Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Linha de pesquisa: Nutrição Social Estimativa dos Custos da Obesidade para o Sistema Único de Saúde do Brasil Tese de doutorado de Michele Lessa de Oliveira Orientadora: Leonor Pacheco Santos Co-orientação: Everton Nunes Seminário das Quintas Disoc Brasília-DF, 04 de abril de 2013 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Definição - Introdução Obesidade e Obesidade Mórbida Definição A obesidade nos adultos: - Excesso de peso = IMC ≥ 25 kg/m2 - Obesidade = IMC ≥ 30 kg/m2, sendo: - grau I - IMC entre 30-34,9 kg/m2 - grau II - IMC entre 35-39,9 kg/m2 - grau III (mórbida) - IMC ≥ 40 kg/m2 - superobesidade - IMC ≥ 50 kg/m2 IMC = Peso/Altura2 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Prevalência da Obesidade - Introdução Evolução histórica em adultos (20 anos ou mais) Prevalência média Brasil 2008/9: 14,8% % 18 16,9 16 No Brasil por sexo 1974-2008 14 12,4 12 10 Homens 7, 8 Mulheres 8 6 4 2,8 2 0 1974 2008 No mundo 1980-2008 (dobrou) Fontes: ENDEF, 1974-5 POF 2008-9 2008: - 502 milhões de adultos -10% - homens -14% - mulheres Fonte: WHO, 2012 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Prevalência da Obesidade - Introdução Brasil - Projeção da prevalência da obesidade em adultos nas 26 capitais e no Distrito Federal (≥18 anos) Obesidade 2006-2022 Fonte: Ministério da Saúde, 2011 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Patologias associadas - Introdução Associação entre obesidade e Doenças Crônicas DCNT: 63% das mortes projetadas no mundo (WHO, 2011; WHO, 2012) 72% das mortes no Brasil (SCHMIDT, 2011) Obesidade: um dos 5 principais fatores de risco para DCNT O IMC é em si um forte preditor de mortalidade, hipertensão arterial e outras DCNT Proporção da carga global de doenças atribuíveis ao aumento do IMC (2002): - 58% para diabetes tipo 2 - 21% para doença isquêmica do coração - 39% para hipertensão - 23% para acidente vascular cerebral isquêmico - 12% para câncer de cólon - 8% para o câncer de mama pós-menopausa - 32% para câncer de endométrio em mulheres - 13% para a osteoartrose Fonte: Ezzati, 2004 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Estudos anteriores - Introdução Perda econômica das 15 principais causas de morte no mundo - 2008 US$ 2,15 trilhões (61%): corresponde a 4 patologias associadas à obesidade: - Câncer - Doenças cardiovasculares - Doenças cerebrovasculares - Diabetes mellitus Brasil - DCNT: perda do PIB: 2006: US$ 0,33 bilhão 2015: US$ 0,5 bilhão US$ 1,3 trilhões: outras patologias (Abegunde et al., 2007) Fonte: Sociedade Americana de Câncer, 2010. ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Estudos Anteriores sobre Custos da Obesidade Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Estudos anteriores - Introdução Sichieri et al.(2007) - US$ 36 milhões - custo das hospitalizações de adultos relacionadas ao excesso de peso e obesidade e às doenças associadas a estas no SUS: - 3,02% dos custos totais de hospitalização em homens e 5,83% em mulheres Bahia et al.(2011) - US$ 210 milhões - custo de 18 patologias associadas ao excesso de peso e obesidade no SUS: - 2,1 bilhões de dólares, sendo: - cerca de 10% atribuível ao excesso de peso e obesidade Outros países: -custo direto per capita: varia entre U$ 17 (Alemanha, 2001) e U$ 199 (Estados Unidos, 2000) - 5,5 a 7,0% das despesas nacionais de saúde nos Estados Unidos - 2,0 a 3,5% em outros países desenvolvidos ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Justificativa - Introdução Justificativa do Estudo - Interesse no tema da Nutrição no SUS - Epidemia da obesidade nos últimos no Brasil - Importância da análise das conseqüências econômicas de uma doença – gestão Perguntas Quais os gastos financeiros do SUS que poderiam ter sido evitados ou utilizados para outros fins na ausência da obesidade em 2011? Qual a parcela do orçamento do SUS em 2011 (R$ 154 bilhões) referente aos custos da obesidade? ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Objetivos Geral Estimar os custos financeiros com o tratamento da obesidade e de suas patologias associadas na população adulta brasileira para o SUS em 2011 Específicos Estimar a prevalência da obesidade mórbida na população adulta brasileira (≥ 20 anos), por sexo e regiões, com base nos dados da POF 2008-2009 Calcular o risco de cada patologia associada atribuível à obesidade na população adulta brasileira (risco atribuível populacional), diferenciado por sexo e faixa de IMC Estimar os custos financeiros diretos atribuíveis à obesidade das internações e procedimentos de média e alta complexidade realizados em adultos no SUS em 2011 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Objetivos Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Delineamento da Pesquisa - Métodos Tipo de estudo - Metodologia dos estudos sobre custos da doença - Baseado na prevalência - Abordagem de cima para baixo (“top down”) - Análise na perspectiva dos serviços públicos de saúde - Foram obtidos os custos financeiros médicos diretos - Indicador de obesidade: IMC População e área de estudo: - Adultos com 20 anos ou mais - Brasil e regiões (prevalência) - Análise por sexo e nível de atenção à saúde (ambulatorial e hospitalar) - Foi incluída a população idosa Fontes dos dados: - Prevalência da obesidade – POF 2008/9 - RR (ou OR) – principalmente metanálises e estudos de coorte - Procedimentos SUS – SIH e SIA ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Métodos Estudos sobre Custo da Doença Definição Tipo de análise econômica parcial por meio da qual se calcula o impacto econômico, ou os custos da prevalência, ou os custos da incidência de determinada enfermidade durante um dado período de tempo. Histórico - Um dos primeiros estudos econômicos identificados na literatura - Trabalho pioneiro - Dorothy Rice (1966, 1967) ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Métodos Custo da Doença – Vantagens e Desvantagens Vantagens: Aumentam a sensibilidade dos gestores e público - medidas preventivas. Revelam áreas de enorme despesa Apoiam os estudos de avaliação econômica comparativos. Ajudam a identificar áreas que requerem intervenção. Permitem comparações internacionais dos custos de determinada doença podendo indicar estruturas de utilização de recursos mais favoráveis. Desvantagens: A variedade de abordagens limita a comparabilidade dos estudos A abordagem do custo da doença pressupõe que o valor para a sociedade da vida de um indivíduo é medido apenas em termos do potencial de produção sem outras dimensões da doença e da morte O custo da doença é sensível ao ponto de corte do IMC Os custos também são sensíveis à definição das doenças associadas ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Métodos Proposta de protocolo para aplicar o método de custo da doença no contexto brasileiro: Etapa 1 – Selecionar a patologia e elaborar a pergunta a ser respondida Etapa 2 – Definir a perspectiva, a abordagem e os tipos de custo a serem analisados Etapa 3 – Obter os RR das patologias que poderiam ser evitadas Etapa 4 – Calcular os RAPs por patologia associada e por sexo Etapa 5 – Levantar dos custos atribuíveis (RAP x custo patologia) Etapa 6 – Somar os custos da obesidade com os custos atribuíveis ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Etapa 2 - Custo da Doença – Perspectivas de análise • • • • Sociedade Paciente e familiares Setor público ou hospitais sem fins lucrativos Seguradoras de saúde ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Métodos Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Etapa 2 - Métodos Custo da Doença – Prevalência ou Incidência Os estudos sobre custo da doença também podem ser baseados na prevalência ou na incidência das doenças. A maioria dos estudos de custo da doença é baseada na prevalência da doença (MCLELLAN et al, 2006).[ ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Etapa 2 - Métodos Custo da Doença - Tipos de Abordagens Abordagem “de cima para baixo” ou “top-down” Parte-se dos valores totais em nível nacional do conjunto de todas as doenças e por meio de um processo de desagregação, chega-se até o nível em que encontra-se o custo da doença que está sendo estudada. Abordagem de baixo para cima ou “bottom-up” As estimativas são feitas para um número de casos e extrapoladas para o total de indivíduos. ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 - Etapa 2 - Métodos Custo da Doença - Tipos de Custos Diretos sanitários • Hospitalização e internação (UTI, unidade básica) • Aconselhamento e consulta com pacientes • Serviços de emergência, pronto atendimento • Cuidados domiciliares • Serviços ambulatoriais (médicos e outros) • Custos dos funcionários (salários, remuneração, etc) • Suprimentos e materiais de consumo • Exames laboratoriais, testes e controles • Medicamentos • Instalações • Serviço de ambulância • Serviço de enfermagem • Materiais educativos e capacitação Importante: Custos financeiros X custos econômicos Diretos não sanitários • Serviços sociais (aconselhamento familiar, etc.); • Reparos de perdas de terceiros; • Tempo e gastos de outros participantes (familiares) • Tempo gasto pelo paciente na procura de serviços médicos; • Modificações na residência para acomodar o paciente Custos indiretos • absenteísmo no trabalho • redução da produtividade no trabalho Custos intangíveis • dor • sofrimento (RASCATI, 2010; AZEVEDO; CICONELLI; BOSI, 2005; BRASIL, 2008; WHO, 2009) ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 – Etapas 3 e 4 - Métodos Risco Atribuível Populacional (RAP) Fornece uma estimativa da medida em que determinada doença e os seus custos são atribuíveis a um certo fator de risco (no caso a obesidade) RR ou OR (odds ratio) onde, P = Prevalência de indivíduos obesos (ou obesos mórbidos) RR = risco relativo para determinada doença em indivíduos obesos vs. indivíduos não obesos ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 – Etapas 3 e 4 - Métodos Riscos Relativos Relação entre os riscos de incidência de cada doença nas pessoas obesas (ou obesas mórbidas), em comparação com uma pessoa eutrófica Fontes: Estudos (de preferência de coorte e metanálises) Seleção: AMSTAR (assessment of multiple systematic reviews) Quando não foi encontrado o RR, este foi estimado a partir do odds ratio ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 – Etapa 5 - Métodos Obtenção dos Custos Sistema de Informações Hospitalares (SIH) (i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) Fonte dos dados: Autorização de Internação Hospitalar (AIH tipo 1 – internação) Em 2011: 11,2 milhões de internações hospitalares (70%) Possui informações como: custo da internação, sexo, idade, local de residência, diagnóstico principal que justificou a internação (CID) Pequeno sub-registro de internações (DRUMOND et al., 2009) Há consistência interna e coerência com os conhecimentos atuais (Bittencourt, Camacho e Leal,2006 Limitações: hospitais federais (AIH apenas para controle) e teto de AIH por estado (9% da população) Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) (i) (ii) (iii) (iv) Engloba 3,5 bilhões de atendimentos em 2011 Possui informações sobre Procedimentos de Alta Complexidade, APAC/SIA Limitações: dados não individualizados Nem todos os procedimentos dos Estados e Municípios estão incluídos ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Bancos