INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADA-INTA CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO FRANCISCA KHADIJA FROTA TOMÉ OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: CAUSAS E HÁBITOS ALIMENTARES. SOBRAL-CE 2013 INTRODUÇÃO As mudanças nos hábitos alimentares, em muitos países, têm-se implantado nos últimos 30 anos; com o aumento no consumo de refeições prépreparadas, refrigerantes, fast-food. O aumento da pressão arterial e diminuição da tolerância à glicose, por exemplo, estão associadas a esses novos hábitos e o mercado “obesogênico” está amplamente direcionado ao mercado adolescente (NEUTZLING, et al 2010). Nas últimas décadas, as crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos. Uma relação positiva entre a inatividade, como o tempo gasto assistindo televisão, e o aumento da adiposidade em escolares vem sendo observada. A atividade física, por outro lado, diminui o risco de obesidade, atuando na regulação do balanço energético e preservando ou mantendo a massa magra em detrimento da massa de gordura (EICKEMBERG, 2008). A adolescência é uma época cheia de transformações fisiológicas, psicológicas e cognitivas. Todas estas alterações apresentam um impacto direto nas necessidades nutricionais e também no comportamento alimentar desses adolescentes. Embora ocorra o aumento na ingestão de nutrientes, este comportamento alimentar, devido às mudanças de estilo de vida ou atividade física, pode ser modificado (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2010). Do ponto de vista nutricional, os adolescentes são vulneráveis por apresentarem hábitos alimentares inadequados; como por exemplo, omitindo refeições, um consumo maior de alimentos ricos em açúcares e gorduras saturadas e uma menor ingestão de alimentos fonte de micronutrientes. Estes hábitos advindos da adolescência podem submetê-los a risco nutricional na vida adulta (RUVIARO, NOVELLO e QUINTILIANO, 2008). A identificação precoce dos indivíduos fora do padrão aceitável e com riscos nutricionais, é uma prioridade clínica para os profissionais da saúde que lidam com adolescentes (DUARTE, 2007). Os grupos de adolescentes sob risco elevado de ingestão energética inadequada são aqueles que fazem restrições frequentes de ingestão calórica para redução de peso; adolescentes que vivem em ambientes com insegurança alimentar; lares temporários, adolescentes que utilizam álcool e drogas ilícitas frequentemente, que levam a reduzir o apetite ou substituir a ingestão de alimentos (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2010). A importância de se conhecer o consumo alimentar dos adolescentes permite observar as características e o hábito alimentar de uma população e, ainda as consequências dessas práticas alimentares, que são refletidas no perfil nutricional das populações (DALLA COSTA, et al, 2007). O modelo de comportamento tendendo à inatividade e inadequação da dieta familiar é um fator que pode levar à obesidade precoce. Por outro lado, a inter-relação com jovens atletas e a orientação e motivação pelos pais foram relatados como influências positivas na prevenção da obesidade (EICKEMBERG, 2008). A obesidade é um fenômeno mundial que afeta ricos e pobres e é resultante da ação de fatores ambientais (hábitos alimentares, atividade física e condições psicológicas) sobre indivíduos geneticamente predispostos a apresentar excesso de tecido adiposo (BERNARDI, CICHELERO e VITOLO, 2005). Perante o aumento nas prevalências de obesidade, é de suma importância estudar estratégias que permitam seu controle. Para haver uma promoção de hábitos alimentares mais saudáveis, e com isso, haver uma diminuição nos índices de obesidade; acredita-se que seja importante o conhecimento sobre alimentação e nutrição, por essas pessoas. A educação nutricional tem sido abordada como tática a ser repassada para a população, como forma de uma alimentação saudável e, dessa forma, um peso adequado (TRICHES e GIUGLIANI, 2005). DISCUSSÃO Em um estudo realizado por MACHADO E ALVES (2012), através de uma revisão de literatura, foi possível verificar que a obesidade tem sido considerada atualmente um dos principais problemas de Saúde Pública. O aumento epidêmico na prevalência de obesidade em diferentes populações e faixas etárias tem despertado cada vez mais o interesse em esclarecer suas causas e consequências. Segundo SICHIERI E SOUZA (2009) a prevalência da obesidade aumentou agudamente nas últimas três décadas, particularmente, entre os adolescentes e adultos jovens. As consequências desse excesso de peso são várias, e a sua ocorrência na adolescência associa-se a aumento da pressão arterial, alteração do perfil lipídico e glicídio. Dentre as fases da vida, a adolescência é uma fase crítica para o desenvolvimento da obesidade, especialmente porque