Reportagem especial 3

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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO DE 2010
Reportagem Especial
NOVIDADES DA MEDICINA
Fila para
testar novos
tratamentos
Pacientes se preparam
para exames, cirurgias
e medicamentos
que começam a ser
oferecidos por clínicas
e hospitais no Estado
Leticia Orlandi
m busca de uma chance de
cura para doenças ou de procedimentos cirúrgicos mais
modernos, pacientes ficam na fila
para testar novos medicamentos,
exames e cirurgias.
A informação é de médicos de
várias especialidades do Estado,
cujos pacientes já aguardam os novos tratamentos.
Contra a esclerose múltipla, por
exemplo, está sendo usada uma
nova medicação importada, a natalisubame. Ela atua impedindo o
avanço da doenças e funciona para
pacientes que não respondem
mais às drogas tradicionais, segundo a neurologista Vera Lucia Ferreira Vieira.
A psicoterapeuta Marisa Olivei-
E
ra Nascimento é uma das que
aguarda a liberação da medicação
pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) para a filha Renata, que sofre de esclerose há 10 anos. “Quero
que minha filha tome o remédio
para a doença não avançar”.
Segundo o otorrino e professor
da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Sérgio Ramos,
outro procedimento que está sendo esperado é o implante coclear.
A cirurgia é para recuperar a audição de pessoas totalmente surdas. “Com ela, os pacientes aprendem um novo código de audição, e
para voltar a ouvir é preciso um
trabalho com fonoaudiólogo”.
De acordo com o arritmologista
do Instituto de Cardiologia do Espírito Santo, Fabricio Vassallo, uma
nova medicação, a dronaderona,
para controlar a fibrilação, está prevista para chegar no segundo semestre deste ano. Um estudo mostrou que associada a uma cirurgia
de ablação - que queima os focos de
arritmia, ela teve resultado positivo
em 66% dos pacientes.
Também esperado, o exame eco
intracardíaco reconstrói a imagem
do coração em três dimensões.
ESPERANÇA
Aguardando medicamento contra esclerose
Há 10 anos, a assistente social
Renata Oliveira Nascimento foi
diagnosticada com esclerose, depois de perder o movimento das
pernas enquanto estava dirigindo.
Segundo sua mãe, a psicoterapeuta Marisa Oliveira Nascimento
(foto), a filha já usou todos os medicamentos disponíveis no País, só
que ela não reage mais a eles.
Para a neurologista Vera Lucia
Ferreira Vieira, médica de Renata, a
chance para impedir a evolução da
doença está em uma nova medica-
ção, ainda não disponível na rede pública, mas que pode ser importada
por pessoa física.
“A única esperança para minha filha é essa medicação. Entrei na Justiça para que possa ser disponibilizada pelo SUS”, conta Marisa.
O QUE OS PACIENTES ESTÃO ESPERANDO
Andrologia
> UM NOVO MEDICAMENTO contra
ejaculação precoce foi lançado há
poucos meses nos Estados Unidos e
já pode ser encontrado em farmácias de manipulação do Estado. Segundo o andrologista Eduardo Marsiglia, o remédio tem atuação rápida
e retarda a ejaculação: em uma hora
já faz efeito e perde a eficácia em
cerca de três horas.
Cardiologia
> ENTRE AS NOVIDADES recentes na
área de arritmologia está a união de
técnicas para tratar a arritmia, feitas
no Hospital Metropolitano e no Instituto de Cardiologia do Espírito San-
to, no Hospital Santa Rita. De acordo
com o arritmologista Fabricio Vassalo, a ablação é uma técnica de cauterização dos pontos de arritmia por
meio de catéteres. Antigamente, era
feita com o auxílio de raio X, mas
hoje é possível realizar o mapeamento eletroanatômico, associado
ao eco intracardíaco, que acompanha o catéter dentro do coração
com o uso de imagens tridimensionais e a marcação digital da passagem do catéter. Segundo o cardiologista Hermes Carloni, o mapeamento permite uma visão geral do
catéter, reduz o risco de complicações e o tempo da cirurgia.
> OUTRO MÉTODO utilizado que tam-
bém é esperado por pacientes é o
marcapasso com monitoramento do
funcionamento do coração via satélite. Se há alterações no ritmo ou algum problema mais grave, o aparelho manda um torpedo para a equipe
médica responsável pelo paciente.
Cirurgia plástica
> AS NOVIDADES ficam por conta de
novos formatos de próteses de silicone. O cirurgião plástico Ariosto
Santos disse que o formato das próteses muda ao longo dos anos. Os últimos eram os perfis alto e extra-alto
e agora a preferências das mulheres
é pelo cônico, com mais projeção.
Hematologia
> NO HOSPITAL SANTA RITA é feito o
HERMES
CARLONI diz
que a nova
técnica para
tratar a arritmia
reduz o risco de
complicações
e o tempo da
cirurgia
transplante autólogo de medula
óssea, para paciente com doenças
como leucemia, linfomas e mieloma, em que o doador é o próprio paciente.
Nefrologia
> AS MEMBRANAS b iocompatíveis
estão entre os procedimentos mais
novos na área de diálise. Essas
membranas reduzem as chances
de processos inflamatórios na hora
da diálise, segundo o nefrologista
Michel Assbu.
> O HOSPITAL das Clínicas recebeu no
final do ano passado a única máquina de hemodiálise para bebês e
crianças com menos de 10 quilos.
Segundo o chefe do setor de nefrologia, Lauro Vasconcellos, o aparelho é uma chance para as crianças
que nascem sem os rins ou sem funcionamento dos órgãos esperarem o
transplante. Há crianças do Estado
inteiro aguardando para usar.
Neurologia
> HÁ UM NOVO medicamento para impe-
dir a evolução da esclerose múltipla,
com indicação para pacientes que não
respondem às medicações tradicionais,
segundo a neurologista Vera Lucia Ferreira Vieira. O remédio natalizumabe
chega ao Estado por importação, só para pessoas físicas e via convênio. Segundo a médica, os pacientes que já o
utilizam estão tendo melhoras e outras
pessoas aguardam a liberação do remédio pelo SUS.
Oncologia
> ESTÁ LIBERADO para uso um medi-
camento que atua contra o câncer de
pulmão avançado. Usado associado
à quimioterapia, consegue controlar
o avanço da doença por mais tempo,
segundo o oncologista do Hospital
Meridional, Rodrigo Pineda.
> MEDICAMENTOS com menos efeitos
colaterais também estão entre as
novidades, com atuação mais específica e direta no tumor, com menos
efeitos colaterais.
Ortopedia
> UMA NOVA cirurgia para prótese re-
versa no ombro começou a ser feita
no Estado, indicada para pacientes
com lesões no manguito rotador,
problema conhecido como bursite.
Depois do procedimento, o paciente
recupera de 50% a 60% da função do
ombro, retomando funções do dia a
dia, como vestir sozinho uma blusa.
Otorrino
> UMA NOVA cirurgia promete devolver a
audição para surdos. Segundo o otorrino e professor da Ufes Sérgio Ramos, o
procedimento de implante coclear começou a ser feito em novembro do ano
passado e a expectativa é levá-lo para o
Hospital das Clínicas, onde muitos pacientes aguardam o procedimento.
Com a prótese, os pacientes que nasceram surdos ou perderam a audição
recuperam os sons com novos códigos
e precisam de um treinamento para
aprenderem a se comunicar.
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