UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES CURITIBA 2016 1 BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de título de graduação. Orientadora Prof. Dra. Maria Aparecida de Alcântara CURITIBA 2016 2 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ REITOR Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Carlos Eduardo Rangel Santos PRÓ-REITORA ACADÊMICA Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva DIRETOR DE GRADUAÇÃO Prof. Dr. João Henrique Faryniuk COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Prof. Dr. Welington Hartmann COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR Prof. Dr. Welington Hartmann 3 TERMO DE APROVAÇÃO BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná Curitiba, 22 de junho de 2016 Professora Orientadora Maria Aparecida de Alcântara UTP – Universidade Tuiuti do Paraná Professora Carolina Lacowicz UTP – Universidade Tuiuti do Paraná Professora Iolanda Maria Sartori Ofenbock Nascimento UTP – Universidade Tuiuti do Paraná 4 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer aos meus pais por todas as oportunidades que me proporcionaram durante a vida, incluindo a minha formação. Aos meus professores da Faculdade Evangélica do Paraná e da Universidade Tuiuti do Paraná, por me ensinarem com paciência e profissionalismo. Ao meu namorado e minha irmã que sempre foram meus companheiros, ouvintes e sempre me ajudaram em tudo que eu precisei. As amigas que fiz durante a graduação, principalmente a Fernanda Zier, que sempre compartilhou suas ideias comigo e me ensinou muito sobre a compaixão com os animais e a Gabriela Mattozo, que me acompanhou durante o estágio, me ajudou na execução do presente trabalho e se tornou uma grande amiga. A professora doutora Maria Aparecida de Alcântara, por se dedicar junto a mim para executar o trabalho e por compartilhar seus conhecimentos comigo. A todas as funcionárias e a proprietária da Universicão Fernanda Lesnau por me acolherem muito bem para realização do estágio. 5 RESUMO Os comportamentos compulsivos não têm a fisiopatologia completamente conhecida mas sabe-se que as beta-endorfinas, serotonina e dopamina estão envolvidas, além disso o fator genético e o estresse tem grandes possibilidades de serem causadores do problema. Normalmente os comportamentos se iniciam entre os 12 e 36 meses e se manifestam através da perseguição de cauda, abocanhamento de moscas imaginárias, perseguição de luzes e sombras, sucção de flanco, dermatite acral por lambedura, apetite depravado e coprofagia. Para saber se o animal realmente tem um transtorno compulsivo é preciso que fatores orgânicos, como convulsões, que possam desencadear o comportamento sejam descartados. O tratamento irá depender do motivo que leva o animal a demonstrar as alterações comportamentais, mas geralmente o manejo comportamental associado a medicamentos mostra resultados satisfatórios, principalmente quando é realizado logo que os comportamentos se iniciam. Nesse trabalho é relatado o caso de um cão da raça border colllie que apresenta o comportamento de perseguir e abocanhar a cauda e abocanhar moscas imaginárias. Palavras chave: cães, compulsão, enriquecimento ambiental, estereotipia, problemas comportamentais. 6 ABSTRACT Compulsive behavior does not have the pathophysiology fully known, but we know that beta-endorphins, serotonin and dopamine are involved, in addition the genetic factor and stress has great potential to cause the problem. Usually the behaviors begin between 12 and 36 months and are manifested through the tail chasing, fly biting,staring at lghts and shadows, flank sucking, acral lick dermatitis, depraved appetite and coprophagia. To know if the animal really has a compulsive disorder, it is necessary that organic factors, like seizures, can trigger the behavior are discarded. The treatment will depend on the reason that the animal to show behavior changes, but usually the behavior management associate with drug shows satisfactory results, especially when it is realized at the moment when the behaviors started. In this work is reported a situation of one dog border collie, that show the behavior of tail chasing and fly biting. Keywords: behavioural problems, compulsion, dogs environmental enrichment, stereotypy. 7 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Recepção e loja da Universicão, 2016.............................................. 15 FIGURA 2 - Área de acesso dos cães e banheiro da Universicão, 2016............... 16 FIGURA 3 - Área coberta da Universicão para acomodação dos cães em dias de chuva, 2016..................................................................................................... 16 FIGURA 4 - Cozinha para uso das funcionárias da Universicão, 2016................. 17 FIGURA 5 - Área externa da Universicão contendo diferentes pisos (grama e pedras), 2016....................................................................................................... 17 FIGURA 6 - Área externa da Universicão contendo rampa para os cães, 2016.... 18 FIGURA 7 - Área externa com brinquedos, 2016................................................. 18 FIGURA 8 - Pista de agility da Universicão, 2016................................................. 19 FIGURA 9 - Relação entre estereotipias, distúrbios compulsivos e comportamentos estereotipados que podem surgir dentro de um intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos.................... 27 FIGURA 10 - Cão perseguindo a cauda.............................................................. 30 FIGURA 11 - Dermatite acral por lambedura...................................................... 32 FIGURA 12 - Cão da raça doberman pinscher realizando o comportamento de sucção de flanco.................................................................................................. 34 FIGURA 13 - Alopecia na cauda de cão da raça border collie..................................................................................................................... 42 FIGURA 14 - Cão da raça border collie perseguindo e abocanhando a cauda.. 42 FIGURA 15 - Fornecimento de ração em garrafa pet para cão da raça border collie..................................................................................................................... 43 FIGURA 16 - Cão da raça border colle recebendo alimentação através da PetBall®............................................................................................................... 43 FIGURA 17 - Cão da raça border collie se alimentando através do quebra cabeça da marca PetGames®............................................................................ 44 FIGURA 18 - Cão da raça border collie praticando agility .................................. 44 FIGURA 19 - Cão da raça border collie brincando na piscina.................................................................................................................. 