de dados disponíveis na Internet para download ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 1 – Etapas 5 e 6 - Métodos Análise: Tabwin e depois Excel Etapa 5: Custo da patologia x RAP obesidade Etapa 6: Somatório (custo obesidade + custos atribuíveis) ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Sigtap – relação procedimento com o CID ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 2 – Resultados e Discussão Prevalência obesidade mórbida Custos por gravidade da obesidade: necessidade da prevalência da obesidade mórbida Tabela 1 - Prevalência da obesidade mórbida em adultos (20 anos ou mais), segundo sexo e faixa etária. Brasil e Regiões, 2008-2009. Prevalência da obesidade mórbida (IMC ≥ 40 kg/m2) Brasil % N % NE % CO % SE % S % Maiores prevalências: - Nas mulheres (2,6 x) Sexo Feminino 1,14 0,89 0,78 1,18 1,29 1,46 Masculino 0,44 0,42 0,35 0,31 0,51 0,47 Total 0,81 0,65 0,57 0,76 0,92 0,98 - Em pessoas de cor preta - Entre 55 a 64 anos - No Sul Faixa etária 20 a 24 anos 0,34 0,26 0,35 0,29 0,28 0,58 25 a 29 anos 0,52 0,48 0,48 0,34 0,57 0,56 30 a 34 anos 0,86 0,58 0,61 0,11 1,00 0,99 35 a 44 anos 0,97 0,65 0,76 0,10 1,05 1,21 45 a 54 anos 0,88 0,81 0,67 0,12 0,88 1,06 55 a 64 anos 1,33 1,50 0,77 0,45 1,64 1,57 65 a 74 anos 0,80 0,35 0,24 0,73 1,19 0,76 75 anos ou mais 0,38 1,19 0,28 0,40 0,39 0,31 Total 0,81 0,65 0,57 0,76 0,92 0,98 Menores prevalências: - Nos indígenas - Entre 20 a 24 anos - No Nordeste Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 Estima-se 1,55 milhão de pessoas com obesidade mórbida em 2008-2009 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Prevalência da Obesidade Mórbida - Resultados Evolução histórica em adultos (20 anos ou mais) Prevalência média Brasil em 2008/9 : 0,81% % % 1,2 1,14 18 16 16,9 13,5 13,2 14 12,4 0,95 12 1 10 9 Homens 8 Mulheres 8 5,4 6 0,8 0,66 4 2,8 2 0 0,6 1974 0,32 0,4 0,2 1989 0,44 2002 0,32 0,08 0,04 0 1974 1989 Obesidade 1974-2008 Aumento de: 2002 2008 Obesidade Mórbida 1974-2008 Aumento de: 443% nos homens 1100% nos homens 211% nas mulheres 356% nas mulheres ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Fontes: ENDEF, 1974-5 PNSN, 1989 Homens 2008POF 2002-3 Mulheres POF 2008-9 Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 2 – Resultados e Discussão Prevalência da superobesidade no Brasil em adultos – 2008/2009 Nos adultos: 0,039% Mulheres: 0,086% Homens: 0,002% Prevalência da superobesidade (IMC≥ 50 kg/m2) em adultos (20 anos ou mais). Brasil e regiões, 2008-2009 Maiores prevalências: Prevalência (%) de superobesidade (IMC ≥ 50 kg/m2)* Brasil N NE CO SE S - Nas mulheres Brasil 0,039 0,020 0,015 0,036 0,061 0,069 Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 Obs: Há limitações na análise, pois as balanças utilizadas na pesquisa aferem, no máximo, 150 Kg ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL - No Sul Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 3 – Resultados Obesidade Riscos Relativos – Obesidade e Obesidade Mórbida Homens -2 0 2 4 Obesidade Mórbida 6 8 10 12 14 16 Mulheres Diabetes Diabetes Osteoartrites Embolia pulmonar Embolia pulmonar Câncer no endométrio Dorsalgia (dor nas costas) e Discussão -2 0 2 4 6 8 10 12 14 Doenças isq. do coração Dorsalgia (dor nas costas) Pancreatite Câncer renal Câncer esofágico Pancreatite Câncer de pâncreas Hipertensão arterial Hipertensão arterial Colelitíases e colecistites Câncer renal Câncer esofágico Insuficiência cardíaca congestiva Osteoartrites Câncer da tireoide Câncer da vesícula biliar Doenças isquêmicas do coração Insuficiência cardíaca congestiva Câncer de cólon Asma Acidente vascular cerebral Câncer de pâncreas Colelitíases e colecistites Asma Câncer da vesícula biliar Acidente vascular cerebral Leucemia Câncer gástrico Câncer