comportamentos compulsivos em caes - TCC On-line

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL
COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES
CURITIBA
2016
1
BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL
COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito
parcial para obtenção de título de graduação.
Orientadora
Prof. Dra. Maria Aparecida de Alcântara
CURITIBA
2016
2
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
REITOR
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Carlos Eduardo Rangel Santos
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva
DIRETOR DE GRADUAÇÃO
Prof. Dr. João Henrique Faryniuk
COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Prof. Dr. Welington Hartmann
COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR
Prof. Dr. Welington Hartmann
3
TERMO DE APROVAÇÃO
BIANCA RIBEIRO TERÇARIOL
COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS EM CÃES
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título
de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina Veterinária
da Universidade Tuiuti do Paraná
Curitiba, 22 de junho de 2016
Professora Orientadora Maria Aparecida de Alcântara
UTP – Universidade Tuiuti do Paraná
Professora Carolina Lacowicz
UTP – Universidade Tuiuti do Paraná
Professora Iolanda Maria Sartori Ofenbock Nascimento
UTP – Universidade Tuiuti do Paraná
4
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer aos meus pais por todas as oportunidades que me
proporcionaram durante a vida, incluindo a minha formação.
Aos meus professores da Faculdade Evangélica do Paraná e da Universidade
Tuiuti do Paraná, por me ensinarem com paciência e profissionalismo.
Ao meu namorado e minha irmã que sempre foram meus companheiros,
ouvintes e sempre me ajudaram em tudo que eu precisei.
As amigas que fiz durante a graduação, principalmente a Fernanda Zier, que
sempre compartilhou suas ideias comigo e me ensinou muito sobre a compaixão com
os animais e a Gabriela Mattozo, que me acompanhou durante o estágio, me ajudou
na execução do presente trabalho e se tornou uma grande amiga.
A professora doutora Maria Aparecida de Alcântara, por se dedicar junto a mim
para executar o trabalho e por compartilhar seus conhecimentos comigo.
A todas as funcionárias e a proprietária da Universicão Fernanda Lesnau por
me acolherem muito bem para realização do estágio.
5
RESUMO
Os comportamentos compulsivos não têm a fisiopatologia completamente conhecida
mas sabe-se que as beta-endorfinas, serotonina e dopamina estão envolvidas, além
disso o fator genético e o estresse tem grandes possibilidades de serem causadores
do problema. Normalmente os comportamentos se iniciam entre os 12 e 36 meses e
se manifestam através da perseguição de cauda, abocanhamento de moscas
imaginárias, perseguição de luzes e sombras, sucção de flanco, dermatite acral por
lambedura, apetite depravado e coprofagia. Para saber se o animal realmente tem um
transtorno compulsivo é preciso que fatores orgânicos, como convulsões, que possam
desencadear o comportamento sejam descartados. O tratamento irá depender do
motivo que leva o animal a demonstrar as alterações comportamentais, mas
geralmente o manejo comportamental associado a medicamentos mostra resultados
satisfatórios, principalmente quando é realizado logo que os comportamentos se
iniciam. Nesse trabalho é relatado o caso de um cão da raça border colllie que
apresenta o comportamento de perseguir e abocanhar a cauda e abocanhar moscas
imaginárias.
Palavras chave: cães, compulsão, enriquecimento ambiental, estereotipia, problemas
comportamentais.
6
ABSTRACT
Compulsive behavior does not have the pathophysiology fully known, but we know that
beta-endorphins, serotonin and dopamine are involved, in addition the genetic factor
and stress has great potential to cause the problem. Usually the behaviors begin
between 12 and 36 months and are manifested through the tail chasing, fly
biting,staring at lghts and shadows, flank sucking, acral lick dermatitis, depraved
appetite and coprophagia. To know if the animal really has a compulsive disorder, it is
necessary that organic factors, like seizures, can trigger the behavior are discarded.
The treatment will depend on the reason that the animal to show behavior changes,
but usually the behavior management associate with drug shows satisfactory results,
especially when it is realized at the moment when the behaviors started. In this work
is reported a situation of one dog border collie, that show the behavior of tail chasing
and fly biting.
Keywords: behavioural problems, compulsion, dogs environmental enrichment,
stereotypy.
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Recepção e loja da Universicão, 2016.............................................. 15
FIGURA 2 - Área de acesso dos cães e banheiro da Universicão, 2016............... 16
FIGURA 3 - Área coberta da Universicão para acomodação dos cães em dias
de chuva, 2016..................................................................................................... 16
FIGURA 4 - Cozinha para uso das funcionárias da Universicão, 2016................. 17
FIGURA 5 - Área externa da Universicão contendo diferentes pisos (grama e
pedras), 2016....................................................................................................... 17
FIGURA 6 - Área externa da Universicão contendo rampa para os cães, 2016.... 18
FIGURA 7 - Área externa com brinquedos, 2016................................................. 18
FIGURA 8 - Pista de agility da Universicão, 2016................................................. 19
FIGURA 9 - Relação entre estereotipias, distúrbios compulsivos e
comportamentos estereotipados que podem surgir dentro de um intervalo de
comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos.................... 27
FIGURA 10 - Cão perseguindo a cauda.............................................................. 30
FIGURA 11 - Dermatite acral por lambedura......................................................
32
FIGURA 12 - Cão da raça doberman pinscher realizando o comportamento de
sucção de flanco.................................................................................................. 34
FIGURA
13
-
Alopecia
na
cauda
de
cão
da
raça
border
collie..................................................................................................................... 42
FIGURA 14 - Cão da raça border collie perseguindo e abocanhando a cauda..
42
FIGURA 15 - Fornecimento de ração em garrafa pet para cão da raça border
collie..................................................................................................................... 43
FIGURA 16 - Cão da raça border colle recebendo alimentação através da
PetBall®............................................................................................................... 43
FIGURA 17 - Cão da raça border collie se alimentando através do quebra
cabeça da marca PetGames®............................................................................
44
FIGURA 18 - Cão da raça border collie praticando agility .................................. 44
FIGURA
19
-
Cão
da
raça
border
collie
brincando
na
piscina.................................................................................................................. 45
FIGURA 20 - Cão da raça border collie brincando com outros cães................... 45
8
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Frequência semanal dos cães na creche durante o estágio
realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão...
21
GRÁFICO 2 – Proporção de cães com alterações comportamentais
observados durante o estágio realizado no período de 15 de fevereiro a 30
de abril de 2016 na Universicão........................................................................
21
GRÁFICO 3 – Distribuição dos grupos raciais observados durante o estágio
