A CIÊNCIA DA KULTUR NA OBRA DE MAX WEBER

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A CIÊNCIA DA KULTUR
NA OBRA DE MAX WEBER
Rodrigo Tavares Godoi*
Resumo: Este texto possui como finalidade apresentar uma discussão de
conceitos fundamentais do pensamento de Max Weber. Este será dividido em
duas partes principais: a primeira concentra-se em destacar uma biografia
intelectual e a segunda liga-se aos conceitos. Como ponto de ligação dessa
estrutura de pensamento, está o signo da Kultur.
Palavras-chave: cultura, ciência, indivíduo, ação e relação
Abstract: the aim of this text is to discuss the fundamental concepts of Weberian thought.
It will be divided into two main parts: one concentrating on highlighting an intellectual
biography and the other dealing with concepts. The sign of Kultur will serve as a linking
element for this thought structure.
Key words: culture, science, individual, action and relation
E
ntender e sistematizar um pensamento, ou seja, lidar com o conhecimento como
objeto de estudo não é tarefa fácil. Muitas vezes pode apenas cair num puro reprodutivismo de idéias de outrem ou na própria cópia destas. De forma geral, todas
as vezes que se pretende abordar a estrutura de pensamento de um intelectual em suas
pulsações e manifestações filosóficas ou teóricas, um princípio básico deve ser levado em
conta: a prática da interpretação, da crítica e da hermenêutica (GUMBRECHT, LUSEBRINK,
e REICHARDT, 1983; (GADAMER, 2005; GADAMER e KOSELLECK, 1997; DROYSEN,
2002). Somente a partir e por meio destas é possível compreender os princípios de fundamentação e sistematização teorética. Através dessa condição, o intérprete despreocupase em (re)editar idéias amplamente difundidas na seqüência de suas repetições. A
interpretação defendida por Weber, possibilita a liberdade de apreensão e compreensão
conceitual.
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A base da teoria da interpretação e da crítica e teoria literária (EAGLETON, 2006)
viabiliza um pensar sobre a própria condição de pensar. Busca-se atingir o conhecimento
como objeto do conhecimento. De maneira geral, como disse Schleiermacher toda compreensão de texto está voltada para o entendimento da genialidade como da ignorância do autor
da obra analisada, uma compreensão que nem o próprio autor teve. Como, nesse caso, a
leitura é de caráter introdutório, a totalidade dessas proposições não será contemplada1.
Há uma intenção geral de evidenciar como Weber se apresenta para leitura e análise da
produção de sua obra referente às Ciências Sociais, assim como de sua aplicabilidade a
necessidades contextuais diversas.
A cultura pessoal
Max Weber nasceu na Alemanha, na cidade de Erfurt, em 21 de abril de 1864. Filho de
jurista, provinha de uma família industrial e de fabricantes têxtil. No ano de 1869, foi para
Berlin. Em termos políticos, pertencia ao partido liberal de direita. Como fazia parte da
elite social de sua época, Weber, através de sua família, conheceu homens importantes do
pensamento alemão como Dilthey, Mommsen, Sybel, Treitschke, Kapp.
A mãe de Weber é considerada uma mulher culta e que até sua morte participou dos
movimentos intelectuais de seu filho. Durante a vida, Helene Fallenstein Weber se preocupava com os problemas sociais e religiosos de sua época. Era uma mulher com uma ética
protestante e que por toda a vida, a questão da religião e economia, incomodará Weber em
suas reflexões.
Ainda durante a década de 1880, Weber começou seu estudo universitário. Sua primeira investida está no curso de direito, onde passou a estudar também história, economia,
filosofia e teologia. No ano de 1886, foi aprovado nos exames do curso de Direito. Nesse
período entre os anos de 1880 e 1886, Weber teve ainda que ver seus estudos interrompidos
pelo serviço militar. No ano de 1883 cumpriu um ano de serviço militar em Estraburgo2.
Mas, ao contrário de se tornar amargurado, sentia orgulho em pertencer ao exército imperial da Alemanha. Durante os anos de 1887-1888 participou, inclusive, de algumas expedições militares na Prússia oriental, momento em que se incorpora a Verein für Sozialpolitik3.
Essa associação, fundada em 1872, tinha como objetivo de estudar os problemas sociais
fundamentados no pensamento socialista4.
No ano de 1889 foi aprovado para o doutorado em Direito analisando A história das
empresas comerciais na Idade Média. Para o estudo aprendeu o italiano e o espanhol. No ano
de 1890, começou também um estudo sobre o campesinato na Prússia oriental a pedido da
Verein für Sozialpolitik.
No ano de 1891, ele passou a ocupar a cadeira de professor na Faculdade de Direito
em Berlin. Weber somente conseguiu o posto após ter estabelecido uma tese, em diálogo
com Mommsen, sobre A História Agrária Romana e seu significado para o Direito Público Privado. No ano de 1894, passou ao cargo de professor da cadeira de Economia Política na Universidade de Friburgo com tese voltada para as tendências na evolução da situação dos
trabalhadores rurais na Alemanha Oriental. Logo após uma viagem pela Escócia e Irlanda,
começou seu curso em Friburgo, no ano de 1895, com a aula inaugural O Estado Nacional e a
Política Econômica.
No ano de 1896, Weber aceitou a cátedra na Universidade de Heidelberg com a análise: As causas sociais da decadência da civilização antiga. Um ano após, em 1897 foi afetado por
uma forte crise mental que o obriga a se afastar do exercício de magistério. Durante cinco
anos ficou ausente de sua rotina intelectual. Nesse período viaja para Itália, Córsega e Suíça
para amenizar sua ansiedade. Em 1902, retomou suas classes na Universidade de Heidelberg, porém já não pôde mais exercer suas atividades acadêmicas como antes5.
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Durante o ano de 1903, juntamente com Werner Sombart, fundou um instituto chamado Archiv für Sozial wissenschaft und Sozialpolitik6. No ano seguinte faz uma viagem para
os Estados Unidos da América a fim de participar de um congresso em Ciências Sociais.
Nesse mesmo encontro proferiu uma conferência a respeito do Capitalismo e da sociedade
rural na Alemanha. Ainda, nesse mesmo ano, publicou a primeira parte de sua obra A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo e um artigo intitulado A objetividade cognoscintiva nas
ciências e as políticas sociais.
A tentativa de revolução na Rússia o interessa em particular e no ano de 1905 passou
a estudar e ler documentos russos logo após de aprender russo. Sua observação estava
direcionada para o problema do Império e os czares. Por essa investida intelectual foi possibilitado a Weber publicar a segunda parte de sua obra A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo.
No ano de 1908, passou a se interessar pelo tema ligado a psico-sociologia industrial
e publicou dois estudos acerca deste tema. Em seu salão em Heidelberg, recebia a maioria
dos sábios alemães da época como Windelband, Jellinek, Troeltsch, Naumann, Sombart,
Simmel, Michels, Tönnies. Com seus conselhos orientava os jovens universitários como
Georg Lukács, Karl Löwenstein. Também organizou a Associação Alemã de Sociologia e
publicou uma coleção de obras de Ciências Sociais.
Em 1909, devido a ter estreitado as pesquisas ligadas à produção e à agricultura,
passou a redigir sua obra Economia e Sociedade. No ano de 1913, após retirar-se da Associação Alemã de Sociologia por questões de neutralidade axiológica7, desenvolveu estudos
sobre o método da Sociologia compreensiva. Em 1918, apresentou a discussão sobre Política e Religião como uma crítica positiva da concepção materialista da história. No mesmo
ano em Munich publicou O político e o científico e Neutralidade axiológica nas Ciências sociológicas e econômicas. No ano de 1919, passou a fazer parte da Universidade de Munich onde
discute a economia em geral. Nesse momento foi que participou da publicação da Constituição de Weimar e surgiram as primeiras publicações de Economia e sociedade. Weber morreu em 1920 sem concluir sua obra.
Marianne Schnitger Weber, com quem se casara em 1893, publicou a obra Economia e
sociedade. A publicação passa desde 1925 por revisões, e em 1956 apareceram edições com
novos acréscimos.
Conceitos fundamentais em Weber
Indivíduo e ação
Como homem de seu tempo, Weber estava disposto a tratar das questões entre política, economia e ciência de forma separada. A neutralidade científica passou a ser seu principal problema. O momento do século XIX é o período no qual buscavam-se as configurações sistemáticas para uma verdadeira Ciência Social. Na tradição francesa anterior, os pais
do positivismo francês como Saint-Simon, Augusto Comte e Émile Durkheim, colocavam
que a Sociologia deveria desbancar a áreas como a geografia e história. Essas deveriam se
tornar sub-áreas em relação a Sociologia. Essa abordagem é necessária, porque será no século XIX que as ciências sociais e humanas passarão a adotar a matemática como modelo
universal de ciência, assim como a física e a biologia. As ciências da natureza seriam o
modelo de ciência para o mundo8.
Mas não é possível acreditar que Weber comungava desse ideal de Razão Universal.
Pelo contrário, daí passamos a apresentar a primeira compreensão chave sobre Weber: sua
visão sobre ciência estava pautada na questão da cultura. Por meio de seu livro A Ética
Protestante e o espírito do capitalismo é notada uma separação radical e consciente de Weber.
Na sua forma analítica, havia distinções radicais e precisas entre a lógica ocidental e a
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oriental, ou vice-versa. O juízo de valor de uma sociedade determina sua prática cultural.
Uma sociedade é determinada pelos seus padrões de moral ou de ética. A crença de Weber
na ciência se distancia em relação aos positivistas. Para ele, um período histórico não pode
ser encarado como se já existisse um movimento que determinasse uma época subseqüente, ou seja, o progresso não existe.
Weber está enfatizando a sua idéia básica de que não é possível encarar um período histórico como se nele estivesse já configurada a época seguinte, seja em termos de “progresso”
ou de qualquer noção similar, que pressuponha a presença das mesmas causas operando
ao longo do tempo em diferentes configurações históricas (COHN, 1997: 14).
Pela noção de cultura (der Kultur), Weber determina uma reorganizada na prática
concebida como ciência. Nessa observação dada por Gabriel Cohn, há uma contrariedade
da noção apresentada pelos cientistas modernistas. Na análise tradicionalmente apresentada pela comunidade científica a partir da mecânica, o método científico pregava uma ciência universal assim como uma cultura universal. Nas abordagens de Weber, essa condição
se torna inviável porque diferentemente das teorias gerais, sua prática metodológica leva
em consideração o campo do indivíduo e da irracionalidade. Na metodologia de Weber, uma
verdade absoluta como proposta pelo modelo cartesiano seria impossível.
Weber combate resolutamente a idéia de que a Ciência possa engendrar “concepções de
mundo” de validade universal, fundadas no sentido objetivo do decurso histórico. Esse
sentido objetivo não existe e por isso mesmo não existe uma ciência social livre de pressupostos valorativos. O que existe é a luta constante, que extravasa o domínio da Ciência,
pela atribuição prática de um sentido ao mundo e pela sua sustentação diante das alternativas concretamente existentes (COHN, 1997: 21).
Ao analisar a sociedade, Weber observa que toda ela engendra-se a partir de seus
princípios valorativos. Nessa perspectiva, são possíveis duas constatações: primeira, que a
ciência social não pode ser universal; a segunda coloca em relativização o determinismo de
Marx. Weber era um intelectual de pesquisa, por isso não se deteve aos moldes elaborados
por outrem, pelo contrário, em sua originalidade Weber compõe seu método de ciência
social e o intitula de tipo ideal ou ideal tipo. Porém reconhece a idealidade de sua proposição
e observa que sua exeqüibilidade era inviável. De forma simplista, a busca de Weber era a
determinação das causas. Sua abordagem científica visava a racionalização do irracional.
Em palavras simples, o campo do irracional está ligado a movimentos cotidianos desconexos
e não refletidos.
Entendemos por “atividade” [Handeln] um comportamento humano (pouco importa
que trate-se de um ato externo ou íntimo, de uma omissão ou uma tolerância) (...) comunicam-lhe um sentido subjetivo (...) (WEBER, 1971:4)
Compreender a abordagem proposta por Weber em seus tipos ideais, é partir para
uma análise dos juízos de valores nas suas mais inóspitas noções de percepção racional,
concentrar-se no cotidiano das pessoas. Poderia aqui citar Veyne, para quem o mundo
sublunar9- o que não está visto - das atividades concentradas numa vida fora da própria
individualidade, da força coercintiva da realidade social integra o indivíduo (VEYNE, 1998:
190). Seria uma falta de tempo observar seu próprio eu, a crise da aura, não havendo tempo
para a contemplação. Os indivíduos são sufocados num mundo racionalista, liberal e capitalista ao extremo; há o que Benjamin chamou de reprodutividade técnica (1980:9). Os indiRev. Mosaico, v.1, n.1, p.61-73, jan./jun., 2008
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víduos quando fazem alguma coisa não se preocupam com o por que10 fazem. A sociedade
capitalista não disponibiliza condições materiais para que os homens reflitam sobre suas
práticas humanas, mas sim estes são transformados em força de produção (MARX, 2004:8).
As atividades dos indivíduos são ações puramente subjetivas não reflexivas e nem meditadas. Pela base materialista da história, essa possibilidade é notada pela falta de tempo que
o indivíduo possui para si, toda obrigação está fora de si. Há uma força simbólica (BOURDIEU, 2004:9-15) que lhe obriga a agir de uma ou de outra forma. Em suma, o Capitalismo
descentra o sujeito e produz um nova versão de indivíduo (EAGLETON, 1998: 7).
Na era do capital, a sociedade do séc.XIX, na visão de Weber transforma o sujeito em
indivíduo. O sujeito está concentrado na perspectiva mais ampliada, de uma relação política e de consciência, ou seja, do homem racional da tradição greco-romana. Os iluministas
foram os primeiros a denunciar pela filosofia a relação descabida entre fé, religião e conhecimento. Para esses assim como para os humanistas, o mundo teocêntrico constituído pela
Igreja era injustificável e obscuro. Na nova tradição, buscava-se desde o século XVI um
retorno ao homem como seu produtor e das outras coisas. O homem seria sua potênciaação-potência11. Esse sujeito Moderno se tornaria voltado para a ciência e para as artes,
literatura e filosofia. Haveria a substituição da filosofia da história da Igreja para uma filosofia da história da consciência humana. Quanto ao indivíduo, essa foi uma categoria constituída a partir da ocidentalização do capitalismo como sistema racional.
Os fenômenos que produzem as mudanças mais profundas em nossa relação com o passado está certamente ligados a importantes acontecimentos políticos e econômicos (...) foi o
surgimento de um novo tipo de indivíduo que, ao longo do séc.XIX, conquistou direitos
civis e políticos. Ele é ou tende a ser próspero, trabalha durante o dia (ou seja, não pertence àquilo que no século XVIII era chamado la classe disponible), consome mercadorias
e informação (mercadorias que são informação), mora na cidade, mais ou menos isolado
em um círculo limitado de conhecidos, coleciona objetos (é um colecionador), pode curtir
seu lazer e viajar (é um turista). Uma pessoa desse tipo, portanto é, ao mesmo tempo
cidadão, proprietário, trabalhador, consumidor, isolado, turista e colecionador (até recentemente, sobretudo, do sexo masculino, depois do feminino também). Essa pessoa é a
verdadeira figura-chave na nova relação com o passado, conforme descrito anteriormente.
(MASTROGREGORI, 2006: 79).
O indivíduo depois do séc.XIX deixou de ser homem e passou para uma categoria de
força de produção, nas palavras de Marx, que para este se torna um alienado, um homem
sem concepções políticas, não medita e não analisa. A condição de tempo e espaço foi radicalmente alterada. Na medida que esse indivíduo rompe com mais facilidade os espaços,
encurtando as distâncias e diminuindo o tempo de saída e chegada com o advento do trem
e da malha ferroviária, este encontra sozinho, sufocado em seu mundo individualista e
racional. A era da industrialização produziu esse tipo de pessoa. Ao mesmo tempo, esse
está acelerado em busca de suas mercadorias, é um consumidor. O homem do século XIX se
tornou presente sob múltiplas identificações. Nas palavras de Mastrogregori esse indivíduo é ao mesmo tempo cidadão, proprietário, trabalhador, consumidor, isolado, turista e colecionador. É um ser das multidimensionalidades sem se reconhecer.
De um lado é tida a presença de uma nova realidade histórica posta ao ocidente em
virtude do sistema de racionalização do trabalho. Um sistema liberal como proposto por
John Locke, que preservou o direito a propriedade privada ao cidadão, a partir do século
XIX os indivíduos concentram-se em seus próprios prazeres e vontades (passaram a ser
egoístas). A individualidade justificada pelo sistema e pala racionalização do mesmo, até
mesmo a violência passou a ser um processo justificado e justo.
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(...) a política moderna se estrutura em bases racionais da ordem estatal, o que quer dizer
que eles agem de uma forma objetiva, sem preocupação da pessoa, sem ódio, e, portanto,
sem amor - sine ira et studio (...) O uso legítimo da violência é a melhor demonstração
desse processo de distribuição do poder que é feita de maneira fria, calculada e livre de
emoções apaixonadas (CARVALHO, 2005: 43).
Pela razão de ser da sociedade moderna, Weber passa a dar atenção para essas questões que estão próprias na compreensão do indivíduo, de sua atividade e de suas produções significativas para análise sociológica. Na presença de uma ação e relação social que
Weber irá admitir em seus estudos a presença dos indivíduos. Teoricamente, sua abordagem metodológica é inovadora em relação ao próprio Marx. Não sendo nem capitalista e
nem contrário a ele, Weber busca constituir uma ciência social neutra, na qual o homem da
política não pode ser o mesmo cientista (MARTINS, 1994: 62).
Max Weber não considerava o sistema capitalista injusto e selvagem como afirmava
Marx, pelo contrário o concebia como um sistema racional e eficiente na sua lógica. Também era contrário à teoria adotada pelo Estado da Ordem e do Progresso, pois dividia o ideal
de Nietzsche, tendo uma visão melancólica do futuro. Com a influência de Sombart, se
preocupou em desvendar as origens do sistema capitalista. A preocupação de Weber não
estava na revolução ou na política em si, por mais que admirasse a condição (poder) na
política, pois jamais ocupou um cargo político. Por essa razão, sua busca incessante estava
na produção sistemática de conhecimento. Uma das formas de apresentar significação as
suas pesquisas coloca a presença do indivíduo como centro.
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação como ponto chave
da investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais”
ou do “grupo social” (MARTINS, 1994: 65).
Com o advento do capitalismo, de forma e configuração, Weber dispõe de uma análise daquilo que ele produziu, ou seja, da categoria que julgou ser a ideal para entender o
sistema. Em Weber, o indivíduo é parte que dispensa qualquer discussão acerca da atividade sociológica. Mas é de ressaltar que esse indivíduo de Weber está inserido numa sociedade, não se trata de uma análise das individualidades por elas mesmas, e sim se suas ações
significativas que dessem condição de entender determinadas formas sociais em suas práticas valorativas e culturais.
Ação individual e social
Na compreensão de Weber uma ação ou atividade significativa torna-se motivo de
racionalização. No entanto, a ação social é seu conceito motriz, isso significa que a partir do
indivíduo e de sua ação, pode configurar sua prática conceitual sobre a ação social.
O sentido da ação não se encontra, portanto, em seu resultado, nas suas conseqüências,
mas na própria conduta, como por exemplo, a daqueles que lutam em prol dos valores que
consideram indiscutíveis ou acima de quaisquer outros, como a paz, o exercício da liberdade (política, religiosa, de uso de drogas, etc.), em benefício de uma causa como a nacional ou pela preservação dos animais. O que dá sentido à ação é sua racionalidade quanto
aos valores que a guiam (BARBOSA e QUINTANEIRO, 2002: 108).
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Na proposta de Weber, uma ação social se configura na medida que possa haver uma
leitura da manifestação social. A realidade (concreta)12 social determinava o olhar do pesquisador cientista. Suas manifestações sociais e as inter-relações individuais determinavam o campo de pesquisa.
Na realidade, Weber buscava o sentido das determinações sociais ou individuais
do seres produtores de ações. A presença do sociólogo é o de atribuir sentido a essas
determinações e ações individuais. Por mais que Weber se distanciasse das pretensões
modernistas tradicionalmente difundidas durante o século XIX antes de Dilthey, sua finalidade analítica se recaía sobre a sociedade. A única ação social ou individual a que se
preocupava estava centrada na figura da sociedade como finalidade. Dentro da análise
de cultura, observava que mesmo não encontrando uma verdade absoluta e universal,
essa poderia ser encontrada para determinadas sociedades porque essas são em si, manifestações culturais, reais e sociais.
(...) para a interpretação compreensiva da atividade que pratica a Sociologia, estas
estruturas são apenas os desenvolvimentos e os conjuntos de uma atividade específica
de pessoas singulares, dado que estas constituem só os agentes compreensíveis de
uma atividade orientada significativamente. No entanto, a Sociologia não pode, mesmo para os seus próprios fins, ignorar as formas coletivas de pensamento que surjam
à outros métodos de investigação (WEBER, 1971: 12).
Através das palavras de Weber, temos duas possíveis leituras de sua base teórica.
A primeira, leva a entender que a sociologia está interessada com as finalidades das
ações sociais. A movimentação dos indivíduos enquanto indivíduos e sujeitos sociais é
motivo de pesquisa para a sociologia desde que essa ação social for motivada por determinações racionais13. As ações devem fazer parte de uma relação que seja possível compreender a sociedade analisada. Por mais que o indivíduo seja o ponto chave da análise
sociológica, esse não deve ser sua finalidade última. Nem mesmo a atividade que parte
de motivação pessoal e singular configura um interesse sociológico. As ações de significação relacionam-se a determinações práticas do agir social referente a motivos sociais (economia, religião, cultural), que implicam sistemas coletivos e interpessoais previstos como motivos externos a vontades pessoais. A Segunda, seria que, mesmo como
categoria de análise, o indivíduo é ponta de lança para a pesquisa, o sociólogo não deve
deixar de analisar outras conclusões específicas de caráter generalizante ou de outras
categorias de análise que não parte puramente de indivíduos. Melhor dizendo, a sociologia não deve deixar de analisar as formas coletivas de pensamento, das instituições
ou dos grupos sociais.
Na sociologia de Weber, é necessário perceber a distinção entre indivíduo, ação individual e ação social. Para evitar mal entendido, o indivíduo é a pessoa que surgiu com o advento
do capitalismo, ou melhor, uma nova categoria de sujeito moderno. Mesmo sob vontade do
Estado, esse indivíduo deixou de ser conduzido puramente pela vontade estatal e passou a
determinar sua própria vida. Deixou de ser massa para ser trabalhador. O indivíduo é aquele
sujeito específico, que desempenha atividade técnicas e racionais. Nesse sentido, o indivíduo a que se refere é uma categoria de análise. Ao se referir ação individual apresenta uma
noção de que é a atividade desenvolvida por pessoas que não meditam sobre as suas condições sócio-políticas. Uma ação individual está voltada para o cotidiano para o dia-a-dia.
Essa forma de atividade é despolitizada, mecânica e rotineira, atividades desconexas que
podem ou não ser mais ou menos racionais. É assim chamada porque desempenha uma
função de caráter pessoal ou egoísta. Suas opções não apresentam condições sociais de
análise sociológica. Do mundo sensível a sua volta, o indivíduo produz uma atividade
orientadora apenas de apropriar-se dos entes a seu bel-prazer. Nessa ação não há como
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fazer leitura de uma determinação social, ou que lançasse luz para tal. Por fim, a ação social,
essa também como categoria de análise conceitual determinante. Para a sociologia, seria o
princípio das motivações epistemológicas. É o tipo de ação na qual as ciências da cultura
produzem seu conhecimento, são atividades desempenhadas pelos sujeitos no seu cotidiano e dia-a-dia que apresentam significações (o cultural) que engendram uma sociedade por
completo, pessoas que praticam ações por determinações sociais, ou seja, são motivados
pelo campo simbólico de uma sociedade, de seus valores. Falar de uma ação social não
significa que a ação individual seja estéril. Como categoria de análise, é a totalidade das
ações individuais em um determinado campo de valores e significações. A ação social é
uma forma irracional do agir humano que é completamente racional no agir cientificamente. Para Weber, caracterizar uma ação social é o desejo de esclarecer sistematicamente ações
desenvolvidas por pessoas com uma certa regularidade e coletividade mesmo não tendo
consciência de tais.
Como toda atividade, a atividade social pode ser determinada: a) de maneira racional
em finalidade |zweckrational|, por espera do comportamento dos objetos do mundo
externo ou de outros homens, explorando estas esperas como “condições” ou como “meios” para chegar racionalmente aos fins próprios, maduramente refletidos, que quer-se
atingir; b) de maneira racional em valor |wertrational|, pela crença no valor intrínseco incondicional - de ordem ética, estética, religiosa ou outra - de um comportamento determinado que vale para ele mesmo e independentemente do seu resultado; c)
de maneira afetiva |affektuel|, e particularmente emocional, por paixões e sentimentos atuais; d) de maneira tradicional |traditional|, por costume inveterado.
(WEBER, 1971: 22)
Numa atividade ou ação social, a figura central está na presença do indivíduo. Esse,
mesmo a partir de seus sentimentos egoístas e individualistas, exerce atividades sociais
que são puramente compreendidas pela sociologia como de importância porque ultrapassam a pura vontade individual. Essa forma de atividade é pensada como racional pela
sociologia porque a liberdade que esse sujeito possui ainda é na presença do Estado. Mesmo querendo ser independente a ética do Estado impõe padrões morais que são absolvidos, mas que necessariamente não necessitam estar presentes no empírico e no momento
de sua instituição. Desse modo a sociedade organizada pelo Estado interfere nas vontades
e obrigações individuais. Por exemplo, um feriado instituído pelo Estado na repetição há a
comemoração. Nesse caso quando o indivíduo comemora para uma certa finalidade, mesmo sem consciência ampla do que faz, para a sociologia é um padrão determinante de
compreensão social.
Os indivíduos podem sim desenvolver atividades puramente racionais, porque visam determinados fins, e esses são conscientes. Um exemplo é o caso de fazer parte voluntária de um grupo de manifestantes para atingir determinadas causas ou movimentos sociais. Mesmo a priori parecendo ser individualista, essa atitude configura uma ação social
devido à imbricação social presente nela. Para a sociologia essa atividade é significativa.
De acordo com a situação, a atitude pode ser por motivos morais, dependendo da condição
existencial e das apropriações do mundo material (entes), o indivíduo pode constituir sua
própria moral, uma atitude individual que possui os padrões disponíveis pela sociedade,
podendo ser significativa. Em último caso, uma atitude ou atividade individual pode ser a
partir do tradicionalismo, nesse caso a interferência externa é maior do que no caso anterior. Em referencia a análises de Psicologia Social, como as do próprio Maurice Halbwachs, o
indivíduo não pode estar isolado do social. A determinação social sobre o indivíduo é o
ponto em questão dessa discussão, destarte esse indivíduo em Weber é compreendido no
seu processo relacional sociologicamente falando.
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Conceito e relação social
Para Weber tanto ação social como relação social são conceitos. Até o presente momento ocorreu uma preocupação em estar determinando os lugares categoriais das análises de Weber no que concerne a questão do indivíduo e da ação social. Esse teórico ainda
possui outra preocupação para classificar que é comumente citada por aquele que queira
ler ou conhecer sua obra. A variação conceitual serve para designar a condição sistemática
de significar ocorrências no meio social. De acordo com a observação de Alonso Bezerra de
Carvalho, quanto mais gerais a pretensão conceitual se tornar, menos contribuem para a
análise causal dos fenômenos individuais (CARVALHO, 2005:71).
Toda estrutura de pensamento de Weber se relaciona diretamente com a questão da
cultura (Kultur). Ao invés de observar os conceitos como categorias imutáveis ou de leis,
proposição estéril, estes devem satisfazer uma necessidade histórico-cultural. Se algo refere ao indivíduo sua pressuposição estará centrada nas práticas culturais de valores e de
juízos, de sua historicidade (KOSELLECK,1992: 136). Quando houver uma necessidade de
uso ou na recepção, as leis conceituais devem estar ligadas ao um princípio heurístico. A
heurística deve cumprir um papel de relativizar as condições universais nas aplicações
para o particular. É uma condição de verificação das ocorrências fenomenais e não de meditações generalizadas que situam fora do fenômeno analisado. É não misturar conhecimento elaborador com conhecimento elaborado, um distanciamento entre o conhecimento
do próprio conhecimento do conhecimento. É não misturar as esferas subjetivas com as
objetivas e nem separa-las radicalmente para não gerar interpretações equivocadas (RÜSEN, 2001: 71). O radicalismo é evitado por Weber, suas considerações são para a interpretação e a compreensão. Sua perspectiva científica concentra-se na variação e na mudança
assim como na permanência e na repetição, porém não consideradas como categorias invariáveis. Aproxima-se de Droysen quando afirma que:
A heurística procura-nos os materiais necessários para o trabalho do historiador; está
como a arte do mineiro, a arte de encontrar e de pôr ao dia “um trabalho subterrâneo”, (...)
A arte da heurística consiste a alargar bem como completar os materiais históricos: (...) c)
por analogia, em esclarecimento de uma sucessão de acontecimentos comparáveis a tal
outras em circunstâncias similares (...) a heurística pressupõe-se o concurso permanente de
outras disciplinas (DROYSEN, 2002: 52,55,56)
A heurística como elemento fundamental da compreensão em Weber é uma prática
de pesquisa justificada. Se tomada a citação explicitada nessa passagem é observado que
Droysen a classifica como um elemento que auxilia na experimentação das partes que envolvem um fenômeno. Para justificar sua classificação utiliza-se das palavras do próprio Niebuhr registrada na citação, um trabalho subterrâneo. Implica uma observação de dentro, que
seja próprio e específico de suas relações de cruzamentos. A heurística compõe parte que
primazia à vontade de pesquisa, que é vontade de produzir conhecimento. Como a finalidade última da pesquisa resulta na divulgação dos resultados, para as ciências sociais, são
textos publicados ou obras e livros, a heurística condiciona a possibilidade do texto generalizado pelo uso dos conceitos a estabelecer o empírico das coisas narradas. No cruzamento
das informações teóricas, Weber produz um sentido de verificação própria e particular das
ocorrências dos fenômenos. Em suas palavras essas condições são concebidas como posições de interpretação e compreensão.
O método da compreensão em Weber sinaliza o distanciamento entre as ciências da
natureza e as da cultura. Enquanto uma compreende, a outra explica (FONTES, 1997: 364).
Dada a ênfase na questão da heurística, em Weber essa situação caminha para a análise dos
fatores internos e externos dos fenômenos e das regularidades dos valores. A ciência da
cultura possui a condição de mensurar a realidade social através de duas categorias conceiRev. Mosaico, v.1, n.1, p.61-73, jan./jun., 2008
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tuais constituídas por Weber, a ação e relação social. Falta agora definir o que seria para
esse teórico a relação social. Fazendo uso de suas próprias palavras:
Designamos por “relações” sociais comportamento de vários indivíduos como, pelo seu
conteúdo significativo |sinngehalt|, o dos uns regulamo-nos sobre o dos outro |aufeinander gegenseitig eingestellt| e orientamo-nos conseqüentemente. A relação social
consiste por conseguinte essencial e exclusivamente na possibilidade do agir socialmente de maneira (significativamente) exprimível, sem que seja necessário precisar primeiro sobre que esta possibilidade se funde (WEBER, 1971: 24)
Poder-se-ia designar, a partir das lições de Weber, que suas palavras possuem uma
identificação com a condição mais específica, ao se referir às relações sociais. Volta-se a
atividade do indivíduo que não lhe é própria, a uma motivação que é socialmente determinada por um maior ou menor grupo e que seja contínua. Diferentemente da ação social, a
relação social pode ser identificada como lugar de uma racionalidade de motivações finalistas coletivas. Isso significa que a relação social é uma condição mais ampla que a das
ações sociais. É conscientemente determinada por uma coletividade e está racionalmente
determinada para um certo fim, possui significação. A ação social também possui atividades de caráter finalista, logo significativa. Porém suas motivações podem ser de ordem
racional ou irracional (mesmo vivendo em sociedade, suas motivações não necessitam da
ligação ou da dependência com outros, pode agir com omissão ou tolerância (WEBER, 1971:
19). Em contra partida, a relação social se orienta por um conjunto (grupo religioso, economia, moral) (WEBER, 1971: 44,45).
A compreensão da relação social de Weber deve ser entendida dentro das instituições ou grupos legítimos. Essa categoria de análise é pensada dentro das coletividades e
das interposições entre os indivíduos com proposições finalistas de mudança ou de permanência. Trata de uma associação organizada de indivíduos com objetivos definidos, e traçados por questões sociais (movimento sindical com o objetivo de melhoria de salários). Essa
categoria de análise passa para uma categoria conceitual na medida que Weber a estabelece
numa base teórica e que neste texto há uma tentativa de reprodução interpretativa. O conceito é base da leitura em Weber, isso porque sua preocupação básica era a de classificar
uma ciência da cultura livre de valores e julgamentos. O cientista, para Weber, deveria
estar ausente em suas análises e conclusões teóricas de pesquisa. O pesquisador deveria
fazer uso de conceitos e de categorias de análise que desse a maior distância entre o cientista e o fenômeno apresentado e da metodologia adotada. Sua preocupação era a de retirar a
presença de decisões políticas do meio científico. Desse modo era tão importante o uso de
conceitos de quadros de análise.
Tipo ideal
Essa é uma forma específica de categoria de análise criada por Weber na tentativa última de validar o conhecimento sociológico como ciência. Enquanto as ciências da natureza
utilizam-se da matéria universal dos símbolos reconhecidos e a-históricos, a sociologia passaria a utilizar-se dos tipos ideais como possibilidade de reconhecimento. Essa seria essencialmente a ausência de valores na abordagem científica na ciência da cultura. O tipo ideal não
possui o mesmo sentido que os conceitos das ciências da natureza, porque se fosse, sua aplicação e necessidade, para análise da sociedade, seria nula. O conceito para Weber é indispensável porque limita a condição entre o ser político e cidadão do ser cientista.
O tipo ideal é uma condição genérica classificada por Weber para apresentar a possibilidade de uma representação de validade que desse conta das causas e das conexões entre
os acontecimentos por meio da linguagem científica. Ele não foi inocente em acreditar que
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os tipos ideais dariam conta da realidade histórica. Essa, para ele, é inesgotável: os métodos
não conseguem absorver em si a totalidade das manifestações irracionais dos homens.
A utilidade dos tipos ideais era precisa na pesquisa e sua elaboração deveria descumprir a necessidade histórica do pesquisador. O tipo ideal é uma categoria de análise, os
tipos ideais são formulações puramente racionais elaboradas pelo pesquisador com o objetivo de guiar-se na infinitude da realidade. O tipo ideal é uma atividade intelectual e puramente ideal que serve para o pesquisador entender como se articula seu modelo de análise
a realidade histórica em questão (pesquisada).
Sendo uma utopia, como chama o próprio Weber, o tipo ideal deve possuir a finalidade de mediar a investigação. Sua elaboração não é sinônima de finalidade da pesquisa, ela
é um meio. Sua preocupação é evidenciada quando fala da prática historiográfica (escrita
da história), porque o historiador faz uso de uma linguagem por necessidade de expressão
no vocabulário não reflexivamente elaborado:
(...) o significado de um conceito limite puramente ideal, em relação ao qual se mede a
realidade a fim de esclarecer o conteúdo empírico de alguns dos seus elementos importantes, e com o qual esta é comparada. Tais conceitos são configurações nas quais construímos relações, pela utilização da categoria da possibilidade objetiva, que a nossa imaginação, formada e orientada segundo a realidade, julga adequadas. (COHN,1997: 109)
A cientificidade da pesquisa está na sua categorização. Um pesquisador deve ser
capaz de atribuir uma linguagem formal não situacionista. A Ciência da Cultura era precisa porque sua fundamentação teórica e sistemática se localizaria numa pressuposição fora
da realidade analisada. Pelo sistema de cruzamentos entre o tipo ideal e a ação de significação do indivíduo cultural pela heurística, o resultado da pesquisa seria infalível para comprovar as causas e determinações.
Na perspectiva de Weber, o tipo ideal, como categoria, ou tipos ideais, como conceitos, serviriam para estabelecer um padrão de racionalidade sobre o sistema irracional, permitindo a compreensão das atividades reais das (a)feições e dos erros. Uma elaboração
sistemática de tal caráter visava apresentar o conhecimento de todas as circunstâncias e de
todas as intenções dos participantes em suas finalidades.
Considerações finais
A busca maior para essa discussão pautou-se na necessidade dos acadêmicos compreenderem de forma clara os significados dos conceitos chave de Weber como atividade,
ação, relação, social e tipo ideal. Destarte, uma análise da obra de Weber será sempre atual
atualidade, já que por meio de suas discussões, ele conseguiu sistematizar um conjunto de
idéias que ultrapassaram seu momento histórico. A necessidade do estudo de sua obra é
presente porque o conteúdo de sua análise (o Capitalismo) continua atual assim como a
questão da Cultura, da Religião e seus ethos.
Notas
1
Mesmo porque não se está buscando uma leitura completa de Weber. Não é o objetivo dessa apresentação
e nem muito mesmo o seria possível.
2
Atualmente pertence ao território da França.
3
Associação para Política Social.
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4
Vale ressaltar que somente passa a haver na Europa um exército formal e organizado no período de Napoleão
na Franca. Antes, qualquer um poderia ser integrado ao sistema militar de seu país.
5
A prática docente não agradava a Weber. Contrariando a proposta de Alonso Bezerra de Carvalho, Weber
detestava a prática docente, sua verdadeira vocação estava na pesquisa e jamais escreveu algo direcionado
para educação de acordo com Gabriel Cohn.
6
Arquivo para a Ciência Social e política social.
7
Havia influência no meio da Associação do pensamento racista.
8
Através da teoria da Mecânica (MORAES 1997:21, 22; JAPIASSU, 1978: 41-44).
10
Pode ser encarado como condição ou visão ampliada das situações ou do sistema sócio-cultural que o
envolve, há uma relação direta entre o ser e a coisa em desempenho, não há reflexão (tecnicidade).
11
Compreendido como os conceitos de Aristóteles.
12
Nem Weber nem muito menos Marx discutiam sobre a verdade. As ocorrências e os fenômenos apresentados
para a percepção (através de uma aparição involuntária a daquele que observa) configuravam uma realidade
concreta. Não havia a discussão pós-moderna das multidimensionalidades e do texto como realidade.
13
Movimentos que se relacionam com Estado, família, ação, sociedade (WEBER, 1971: 12).
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* Mestre em História pela Universidade Federal da Grande Dourados. Professor na Faculdade de Educação
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