UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA - DEM PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS -PGCEM Propriedades Mecânicas dos Materiais Mestrando: Roger Hoél Bello Professora: Dra Daniela Becker Bibliografia • Callister Jr., W. D. Ciência e engenharia de materiais: Uma introdução. LTC, 5ed., cap 6, 8, 13 e 16, 2002. • Shackelford, J.F. Ciências dos Materiais, Pearson Prentice Hall, 6ed., cap 6, 2008. Objetivos • Introduzir os conceitos básicos associados com as propriedades mecânicas dos materiais; • Avaliar fatores que afetam as propriedades mecânicas dos materiais; • Rever alguns dos testes básicos utilizados para avaliar muitas destas propriedades. Sumário • Introdução • Propriedades mecânicas – Metais; – Polímeros; – Cerâmicas. • Impacto • Dureza Introdução • O que são propriedades mecânicas? Definem a resposta do material à aplicação de forças (solicitação mecânica). Força (tensão) • Resposta (deformação) Principais Propriedades: Resistência, módulo de„elasticidade, ductilidade, tenacidade, resiliência, dureza. Determinação das propriedades mecânicas Ensaios mecânicos Como determinar as propriedades mecânicas?? • Através de ensaios mecânicos; • Utiliza-se normalmente corpos de prova ; • Utilização de normas técnicas para o procedimento das medidas e confecção do corpo de prova. Natureza das cargas Ensaios Mecânicos Tipos de Solicitação: • Força lenta (estática) (ensaio de tração); • Força rápida (impacto); • Força variável (vibração); • Presença de trincas, entalhes ou defeitos de fabricação; • Altas temperaturas (oxidação, modificação nas propriedades). Ensaio mecânico (estático) • Se uma carga estática ou que se altera lentamente e aplicada sobre uma seção reta ou superfície o comportamento mecânico verificado num simples ensaio de tensão-deformação. Ensaio de tração Ensaio de tração - metais Ensaio de tração - polímeros Curva tensão x deformação Polímeros Metais Curva tensão x deformação A partir da curva de tensão deformação pode-se obter os seguintes ensaios: • Módulo de elasticidade ou de Young; • Resiliência; • Tensão e deformação no ponto de escoamento; • Tensão máxima (LRT); • Tensão e deformação na ruptura; • Ductilidade; • Tenacidade. Conceitos importantes Real Conceitos importantes Tipos de deformações DEFORMAÇÃO ELÁSTICA • • • • Precede à deformação plástica; É reversível; Desaparece quando a tensão é removida; É praticamente proporcional à tensão aplicada (obedece a lei de Hooke). Elástica DEFORMAÇÃO PLÁSTICA • • É provocada por tensões que ultrapassam o limite de elasticidade; É irreversível porque é resultado do deslocamento permanente dos átomos e portanto não desaparece quando a tensão é removida. Plástica Limítrofe entre Região Elástica x Plástica Limite de escoamento superior Limite de escoamento inferior Comportamento de certas ligas – especialmente aços de baixo teor de carbono Limite de Escoamento 20 Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” E= / =N/mm2 Módulo de Elasticidade • É o quociente entre a tensão aplicada e a deformação elástica resultante; •Está relacionado com a rigidez do material ou à resist. à deformação elástica; •Está relacionado diretamente com as forças das ligações interatômicas. P A lei de Hooke só é válida até este ponto Tg = E Lei de Hooke: =E Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” Comportamento não linear • Alguns metais como ferro fundido cinzento, concreto e muitos polímeros apresentam um comportamento não linear na parte elástica da curva tensão x deformação Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região elástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Metais Outras informações que podem ser obtidas das curvas tensãoxdeformação Tensão de Ruptura (N/mm2) • Corresponde à tensão que promove a ruptura do material • O limite de ruptura é geralmente inferior ao limite de resistência em virtude de que a área da seção reta para um material dúctil reduz-se antes da ruptura 29 Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Polímeros Limite de resistência à tração Tensão Tensão de escoamento Deformação Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Polímeros Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” ductilidade Aparência das Fraturas Dúctil Frágil Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Corresponde à capacidade do material de absorver energia até sua ruptura tenacidade 36 Propriedades obtidas da curva () x () “Região plástica” Influência do Tempo e Temperatura Exemplos Ferro PMMA Aplicação Propriedades mecânicas dos materiais cerâmicos Comparação de propriedades com os materiais metálicos -São mais duros e resistentes ao desgaste -São materiais, que quando “isentos de defeitos”, apresentam altos valores de σf (tensão de ruptura); -São mais resistentes a temperaturas elevadas sofrendo de menores problemas de fluência. -As temperaturas máximas de serviço são consideravelmente mais elevadas: Zircônia – 2077 ºC, Alumina – 1949 ºC, Carbeto de silício – 1649 ºC. -Não se deformam plasticamente e tem baixa tenacidade a fratura -Em geral, são isolantes térmicos e elétricos. Materiais Cerâmicos e Vidros Curvas de ensaios de tração f latão f Ductilidade de 35% f Ductilidade inferior a 0.1% = Tensão na ruptura antes de ser atingida a tensão máxima f Propriedades Mecânicas de cerâmicas • Fratura frágil Apresentam pouca ou nenhuma absorção de energia durante a fratura (ausência de deformação plástica); • Os valores de LTR (resistência a fratura) são bastante inferiores aos estimados pela teoria a partir das forças de ligação interatômicas. Isso se deve à presença de defeitos críticos, que atuam como “amplificadores de tensão”. • O grau de amplificação depende do comprimento da trinca, assim como do raio de curvatura da “ponta da trinca”. • São fatores microestruturais “amplificadores de tensão”: trincas de superfície, microtrincas internas, poros e arestas de grão. Tensão de ruptura X tamanho da trinca para vidros Comportamento em tração X Compressão • Para tensões de compressão, não há amplificação de tensões com a presença de defeitos. Assim, as cerâmicas apresentam valores de tensão máxima em ensaios de compressão superiores aos mesmo valores obtidos em ensaios de tração. Comportamento tensão-deformação • Por razões práticas e racionais, o ensaio empregado para se estudar o comportamento X ε de materiais cerâmicos é o de flexão em 3 ou 4 pontos. M= momento fletor máximo c = distância do centro do CP até as fibras mais externas I = momento de inércia da seção reta F = carga aplicada ENSAIO DE FLEXÃO as principais propriedades obtidas do ensaio de flexão são: - módulo de ruptura na flexão (uf) - módulo de elasticidade (E) - módulo de resiliência (Urf) - módulo de tenacidade (Utf) Influência da porosidade na rigidez Influência da porosidade na resistência a flexão • Poros reduzem a área de seção reta • Eles atuam como concentradores de tensão Exercício Resistência ao impacto Resistência ao impacto Choque ou impacto é um esforço de natureza dinâmica O comportamento dos materiais sob ação de cargas dinâmicas é diferente de quando está sujeito à cargas estáticas • A capacidade de um determinado material de absorver energia do impacto está ligada à sua tenacidade, que por sua vez está relacionada com a sua resistência e ductilidade; • O ensaio de resistência ao choque dá informações da capacidade do material absorver e dissipar essa energia; • Como resultado do ensaio de choque obtém-se a energia absorvida pelo material até sua fratura, porém qual comportamento é encontrado??? Transição Dúctil - Frágil Uma das principais funções dos ensaios de impacto é determinar se um material apresenta transição dúctil – frágil com a diminuição da temperatura. Uma análise da superfície de fratura de CPs testados em diferentes temperaturas indicam a transição dúctil-frágil pelo % de fratura dúctil e frágil em cada temperatura. Fratura dúctil e frágil O processo de fratura envolve duas etapas: formação e propagação das trincas. A modalidade da fratura é dependente do mecanismo de propagação das trincas • Fratura dúctil • Fratura frágil Extensa deformação plástica na vizinhança da trinca. Processo prossegue de maneira lenta (trinca estável) Presença de deformação plástica dá um alerta de que uma fratura é iminente Mais energia de deformação é necessária pois geralmente são mais tenazes Trincas se espalham de maneira extremamente rápida com muito pouca deformação plástica (trinca instável) Ocorre repentinamente e catastroficamente, conseqüência da espontânea e rápida propagação de trincas ENSAIO DE RESISTENCIA AO CHOQUE IZOD Chapy: comum nos EUA Izod: comum na Europa CHARPY Corpos de prova Exemplos de entalhe r=0,25mm r=1,00mm r=0,10mm • Ensaio de impacto Charpy – ISO179-1 Influência do Entalhe EFEITO DA TEMPERATURA NA RESISTÊNCIA AO IMPACTO O ensaio de resistência ao choque caracteriza o comportamento dos materiais quanto à transição do comportamento dúctil para frágil em função da temperatura OUTROS FATORES QUE INFLUEM NA TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO Tamanho de grão; Grau de encruamento; Composição (% elementos de liga, como a % de carbono nos aços); Presença de impurezas ou fases; Tratamento térmico; Os materiais cerâmicos apresentam também transição frágil-dúctil que ocorre usualmente à altas temperaturas (geralmente acima de 1000°C) Polímeros • São frágeis à baixas temperaturas porque a rotação dos átomos na molécula requer energia térmica • A maioria dos polímeros apresentam transição dúctil-frágil que é geralmente abaixo da ambiente Materiais cristalinos • MATERIAIS CFC - Permanecem dúcteis (não apresenta transição dúctil-frágil) porque nesta estrutura há muitos planos de escorregamento disponíveis • MATERIAIS CCC - Apresentam uma transição de frágil para dúctil em função da temperatura Exemplos 13/04/1912 RMS TITANIC Navio petroleiro catastroficamente no Nova York em 1975. rompido porto de Estudo TITANIC Os resultados de impacto das três séries de CPs : Em altas temperaturas, as amostras longitudinais do casco tem melhor propriedade que as transversais. Em baixa temperatura, as amostras longitudinais e transversais tem a mesma energia de impacto. A temperatura de transição dúctil frágil para energia de impacto de 20J é de 27°C (ASTM A 36), 32°C (casco longitudinal) e 56 °C(casco transversal). Durante a colisão, a temperatura da água do mar era de -2oC Dureza Definição de dureza • É a medida da resistência de um material a uma deformação localizada (por exemplo, uma pequena impressão ou um risco) • Vantagens: – São simples e barato – ensaio é não destrutivo – Outras propriedades mecânicas podem ser estimadas Dureza • Vários ensaios: – Risco (escala de dureza de MOHS); – Ressalto (método SHORE); – Penetração (BRINNEL, VICKERS, ROCKWELL). Dureza Por Risco – Dureza Mohs • Escala de dureza Mohs é uma tabela de 10 minerais padrões em que o anterior é riscado pelo posterior na seguinte ordem: – talco, gipsita, calcita, fluorita, apatita, ortoclásio, quartzo, topázio, safira e diamante. • Por tanto, ela serve para classificação de minérios “in loco”, no campo ou em laboratório. • Este tipo de medida de dureza é de grande utilidade na área de mineralogia e geologia, mas apresenta pouco interesse na área de materiais e metalurgia. Por Risco – Dureza Mohs Dureza por Penetração • No ensaio de dureza por penetração, aplica-se uma carga Q sobre a superfície polida do material a ser ensaiado através de um penetrador e mede-se a marca deixada pelo penetrador após a remoção da carga. Método Brinell (HB) Força Q Ø da esfera Cavidade permanente causado pela esfera 2Q HB π Método Rockwell (HR) Dureza Vickers e Knoop • Utiliza um penetrador de diamante, o que torna o ensaio aplicável a todos os tipos de materiais; • A área da impressão é proporcional à força aplicada, o que torna o ensaio insensível à força aplicada. Dureza Vickers Dureza Knoop Dureza Vickers e Knoop Dureza Shore •A impressão Shore é pequena e serve para medir durezas de peças já acabadas ou usinadas. •A máquina shore é leve, portátil e pode, portanto, ser adaptada em qualquer lugar, podendo com isso, medir a dureza de peças muito grandes, exemplo cilindros de laminação. •Usada para medida de dureza por penetração em polímeros (escalas A, B, C, D, DO, E, M, O , OO, OOO, OOO-S, R) Dureza Shore – Escalas mais usadas DUROMETRO SHORE MANUAL (ANALÓGICO) DUROMETRO SHORE MANUAL (DIGITAL)