no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão de acordo
com a FCI..........................................................................................................
22
9
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Relação de cães machos e fêmeas observados durante o estágio
no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão.................... 20
TABELA 2 - Frequência de distribuição do número de cães de acordo com a
faixa etária observada durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de
abril de 2016 na Universicão...............................................................................
20
TABELA 3 - Relação das alterações comportamentais observadas durante o
estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão........
22
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Raças de cães observadas durante o estágio, divididas conforme
os grupos raciais da FCI...................................................................................... 23
QUADRO 2 - Exemplos de comportamentos compulsivos.................................. 29
QUADRO 3 - Classes, doses, vias de administração e intervalo de
administração
dos
medicamentos
utilizados
no
tratamento
dos
comportamentos compulsivos............................................................................
39
11
LISTA DE SIGLAS
ATC – Antidepressivos tricíclicos
ATXN1 – Ataxin-1
BID – Bis in die (a cada 12 horas)
CDH2 – Neuronal-cadherin
CTNNA2 – Catenin alpha 2
DAP – Dog appeasing pheromone
FCI – Federation cynologique internationale
ISRS – Inibidores seletivos da receptação de serotonina
MAO – Inibidores da monoaminoxidase
PGCP – Plasma glutamate carboxypeptidase
QID – Quater in die (a cada 6 horas)
SID – Semel in die (a cada 24 horas)
SNC – Sistema nervoso central
TID – Ter in die (a cada 8 horas)
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................
13
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE..................................
14
3 CASUÍSTICA......................................................................................................
20
4 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................
26
4.1 DEFINIÇÕES...................................................................................................
26
4.2 ETIOLOGIA E FISIOLPATOLOGIA DO COMPORTAMENTO
COMPULSIVO.......................................................................................................
27
4.3 DESENVOLVIMENTO DOS COMPORTAMENTOS
COMPULSIVOS.....................................................................................................
29
4.4 TIPOS DE COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS........................................
29
4.4.1 Abocanhar moscas........................................................................................ 30
4.4.2 Perseguir a cauda.........................................................................................
30
4.4.3 Apetite depravado e coprofagia....................................................................
31
4.4.4 Dermatite acral por lambedura...................................................................... 32
4.4.5 Perseguir sombras e luzes............................................................................ 33
4.4.6 Sugar o flanco...............................................................................................
33
4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS.................................................................... 35
4.6 DIAGNÓSTICO................................................................................................
36
4.7 TRATAMENTO................................................................................................. 37
4.7.1 Manejo comportamental................................................................................ 37
4.7.2 Tratamento medicamentoso.......................................................................... 37
4.7.2.1 Antidepressivos tricíclicos..........................................................................
37
4.7.2.2 Inibidores seletivos da receptação de serotonina......................................
38
4.7.2.3 Outros medicamentos................................................................................
38
4.7.3 Feromônios...................................................................................................
39
4.7.4 Homeopatia ..................................................................................................
39
4.8 PROGNÓSTICO..............................................................................................
40
5 RELATO DE CASO............................................................................................
41
6 DISCUSSÃO.......................................................................................................
46
7 CONCLUSÃO.....................................................................................................
49
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 50
13
1 INTRODUÇÃO
O vínculo entre animais de estimação e seres humanos se iniciou há milhares
de anos, porém os estudos científicos começaram a usar essa relação como objeto
de estudo apenas recentemente (FARACO e LANTZMAN, 2013)
A crescente humanização dos animais de estimação tem gerado neles diversas
alterações comportamentais comprometendo sua saúde física e mental. Essa relação,
que é muito benéfica ao humano, surge da necessidade cada vez maior de
companhia. Na maioria dos casos, essa prática deixa o animal muito estressado, já
que esses exageros pouco atendem à natureza dele. O animal precisa ter como
referência outro de sua espécie, precisa se sentir um animal.
Segundo Luna (2013), o animal está acompanhando todos os problemas que o
ser humano apresenta, como depressão, ansiedade, neuroses e isso está
acontecendo em uma taxa cada vez mais alarmante por conta da humanização.
Uma das alterações observadas é o aparecimento de comportamentos
compulsivos que podem ser manifestados através de perseguição e abocanhamento
da cauda, abocanhamento de moscas imaginárias, apetite depravado, coprofagia,
dermatite acral por lambedura, perseguição de sombras e luzes e sucção do flanco.
Os comportamentos compulsivos podem ser causados pelo transtorno
compulsivo, mas para que se confirme o diagnóstico é preciso que se descarte
problemas orgânicos que possam levar a manifestação desse comportamento. Se o
transtorno compulsivo for confirmado, ele deverá ser tratado com manejo
comportamental, medicamentos ou terapias alternativas como a homeopatia e os
feromônios.
O presente trabalho é constituído por uma revisão de literatura sobre
comportamentos compulsivos e o relato de um caso acompanhado durante o estágio
curricular.
14
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE
O estágio foi realizado na Universicão, localizada na rua José Risseto, 303, loja
06, na área de clínica comportamental canina, durante o período de 15 de fevereiro
de 2016 a 30 de abril de 2016, de segunda a sexta-feira das 08h00 ás 16h00,
totalizando 400 horas. Tendo como orientadora acadêmica a Professora Doutora
Maria Aparecida Alcântara e orientadora profissional a Médica Veterinária Fernanda
Correa Lesnau.
A Universicão oferece diariamente o serviço de creche para cães e aulas de
Agility, além disso são realizadas consultas comportamentais em domicílio. Durante o
período em que os cães ficam na creche, são realizados diversos tipos de
enriquecimento ambiental. A equipe é formada por uma médica veterinária, duas
adestradoras e uma monitora.
Durante o estágio foi possível observar alterações comportamentais,
acompanhar uma consulta comportamental em domicílio, aulas de agility e aplicar os
enriquecimentos ambientais que serão descritos a seguir:

Alimentar: diariamente a ração era colocada no interior de uma garrafa
pet ou PetBall®, assim os cães se alimentavam mais devagar e
gastavam mais energia do que se comessem em um comedouro
comum, além disso, a ração também era espalhada pelo ambiente para
que os cães pudessem procurar o alimento.

Cognitivo: durante o estágio, os cães se alimentavam através de
tabuleiros de quebra-cabeça da marca PetGames®, assim era feito o
estímulo cognitivo e ao mesmo tempo o enriquecimento ambiental
alimentar. Alguns cães praticavam o agility, que também é uma forma
de enriquecimento ambiental cognitivo.

Físico: todos os dias ficavam disponíveis brinquedos resistentes a
mordidas (BuddyToys® e as PetEscovas®) e cordas com brinquedos
amarrados nas extremidades, na área externa tinham rampas, pontes,
balanças, chão de grama sintética e chão de pedras para que os cães
pudessem andar em diferentes tipos de superfícies. Além disso existiam
caixas de madeira para descanso e refúgio e uma piscina aberta em dias
quentes.
15

Sensorial: foi montada uma horta contendo hortelã, capim limão,
camomila, alecrim, lavanda e erva doce. Essas plantas eram oferecidas
aos cães in natura ou em forma de infusão, assim além de sentirem
novos cheiros e sabores, alguns ficavam mais calmos. Durante alguns
momentos os cães brincavam com as PetBolhas®, que estimulavam a
visão e o olfato.

