Caribe Panamá se aproxima dos países da Caricom Depois de três rodadas, o Panamá e Trinidad e Tobago concluíram as negociações para assinar um Acordo de Alcance Parcial (AAP) no dia 3 de junho passado. A primeira rodada foi realizada em janeiro em Port of Spain, com o intercâmbio e a revisão das ofertas de acesso e o início da redação dos textos de regulamentação do comércio de serviços e investimentos. Na segunda rodada, realizada no Panamá no final de março, foram constituídas três mesas de negociação para a discussão dos seguintes capítulos: acesso a mercados, regras de origem e facilitação do comércio; serviços e investimentos; e disposições institucionais e solução de controvérsias. Durante a terceira rodada foram discutidos os temas pendentes relativos a mercados, regras de origem e facilitação do comércio e também foi realizada a revisão jurídica do acordo. O Panamá, que é o principal sócio da Comunidade do Caribe (Caricom) na América Central, expressou a sua intenção de ampliar este tipo de negociação a Barbados, Belize e Jamaica, visando a um acordo com o conjunto do bloco caribenho. Segundo o DataIntal, em 2008 a economia centro-americana representou 55,4% das vendas externas totais do istmo à Caricom e 38,6% das compras, embora o Caribe seja pouco relevante no comércio exterior do Panamá, representando menos de 1% do total nesse ano. Da mesma forma, a importância do Panamá também não supera 1% do intercâmbio total da Caricom. Segundo o Ministério de Assuntos Exteriores e Comunicações de Trinidad e Tobago, as principais oportunidades que o mercado panamenho oferece para as exportações desse país correspondem a bebidas gaseificadas, asfalto, piche, lubrificantes, tijolos, telhas, produtos aromáticos, agrícolas e confecções. Espera-se que o acesso preferencial diversifique as vendas externas, atualmente muito concentradas em gás, petróleo e seus derivados (Quadro 1). Quanto às vantagens para a economia centro-americana em Trinidad e Tobago, o Ministério de Comércio e Indústria do Panamádestaca as perspectivas para carnes, queijos e demais lácteos, hortaliças, produtos cosméticos, plásticos e impressos. Manufaturas diversas, eletrônicas, têxteis e produtos farmacêuticos se encontram entre as principais importações de Trinidad e Tobago do Panamá 10 Carta Mensal INTAL N° 179 - julho 2011 - Todos os direitos reservados Caribe Quadro 1. Composição do Comércio de Trinidad e Tobago com o Panamá Desagregado segundo Classificação Única do Comércio Internacional (Cuci), Dados de 2008. Participação em % e acumulada Exportações de Trinidad e Tobago para o Panamá Descrição Participação Acumulada Gás natural e manufaturado 51,3% 51,3% Petróleo, derivados e materiais relacionados 43,3% 94,7% Fertilizantes 3,0% 97,6% Ferro e Aço 1,5% 99,2% Máquinas e equipamentos industriais e suas peças 0,2% 99,3% Bebidas 0,1% 99,5% Alimentos e animais vivos 0,1% 99,6% Equipamento de transporte 0,1% 99,7% Produtos médicos e farmacêuticos 0,1% 99,8% Papel, papelão e artigos de polpa de papel 0,1% 99,9% Outros 0,1% 100,0% 11 Carta Mensal INTAL N° 179 - julho 2011 - Todos os direitos reservados Caribe Importações de Trinidad e Tobago do Panamá Descrição Participação Acumulada Manufaturas diversas 14,6% 14,6% Ferro e aço 12,7% 27,3% Manufaturas de metal 9,2% 36,6% Produtos médicos e farmacêuticos 8,4% 45,0% Artigos de vestuário e seus acessórios 8,3% 53,4% Equipamentos de telecomunicações e gravadores e reprodutores de som 6,5% 59,9% Malhas, tecidos, artigos confeccionados e produtos relacionados 5,3% 65,2% Máquinas de escritório e máquinas de processamento automático de dados 4,8% 70,0% Calçados 3,1% 73,0% Máquinas, aparelhos e artefatos elétricos 2,7% 75,7% Outros 24,3% 100,0% Fonte: Caricom Regional Trade Information System Trinidad e Tobago é o principal exportador para o Panamá dentro da Caricom, e o segundo importador do bloco depois da Jamaica. As exportações trinitárias para o país centro-americano se multiplicaram por sete de 2005 a 2008, contraindo-se bruscamente depois como consequência da última crise internacional. Isto é reflexo da cotação dos produtos petrolíferos, principal componente das mesmas. As compras ao Panamá se mantiveram em níveis baixos, o que resultou em um contínuo superávit para a economia caribenha, que atingiu o máximo de US$ 185,9 milhões em 2008 (Gráfico 1) 12 Carta Mensal INTAL N° 179 - julho 2011 - Todos os direitos reservados Caribe Gráfico 1. Evolução do Comércio de Trinidad e Tobago com o Panamá US$ milhões Fonte: Caricom Regional Trade Information System As negociações do Tratado de Livre Comércio (TLC) entre a Costa Rica e a Caricom, assinado em 2004, são um antecedente do processo que o Panamá quer realizar. A Costa Rica chegou a um acordo com Trinidad e Tobago em 2002 que constituiu um ponto de partida para as negociações com o restante do bloco do Caribe.[1] O artigo 80 do Tratado Revisado de Chaguaramas permite que seus membros assinem acordos comerciais com terceiros países com a certificação prévia por parte da Secretaria da Caricom de que o acordo não prejudica o restante dos sócios do bloco. Além disso, como o documento negociado entre Trinidad e Tobago e o Panamá implica concessões tarifárias, é necessária a aprovação do Conselho para o Comércio e Desenvolvimento Econômico (Coted) da Caricom. Até agora só três membros da Caricom assinaram acordos com outros países: Belize assinou um AAP em 2006 com a Guatemala, que ainda não está em vigor; a Guiana tem um AAP com a Venezuelae outro com o Brasil, os quais estão em vigor desde 1991 e 2004, respectivamente; e finalmente Trinidad e Tobago mantém um AAP com a Venezuela desde 1989. 13 Carta Mensal INTAL N° 179 - julho 2011 - Todos os direitos reservados Caribe [1]“Tratado de Livre Comércio entre a Costa Rica e a Caricom. Resumo explicativo”,Sistema de Informações sobre Comércio Exterior da Organização dos Estados Americanos e;“Caricom e Costa Rica assinam acordo de livre comércio”, Instrumentos Jurídicos de Integração do BID-Intal. 14 Carta Mensal INTAL N° 179 - julho 2011 - Todos os direitos reservados