da tireoide Câncer de pele (melanoma) Câncer no ovário Câncer gástrico Mieloma múltiplo Mieloma múltiplo Câncer de cólon Câncer de reto Linfoma não-Hodgkin Leucemia Câncer de mama Linfoma não-Hodgkin Câncer de reto A obesidade, ESTIMATIVA além deDOS serCUSTOS umaDApatologia, é um fator de risco para 26 comorbidades OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL 16 Patologia associada Universidade % Casos atribuíveis de Brasília à obesidade Masc Fem Faculdade de Ciências da Saúde em Nutrição Diabetes tipoPós-Graduação 2 41,78% 65,85% % Casos atribuíveis à obesidade mórbida Masc Fem 5,86% 42,22% Dorsalgia (dor nas costas) 25,99% 32,20% 0,79% 2,02% Embolia pulmonar 23,88% 29,78% 1,09% 2,78% Câncer no endométrio 27,28% - - 5,79% Doenças isquêmicas do coração 8,26% 26,19% 1,08% 6,80% Câncer renal 9,30% 21,70% 0,59% 2,47% Hipertensão arterial 9,50% 19,35% 2,31% 5,78% 19,15% 19,15% 0,70% 1,79% 5,10% 18,24% 0,19% 1,48% Câncer esofágico 14,07% 17,80% 1,87% 4,57% Osteoartrites 28,57% 13,96% 1,48% 3,74% Câncer da vesícula biliar 4,53% 12,95% 0,17% 5,79% Asma 5,10% 11,65% 0,75% 1,92% Insuf. Cardíaca congestiva 8,99% 11,65% 0,35% 0,88% 13,89% 9,21% 0,56% 0,68% Acidente vascular cerebral 5,99% 7,65% 0,56% 1,44% Leucemia 2,08% 5,89% 0,16% 0,98% Câncer da tireoide 8,78% 4,83% 0,93% 0,78% Pancreatite Colelitíases e colecistites Câncer de pâncreas Câncer no ovário - 4,52% - 2,79% 3,74% 0,23% 0,59% Câncer gástrico 3,73% 3,73% 0,14% 0,35% Câncer de cólon 8,15% 3,08% 0,59% 0,47% Linfoma não-Hodgkin 1,48% 2,31% 0,11% 0,35% Câncer de reto Câncer de pele (melanoma) - 2,15% 2,32% 0,68% - % Casos atribuíveis à obesidade e à obesidade mórbida Fatores que interferem: - RR - Prevalência da obesidade ou da obesidade mórbida 0,65% 0,18% e Discussão Aplicações do RAP 0,32% Mieloma múltiplo Câncer de mama Artigo 3 – Resultados 0,09% ESTIMATIVA DOS 4,42% CUSTOS DA- OBESIDADE PARA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL 0,38% O SISTEMA - Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 3 – Resultados e Discussão Custos da Obesidade • Custos atribuíveis à obesidade para o SUS: R$ 487.976.502,84 (US$ 269,6 milhões) Sichieri et al.(2007) - US$ 36 milhões (excesso de peso e obesidade) - há 10 anos (dados de 2001) - só hospitalizações - não incluiu idosos Bahia et al.(2011) - US$ 210 milhões, sendo US$ 123,7 (só obesidade) - estudo recente - custo de 18 patologias associadas (x 26 analisadas neste estudo) - amostra de capitais (x amostra representativa da POF) - peso autorreferido (x maior precisão obtenção das medidas) • Custos das mulheres (R$ 327,3 milhões): dobro dos homens (R$ 160,7 milhões) - há coerência com outros estudos – ser mais alto nas mulheres - RRs mais altos em mulheres - custos da obesidade mórbida 5 x mais altos (cirurgia bariátrica em mulheres) - doenças consideradas femininas (CA de mama, endométrio e ovário) • 1,9% dos gastos do SUS com assistência à saúde de média e alta complexidade - Outros países: 0,7% a 2,8% dos gastos totais de saúde dos países ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Artigo 3 – Resultados e Discussão Custos da Obesidade Custos mais altos: doenças isquêmicas do coração, câncer de mama, insuficiência cardíaca congestiva e diabetes Hipertensão arterial ; 6.970 Câncer esofágico ; 13.300 Doenças isq. do coração ; 166.168 Osteoartrites ; 13.350 (infarto, angina e outros) Câncer no endométrio ; 16.290 Dorsalgia (dor nas costas) ; 19.611 Colelitíases e colecistites ; 23.048 Leucemia ; 23.988 Obesidade ; 32.056 Câncer de cólon ; 25.526 Diabetes ; 27.075 Câncer de mama ; 30.650 Insuf. Cardíaca congestiva ; 29.467 Possibilidades: - Doenças de alto custo para o seu tratamento ou - Forte associação com obesidade: Diabetes ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição R$ 31,5 