Social: durante o período em que ficavam na creche, os cães conviviam
e brincavam com as funcionárias e com outros cães e assim era feita a
socialização interespecífica e intraespecífica.
O local apresenta uma recepção com loja (FIGURA 1), onde ocorre a venda de
produtos para enriquecimento ambiental; área de acesso dos cães (FIGURA 2), onde
ficam guardados os pertences dos animais e banheiros; local coberto para
acomodação dos cães em dias de chuva (FIGURA 3); cozinha (FIGURA 4); área
externa (FIGURA 5, 6 e 7) e pista para treino de Agility (FIGURA 8), totalizando
1500m2 de terreno.
FIGURA 1 – Recepção e loja da Universicão, 2016
16
FIGURA 2 – Área de acesso dos cães e banheiro da Universicão, 2016
FIGURA 3 – Área coberta da Universicão para acomodação dos cães em dias de chuva, 2016
17
FIGURA 4 – Cozinha para uso das funcionárias da Universicão, 2016
FIGURA 5 – Área externa da Universicão contendo diferentes pisos (grama e pedras), 2016
18
FIGURA 6 – Área externa da Universicão contendo rampa para os cães, 2016
FIGURA 7 – Área externa com brinquedos, 2016
19
FIGURA 8 – Pista de agility da Universicão, 2016
20
3 CASUÍSTICA
Durante o estágio curricular foi possível realizar o acompanhamento de 70
cães, sendo 69 frequentadores da creche e 1 acompanhado em atendimento em
domicílio com ansiedade de separação. Os gráficos e tabelas a seguir mostram a
relação
entre
o
sexo,
idade,
frequência
semanal
na
creche,
alterações
comportamentais e grupos raciais.
TABELA 1 – Relação de cães machos e fêmeas observados durante o estágio no período de 15 de
fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão
Sexo
Quantidade de cães
%
Machos
27
39
Fêmeas
43
61
Total
70
100
Na tabela 2 verificamos a distribuição do número de cães por faixa etária, onde
se observa que a maior frequência é de animais jovens (até os 5 anos de idade). Isso
se deve ao fato de que os cães jovens possuem mais energia e consequentemente
seus tutores sentem necessidade de leva-los até a creche para que essa energia não
se acumule.
TABELA 2 – Frequência de distribuição do número de cães de acordo com a faixa etária observada
durante o estágio no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão
Idade
0 a 1 ano
1 a 3 anos
3 a 5 anos
5 a 7 anos
7 a 9 anos
Mais de 9 anos
Total
Quantidade de cães
20
23
16
7
3
1
70
%
29
33
23
10
4
1
100
21
GRÁFICO 1 – Frequência semanal dos cães na creche durante o estágio realizado no período de 15
de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão
Frequência semanal dos cães na creche
5 vezes/semana
4 vezes/semana
13 %
6%
3 vezes/semana
26%
2 vezes/semana
55%
A seguir verifica-se a frequências de alterações comportamentais entre os
cães observados.
GRÁFICO 2 – Proporção de cães com alterações comportamentais observados durante o estágio
realizado no período de 15 de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão
Proporção de cães observados com
alterações de comportamento
Com alteração de comportamento
Sem alteração de comportamento
17%
83%
22
Do total de cães observados, 17% apresentavam alterações comportamentais,
sendo a ansiedade de separação a mais prevalente, seguida respectivamente de
medo excessivo, comportamentos compulsivos, ansiedade generalizada e depressão
(TABELA 3).
TABELA 3 – Relação das alterações comportamentais observadas durante o estágio no período de 15
de fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicão
Alteração comportamental
Ansiedade de separação
Medo excessivo
Comportamentos compulsivos
Ansiedade generalizada
Depressão
Total
Quantidade de cães acometidos
5
3
2
1
1
12
%
42
25
17
8
8
100
O gráfico 3 foi feito baseado na divisão de grupos raciais de cães da FCI
(Federation Cynologique Internationale), que divide as raças em 10 grupos de acordo
com suas aptidões funcionais e características físicas e psíquicas. No quadro a seguir
será detalhado cada grupo, assim como quais cães observados durante o estágio
pertencem a cada um.
GRÁFICO 3 – Distribuição dos grupos raciais observados durante o estágio no período de 15 de
fevereiro a 30 de abril de 2016 na Universicãode acordo com a FCI
Distribuição dos grupos raciais
24%
23%
13%
10%
7%
7%
3%
2%
7%
3%
1%
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo
10
SRD
23
QUADRO 1 – Raças de cães observadas durante o estágio, divididas conforme os
grupos raciais da FCI
Grupo 1 – Pastores e boiadeiros, exceto
suíços (Schipperke, Border collie, Welsh
corgi pembroke)
–
Aptidão/Características
proteger
rebanhos
Grupo 2 – Tipo pinscher, molossos,
schnauzer e boiadeiros suíços (Bernese,
Schnauzer, Bulldog inglês)
Aptidão/Características
–
guarda
e
defesa
Grupo 3 – Terriers (West highland white
terrier, Jack russel terrier, Yorkshire
terrier)
Aptidão/Características – caçar em terra
Grupo 4 – Dachshund (Dachshund)
Aptidão/Características – caçar animais
em tocas
24
Grupo 5 - Spitz, nórdicos e primitivos
(Spitz alemão anão, Samoyeda)
Aptidão/Características
–
pelagem
dupla, comportamento semelhante ao
dos lobos, resistentes aos frios e a
longas caminhadas
Grupo 6 – Farejadores (Beagle)
Aptidão/Características
–
resistência
física, olfato excelente e capacidade de
perseguição
Grupo 7 – Cães de aponte (Braco
alemão)
Aptidão/Características
–
auxiliar
o
caçador na atividade de caça com armas
de fogo
Grupo 8 - Retrievers, cães levantadores
e de água (Labrador retriever, Golden
retriever)
Aptidão/Características – buscar a presa
abatida e salvamento
Grupo 9 – Cães de companhia (Bulldog
francês, Maltês, Shi tzu, Pequinês)
Aptidão/Características
–
companhia aos seres humanos
fazer
25
Grupo
10
–
Galgos
(Whippet,
Greyhound, Galgo italiano)
Aptidão/Características – correr em altas
velocidades
26
4 REVISÃO DE LITERATURA – COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS
4.1 DEFINIÇÃO
Segundo Whitbourne e Halgin (2015), compulsão é um comportamento
repetitivo e aparentemente intencional realizado em resposta a impulsos
incontroláveis ou de acordo com um conjunto de regras ritualísticas ou estereotipadas.
O comportamento estereotípico é definido como uma ação repetitiva que possui
uma forma constante e não serve para nenhum propósito óbvio (MCKEOWN,
LUESCHER e HALIP, 1992), em algumas situações, pode se tornar um distúrbio
obsessivo-compulsivo (BEAVER, 2001). O termo estereotipia tem sido usado sem se
referir a uma fisiopatologia, as estereotipias demonstradas principalmente em animais
de cativeiro são tão numerosas e variadas sendo improvável que elas tenham a
mesma causa, desenvolvimento, fisiologia ou função (LOW, 2003).
As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados (PHILLIPS, 2014).
Não se pode provar que a condição de obsessão de seres humanos se aplique
igualmente aos cães, por isso para os animais denomina-se transtorno compulsivo e
não transtorno obsessivo compulsivo (HEWSON e LUESCHER, 1996).
Para que um comportamento seja considerado compulsivo deve interferir no
funcionamento normal do animal, além disso, deve-se descartar outras causas
fisiopatológicas do comportamento aberrante para que se possa confirmar o
diagnóstico de um transtorno compulsivo (HORWITZ e NEILSON, 2008).
Tynes e Sinn (2014) demonstram a relação entre as estereotipias, distúrbios
compulsivos e comportamentos estereotipados que podem aparecer dentro de um
intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais clínicos.
Na figura 9 é possível ver a relação entre estereotipias, comportamento
estereotípico e transtorno compulsivo, dentro de um intervalo de comportamentos
anormais e problemas comportamentais clínicos. Cem por cento das estereotipias e
dos transtornos compulsivos são considerados comportamentos anormais e
aproximadamente 50% deles estão relacionados com um problema clínico. Em alguns
casos os comportamentos estereotípicos não são considerados anormais, porém toda
estereotipia e quase todo o transtorno compulsivo são caracterizados pelo
comportamento estereotípico.
27
FIGURA 9 - Relação entre estereotipias, distúrbios compulsivos e comportamentos estereotipados que
podem surgir dentro de um intervalo de comportamentos anormais e problemas comportamentais
clínicos
FONTE: Adaptado de Mills e Luescher, 2006
4.2 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DO COMPORTAMENTO COMPULSIVO
A fisiopatologia dos transtornos compulsivos ainda não é totalmente
compreendida, porém sabe-se que neuroquímicos como as beta-endorfinas,
serotonina e dopamina estão envolvidos, além do fator genético (HORWITZ e
NEILSON, 2008).
Populações geneticamente isoladas de raças de cães possuem altas taxas de
transtornos compulsivos, incluindo o Doberman Pinscher, Bull Terrier e Pastor
Alemão. As altas taxas de doenças e a limitada diversidade genética de raças de cães,
sugerem
que
os
transtornos
compulsivos
nessas
populações,
enquanto
multigenéticos, podem ser menos complexos do que em humanos, facilitando o
mapeamento genético e o teste de variantes associadas (TANG et al., 2014)
28
TANG et al. (2014) , estudando a sequência de genes, encontraram 4 genes
envolvidos na plasticidade sináptica: neuronal-cadherin (CDH2), catenin alpha2
(CTNNA2), ataxin-1 (ATXN1) e plasma glutamate carboxypeptidase (PGCP). Três dos
quatro genes (CDH2, ATXN1 e PGCP) foram associados ao transtorno compulsivo
em Doberman Pinscher.
Grandes doses de medicamentos dopaminérgicos, como anfetaminas ou
apomorfinas, induzem ao comportamento estereotipado em animais. O papel das
beta-endorfinas no desenvolvimento do comportamento compulsivo não é conhecido,
mas sugere-se que ela tenha um papel significativo apenas nas fases iniciais da
doença (KENNES et al., 1988).
As convulsões psicomotoras ocorrem raramente em cães, porém podem se
manifestar como anormalidades comportamentais paroxísticas e estereotipadas,
como raiva, hiperestesia, correr atrás da cauda e caçar moscas imaginárias (NELSON
e COUTO, 2001).
Os transtornos compulsivos também podem ser causados por motivos
ambientais que causem frustração, conflito e estresse como nunca sair do local que
reside para passear ou se exercitar, não interagir com pessoas ou animais que não
esteja acostumado a conviver diariamente, estar em conflito com outro cão e
apresentar ansiedade de separação (LUESCHER, 2003).
A
seguir
pode-se
observar
a
predisposição
racial
relacionada
a
comportamentos compulsivos, segundo Horwitz e Neilson (2008):

Bull terriers: rodopiar, perseguir a cauda, ficar estático

Pastores alemães: rodopiar e perseguir a cauda

Dogues alemães e pointers alemães de pelo curto: automutilação,
comportamento motor estereotipado (correr ao longo de cercas) e
alucinações

Dálmatas, rottweilers e pastores alemães: alucinações

Dobermans: sugar o flanco

Border collies: ficar olhando sombras

Australian cattle dogs: perseguir cauda

Schnauzer miniaturas: ficar cheirando o ânus

Cães de raças de porte grande: granuloma acral por lambedura
29
4.3 DESENVOLVIMENTO DOS COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS
Os comportamentos compulsivos normalmente são exibidos pela primeira vez
em uma situação de conflito agudo, e conforme essa situação se intensifica e fica mais
frequente, o limiar de excitação necessário para provocar o comportamento
compulsivo diminui e o mesmo se torna cada vez mais frequente (MOON-FANELLI e
DODMAN, 1998).
4.4 TIPOS DE COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS
Os comportamentos compulsivos podem ser divididos em cinco categorias,
como mostra o quadro 2, sendo elas: locomoção, oral, vocalização, alucinatório e
agressivo (HORWITZ e NEILSON, 2008)
QUADRO 2 – Exemplos de comportamentos compulsivos
Locomoção
Rodopiar, perseguir a cauda, andar de
um lado para o outro, perseguir reflexos
de luz, imobilidade, partidas súbitas,
agitação repentina, tremelicar a pele
(hiperestesia felina)
Oral
Morder e lamber patas, lamber o ar ou o
focinho, sugar o flanco, mastigar e
lamber objetos, polifagia, polidipsia,
apetite depravado, abocanhar moscas
Vocalização
Latir repetidamente, uivar
persistentemente
Alucinatório
Evitar objetos imaginários, perseguir
sombras e luzes
Agressivo
Agressão autodirigida (rosnar para
cauda e morde-la), atacar objetos
inanimados
FONTE: Luescher (2000)
30
Os principais tipos de comportamentos compulsivos serão descritos a seguir.
4.4.1 Abocanhar moscas
Abocanhar moscas é um comportamento em que os cães parecem estar vendo
alguma coisa e tentando pega-la no ar (REISNER, 1991).
Esse comportamento é realizado pelos seguintes motivos: busca de atenção,
transtorno
compulsivo,
doenças
metabólicas
como
encefalopatia
hepática,
intoxicações, “corpos flutuantes” oculares como debris no humor vítreo do olho ou
convulsão parcial que acomete principalmente cães da raça schnauzers e king charles
spaniels (HORWITZ e NEILSON, 2008).
Não há predisposição por sexo, porém é mais comum em raças para guarda,
com motivação e com foco de atenção intensos, como rottweilers, pastores-alemães
e dálmatas. A média de idade para o surgimento do comportamento é dos 12 aos 36
meses, ou seja, na época da maturidade sexual (HORWITZ e NEILSON, 2008).
Quando o comportamento se inicia, é importante observar se há deflagradores
e imediatamente iniciar a dessensibilização a eles, realizando um treinamento com
reforço positivo e desviando a atenção do animal para outra coisa (OVERALL, 1997).
4.4.2 Perseguir a cauda
Perseguir a cauda é o comportamento em que o animal gira em círculos,
aparentemente tentando pegar a cauda (FIGURA 10). Algumas vezes, os animais
fazem contato com suas caudas e as ferem, enquanto outros realizam apenas a
sequência de repetição (HORWITZ e NEILSON, 2008).
FIGURA 10 – Cão perseguindo a cauda
FONTE: http://www.doglistener.co.uk/obsessive-compulsive-disorders-dogs
31
Esse comportamento se tornou um problema significativo nos cães da raça bull
terrier e sugere-se uma possível relação com a cor branca nessa raça (BEAVER,
2001).
Estudos sobre a perseguição da cauda demonstraram que a idade para o início
do comportamento ocorre antes da maturidade sexual, ou pelo menos durante o
primeiro ano de vida do cão (TYNES e SINN, 2014).
A perseguição da cauda normalmente não tem causas orgânicas como um
tumor cerebral ou irritação local e nem é feito com o objetivo de buscar atenção. Muitos
cães exibem esse comportamento quando são separados de seus donos e quando
estão totalmente engajados no comportamento, dificilmente respondem a qualquer
forma de interrupção ou comando, podendo até ter reações agressivas (MONNFANELLI et al., 2011).
Segundo Nelson e Couto (2001), o cão que corre atrás da cauda pode estar
manifestando esse comportamento devido a uma convulsão psicomotora, porém para
se realizar o diagnóstico diferencial é necessária a realização de exames
eletrodiagnosticos durante a mudança comportamental.
Estudos que incluíram a observação de temperamentos dos cães concluíram
que em alguns casos, cães que perseguem a própria cauda são mais ativos e agitados
e em outros são mais tímidos e medrosos (MOON-FANELLI e DODMAN, 1998).
4.4.3 Apetite depravado e coprofagia
O apetite depravado é a ânsia por comer itens não alimentícios como,
brinquedos, sujeiras, plantas domésticas, panos, pedras, etc. Antes de diagnosticar o
animal é importante observar se os objetos ingeridos não estão recobertos por
atrativos alimentares ou se a ingestão não ocorre como consequência da mastigação
destrutiva, além disso deve-se também excluir a polifagia causada por problemas
clínicos (BEAVER, 2001).
Animais jovens, curiosos e que gastam pouca energia tem mais chances de
apresentarem o apetite depravado, além disso cães que roubam objetos podem ingerilos no momento em que tentam tira-los dele (HORWITZ e NEILSON, 2008).
Esse comportamento pode trazer complicações graves como irritações,
obstruções e perfurações no trato gastrointestinal, além do traumatismo dentário
(BIRCHARD e SHERDING, 1998).
32
Animais que ingerem corpos estranhos podem apresentar vômito, engasgo,
letargia, anorexia, sialorreia, regurgitação, inquietação, disfagia e tentativa persistente
de deglutição (TILLEY e SMITH JR., 2008)
É importante que os tutores desses animais ensinem o comando “solta” para
evitar que quando for flagrado com um objeto, engula o mesmo, além disso deve-se
criar oportunidades adequadas de brincadeira, exploração e exercício (HORWITZ e
NEILSON, 2008).
Apesar de ser ofensiva para os seres humanos, a coprofagia raramente é
causada por um transtorno compulsivo, nas situações a seguir é normal que o cão
ingira as fezes: estimulação anogenital da mãe no filhote, comportamento exploratório
e preferência dietética (cheiro, sabor e textura), principalmente relacionada ao material
fecal de gatos. Porém é importante se atentar a problemas que podem estar levando
o cão a fazer isso, como deficiência nutricional, busca de atenção, ansiedade e
transtorno compulsivo (HORWITZ e NEILSON, 2008).
4.4.4 Dermatite acral por lambedura
A dermatite acral por lambedura é caracterizada por placas firmes, elevadas e
ulceradas, normalmente localizadas nos membros, nas áreas do carpo e metacarpo
(FIGURA 11) (HORWITZ e NEILSON, 2008)
FIGURA 11 – Dermatite acral por lambedura
FONTE: http://www.doglistener.co.uk/obsessive-compulsive-disorders-dogs
33
Os fatores emocionais são extremamente significativos em casos de doenças
de pele e por isso nunca deve ser ignorado no momento do tratamento (SCOTT et al.,
2001).
Ferimentos pré-existentes ou uma dor localizada, em muitos casos, podem ser
a razão inicial da atenção do cão ter sido concentrada nessa área (OVERALL, 1997),
dermatites alérgicas, endocrinopatias, neoplasias e ansiedade de separação também
podem ser a causa inicial ou fator estimulante para o desenvolvimento dessa
dermatite (HORWITZ e NEISON, 2008).
A lambedura excessiva resulta na liberação de endorfina, fazendo com que o
animal se sinta bem e ao mesmo tempo diminuindo sua sensação de dor, o que induz
o animal a lamber cada vez mais (SCOTT et al., 2001).
O colar elizabetano é recomendado como tratamento a curto prazo para
permitir a cicatrização, a longo prazo deve-se oferecer exercícios físicos, estimulação
com brinquedos, evitar punir ou dar atenção ao animal quando ele estiver se lambendo
e remover e dessensibilizar o cão para os fatores deflagradores (HORWITZ e
NEILSON, 2008).
4.4.5 Perseguir sombras e luzes
Alguns cães focam-se e perseguem sombras e luzes, eles podem apenas fixar
o olhar na sombra ou perseguir as que estão em movimento (HORWITZ e NEILSON,
2008)
Segundo as autoras citadas, esse comportamento pode acontecer em resposta
ao confinamento, estresse, ansiedade, frustração e estímulo do tutor que faz
brincadeiras que incentivam o cão a perseguir as luzes e sombras ou encoraja o cão
dando atenção a ele no momento em que demonstra o comportamento.
Segundo Landsberg, Hunthausen e Ackerman (2013), a associação do manejo
comportamental e medicação pode ser necessária, sendo assim, é importante
remover os fatores desencadeantes e não dar atenção direta quando o animal estiver
apresentando esse tipo de comportamento.
4.4.6 Sugar o flanco
A sucção de flanco é um comportamento em que os cães se dobram de lado,
agarram uma porção do flanco na boca e sugam ou lambem a área (HORWITZ e
34
NEILSON, 2008), esse comportamento é observado quase que exclusivamente em
cães da raça dobermann pinscher (HOUPT, 1991).
FIGURA 12 – Cão da raça doberman pinscher realizando o comportamento de sucção de flanco
FONTE: http://www.nytimes.com/2010/01/19/science/19dogs.html?_r=0
Embora os pelos dos cães fiquem molhados após o comportamento,
geralmente não ocorre nenhum dano a pele ou para a condição geral do animal
(HART, 1977).
Como a sucção de flanco é observada principalmente em dobermanns
pinscher, há uma forte suspeita de que o fator genético seja um importante fator que
desencadeie esse comportamento, além disso o estresse, a frustração e um ambiente
empobrecido também podem contribuir. O comportamento pode se intensificar se
existirem transtornos concomitantes como a ansiedade de separação e se o
proprietário reforça o comportamento dando atenção ao cão no momento da sucção
(HORWITZ e NEILSON, 2008).
Normalmente a prática de atividades físicas e uma rotina rígida são suficientes
para controlar o comportamento, alguns proprietários confinam os cães em caixas de
transporte com o objetivo de controlar fisicamente a sucção, porém quando o
35
problema está se iniciando é mais indicado que se faça o controle através de drogas
ansiolíticas. Para um controle de longa duração os fatores ambientais geram melhores
resultados do que a terapia medicamentosa (BEAVER, 2001).
4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Nem sempre os comportamentos classificados como compulsivos são
causados pelo transtorno compulsivo, eles podem ser consequências de problemas
médicos, principalmente neurológicos e dermatológicos (LUESCHER, 2003).
Segundo Horwitz e Neilson (2008) os seguintes fatores podem levar os cães a
apresentarem comportamentos classificados como compulsivos:

Resposta comportamental normal durante uma situação aguda de
conflito

Comportamento de busca de atenção

Convulsões

Lesões centrais cerebrais

Neuropatias sensoriais

Doenças infecciosas

Doenças metabólicas

Exposição a substâncias tóxicas

Doença dermatológica

Traumatismo

Doença degenerativa
A convulsão é a manifestação física da sincronia anormal das descargas
elétricas cerebrais, elas podem ser classificadas em generalizada e parcial. Na
convulsão generalizada ocorre a perda da consciência, atividade motora involuntária
de todo o corpo e sinais autonômicos como salivação, micção e defecação, já a
convulsão parcial pode ocorrer com ou sem alteração da consciência (FITZMAURICE,
2011). As convulsões parciais podem ser simples ou complexas, sendo a simples sem
alterações na consciência e a complexa com alterações na consciência. As
convulsões focais complexas também podem ser chamadas de psicomotoras
(FENNER, 1998)
36
Segundo Fitzmaurice (2011) as convulsões podem ter as seguintes causas:

Causas
extracranianas:
hipoglicemia,
desvio
portossistêmico,
hiperosmolaridade, síndrome da hiperviscosidade e intoxicações

Causas intracranianas: interrupção física do tecido cerebral, inflamação,
malformação, degeneração, trauma, hemorragia/isquemia, tumor,
transtornos em nível celular que alteram os impulsos elétricos e epilepsia
idiopática.
Segundo Lorenz e Kornegay (2006) cães que apresentam convulsões antes de
completar um ano, tem as seguintes causas principais:

Doenças do desenvolvimento: hidrocefalia

Doenças infecciosas: cinomose

Doenças metabólica: hipoglicemia, encefalopatia hepática, hipoglicemia

Intoxicações: chumbo, organofosforados, hidrocarbonetos clorados

Traumas agudos

Degenerativa: doenças e armazenamento

Nutricional: parasitismo
4.6 DIAGNÓSTICO
Para diagnosticar um transtorno compulsivo é preciso que todas as causas
médicas que possam levar ao comportamento sejam excluídas, como por exemplo:
sinais neurológicos podem ser consequência de convulsões focais, lesões auto
traumáticas de alergias alimentares e o apetite depravado pode ser causado por
doenças gastrointestinais (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013)
Os seguintes métodos podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico:
solicitar uma filmagem do comportamento, exames físicos e neurológicos completos,
hemograma, perfil bioquímico, avaliação tireoidiana e urinálise (HORWITZ e
NEILSON, 2008) apesar disso, não existem critérios claros para identificar uma
desordem compulsiva, o diagnóstico deve ser feito por exclusão (TYNES e SINN,
2014).
Também é importante levar em consideração o histórico do animal como a
idade de início do comportamento, idade atual, tipo de alimentação, local onde o
animal vive, nível de atividade, interação com o dono e temperamento (LUESCHER,
2003).
37
4.7 TRATAMENTO
O tratamento consiste basicamente na modificação do ambiente e em alguns
casos na intervenção farmacológica (LUESCHER, 2000).
Segundo Horwits e Neilson (2008), os feromônios e a homeopatia também
podem ser úteis no tratamento.
4.7.1 Manejo comportamental
A primeira tentativa de tratamento para um transtorno compulsivo é tentar
eliminar o que causa estresse, conflito e frustração no cão, se a causa de estresse
não pode ser eliminada, deve-se dessensibilizar o animal para essa situação
(LUESCHER, 2003).
Para dessensibilizar o animal, deve-se ensiná-lo a relaxar frente a novidades
em seu ambiente e praticar adestramento, que deve ser realizado de forma coerente
entre o cão e sua família, além disso o cão precisa praticar exercícios físicos para que
tenha um gasto de energia significante, o proprietário também deve procurar formas
de distrair o animal no momento em que está demonstrando o comportamento, mas
isso deve ser feito cuidadosamente, de preferência sem interação, para que o cão não
relacione a atenção do dono com o comportamento (TELHADO et al., 2004).
4.7.2 Tratamento medicamentoso
Em muitos casos a terapia medicamentosa torna-se necessária, principalmente
em casos que se iniciaram a muito tempo (LUESCHER, 2000), porém ela é um desafio
já que ainda não se sabe se todos os comportamentos compulsivos compartilham a
mesma neurofisiologia e quais neurotransmissores devem ser afetados pelo
tratamento (TYNES e SINN, 2014).
4.7.2.1 Antidepressivos tricíclicos
Os antidepressivos tricíclicos bloqueiam a captação das aminas (noradrenalina
e serotonina), pelas terminações nervosas, provavelmente por competição pelo
transportador que forma parte desse sistema de transporte de membrana. Eles são
representados pela amitriptilina, imipramina e clomipramina (ANDRADE, 2008).
Os efeitos colaterais são aumento da frequência cardíaca, hipotensão
ortostática, midríase, boca seca, redução da produção de lágrimas, retenção urinária
e constipação (ANDRADE, 2008).
38
O uso de ATC é contraindicado em cães com doença hepática, histórico de
convulsões, problemas cardiovasculares, hipertireoidismo, diabetes mellitus e que
utilizem
medicamentos
como
inibidores
da
monoaminoxidase
(MAO)
ou
medicamentos para tireóide (LUESCHER, 2003).
4.7.2.2 Inibidores seletivos da receptação de serotonina
Os ISRS aumentam a quantidade de serotonina no SNC por bloqueio da
receptação neuronal pré-sináptica (ADAMS, 2013).
Os fármacos mais utilizados desse grupo são a fluoxetina e a paroxetina
(ANDRADE, 2008) e seus efeitos colaterais são: sedação, aumento da ansiedade,
anorexia e possivelmente a redução do limiar convulsivo (LUESCHER, 2003).
O uso desses medicamentos é contraindicado em animais que façam
tratamento com MAO e que tenham diabetes mellitus (LUESCHER, 2003).
4.7.2.3 Outros medicamentos
Além dos medicamentos citados a cima, podem ser utilizados inibidores da
monoaminoxidase (Selegilina) (ANDRADE, 2008), antagonistas opióides (Neltrexona)
(LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013) e ansiolíticos (Diazepam)
(ANDRADE, 2008).
No quadro a seguir serão detalhadas as classes, doses, vias de administração
e intervalo entre cada administração dos medicamentos citado para o tratamento dos
comportamentos compulsivos:
39
QUADRO 3 – Classes, doses, vias de administração e intervalo de administração dos medicamentos
utilizados no tratamento dos comportamentos compulsivos
MEDICAMENTO
Amitriptilina
CLASSE
ATC
DOSE
1
-
VIA
INTERVALO
4,4 VO
SID ou BID
4,4 VO
SID ou BID
mg/Kg
Imipramina
ATC
2,2
–
mg/Kg
Clomipramina
ATC
1 – 3 mg/Kg
VO
SID ou BID
Fluoxetina
ISRS
1 mg/Kg
VO
SID ou BID
Paroxetina
ISRS
1 mg/Kg
VO
SID
Selegilina
Inibidor de MAO
0,5
–
1 VO
SID
mg/Kg
Neltrexona
Antagonista
1 – 4 mg/Kg
VO
SID ou BID
1 VO
TID ou QID
opióide
Diazepam
Ansiolítico
0,25
–
(benzodiazepínico) mg/Kg
Fonte: Andrade (2008); Adams (2013); Landsberg, Hunthausen e Ackerman (2013)
4.7.3 Feromônios
Os feromônios são compostos químicos naturais que tem um papel
fundamental na comunicação intraespecífica e sua percepção é feita no órgão
vomeronasal (PEREIRA e PEREIRA, 2013).
O DAP® (Dog Appeasing Pheromone®) é um feromônio sintético que tem o
efeito de apaziguar o cão (PAGEAT e GAULTIER, 2003).
No site do DAP®, o feromônio pode ser encontrado para venda nas seguintes
formas: difusor elétrico, coleira e spray.
4.7.4 Homeopatia
A homeopatia prioriza o tratamento de cada organismo como único, sendo
assim, o médico veterinário homeopata deve individualizar o paciente, procurando
curar o doente e não a patologia propriamente dita (SOUZA, 2002).
Normalmente quando o tutor vai a procura de um tratamento homeopático para
o seu animal, o faz para resolver problemas crônicos como dermatites, otites
resistentes a antibióticos e convulsões e por ter esgotado todos os recursos em
40
alopatia. Na maioria das vezes, os casos de problemas comportamentais
encaminhados para tratamento homeopático resultam em sucesso (SOUZA, 2002).
4.8 PROGNÓSTICO
Uma vez que existe uma variedade de comportamentos compulsivos com
diferentes graus de intensidade, o prognóstico é variável (LANDSBERG,
HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013).
Se o comportamento é causado por um problema orgânico tratável e o tutor
souber lidar de forma adequada com o problema, o prognóstico é bom, quando não
houver um problema orgânico relacionado a manifestação do comportamento, o
tratamento adequado pode levar tempo e exigir mais esforço pois é preciso encontrar
a melhor combinação de terapia comportamental e medicamentosa para poder
controlar o problema de forma eficaz, especialmente quando fatores genéticos estão
envolvidos (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e ACKERMAN, 2013).
41
5 RELATO DE CASO
Sasha, cão, fêmea, Border Collie, 6 meses, 12 Kg, não castrada, animal foi
levado a creche com o objetivo de gastar energia e quando chegou já apresentava a
cauda com falhas de pelo (FIGURA 13). Após duas semanas frequentando a creche,
o animal começou a apresentar o comportamento de abocanhar moscas imaginárias,
na terceira semana ficou hospedada em um hotel para cães e foi relatado pela
proprietária do hotel que a Sasha apresentou o comportamento de perseguir e
abocanhar cauda. Depois da hospedagem o animal voltou a frequentar a creche e
apresentou o mesmo comportamento de perseguir e abocanhar a cauda (FIGURA
14). Apesar do cão ter apresentado as falhas de pelo na cauda já no primeiro dia de
creche, o proprietário relatou que nunca havia observado nenhum desses
comportamentos em casa.
O comportamento de perseguir e abocanhar a cauda se intensificou, não sendo
possível concluir qual era o fator desencadeante e devido ao agravamento do quadro
foi colocado em questão a possibilidade do cão não frequentar mais a creche, pois
poderia estar sendo prejudicial a ele. Foram sugeridos 30 dias de creche para
verificação da progressão ou não dos comportamentos e foi indicado que o animal
fosse levado a um neurologista. Durante esse período foram realizados os seguintes
tipos de enriquecimento ambiental:

Alimentar: fornecimento de alimento em garrafa pet (FIGURA 15) e PetBall®
(FIGURA 16)

Cognitivo: fornecimento de ração em tabuleiro de quebra-cabeça da marca
PetGames® (FIGURA 17) e aulas de agility uma vez por semana (FIGURA 18)

Físico: brincadeiras na piscina (FIGURA 19)