45 FIGURA 20 - Cão da raça border collie brincando com outros cães................... 45 8 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Frequência semanal dos cães na creche durante o estágio realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão... 21 GRÁFICO 2 – Proporção de cães com alterações comportamentais observados durante o estágio realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão........................................................................ 21 GRÁFICO 3 – Distribuição dos grupos raciais observados durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão de acordo com a FCI.......................................................................................................... 22 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Relação de cães machos e fêmeas observados durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão.................... 20 TABELA 2 - Frequência de distribuição do número de cães de acordo com a faixa etária observada durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão............................................................................... 20 TABELA 3 - Relação das alterações comportamentais observadas durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão........ 22 10 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Raças de cães observadas durante o estágio, divididas conforme os grupos raciais da FCI...................................................................................... 23 QUADRO 2 - Exemplos de comportamentos compulsivos.................................. 29 QUADRO 3 - Classes, doses, vias de administração e intervalo de administração dos medicamentos utilizados no tratamento dos comportamentos compulsivos............................................................................ 39 11 LISTA DE SIGLAS ATC – Antidepressivos tricíclicos ATXN1 – Ataxin-1 BID – Bis in die (a cada 12 horas) CDH2 – Neuronal-cadherin CTNNA2 – Catenin alpha 2 DAP – Dog appeasing pheromone FCI – Federation cynologique internationale ISRS – Inibidores seletivos da receptação de serotonina MAO – Inibidores da monoaminoxidase PGCP – Plasma glutamate carboxypeptidase QID – Quater in die (a cada 6 horas) SID – Semel in die (a cada 24 horas) SNC – Sistema nervoso central TID – Ter in die (a cada 8 horas) 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13 2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE.................................. 14 3 CASUÍSTICA...................................................................................................... 20 4 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 26 4.1 DEFINIÇÕES................................................................................................... 26 4.2 ETIOLOGIA E FISIOLPATOLOGIA DO COMPORTAMENTO COMPULSIVO....................................................................................................... 27 4.3 DESENVOLVIMENTO DOS COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS..................................................................................................... 29 4.4 TIPOS DE COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS........................................ 29 4.4.1 Abocanhar moscas........................................................................................ 30 4.4.2 Perseguir a cauda......................................................................................... 30 4.4.3 Apetite depravado e coprofagia.................................................................... 31 4.4.4 Dermatite acral por lambedura...................................................................... 32 4.4.5 Perseguir sombras e luzes............................................................................ 33 4.4.6 Sugar o flanco............................................................................................... 33 4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS.................................................................... 35 4.6 DIAGNÓSTICO................................................................................................ 36 4.7 TRATAMENTO................................................................................................. 37 4.7.1 Manejo comportamental................................................................................ 37 4.7.2 Tratamento medicamentoso.......................................................................... 37 4.7.2.1 Antidepressivos tricíclicos.......................................................................... 37 4.7.2.2 Inibidores seletivos da receptação de serotonina...................................... 38 4.7.2.3 Outros medicamentos................................................................................ 38 4.7.3 Feromônios................................................................................................... 39 4.7.4 Homeopatia .................................................................................................. 39 4.8 PROGNÓSTICO.............................................................................................. 40 5 RELATO DE CASO............................................................................................ 41 6 DISCUSSÃO....................................................................................................... 46 7 CONCLUSÃO..................................................................................................... 49 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 50 13 1 INTRODUÇÃO O vínculo entre animais de estimação e seres humanos se iniciou há milhares de anos, porém os estudos científicos começaram a usar essa relação como objeto de estudo apenas recentemente (FARACO e LANTZMAN, 2013) A crescente humanização dos animais de estimação tem gerado neles diversas alterações comportamentais comprometendo sua saúde física e mental. Essa relação, que é muito benéfica ao humano, surge da necessidade cada vez maior de companhia. Na maioria dos casos, essa prática deixa o animal muito estressado, já que esses exageros pouco atendem à natureza dele. O animal precisa ter como referência outro de sua espécie, precisa se sentir um animal. Segundo Luna (2013), o animal está acompanhando todos os problemas que o ser humano apresenta, como depressão, ansiedade, neuroses e isso está acontecendo em uma taxa cada vez mais alarmante por conta da humanização. Uma das alterações observadas é o aparecimento de comportamentos compulsivos que podem ser manifestados através de perseguição e abocanhamento da cauda, abocanhamento de moscas imaginárias, apetite depravado, coprofagia, dermatite acral por lambedura, perseguição de sombras e luzes e sucção do flanco. Os comportamentos compulsivos podem ser causados pelo transtorno compulsivo, mas para que se confirme o diagnóstico é preciso que se descarte problemas orgânicos que possam levar a manifestação desse comportamento. Se o transtorno compulsivo for confirmado, ele deverá ser tratado com manejo comportamental, medicamentos ou terapias alternativas como a homeopatia e os feromônios. O presente trabalho é constituído por uma revisão de literatura sobre comportamentos compulsivos e o relato de um caso acompanhado durante o estágio curricular. 14 2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE O estágio foi realizado na Universicão, localizada na rua José Risseto, 303, loja 06, na área de clínica comportamental canina, durante o período de 15 de fevereiro de 2016 a 30 de abril de 2016, de segunda a sexta-feira das 08h00 ás 16h00, totalizando 400 horas. Tendo como orientadora acadêmica a Professora Doutora Maria Aparecida Alcântara e orientadora profissional a Médica Veterinária Fernanda Correa Lesnau. A Universicão oferece diariamente o serviço de creche para cães e aulas de Agility, além disso são realizadas consultas comportamentais em domicílio. Durante o período em que os cães ficam na creche, são realizados diversos tipos de enriquecimento ambiental. A equipe é formada por uma médica veterinária, duas adestradoras e uma monitora. Durante o estágio foi possível observar alterações comportamentais, acompanhar uma consulta comportamental em domicílio, aulas de agility e aplicar os enriquecimentos ambientais que serão descritos a seguir: Alimentar: diariamente a ração era colocada no interior de uma garrafa pet ou PetBall®, assim os cães se alimentavam mais devagar e gastavam mais energia do que se comessem em um comedouro comum, além disso, a ração também era espalhada pelo ambiente para que os cães pudessem procurar o alimento. Cognitivo: durante o estágio, os cães se alimentavam através de tabuleiros de quebra-cabeça da marca PetGames®, assim era feito o estímulo cognitivo e ao mesmo tempo o enriquecimento ambiental alimentar. Alguns cães praticavam o agility, que também é uma forma de enriquecimento ambiental cognitivo. Físico: todos os dias ficavam disponíveis brinquedos resistentes a mordidas (BuddyToys® e as PetEscovas®) e cordas com brinquedos amarrados nas extremidades, na área externa tinham rampas, pontes, balanças, chão de grama sintética e chão de pedras para que os cães pudessem andar em diferentes tipos de superfícies. Além disso existiam caixas de madeira para descanso e refúgio e uma piscina aberta em dias quentes. 15 Sensorial: foi montada uma horta contendo hortelã, capim limão, camomila, alecrim, lavanda e erva doce. Essas plantas eram oferecidas aos cães in natura ou em forma de infusão, assim além de sentirem novos cheiros e sabores, alguns ficavam mais calmos. Durante alguns momentos os cães brincavam com as PetBolhas®, que estimulavam a visão e o olfato. Social: durante o período em que ficavam na creche, os cães conviviam e brincavam com as funcionárias e com outros cães e assim era feita a socialização interespecífica e intraespecífica. O local apresenta uma recepção com loja (FIGURA 1), onde ocorre a venda de produtos para enriquecimento ambiental; área de acesso dos cães (FIGURA 2), onde ficam guardados os pertences dos animais e banheiros; local coberto para acomodação dos cães em dias de chuva (FIGURA 3); cozinha (FIGURA 4); área externa (FIGURA 5, 6 e 7) e pista para treino de Agility (FIGURA 8), totalizando 1500m2 de terreno. FIGURA 1 – Recepção e loja da Universicão, 2016 16 FIGURA 2 – Área de acesso dos cães e banheiro da Universicão, 2016 FIGURA 3 – Área coberta da Universicão para acomodação dos cães em dias de chuva, 2016 17 FIGURA 4 – Cozinha para uso das funcionárias da Universicão, 2016 FIGURA 5 – Área externa da Universicão contendo diferentes pisos (grama e pedras), 2016 18 FIGURA 6 – Área externa da Universicão contendo rampa para os cães, 2016 FIGURA 7 – Área externa com brinquedos, 2016 19 FIGURA 8 – Pista de agility da Universicão, 2016 20 3 CASUÍSTICA Durante o estágio curricular foi possível realizar o acompanhamento de 70 cães, sendo 69 frequentadores da creche e 1 acompanhado em atendimento em domicílio com ansiedade de separação. Os gráficos e tabelas a seguir mostram a relação entre o sexo, idade, frequência semanal na creche, alterações comportamentais e grupos raciais. TABELA 1 – Relação de cães machos e fêmeas observados durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão Sexo Quantidade de cães % Machos 27 39 Fêmeas 43 61 Total 70 100 Na tabela 2 verificamos a distribuição do número de cães por faixa etária, onde se observa que a maior frequência é de animais jovens (até os 5 anos de idade). Isso se deve ao fato de que os cães jovens possuem mais energia e consequentemente seus tutores sentem necessidade de leva-los até a creche para que essa energia não se acumule. TABELA 2 – Frequência de distribuição do número de cães de acordo com a faixa etária observada durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão Idade 0 a 1 ano 1 a 3 anos 3 a 5 anos 5 a 7 anos 7 a 9 anos Mais de 9 anos Total Quantidade de cães 20 23 16 7 3 1 70 % 29 33 23 10 4 1 100 21 GRÁFICO 1 – Frequência semanal dos cães na creche durante o estágio realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão Frequência semanal dos cães na creche 5 vezes/semana 4 vezes/semana 13 % 6% 3 vezes/semana 26% 2 vezes/semana 55% A seguir verifica-se a frequências de alterações comportamentais entre os cães observados. GRÁFICO 2 – Proporção de cães com alterações comportamentais observados durante o estágio realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão Proporção de cães observados com alterações de comportamento Com alteração de comportamento Sem alteração de comportamento 17% 83% 22 Do total de cães observados, 17% apresentavam alterações comportamentais, sendo a ansiedade de separação a mais prevalente, seguida respectivamente de medo excessivo, comportamentos compulsivos, ansiedade generalizada e depressão (TABELA 3). TABELA 3 – Relação das alterações comportamentais observadas durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão Alteração comportamental Ansiedade de separação Medo excessivo Comportamentos compulsivos Ansiedade generalizada Depressão Total Quantidade de cães acometidos 5 3 2 1 1 12 % 42 25 17 8 8 100 O gráfico 3 foi feito baseado na divisão de grupos raciais de cães da FCI (Federation Cynologique Internationale), que divide as raças em 10 grupos de acordo com suas aptidões funcionais e características físicas e psíquicas. No quadro a seguir será detalhado cada grupo, assim como quais cães observados durante o estágio pertencem a cada um. GRÁFICO 3 – Distribuição dos grupos raciais observados durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicãode acordo com a FCI Distribuição dos grupos raciais 24% 23% 13% 10% 7% 7% 3% 2% 7% 3% 1% Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 SRD 23 QUADRO 1 – Raças de cães observadas durante o estágio, divididas conforme os grupos raciais da FCI Grupo 1 – Pastores e boiadeiros, exceto suíços (Schipperke, Border collie, Welsh corgi pembroke) – Aptidão/Características proteger rebanhos Grupo 2 – Tipo pinscher, molossos, schnauzer e boiadeiros suíços (Bernese, Schnauzer, Bulldog inglês) Aptidão/Características – guarda e defesa Grupo 3 – Terriers (West highland white terrier, Jack russel terrier, Yorkshire terrier) Aptidão/Características – caçar em terra Grupo 4 – Dachshund (Dachshund) Aptidão/Características – caçar animais em tocas 24 Grupo 5 - Spitz, nórdicos e primitivos (Spitz alemão anão, Samoyeda) Aptidão/Características – pelagem dupla, comportamento semelhante ao dos lobos, resistentes aos frios e a longas caminhadas Grupo 6 – Farejadores (Beagle) Aptidão/Características – resistência física, olfato excelente e capacidade de perseguição Grupo 7 – Cães de aponte (Braco alemão) Aptidão/Características – auxiliar o caçador na atividade de caça com armas de fogo Grupo 8 - Retrievers, cães levantadores e de água (Labrador retriever, Golden retriever) Aptidão/Características – buscar a presa abatida e salvamento Grupo 9 – Cães de companhia (Bulldog francês, Maltês, Shi tzu, Pequinês) Aptidão/Características – companhia aos seres humanos fazer 25 Grupo 10 – Galgos (Whippet, Greyhound, Galgo italiano) Aptidão/Características – correr em altas velocidades 26 4 REVISÃO DE LITERATURA – COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS 4.1 DEFINIÇÃO Segundo Whitbourne e Halgin (2015), compulsão é um comportamento repetitivo e aparentemente intencional realizado em resposta a impulsos incontroláveis ou de acordo com um conjunto de regras ritualísticas ou estereotipadas. O comportamento estereotípico é definido como uma ação repetitiva que possui uma forma constante e não serve para nenhum propósito óbvio (MCKEOWN, LUESCHER e HALIP, 1992), em algumas situações, pode se tornar um distúrbio obsessivo-compulsivo (BEAVER, 2001). O termo estereotipia tem sido usado sem se referir a uma fisiopatologia, as estereotipias demonstradas principalmente em animais de cativeiro são tão numerosas e variadas sendo improvável que elas tenham a mesma causa, desenvolvimento, fisiologia ou função (LOW, 2003). As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados (PHILLIPS, 2014). Não se pode provar que a condição de obsessão de seres humanos se aplique igualmente aos cães, por isso para os animais denomina-se transtorno compulsivo e não transtorno obsessivo compulsivo (HEWSON e LUESCHER, 1996). Para que um comportamento seja considerado compulsivo deve interferir no funcionamento normal do animal, além disso, deve-se descartar outras causas fisiopatológicas do comportamento aberrante para que se possa confirmar o diagnóstico de um transtorno compulsivo (HORWITZ e NEILSON, 2008). Tynes e Sinn (2014) demonstram a relação entre as estereotipias, distúrbios compulsivos e comportamentos estereotipados que podem aparecer dentro de um intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos. Na figura 9 é possível ver a relação entre estereotipias, comportamento estereotípico e transtorno compulsivo, dentro de um intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos. Cem por cento das estereotipias e dos transtornos compulsivos são considerados comportamentos anormais e aproximadamente 50% deles estão relacionados com um problema clínico. Em alguns casos os comportamentos estereotípicos não são considerados anormais, porém toda estereotipia e quase todo o transtorno compulsivo são caracterizados pelo comportamento estereotípico. 27 FIGURA 9 - Relação entre estereotipias, distúrbios compulsivos e comportamentos estereotipados que podem surgir dentro de um intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos FONTE: Adaptado de Mills e Luescher, 2006 4.2 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DO COMPORTAMENTO COMPULSIVO A fisiopatologia dos transtornos compulsivos ainda não é totalmente compreendida, porém sabe-se que neuroquímicos como as beta-endorfinas, serotonina e dopamina estão envolvidos, além do fator genético (HORWITZ e NEILSON, 2008). Populações geneticamente isoladas de raças de cães possuem altas taxas de transtornos compulsivos, incluindo o Doberman Pinscher, Bull Terrier e Pastor Alemão. As altas taxas de doenças e a limitada diversidade genética de raças de cães, sugerem que os transtornos compulsivos nessas populações, enquanto multigenéticos, podem ser menos complexos do que em humanos, facilitando o mapeamento genético e o teste de variantes associadas (TANG et al., 2014) 28 TANG et al. (2014) , estudando a sequência de genes, encontraram 4 genes envolvidos na plasticidade sináptica: neuronal-cadherin (CDH2), catenin alpha2 (CTNNA2), ataxin-1 (ATXN1) e plasma glutamate carboxypeptidase (PGCP). Três dos quatro genes (CDH2, ATXN1 e PGCP) foram associados ao transtorno compulsivo em Doberman Pinscher. Grandes doses de medicamentos dopaminérgicos, como anfetaminas ou apomorfinas, induzem ao comportamento estereotipado em animais. O papel das beta-endorfinas no desenvolvimento do comportamento compulsivo não é conhecido, mas sugere-se que ela tenha um papel significativo apenas nas fases iniciais da doença (KENNES et al., 1988). As convulsões psicomotoras ocorrem raramente em cães, porém podem se manifestar como anormalidades comportamentais paroxísticas e estereotipadas, como raiva, hiperestesia, correr atrás da cauda e caçar moscas imaginárias (NELSON e COUTO, 2001). Os transtornos compulsivos também podem ser causados por motivos ambientais que causem frustração, conflito e estresse como nunca sair do local que reside para passear ou se exercitar, não interagir com pessoas ou animais que não esteja acostumado a conviver diariamente, estar em conflito com outro cão e apresentar ansiedade de separação (LUESCHER, 2003). A seguir pode-se observar a predisposição racial relacionada a comportamentos compulsivos, segundo Horwitz e Neilson (2008): Bull terriers: rodopiar, perseguir a cauda, ficar estático Pastores alemães: rodopiar e perseguir a cauda Dogues alemães e pointers alemães de pelo curto: automutilação, comportamento motor estereotipado (correr ao longo de cercas) e alucinações Dálmatas, rottweilers e pastores alemães: alucinações Dobermans: sugar o flanco Border collies: ficar olhando sombras Australian cattle dogs: perseguir cauda Schnauzer miniaturas: ficar cheirando o ânus Cães de raças de porte grande: granuloma acral por lambedura 29 4.3 DESENVOLVIMENTO DOS COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS Os comportamentos compulsivos normalmente são exibidos pela primeira vez em uma situação de conflito agudo, e conforme essa situação se intensifica e fica mais frequente, o limiar de excitação necessário para provocar o comportamento compulsivo diminui e o mesmo se torna cada vez mais frequente (MOON-FANELLI e DODMAN, 1998). 4.4 TIPOS DE COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS Os comportamentos compulsivos podem ser divididos em cinco categorias, como mostra o quadro 2, sendo elas: locomoção, oral, vocalização, alucinatório e agressivo (HORWITZ e NEILSON, 2008) QUADRO 2 – Exemplos de comportamentos compulsivos Locomoção Rodopiar, perseguir a cauda, andar de um lado para o outro, perseguir reflexos de luz, imobilidade, partidas súbitas, agitação repentina, tremelicar a pele (hiperestesia felina) Oral Morder e lamber patas, lamber o ar ou o focinho, sugar o flanco, mastigar e lamber objetos, polifagia, polidipsia, apetite depravado, abocanhar moscas Vocalização Latir repetidamente, uivar persistentemente Alucinatório Evitar objetos imaginários, perseguir sombras e luzes Agressivo Agressão autodirigida (rosnar para cauda e morde-la), atacar objetos inanimados FONTE: Luescher (2000) 30 Os principais tipos de comportamentos compulsivos serão descritos a seguir. 4.4.1 Abocanhar moscas Abocanhar moscas é um comportamento em que os cães parecem estar vendo alguma coisa e tentando pega-la no ar (REISNER, 1991). Esse comportamento é realizado pelos seguintes motivos: busca de atenção, transtorno compulsivo, doenças metabólicas como encefalopatia hepática, intoxicações, “corpos flutuantes” oculares como debris no humor vítreo do olho ou convulsão parcial que acomete principalmente cães da raça schnauzers e king charles spaniels (HORWITZ e NEILSON, 2008). Não há predisposição por sexo, porém é mais comum em raças para guarda, com motivação e com foco de atenção intensos, como rottweilers, pastores-alemães e dálmatas. A média de idade para o surgimento do comportamento é dos 12 aos 36 meses, ou seja, na época da maturidade sexual (HORWITZ e NEILSON, 2008). Quando o comportamento se inicia, é importante observar se há deflagradores e imediatamente iniciar a dessensibilização a eles, realizando um treinamento com reforço positivo e desviando a atenção do animal para outra coisa (OVERALL, 1997). 4.4.2 Perseguir a cauda Perseguir a cauda é o comportamento em que o animal gira em círculos, aparentemente tentando pegar a cauda (FIGURA 10). Algumas vezes, os animais fazem contato com suas caudas e as ferem, enquanto outros realizam apenas a sequência de repetição (HORWITZ e NEILSON, 2008). FIGURA 10 – Cão perseguindo a cauda FONTE: http://www.doglistener.co.uk/obsessive-compulsive-disorders-dogs 31 Esse comportamento se tornou um problema significativo nos cães da raça bull terrier e sugere-se uma possível relação com a cor branca nessa raça (BEAVER, 2001). Estudos sobre a perseguição da cauda demonstraram que a idade para o início do comportamento ocorre antes da maturidade sexual, ou pelo menos durante o primeiro ano de vida do cão (TYNES e SINN, 2014). A perseguição da cauda normalmente não tem causas orgânicas como um tumor cerebral ou irritação local e nem é feito com o objetivo de buscar atenção. Muitos cães exibem esse comportamento quando são separados de seus donos e quando estão totalmente engajados no comportamento, dificilmente respondem a qualquer forma de interrupção ou comando, podendo até ter reações agressivas (MONNFANELLI et al., 2011). Segundo Nelson e Couto (2001), o cão que corre atrás da cauda pode estar manifestando esse comportamento devido a uma convulsão psicomotora, porém para se realizar o diagnóstico diferencial é necessária a realização de exames eletrodiagnosticos durante a mudança comportamental. Estudos que incluíram a observação de temperamentos dos cães concluíram que em alguns casos, cães que perseguem a própria cauda são mais ativos e agitados e em outros são mais tímidos e medrosos (MOON-FANELLI e DODMAN, 1998). 4.4.3 Apetite depravado e coprofagia O apetite depravado é a ânsia por comer itens não alimentícios como, brinquedos, sujeiras, plantas domésticas, panos, pedras, etc. Antes de diagnosticar o animal é importante observar se os objetos ingeridos não estão recobertos por atrativos alimentares ou se a ingestão não ocorre como consequência da mastigação destrutiva, além disso deve-se também excluir a polifagia causada por problemas clínicos (BEAVER, 2001). Animais jovens, curiosos e que gastam pouca energia tem mais chances de apresentarem o apetite depravado, além disso cães que roubam objetos podem ingerilos no momento em que tentam tira-los dele (HORWITZ e NEILSON, 2008). Esse comportamento pode trazer complicações graves como irritações, obstruções e perfurações no trato gastrointestinal, além do traumatismo dentário (BIRCHARD e SHERDING, 1998). 32 Animais que ingerem corpos estranhos podem apresentar vômito, engasgo, letargia, anorexia, sialorreia, regurgitação, inquietação, disfagia e tentativa persistente de deglutição (TILLEY e SMITH JR., 2008) É importante que os tutores desses animais ensinem o comando “solta” para evitar que quando for flagrado com um objeto, engula o mesmo, além disso deve-se criar oportunidades adequadas de brincadeira, exploração e exercício (HORWITZ e NEILSON, 2008). Apesar de ser ofensiva para os seres humanos, a coprofagia raramente é causada por um transtorno compulsivo, nas situações a seguir é normal que o cão ingira as fezes: estimulação anogenital da mãe no filhote, comportamento exploratório e preferência dietética (cheiro, sabor e textura), principalmente relacionada ao material fecal de gatos. Porém é importante se atentar a problemas que podem estar levando o cão a fazer isso, como deficiência nutricional, busca de atenção, ansiedade e transtorno compulsivo (HORWITZ e NEILSON, 2008). 4.4.4 Dermatite acral por lambedura A dermatite acral por lambedura é caracterizada por placas firmes, elevadas e ulceradas, normalmente localizadas nos membros, nas áreas do carpo e metacarpo (FIGURA 11) (HORWITZ e NEILSON, 2008) FIGURA 11 – Dermatite acral por lambedura FONTE: http://www.doglistener.co.uk/obsessive-compulsive-disorders-dogs 33 Os fatores emocionais são extremamente significativos em casos de doenças de pele e por isso nunca deve ser ignorado no momento do tratamento (SCOTT et al., 2001). Ferimentos pré-existentes ou uma dor localizada, em muitos casos, podem ser a razão inicial da atenção do cão ter sido concentrada nessa área (OVERALL, 1997), dermatites alérgicas, endocrinopatias, neoplasias e ansiedade de separação também podem ser a causa inicial ou fator estimulante para o desenvolvimento dessa dermatite (HORWITZ e NEISON, 2008). A lambedura excessiva resulta na liberação de endorfina, fazendo com que o animal se sinta bem e ao mesmo tempo diminuindo sua sensação de dor, o que induz o animal a lamber cada vez mais (SCOTT et al., 2001). O colar elizabetano é recomendado como tratamento a curto prazo para permitir a cicatrização, a longo prazo deve-se oferecer exercícios físicos, estimulação com brinquedos, evitar punir ou dar atenção ao animal quando ele estiver se lambendo e remover e dessensibilizar o cão para os fatores deflagradores (HORWITZ e NEILSON, 2008). 4.4.5 Perseguir sombras e luzes Alguns cães focam-se e perseguem sombras e luzes, eles podem apenas fixar o olhar na sombra ou perseguir as que estão em movimento (HORWITZ e NEILSON, 2008) Segundo as autoras citadas, esse comportamento pode acontecer em resposta ao confinamento, estresse, ansiedade, frustração e estímulo do tutor que faz brincadeiras que incentivam o cão a perseguir as luzes e sombras ou encoraja o cão dando atenção a ele no momento em que demonstra o comportamento. Segundo Landsberg, Hunthausen e Ackerman (2013), a associação do manejo comportamental e medicação pode ser necessária, sendo assim, é importante remover os fatores desencadeantes e não dar atenção direta quando o animal estiver apresentando esse tipo de comportamento. 4.4.6 Sugar o flanco A sucção de flanco é um comportamento em que os cães se dobram de lado, agarram uma porção do flanco na boca e sugam ou lambem a área (HORWITZ e 34 NEILSON, 2008), esse comportamento é observado quase que exclusivamente em cães da raça dobermann pinscher (HOUPT, 1991). FIGURA 12 – Cão da raça doberman pinscher realizando o comportamento de sucção de flanco FONTE: http://www.nytimes.com/2010/01/19/science/19dogs.html?_r=0 Embora os pelos dos cães fiquem molhados após o comportamento, geralmente não ocorre nenhum dano a pele ou para a condição geral do animal (HART, 1977). Como a sucção de flanco é observada principalmente em dobermanns pinscher, há uma forte suspeita de que o fator genético seja um importante fator que desencadeie esse comportamento, além disso o estresse, a frustração e um ambiente empobrecido também podem contribuir. O comportamento pode se intensificar se existirem transtornos concomitantes como a ansiedade de separação e se o proprietário reforça o comportamento dando atenção ao cão no momento da sucção (HORWITZ e NEILSON, 2008). Normalmente a prática de atividades físicas e uma rotina rígida são suficientes para controlar o comportamento, alguns proprietários confinam os cães em caixas de transporte com o objetivo de controlar fisicamente a sucção, porém quando o 35 problema está se iniciando é mais indicado que se faça o controle através de drogas ansiolíticas. Para um controle de longa duração os fatores ambientais geram melhores resultados do que a terapia medicamentosa (BEAVER, 2001). 4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Nem sempre os comportamentos classificados como compulsivos são causados pelo transtorno compulsivo, eles podem ser consequências de problemas médicos, principalmente neurológicos e dermatológicos (LUESCHER, 2003). Segundo Horwitz e Neilson (2008) os seguintes fatores podem levar os cães a apresentarem comportamentos classificados como compulsivos: Resposta comportamental normal durante uma situação aguda de conflito Comportamento de busca de atenção Convulsões Lesões centrais cerebrais Neuropatias sensoriais Doenças infecciosas Doenças metabólicas Exposição a substâncias tóxicas Doença dermatológica Traumatismo Doença degenerativa A convulsão é a manifestação física da sincronia anormal das descargas elétricas cerebrais, elas podem ser classificadas em generalizada e parcial. Na convulsão generalizada ocorre a perda da consciência, atividade motora involuntária de todo o corpo e sinais autonômicos como salivação, micção e defecação, já a convulsão parcial pode ocorrer com ou sem alteração da consciência (FITZMAURICE, 2011). As convulsões parciais podem ser simples ou complexas, sendo a simples sem alterações na consciência e a complexa