua vez, contém grande quantidade de H2 S, que tem de ser depurado
ou lavado por meio de uma reacção com arsenato de sódio, ou queimado de
modo a formar H CN (ácido cianídrico), o qual é liquefeito e posteriormente
recuperado como Na CN (cianeto de sódio). O H2 S pode também usar-se para
produzir ácido sulfúrico.
O alcatrão da hulha pode ser reprocessado por destilação contínua para
fraccionamento, podendo obter-se vários produtos, como naftaleno, fenóis, etc.
Actualmente, esta fracção é utilizada na petroquímica como matéria-prima. O
amoníaco obtido também deve ser purificado na forma composta de hidróxido,
cloreto ou sulfureto.
Pode-se, também, fazer a coqueficação a baixa temperatura, entre 500
e 750°C, o que permite maiores rendimentos em alcatrão e origina um
combustível de melhor qualidade. Este método é usado para hulhas ou
linhite, podendo usar-se uma variante de leito fluidizado, onde o tempo de
coqueficação é mais baixo.
Modernamente, está a realizar-se também a gaseificação subterrânea do carvão,
quando os jazigos são de baixa qualidade (pobres). O processo consiste em
queimar carvão com baixa quantidade de ar, fazendo-se uma combustão e
destilação simultâneas, sendo os gases extraídos através de furos adequados.
BORRACHA
Antes da 2.ª Guerra Mundial, o termo borracha significava o produto natural e
as suas diversas aplicações. Com a guerra, a necessidade de se obter grandes
quantidades deste produto provocou a formação de indústrias de produção de
borracha sintética. Actualmente, a borracha é também denominada muita vezes
por SBR (proveniente do nome em inglês – borracha de estireno butadieno).
Outros elastómeros foram também produzidos, como, por exemplo, a borracha
butílica, o silicone, etc.
A cronologia da borracha é antiga, sendo a data de 1860 como o ano em que o
isopreno, obtido por pirólise de borracha natural, foi polimerizado num
elastómero.
Borrachas
A borracha sintética de butadieno-estireno (SBR) é obtida por polimerização a
quente, mediante a seguinte fórmula (em parte, por cada 100 de monómero):
Butadieno
75
Estireno
25
Água
180
Sabão
5,0
Laurilmercaptano
0,5
Persulfato de potássio
0,3
(n - C12 H25S H)
M.T.09
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•
•
•
•
•
•
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As condições de polimerização (em emulsão) são as seguintes:
•
•
•
•
Temperatura
50° C
Tempo
12 horas
Rendimentos
75 %
Pressão
7 bar
Pode-se também polimerizar a uma temperatura abaixo de 50°C e em emulsão.
Existe um outro tipo de borracha, chamada butílica. Consiste num copolímero
de isobutileno, com cerca de 3% de isopreno. É diferente da SBR, pois utiliza
um catalisador (cloreto de alumínio) e uma temperatura de polimerização de
-100°C.
Outros tipos de borrachas:
•
•
•
•
Neopreno
Copolímero butadieno-acrilonítrilo
Silicone (átomos alternados de silício e oxigénio)
Hypalon (polietileno clorosulfonado)
Um dos produtos usados na fabricação de borracha é o butadieno, o qual se
pode obter do seguinte modo:
•
•
•
•
•
Cracking de hidrocarbonetos C4 ou superiores;
Desidrogenação catalíticas de butenos ou de n-butano;
Tratamento catalítico de álcool etílico e mistura de etanol acetaldeído;
Condensação aldólica do acetaldeído;
Reacção do acetileno com formaldeído com hidrogenação e desidratação
posteriores.
O estireno, outro produto importante na fabricação do SBR, obtém-se a partir
de benzeno e etileno, os quais passam, primeiro, por etilbenzeno iroginando
estireno por desidrogenação.
PLÁSTICOS SINTÉTICOS
As características do plástico têm a ver com a estrutura química macromolecular.
As propriedades podem ser alteradas, misturando-os com produtos que lhe
modificam o comportamento, adaptando-os, assim, às operações de
transformação.
M.T.09
Ut.10
A classificação de plásticos foi referida no módulo de Química Aplicada (e
também abordada nesta obra), como estando dividida em duas grandes classes:
a dos termoplásticos e a dos termoendurecíveis.
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Do ponto de vista do Engenheiro Químico, os plásticos interessam-lhe quando
relacionados com as operações unitárias usadas na fabricação e com os
princípios fundamentais de fabricação.
Os processos de fabricação podem classificar-se em:
A) Processos de polimerização por adição:
•
•
•
•
•
Massa
Emulsão
Suspensão
Dissolvente
Dissolvente/não-dissolvente
B) Processo de polimerização por condensação.
C) Processo de polimerização por abertura dos anéis aromáticos e por adição,
crescendo o polímero de forma diferente da de cadeia.
A polimerização por adição tem um enorme problema industrial a
enfrentar, relacionado com a elevada quantidade de calor proveniente daquela
operação e que é necessário escoar. No caso do PVC, é de 12-26 Kcal/mol e
de 835 Kcal/Kg, no caso do PE, podendo levar à destruição dos mesmos se o
calor não for retirado.
A polimerização em massa aplica-se aos monómeros que dissolvam os seus
polímeros (estireno, metacrilato de metilo).
A polimerização em emulsão usa um sabão como agente emulsionante e é
usado, por exemplo, nas borrachas. É feita em solução aquosa.
São vários os polímeros que podem usar o processo de suspensão:
•
•
•
•
•
Polimetacrilato de metilo
Poliestireno
Policoreto de vinilideno (copolímero com cloreto de vinilo)
PVC e copolímeros
Poliacetato de vinilo
M.T.09
Ut.10
Alguns polímeros são insolúveis em monómeros, como o PVC; se a
polimerização se inicia no monómero puro, forma-se um precipitado de polímero.
Algumas vezes, adicionam-se outros solventes para aumentar ou diminuir a
solubilidade do monómero no polímero sólido. Os sistemas de polimerização
com solvente e não-solvente baseiam-se neste princípio.
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Na polimerização por condensação, encontram-se as resinas de
fenol-formaldeído usadas em:
•
•
•
•
Componentes eléctricos
Vernizes isolantes
Laminados industriais
Adesivos, etc.
A sua sequência de reacções de formação é bastante complexa.
Outros plásticos são polimerizados, também, por condensação, como por
exemplo:
•
•
•
•
Resinas aminoplásticas
Policarbonatos
Epoxi
Poliester
O polietileno pode ser polimerizado por dois processos:
•
•
Alta pressão (superior a 1 000 bar)
Baixa pressão (com catalisador)
Um produto natural polimérico é, por excelência, a celulose, que pode
ser usada, como tal, no fabrico de papel ou seus derivados, como o celofane
e plásticos celulóicos.
FIBRAS TÊXTEIS ARTIFICIAIS E SINTÉTICAS
A produção de fibras têxteis artificiais para fins industriais ultrapassou já a de
fibras naturais, como o algodão ou a lã, misturando-se muitas vezes estes
tipos de fibras.
Como fibras têxteis, temos:
•
•
•
•
•
•
•
Rayon – obtido a partir da celulose
Acetato de celulose
Nylon – poliamida
Poliester
Anílico
Fibras vinílicas
Fibra de vidro
M.T.09
Ut.10
O processo de fabricação consiste em obter, a partir de massas poliméricas,
fios que permitam a sua utilização a jusante na indústria têxtil.
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ÓLEOS, GORDURAS E CERAS ANIMAIS E VEGETAIS
Os óleos, gorduras e ceras animais e vegetais são ésteres ácidos
orgânicos, pertencentes a séries de ácidos gordos, assim chamados por
existirem nas gorduras. O éster é formado pela combinação de um álcool e
de um ácido. Os de origem animal englobam ésteres de glicerina e uma grande
variedade de ácidos gordos. As ceras são ésteres de ácidos da mesma natureza,
constituindo um álcool diferente do glicerol. Os ácidos gordos pertencem, por
sua vez, às categorias seguintes:
•
•
•
Ácidos saturados
Ácido oleico
Ácidos insaturados
Podem ainda ser subdivididos em vários tipos. Como exemplos de ácidos gordos
saturados, têm-se:
•
•
•
Butanoico ou ácido butírico
Hexadecanoico ou ácido palmítico
Octadecanoico ou ácido esteárico
Como exemplos dos ácidos não-saturados, têm-se:
•
•
9-hexadecanoico ou ácido palmitoleico
9-hexadecanoico ou ácido oleico
Apresentam-se, em seguida, alguns exemplos de óleos ou gorduras, de grande
importância:
•
Comestíveis:
•
•
•
•
•
•
Manteiga
Margarida
Óleo de algodão
Óleo de soja
Sebo
Produtos à base de óleos secantes:
M.T.09
Ut.10
• Óleo de rícino
• Óleo de linhaça
• Tall oil
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•
Introdução à Indústria de Química Orgânica
Vários:
• Óleo de coco
• Óleo de fígado de bacalhau
• Óleo de peixe e de cetáceos, etc.
Para que um óleo possa ser usado na indústria alimentar, precisa de ter as
seguintes características:
•
•
•
Sabor agradável
Isento de cheiros desagradáveis
Cor pálida
Isto pressupõe, na fase de pré-aplicação, uma série de operações unitárias de
modo a conferir-lhe as características adequadas. Os outros óleos têm
aplicações vastas, desde a fabricação de tintas até à indústria química fina.
Cabe referir, aqui, um óleo de grande importância na indústria da pasta
de papel: o tall oil. O tall oil é um subproduto da fabricação do papel, a
partir de madeira de pinho. No decurso da fabricação da pasta, os ácidos gordos
e resinosos são transformados em sabões e, posteriormente, retornam à
situação anterior. Esta fracção denomina-se tall oil. O óleo pode ser reprocessado
para obtenção de subprodutos químicos ou, pura e simplesmente, queimado,
normalmente em caldeiras auxiliares.
Outro aspecto importante neste tipo de indústria é a hidrogenação dos óleos
não-saturados, com o objectivo de obter gorduras saturadas para a fabricação
de sabões. Esta operação realiza-se com a adição de catalisadores.
SABÃO E DETERGENTES SINTÉTICOS
Conforme se referiu anteriormente, os sabões são obtidos a partir de gorduras
por reacções específicas com bases. Modernamente, usam-se, como alternativa,
os detergentes.
Quimicamente, um sabão é um sal sódico ou potássico do ácido esteárico e
de outros ácidos gordos de peso molecular superior.
Outros metais, como o cálcio, chumbo ou alumínio, podem ser igualmente
usados na fabricação de um tipo de sabão, mas, no entanto, são insolúveis.
Contudo, são aplicados, por exemplo, em lubrificantes de tintas.
A reacção da saponificação obtém-se por acção de uma gordura sobre solução
cáustica, formando-se a glicerina:
Hidróxido de sódio + Estearato de glicérido
ô
M.T.09
Ut.10
Estearato de sódio (sabão) + Glicerina
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Do mesmo modo, pode obter-se sabão por reacção de uma base com ácido
esteárico, sendo a água o componente resultante para além daquele.
Em relação às matérias-primas, têm-se as seguintes:
•
•
Sabão e detergentes
Hidróxido de sódio
Óleo
• Coco
• Azeite de má qualidade
• Óleo de palma
O procedimento mais comum é o de ebulição, com produção de lotes de 0.5 a
400 ton. Pode também usar-se um método contínuo. Um equipamento típico
utilizado é a caldeira, com 9m de diâmetro e 12m de altura. Permite a obtenção
de lotes de 135 Kg, por reacção de soda (18-20° Be) com óleo (Fig. X.2).
1
2
1- Entrada de Vapor
2- Vapor para agitação
4
3- Saída de água / glicerina
4- Tubagem para bomberar sabão
3
Fig. X.2 – Caldeira de fabricação de sabão
Existem outros processos de fabricação de sabão, como o contínuo, a
frio, em varetas ou escamas, em misturador, etc.
O sabão também pode ser apresentado em pó, obtido por secagem em torres
de atomização, conseguindo-se, assim, um produto com densidade entre 0,2
e 0,5gr/cm3.
M.T.09
Ut.10
Os detergentes são produtos alternativos aos sabões, devido ao deficit
de gorduras existente no mercado mundial e ao facto de possuírem
acções de limpeza superiores aos sabões vulgares. São substâncias
tensioactivas que envolvem em solução as manchas de sujidade ou gordura,
sofrendo, posteriormente, uma acção de dispersão na água (ou solvente).
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Os detergentes dividem-se em:
•
•
•
•
•
surfactivos amónicos
surfactivos não-iónicos
surfacticos anfotéricos
surfactivos catiónicos
adjuvantes e vigorantes
Os detergentes aniómicos e catiónicos são assim chamados devido à acção
iónica de parte da sua constituição; nos não-iónicos, a actuação deve-se a
ligações de hidrogénio. Os anfotéricos actuam de forma diversa, pois as
suas moléculas possuem agentes catiónicos e aniómicos.
Alguns compostos, denominados adjuvantes e vigorantes, são usados como
agentes em propriedades emulsionantes, podendo ser usados como
complemento dos sabões (carbonato de sódio, silicato sódico, sulfato sódico).
PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS
O petróleo foi referido, anteriormente, quando da análise dos combustíveis.
Petróleo e derivador
Os componentes do petróleo são os seguintes:
•
•
Hidrocarbonetos parafínicos de cadeia normal ou ramificada;
•
•
Hidrocarbonetos aromáticos, com anéis benzénicos;
•
•
•
•
•
Hidrocarbonetos olefínicos (com duplas ligações ou ligações insaturadas);
Hidrocarbonetos nafténicos ou hidrocarbonetos saturados activos, com anel
de 5 a 7 átomos de carbono;
Hidrocarbonetos polivinilícos, constituídos por compostos nafténicos e
aromáticos com mais de um anel na sua estrutura;
Compostos de enxofre (teor máximo é de 6%);
Compostos de oxigénio (alcoóis, fenóis, etc.);
Compostos de azoto (piridinas, quinoléinas, etc.);
Compostos inorgânicos (sais, água, etc.).
A composição elementar varia nos seguintes teores (ponderais):
Carbono
83
– 87%
Hidrogénio
1
– 15%
Enxofre
0,1 – 6%
Azoto
0,1 – 1,5%
Oxigénio
0,3 – 1,2%
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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Os EUA classificam o petróleo em vários tipos, a seguir resumidos:
A – Base parafínica
B – Base parafínica intermédia
C – Base intermédia parafínica
D – Base intermédia
E – Base intermédia nafténica
F – Base nafténica intermédia
G – Base nafténica
O petróleo divide-se em várias fracções por destilação, as quais, por sua vez,
são submetidas a tratamentos posteriores:
Produto
Intervalo
Gasolina natural
Ebulição (°C)
0
82
Gasolina
26
193
Nafta
93
232
Petróleo para reactores
82
232
Queroseno
176
287
Petróleo para aquecimento
204
315
250
399
193
343
288
427
315
538
sup.
329
Óleos lubrificantes
sup.
482
Asfalto
sup.
482
Resíduos
sup.
482
Fracções leves:
•
•
•
•
•
Fracções intermédias:
• Gasóleo
• Diesel
• Fuel óleo pesado
Fracções pesadas:
• Óleos lubrificantes
• Parafinas
Fracções residuais:
•
•
•
•
Coque de petróleo
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Ut.10
Tabela X.1 – Fracções do petróleo bruto
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O transporte do petróleo é feito por diversos meios:
•
•
•
•
Navio (petroleiros)
Oleodutos
Cisternas
Vagões-cisterna
A refinação do petróleo passa por uma série de operações que, a seguir, se
resumem:
•
•
•
•
•
•
Eliminação de sal
Destilação
“Cracking”
Melhoria de gasolina
Refinação de óleos lubrificantes
Processos auxiliares
Numa primeira fase, faz-se a eliminação de sal adicionando-se água num teor
de 6-15%, aquecendo-se a mistura sob pressão, de 90 a 150°C.
A mistura é emulsionada, passando o sal à fase aquosa, efectuando-se, de
seguida, a separação. Num outro processo (eléctrico), o petróleo é adicionado
a 4-10% de água sob pressão, a uma temperatura entre 70-150°C, sendo a
separação feita mediante a ajuda de um campo electrostático.
A destilação pode ser feita por três processos:
•
•
•
Uma etapa
Duas etapas
Torres de vácuo
A Fig. X.3 mostra um sistema de destilação com uma etapa.
Neste processo, o petróleo bruto (ou crude) é alimentado depois de pré-aquecido
num permutador e numa fornalha, fazendo-se a seguir a separação dos produtos
por fracções, baseada nos pontos de ebulição. Cada fracção que sai lateralmente
é submetida a um novo fraccionamento em pequenas colunas, chamadas
strippers, usando-se vapor para separar a fracção dos componentes mais
voláteis, de forma a que o ponto de ebulição do produto retirado se ajuste ao
desejado.
Refinação do petróleo
M.T.09
Ut.10
Nas refinarias modernas, usa-se um sistema por duas etapas, com o objectivo
de se conseguir o número suficiente de cortes para obtenção da gama de
produtos desejados (Fig. X.4).
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Gás
Gasolina
Crudo
Vapor
Nafta
Vapor
Queroseno
Vapor
Gas-oil
Vapor
Fuel-oil
Forno
Vapor
Resíduo
Fig. X.3 – Destilação com uma etapa
17
15
1
5
3
2
3
3
3
6
6
12
6
3
6
13
16
4
7
8 9
10
11
14
18
19
M.T.09
Ut.10
Fig. X.4 – Destilação de “crude” em duas etapas
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
Legenda:
1.
3.
5.
7.
9.
11.
Torre atmosférica
Vapor
Torre de ajustamento à pressão atmosférica
Diesel pesado
Querosene
Nafta
13.
15.
17.
19.
Aquecedor para a primeira destilação súbita
Primeira torre de destilação dupla
Estabilizador
Cabeças
2. Aquecedor de torre atmosférica
4. Resíduos
6. Óleo quente
8. Diesel leve
10.“Crude”
12.Primeira torre de ajustamento por
destilação rápida
14.Querosene ligeiro
16.Óleo quente para caldeiras
18.Gasolina despropanizada
O sistema possui uma primeira torre que trabalha a cerca de 3,5 bar, uma
segunda torre à pressão atmosférica e uma coluna estabilizadora. Da torre
principal, saem lateralmente duas ou mais fracções, enquanto que as cabeças
alimentam o estabilizador, o qual pode trabalhar como estabilizador normal ou
despropanizador. Todas as fracções derivadas passam pelos strippers.
Quando se funciona a altas temperaturas, pode-se formar coque nos tubos de
aquecimento ou nos pratos, produzindo-se uma degradação térmica. A fim de
reduzir a temperatura de funcionamento, trabalha-se com vácuo. Os refinadores
de petróleo usam o vácuo para as fracções em óleos lubrificantes e em cargas
para o cracking catalisador, na produção de asfalto. Para a obtenção das
fracções de lubrificantes, é necessário uma torre de vácuo que pode estar
acoplada a uma unidade de destilação de duas etapas (Fig. X.5).
Torre de vácuo
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Vapor
Gasóleo
Purgas
M.T.09
Ut.10
Fig. X.5 – Destilação em vácuo para obtenção de fracções lubrificantes
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O crude proveniente da torre de destilação atmosférica alimenta a torre de
vácuo a 426°C e a pressão absoluta de 40 a 130mm Hg. As fracções derivadas
passam pelos strippers. A Fig. X.6 apresenta o esquema de funcionamento de
uma unidade de vácuo produtora de matéria-prima para uma unidade de cracking
catalítico (cujas condições de funcionamento são as mesmas que para a
obtenção de lubrificantes).
Crude
reduzido
Torre de destilação súbita
Torre de
condensação
Acumulador de “cabeças”
Aquecedor / Fornalha
Vapor
Purga
Produto para cracking
Asfalto
Crude reduzido
Fig. X.6 – Destilação em vácuo
O processo de cracking catalítico deve-se, em grande parte, ao baixo teor de
gasolina obtida no processo de destilação atmosférica (18%). Para o efeito,
faz-se a conversão de outras fracções de petróleo em gasolina. Esta pode
obter-se pelos seguintes modos:
•
•
•
•
•
Destilação directa do petróleo bruto (crude);
“Cracking” do fuelóleo proveniente do petróleo;
Polimerização de hidrocarbonetos gasosos com 3 ou 4 átomos;
Da gasolina residual procedente do gás natural;
Dos combustíveis líquidos sintéticos.
M.T.09
Ut.10
O fuelóleo é uma das fracções de viscosidade média, obtida a partir da
destilação. Aquecendo o gasóleo sob pressão e expandindo-o numa torre de
fraccionamento, observou-se a formação de uma elevada percentagem de
componentes de baixo ponto de fusão (de que é feita a gasolina), devido à
quebra de ligações nas moléculas grandes.
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
O cracking produz grande variedade de produtos, tais como:
•
•
•
•
•
Gases
Naftas de baixo e médio pontos de ebulição
Queroseno
Petróleo residual
Carbono
Existem várias formas de efectuar o cracking, sendo algumas mais usadas,
hoje em dia, e que se passam a referir:
•
•
•
•
•
“Cracking” térmico
“Cracking” catalítico
Leito fluidizado
Com transporte pneumático
“Reforming” catalítico
O cracking térmico foi usado nos primeiros tempos em que o gasóleo era
submetido, durante um certo tempo, a um aquecimento forte em tubos de aço
a baixa pressão, mantendo-se em circulação e sendo expandido numa câmara
de baixa pressão onde se separavam vapores e líquidos.
Os vapores e líquidos submetiam-se, em seguida, a uma destilação fraccionada
na forma habitual. As refinarias de pequena dimensão ainda usam este processo;
nas modernas refinarias usa-se o cracking catalítico.
A decomposição térmica do petróleo inicia-se a 370°C, mas a velocidade de
decomposição é demasiado baixa. A prática industrial usa temperaturas da
ordem de 450 a 565°C para obtenção de gasolina.
As reacções que se produzem são as seguintes:
•
•
•
•
Quebra de ligações C-C
Desidrogenação
Polimerização
Ciclação
As mais importantes são, sem dúvida, a quebra de ligações C-C e a
polimerização (Tabela X.2).
Apresentam-se, a seguir, as condições cracking:
Cracking
M.T.09
Ut.10
As condições de funcionamento são fixadas de modo a obter uma conversão
por passagem de cerca de 20%, voltando o resíduo a passar pelo sistema. Se
se aumentar o rendimento por passagem, dá-se uma diminuição de teor em
gasolina e o aumento da formação de coque.
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A partir de
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Para obter
Tempo de Reacção
Temp.º C
Pressão,
Bar
Metano
Acetileno
0,01
0,1
sup. 1 000
vácuo
Etano
Etileno
0,1
0,2
730 - 840
0,31 - 2,1
Propano
Etileno
1
3
670 - 780
0,31 - 2,1
Gasóleo
Gasolina
40
300
450 - 560
14 - 63
Crude Reduz. Gasolina
--
--
450 - 540
0,7 - 5
Tabela X.2 – Condições de funcionamento no “cracking” térmico
O cracking catalítico foi introduzido para aumentar o rendimento de
transformação e o índice de octanas da gasolina produzida. O primeiro processo
a ser implementado foi o de Houdry, com leito fixo. Actualmente, os mais
usados são os de leito fluidizado e os de leito móvel, representando o “cracking”
catalítico mais de 70% da capacidade total de cracking.
As reacções que se passam no “cracking” catalítico são:
•
•
•
•
Rotura de ligações
Isomerização
Alcoolização
Aromatização
Os catalizadores são de natureza variável sendo os mais comuns de:
•
•
Sílica/Alumínio
Substâncias puras (com especificação definida)
No leito móvel, as partículas têm uma alimentação de 3 a 4 mm e 2 a 400
mícron para o leito fluidizado.
M.T.09
Ut.10
No processo por leito fluidizado, uma corrente de vapor de petróleo arrasta
consigo o catalisador pulverizado, passando ao reactor onde entrou em contacto
mais efectivo (em que há uma grande dispersão das duas fases). O facto de se
chamar fluidizado provém da mistura se comportar como se fosse um único
fluido. A mistura passa a um ciclone interno, onde a maior parte do pó catalisador
é separado e regressa ao reactor, enquanto que os vapores resultantes da
reacção passam a uma coluna de fraccionamento, dando origem a gasóleo
pesado, gasóleo leve e gasolina ou nafta. Como o catalisador perde propriedades,
parte dele é extraído e passa para um regenerador por meio de ar, onde o
carvão depositado é queimado. Os gases do regenerador atravessam um ciclone
interno, separando-se do pó, passando em seguida a um recuperador de calor
e a um precipitador electroestático; então, o catalisador é reintroduzido no
circuito de produção. A temperatura é mantida a cerca de 480-510°C. A reacção
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de cracking é endotérmica, sendo o calor adicionado através do pó do
catalisador. As unidades possuem uma capacidade que pode ir a mais de
15 000 m3/dia. As pequenas unidades tratam cerca de 500 m3/dia.
A Fig. X.7 apresenta um diagrama de fluxo duma unidade cracking catalítico
de leito fluidizado.
Gás + Gasolina
Reactor
Regenerador
Ventilador
Principal
Ventilador Auxiliar
Vapor
Entrada
Fig. X.7 – Cracking catalítico de leito fluidizado
Nas unidades de cracking catalítico com transporte pneumático (Fig. X.8), o
catalisador proveniente do separador entra no reactor, onde fica em contacto
com um produto pré-aquecido.
O catalisador e o petróleo circulam através do reactor. Os vapores produzidos
vão por uma coluna de fraccionamento e o catalisador vai por uma zona de
purga, fora do reactor e do regenerador (tubos de descida). Pela acção de uma
corrente de ar que entra em contracorrente com o catalisador, queima-se o
carbono depositado sobre este, passando, depois, a uma zona de arrefecimento
a fim de se ajustar a temperatura. Em seguida, é separado por uma corrente de
ar a baixa pressão que o leva à parte superior do reactor, reiniciando-se o ciclo.
Na tabela seguinte (Tabela X.3), podem ver-se as condições típicas de
funcionamento do cracking catalítico:
Reforming Platforming
M.T.09
Ut.10
O reforming catalítico deve-se ao facto de a procura da gasolina não ser
satisfeita pelos processos normais, nomeadamente, ao facto de o índice
de octanas ser elevado. O reforming catalítico é um processo que tem
lugar com a presença de hidrogénio. Na realidade, o que se passa não é
uma hidrogenação mas antes uma desidrogenação, sendo reciclado parte do
hidrogénio produzido para controlar a velocidade de reacção (desidrogenação).
O catalisador é constituído por molibdénio sobre alumina. Este catalisador
promove a ciclagem, mantendo os anéis dos que sofreram desidrogenação
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parcial (butanização). O produto final possui grande quantidade de
hidrocarbonetos aromáticos e uma pequena quantidade de hidrocarbonetos
alifáticos. O produto obtido é pouco estável, podendo misturar-se com a gasolina,
depois de eliminar os gases num separador prévio, seguido de uma destilação
para estabilização.
Fig. X.8 – Cracking catalítico com transporte pneumático
Leito
Fluidizado
Leito Móvel
465 - 537
445 - 520
Pressão do reactor. bar
0,7 - 1,4
0,35 - 1,26
Velocidade passagem (h/peso cat.)
0,5 - 1,3
1-4
Relação peso, catalisador/ petróleo
5 - 20
1,5 - 7,0
Carbono no catalizador regenerado, %peso
0,4 - 1,6
0,1 - 0,6
Carbono no catalizador esgotado %peso
0,5 - 2,6
1,2 - 3,1
621
732
Temperatura do reactor, ºC
Temperatura máxima regenerador, ºC
M.T.09
Ut.10
Tabela X.3 – Condições de funcionamento de cracking catalítico
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É aconselhável ter dois reactores em funcionamento em que, enquanto um
está em funcionamento, o outro vai eliminando pequenas quantidades de coque
depositado na superfície do catalisador, por queima, através de injecção de
pequenas quantidades de ar numa corrente de gás inerte, devolvendo ao
catalisador as características iniciais. Existem dois tipos de reactores do tipo
reforming, dependendo de se regenerar, ou não, o catalisador. À primeira
unidade também se chama platforming e, à segunda, reforming. A diferença
está em que, periodicamente, neste último caso, o reactor é submetido a uma
reacção de regeneração. As Fig. X.9 e X.10 mostram os fluxogramas dos dois
tipos de unidades.
Nafta sem
enxofre
Compressor
Hidrogénio regenerado
Reactor
Reactor
Excesso de hidrógenio
Reactor
Propano e
butano
Estabilizador
Reformado
estabilizado
Fig. X.9 – Unidade de platforming
Gás combustível
Gás rico em
hidrogénio
Reactor de
reserva
Cabeças
Reactor
Reactor
Reactor
Ar
Gás
inerte
Estabilizador
Forno
Separador
Nafta
Forno
Forno
Forno
Reformador
M.T.09
Ut.10
Fig. X.10 – Unidade de reforming
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As condições normais de funcionamento são as seguintes (Tab. X.4):
Temperatura
ºC
Pressão
bar
Petróleo/
catalizador
H 2/m3 petr.
"Platforming"
450 - 525
14 - 56
1-4
710 - 2300
"Reforming"
482 - 510
14 - 26
1-5
620 - 1420
Tabela X.4 – Condições de funcionamento nas unidades de reforming
A melhoria da gasolina pode ser obtida através da adição de outras substâncias,
para formação de moléculas de hidrocarbonetos de um determinado modo, e
por reordenação da estrutura molecular das moléculas existentes, com ou sem
separação simultânea de hidrogénio. Os processos seguintes alteram a estrutura
das moléculas ou aumentam o seu tamanho, melhorando, deste modo, o índice
de octanas.
•
•
•
•
•
•
•
•
Estabilização
“Reforming”
Isomerização
Alcoolização
Hidrorefinação
Hidroreforma
Hidrogenação
Polimerização
Cabe aqui referir apenas que, um dos aditivos tradicionais nas gasolinas é o
chumbo de tetraetilo ou chumbo de tetrametilo, cujo objectivo é o de aumentar
o índice de octanas, sendo, pois, um antidetonante. Outros antidetonantes
podem ser, por exemplo, cicloroetileno ou dibromoetileno, os quais permitem a
expulsão dos óxidos de chumbo formados na explosão dentro de um motor.
Relativamente à refinação de óleos lubrificantes e, para além da utilidade que
têm, representam uma fracção importante dos subprodutos do petróleo, sendo
obtidos a partir de hidrocarbonetos parafínicos de alto ponto de ebulição. Estes
produtos possuem as seguintes características:
•
•
•
Estabilidade a alta temperatura;
•
Aderência suficiente sob a acção de esforços de corte.
Fluidez a baixa temperatura;
M.T.09
Ut.10
Variação pequena de viscosidade num determinado intervalo de
temperatura;
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A Fig. X.11 apresenta um diagrama de fluxo de uma unidade de fabricação de
óleos lubrificantes. Como a fracção desejada tem um ponto de ebulição, a sua
separação em várias fracções deve-se fazer a baixa pressão, por destilação
em vácuo. As fracções assim obtidas são tratadas, posteriormente, com o
objectivo de separar naftenos, compostos aromáticos, nitrogenados e
oxigenados, compostos de enxofre e outros.
Gasóleo
Oleo leve
Destilação
vácuo
Refinação c/
dissolventes
Desparafinado
Extrato
Parafinas
Tratamento
com Terras
Oleo
pesado
Alimantação
com crude
reduzido
Oleo residual
Oleo
lubrificante
Resíduo
Desasfaltado
c/ propano
Mistura
Aditivos
Asfalto
Fig. X.11 – Diagrama geral de refinação de óleos lubrificantes
O asfalto encontra-se, somente, no resíduo e, portanto, requer um tratamento
para separação. Resumem-se, a seguir, os vários métodos de tratamento dos
óleos:
Desasfaltação
Extracção com solvente
Desparafinação
Tratamento com adsorventes
Mistura de óleos lubrificantes
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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PETROQUÍMICA
A Indústria Petroquímica pode definir-se como sendo o sector de fabricação
química que usa como matéria-prima produtos extraídos, na maioria dos casos,
do petróleo e do gás natural. No início dos anos 60, a Indústria Petroquímica
tinha uma taxa de crescimento 4 vezes superior à indústria química. Dominando
a Indústria Petroquímica, estão os compostos orgânicos fabricados a partir de
compostos básicos, tais como:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Metano
Acetileno
Etano
Etileno
Propano
Propeno
Butano
Butileno
Butadieno
Benzeno
Outros aromáticos
Além disso, existem muitos produtos químicos inorgânicos, encontrando-se,
entre eles, os seguintes:
•
•
•
•
•
•
Amoníaco
Ureia
Ácido nítrico
Enxofre
Ácido sulfúrico
Negro de fumo
Estes são, cada vez mais, produzidos a partir do petróleo.
Pode dividir-se a Indústria Petroquímica em duas vertentes: uma, que
compreende a produção e separação das matérias-primas básicas mencionadas
anteriormente, e a outra que trata da conversão das mesmas em numerosos
produtos químicos.
O gás natural, tal como é extraído, contém grande número de compostos,
sendo formado por hidrogénio, metano, etano, propano, butano, hidrocarbonetos
mais pesados e sulfureto de hidrogénio.
M.T.09
Ut.10
O metano pode separar-se por meio de um processo de absorção (o metano e
o hidrogénio não são absorvidos); os restantes hidrocarbonetos são submetidos
a um fraccionamento, de modo a obter produtos puros.
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A fabricação do acetileno fazia-se, antigamente, por reacção da carbite com
água. O processo petroquímico actualmente usado é bastante mais económico:
cracking do metano, de acordo com a reacção:
2CH4 ® C2H2 + 3H2
Dada a importância que o etileno e propileno têm no nosso País, é de aprofundar
os processos de fabricação destes produtos, não só pela quantidade produzida,
como também pelos produtos que dela derivam. O etileno pode ser produzido
de vários modos:
•
•
•
•
A partir de propano;
A partir de etano;
A partir de gases de refinaria;
A partir de “cracking” de hidrocarbonetos pesados.
O propano também é uma boa fonte de propeno como subproduto do etileno.
Outra matéria-prima do etileno é o n-butano, com produção de propeno e buteno
como subprodutos. Em algumas fracções de petróleo bruto, para além de etileno,
podem produzir-se, igualmente, compostos aromáticos.
Na Fig. X.12, pode ver-se o processo clássico de obtenção de etileno e propileno,
a partir de etano. Previamente, a mistura é feita com vapor para promover a
obtenção de rendimentos mais altos de olefinas, decompondo-se em fornos de
cracking, a temperaturas entre 620 e 815°C.
Os produtos seguem, posteriormente, para uma torre de arrefecimento até 38°C,
com o objectivo de condensar os polímeros e aromáticos.
M.T.09
Ut.10
Fig. X.12 – Obtenção de etileno e propileno
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O gás é, em seguida, comprimido e, se se necessitar de um produto isento de
acetileno, passa por uma hidrogenação. Na continuação, é feito um arrefecimento
antes de entrar num sistema de refrigeração. O etileno e os hidrocarbonetos
mais leves separam-se num desetanizador, saindo pela parte superior. Na parte
inferior, obtém-se propano e hidrocarbonetos superiores. A recuperação do etileno
realiza-se por arrefecimento dos gases que saem pela parte superior, até uma
temperatura de -126°C, sendo o condensado tratado num desmetanizador. A
recuperação do propano requer um tratamento dos produtos precedentes da
parte inferior do desmetanizador, através de um despropanizador e de um
separador de propano. Pode-se, também, purificar o etileno a uma temperatura
de -18°C, num sistema de absorção.
Etileno e propileno
A grande utilização actual do propileno é na fabricação do polipropileno, embora,
classicamente, fosse usado como matéria-prima para o isopropanol, para a
fabricação de detergentes e óxido de proprileno, cumeno e glicerina. O gás de
escape das refinarias possui grande quantidade destes produtos, muito embora
a maior parte da produção seja feita a partir de subprodutos do etileno proveniente
das operações de cracking.
As olefinas superiores (C4 e seguintes) obtêm-se por desidrogenação catalítica
do butano e por um processo de purificação, a partir de solventes selectivos,
recuperações de gases de refinação e por cracking de nafta de outros produtos.
De salientar, no caso do etileno e butileno, o moderno processo de steam
cracking, obtido a partir de fracções pesadas do petróleo (ou directamente
deste). Este é um dos métodos, hoje em dia, mais usados. Relativamente a
outros produtos orgânicos, destaca-se o papel dos aromáticos, cujo processo
clássico de obtenção é o de Udex (Fig. X.13).
Produção refinado
Aquecedor
Entrada
Benzeno
Tolueno
Coluna de
Benzeno
Coluna de
Tolueno
Xileno
Coluna de
Xileno
Fig. X.13 – Processo Udex para purificação de hidrocarbonetos aromáticos
Com este processo obtêm-se os seguintes produtos:
•
•
•
Benzeno
Tolueno
Xileno
M.T.09
Ut.10
Por um processo específico pode ainda obter-se o naftaleno, através de
desalcoolização.
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QUÍMICA INDUSTRIAL DA MADEIRA
A madeira é um composto orgânico natural, com uma composição complexa,
e cujos constituintes principais são (as composições variam segundo o tipo de
madeira):
•
•
•
•
•
•
Linhite
Homocelulose
Holocelulose
Celulose alfa
Rentosanas
Grupos acetilo
A principal aplicação da madeira é, sem dúvida, na pasta de papel e no papel,
podendo, no entanto, obter-se ainda outros derivados igualmente importantes.
A fabricação de pasta de papel é, portanto, o aspecto mais importante a reter,
relacionado com a madeira. A casca da madeira contém uma grande quantidade
de matéria não-fibrosa e uma pequena quantidade fibrosa. Por essa razão, na
primeira operação, a madeira é descascada nos descascadores. Os toros com
cerca de 1,2 - 1,6m são, em seguida, triturados, obtendo-se uma estilha que
constitui a matéria-prima da pasta de papel.
A estilha, depois de reduzida a uma massa com água, por moinhos, forma a
chamada pasta mecânica, a qual pode ser transformada por dois métodos
químicos diferentes:
•
•
Sulfito
Sulfato (Kraft)
Comum aos dois é a dissolução da linhina de madeira, de forma a que apenas
fique uma massa fibrosa de celulose (20-30% de madeira).
Todos estes sistemas usam meios aquosos sob pressão e temperatura, embora
utilizem diversas formas para o atingir (daí a distinção dos processos).
Pasta de papel
A lixívia de digestão, usada no processo de sulfito, consiste em ácido sulfuroso
e um sal deste (magnésio, sódio e amónia).
No processo Kraft (ou alcalino), usa-se hidróxido de sódio como agente de
digestão.
M.T.09
Ut.10
A lixívia contém, também, sulfureto de sódio, de modo a acelerar a formação
da pasta química. A presença de enxofre faz aparecer gases que contêm
mercaptanos, sulfuretos e disulfuretos, os quais emitem cheiros característicos
desagradáveis.
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A seguir à fabricação da pasta, segue-se o branqueamento e a purificação,
antes da fabricação da pasta propriamente dita, e do papel.
No processo de sulfito, a lixívia de cozimento constitui a sua base. Prepara-se
com enxofre fundido, que é queimado, cujos gases passam, em seguida, por
um leito de cal. A absorção faz-se numa torre com anéis de Raschig ou de
pratos com campânulas. Nestas colunas circula a água de cal contendo os
hidróxidos referidos (hidróxido de cálcio, magnésio, amónia ou sódio).
A lixiviação dura 7 a 10 horas, a uma temperatura de 140°C, e a uma
pressão máxima de cerca de 5-6 bar. No fim do período de digestão, a
pressão baixa a 2,8 bar, de modo a recuperar o dióxido de enxofre e a utilizá-lo
novamente. Após a descarga a, pasta é processada com lavagem e
branqueamento para posterior utilização.
No processo alcalino (Kraft), há também uma digestão feita por soda. A lixívia
residual denomina-se licor negro. Este é concentrado em evaporadores,
aproveitando os gases quentes do forno como fonte calorífica. Segue-se a adição
de sulfato de sódio (Kraft) ou de cálcio, sendo este licor queimado nas chamadas
caldeiras de recuperação. A massa de partículas das caldeiras é recuperada
nos electrofiltros, enquanto que a massa fundida passa pelo fundo das caldeiras
para tanques específicos, onde é fundida. À massa fundida chama-se “licor
verde”. Este é caustificado e reutilizado.
Da reacção com hidróxido de cálcio, obtém-se hidróxido de sódio e carbonato
de cálcio, o qual é calcinado e reutilizado.
A única diferença entre o processo de Kraft e o da soda reside no facto
de, no primeiro, o produto químico usado é o sulfato de sódio e, no
segundo, o carbonato de sódio. No forno, o sulfato de sódio é reduzido a
sulfureto com o carbono do licor negro, a uma temperatura de 930-980°C e
numa reacção endotérmica. Nos digestores, a fase de tratamento da madeira é
de cerca de 2 a 3 horas, enquanto que, na de sódio, é de 5 a 7 horas. A
temperatura de processamento é de cerca de 170°C. A pasta obtida é, em
seguida, passada por lavadores que trabalham em vácuo; o rendimento atingido
é de 45 a 50%, sendo o método Kraft mais eficiente.
Na indústria da madeira, pode-se usar um outro tipo de reacção obtendo-se a
pasta semiquímica; neste, o processo químico é mais suave, não existindo a
eliminação de linhina. Assim, a separação das fibras é feita por processos
mecânicos, sendo utilizada, por exemplo, para madeira dura. Os digestores
são contínuos e o rendimento de obtenção de pasta é superior aos convencionais.
Os processos químicos de transformação da madeira para obtenção de pasta
passam, ainda, por um processo de purificação e de branqueamento à base de
produtos clorados.
M.T.09
Ut.10
Resta referir que podem ser usados outros materiais fibrosos para produção de
pasta, para além de madeira.
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Química Industrial
X . 31
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
As matérias-primas são provenientes de sistemas de reciclagem de resíduos
sólidos:
•
•
•
•
Papéis velhos
Trapo de algodão
Cordas velhas
Borra de algodão, etc.
Após a obtenção da pasta de papel, há que passar à fase de fabricação de
papel; esta possui duas fases preliminares e uma de fabricação propriamente
dita:
•
•
Preparação da composição da pasta
Refinação
A estas duas fases, segue-se a fabricação do papel.
Na preparação da composição da pasta, é misturada a massa fibrosa (pasta
obtida do processo descrito anteriormente) com produtos químicos, destinados
a conferir consistência ao papel, e com outros aditivos (resinas, agentes colantes,
cargas inorgânicas como argila ou dióxido de titânio, corantes, etc.). Em seguida,
a pasta assim preparada é refinada em tambores ou moinhos, de modo a melhorar
a sua resistência e a aumentar o grau de união entre as fibras. Na fabricação
de papel, a pasta é introduzida em cubas próprias e feita passar num sistema
de prensagem, após uma preparação adequada (Fig. X.14).
7
12
13
15 16
17
18
14
30
35
Legenda:
7.
Cuba de nível
12-18.
Prensas intermédias
30.
Prensas
35.
Sistema de enrolamento
M.T.09
Ut.10
Fig. X.14 – Diagrama de uma máquina de papel
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
X . 32
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Orgânica
Existe, ainda, uma larga gama de variedades de produtos da madeira, que a
seguir se descrevem, e que poderiam ser objecto de tratamento idêntico ao da
pasta de papel. São eles:
•
•
•
•
Cartões fibrosos
Cartões compósitos
Laminados de papel
Combinações de madeira-resina e madeira-polímeros
Outra grande aplicação da madeira como matéria-prima da Indústria Química
provém da carbonização e destilação, através das quais se produz não só
carvão, como outros produtos químicos.
A carbonização da madeira é um processo de decomposição térmica (também
chamada destilação seca). A destilação seca de madeira produz, para além
do negro de fumo, ácido acético, metanol e acetona (até 7% da matéria-prima
seca usada). Produz-se ainda uma fracção relativamente importante de alcatrão.
Da madeira mais macia pode produzir-se terebentina, óleos, alcatrão e carbono
vegetal.
Existem, ainda, outros derivados da madeira, sendo os produtos orgânicos
mais importantes, o tanino e alguns produtos medicinais.
AÇÚCAR E AMIDO
Dentro dos constituintes alimentares essenciais conhecidos, consideram-se
os três seguintes:
•
•
•
Proteínas
Gorduras
Hidratos de carbono
Dois dos hidratos de carbono importantes na alimentação são o amido e o
açúcar. As matérias-primas do açúcar são a cana e a beterraba. Para a produção
de açúcar de cana, faz-se passar esta última por um processo de extracção do
suco através de moinhos, procedendo-se, em seguida, à sua separação e
refinação. A composição química do suco de açúcar de cana é a seguinte:
77 – 86%
Sacarose
10 – 20%
Outros açúcares
0,5 – 2,5%
Outros compostos orgânicos
0,5 – 1,0%
Cinzas
0,3 – 0,7%
pH
5,1 – 5,7
M.T.09
Ut.10
Água
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
X . 33
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
Açúcar e Amido
O suco do açúcar é enviado de seguida para as seguintes operações:
•
•
Filtração
Separadores – cristalização da sacarose
A matéria não-sólida extraída é usada como combustível para produzir vapor.
A sacarose é posteriormente separada da água através de centrifugadoras de
alta velocidade. Na fase final de utilização, a sacarose impura (96-97%) é refinada,
fazendo-se uma recristalização e centrifugação com prévia eliminação da cor.
O amido é obtido, fundamentalmente, a partir da batata. Esta é
previamente lavada e depois triturada, passando a suspensão/solução de amido,
seguidamente, por processos de separação e centrifugação para extracção da
água. Na fase final, é filtrado através de filtros de malha de seda. A pureza
bacteriológica é obtida por adição de SO2.
FERTILIZANTES ORGÂNICOS NATURAIS
Cabe aqui uma breve referência a estes produtos orgânicos. Os subprodutos
das indústrias de carnes, bem como de peixe seco, são valiosos fertilizantes a
partir dos desperdícios. A matéria-prima proveniente dos matadouros e fábricas
de peixe, após cozimento, concentração e pulverização, pode dar um fertilizante
de razoável qualidade (por exemplo: restos de sangue). Outro exemplo são os
ossos que podem ser submetidos à acção do vapor, podendo os resíduos assim
obtidos ser sujeitos ao mesmo tipo de processo.
INSECTICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS ORGÂNICOS
A aplicação de produtos químicos como insecticidas, fungicidas e herbicidas é
uma actividade muito antiga. Modernamente, eles podem ser preparados,
sinteticamente, a partir de compostos orgânicos, atingindo-se valores
económicos de grande relevo. Referem-se, neste ponto, apenas os mais
importantes:
Óleos de petróleo
Aldrin
Aramite
Hexacloreto de benzeno
DDT
Dinitroderivados
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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X . 34
IEFP · ISQ
•
•
•
•
•
Introdução à Indústria de Química Orgânica
Ditiocarbamatos
Bayer 21/199
Diazinon
Cloro IPC
Diuron
CORANTES
As substâncias corantes são produtos coloridos que se usam para produzir
determinadas cores, quando dispersas sobre outros compostos. Os corantes
modernos são produtos orgânicos de síntese. Para que possam ser aplicados,
terão de possuir características típicas que permitam a sua fixação sobre os
materiais a colorir. Esta actividade é de enorme importância, nomeadamente,
para a indústria têxtil, devido à operação afim de tinturaria.
Devem, portanto, possuir características que lhes permitam absorver luz no
domínio do espectro visível (comprimento de onda entre 4 000 e 8 000
Angstroms). As propriedades dos corantes permitem uma classificação dos
mesmos, em vários tipos:
•
•
•
•
•
•
•
•
Corantes ácidos
Corantes básicos
Corantes directos
Corantes de enxofre
Corantes reactivos
Corantes dispersos
Corantes azóicos
Corantes com mordentes
A aplicação de um corante sobre uma fibra passa por vários estágios, os quais
se passam a referir:
Preparação da fibra
Preparação do banho de tinturaria
Aplicação do corante
Acabamento
M.T.09
Ut.10
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
OUTROS PRODUTOS ORGÂNICOS SINTÉTICOS
Cabem neste grupo de produtos orgânicos todos aqueles que são derivados de
materiais existentes na natureza (petróleo, gás natural, hulha) e que tenham
experimentado, pelo menos, uma reacção química, como oxidação,
hidrogenação, sulfonação, etc. Nos produtos derivados do metano, têm-se, por
exemplo:
•
•
•
•
Gás de síntese (amoníaco, metanol, etc.)
Metanos colorados
Acetileno
Acrilatos e metacrilatos
Dos produtos derivados do etileno, têm-se os seguintes:
•
•
•
•
•
Óxido de etileno
Etanol
Polietileno
Etilbenzeno
Hidrocarbonetos clorados
Do propileno, obtêm-se os seguintes produtos:
•
•
•
•
•
•
•
•
Álcool isopropílico
Acetona
Cumeno
Dudeceno
Noneno
Óxido de propileno
Glicerina
Polipropileno
Do butano e do buteno, ou butileno, obtém-se:
n-butenos
Butadieno
Isobuteno
M.T.09
Ut.10
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
RESUMO
Os combustíveis representam, na Indústria Química, um factor estratégico na
economia das Unidades de Transformação.
Os principais combustíveis são os carvões, o petróleo e o gás natural. Os
combustíveis sólidos (carvões) caracterizam-se por propriedades físicas e
químicas e são especificados por normas internacionalmente aceites.
O petróleo e derivados constituem, igualmente, a base de numerosos produtos
combustíveis usados na indústria, depois de previamente processados por
destilação e operações posteriores.
O gás natural é usado tal qual é extraído das jazidas, após separação de
hidrocarbonetos líquidos.
Na coqueficação da hulha (ou destilação seca da hulha), é possível extrair um
elevado número de componentes orgânicos, sendo o resíduo um combustível
de elevado valor calorífico.
A borracha, outro produto orgânico de elevada utilização industrial, pode ser
obtida a partir de produtos naturais ou sinteticamente.
Os plásticos são polímeros obtidos por reacções de síntese, a partir de
monómeros, por vários processos industriais.
Outros polímeros de origem orgânica de elevada importância económica são
as fibras têxteis artificiais. Os óleos, gorduras e ceras animais e vegetais
representam, também, uma gama de produtos com forte implantação na
produção industrial. Como exemplo, aponta-se o óleo de soja, que, por si só,
tem, actualmente, um elevado valor comercial.
A produção de produtos saponificavéis (sabão e detergentes) representa,
igualmente, uma actividade industrial com grande impacte mundial. Os sabões
são obtidos a partir de ácidos gordos naturais, por neutralização com uma
base. Os detergentes são produtos sintéticos com o mesmo efeito que os
sabões e que têm vindo a substituir estes, devido à grande procura de produtos
saponificavéis e à falta de produtos naturais para fabricação de sabões.
Nos produtos orgânicos, é o petróleo, sem dúvida, o de maior importância,
devido aos inúmeros derivados que, a partir dele, se podem obter.
M.T.09
Ut.10
Na destilação atmosférica, obtêm-se vários subprodutos dos quais a gasolina
e o fuel são os mais importantes. Por operações catalíticas é possível obter, a
partir de fracções pesadas, outros compostos de maior valor comercial. Os
subprodutos do petróleo são a matéria-prima básica da Petroquímica. Nesta
indústria, podem-se obter produtos-base para as indústrias de síntese
anteriormente referidas. Os exemplos mais importantes são o etileno e o
propileno.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
X . 37
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Introdução à Indústria de Química Orgânica
A madeira é a matéria orgânica natural base para inúmeras indústrias, das
quais a mais importante é a da pasta de papel.
Os dois processos de obtenção de pasta são de sulfito e de sulfato (Kraft). Nos
produtos alimentares, salientam-se as indústrias do açúcar e do amido, obtidos
por processos de transformação industrial relativamente simples.
M.T.09
Ut.10
Resta, ainda, focar a importância de outras indústrias da Química Orgânica,
como as dos fertilizantes, insecticidas, fungicidas e herbicidas orgânicos.
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
X . 38
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Orgânica
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Que tipos de combustíveis principais existem?
2. Como se pode caracterizar um carvão?
3. Indique alguns produtos da destilação seca da hulha.
4. Qual a diferença entre borracha natural e sintética?
5. Como se pode obter um plástico?
6. Como define uma gordura natural?
7. Descreva a fabricação do sabão.
8. Indique a composição química elementar qualitativa do petróleo.
9. Qual o objectivo do reforming e do platforming?
M.T.09
Ut.10
10.Descreva a forma como são produzidos o etileno e o propileno, a partir de
outros produtos orgânicos.
Componente Prática
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X . 39
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
M.T.09
Ut.111
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Química Industrial
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
Explicar qual a extensão desta indústria e quais os objectivos de cada um
dos seus constituintes;
•
Identificar, dentro de cada tipo de indústria, quais as Operações Unitárias
que deverão existir para se produzirem as diferentes substâncias químicas.
TEMAS
Ácido sulfúrico e enxofre
Derivados do azoto
Cloreto de sódio
Carbonato de sódio
Ácido clorídrico
Sal de Glauber
Soda cáustica
Fosfatos, fósforo, fertilizantes e sais potássicos
Explosivos químicos
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.11
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
XI . 1
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
ÁCIDO SULFÚRICO E ENXOFRE
O ácido sulfúrico é um dos produtos químicos pesados, oleaginoso, de elevada
viscosidade e fortemente corrosivo, que constitui o eixo de muitas outras
indústrias (ácido clorídrico, sulfato de amónio, etc.).
Queimando pirites através de um processo intitulado ustulação, obtém-se
dióxido de enxofre que, depois de oxidado, origina trióxido de enxofre;
combinando este óxido com água, obtém-se ácido sulfúrico.
O ácido sulfúrico é fabricado nas chamadas câmaras de chumbo, onde o dióxido
de enxofre é oxidado com oxigénio e óxido de azoto misturado com água
pulverizada. Os óxidos de azoto são activadores (catalisadores gasosos) da
reacção da oxidação. A temperatura, nas câmaras de chumbo, é de cerca de
110°C.
O ácido sulfúrico produzido vai-se acumulando no fundo, de donde é extraído,
posteriormente, para tanques de armazenamento. A concentração de ácido
varia entre 62 e 93% (50 e 66° Bé).
As matérias-primas para a fabricação do ácido sulfúrico são as seguintes:
•
•
•
Enxofre fundido
Pirites
Outros materiais
O processo das câmaras de chumbo que constitui, sem dúvida, o sistema
mais divulgado, tem a configuração que se apresenta na Fig. XI.1.
10
9
11
6
8
EF
12
3
5
7
2
4
G
1
AB
G
OC
CT
CT
F
B
M.T.09
Ut.11
Fig. XI.1 – Isométrica de câmaras de chumbo
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
XI . 2
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
Dada a importância deste sistema, apresentam-se, a seguir, os componentes
principais que estão na legenda da Figura anteriormente referida:
F.
Alimentador de enxofre
B.
Queimador de enxofre
CT .
Torres de combustão
G.
Torre de Glover
AB .
Queimador de amoníaco
OC .
Câmara lateral
EF .
Extractor de ar
1 a 12 .
Câmaras de chumbo
Ácido sulfúrico
Os fornos de ustulação de pirites são de vários tipos, sendo, o mais comum,
de tipo rotativo de placas, onde se obtêm gases com um teor de 8% de SO2.
Um vez iniciada a reacção, esta torna-se auto-suficiente, pois é exotérmica. O
gás libertado da ustulação passa, em seguida, a precipitadores. Na fase de
purificação dos gases quase todo o calor é absorvido podendo, no entanto,
aproveitar-se alguma dessa energia para produzir vapor. Os equipamentos que
queimam enxofre geram um gás rico em SO2 (10 a 11%). Estes gases entram
na torre de Glover, onde se encontram com o ácido proveniente da torre de
Gay-Lussac, o qual é rico em gases nitrosos e água (esta serve para separar o
gás nitroso). A torre de Glover tem por objectivo arrefecer o gás sulfuroso e
concentrar o ácido. Nesta torre forma-se mesmo uma certa quantidade de ácido
sulfúrico novo. Estes componentes são forrados com sílica fundida ou chumbo.
O gás sulfuroso com vapor e os gases nitrosos arrastados da torre da
Gay-Lussac saem da torre de Glover conjuntamente com o excesso de oxigénio
e azoto, passam pela zona do queimador de amoníaco (para enriquecer em
óxidos de azoto) e entram nas câmaras de chumbo.
Pela base da torre de Glover sai ácido novo aí produzido. Modernamente, o
ácido das torres de contacto passa, também, pelas torres de Glover para se
tornar mais concentrado. Na zona de queima catalítica (sobre platina) do
amoníaco, este passa a monóxido de azoto.
No método de contacto, os gases reagentes passam através de um catalisador
sólido, onde o dióxido sulfuroso se converte em trióxido de enxofre ou óxido
sulfúrico. Este é, em seguida, absorvido por ácido sulfúrico, permitindo atingir
concentrações de 98 ou 100%, ou mesmo, ultrapassar este valor, formando os
chamados oleums. A procura de ácido sulfúrico a 100%, ou superior, deve-se
à indústria dos corantes.
Quando existe enxofre em grandes quantidades em vez de pirites, as instalações
são mais pequenas não sendo necessárias câmaras de pó, precipitadores,
torres lavadoras, etc., o que torna o método mais simples.
M.T.09
Ut.11
Em muitas ocasiões, o ácido sulfúrico usa-se como desidratante, sendo
necessário separar a água absorvida, mediante concentradores, para que se
possa voltar a utilizar. Estes sistemas baseiam-se num processo de câmaras
de chumbo, em que o ácido é aquecido por óleo mineral.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XI . 3
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
O enxofre é outro produto inorgânico de grande importância que aparece na
natureza em jazidas minerais. Para ser purificado, é fundido e filtrado no estado
líquido. O enxofre pode ser igualmente aproveitado como subproduto de outras
indústrias, como as do petróleo ou do carvão (coque).
DERIVADOS DO AZOTO
A fabricação do amoníaco é dos processos que a Indústria Química mais fabrica,
em unidades de grande dimensão. Para o efeito, é necessário juntar azoto e
hidrogénio a alta pressão e temperatura moderada sobre um catalisador. A
importância do amoníaco deve-se, essencialmente, aos fertilizantes. Devido à
utilização de nitrato de amónio e ureia como fertilizantes, tem-se registado
uma grande procura mundial de amoníaco e ácido nítrico (que é outro derivado
do azoto). Os principais métodos de azoto resumem-se, a seguir, na Tabela XI.1.
Método
Catalisador
Americano Ferro activado
Haber
Ferro activado
Mont Cenis Complexo de
Cianeto de ferro
Claude
(França)
Ferro activado
Casale
(Itália)
Ferro activado
Fauser
Ferro activado
Recicl.
Rend.% Origem H2
gás
P, bar
T, ºC
300
200
500
550
sim
sim
20 - 30
8
Gás Nat.
Coque Vap
100
400
sim
9 - 12
Gás pobre
900
650
não
40 - 85
750
200
500
500
sim
sim
15 - 18
12 - 23
Electrol
Tabela XI.1 – Métodos de fabricação de amoníaco
Todos os métodos, com excepção do Mont Cenis, usam o ferro como catalisador.
O hidrogénio é proveniente de gás de petróleo, electrólise ou de outros processos
como, por exemplo, a queima de produtos petrolíferos. A reacção de combustão
mais frequente transforma os produtos de carbono em dióxido de carbono,
monóxido de carbono e hidrogénio, com teores variáveis, os quais são,
posteriormente, sujeitos a reacções de enriquecimento em reactores com
catalisadores.
Amoníaco
A lavagem com azoto líquido permite lavar o gás de síntese de traços de monóxido
de carbono, sendo o dióxido de carbono retirado previamente por arrefecimento
e separação.
M.T.09
Ut.11
Uma das operações importantes a sofrer pelo gás de síntese é a purificação,
de modo a retirar H2S, CS2, COS e outras impurezas.
Componente Científico-Tecnológica
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XI . 4
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
A síntese de amoníaco faz-se em reactor de alta pressão, com uma espessura
de parede extremamente elevada (Fig. XI.2).
Fig. XI.2 – Reactor de amoníaco
A reacção, embora a alta temperatura, é isotérmica pelo que o corpo tem de
estar bem protegido a fim de evitar a degradação. À saída do reactor de síntese,
o gás é arrefecido num permutador de calor, onde se faz a separação a alta e
baixa pressão, sucessivamente.
O ácido nítrico é outro dos produtos azotados conhecido desde o século XIII. O
processo Glauber usa ácido sulfúrico com nitrato de sódio. Actualmente, o
ácido nítrico obtém-se a partir da oxidação do amoníaco com o ar, sobre um
catalisador de metal nobre, a baixa pressão e a uma temperatura entre 800 e
900°C. São vários os métodos utilizados hoje em dia e que se resumem na
Tabela XI.2.
Baixa pressão
Média pressão (Montecatini)
Alta pressão (Muleman)
Alta pressão (Dupont)
Hoko Fauser
Temp. ºC
P, bar
Con. %
800
850
950
-
atm.
2,8
2,8
8,4
-
50 - 52
60
70
98 - 99
Ácido nítrico
M.T.09
Ut.11
Tab. XI.2 – Métodos de fabricação de ácido nítrico
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XI . 5
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Após a produção de óxidos de azoto, os gases passam a uma torre de absorção.
O dióxido de azoto reage com a água, formando monóxido de azoto e ácido
nítrico. Na torre de absorção, deverá existir ar suficiente para oxidar o óxido
nítrico, à medida que este se vai formando. O ácido nítrico não pode concentrar-se
por simples destilação, pois forma uma mistura azeotrópica com 68% do peso;
para tal, usa-se um agente desidratante para eliminar a água. O agente
desidratante mais usado é o ácido sulfúrico concentrado. A mistura é destilada,
em seguida, obtendo-se ácido nítrico para ser concentrado (95 a 98%) e ácido
sulfúrico a 70% (depois de desnitrificado). Este ácido sulfúrico pode ser
reconcentrado e novamente usado.
Um dos outros produtos derivados do azoto é o nitrato de amónio, que se
obtém fazendo neutralizar o ácido nítrico com amónia (Fig. XI.3).
Nitrato de amónio
Ar
Ar
HNO3
NH3
NH4 NO3
Sólido
NH4 NO3
Conc.
NH4 NO3
Diluido
Fig. XI.3 – Diagrama de fabricação do nitrato de amónio
O nitrato de amónio é desidratado e granulado, antes de ser
armazenado. Este produto é de extrema perigosidade e, quando
combinado com matéria orgânica, produz uma explosão violenta.
Outro produto azotado é a hexametilenotetramina ou, simplesmente, tetramina,
que se obtém por reacção do amoníaco com álcool metílico. A reacção dá-se
a 50°C e em solução a um pH entre 7 e 8. A tetramina usa-se para fabrico
de explosivos de alta potência ou como agente conservante na
fabricação de resinas, por exemplo, do tipo fenol-formaldeído.
M.T.09
Ut.11
Outro composto proveniente do azoto é a hidrazina, cuja fórmula é N2H4, usada
como combustível de elevada potência ou como neutralizador de águas de
alimentação de caldeira de alta pressão.
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Apresentam-se, em seguida, outros compostos azotados de elevada
importância:
•
•
•
Ureia
Ácido cianídrico
Acrilonitrilo
A ureia é um produto obtido a partir da combinação de amoníaco com dióxido
de carbono (dois produtos da fabricação de amoníaco). A reacção passa por
carbamato de amónio, o qual se decompõe em ureia e água. O óxido de carbono
e o amoníaco que não reagirem voltam a ser reciclados e entram no processo.
Existem vários métodos de obtenção, que se passam a descrever:
•
•
•
•
•
Du Pont
Pedriney
Montecatini
Inventa
Chemico
O ácido cianídrico obteve grande importância devido à fabricação do anilonítrico,
o qual constitui a matéria-prima de algumas fibras sintéticas.
CLORETO DE SÓDIO
O cloreto de sódio existe na natureza em quantidades quase sem limite,
constituindo a matéria-prima para outros produtos inorgânicos:
•
•
•
•
Carbonato de sódio
Soda cáustica
Sulfato de sódio
Sulfato de sódio cristalizado ou sal de Gauber
É, também, a matéria-prima do ácido clorídrico e do sódio.
A obtenção de sal pode ter várias proveniências:
•
•
•
Evaporação
Sal gema
Salmoura
M.T.09
Ut.11
O sal tem grande poder de solubilidade em água, pelo que as salmouras são
industrialmente evaporadas de água, até à sua obtenção. Posteriormente, é
seco em secadores rotativos, feitos em monel.
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CARBONATO DE SÓDIO
O método Europeu mais comum de extracção de carbonato de sódio é a partir
de carbonato de amónio (soda Solvay), e deve-se ao químico belga Solvay. O
processo baseia-se no facto de que, se se dissolver bicarbonato de amónio
com uma solução concentrada de sal comum, o sal amónico dissolve-se e
separa-se o bicarbonato de sódio na forma sólida, isto é, é filtrado, seco e
calcinado, obtendo-se o carbonato de sódio. Este processo passou a ser rentável
a partir do momento em que Solvay conseguiu uma recuperação do amoníaco.
Processo Solvay Carbonato
de sódio
Na prática, uma solução saturada de sal trata-se com amoníaco gasoso
(Fig. XI.4); esta dissolução satura-se com dióxido de carbono, permitindo a
continuidade da acção; a suspensão resultante de bicarbonato de sódio em
solução de cloreto de amónio é filtrada e o bicarbonato de sódio é calcinado, a
fim de se obter carbonato de sódio. O cloreto de amónio é tratado com cal
apagada (hidróxido de cálcio), permitindo a recuperação do amoníaco.
Fig. XI.4 – Processo Solvay para fabricação de carbonato de sódio com amoníaco
Não existe grande risco de se perder o amoníaco nesta operação. O cloro, no
entanto, não é recuperado.
M.T.09
Ut.11
O sulfato de sódio comercial é um produto proveniente do cloreto de sódio por
acção do ácido sulfúrico, sendo o ácido clorídrico um subproduto desta reacção.
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XI . 8
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
2Na Cl + H2 SO4 ® 2HCl + Na2 SO4
Para o efeito, usa-se o chamado “forno de Mannheim” (Fig. XI.5).
B
A
E
C
A . Carga
B . Saída de gases
C . Descarga
D
D . Sistema de accionamento
E . Refrigeração
Fig. XI.5 – Forno Mannheim para produção de sulfato de sódio com ácido clorídrico como
subproduto
O sulfato de sódio é bastante importante para a fabricação dos seguintes
produtos:
•
•
•
Papel
Detergentes
Vidro
ÁCIDO CLORÍDRICO
•
•
•
•
A partir de sal, em fornos;
Combustão do cloro obtido por electrólise;
Subproduto de cloração de hidrocarbonetos como benzeno e penteno;
Cloro e vapor sobre coque a 350°C.
M.T.09
Ut.11
O ácido clorídrico pode fabricar-se através dos seguintes processos:
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
XI . 9
IEFP · ISQ
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
O cloreto de hidrogénio é um gás que, por arrefecimento à temperatura ambiente,
não se condensa, sendo necessária a sua dissolução em água. A concentração
normal é de 20° Bé a 15,5°C (32,46% de ácido).
Por exemplo, pode aproveitar-se o cloreto de hidrogénio proveniente dos fornos
de Mannheim para, através de uma conduta de gás coberta com alcatrão,
entrar numa caixa, onde deixa a maior parte do ácido sulfúrico que transporta.
Passa, posteriormente, por um sistema de refrigeração e, depois, entra em
torres de absorção (Fig. XI.6).
C
1
2
3
A
B
A . Caixa
B . Refrigerador
C . Torres de absorção (1,2,3)– saída de gás tratado
Fig. XI.6 – Sistema de absorção de ácido clorídrico
O ácido clorídrico é usado como decapante nas instalações de arame de aço
ou de chapa, na fabricação de corantes, fenol, plásticos e outras aplicações de
menor importância.
SAL DE GLAUBER
M.T.09
Ut.11
O sal de Glauber é o sulfato de sódio decahidratado, obtido por dissolução do
sulfato de sódio em tanques de madeira com agitação e com passagem de
vapor para evitar a saturação. A solução é tratada com cal, para tratar o ácido
sulfúrico que o sulfato de sódio arrasta e para precipitar os sais de ferro e
alumínio.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XI . 10
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
O líquido é, em seguida, sedimentado, passando para os cristalizadores. Quando
o sal cristaliza num líquido ácido, obtêm-se cristais incolores; em líquidos neutros
produzem-se sais de cor acastanhada, cuja composição qualitativa é a seguinte:
•
•
•
•
•
•
Sulfato de sódio hidratado
Cloreto de sódio
Humidade
Sulfato férrico
Sulfato de cálcio
Ácido livre
O sal de Glauber deve a sua importância ao uso tradicional na indústria têxtil.
SODA CÁUSTICA E CLORO
A soda cáustica ou hidróxido de sódio, é um sólido branco muito solúvel em
água. Obtém-se por caustificação do carbonato de sódio com cal e por electrólise
do cloreto de sódio em solução aquosa, com produção simultânea de cloro e
hidrogénio.
A soda cáustica pode-se obter, como atrás se referiu, por meio duma reacção
a quente do carbonato de sódio com hidróxido de cálcio, dando hidróxido de
cálcio e carbonato de cálcio, através da seguinte reacção:
Soda cáustica
Na2 CO3 + Ca(OH)2 ® 2Na OH + Ca CO3
O processo electrolítico obtém-se por aplicação de uma corrente eléctrica. Na
Fig. XI.7, pode ver-se a célula electroquímica. O ião cloreto forma gás cloro nos
ânodos marcados com A e C; o ião hidrogénio forma hidrogénio nos cátodos B
e D. Um diafragma separa a salmoura do compartimento anódico do catódico.
Na solução, vai-se acumulando hidróxido de sódio que sofre, posteriormente,
um processo de purificação. Apresenta-se, na Fig. XI.8, um esquema de uma
célula de diafragma tipo Hooker.
Seguidamente a esta operação, dá-se uma outra de concentração da solução
de soda cáustica.
Na célula de mercúrio, o cátodo é de mercúrio e o ânodo de grafite, não existindo
diafragma.
M.T.09
Ut.11
O ião sódio, ao receber um electrão, passa a metal e dissolve-se de imediato
no mercúrio. O cloro liberta-se sob a forma de gás amarelo. Estes dois
fenómenos processam-se numa das câmaras da célula. A amálgama de
mercúrio com sódio sai da célula, fazendo-a reagir com água existente na
câmara, dando origem a hidrogénio e a uma solução de hidróxido de sódio.
Componente Científico-Tecnológica
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XI . 11
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
Fig. XI.7 – Célula electrolítica para electrólise de soluções aquosas de cloreto de sódio
Saída do cloro
Entrada da salmoura
Saída do hidrogénio
Tubo de nível
Cátodo forrado de
amianto
Saída de soda
Barra anódica
Anodos de grafite
Fig. XI.8 – Célula Hooker tipo “S-3B”
A soda cáustica possui muitas aplicações industriais, como por exemplo:
Pasta de papel
Metalurgia
Refinação do petróleo
M.T.09
Ut.11
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
Guia do Formando
Química Industrial
XI . 12
IEFP · ISQ
•
•
•
Introdução à Indústria de Química Inorgânica
Lixívias e detergentes
Têxteis
Sabões
Como subproduto da soda cáustica, obtém-se cloro e hidrogénio, os quais se
podem vender como gases ou produzir ácido clorídrico sintético. O cloro é
obtido, principalmente, a partir de electrólise, como subproduto de sódio ou
soda cáustica. O armazenamento do cloro consegue-se liquefazendo-o por
compressão a 0°C e 18 bar, a -20°C e 5,5 bar ou a -33,5° e a uma pressão
ligeiramente superior à atmosférica. O cloro usa-se também como branqueador,
quando em reacção com a cal, originando hipoclorito de cálcio.
FOSFATOS, FÓSFORO, FERTILIZANTES E SAIS POTÁSSICOS
Os fosfatos são, em grande parte, retirados às chamadas “fosforites”.
Podem ser beneficiados, também, como fertilizantes. A fosforite converte-se
em produtos utilizáveis por dois métodos:
•
Processo por via húmida, que produz ácido fosfórico impuro, usado para
fertilizantes;
•
Combustão de fósforo elementar para obtenção de ácido fosfórico puro, que
se converte em fosfato.
No processo de forno eléctrico, existem as seguintes etapas na fabricação de
ácido fosfórico:
•
Preparação da fosforite (com carga à base de óxido de cálcio, sílica, alumínio,
fluor, óxido de ferro, etc.);
•
•
•
•
•
Alimentação do forno;
Forno de aço onde se produz fósforo elementar;
Precipitação num electrofiltro de pó de fósforo;
Condensação dos gases de fósforo;
Conversão, por via húmida, em ácido fosfórico.
Como compostos mais importantes do fósforo, usados como fertilizantes têm-se
os seguintes:
Fosfato de sódio (por reacção de ácido fosfórico com soda cáustica);
Fosfato de cálcio (por reacção do ácido fosfórico com cal hidratada);
Tricloreto de fósforo;
Pentasulfureto de fósforo.
M.T.09
Ut.11
•
•
•
•
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XI . 13
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
Os fosfatos usam-se como fertilizantes, misturando-se com compostos
azotados, como nitratos, ureia e outros compostos. Por exemplo, os
superfosfatos amónicos possuem na sua constituição um superfosfato (18%
P2 O3) com amoníaco.
Como fertilizantes, existem ainda muitos outros sais, dos quais se destacam:
•
Granulado de nitrato de sódio, que é um produto em grão arredondado,
obtido por fusão, a partir de sal, para diminuir as características
higroscópicas;
•
Sais de potássio, misturas complexas de sais hidratados, como cloretos,
sulfatos, etc. e que são usados como fertilizantes para correcção de solos.
EXPLOSIVOS QUÍMICOS
A indústria de explosivos ocupa muitos milhares de pessoas na sua fabricação,
sendo uma das indústrias mais importantes no mundo. Os explosivos podem
classificar-se em:
•
•
Explosivos detonadores
Explosivos deflagradores
M.T.09
Ut.11
São, em muitos casos, produtos orgânicos, mas, por vezes, são produtos
inorgânicos, como no caso da pólvora negra. Muitos dos produtos inorgânicos
constituem a carga oxidante necessária para a explosão, como o nitrato de
sódio, nitrato de amónio, etc.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XI . 14
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
RESUMO
O ácido sulfúrico é um produto de elevada viscosidade, com diversos derivados.
É obtido a partir de enxofre, pirites e outros produtos derivados com enxofre.
O processo das câmaras de chumbo é o processo mais usado; consiste num
reactor de oxidação que utiliza gases nitrosos como catalisadores.
No método de contacto, os gases reagentes são activados por um catalisador
sólido, onde o dióxido de enxofre passa a óxido sulfúrico.
Outro produto importante da Química Inorgânica é o amoníaco, derivado azotado,
utilizado na Indústria dos adubos.
A maioria dos processos de fabricação usa o ferro activado como catalisador,
uma pressão elevada e uma temperatura média.
Outro derivado do azoto é o ácido nítrico, obtido a partir da oxidação do amoníaco,
e cuja reacção é produzida a uma temperatura entre 800 e 900°C, com um
catalisador de metal nobre.
Existem ainda outros derivados com azoto, como o nitrato de amónio, a ureia,
o ácido cianídrico e o acrilonitrilo.
O carbonato de sódio é um sal cuja fabricação foi iniciada por Solvay, no século
passado. É obtido por reacção do bicarbonato de amónio com sal comum. A
inovação deste processo consistiu na recuperação do amoníaco.
O ácido clorídrico produz-se a partir de vários processos, sendo necessário
dissolvê-lo em água para o manter estável no estado líquido por forma a poder
ser utilizado.
O sal de Glauber é o sulfato de sódio decahidratado obtido em cristalizadores,
vastamente utilizado na indústria têxtil.
A soda cáustica é um sólido que pode ser obtido por vários processos, sendo
o mais tradicional a reacção a quente do hidróxido de cálcio com carbonato de
sódio. Outro processo utilizado na sua obtenção consiste na electrólise a partir
de cloreto de sódio.
As aplicações da soda cáustica são muitas e vão desde a pasta de papel aos
sabões. Como subprodutos da electrólise do cloreto de sódio existem, ainda, o
cloro e o hidrogénio.
M.T.09
Ut.11
Outros produtos da indústria da química inorgânica são os fosfatos, fósforo,
fertilizantes e sais potássicos.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XI . 15
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Introdução à Indústria de Química Inorgânica
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Quais os métodos de fabricação de ácido sulfúrico e em que princípio se
baseiam?
2. Qual o papel do ácido nítrico no método das câmaras de chumbo?
3. Que princípios básicos são aplicados na fabricação de amoníaco?
4. Que outros produtos inorgânicos azotados conhece, que sejam derivados
do ácido nítrico?
5. Descreva o processo Solvay para a fabricação de carbonato de sódio.
M.T.09
Ut.11
6. Qual a massa de ácido clorídrico que se pode obter em 710 gr de cloro?
Componente Prática
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Química Industrial
XI . 16
Introdução à Boitecnologia
M.T.09
Ut.112
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Química Industrial
Guia do Formando
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Introdução à Biotecnologia
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
•
Analisar o que são reactores bioquímicos;
Identificar as funções químicas desejáveis na fermentação;
Descrever a constituição de um fermentador;
Descrever as características específicas que estas indústrias possuem e
que as distinguem das outras indústrias químicas.
TEMAS
Reactores bioquímicos
Esterilização
Recuperação de produtos bioquímicos
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
Ut.12
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
XII . 1
IEFP · ISQ
Introdução à Biotecnologia
REACTORES BIOQUÍMICOS
As fermentações comerciais são levadas a efeito em reservatórios pressurizados
assépticos. O ar está esterilizado de forma a evitar a contaminação de
microrganismos. Contudo, a produção de organismos patogénicos, para fins
médicos ou bioquímicos, é feita a baixa pressão, pois a segurança dos
operadores é mais importante que a integridade da produção que se pretende
efectuar.
O tratamento de resíduos biológicos usa culturas específicas de microrganismos,
em equipamento aberto. A fermentação distingue, também, os processos nos
quais o oxigénio está ausente mas, actualmente, este defeito é extensivo a
prorenos aeróbicos.
As funções químicas desejáveis na fermentação são:
•
•
•
•
•
•
Contactos líquido-gás;
Mistura;
Transferência de calor;
Medição contínua de concentrações;
Controlo de espuma;
Alimentação de nutrientes ou reagentes como controladores de pH.
Apresenta-se, na Fig. XII.1, um fermentador normal na indústria farmacêutica.
M.T.09
Ut.12
Fig. XII.1 – Fermentador
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 2
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Introdução à Biotecnologia
Existem bastantes tubos em que os sistemas de cobre ou latão são evitados,
devido ao efeito negativo que o cobre tem em muito dos sistemas biológicos.
Por exemplo, notou-se existir mais de 50% de redução de rendimento de
produção de penicilina num sistema em que existia uma válvula de
liga cuprosa, numa linha de alimentação.
Podem-se usar permutadores de calor externo como sistemas de arrefecimento
para tanques de grande dimensão, em vez de camisas de arrefecimento, devido
à velocidade de arrefecimento que estes conseguem obter.
Seguem-se alguns aspectos inerentes a um fermentador convencional:
•
A válvula de “by pass” no sistema de ar deve permitir que não se forme
bastante espuma e que o potencial redox não seja demasiado elevado durante a fase inicial de fermentação;
•
São adicionados antiespumantes, quando este factor é detectado por uma
sonda electrónica;
•
Toda a tubagem é protegida de contaminação, por meio de utilização de
vapor
•
O nível de líquido dentro do fermentador é determinado por pontos de
referência;
•
•
O peso da carga é determinado pela medição de pressão hidrostática;
As bombas são pouco usadas, pois a movimentação dos fluidos é feita por
pressurização de aparelhos processuais, de um lado para o outro.
Fig. XII.2 – Fermentadores de ascensão (cilindro concêntrico e cilindro com reciclagem
externa)
M.T.09
Ut.12
A necessidade de fermentadores com elevada velocidade de transferência de
oxigénio, como os de alimentadores por hidrocarbonetos, originou fermentadores
de ascensão, como os da Fig. XII.2.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 3
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Introdução à Biotecnologia
O fermentador de maior dimensão no mundo foi projectado para produzir proteínas
de células simples a partir de hidrocarbonetos, em Bilingham (Inglaterra). Tem
mais de 100m de altura e 10m de diâmetro. Têm sido experimentadas variantes
de fermentadores, mas nenhuma se tornou muito popular. Um dos exemplos é
o fermentador rotativo (Fig. XII.3), para arejamento do meio. A “perfomance”
acabou por se mostrar inadequada, levando à adaptação de sistemas auxiliares
de agitação.
Fig. XII.3 – Fermentador rotativo
Um dos maiores fermentadores para antibióticos é de tipo horizontal, conforme
se pode ver na Fig. XII.4.
Fig. XII.4 – Fermentador horizontal
Muitos tipos de fermentos têm uma velocidade de produção de álcool mais
baixa, quando o teor deste atinge 10% e, no caso do vinho, que atinge valores
superiores, essa velocidade de produção é bastante baixa. Para tal, pode-se
recorrer a sistemas de vácuo que, deste modo, vão extraindo o álcool (a 30°-40°C).
Além disso, uma grande parte do dióxido de carbono que se vai formando na
fermentação, acaba por sair.
M.T.09
Ut.12
A fermentação do etanol é um exemplo prático de acumulação do produto, que
inibe a cultura microbiológica.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 4
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Introdução à Biotecnologia
Existem outras alternativas para acelerar a fermentação, como a extracção,
com solventes, dos inibidores dessa fermentação.
Outra alternativa consiste na produção de células de fermentação fora do
sistema, fazendo-as reciclar para dentro do sistema de fermentação. Outro
sistema é a imobilização das células activas de fermentação em gel específico
(gel de imobilização). A fermentação pode ser combinada com outras operações
unitárias.
Válvulas e bombas com grande tendência para a contaminação por
microorganismos são proibidas em sistemas assépticos. As válvulas de
diafragma são, ainda, bastante usadas, mas os ciclos de aquecimento e
arrefecimento produzem rotinas que levam à contaminação, imobilizando as
cargas em operação.
As válvulas esféricas, pelo facto de serem anti-retorno, podem ser usadas com
alguma eficiência. Muitas vezes é atribuída a estas válvulas a causa da
contaminação, pelo que são projectadas para serem facilmente verificadas pelas
manutenções das fábricas, nos próprios locais. Em laboratórios ou em unidades
piloto, usam-se muito as bombas peristálticas. A transferência de fluidos, em
unidades industriais, é realizada por diferenças de pressão.
Toda a tubagem de um fermentador é soprada por vapor durante o período de
esterilização, conforme se referiu anteriormente. Outro aspecto a considerar
em alguns fermentadores aeróbicos consiste na alimentação de oxigénio que,
quando saturado em água, se consome em muito pouco tempo; consegue-se
mantê-lo, fazendo uma sopragem contínua e um controlo por eléctrodos
específicos.
Nas reacções de fermentação, a remoção do CO2 da cor é importante porque,
quando em solução, origina carbonato e altera o pH para valores acima de 10.
Além disso, um excesso de dióxido de carbono pode originar dificuldades de
dissolução de oxigénio.
As fermentações tradicionais, como as do álcool, são feitas à custa de
microrganismos que criam condições propícias a isso, rejeitando a acção de
outros. A levedura, por exemplo, baixa o pH produzindo ácidos a partir de
açúcar, sendo a tolerância com o álcool outra vantagem para a sua permanência.
No entanto, as fábricas modernas têm técnicas assépticas ou cuidados
extremos para evitar a contaminação com produtos estranhos que podem alterar
o gosto, textura, aroma ou aparência. Os bioprocessos, como as culturas de
tecidos para produção de vacinas, podem ser facilmente contaminados, pois
existe abundância de nutrientes e nenhuma protecção específica contra os
organismos estranhos. Portanto, existem sistemas considerados relativamente
bons antiprotectores e outros que o não são. A natureza e o valor do produto
determinam, assim, o nível de precauções e de controlo.
M.T.09
Ut.12
ESTERILIZAÇÃO
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 5
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Introdução à Biotecnologia
A esterilização é, pois, um aspecto estatístico, já que os organismos estranhos
estão sempre presentes mas não se propagam a uma velocidade extremamente
elevada. Uma boa defesa contra a contaminação é relativamente pouco onerosa,
enquanto que uma protecção absoluta é extremamente cara. Além disso, a
protecção das pessoas que trabalham nestes meios é extremamente
dispendiosa, havendo, algumas vezes, notícias de acidentes com mortes.
O processo de fermentação mais caro e bem protegido está, algumas vezes,
contaminado.
Técnicas assépticas e de esterilização são, portanto, essenciais para manter
os bioprocessos não contaminados.
As formas normais de esterilização são:
•
•
Renovação de microrganismos por filtração;
Eliminação dos mesmos com produtos químicos ou calor.
A esterilização por filtração segue os caminhos normais duma operação unitária
deste tipo, apresentando, contudo, as seguintes diferenças:
•
O meio filtrante e o filtrado são sujeitos à acção de vapor a uma temperatura
e pressão que destrua todos os microrganismos;
•
•
A dimensão das partículas removidas está ao nível do mícron;
Os meios filtrantes devem ser resistentes e não degradáveis, através de
aquecimentos sucessivos.
O ar é esterilizado, na maior parte das vezes, por filtração. A utilização de
aquecimento para o efeito foi bem sucedida, mas o equipamento para executar
estas operações não é suficientemente fiável quando é de grandes dimensões.
A fiabilidade deste equipamento de grandes dimensões tem mais a ver com o
sistema de controlo para manter condições ajustadas de funcionamento, do
que com a possibilidade de garantir temperaturas elevadas. Além disso, os
custos de energia, actualmente, são bastante elevados, o que faz com que a
filtração seja uma alternativa promissora.
A esterilização de líquidos por filtração é feita desde que se conhecem os
filtros de membrana de muito pequena dimensão de poros. Quando o calor
danifica os ingredientes dos líquidos, a filtração é o meio adequado. No entanto,
a complexidade dos equipamentos faz com que só se utilizem em casos mesmo
necessários. Os recipientes terão igualmente de ser, todos eles, previamente
esterilizados. Quando os produtos não podem ser aquecidos para se fazer a
esterilização, costuma-se realizar primeiro a esterilização, com calor, dos
recipientes e a filtração dos produtos.
M.T.09
Ut.12
A amplitude do problema de esterilização do ar pode ser analisada através do
seguinte exemplo, em que a fermentação é aeróbica. Uma fábrica, com 20
fermentadores de 10 000 litros cada, necessita de 2 milhões de litros de ar para
o efeito. São necessários grandes compressores e pelo menos dois terão de
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 6
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Introdução à Biotecnologia
estar em reserva devido a operações de manutenção necessárias. Uma das
alternativas que pode ser usada nesta operação consiste na esterilização
contínua, em que os tempos de detenção são pequenos, utilizando-se sistemas
de tipo permutadores de calor.
RECUPERAÇÃO DE PRODUTOS BIOQUÍMICOS
Esta fase de fabricação pode ser mais cara e difícil do que a fermentação. Por
exemplo, para a unidade de produção de antibióticos, o investimento para a
fase de recuperação é quatro vezes maior que o da fermentação. Cerca de 60%
dos custos fixos de uma unidade de fermentação de ácidos orgânicos ou
aminoácidos são atribuídos à fase de recuperação. O equipamento é idêntico
ao de outras fábricas.
Outros produtos estão contidos nas células e não são acessíveis ou são-no,
apenas parcialmente, através do meio. É possível que, em alguns casos, se
possam levar essas células antes de as partir para obter o produto. Esta
operação é específica da engenharia bioquímica.
Contudo, o equipamento pode ser semelhante ao de outras indústrias. Os
moinhos coloidais ou sistemas de corte, como os homogeneizadores usados
para fabricação de tintas e outros produtos, são suficientes para quebrar as
paredes de vários tipos de células. As células com grande resistência no corte
podem ter de passar pelo equipamento várias vezes, mas o calor gerado pode
constituir um problema. A energia de ultrasons pode ser usada para esse efeito
quando as quantidades são pequenas, mas torna-se impraticável quando as
estas são grandes.
Recuperação de produtos
bioquímicos
O lixamento com areia ou leitos específicos, bombeamento através de orifícios
pequenos com alta pressão, ciclagem térmica com arrefecimento a baixa
temperatura, etc. são vários dos métodos usados para quebrar as células.
Seguem-se as operações de extracção propriamente ditas. É possível, em
muitos casos, prosseguir directamente com permuta iónica. Pode-se considerar,
também, a centrifugação com filtros rotativos.
A extracção com solvente, ou a permuta iónica, é um dos processos ideais
para recuperação dos produtos, devido à boa selectividade, à elevada
produtividade e à razoabilidade dos custos. Estas e outras etapas de purificação
podem ser afectadas por modificações na fermentação. Por exemplo, a adição
de excesso de lípidos ou antiespumantes na fermentação pode originar
problemas de emulsão em extracção com solventes ou impedir a permuta iónica,
porque a superfície de resina fica coberta com esses produtos.
M.T.09
Ut.12
A estabilidade dos produtos bioquímicos também pode ser perturbada.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 7
IEFP · ISQ
Introdução à Biotecnologia
A mistura de penicilina em fermentação é acidificada mesmo antes da extracção
com solventes de extracção (ésteres, acetona, hidrocarbonetos halogenados),
pois o pH baixo destrói, com alguma rapidez, quando em solução aquosa
(extracção de retorno para solução aquosa com um pH de 7,5 a 8, em que o
bicabornato serve de regularizador).
M.T.09
Ut.12
Outro processo de extracção é a centrifugação, bem como a adsorção em
carvão, que é usada, por exemplo, para a remoção de impurezas. Ainda outro
processo bastante usado para o isolamento é a cromatografia. Na prática,
qualquer substância pode ser separada a purificada através de colunas
cromatográficas. No entanto, este sistema só se aplica a pequenas quantidades.
A cristalização é o processo de formação e purificação do produto final.
Podem-se obter, assim, cristais de antibiótico de elevada pureza a partir da
matéria-prima corada, ou, ainda, soluções relativamente impuras, se o bolo for
uniforme e susceptível de lavagem, o que retirará a água-mãe.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 8
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Introdução à Biotecnologia
RESUMO
Um dos aspectos relacionados com a Biotecnologia é a produção de materiais
orgânicos biológicos, usados na Indústria Farmacêutica, a qual é denominada,
muitas vezes, Química Fina.
A produção de organismos patológicos põe problemas acrescidos relacionados
com a segurança das pessoas, como o do rendimento das reacções, o qual
pode ser afectado pelo meio ambiente.
O reactor característico da biotecnologia é o fermentador onde se processam
as transformações químicas.
Os componentes em cobre são evitados, porque têm uma fraca resistência à
corrosão. A transferência de fluidos é feita por pressurização, de modo a evitar
“acidentes” susceptíveis de provocar contaminação; do mesmo modo, as válvulas
são evitadas, sendo condição necessária para a sua utilização o serem facilmente
desmontáveis em operações de manutenção simples.
A esterilização é a operação que se associa às reacções de biotecnologia para
aumentar o rendimento das transformações; pode ser feita por vários processos,
sendo a filtração o mais comum.
M.T.09
Ut.12
Outra operação associada à biotecnologia é a recuperação dos produtos
bioquímicos, sendo o investimento cerca de quatro vezes superior ao da fase
de fermentação, como, por exemplo, para uma unidade de produção de
antibióticos.
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
XII . 9
IEFP · ISQ
Introdução à Biotecnologia
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Defina o que é uma fermentação e explique em que moldes se processa.
2. Descreva resumidamente o que é um fermentador.
3. Por que razão se deve evitar o uso de bombas ou outros “acidentes”, em
instalações bioquímicas?
M.T.09
Ut.12
4. De que modo se processa a esterilização?
Componente Prática
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XII . 10
Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
M.T.09
An.01
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Química Industrial
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
OBJECTIVOS
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a:
•
•
•
Distinguir os vários sistemas de unidades;
Transformar unidades de uns sistemas para os outros;
Interpretar a homogeneidade de uma equação.
TEMAS
Unidades e dimensões
Conceito de mole
Densidade
Peso específico
Volume específico
Fracção molar
Unidades de concentração
Temperatura
Pressão
Resumo
Actividades / Avaliação
M.T.09
An.01
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Química Industrial
Guia do Formando
AI . 1
IEFP · ISQ
Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
UNIDADES E DIMENSÕES
O uso de unidades ou dimensões, juntamente com os números nos seus
cálculos, requer grande atenção. O uso apropriado das dimensões na resolução
de problemas não é apenas adequado do ponto de vista lógico, mas deve ser,
também, de utilidade, ao conduzir o interessado ao longo do caminho correcto
da análise, desde os dados disponíveis até à solução.
Dimensões são conceitos básicos de medida, tais como: comprimento, tempo,
massa, temperatura, etc. Unidades são os meios de se expressarem
dimensões, tais como, pés ou centímetros, para comprimento, ou horas e
segundos, para tempo. As unidades são associadas a algumas grandezas que
se tenham considerado, anteriormente, como adimensionais. Um bom exemplo
é o peso molecular, que consiste na massa de uma substância, por mole da
mesma. Este método de colocação de unidades em todos os números que
não são, fundamentalmente, adimensionais tem os seguintes benefícios práticos:
a) Diminui a possibilidade de inversão, por descuido, em qualquer parte do
cálculo;
b) Reduz, em muitos casos, o cálculo a simples factores, facilmente
manipulados numa calculadora;
c) Reduz os cálculos intermediários e reduz consideravelmente o tempo de
resolução dos problemas;
d) Permite uma abordagem lógica do problema, ao contrário da memorização
de uma fórmula e da inserção de números na mesma;
e) Demonstra o significado físico dos números que se usam.
Qualquer pessoa sabe que, ao se adicionar bananas a laranjas, se obtém
salada de frutas. A regra para o trabalho com as unidades é bastante simples;
basta tratar as unidades como se fossem símbolos algébricos (somar, subtrair
ou equacionar unidades equivalentes, tais como, libras, watts etc.). Porém, tal
não pode ser feito com unidades não-equivalentes. Considere-se a seguinte
operação:
5 Kg. + 3 calorias
(I.1)
Esta não tem qualquer significado, pois as dimensões dos dois termos são
diferentes.
Considere-se, agora, a seguinte operação numérica:
10 libras + 5 gramas
(I.2)
M.T.09
An.01
Esta ser executada (as dimensões são as mesmas, isto é, massa) apenas
após as unidades serem transformadas na sua equivalência, quer sejam libras,
gramas, onças, ou qualquer outra.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Na multiplicação ou divisão, podemos multiplicar ou dividir unidades diferentes,
tais como, 10 cm : 4 segundos = 2,5 cm/s, mas não se podem anular essas
unidades.
As unidades contêm uma significativa quantidade de informação que não pode
ser ignorada. Servem, por exemplo, como guias na eficiente resolução de
problemas, como se poderá ver adiante.
Exemplo AI.1
Se um avião voa a uma velocidade duas vezes superior à do som
(considerando-se a velocidade do som como 1 100 ft/s), qual será a sua
velocidade em milhas por hora?
1 milha = 5 280 ft
vel. = 2 x 1 100 ft/s x 3 600 s/h /5 280 ft/mi = 1 500 mi/h
Neste exemplo, é usada a chamada “equação dimensional”, que contém
unidades e números. A velocidade inicial, 2 200 ft/s, é multiplicada por factores
(chamados “factores de conversão”) de valores equivalentes de combinações
de tempo, distância, e assim por diante, até se chegar à resposta final desejada.
Os factores usados são valores simples, bem conhecidos, e, portanto, a própria
conversão é simples.
Claro que é possível trabalhar-se com factores de conversão, o que reduzirá o
tempo de cálculo; por exemplo, no exercício de aplicação, poder-se-á usar o
factor de conversão de 60 mi/h que é igual a 88 ft/s. No entanto, é mais fácil
usar valores já conhecidos do que procurar esses factores de conversão num
manual.
Em qualquer ponto da equação dimensional, pode-se determinar as unidades
consolidadas e ver quais as conversões que ainda são necessárias.
Os padrões dimensionais não foram, substancialmente, revistos, até ao século
XIX. Quando as colónias americanas se separaram de Inglaterra, retiveram,
entre outras coisas, os pesos e medidas então em uso. É provável que, naquela
época, esses fossem os pesos e medidas mais usados e firmemente
estabelecidos no mundo.
Essa falta de uniformidade levou a Assembleia Nacional de França, durante a
Revolução Francesa, a criar um decreto (8 de Maio de 1790), o qual determinava
à Academia Francesa de Ciências a sua actuação junto da Sociedade Real de
M.T.09
An.01
Não havia tal uniformidade em pesos e medidas, no continente europeu. Os
pesos e medidas não só diferiam de país para país, mas também de cidade
para cidade e de mercador para mercador.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Londres com o objectivo de “estabelecer um padrão invariável para todas as
medidas e todos os pesos”.
Tendo já um sistema adequado de pesos e medidas, os ingleses não participaram
desta tentativa de normalização francesa.
O resultado do esforço francês levou ao que é hoje conhecido como “sistema
métrico”. O sistema métrico tornou-se o preferido dos cientistas do século XIX,
em parte porque este sistema pretendia ser um sistema internacional de
medidas, e, também, porque as unidades de medida eram teoricamente tidas
como reprodutíveis de modo independente, e, ainda, devido à simplicidade da
natureza decimal.
Esses cientistas criaram novas unidades para os novos fenómenos físicos
observados, baseando-as em leis fundamentais da física e relacionando-as
com as unidades de massa e comprimento do sistema métrico. Os americanos
e britânicos adoptaram o seu sistema de medidas às exigências da nova
tecnologia, ao longo do tempo, para actividades comerciais e científicas, apesar
do facto de os outros países, um após outro, passarem a adoptar o sistema
métrico.
Problemas das especificações das unidades para electricidade e magnetismo
levaram a numerosas conferências internacionais que culminaram, em 1960,
na 11.ª Conferência Geral sobre Pesos e Medidas e na adopção do sistema SI
de unidades (Sistema Internacional).
Até ao momento presente os Estados Unidos, são o único país desenvolvido
do mundo que não emprega, ou não está envolvido, na transformação das suas
medidas para unidades SI.
As Tabelas AI.1 e AI.2 apresentam os sistemas de unidades mais comuns
usados em engenharia, nas últimas décadas. Note-se que todos os sistemas
SI, cgs, fps (inglês absoluto) e os sistemas de engenharia ingleses apresentam
três unidades básicas, sendo a quarta derivada destas últimas.
Comprimento
Sistemas Absolutos
(Dinâmicos) Cgs
centímetro
pé
Fps (ft-lb-s ou sistema
inglês absoluto)
metro
SI
Sistemas Gravitacionais
pé
Sistema prático inglês
Sistema prático
americano
pé
Tempo
Massa
Sistemas de Unidade
Força
Energia
Temperatura
ºK, ºC
segundo
grama
dina*
segundo
libra
poundal*
e rg , jo ule ,
ou caloria
ft poundal
segundo
quilograma
newton*
joule*
K, ºC
segundo
slug*
libra-peso
Btu (ft) (lb)
(ft) (lbf)
ºR, ºF
segundo,
hora
libra-massa
(lbm)
libra-massa
(lbf)
Btu ou
(hp) (h)
ºR, ºF
ºR, ºF
* Unidade derivada de unidades básicas; todas as unidades de energia são derivadas
M.T.09
An.01
Tabela AI.1 – Sistemas de Unidades mais comuns
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Muitas das unidades do sistema SI receberam nomes especiais (ver Tab. AI.2),
homenageando físicos e recebendo os símbolos correspondentes.
Grandeza física
Comprimento
Massa
Tempo
Temperatura
termodinâmica
Quantidade de
substância
Nome da unidade
Símbolo para a
unidade*
metro
quilograma
segundo
m
kg
s
grau kelvin
K
mol
mol
Unidades SI derivadas
Grandeza física
Energia
Força
Potência
Frenquência
Área
Volume
Densidade
Velocidade
Velocidade angular
Aceleração
Pressão
Calor específico
Nome de unidade
Símbolo
para a
unidade*
joule
newton
watt
hertz
metro quadrado
metro cúbico
quilograma por metro cúbico
metro por segundo
radiano por segundo
metro por segundo ao
quadrado
newton por metro quadrado
pascal
joule por (quilograma kelvin)
J
N
W
Hz
Definição de
unidade
kg. m2.s-2
kg. m2.s-2 J. m-1
kg. m2.s-3 J. s-1
ciclo/s
m2
m3
kg. m-3
m. s-1
rad. s-1
m. s-2
N. m-1. Pa
J. kg-1. K-1
Unidades alternativas
Grandeza física
Tempo
Temperatura
Volume
Massa
Pressão
Unidade permissível
Símbolo para a
unidade
minuto
hora
dia
ano
grau Celsius
litro (dm3)
tonelada (Mg)
grama
bar (105 Pa)
min
h
d
a
ºC
l
t
g
bar
* Os simbolos para as unidades não vão para o plural, porem o plural é usado para os
nomes não-aberviados
M.T.09
An.01
Tabela AI.2 – Unidades do Sistema Internacional, SI
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A unidade de força, por exemplo, tem os símbolos kg.m.s-2; por conveniência
para esta combinação, foi dado o nome NEWTON e o símbolo N. Do mesmo
modo, a unidade de energia é o newton.metro.
N.m«»m2.Kg.s-2
(I.3)
Tem o nome de JOULE e o símbolo J.
A unidade de potência é o watt, definido como um joule por segundo. Apenas o
sistema inglês tem quatro unidades basicamente definidas.
Consequentemente, para que as unidades fiquem correctas, o sistema inglês
obriga a usar um factor de conversão, gc, uma constante, cujo valor numérico
não é a unidade.
Pode-se usar a lei de Newton para ver qual a situação em relação à conversão
de unidades:
F = Cma
(I.4)
As siglas têm a seguinte correspondência:
F – força
m – massa
a – aceleração
C – constante, cujo valor depende das unidades que forem
unidades que forem seleccionadas para F,m e a.
No sistema CGS, a unidade de força é o din; fazendo C = 1 din/g.cm/s2
F = 1 din/(g.cm/s2)/1g/(1cm/s2) = 1din
(I.5)
No sistema SI, a Força é definida por Newton(N) e o valor de C = 1N/Kg.m/s2
F = 1N/(Kg.m/m2)/1Kg/(1m/s2) = 1
(I.6)
No sistema inglês, os valores numéricos da força e da massa devem ser,
essencialmente, os mesmos, na superfície terrestre. Portanto, se uma massa
de 1 lbm é acelerada a g ft/s2, onde g é a aceleração da gravidade (cerca de
32,2 ft/s2, dependendo da localização da massa), podemos fazer com que a
força seja 1 lbm, através da escolha do valor numérico e das unidades adequadas
para C.
M.T.09
An.01
Foi escolhido um valor de 1/32,174 para a constante, porque 32,174 é o valor
da aceleração média da gravidade (g) ao nível do mar, a uma latitude de 45º,
quando g é expresso em ft/s2. A aceleração da gravidade, sofre uma pequena
variação de lugar para lugar, na superfície da terra, e varia consideravelmente
quando o observador se afasta da superfície, como num foguete.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Com esta selecção de unidades e com o número 32,174, sendo usado no
denominador do factor de conversão, ao inverso de C, é dado o símbolo gc:
gc = 32,174.(ft.lbm)/(s2.lbf)
(I.7)
A divisão por gc dá exactamente o mesmo resultado que a multiplicação por C
na lei de Newton. Pode-se ver, portanto, que o sistema inglês permite ter o
valor numérico de uma libra-massa igual ao de uma libra-força, caso o valor
numérico da razão g/gc seja igual a 1, como ocorre na maioria dos casos.
Do mesmo modo, 1 lb-massa também pesa, geralmente, 1 lb (peso é a força
requerida para manter a massa em repouso). Deve-se prestar atenção para o
facto destas duas grandezas, g e gc, não serem as mesmas. Note-se também
que a libra (massa) e a libra (força) não são as mesmas unidades no sistema
de engenharia inglês, embora se fale de libras para expressar força, peso ou
massa. Além disso, se um satélite com a massa 1 lb (massa), “pesando” 1 lb
(força) na superfície terrestre, for elevado a uma altura de 50 milhas, não “pesará”
1 lb (força), embora a sua massa ainda seja 1 lb (massa).
Resumindo, a confusão em relação à palavra peso é a seguinte: peso significa,
rigorosamente, força de gravidade.
Por outro lado, em linguagem comum, a maioria das pessoas, incluindo
engenheiros e cientistas, omite as designações “força” ou “massa” associadas
a libra ou quilograma; porém, o significado pode ser depreendido do contexto e
ninguém fica confuso pelo facto de um homem com 6 pés de altura ter apenas
2 pés.
Do mesmo modo se interpreta a afirmação de que uma garrafa “pesa” 5 kg
como significando que a garrafa tem uma massa de 5 kg, sendo atraída à
superfície terrestre por uma força igual a:
(5Kg.9,8m/s2) = 49(kg)(m)(s-2) se g = 9.8m/s2
(I.8)
Numa balança de molas em equilíbrio, a força da mola que empurra uma massa
para cima iguala a força da gravidade para baixo, de modo a que o “peso” de
uma massa possa ser determinado.
Uma das melhores características do sistema SI é a de as unidades, seus
múltiplos e submúltiplos estarem relacionados por factores-padrão designados
pelos prefixos indicados na Tab. AI.3.
Factor
Prefixo
Símbolo
Factor
Prefixo
Símbolo
1016
1015
1012
109
106
103
102
101
exa
penta
tera
giga
mega
quilo
hecto*
deca*
E
P
T
G
M
k
h
da
10-1
10-2
10-3
10-6
10-9
10-12
10-15
10-18
deci*
centi*
mili
micro
nano
pico
femto
atto
d
c
m
µ
n
p
f
a
Unidades, múltiplos e
submúltiplos
* Uso não recomendado, excepto na medição de áreas e volumes.
M.T.09
An.01
Tab. AI.3 – Prefixos do SI
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Deve-se evitar o uso de prefixos em denominadores (à excepção de kg). Não
se devem usar prefixos duplos; quer dizer, deve-se usar manómetro e não
milimicrómetro. O uso destes prefixos leva a algumas curiosas combinações
de sons , tais como, “nanonewton”.
Também pode ocorrer uma certa confusão, porque o prefixo M pode ser confundido
com m, bem como M = 1 000 derivado do número mil.
Quando uma unidade composta é formada pela multiplicação de duas ou mais
unidades, o seu símbolo consiste nos símbolos das unidades individuais unidos
por um ponto (por ex.: N.m, para Newton metro). O ponto pode ser omitido no
caso de unidades mais comuns, como watt-hora (símbolo Wh), caso isto não
cause confusão, ou no caso em que os símbolos são separados por expoentes,
como em N.m. Não devem ser usados hífenes em símbolos para as unidades
compostas. Nos símbolos das unidades podem ser usados expoentes positivos
e negativos. Se uma unidade composta é formada pela divisão de uma unidade
pela outra, o seu símbolo será constituído pelas unidades separadas, seja por
uma barra ou multiplicadas, usando-se potências negativas (por ex.: por
segundo).
Note-se que, no sistema SI, os símbolos não são abreviações. Um símbolo
como dm deve ser considerado como um todo. Quando são usados prefixos
com símbolos elevados a uma potência, o prefixo também é elevado à mesma
potência.
Também podem ser usadas considerações dimensionais, como ajuda na
identificação das dimensões de termos e quantidades numa equação. As
equações devem ser dimensionalmente coerentes; quer dizer, cada termo numa
equação deve possuir as mesmas unidades e dimensões que qualquer outro
termo adicionado ou subtraído.
CONCEITO DE MOLE
Mole, molegrama
Pode-se, portanto, usar para evitar a confusão que poderia ocorrer com 103 g
mol (ou l kg mol) ou com a libra-mol (abreviada lb mol), do sistema inglês, que
tem 6,023 x10 23 moléculas. Assim sendo, uma libra-mol de uma substância
contém mais massa que uma mole-grama da mesma substância.
M.T.09
An.01
Um mole consiste num certo número de moléculas, átomos, electrões ou outros
tipos especificados de partículas. Em particular, o Comité Internacional de Pesos
e Medidas, em 1969, aprovou o mole (símbolo mol no sistema SI) como sendo
a quantidade de substância que contém um número de entidades
elementares igual ao número de átomos em 0,012 kg de carbono 12.
Deste modo, no sistema SI, o mole contém um diferente número de moléculas
em relação ao sistema prático inglês. No sistema SI, um mol contém 6,023
x10 23 moléculas; chamar-se-á a esta quantidade “mole-grama” (símbolo g
mol), para evitar confusão, embora, no sistema de unidades SI, a designação
oficial seja simplesmente mole.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Apresenta-se a seguir outra abordagem para o entendimento da unidade mole.
Para converter o número de moles em massa, utiliza-se o peso molecular:
mole-grama=massa em gr/peso molecular
(I.9)
lb mol=massa em lb/peso molecular
(I.10)
Além disso, não há motivo que impeça efectuar cálculos em termos de toneladas
de moles, quilogramas de moles, ou quaisquer outras unidades, tendo em
conta, é certo, os cuidados necessários. Caso se encontre uma unidade como
quilomole (kmol) sem uma especificação de massa associada, deve-se
considerar o sistema SI (103 g mol ou 1 kg mol).
DENSIDADE
Densidade é a razão de massa por unidade de volume, por exemplo: Kg/m3
ou lb/ft3. Possui um valor numérico e unidades; para determinar a densidade
de uma substância, deve-se saber o seu volume e a sua massa ou peso. Se a
substância é um sólido, um método usual para determinação do seu volume é
através do deslocamento de uma quantidade medida de líquido inerte.
Por exemplo, um peso conhecido de um material pode ser colocado num
recipiente de um líquido de peso e volume conhecidos, podendo ser determinados
o peso e volume finais da combinação.
A densidade (ou peso específico) de um líquido é vulgarmente medida com um
picnómetro (peso e volume conhecidos são colocados no líquido, sendo registada
a profundidade de penetração deste material no líquido) ou por uma balança
Westphal (o peso conhecido de uma peça é comparado, no líquido desconhecido,
em relação à água). As densidades de gases são bastante difíceis de ser
determinadas; a balança de Edwards é um método que compara o peso de um
bolbo cheio de ar com o peso do mesmo bolbo contendo o gás a ser determinado.
PESO ESPECÍFICO
Para líquidos e sólidos, a substância referência é, normalmente, a água. Deste
modo, o peso específico é a razão da densidade da substância em questão,
em relação à densidade da água. O peso específico de gases é, frequentemente,
referido ao ar, porém, pode ser referido a outros gases.
M.T.09
An.01
O peso específico é vulgarmente considerado como uma razão adimensional.
Na realidade, deve ser considerado como a razão de duas densidades, da
substância em estudo, em relação à de uma substância referência.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
VOLUME ESPECÍFICO
O volume específico de qualquer composto é o inverso da densidade, isto é, o
volume por unidade de massa ou unidade de quantidade de material. As unidades
de volume específico podem ser, por exemplo, m3/Kg.
Volume específico
FRACÇÃO MOLAR E FRACÇÃO DE PESO
A fracção molar é, simplesmente, o número de moles de uma certa substância
dividido pelo número total de moles presentes. Esta definição é válida para
gases, líquidos e sólidos. Do mesmo modo, a fracção de peso é o peso da
substância, dividido pelo peso total de
Fracção molar
todas as substâncias presentes. Matematicamente, estas ideias podem ser
expressas como:
fracção molar de A = moles de A/moles totais
(I.11)
fracção de peso de A = peso de A/peso total
(I.12)
Percentagem molar e percentagem em peso são as respectivas fracções,
multiplicadas por 100.
UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO
Concentração é a quantidade de um certo soluto numa quantidade fixa de
solvente ou solução, misturado com dois ou mais componentes, por exemplo:
a) Peso por unidade de volume (Kg de soluto por m3);
b) Moles por unidade de volume (mole-grama de soluto por cm3);
c) Partes por milhão – uma unidade utilizada para se expressar a concentração
de soluções extremamente diluídas; ppm é equivalente a uma fracção de
peso para sólidos e líquidos, porque a quantidade total de material é muito
maior do que a quantidade de soluto, consistindo, essencialmente, numa
fracção molar para gases;
d) Outras unidades de concentração que se devem conhecer bem são
molaridade (mol/litro), normalidade (equivalentes/litro) e molalidade (mol/kg
de solvente).
Concentração
M.T.09
An.01
Um exemplo típico do uso destas medidas de concentração é o conjunto de
normas através das quais a Agência de Protecção do Meio Ambiente dos
Estados Unidos (EPA) definiu os níveis extremos a partir dos quais os quatro
poluentes do ar mais comuns poderão prejudicar os indivíduos ao longo do
tempo.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
É importante lembrar que, numa solução ideal, como em gases ou numa mistura
simples de hidrocarbonetos líquidos ou de compostos com a mesma natureza
química, os volumes dos componentes podem ser adicionados, sem grande
erro, para dar o volume total da mistura. Esta regra não é válida para as chamadas
misturas não-ideais, quando o volume total da mistura pode ser maior que a
soma dos volumes dos componentes puros.
TEMPERATURA
Provavelmente, a origem do conceito de temperatura vem da nossa sensibilidade
física ao calor e ao frio. Tentativas no sentido de uma melhor especificação
levaram à ideia de uma escala de temperatura e ao termómetro, aparelho que
mede o quanto um certo material está frio ou quente. Toda a gente conhece o
termómetro usado nos laboratórios, com mercúrio selado no interior de um
tubo de vidro, ou o termómetro a álcool, usado na medição de temperaturas
externas.
Embora não seja objectivo deste anexo discutir em pormenor os diversos
métodos de temperatura, podem-se indicar algumas das técnicas mais comuns,
com as quais talvez se esteja familiarizado:
a) A voltagem produzida por uma junção de dois condutores diferentes sofre
alteração com a temperatura, sendo usada como medida de temperatura (o
termopar);
b) A propriedade de variação da resistência eléctrica com a temperatura é
registada num aparelho conhecido por termistor;
c) Duas lâminas finas de metal, unidas numa extremidade, expandem-se a
velocidades diferentes com a variação da temperatura. Estas lâminas
participam do controlo do escoamento de água no radiador de um automóvel
e na operação de condicionadores de ar e sistemas de aquecimento;
d) Altas temperaturas podem ser medidas por pirómetros, que detectam a
energia radiante que emana de um corpo quente.
PRESSÃO
Medição de pressão
M.T.09
An.01
Tal como a temperatura, a pressão pode ser expressa em escalas absolutas e
relativas. A pressão pode ser definida como a força por unidade de área. A
Fig. AI.1 mostra uma coluna de mercúrio sustentada por uma placa selante.
Supondo que a coluna de mercúrio tem uma altura de 50 cm e 1 cm2 de área,
como o peso específico do mercúrio é de 13,55 g/cm3 a 20°C, o valor da força
é de 6,64N.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Vácuo
Hg
50 cm
Placa
selante
Fig. AI.1 – Medição de pressão
O tipo de instrumento usado para a medição de pressão determina se a medida
é absoluta ou relativa. Por exemplo, um manómetro aberto numa das
extremidades (Fig. AI.2) mede a pressão relativa, visto que essa extremidade
está aberta para a atmosfera.
Ar
Dh = 11,0 in Hg
N2
Fig. AI.2 – Manómetro aberto numa das extremidades medindo a pressão relativa acima
da atmosférica
No caso de uma das extremidades estar fechada (Fig. AI.3), há a criação de
vácuo num dos extremos, medindo-se, então, a pressão absoluta.
M.T.09
An.01
Se, por exemplo, a medição for feita como se mostra na Fig. AI.4, o aparelho
dará a pressão atmosférica e chamar-se-á barómetro. Ao valor de pressão
medido chama-se pressão barométrica.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
Vácuo
Dh = 40,10 cm Hg
N2
Fig. AI.3 – Manómetro de pressão absoluta
Vácuo
Dh
Fig. AI.4 – Barómetro de mercúrio
Existem, à semelhança dos sistemas de medição de temperatura, outros
sistemas como os de tipo Bourdon e de diafragma. Apresentam-se, na Fig. AI.5,
os domínios de aplicação dos instrumentos medidores de pressão.
M.T.09
An.01
Cabe ainda uma referência à medição de pressão abaixo da atmosférica ou
vácuo. Quando se refere que um dado recipiente tem uma pressão de vácuo de
100 mm Hg, isso significa que se tem uma depressão em relação à pressão
atmosférica de 100 mm de mercúrio; também se pode referir que a pressão é
de -100 mm Hg.
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mmHg
Atm
103
102
1
0,1
10
0,01
1
0,001
Sensor capacitivo
10
Barómetro
104
Manómetro de mercúrio
100
Diafragma metálico
105
Manómetro Bourdon C
Pressão absoluta
106 1 000
M.T.09
An.01
Fig. AI.5 – Domínios de aplicação dos instrumentos medidores de pressão
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
RESUMO
As unidades e dimensões são a base para os cálculos de Engenharia, em
especial, de Engenharia Química.
A utilização de unidades e dimensões obriga a que haja alguma coerência de
modo que, o resultado de um cálculo de Engenharia, possa ter validade.
Até ao século XIX, não existia uniformidade nas unidades, sendo o sistema
métrico o que maior disseminação teve no século XX.
Com excepção dos EUA, todos os países adoptam, actualmente, o SI, ou
sistema internacional. Ainda hoje, dentro dos sistemas métricos, o CGS é
bastante usado, embora o SI tenda a ser usado mais universalmente.
O mole é a unidade que define a quantidade de substância que contém um
número de entidades elementares igual ao número de átomos em 0,012 Kg de
carbono.
A densidade é a razão da massa por unidade de volume e expressa-se, por
exemplo, em Kg/m3.
O peso específico é uma razão adimensional entre a massa de determinado
volume e o mesmo volume de uma substância de referência. O volume específico
é o inverso do peso específico.
Define-se fracção molar como a razão do número de moles de uma dada
substância e número de moles total.
A concentração define-se em várias unidades e consiste na quantidade de um
certo soluto, numa dada quantidade fixa.
A temperatura é um conceito que define o quão frio ou quente um dado material
se encontra. Existem vários métodos de medir a temperatura.
M.T.09
An.01
A pressão é definida como a força por unidade de área e pode ser medida por
manómetros. Os manómetros de referência são, normalmente, de mercúrio.
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Anexo I - Introdução às Unidades e Dimensões
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1.
Converta 25 gal/h em l/s.
2.
No sistema SI, o peso de homem de 180 lb, na superfície terrestre, é de:
(a) 801 N
(b) 81,7 Kg
(c) nenhum destes valores
(d) ambos os valores
3.
Qual o peso molecular da água?
4.
Quantos moles, ou moles grama, existem em 180 gramas de água?
5.
Qual a densidade da água à temperatura ambiente?
6.
Numa mistura de metano, etano e propano líquidos existem as seguintes
percentagens ponderais (em peso):
metano 20%
etano 40%
propano 40%
Calcular, para esta mistura, o seguinte:
(a) as fracções em peso
(b) as fracções molares
(c) as percentagens molares
(d) o peso molecular médio
Quais são os pontos de referência das escalas Celsius e Fahrenheit?
8.
Converta 100 mm Hg em bar e psi.
M.T.09
An.01
7.
Componente Prática
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Química Industrial
AI . 16
Anexo II - Peneiração e Peneiros
M.T.09 An.02
IEFP · ISQ
Química Industrial
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Anexo II - Peneiração e Peneiros
PENEIRAÇÃO E PENEIROS
A peneiração consiste em determinar as dimensões dos peneiros e a potência
a instalar, em função do peso a peneirar por hora. As malhas podem ser definidas
segundo três normas principais, alemãs e americanas.
Número
Malhas por
cm2
Abertura da
malha em mm
Diâmetro do
fio em mm
4
5
6
8
16
25
36
64
1,50
1,20
1,02
0,75
1
0,80
0,65
0,60
10
11
12
14
100
121
144
196
0,60
0,54
0,49
0,43
0,40
0,37
0,34
0,28
16
20
24
30
256
400
576
900
0,385
0,300
0,250
0,200
0,24
0,20
0,17
0,13
40
50
1 600
2 500
0,150
0,120
0,10
0,08
Tab. AII.1 – Peneiros segundo norma alemã (DIN)
Malhas por poleg.
Dimensão da abertura (poleg)
Diâmetro do fio (poleg)
3
4
6
8
10
14
20
28
35
48
65
100
150
200
1,050
0,742
0,525
0,371
0,263
0,185
0,131
0,093
0,065
0,046
0,0328
0,0232
0,0164
0,0116
0,0082
0,0058
0,0041
0,0029
0,149
0,135
0,105
0,092
0,070
0,065
0,036
0,032
0,035
0,025
0,0172
0,0125
0,0122
0,0092
0,0072
0,0042
0,0026
0,0021
M.T.09
An.02
Tab. AII.2 – Peneiros de W.S. Tyler
Componente Científico-Tecnológica
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AII . 1
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Anexo II - Peneiração e Peneiros
Para que as partículas passem através do peneiro, é necessário que estas não
toquem nos fios da rede, tendo de ser ter em conta que as mesmas caem
dentro das malhas e não nos fios. Esta possibilidade, ou probabilidade,
calcula-se, usando funções matemáticas específicas não detalhadas no âmbito
desta publicação.
Um dos outros aspectos que interessa salientar na medição granulométrica é
a possibilidade de as partículas se dividirem em:
•
•
diferencial
cumulativa
M.T.09
An.02
A composição granulométrica diferencial indica a função de partículas que fica
retida entre dois peneiros sucessivos. No caso de composição granulométrica
Componente Científico-Tecnológica
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Química Industrial
AII . 2
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Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
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Portuguesa, 25ª Edição, Editorial Notícias, Lisboa, 1993.
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MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, Círculo de Leitores,
Lisboa, 1985 (Lexicoteca).
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M.T.09
An.03
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Conjugação e Regências., Porto Editora, Porto, 1994.
Química Industrial
Guia do Formando
B . 1
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