Social: convivência e brincadeiras com outros cães (FIGURA 20)
Após a terceira semana de aplicação de enriquecimento ambiental foi observada
a redução dos comportamentos. O tutor não teve interesse em consultar um médico
veterinário neurologista.
Durante a execução desse trabalho com a paciente, também foi notado que o
cão estava mais integrado com os funcionários e ambiente da creche e interagindo
muito mais com os outros cães.
42
Na última semana de execução do estágio curricular, a paciente ficou
novamente hospedada em um hotel para cães e quando retornou à creche foi
observado que os comportamentos haviam se intensificado novamente, porém,
conforme os enriquecimentos ambientais iam sendo aplicados novamente, os
comportamentos regrediram. Também foi iniciado um treino de obediência que
resultou na cessação total dos comportamentos. Atualmente a paciente não apresenta
mais nenhum tipo de alteração comportamental e os pelos da cauda estão crescendo
novamente.
FIGURA 13 - Alopecia na cauda de cão da raça border collie
FIGURA 14 – Cão da raça border collie perseguindo e abocanhando a cauda
43
FIGURA 15 – Fornecimento de ração em garrafa pet para cão da raça border collie
FIGURA 16 – Cão da raça border colle recebendo alimentação através da PetBall®
44
FIGURA 17 – Cão da raça border collie se alimentando através do quebra cabeça da marca
PetGames®
FIGURA 18 – Cão da raça border collie praticando agility
45
FIGURA 19 – Cão da raça border collie brincando na piscina
FIGURA 20 – Cão da raça border collie brincando com outros cães
46
6 DISCUSSÃO
Durante o período de estágio foi possível observar diversas alterações
comportamentais, dentre elas dois cães com comportamentos compulsivos, sendo o
caso citado o mais expressivo.
Segundo Horwitz e Neilson (2008) os comportamentos compulsivos começam
a ser demonstrados em cães com idade entre 12 e 36 meses, porém, segundo Tynes
e Sinn (2014), o comportamento de perseguir e abocanhar a cauda surge antes da
maturidade sexual ou pelo menos no primeiro ano de vida do cão, fato que pode ser
observado no relato, já que a paciente tinha apenas 6 meses quando iniciou o
comportamento.
A perseguição e abocanhamento da cauda é um comportamento que atinge
principalmente cães da raça bull terrier de cor branca (BEAVER, 2001). Além do bull
terrier, Horwitz e Neilson (2008) citam o staffordshire bull terrier, pastor alemão e
australian cattle dog como raças com alta prevalência de perseguição de cauda, o cão
do caso relatado é da raça border collie, portanto não condiz com as raças citadas na
literatura.
A fisiopatologia dos distúrbios compulsivos ainda não foi completamente
compreendida, mas o uso de medicamentos dopaminérgicos como as anfetaminas e
apomorfinas podem induzir a esse comportamento (LUESCHER, 2003). A paciente
não estava em tratamento com nenhum medicamento quando apareceram os
primeiros comportamentos compulsivos.
A perseguição e o abocanhamento da cauda, podem ser consequência de um
estresse causado por conflito com outros cães e ansiedade de separação
(LUESCHER, 2003). Essas são causas muito possíveis para o desencadeamento do
comportamento no cão relatado, já que durante o período em que ficava na creche ou
ficava hospedada no hotel, ela convivia com muitos cães e ficava separada da família,
além disso o fato de ela não apresentar esse comportamento na presença dos tutores
reforça a hipótese.
Segundo Nelson e Couto (2001), a perseguição da cauda pode ser causada
por uma convulsão psicomotora e para que se confirme esse fato é necessária uma
consulta com o neurologista e exames como testes eletrodignósticos. O cão citado
teve a indicação de consultar um neurologista, contudo seus tutores ainda não o
encaminharam, além disso, pelo fato de o cão ser um filhote existem algumas causas
47
principais que podem resultar em uma convulsão, como a hidrocefalia e a cinomose
(LORENZ e KORNEGAY, 2006), porém a paciente não apresentava sinais clínicos de
nenhuma dessas patologias.
O diagnóstico de um transtorno compulsivo deve ser feito por exclusão (TYNES
e SINN, 2014) e para isso é preciso que todas as causas médicas sejam excluídas,
como por exemplo: sinais neurológicos podem ser consequência de convulsões
focais, lesões auto traumáticas de alergias alimentares e o apetite depravado pode
ser causado por doenças gastrointestinais (LANDSBERG, HUNTHASEN e
ACKERMAN, 2013). O comportamento de perseguir e abocanhar a cauda,
apresentado pela paciente relatada, pode ter como causa a convulsão focal, porém
para se realizar o diagnóstico seriam necessários exames eletrodiagnósticos durante
a mudança comportamental (NELSON e COUTO, 2001). Para auxiliar o diagnóstico,
podem ser utilizados os seguintes métodos: filmar o comportamento, exames físicos
e neurológicos completos, hemograma, perfil bioquímico, avaliação tireoidiana e
urinálise (HORWITZ e NEILSON, 2008). Os tutores da paciente, até o momento não
a levaram para nenhum médico veterinário que possa descartar um problema
neurológico.
Após constatar que o animal realmente apresenta os comportamentos
compulsivos devido a um transtorno compulsivo, o tratamento consiste na modificação
do ambiente e em alguns casos na intervenção farmacológica (LUESCHER, 2000).
Com a paciente citada não foi realizado nenhum tipo de tratamento medicamentoso
pois o proprietário não levou em consideração levar o cão para um médico veterinário
que pudesse descartar causas orgânicas, devido a isso foi possível realizar apenas o
manejo comportamental durante o período em que o animal ficava na creche e assim
foi obtida uma resposta positiva. Nesse caso também seria importante realizar a
filmagem do animal no momento em que está em casa sem seus tutores e se através
da filmagem for constatado que o animal realiza a perseguição e abocanhamento de
cauda, deve-se realizar o manejo no ambiente do animal em casa.
O prognóstico dos comportamentos compulsivos é variável devido a sua
variedade e diferentes graus de intensidade, além disso se existe um problema
orgânico tratável, o prognóstico torna-se bom (LANDSBERG, HUNTHAUSEN e
ACKERMAN, 2013), já que o problema tende a desaparecer se a causa for tratada.
No caso da paciente relatada, não foi possível descartar uma causa orgânica até o
presente momento, porém foi observada uma melhora significativa apenas com o
48
manejo comportamental e regressão da melhora quando esse manejo foi
interrompido.
49
7 CONCLUSÃO
Os comportamentos compulsivos interferem negativamente na qualidade de
vida dos cães, por isso é muito importante que o fator desencadeante seja descoberto
o quanto antes para que o tratamento seja mais fácil e o prognóstico melhor. Devido
ao fato de não se conhecer totalmente a fisiopatologia dos transtornos compulsivos, é
necessário que se realizam mais estudos.
No caso apresentado não foi possível confirmar se havia um fator ambiental
que desencadeava os comportamentos no cão, porém, as situações em que a
paciente demonstrava a perseguição e abocanhamento de cauda eram compatíveis
com a ausência do dono e com a presença de outros cães, o que pode indicar que o
fato de se separar do tutor ou observar outros cães deixe a cadela estressada,
resultando na manifestação do comportamento compulsivo. Também é possível que
esse comportamento seja causado por uma convulsão, mas isso só pode ser
confirmado se ela for encaminhada a um neurologista.
A
paciente
demonstrou
uma
melhora
significativa
com
o
manejo
comportamental que foi realizado durante o estágio, porém quando passava longos
períodos na ausência do dono, voltava a perseguir e abocanhar a cauda com
frequência e intensidade elevada. Esse fato reforça significativamente a suspeita de
que os comportamentos compulsivos do cão relatado eram desencadeados pela
separação do tutor.
50
REFERÊNCIAS
ADAMS, H. R.; Farmacologia e terapêutica em veterinária. Tradução de Cid
Figueiredo. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam, 2013, p. 321-325
ANDRADE, S. F.; Manual de terapêutica veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, 2008,
p. 488-490
BEAVER, B. V. Comportamento canino: um guia para veterinários. Tradução de Dr.
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