com alterações na consciência. As convulsões focais complexas também podem ser chamadas de psicomotoras (FENNER, 1998) 36 Segundo Fitzmaurice (2011) as convulsões podem ter as seguintes causas: Causas extracranianas: hipoglicemia, desvio portossistêmico, hiperosmolaridade, síndrome da hiperviscosidade e intoxicações Causas intracranianas: interrupção física do tecido cerebral, inflamação, malformação, degeneração, trauma, hemorragia/isquemia, tumor, transtornos em nível celular que alteram os impulsos elétricos e epilepsia idiopática. Segundo Lorenz e Kornegay (2006) cães que apresentam convulsões antes de completar um ano, tem as seguintes causas principais: Doenças do desenvolvimento: hidrocefalia Doenças infecciosas: cinomose Doenças metabólica: hipoglicemia, encefalopatia hepática, hipoglicemia Intoxicações: chumbo, organofosforados, hidrocarbonetos clorados Traumas agudos Degenerativa: doenças e armazenamento Nutricional: parasitismo 4.6 DIAGNÓSTICO Para diagnosticar um transtorno compulsivo é preciso que todas as causas médicas que possam levar ao comportamento sejam excluídas, como por exemplo: sinais neurológicos podem ser consequência de convulsões focais, lesões auto traumáticas de alergias alimentares e o apetite depravado pode ser causado por doenças gastrointestinais (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013) Os seguintes métodos podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico: solicitar uma filmagem do comportamento, exames físicos e neurológicos completos, hemograma, perfil bioquímico, avaliação tireoidiana e urinálise (HORWITZ e NEILSON, 2008) apesar disso, não existem critérios claros para identificar uma desordem compulsiva, o diagnóstico deve ser feito por exclusão (TYNES e SINN, 2014). Também é importante levar em consideração o histórico do animal como a idade de início do comportamento, idade atual, tipo de alimentação, local onde o animal vive, nível de atividade, interação com o dono e temperamento (LUESCHER, 2003). 37 4.7 TRATAMENTO O tratamento consiste basicamente na modificação do ambiente e em alguns casos na intervenção farmacológica (LUESCHER, 2000). Segundo Horwits e Neilson (2008), os feromônios e a homeopatia também podem ser úteis no tratamento. 4.7.1 Manejo comportamental A primeira tentativa de tratamento para um transtorno compulsivo é tentar eliminar o que causa estresse, conflito e frustração no cão, se a causa de estresse não pode ser eliminada, deve-se dessensibilizar o animal para essa situação (LUESCHER, 2003). Para dessensibilizar o animal, deve-se ensiná-lo a relaxar frente a novidades em seu ambiente e praticar adestramento, que deve ser realizado de forma coerente entre o cão e sua família, além disso o cão precisa praticar exercícios físicos para que tenha um gasto de energia significante, o proprietário também deve procurar formas de distrair o animal no momento em que está demonstrando o comportamento, mas isso deve ser feito cuidadosamente, de preferência sem interação, para que o cão não relacione a atenção do dono com o comportamento (TELHADO et al., 2004). 4.7.2 Tratamento medicamentoso Em muitos casos a terapia medicamentosa torna-se necessária, principalmente em casos que se iniciaram a muito tempo (LUESCHER, 2000), porém ela é um desafio já que ainda não se sabe se todos os comportamentos compulsivos compartilham a mesma neurofisiologia e quais neurotransmissores devem ser afetados pelo tratamento (TYNES e SINN, 2014). 4.7.2.1 Antidepressivos tricíclicos Os antidepressivos tricíclicos bloqueiam a captação das aminas (noradrenalina e serotonina), pelas terminações nervosas, provavelmente por competição pelo transportador que forma parte desse sistema de transporte de membrana. Eles são representados pela amitriptilina, imipramina e clomipramina (ANDRADE, 2008). Os efeitos colaterais são aumento da frequência cardíaca, hipotensão ortostática, midríase, boca seca, redução da produção de lágrimas, retenção urinária e constipação (ANDRADE, 2008). 38 O uso de ATC é contraindicado em cães com doença hepática, histórico de convulsões, problemas cardiovasculares, hipertireoidismo, diabetes mellitus e que utilizem medicamentos como inibidores da monoaminoxidase (MAO) ou medicamentos para tireóide (LUESCHER, 2003). 4.7.2.2 Inibidores seletivos da receptação de serotonina Os ISRS aumentam a quantidade de serotonina no SNC por bloqueio da receptação neuronal pré-sináptica (ADAMS, 2013). Os fármacos mais utilizados desse grupo são a fluoxetina e a paroxetina (ANDRADE, 2008) e seus efeitos colaterais são: sedação, aumento da ansiedade, anorexia e possivelmente a redução do limiar convulsivo (LUESCHER, 2003). O uso desses medicamentos é contraindicado em animais que façam tratamento com MAO e que tenham diabetes mellitus (LUESCHER, 2003). 4.7.2.3 Outros medicamentos Além dos medicamentos citados a cima, podem ser utilizados inibidores da monoaminoxidase (Selegilina) (ANDRADE, 2008), antagonistas opióides (Neltrexona) (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013) e ansiolíticos (Diazepam) (ANDRADE, 2008). No quadro a seguir serão detalhadas as classes, doses, vias de administração e intervalo entre cada administração dos medicamentos citado para o tratamento dos comportamentos compulsivos: 39 QUADRO 3 – Classes, doses, vias de administração e intervalo de administração dos medicamentos utilizados no tratamento dos comportamentos compulsivos MEDICAMENTO Amitriptilina CLASSE ATC DOSE 1 - VIA INTERVALO 4,4 VO SID ou BID 4,4 VO SID ou BID mg/Kg Imipramina ATC 2,2 – mg/Kg Clomipramina ATC 1 – 3 mg/Kg VO SID ou BID Fluoxetina ISRS 1 mg/Kg VO SID ou BID Paroxetina ISRS 1 mg/Kg VO SID Selegilina Inibidor de MAO 0,5 – 1 VO SID mg/Kg Neltrexona Antagonista 1 – 4 mg/Kg VO SID ou BID 1 VO TID ou QID opióide Diazepam Ansiolítico 0,25 – (benzodiazepínico) mg/Kg Fonte: Andrade (2008); Adams (2013); Landsberg, Hunthausen e Ackerman (2013) 4.7.3 Feromônios Os feromônios são compostos químicos naturais que tem um papel fundamental na comunicação intraespecífica e sua percepção é feita no órgão vomeronasal (PEREIRA e PEREIRA, 2013). O DAP® (Dog Appeasing Pheromone®) é um feromônio sintético que tem o efeito de apaziguar o cão (PAGEAT e GAULTIER, 2003). No site do DAP®, o feromônio pode ser encontrado para venda nas seguintes formas: difusor elétrico, coleira e spray. 4.7.4 Homeopatia A homeopatia prioriza o tratamento de cada organismo como único, sendo assim, o médico veterinário homeopata deve individualizar o paciente, procurando curar o doente e não a patologia propriamente dita (SOUZA, 2002). Normalmente quando o tutor vai a procura de um tratamento homeopático para o seu animal, o faz para resolver problemas crônicos como dermatites, otites resistentes a antibióticos e convulsões e por ter esgotado todos os recursos em 40 alopatia. Na maioria das vezes, os casos de problemas comportamentais encaminhados para tratamento homeopático resultam em sucesso (SOUZA, 2002). 4.8 PROGNÓSTICO Uma vez que existe uma variedade de comportamentos compulsivos com diferentes graus de intensidade, o prognóstico é variável (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013). Se o comportamento é causado por um problema orgânico tratável e o tutor souber lidar de forma adequada com o problema, o prognóstico é bom, quando não houver um problema orgânico relacionado a manifestação do comportamento, o tratamento adequado pode levar tempo e exigir mais esforço pois é preciso encontrar a melhor combinação de terapia comportamental e medicamentosa para poder controlar o problema de forma eficaz, especialmente quando fatores genéticos estão envolvidos (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013). 