Governo tenta destravar a venda de veículos

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Cliente: ANEFAC
Veículo: Jornal do Comércio
Editoria:
Data: 04/09/2014
Pág.:
Governo tenta destravar a venda de veículos
Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal baixam taxas de juros, em setembro, para
financiamento de automóveis
Fernando Soares
MARCOS NAGELSTEIN/JC
Concessionárias aproveitam o grande fluxo de pessoas na Expointer para fisgar clientes
Os bancos públicos iniciaram setembro dispostos a colaborar com os números da indústria
automobilística, em um momento em que as montadoras amargam queda de vendas e administram
pátios cheios. Nesse sentido, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal decidiram reduzir as taxas
de juros dos financiamentos, em um movimento que deve ser acompanhado também pelas
instituições privadas.
Desde segunda-feira, a taxa de juros do Banco do Brasil passou de 1,25% para 0,97% ao mês para a
compra de carros novos e de 1,28% para 1,18% ao mês para veículos usados. Nas duas situações, o
prazo de financiamento é de até 60 meses. “Em princípio, essas taxas serão praticadas apenas em
setembro, mas nada impede que sejam expandidas para além desse mês”, destaca o gerente-geral
Paulo Schrank. A meta da instituição é dobrar o volume de recursos liberados nos meses anteriores.
O BB resolveu aproveitar até a Expointer para divulgar as alterações. Schrank destaca que alguns
negócios já foram fechados durante a feira, por meio das concessionárias que possuem estandes no
local. As pick ups leves e pesadas lideram a demanda. “O produtor rural e os demais visitantes da
feira não vêm para cá só para comprar animais ou máquinas agrícolas”, comemora o gerente.
Já a Caixa realizará um evento voltado à venda de veículos, o Salão Auto Caixa, entre hoje e
sábado. Para a ocasião, as taxas de juros começam em 0,93% ao mês, ante os 1,21% praticados
anteriormente. Os gerentes do banco atuarão em 1,1 mil concessionárias espalhadas pelo Brasil. A
expectativa é de fechar R$ 300 milhões em negócios, o dobro das vendas da edição realizada em
2013. “Esse é um mercado em que ainda atuamos pouco, temos muito que avançar. Nosso interesse
é crescer no financiamento de veículos”, aponta o gerente regional do banco, Marcelo Marimon.
O gerente reconhece que a inadimplência tem aumentado nos últimos meses, em função do ritmo
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mais lento da economia do País. “Mas a questão não é restringir a oferta de crédito e sim trabalhar a
educação financeira. Temos nossos critérios de concessão de crédito. Claro que um cliente com
risco maior terá uma taxa de juros um pouco maior”, diz Marimon.
A estratégia do governo federal em estimular as vendas de veículos, por meio dos bancos públicos,
pode trazer benefícios, de acordo com o economista da Fundação de Economia e Estatística Luiz
Augusto Faria. Segundo ele, a medida pode auxiliar a manter empregos na indústria automobilística
e a compensar a perda de vendas para a Argentina, um comprador tradicional de carros brasileiros
que passa por crise. “O modelo de desenvolvimento pelo consumo está chegando ao seu limite, mas
uma estratégia de crescimento a partir do investimento demora algum tempo até surtir efeito. Esse
esforço que o governo tem feito para manter a expansão, ainda que baixa, tem dado certo. Apesar
do pessimismo, principalmente na indústria, há certa estabilidade na inflação e no emprego”,
acredita.
Já o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac) Andrew Storfer acredita que a tática terá pouco efeito. “Esse modelo já atingiu seus
limites. O consumidor que poderia ingressar agora já fez dívidas e começa a ter menos renda
disponível, pois está sentindo o peso da inflação”, acredita. O economista define que a decisão é
como “dar aspirina para um paciente doente grave.”
Brasil desperta interesse do mercado de carros elétricos
Algo que há alguns anos poderia parecer improvável no País, cada vez mais se torna possível: o
surgimento de um mercado para o segmento de carros elétricos. O crescente interesse pode ser
medido no Salão Latino Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias que
se realiza, em São Paulo, entre hoje e sábado.
O diretor da Mês Eventos (empresa organizadora do encontro) Ricardo Guggisberg informa que a
perspectiva é de receber cerca de 6 mil visitantes e gerar R$ 40 milhões em negócios. O dirigente
adianta que são esperados representantes do setor público, de empresas privadas, estudantes e
curiosos. Guggisberg destaca que entre as principais vantagens dos veículos elétricos está a redução
das emissões de gases na atmosfera e de ruídos. No entanto, o diretor da Mês admite que o preço
mais elevado dos carros elétricos em relação aos convencionais atrapalha a comercialização dos
produtos. O dirigente lamenta que sobre o produto incida um grande volume de impostos.
A 10ª edição do Salão Latino apresentará veículos elétricos de diversos tipos: leves, ônibus,
caminhões, bicicletas, componentes etc. Se atualmente as possibilidades já entusiasmam, os
números projetados para o futuro são mais promissores. De acordo com a Associação Brasileira de
Veículos Elétricos (ABVE), aproximadamente 3 milhões de veículos leves elétricos deverão
circular pelo mundo em 2020. Em 2025, serão 10 milhões e, em 2030, esse número deve chegar a
19 milhões de unidades. Com essa tendência de crescimento, aumenta a necessidade de
desenvolvimento de tecnologia mais eficiente e com custos mais acessíveis.
No Brasil, apesar das dificuldades impostas pelo mercado, os veículos elétricos começam a cair no
gosto da população. Além de São Paulo, que possui serviço de táxi com modelo híbrido, e Rio de
Janeiro, que também oferece este serviço, Curitiba começou a utilizar o modelo eco-elétrico, de
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forma experimental, para a locomoção de policiais da Guarda Civil Metropolitana, Instituto Curitiba
de Turismo e Setran (Secretaria Municipal de Trânsito).
Venda de importados recua 28,6% em agosto na comparação com 2013
A queda de 28,6% nas vendas de veículos importados em agosto deste ano na comparação com o
mesmo mês de 2013 frustrou a expectativa da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e
Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) de que a recuperação do setor aconteceria já no
segundo semestre do ano. Para a entidade, o recuo é resultado, sobretudo, da falta de demanda, e
não de crédito. Diante desse cenário, a direção da associação não prevê uma recuperação do setor
no médio e curto prazo.
“Nosso problema é de demanda, não é de crédito. Pode até ser um estímulo, mas não vai ser
suficiente para a contribuição que precisamos”, afirmou o presidente da Abeifa, Marcel Visconde,
ao comentar os resultados de agosto. Para ele, por mais que haja estímulos ao crédito por parte do
governo e de bancos para incentivar o consumo, essas medidas não estão mais caindo no gosto do
consumidor final, porque “não trazem novidades”. Segundo ele, o grande problema da baixa
demanda hoje é a falta de confiança. “Vemos o consumidor com pouca crença em relação ao
futuro”, disse.
O presidente da Abeifa afirma que essa falta de confiança é resultado, entre outros motivos, da
atividade econômica mais fraca, evidenciada por dados do Produto Interno Bruto (PIB) em recessão
técnica, e da expectativa das eleições.
O presidente afirma que, para setembro, o mercado deve cair ao redor de 7% ou 8%, completando o
terceiro trimestre do ano em queda de aproximadamente 12%. Para o quarto trimestre do ano, ele
espera que as vendas devem ser impulsionadas em razão do Salão do Automóvel, em novembro,
quando muitas empresas devem apresentar novos produtos, chamando a atenção dos consumidores.
Para 2014, a Abeifa revisou pela segunda vez sua previsão de 100 mil para cerca de 90 mil unidades
vendidas, mesmo patamar de 2013. No início do ano, a estimativa da entidade era de 120 mil carros.
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