predomina o sedentarismo e hábitos alimentares inadequados. Alguns exemplos desses hábitos são o consumo de lanches hipercalóricos que substituem às principais refeições e grande quantidade de ingestão de alimentos ricos em açúcar, carboidratos refinados e gordura saturada. Por isso faz necessária e indispensável a atuação do nutricionista, profissionais da saúde, da escola e em especial a atuação da família para a inversão desse quadro epidemiológico. A adolescência é uma época bastante difícil de implementar intervenções nutricionais; pois eles já possuem o conceito formado do que é uma alimentação saudável, porém não a seguem, seja porque não aceitam os alimentos consideráveis saudáveis, ou porque a diversão é comer em fastfoods e lanchonetes com os amigos. Para SILVA et al, 2011 embora existam alguns adolescentes que tem consciência sobre nutrição e a melhor forma de se alimentar, tem dificuldades de transpor as barreiras que os impedem de agir de forma correta. Isso geralmente acontece em virtude dos amigos e atividades prazerosas, como estar nos shoppings, parques e bares. Considerando todos esses fatores relatados, o objetivo do tratamento da obesidade deve atuar na modificação dos hábitos alimentares e na mudança do estilo de vida do adolescente, com a implantação regular da atividade física, afastar a presença de fatores de risco de distúrbios nutricionais como fumo, poucas horas de sono, ingestão de álcool e energéticos. De acordo com CARVALHO et al (2013) os hábitos alimentares, que podem levar ao excesso de peso, estão relacionados à quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. Os padrões alimentares mudaram nos últimos anos, explicando parcialmente o aumento das taxas de obesidade. Entre essas mudanças, destacam-se o aumento do consumo de bebidas açucaradas, alimentos de alta densidade energética e pobre em micronutriente e o baixo consumo de leguminosas, verduras, vegetais e frutas. A alteração do cardápio do adolescente deve ser motivada pela escola e pelo ambiente familiar, pois estes são os dois ambientes em que o jovem passa a maior parte do seu tempo e realiza as principais refeições segundo AMANDA ALEXANDRE VALE (2011). A terapia nutricional para a prevenção e tratamento da obesidade visa, principalmente, educar o indivíduo para hábitos alimentares saudáveis. Uma alimentação saudável consiste em uma alimentação variada, equilibrada e colorida; sempre incluindo alimentos fonte de fibras e cálcio, como frutas, cereais, leite e derivados. De acordo com AMANDA ALEXANDRE VALE, (2011) estudos revelam que são poucos os adolescentes que consomem a quantidade ideal de frutas e comidas mais saudáveis, por isso uma reforma alimentar é essencial na vida dos adolescentes, por meio da educação nutricional pactuada e participativa. Os adolescentes devem ser orientados a não substituir as principais refeições, como almoço e jantar, por lanches rápidos, podendo comprometer seu estado nutricional nesta fase; devem realizar suas refeições em ambientes calmos e tranquilos, sendo ideal a realização das refeições junto com os familiares. Para VASCONCELOS, (2010) alguns estudos indicam que o comportamento alimentar dos pais está relacionado com a ingestão alimentar e com o desenvolvimento de obesidade nos seus filhos, e que este vínculo pode ser particularmente mais evidente entre mães e filhas. A família é responsável por demonstrar o significado de uma alimentação saudável. Os filhos tendem a consumir desde a infância os alimentos consumidos pelos pais; então se os pais consomem refeições naturais e saudáveis, os filhos tendem a esse costume; porém atualmente as famílias estão desestruturadas e com isso a alimentação fica comprometida. Segundo SICHIERI E SOUZA (2009) a família é considerada como sendo o principal gerador da alimentação adequada para crianças e adolescentes. Ela é, também, o centro das atenções para o desenvolvimento de ações efetivas visando à redução do excesso de peso. Nas escolas também deve haver ações que priorizem uma alimentação saudável com alimentos naturais ao invés do industrializados, evitar vendas em locais próximos de chocolates, biscoitos recheados e refrigerantes, proporcionando a eles uma aula de educação alimentar. De acordo com PINTO (2011) as ações desenvolvidas deveriam priorizar a inclusão de alimentos regionais na alimentação das escolas, primando pelo oferecimento de frutas e legumes, inclusão de alimentos menos processados, com maior densidade nutricional, minimizando a oferta de açúcares e gorduras. É de grande importância que se realize capacitações sobre alimentação e nutrição com todos que trabalham em uma escola, principalmente aqueles envolvidos no preparo dos alimentos, as merendeiras, professores, diretores, coordenadores, auxiliares e demais funcionários, além da regulamentação de bares e cantinas; tudo isso em prol da mudança nos hábitos alimentares dos adolescentes, prevenindo ou tratando a obesidade. Em um estudo feito por MARIZ et al, (2013) uma parcela das crianças e adolescentes com excesso de peso incluídos no estudo ainda consumia alimentos de risco, porém, observou-se que a intervenção nutricional apresentou resultados positivos, pois, de modo geral, os participantes demonstraram compreender a importância de se evitar os alimentos de risco e aumentar o consumo dos alimentos protetores. A terapia nutricional combinada à prática regular de atividade física constituem estratégias indispensáveis no tratamento da obesidade, visto que garantem uma perda de peso mais eficiente e duradoura. Uma boa orientação nutricional é essencial para que os jovens possam passar a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis; a escolherem alimentos mais saudáveis e na quantidade necessária. A combinação de dieta mais exercícios proporciona redução de peso mais eficiente durante períodos curtos e longos, em comparação a utilização de apenas uma destas intervenções, afirma (PONTE, SOUSA E NAVARRO, 2009). A prática regular de atividade física, como havia mencionado, é uma das formas mais eficazes de evitar ou tratar a obesidade. Como relatado, a atividade física não faz parte da rotina da maioria dos adolescentes, a atividade atual desses adolescentes é ficarem em frente à TV ou ao computador, realizarem as atividades fora de casa sempre em veículos motorizados; todas as atividades sedentárias. De acordo com SOUZA, (2011) a atividade física é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente. A prática adequada de atividade física na adolescência traz vários benefícios para a saúde física e mental, seja por meio de uma influência direta sobre a morbidade na própria adolescência ou por uma influência mediada pelo nível de atividade física na idade adulta. Para que se inicie um programa de atividade física estruturada para a criança ou o adolescente, e importante que ele seja submetido a uma avaliação clinica por médico capacitado (CARVALHO et al, 2013). Pelo visto, a associação entre uma mudança no hábito alimentar e adoção de prática de atividade física revela ser o tratamento e a prevenção ideal para a obesidade na adolescência. FERREIRA et al, (2012) diz que além da alimentação e da atividade física, programas voltados ao controle e à redução da obesidade devem envolver uma abordagem comportamental, enfocando questões como: motivação, condições para adesão e manutenção do tratamento; apoio familiar; tentativas com insucessos e obstáculos para as mudanças no estilo de vida. . CONSIDERAÇÕES FINAIS A obesidade atualmente representa um grave problema de saúde pública, pois a cada dia que passa aumenta o número alarmante de pessoas acometidas por essa patologia. Junto com a obesidade aparecem também outras doenças crônicas que ajudam a piorar ainda mais o quadro epidemiológico da população, não só no Brasil, mas no mundo todo. A obesidade na adolescência mostra a realidade de futuros adultos obesos, pois como foi relatado, crianças e adolescentes obesos tendem a serem também adultos obesos, isso demonstra a preocupação que é de se reverter esse quadro o quanto antes para diminuir esse número. A obesidade ocorre por uma combinação de diversos fatores, como hábitos alimentares inadequados, a própria genética, estilo de vida, sedentarismo e fatores psicológicos. A adolescência é uma fase onde ocorrem diversas transformações físicas, sociais e psíquicas. Tudo isso afeta o comportamento alimentar do adolescente, levando-o a ter preferências por uma alimentação irregular, o que pode levar ao ganho de peso e carências nutricionais. Sabendo que a obesidade é uma alteração nutricional, com sérias implicações na saúde, tornase fundamental incentivar hábitos alimentares e estilo de vida que propiciem a saúde, alimentação e nutrição adequadas. A principal meta para intervir nessa realidade é tentar fazer com que os adolescentes aprendam sobre hábitos saudáveis para que, com o tempo possam mudá-los e, consequentemente melhorem sua saúde e qualidade de vida. Campanhas de saúde pública devem ser criadas com o objetivo de ajudar esses adolescentes a diminuir o peso, aumentando a ingestão de alimentos naturais e saudáveis, evitando lanches industrializados, reduzindo o tamanho das porções e praticando atividade física regularmente. Ações de educação nutricional devem estar presentes em todos os ambientes, nos lares, nas escolas, cantinas e restaurantes escolares, além do comércio de alimentos destinados ao público adolescente. Por fim, conhecer os hábitos alimentares e os fatores ambientais que podem desencadear a obesidade na adolescência permite intervir de forma mais eficiente na prevenção e no tratamento desta doença.