ASSUNTO 4. – REVOLUÇÃO FRANCESA OBJETIVOS: -Explicar as características do Antigo Regime. -Identificar o conjunto de causas sociais, econômicas e políticas da Revolução Francesa. -Identificar as etapas do processo revolucionário francês e suas características. -Justificar a importância da Revolução Francesa para a ascensão política da burguesia. SUMÁRIO 1. CONCEITO DE REVOLUÇÃO. 2. O ESTADO ABSOLUTISTA: ANTIGO REGIME. 3. CARACTERÍSTICAS DO ANTIGO REGIME. 4. CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA. 5. FASES DA REVOLUÇÃO. 6. VERIFICAÇÃO. 7. CONCLUSÃO. 1. A REVOLUÇÃO – CONCEITO A Revolução Francesa foi um movimento político e social, iniciado em 1789, mas com causas muitas antigas e que foi conduzido por vários segmentos sociais, todos liderados pela burguesia. Ao aniquilar o absolutismo, a política mercantilista, os resquícios do feudalismo ainda existentes na França e o poder do clero e da nobreza, a Revolução Francesa propôs e executou o fim do Antigo Regime. 2. O ESTADO ABSOLUTISTA: ANTIGO REGIME Por Antigo Regime (Ancien Régime) devemos entender o sistema social, econômico e político aristocrático (o termo aristocrata vem do grego Aristoï, que significa belo e bem nascido, ou seja, todo nobre era um aristocrata) estabelecido na Europa. Concebido em torno da nobreza, prosperou devido ao caráter dinástico (Valois, Bourbon, Tudor, Habsburgo, Avis, etc) das diversas monarquias europeias entre os Séculos XIII e XVIII. A difusão do modelo do Antigo Regime ou Absolutismo deve-se muito aos laços parentais que existiam entre os mo narcas. 3. CARACTERÍSTICAS DO ANTIGO REGIME Revisando, as características daquele sistema eram: No campo econômico, a transição do Feudalismo para o capitalismo comercial e dele para o mercantil. A propriedade da terra, principal fator de produção, estava submetida a vínculos sociais, que na França eram chamados de morgados (em poder da nobreza), mãos - mortas (clero) e ajuntamentos. -No campo social, existência de estamentos (classes sociais sem capilaridade). Na França, a burguesia era marginalizada em virtude da opção religiosa que predominou a partir de meados do Século XVI. -No campo político, regime monárquico centralizador e autoritário, que procurou se acercar da burguesia conforme as demandas próprias de cada país. Caracterizou-se principalmente na França, entre o final do Século XVI e o final do Século XVIII. 4. CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA 4.1. ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL A população francesa - a maior da Europa, com cerca de 25 milhões – estava dividida em três estamentos (classes sociais sem mobilidade): clero, nobreza e o restante da população, incluindo a burguesia, todos abaixo da família real: .1º estamento ou estado (formado pelos componentes da Igreja, cerca de 120 mil pessoas): .Alto clero (bispos, abades e cônicos – absolutistas.) .Baixo clero (sacerdotes pobres que se opunham ao absolutismo) .2º estamento ou estado (representado pela nobreza, cerca de 350 mil pessoas) .Nobreza cortesã ( Palácio de Versalhes). .Nobreza provincial (grupo empobrecido que vivia no interior explorando camponeses. Nobreza de Toga (burgueses ricos que compravam títulos de nobreza e cargos políticos e administrativos e, com isso, se tornavam nobres). O clero e a nobreza tinham vários privilégios: não pagavam impostos, recebiam pensões do estado e podiam exercer cargos públicos. 3º estamento ou estado (formado por 96% da população, mais de 24 milhões de pessoas): -Alta burguesia (banqueiros e grandes proprietários); -Média burguesia (profissionais liberais como médicos e advogados); -Baixa burguesia (artesãos, industriais, intelectuais e pequenos comerciantes). -Sans-culottes (camada social urbana de aprendizes de ofícios, assalariados, desempregados). -Assim chamados por não usarem as calças curtas com meias, típicas da nobreza. - Camponeses O poder econômico e cultural dos burgueses fez com que eles aspirassem ao poder político. A burguesia sabia que o crescimento do consumo geraria condições para o crescimento do capitalismo; porém o setor não se expandia devido ao excesso de impostos, da miséria reinante, da distância do poder e da perseguição religiosas movida a partir da segunda metade do Século XVI. Pirâmide social na França 4.2. A crise econômica – Desde o final do século XV, a agricultura era a base da economia francesa e várias crises climáticas ao longo da década de 1780 provocaram fome e revolta. Indústria: A França só iria se industrializar com o rei Felipe de Orleans, o Rei Burguês, nos idos de 1840. O insignificante parque industrial manufatureiro francês sofreu uma séria crise a partir de 1786, devido ao Tratado de Eden com a Inglaterra. 4.3. Comércio: O comércio externo deteriorou-se a partir da 2ª metade do Século XVIII, principalmente em virtude da Guerra dos Sete Anos, em 1756-63 (perda de territórios nas Antilhas, Canadá e Índia), diminuindo o fluxo de matériasprimas e manufaturas. 4.3. Finanças: O governo francês atravessava série crise financeira desde o reinado de Luís XIV, pois as despesas do Estado eram muito superiores às receitas do Tesouro Público. Para sustentar a máquina administrativa, somente o 3º estamento tinha que arcar com os pesados impostos. 4.4. A influência dos ideais iluministas – Críticas do absolutismo, do mercantilismo e da estrutura social vigente, as ideias iluministas tornaram-se públicas, sendo comentadas nas universidades, escolas, salões, cafés e lojas maçônicas. 4.5. A influência da Revolução Inglesa – a Revolução Inglesa mostrou o caminho das liberdades políticas e econômicas, ao mesmo tempo em que apresentou a força da separação dos poderes do Estado. 4.6. A influência da Independência dos Estados Unidos – A França apoiou a independência das colônias inglesas na América, em revide à derrota sofrida com a Inglaterra na Guerra dos 7 anos. Aquele movimento de independência comprovou que os ensinamentos iluministas eram fundamentais. 5. ETAPAS DO PROCESSO DA REVOLUÇÃO - Revolta da aristocracia -Assembleia nacional constituinte -Monarquia constitucional -República e convenção -Diretório 5.1. REVOLTA OU REAÇÃO ARISTOCRÁTICA (1789) Com a revogação do Édito de Nantes, em 1685, a burguesia novamente se afastou dos negócios do rei e a França tomou uma rota em direção ao caos. Os próximos 100 anos seriam de profunda crise, em que o 3º Estado seria o pagador da conta. Ao recrudescer a crise econômica no final da década de 1780, Luís XVI promoveu uma severa reforma tributária, por propostas de seus ministros das finanças, que aumentou a carga tributária do 3º Estado, além de tentar começar a cobrar impostos também da nobreza e do clero. -Para tal, Luís XVI convocou em 1788 a Assembleia dos Notáveis, composta por nobres, que se recusaram a apoiar a universalização tributária. A recessão econômica atingira seu ápice, até porque a aristocracia se negou a contribuir com a reforma tributária e não havia mais como extrair recursos dos miseráveis. Luís XVI (início do reinado em 1776) demitiu vários primeiros ministros (Turgot, Necker, Brienne e Calonne). Necker (calvinista e amigo de Voltaire, Diderot e D’Alembert), convocou a Assembleia dos Estados Gerais. A Assembleia dos Estados Gerais (órgão consultivo que agregava os três estados e que não se reunia havia 175 anos), foi convocada para discutir o aumento de tributos. Para isso, realizaram-se eleições e o voto censitário elegeu uma quantidade de membros do 3º Estado em quantidade maior do que estava prevista. Os Estados Gerais sempre votaram por estado e, desta forma, o 1º e 2º Estados (clero e aristocracia) se uniam e sempre derrotavam o 3º Estado por 2x1. Só que em 1789, diferente de 1614, o 3º Estado exigiu, por possuir um número de representantes maior (578) que o do 1º e 2º Estado somados (561), que a votação fosse por número de votos dos representantes. Tal fato provocou uma forte reação dos aristocratas e do alto Clero. Para conter uma grave crise econômica, Luís XVI convocou os Três Estados, para que estes votassem pelo aumento dos impostos. Foi nesta reunião que o Terceiro Estado rebelou-se. 5.2. ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE (1789-91) Apoiados pelo rei, a nobreza e o clero recusaram a proposta do 3º estado. Revoltados, os membros do 3º Estado se proclamaram em Assembleia Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova Constituição para a França (indício de superação do poder absolutista). Luís XVI reagiu e organizou tropas para lutar contra o 3º Estado, mas a revolta popular liderada pela burguesia, militarizada com a criação de um exército revolucionário, (Guarda Nacional), já tomara conta das ruas. Um dos principais lemas dos revolucionários era: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE. No dia 14 de julho de 1789, uma multidão invadiu a prisão da Bastilha, símbolo do poder absoluto do rei. De Paris, a revolta se espalhou por toda França, havendo massacre de nobres e retirada de seus bens (período conhecido como GRANDE MEDO). Sem força para dominar a agitação, o rei foi obrigado a reconhecer a legitimidade da Assembleia Nacional Constituinte. Vários nobres de Paris e das províncias fugiram para a Áustria e Prússia. Vimos, então, que no dia 14 de julho de 1789, o povo, cansado da situação de miséria, saiu às ruas em protesto, tomou a Bastilha, antiga prisão e símbolo do absolutismo, iniciando a Revolução. A Assembleia Nacional Constituinte decretou em agosto de 1789 o fim dos direitos feudais sobre os camponeses, dos privilégios tributários do clero e da nobreza, extinguindo o regime feudal na França. Confiscou, também, em 1790, os bens da Igreja (Constuição Civil do Clero) e da nobreza rural, distribuindo a terra da Igreja para os camponeses. -Também aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que estabeleceu a igualdade dos cidadãos perante a lei; o direito às liberdades individuais (expressão e pensamento), à propriedade privada e à luta contra a opressão. -Jornada das Mulheres (Marcha até Versalhes): retiram o Rei de Versalhes e o obrigam a ficar no palácio de Tulherias, em Paris. O rei foi obrigado a concordar com a mudança da Constituição e, em 1790, a Assembleia, já contando com boa parte da pequena nobreza ou nobreza de toga, confiscou as terras da Igreja, subordinando o clero à autoridade do Estado. Em junho de 1791, Luís XVI tentou fugir do país, mas foi preso na cidade de Varennes. e levado de volta a Paris, onde foi mantido sob vigilância no Palácio das Tulherias. Declaracão dos Direitos do Homem e do Cidadão, França, 1789, um dos documentos políticos produzidos no século XVIII e sob a inspiração do ideário iluminista. 5.3. MONARQUIA CONSTITUCIONAL (1791-92) Em setembro de 1791, foi votada a 1ª Constituição Francesa, que instituiu a Monarquia Constitucional no país. Logo depois, a Assembleia Constituinte foi dissolvida e foi eleita Assembleia Legislativa. A Assembleia Legislativa passou a ser dominada pela alta burguesia. Seus interesses foram contemplados na nova Constituição: garantia da liberdade comercial; direito à propriedade privada; criação de três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e manutenção da representatividade popular: voto censitário (a população ficou dividida entre ativos pessoas mais ricas e que votavam e passivos - mais pobres e sem direito a voto). Partidos Tendência Líder Cordeliers Moderada Danton Jacobinos Montanha Feuillants Girondinos Radicais Republicanos Robespierre Povo unido aos Jacobinos Monarquia La Fayette Constitucional Liberais Roland Moderados A Áustria e a Prússia (pressão sobre o governo girondino com a Declaração de Pillnitz), contando com o apoio da família real, invadiram a França na tentativa de restabelecer o absolutismo. Robespierre, Danton e Marat conclamam a população a lutar (“é pela violência que se deve estabelecer a liberdade”). - Batalhões de Marselha formam o exército popular e vencem na batalha de Valmy. -A população, insatisfeita com a intromissão estrangeira, formou a Comuna Popular e atacou a residência real, prendendo a família real. - Matou, também, a maioria dos adeptos do rei. 5.4. 1ª REPÚBLICA E CONVENÇÃO (1792-95) Após a vitória contra as tropas estrangeiras, os líderes da revolução decidiram, em 20 setembro de 1792, proclamar a República. A Assembleia Legislativa foi dissolvida e criou-se a Convenção Nacional, cuja missão principal seria elaborar uma nova Constituição, agora, de caráter republicano, inspirada nas ideias democráticas de Rosseau. Os deputados da Convenção Nacional eram divididos em: Girondinos ou Planícies: representantes da alta e média burguesia que assumiram posições moderadas a fim de garantir a liberdade econômica e o direito de propriedade (Considerados de direita); -Jacobinos ou Montanhases: representantes da pequena burguesia iluminista e sains-culottes, eram liderados por Danton, Marat, Maximillien Robespierre e Antoine de Sain-Just, que defendiam posições mais radicais e de interesse popular (considerados de esquerda). Pântanos: representantes de uma burguesia oportunista, mudavam de posição conforme suas conveniências, embora apoiassem os girondinos com frequência. -Cordeliers: liderados por Danton e Marat, representava as camadas populares; -Feuillants: Burguesia financeira. ASSEMBLEIA DOS ESTADOS GERAIS PRINCIPAIS LÍDERES Girondinos Jacobinos Cordeliers Brissot Robespierre Marat Saint-Just Danton Luís XVI foi julgado e condenado à morte por influência dos jacobinos em dez 1792. A execução do rei provocou, internamente, a revolta do grupo girondino e, externamente, a reorganização de tropas estrangeiras favoráveis ao absolutismo. -Inglaterra, Áustria, Prússia Espanha e Sardenha, temerosos de que a revolução se alastrasse para seus territórios, criaram a Primeira Coligação Militar, a fim de restaurar a monarquia francesa. A França venceu com facilidade todos países, exceto a Inglaterra (aderiu posteriormente à Coligação), indignada com os rumos da revolução estava tomando na França. Inicia-se o Terror de Set 1793 a Jul de 1794 pelo radicalismo jacobino contra os girondinos e contrarrevolucionários. Além da pressão externa, problemas internos como o agravamento da crise econômica e as brigas entre as facções que compunham a Convenção provocaram uma insurreição popular em Vendeia, região oeste da França. 5.5. TERROR JACOBINO (CONVENÇAO MONTANHESA) Para enfrentar essa reação, os jacobinos prenderam e eliminaram os principais líderes girondinos e deram um golpe de estado, criando: - Comitê de Salvação Pública: administração e defesa do país. responsável pela - Tribunal Revolucionário: encarregado de vigiar e punir os opositores da revolução. A partir do golpe de estado jacobino, a recém instalada ditadura espalhou um regime de perseguição que ficou conhecido como Terror. Ao terror, adveio o Grande Terror. A liderança desses modelos de esmagamento da oposição foi conduzida por Robespierre. Robespierre teve alguns êxitos no campo militar, ao conter o ataque das forças estrangeiras e, em relação ao povo, adotou algumas medidas populares, como sufrágio universal (voto), reforma agrária, aumento de impostos para os mais ricos, tabelamento de gêneros alimentícios, etc. Mas: Devido ao exagero das execuções arbitrárias, Robespierre perdeu apoio popular e ficou isolado politicamente. Os girondinos, mesmo exilados, mas com o apoio dos pântanos, o prenderam. Guilhotinaram todos os líderes jacobinos, finalizando aquele período de terror, totalmente na contramão do que pretendera a Revolução Francesa e seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 5.6. DIRETÓRIO (1795-99) Após a execução de Robespierre, a Convenção passou a ser controlada pela alta burguesia girondina, que votou uma nova Constituição e restabeleceu o voto censitário. Executivo com 05 membros; Legislativo formado pelo Conselho dos Quinhentos e dos Anciãos. Em outubro de 1795, os monarquistas tentaram tomar o poder, sendo sufocados por Napoleão Bonaparte, que recebeu a recompensa de comandar o Exército na Itália. A Convenção foi então dissolvida para dar lugar ao Diretório. O Diretório era composto de cinco membros eleitos pelo Poder Legislativo, vigorou de 1795 a 1799, período em que tentou conter o descontentamento popular (maio de 1796, Conjuração dos Iguais, liderada por Graco Babeuf.) A maioria da população continuava excluída das decisões políticas e o Diretório afirmou o controle político da burguesia sobre o país, apesar da grave crise pela qual o país passava (inflação e corrupção administrativa). Paralelamente, a França voltou a ser ameaçada pelas forças absolutistas vizinhas que formaram a Segunda Coligação militar (Inglaterra, Áustria, Rússia e Turquia) e a situação agravou-se. Foi então que Napoleão Bonaparte, de volta da campanha do Egito, dotado de grande prestígio e contando com o apoio de Girondinos e do Exército, deflagrou um golpe de Estado. Em 10 Nov 1799, Napoleão dissolveu o Diretório e estabeleceu um novo governo, denominado Consulado. Esse episódio ficou conhecido como Golpe de 18 do Brumário. 6. VERIFICAÇÃO. 1. Assinale a alternativa que complementa CORRETAMENTE o enunciado abaixo. A Revolução Francesa é um marco da história ocidental por= que: ( ) inaugurou a era das perseguições políticas. ( ) adotou e generalizou um novo calendário. ( ) propôs o universalismo dos direitos humanos. ( ) foi a primeira revolução a instituir o Estado de Direito. 2.No preâmbulo da Constituição francesa de 1791 lê-se: “Não há mais nobreza, nem distinções hereditárias, nem distinções de Ordens, nem regime feudal...Não há mais nem venalidade, nem hereditariedade de qualquer ofício público; não há mais para qualquer porção da Nação, nem para qualquer indivíduo qualquer privilégio nem exceção”...Do texto depreende-se que, na França do Antigo Regime, as pessoas careciam de: ( ( ( ( ( ) igualdade jurídica. ) direitos de herança. ) liberdade de movimento. ) privilégios coletivos. ) garantias de propriedade. 3.Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a Revolução Francesa: ( ) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova ordem. ( ) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu impedir o retorno das forças sócio-políticas do Antigo Regime. ( ) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos chamados sans-culottes. ( ) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as pequenas propriedades aos camponeses, atrasou, em mais de um século, o processo econômico da França. ( ) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do pon to de vista da riqueza, quanto do ponto de vista político, impediu que a burguesia a concluísse. 4.“Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do dia.” (Discurso de ROBESPIERRE na Convenção). A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais intensos da Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se: ( ) pela fundação da monarquia constitucional, marcada pelo funcionamento da Assembleia Nacional. ( ) pela organização do Diretório, marcado pela adoção do voto censitário. ( ) pela reação termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores conservadores. ( ) pela convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo francês. ( ) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da revolução. 5. As revoluções contra o poder absolutista dos reis atravessaram grande parte da história moderna da Europa. Houve, no entanto, diferenças entre as revoluções francesa e inglesa. Assinale a alternativa correta. ( ) Na França, a oposição ao absolutismo implicou, ao contrário do que ocorreu na Inglaterra, o estabelecimento de um regime republicano, mesmo que passageiro. ( ) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por documentos escritos que remontavam à Idade Média. ( ) A revolução inglesa, ao contrário da francesa, contou com o apoio popular na luta contra os reis absolutistas, desvinculando-se de disputas entre facções religiosas. ( ) A luta contra o absolutismo na França distinguiu-se do processo que se desenvolveu na Inglaterra pela violência e execução do monarca absolutista. . 6. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, votada pela Assembleia Nacional Constituinte Francesa, em 26 de agosto de 1789, visava: ( ) romper com a Declaração de Independência dos Estados Unidos, por esta não ter negado a escravidão. ( ) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualdade, surgidos na época medieval e esquecidos na moderna. ( ) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus governos, para acabar com a desigualdade social. ( ) assinalar os princípios que, inspirados no Iluminismo, iriam fundar a nova constituição francesa. ( ) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas necessidades, a cada um, de acordo com sua capacidade. 7. A charge da época, reproduzida abaixo, retrata o jogo de relações sociais da França pré-revolucionária. A esse respeito é correto afirmar: ( ) A França era estruturada em uma sociedade estamental dividida em 03 Estados, sendo o 3º Estado composto, desde a alta burguesia até as camadas populares, incidindo sobre estas todas as tributações. ( ) apesar de a França ter uma sociedade dividida em estamentos, não havia conflitos de classes, pois a Igreja, por meio da teoria do direito divino, garantia a imobilidade meio da teoria do direito divino, garantia a imobilidade social. ( ) o povo permanecia obediente ao seu monarca, havendo o respaldo da Igreja, que que doutrinava seus fiéis a se submeterem à vontade de Deus, que apoiava uma estrutura social estratificada. ( ) o povo, que formava o Primeiro Estado, arcava pesadas tributações impostas pelo monarca francês. 8. Veja a charge, leia o texto e responda: “A 5 de outubro, oito ou dez mil mulheres foram a Versalhes; muita gente as acompanhou. A Guarda Nacional forçou o Sr de La Fayette a conduzi-las para lá na mesma noite. No dia 06, elas trouxeram o rei e obrigaram-no a residir em Paris.(...) Não devemos procurar aqui a ação dos partidos. Eles agiram, mas fizeram muito pouco. A causa real, certa, para as mulheres, para a multidão mais miserável, foi uma só, a fome. Tendo desmontado um cavaleiro, em Versalhes, mataram o cavalo e comeram-no quase cru. (...) O que há no povo de mais povo, quero dizer, de mais instintivo, de mais inspirado, são, por certo, as mulheres. Sua idéia foi esta: “Falta pão, vamos buscar o rei; se ele estiver conosco, cuidar-se-á para que o pão não falte mais. Vamos buscar o padeiro!” (Jules Michelet. História da Revolução Francesa, 1989.) Sobre aquele momento da Revolução Francesa, é correto afirmar: ( ) o povo, constituído principalmente de funcionários da nobreza acreditava que era necessário separar o rei da corte, para que se pudessem fazer as reformas econômicas. ( ) a Assembleia havia assinado a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e o povo acreditava que o rei era seu aliado para resolver o problema da circulação de cereais. c) os revolucionários estavam negociando com o rei a assinatura sua deposição, visando a instalação de uma República na França. d) o rei e a rainha eram vistos como inimigos do povo e cúmplices da aristocracia, responsabilizada pela crise econômica. e) o rei escolhera ficar em Versalhes, com a finalidade de proteger a nobreza dos ataques do povo. 9. “Robespierre- Que se passa por aqui? III Cidadão- Que pode se passar? Passa-se que aquelas poucas gotas de sangue de agosto e setembro não deram para as bochechas do povo firem coradas. A guilhotina anda muito devagar. Precisamos de um bom aguaceiro! I Cidadão- Nossas mulheres e filhos bradam por pão; queremos cevá-los com carne da aristocracia. Vamos! Mata os que não têm casaco esburacado! -Todos- Mata! Mata! (BÜCHNER, Georg. A Morte de Danton. Quadros dramáticos da época do Terror na França. Trad. Mario da Silva, Clássicos de Bolso, Ed. Tecnoprint S.A. s/d) -O drama, escrito entre 1834/35, retrata o momento da Revolução Francesa em que os jacobinos estão no poder, tentando varrer da França os "traidores" da Revolução. Sobre o período retratado podemos afirmar :( ) permitiu o atendimento das demandas populares e preservou os privilégios do clero e da nobreza( ) garantiu a permanência da alta burguesia (gironda) e da nobreza em aliança pela defesa da revolução. ( ) preservou os direitos feudais e garantiu os privilégios da nobreza francesa conciliados com os avanços burgueses ( ) foi o momento mais radical do processo revolucionário e teve ampla participação popular. 10. Algumas transformações que antecederam a Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de significado da palavra “restaurante”. Desde o final da Idade Média, a palavra “restaurant” designava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos, usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos restaurateurs, que serviam pratos requintados, descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com o sentido atual. A mudança do significado da palavra restaurante ilustra: ( ) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da nobreza. ( ) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos populares e dos valores da nobreza. ( ) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais e da visão de mundo da burguesia. ( ) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média. ( ) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de uma visão de mundo igualitária. 11. Alguns contos infantis pertencem, em sua origem, à tradição oral dos camponeses da França do antigo Regime. Naquela situação, quase todos tinham as mesmas características de violência. Na versão camponesa de "A Bela Adormecida", um príncipe casado violenta uma donzela e a engravida. Ela entra em um sono profundo e só desperta quando é mordida por um de seus filhos durante a amamentação. Entretanto, décadas à frente, ao sair do universo camponês e entrar no universo burguês, esse conto ganha um final feliz. a. Relacione o caráter originalmente trágico desse conto com a condição econômica e política dos camponeses da França do Antigo Regime. Resposta: A versão camponesa para o conto mostra a opressão sofrida pelo campesinato francês por parte da nobreza daquele país. Os camponeses não possuíam direito político algum e sua condição econômica era de absoluta miséria. b. Relacione o final feliz desse conto com a condição econômica e política da burguesia após o Antigo Regime. Resposta: Após derrubar o regime absolutista franceses a burguesia obteve os direitos políticos que buscava, já que mesmo sendo uma classe rica seus direitos não podiam sobressair em relação a nobreza, e consequentemente seus interesses econômicos prevaleceram na França. 12. Marat foi um importante personagem na Revolução Francesa (1789). Seu assassinato teve várias representações. Uma delas foi o quadro de David A Morte de Marat, um símbolo do movimento revolucionário e de grande importância para a história da arte. Em relação a essa obra, é correto afirmar que: ( ) David ressaltou características da história pessoal de Marat, ou seja, um revolucionário de origem humilde e camponesa. ( ) Marat foi retratado como um símbolo dos radicais girondinos, responsáveis pela expulsão dos montanheses da Convenção e execução de seus líderes. ( ) David inaugurou a pintura histórica, mítica e heroica, apresentando a eternidade do personagem. ( ) David retratou Marat de uma forma não épica, diferenciando sua obra do idealismo da arte acadêmica aristocrática. 13. É o estudo do passado que nos permite compreender o presente. Veja, por exemplo, a origem dos termos “ESQUERDA” e “DIREITA” - hoje considerados por alguns como superados. Nas reuniões da Assembleia Legislativa francesa, eleita em 1791, os deputados conservadores sentavam-se à direita; à esquerda, ficavam os favoráveis às transformações. Sabendo disso, escolha a alternativa correta. ( ( ( ( ) Os monarquistas sentavam-se à esquerda. ) Os republicanos sentavam-se à direita. ) Os girondinos sentavam-se no centro. ) Os jacobinos sentavam-se à esquerda. 14.Abolição da escravidão; fim dos privilégios; limite aos preços dos gêneros alimentícios; criação do ensino gratuito obrigatório; concessão de terras aos camponeses. Estas foram medidas tomadas pelo: ( ) adepto da escola econômica fisiocrática, o francês Turgot; ( ) jovem general, recém-chegado do Egito, Napoleão Bonaparte; ( ) líder jacobino, Robespierre, conhecido como "o Incorruptível"; ( ) primeiro-ministro francês, cardeal de Richelieu, a concluídas por seu sucessor, cardeal Mazarino; 15. A abolição da escravidão nas Colônias, a criação da Lei do Máximo, o estabelecimento do sufrágio universal, a criação do Tribunal Revolucionário e o Comitê de Salvação Pública, foram instituídos na Revolução Francesa, na fase: ( ) Assembleia Nacional Constituinte. ( ) Convenção Nacional. ( ) Diretório. ( ) Reação Termidoriana. ( ) Monarquia Constitucional. 16.O esquema refere-se à situação da receita e da despesa do Estado francês na década de 1780. A partir da observação dos dados, pode-se inferir: ( )o equilíbrio da economia do país, obtido pela administração centralizada, típica do absolutismo. ( )a fragilidade das contas públicas, agravada pelo envolvimen to do país em guerras externas, que aprofundaram a crise eco nômica. ( )a importância das taxas pagas pela nobreza, que compunham grande parte das receitas do poder público. ( ) a necessidade de se aumentar o controle das fronteiras, para evitar a evasão de divisas para outros países europeus. ( ) os efeitos das revoltas camponesas, que desestruturaram a produção rural e diminuíram a arrecadação de impostos. 17. “Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem.” HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político Sociais da Revolução Francesa? ( ) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante. ( ) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia. ( ) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente. ( ) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. ( ) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos. 18. A pintura ao lado feita pelo pintor Léon Maxime Faivre mais de um sécuLo depois da eclosão do processo revolucionário. Em sua opinião, a obra exalta A Revolução ou faz crítica dela? Por quê? Observação: a obra, inspirada num relato do historiador Jules Michelet, representa a vítima Maria Teresa Luísa de Saboia-Carignan, a princesa de Lamballe, amiga pessoal da rainha Maria Antonieta. 19. Explique com suas palavras o que foi a Revolução Francesa, indicando qual foi o seu estopim e que evento é considerado seu marco inicial. 19. Descreva as principais medidas e características do governo Jacobino (1793-1794) 20. Indique quem eram os revolucionários franceses. Eles formavam um grupo homogêneo? Justifique. CONCLUSÃO A Revolução Francesa foi um marco para a história ocidental porque representou a queda do Antigo Regime na França, mesmo que depois ele viesse a ser retomado. Para a França, aquele movimento representou o fim da servidão e dos privilégios feudais, a declaração dos direitos do homem e do cidadão, o confisco dos bens do clero, a reforma do Exército e da Justiça. Suas ideias iluministas nortearam os movimentos de emancipação de colônias e geraram mudanças políticas, sociais e econômicas no mundo. Sua trajetória demonstrou de forma pioneira que o ideário liberal (mínima interferência do Estado, igualdade de todos perante a lei, liberdades econômicas e políticas e defesa da propriedade privada) não foi praticado como na Inglaterra. Tudo isso levou a França a sucessivos golpes de estado que a fizeram marcar passo por mais 80 anos. Ela é considerada a mais importante dentre as revoluções burguesas ocorridas na Europa, pois, por intermédio dela, a burguesia pode ascender ao poder político e nele exercer influência na defesa de seus interesses. Historicamente, sua influência marcou o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.