41 5 RELATO DE CASO Sasha, cão, fêmea, Border Collie, 6 meses, 12 Kg, não castrada, animal foi levado a creche com o objetivo de gastar energia e quando chegou já apresentava a cauda com falhas de pelo (FIGURA 13). Após duas semanas frequentando a creche, o animal começou a apresentar o comportamento de abocanhar moscas imaginárias, na terceira semana ficou hospedada em um hotel para cães e foi relatado pela proprietária do hotel que a Sasha apresentou o comportamento de perseguir e abocanhar cauda. Depois da hospedagem o animal voltou a frequentar a creche e apresentou o mesmo comportamento de perseguir e abocanhar a cauda (FIGURA 14). Apesar do cão ter apresentado as falhas de pelo na cauda já no primeiro dia de creche, o proprietário relatou que nunca havia observado nenhum desses comportamentos em casa. O comportamento de perseguir e abocanhar a cauda se intensificou, não sendo possível concluir qual era o fator desencadeante e devido ao agravamento do quadro foi colocado em questão a possibilidade do cão não frequentar mais a creche, pois poderia estar sendo prejudicial a ele. Foram sugeridos 30 dias de creche para verificação da progressão ou não dos comportamentos e foi indicado que o animal fosse levado a um neurologista. Durante esse período foram realizados os seguintes tipos de enriquecimento ambiental: Alimentar: fornecimento de alimento em garrafa pet (FIGURA 15) e PetBall® (FIGURA 16) Cognitivo: fornecimento de ração em tabuleiro de quebra-cabeça da marca PetGames® (FIGURA 17) e aulas de agility uma vez por semana (FIGURA 18) Físico: brincadeiras na piscina (FIGURA 19) Social: convivência e brincadeiras com outros cães (FIGURA 20) Após a terceira semana de aplicação de enriquecimento ambiental foi observada a redução dos comportamentos. O tutor não teve interesse em consultar um médico veterinário neurologista. Durante a execução desse trabalho com a paciente, também foi notado que o cão estava mais integrado com os funcionários e ambiente da creche e interagindo muito mais com os outros cães. 42 Na última semana de execução do estágio curricular, a paciente ficou novamente hospedada em um hotel para cães e quando retornou à creche foi observado que os comportamentos haviam se intensificado novamente, porém, conforme os enriquecimentos ambientais iam sendo aplicados novamente, os comportamentos regrediram. Também foi iniciado um treino de obediência que resultou na cessação total dos comportamentos. Atualmente a paciente não apresenta mais nenhum tipo de alteração comportamental e os pelos da cauda estão crescendo novamente. FIGURA 13 - Alopecia na cauda de cão da raça border collie FIGURA 14 – Cão da raça border collie perseguindo e abocanhando a cauda 43 FIGURA 15 – Fornecimento de ração em garrafa pet para cão da raça border collie FIGURA 16 – Cão da raça border colle recebendo alimentação através da PetBall® 44 FIGURA 17 – Cão da raça border collie se alimentando através do quebra cabeça da marca PetGames® FIGURA 18 – Cão da raça border collie praticando agility 45 FIGURA 19 – Cão da raça border collie brincando na piscina FIGURA 20 – Cão da raça border collie brincando com outros cães 46 6 DISCUSSÃO Durante o período de estágio foi possível observar diversas alterações comportamentais, dentre elas dois cães com comportamentos compulsivos, sendo o caso citado o mais expressivo. Segundo Horwitz e Neilson (2008) os comportamentos compulsivos começam a ser demonstrados em cães com idade entre 12 e 36 meses, porém, segundo Tynes e Sinn (2014), o comportamento de perseguir e abocanhar a cauda surge antes da maturidade sexual ou pelo menos no primeiro ano de vida do cão, fato que pode ser observado no relato, já que a paciente tinha apenas 6 meses quando iniciou o comportamento. A perseguição e abocanhamento da cauda é um comportamento que atinge principalmente cães da raça bull terrier de cor branca (BEAVER, 2001). Além do bull terrier, Horwitz e Neilson (2008) citam o staffordshire bull terrier, pastor alemão e australian cattle dog como raças com alta prevalência de perseguição de cauda, o cão do caso relatado é da raça border collie, portanto não condiz com as raças citadas na literatura. A fisiopatologia dos distúrbios compulsivos ainda não foi completamente compreendida, mas o uso de medicamentos dopaminérgicos como as anfetaminas e apomorfinas podem induzir a esse comportamento (LUESCHER, 2003). A paciente não estava em tratamento com nenhum medicamento quando apareceram os primeiros comportamentos compulsivos. A perseguição e o abocanhamento da cauda, podem ser consequência de um estresse causado por conflito com outros cães e ansiedade de separação (LUESCHER, 2003). Essas são causas muito possíveis para o desencadeamento do comportamento no cão relatado, já que durante o período em que ficava na creche ou ficava hospedada no hotel, ela convivia com muitos cães e ficava separada da família, além disso o fato de ela não apresentar esse comportamento na presença dos tutores reforça a hipótese. Segundo Nelson e Couto (2001), a perseguição da cauda pode ser causada por uma convulsão psicomotora e para que se confirme esse fato é necessária uma consulta com o neurologista e exames como testes eletrodignósticos. O cão citado teve a indicação de consultar um neurologista, contudo seus tutores ainda não o encaminharam, além disso, pelo fato de o cão ser um filhote existem algumas causas 47 principais que podem resultar em uma convulsão, como a hidrocefalia e a cinomose (LORENZ e KORNEGAY, 2006), porém a paciente não apresentava sinais clínicos de nenhuma dessas patologias. O diagnóstico de um transtorno compulsivo deve ser feito por exclusão (TYNES e SINN, 2014) e para isso é preciso que todas as causas médicas sejam excluídas, como por exemplo: sinais neurológicos podem ser consequência de convulsões focais, lesões auto traumáticas de alergias alimentares e o apetite depravado pode ser causado por doenças gastrointestinais (LANDSBERG, HUNTHASEN e ACKERMAN, 2013). O comportamento de perseguir e abocanhar a cauda, apresentado pela paciente relatada, pode ter como causa a convulsão focal, porém para se realizar o diagnóstico seriam necessários exames eletrodiagnósticos durante a mudança comportamental (NELSON e COUTO, 2001). Para auxiliar o diagnóstico, podem ser utilizados os seguintes métodos: filmar o comportamento, exames físicos e neurológicos completos, hemograma, perfil bioquímico, avaliação tireoidiana e urinálise (HORWITZ e NEILSON, 2008). Os tutores da paciente, até o momento não a levaram para nenhum médico veterinário que possa descartar um problema neurológico. Após constatar que o animal realmente apresenta os comportamentos compulsivos devido a um transtorno compulsivo, o tratamento consiste na modificação do ambiente e em alguns casos na intervenção farmacológica (LUESCHER, 2000). Com a paciente citada não foi realizado nenhum tipo de tratamento medicamentoso pois o proprietário não levou em consideração levar o cão para um médico veterinário que pudesse descartar causas orgânicas, devido a isso foi possível realizar apenas o manejo comportamental durante o período em que o animal ficava na creche e assim foi obtida uma resposta positiva. Nesse caso também seria importante realizar a filmagem do animal no momento em que está em casa sem seus tutores e se através da filmagem for constatado que o animal realiza a perseguição e abocanhamento de cauda, deve-se realizar o manejo no ambiente do animal em casa. O prognóstico dos comportamentos compulsivos é variável devido a sua variedade e diferentes graus de intensidade, além disso se existe um problema orgânico tratável, o prognóstico torna-se bom (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013), já que o problema tende a desaparecer se a causa for tratada. No caso da paciente relatada, não foi possível descartar uma causa orgânica até o presente momento, porém foi observada uma melhora significativa apenas com o 48 manejo comportamental e regressão da melhora quando esse manejo foi interrompido. 