milhões e Discussão Custos atribuíveis ao IMC 40 kg/m2 Obesidade mórbida Proporção dos custos da obesidade mórbida Custos da obesidade mórbida Artigo 3 – Resultados Diabetes Câncer da vesícula biliar • R$ 116,2 milhões • 23,8% dos custos da obesidade Câncer de mama Hipertensão arterial Doenças isquêmicas do coração Câncer no endométrio Câncer esofágico • Proporcionalmente 4,3 vezes maior do que o da obesidade Asma Osteoartrites Câncer da tireóide Acidente vascular cerebral Obesidade mórbida: - prevalência: 0,81% e custo R$ 116,2 milhões Leucemia M ieloma múltiplo Linfoma não-Hodgkin Câncer renal Câncer de cólon -Obesidade: - prevalência: 14,8% e custo R$ 487,98 milhões Câncer de reto Câncer de pele (melanoma) Colelitíases e colecistites Embolia pulmonar Câncer no ovário Pancreatite Inovação: estimativa do custo da obesidade mórbida no Brasil Insuficiência cardíaca congestiva Câncer gástrico Câncer de pâncreas Dorsalgia (dor nas costas) 0% 20% 40% ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL 60% 80% 100% Custos da cirurgia bariátrica em 2011 Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Conclusões e Principais Achados • Custos relacionados à cirurgia bariátrica: R$ 31,5 milhões • 27,1% dos custos atribuíveis à obesidade mórbida) • Entre 2008 e 2011: aumento do número de cirurgias e do custo anual • Demanda reprimida: 1,55 milhão de adultos com obesidade mórbida e apenas 26.853 cirurgias realizadas entre 2003 e 2011 no SUS Tabela 4 – Evolução do número de cirurgias e do custo anual (R$) dos procedimentos relacionados à cirurgia bariátrica no sistema de saúde público. Brasil, 2008 a 2011. Quantidade de procediment os cirúrgicos Custo dos Procedimentos relacionados à cirurgia bariátrica (R$) 2008 3.139 17.095.949,25 2009 3.681 22.332.839,00 2010 4.441 26.721.531,86 2011 5.227 31.484.703,44 Ano Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Limitações do Estudo Limitações do Estudo • RR Brasil • Não encontrado RR para obesidade mórbida para: câncer no ovário, câncer gástrico, insuficiência cardíaca congestiva, embolia pulmonar, pancreatite, dorsalgia, câncer de pâncreas, câncer de vesícula biliar, colelitíase e colecistite • Nem todos os custos de Estados e Municípios são registrados no SIH e SIA Considerações finais • O SUS tem despesa de quase 0,5 bilhão de reais/ano com obesidade • Além destes custos, há outros não computados: custos relacionados às crianças e jovens, custos da rede privada, custos indiretos (ex.: custos da Previdência Social), custos com a prevenção custos para os indivíduos e suas famílias • Perspectivas futuras – projeções de custo da obesidade no Brasil ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Linha de pesquisa: Nutrição Social Obrigada! Michele Lessa de Oliveira [email protected] ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Determinantes da Obesidade Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde, 2006 (modificado de Kumanyika S. et al.., 2002) ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Artigo 1 - Métodos Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Sigtap – relação procedimento com o CID ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Gráfico – Produção do conhecimento (artigos, livros e teses) em Economia da Saúde no Brasil, por tipo de estudo, 2004 Fonte: BRASIL, Min. Saúde, IPEA, DFID, UFMG. Análise de situação da Economia da Saúde no Brasil, 2004 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Patologias associadas - Introdução Impacto da obesidade na Saúde Pública Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição Fonte: V ISSCHER E SEIDELL, 2001 ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Pós-Graduação em Nutrição ESTIMATIVA DOS CUSTOS DA OBESIDADE PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL