SARNA NORUEGUESA - CASO RARO DE MANIFESTAÇÃO ATÍPICA Mohamad Ali Hussein¹; Karin Fernanda Frank¹; Julia Barazetti Ferrari Alves¹; Arianne Ditzel Gaspar¹; Karina Corrêa Ebrahim¹ ¹ Discente do curso de Medicina Faculdade Assis Gurgacz INTRODUÇÃO A sarna humana afeta todas as classes sociais e diferentes raças em todo o mundo, sendo altamente contagiosa, porém não se tem números exatos sobre sua prevalência. A escabiose norueguesa recebeu esta denominação pois foi descrita na Noruegua por Danielssen e Boeck como sendo um tipo de sarna em que estavam presentes milhões de ácaros em pacientes com Hanseníase. Os autores observaram quadros de sarna em pacientes com parestesia sensorial, déficit cognitivo, deficiência física e imunossuprimidos. . RELATO DE CASO Paciente F.D., 19 anos, deu entrada no Pronto Atendimento com quadro de febre de 38oC e múltiplas lesões em corpo todo (figs. 1-3), poupando apenas face e plantas dos pés e mãos. As lesões não eram pruriginosas, o que dificultou a suspeita diagnóstica inicial. Foi realizada a biópsia de pele e finalizado o diagnóstico de Sarna Crostosa (fig. 4). Foi iniciada terapêutica com Ivermectina 3mg/kg via oral, Anti- histamínicos e isolamento do paciente. Todos os contactuantes do paciente, assim como toda a equipe médica e de enfermagem foram tratados com Ivermectina por via oral, visto o alto teor de contágio. Após 3 semanas, o paciente ainda encontra-se internado para o tratamento, porém as lesões regrediram consideravelmente (figs. 5 e 6). Figura 1: Vista lateral do tronco na admissão DISCUSSÃO É mais comumente observada associação entre a escabiose e deficiências neurológicas, no entanto no presente relato o paciente não apresentava qualquer alteração neurológica com déficit cognitivo. Ainda, os testes sorológicos para HIV e citomegalovírus foram negativados, visto que há uma associação íntima entre imunodeficiência e a sarna crostas.O paciente ainda segue em investigação para neoplasia oculta. Na sarna comum, a resposta imunológica do hospedeiro é alterada, o que permite ao ácaro sua multiplicação intensa, porém o que torna o caso descrito incomum é a ausência de correlação entre imunodeficiência e a doença. Como a Escabiose norueguesa é difícil de tratar em alguns casos, devido ao elevado número de ácaros na epiderme formando regiões na pele hiperceratóticas, deve-se optar por tratamento prolongado com escabicidas sistêmicos principalmente. É interessante frisar a importância do diagnóstico diferencial com outras dermatoses como a Psoríase Crostosa, uma forma rara da doença que se manifesta por placas eritematosas cobertas por crostas, semelhante ao paciente descrito no presente caso. Figura 2: Membros inferiores na admissão Figura 3: Vista frontal do tronco e membros superiores na admissão Figura 4: PELE HE X 40 Sarna crostosa (norueguesa) Epiderme tem hiperplasia psoreaseforme com numerosos Sarcoptes scabiei na camada córnea (setas) Figura 5: Vista frontal do tronco e membros superiores após 14 dias de tratamento Figura 6: Membros inferiores após 14 dias de tratamento