49 7 CONCLUSÃO Os comportamentos compulsivos interferem negativamente na qualidade de vida dos cães, por isso é muito importante que o fator desencadeante seja descoberto o quanto antes para que o tratamento seja mais fácil e o prognóstico melhor. Devido ao fato de não se conhecer totalmente a fisiopatologia dos transtornos compulsivos, é necessário que se realizam mais estudos. No caso apresentado não foi possível confirmar se havia um fator ambiental que desencadeava os comportamentos no cão, porém, as situações em que a paciente demonstrava a perseguição e abocanhamento de cauda eram compatíveis com a ausência do dono e com a presença de outros cães, o que pode indicar que o fato de se separar do tutor ou observar outros cães deixe a cadela estressada, resultando na manifestação do comportamento compulsivo. Também é possível que esse comportamento seja causado por uma convulsão, mas isso só pode ser confirmado se ela for encaminhada a um neurologista. A paciente demonstrou uma melhora significativa com o manejo comportamental que foi realizado durante o estágio, porém quando passava longos períodos na ausência do dono, voltava a perseguir e abocanhar a cauda com frequência e intensidade elevada. Esse fato reforça significativamente a suspeita de que os comportamentos compulsivos do cão relatado eram desencadeados pela separação do tutor. 50 REFERÊNCIAS ADAMS, H. R.; Farmacologia e terapêutica em veterinária. Tradução de Cid Figueiredo. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam, 2013, p. 321-325 ANDRADE, S. F.; Manual de terapêutica veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2008, p. 488-490 BEAVER, B. V. Comportamento canino: um guia para veterinários. Tradução de Dr. Paulo Marcos Agria de Oliveira.1. Ed. São Paulo: Roca, 2001, p. 101-414. BIRCHARD, S. J. & SHERDING, R. G. Distúrbios gastrointestinais. In: Manual Saunders – Clinica de Pequenos Animais. 1 ed. São Paulo: Roca, 1998, p. 740759. Dog Appeasing Pheromone – Where to buy DAP. Disponível em: http://dapdiffuser.com/buy.html. Acesso em 22 de abril de 2016. FARACO, C. B.; LANTZMAN, M. Fundamentos do comportamento canino e felino: Relação entre humanos e animais de companhia. 1. ed. São Paulo: MedVet, 2013. p. 1. Federation Cynologique Internationale – FCI breeds nomenclature. Disponível em: http://www.fci.be/en/Nomenclature/Default.aspx. Acesso em 5 de abril de 2016. FENNER, W. R.; Manual Saunders: clínica de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: Rcca, 1998, p. 1283. FITZMAURICE, N. S.; Neurologia em pequenos animais.1. ed. Rio de Janeiro: Alsevier, 2011. P. 91. HART, B. L. Three disturbing behavioral disorders in dogs: idiopatic viciousness, hyperkinesis and flank sucking. Canine Pract, v. 4, n. 6, p. 10, 1977 HEWSON, C. J.; LUESCHER, U. A. Compulsive disorder in dogs. Readings in Companion Animal Behaviour. Veterinary Learning Systems, Trenton, NJ, p. 153-158, 1996. 51 HORWITZ. D. F; NEILSON. J. C. Comportamento canino e felino. Tradução de João Sérgio C. De Azevedo. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 15 – 566. HOUPT, K. A. Feeding and drinking behavior problems. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 21, n. 2, p. 281-298, 1991. LUNA, S. P. L. “Humanização “dos cães deve ser evitada. Disponível em: http://www.petrede.com.br/animais/humanizacao-dos-animais-deve-ser-evitada/. Acesso em: 5 de maio de 2016. KENNES, D. et al. Changes in naloxone and haloperidol effects during the development of captivity-induced jumping stereotypy in bank voles. European journal of pharmacology, v. 153, n. 1, p. 19-24, 1988. LANDSBERG, G., HUNTHAUSEN, W., ACKERMAN, L. Behavior Problems of the dog and cat. 3 .ed. Elsevier, 2013. p. 166-171. LORENZ, M. D.; KORNEGAY, N. J. Neurologia veterinária. Tradução de Dra. Dabiana Buassaly. 4. ed. São Paulo: Manole, 2006. P. 329. LOW, M. Stereotypies and behavioural medicine; confusions in current thinking. Australian Veterinary Journal. v. 81, n. 4, p. 192-198, 2003. LUESCHER, A. Compulsive behavior in companion animals. Recent advances in companion animal behavior problems. Edited by Houpt KA: International Veterinary Information Service. Available at: www. IVIS. org. Accessed December, v. 20, p. 2007, 2000. LUESCHER A. U. Diagnosis and management of compulsive disorders in dogs and cats. Clinical Techniques in Small Animal Practice, 2003 V. 33, p. 253-267, 2003. MCKEOWN, D. B.; LUESCHER, A. U.; HALIP, J. Stereotypies in companion animals and obsessive-compulsive disorder. Behavioral Problems in Small Animals; Purina Speciality Review. Ralston Purina Company, p. 30-35, 1992. MILLS, D. S.; LUESCHER, A. U. Veterinary and pharmacological approaches to abnormal repetitive behaviour In: Mason G, Rushen J, editors. Stereotypic animal behaviour: fundamentals and applications to welfare. 2nd edition. Wallingford (WA): CABI; 2006. p. 294–5. 52 MOON-FANELLI, A. A.; DODMAN, N. H. Description and development of compulsive tail chasing in terriers and response to clomipramine treatment.Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 212, n. 8, p. 1252-1257, 1998. MOON-FANELLI, A. A. et al. Characteristics of compulsive tail chasing and associated risk factors in Bull Terriers. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 238, n. 7, p. 883-889, 2011. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam, 2001. 773-774 p. OVERALL, K. L. Clinical Behavioral Medicine for Small Animals. 1. ed. St Louis: Mosby, 1997. p. 209 – 250. PAGEAT, P.; GAULTIER, E. Current research in canine and feline pheromones. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 33, n. 2, p. 187-211, 2003. PEREIRA, G.D.G.; PEREIRA J. T. Fundamentos do comportamento canino e felino: Comportamento social dos gatos. 1. ed. São Paulo: MedVet, 2013. p.159160 PHILLIPS, K. A. et al. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p 237. REISNER, I. The pathophysiologic basis of behavior problems.Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 21, n. 2, p. 207-224, 1991. SCOTT, D. W.; MILLER, H. W.; GRIFFIN, C. E. Small Animal Dermatology. 6. ed: Saunders, 2001 p. 1055-1066. SOUZA, M. F. A. Homeopatia veterinária. In: conferência virtual global sobre produção orgânica de bovinos de corte. 2002. 53 TANG, R. et al. Candidate genes and functional noncoding variants identified in a canine model of obsessive-compulsive disorder. Genome biology, v. 15, n. 3, p. 115, 2014. TELHADO,J.; DIELE,C.A.; SOUZA,M.A.F.; DE MAGALHÃES, L.M.V.; CAMPOS, F.V. Dois casos de Transtorno Compulsivo em cão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.11, n.1, p. 146-152. 2004. TILLEY, L. P; SMITH JR., F. W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos. Espécies Canina e Felina. 3ª Ed. Editora Manole ltda. São Paulo. 2008. p 294-295. TYNES, V. V.; SINN, L. Abnormal Repetitive Behaviors in Dogs and Cats: A Guide for Practitioners. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 44, n. 3, p. 543-564, 2014. WHITBOURNE, S. K.; HALGIN R. P. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos psicológicos. Tradução de Maria Cristina G. Monteiro. 7.ed. Porto Alegre: Amgh, 2015, p. 199.