T19 – Alterações metabólicas na Obesidade e Diabetes Obesidade A obesidade potencia o aparecimento de várias patologias: diabetes tipo II hipertensão arterial doencas cardiovasculares problemas respiratórios problemas ortopédicos Perto de 30% das crianças portuguesas têm excesso de peso ou são obesas, no entanto, 5 Milhões de crianças morrem de fome todos os anos. → verifica-se um aumento exponencial do número de obesos e até de obesos extremos. O que é? – aumento do tecido adiposo com consequências patológicas para a saúde Avaliação? Índice de Massa corporal – IMC > 30 Kg/m2 Distribuição de gordura intra-abdominal – medida pelo perímetro abdominal Diabetes Mellitus Doença endócrina mais comum Caracterizada por hiperglicémia por falta e/ou resistência à insulina A diabetes pode ser: Insulino-dependente (15% dos diabéticos) – tipo1 Não insulino-dependente (85% dos diabéticos) – Jovens < 30 anos tipo2 Início rápido > 40 anos / qualquer idade ↓ produção de insulina Início lento Destruição auto-imune das células ilhéus Insulina presente β pancreáticos Resistência a insulina (?) Pode ser desencadeada por factores Alteração da secreção de insulina (?) ambientais (infecção viral; toxinas) Obesidade Muito frequente a cetoacidose A probabilidade de cetoacidose é baixa, Há susceptibilidade genética apenas após um maior stress químico Não está normalmente associada a factores genéticos Metabolismo da Insulina efeitos antiglucagénicos ↑ GTPase ↑ Fosfodiesterases ↑ Fosfoproteína Fosfatase ↑ tirosina cinase recrutamento de GLUT-4 (indutíveis) Libertação da insulina para o plasma Ligação da insulina aos receptores membranares dimerização e agregação do receptor autofosforilação do receptor e sua activação fosforilação de proteínas efectoras dessensibilização à insulina, por degradação dos seus receptores quebra do sinal regulação génica: ↓ enzimas gluconeogénicas e catabólicas ↑ enzimas de biossíntese e anabólicas Quando a insulina entra para o fígado, vai desencadear vários efeitos já descritos. Neste órgão, ela vai promover a maior entrada de glucose, através dos GLUT’s, promovendo, assim, a glicólise, que vai produzir piruvato e, de seguida, Acetil-CoA. Este entra para o ciclo de Krebs e, para além da produção de equivalentes redutores para a síntese de ATP, vai produzir intermediários para a síntese de aa, como o αcetoglutarato e o oxaloacetato, induzindo a biossíntese de proteínas. A partir de uma determinada concentração de glucose, essa integra a síntese de glucogénio, aumentando as reservas hepáticas deste. Por fim, é desencadeada a síntese de triglicerídeos, a partir do glicerol-3-P em excesso e dos ácidos gordos, recém formados a partir do Acetil-CoA em excesso. Estes para serem acumulados no tecido adiposo integram as VLDL (lipoproteínas responsáveis pelo transporte de TG endógenos). No tecido adiposo é necessário activar a lipoproteína lipase para separa o glicerol dos AG, para poderem entrar nas células do tecido adiposo. Uma vez dentro destas, a sua síntese é activada e eles constituem, assim, uma reserva nutritiva. No músculo, a glucose é também usada para síntese de ATP, mas essencialmente, para aumentar as reservas de glucogénio muscular, e activar a síntese de proteínas. Metabolismo na Diabetes Mellitus e consequências do défice de insulina Por défices de insulina, a glucose não é capaz de entrar nas células, provocando a sua acumulação no plasma – Hiperglicémia –, desencadeando glicusúria, pois o seu aumento é de tal ordem que ultrapassa o limite de filtração renal (tornando-se tóxica para o organismo) e é excretada. Daí que pessoas com diabetes tenham poliúrira. Por outro lado, o aumento da excreção renal vai aumentar a diurese osmótica (levando à excreção de iões fundamentais, como Ca2+, K+, PO42-), o que provoca a uma desidratação, compensada pela polidipsia. Por outro lado, como a insulina não actua de maneira eficiente, por défice ou resistência a esta, o efeito da glucagina fica aumentado (hormona complementar). Por isso, vai ocorrer aumento da lipólise para que os TG funcionem como uma fonte de energia alternativa, por β-oxidação de AG. No entanto, isto causa aumento plasmático de ácidos gordos livres e de corpos cetónicos, causando, acima de um certo valor, cetoacidose (acidose metabólica) e cetonúria, o que aumenta a desidratação. Por fim, também a glucagina vai ter efeito da proteólise, aumentando os níveis plasmáticos de aa livres, para que sejam utilizados como fonte de energia, uma vez que são precursores de piruvato, acetil-CoA e oxaloacetato que entram no ciclo de Krebs. Além disso, os aa glucogénicos, por acção da glucagina, vão integrar a neoglicogénese, agravando a hiperglicémia. Como há proteólise, é provável que o indivíduo sinta uma fadiga excessiva, bem como a perda de peso, por perda de massa muscular. Na diabetes tipo 1, há uma excessiva lipólise e proteólise, pois o efeito da glucagina é muito mais sentido e há uma quase total depleção de glucose, como fonte de energia, por incapacitação da sua utilização. Enquanto que na diabetes tipo 2, o défice energético não é tão sentido, pois há ainda alguma insulina que é detectada nas células e desencadeia o metabolismo da glucose, daí que neste último tipo a cetonémia não seja tão elevada, como na diabetes tipo 1. Obesidade e Diabetes tipo 2 A Obesidade, provocada pelo aumento da relação entre a ingestão e o consumo dos nutrientes ingeridos, diminuição do exercício físico, vida sedentária e causa genética (expressão de genes que causem resistência à insulina ou que aumentam a fome), vai desencadear o aumento da produção de insulina, para que sejam activadas vias de anabolismo e de gasto de glucose, como por exemplo a diminuição da lipólise, o que agrava a obesidade. Por isso, a continuação do estilo de vida já enumerado vai causar ainda mais aumento de insulina, pelo que as células ficam resistentes ao seu efeito, diminuindo a sua sensibilidade. Portanto, nesta fase o corpo precisa de mais insulina, mas não é capaz de a produzir, ou seja, há um défice relativo de insulina, provocando um aumento do efeito da glucagina que aumenta as vias de catabolismo, agravando a hiperglicémia. Regulação dos neurónios do núcleo arqueado do hipotálamo (ARC) por hormonas periféricas Insulina – sintetizada pelo pâncreas e libertada aquando do aumento da glicémia Leptina – produzida no tecido adiposo e libertada para a supressão do apetite Grelina – produzida no estômago e libertada para estimulação do apetite Adiponectina – produzida no tecido adiposo e diminui a resistência à insulina Resistina – produzida no tecido adiposo e aumenta a resistência à insulina Peptídeo YY 3-36 – produzido no intestino e suprime o apetite Neurónios anorexigénios – POMC e CART – activados pelo aumento da glicemia – suprimem o apetite Neurónios orexigénios – NPY e AgRP – acivados pela diminuição da glicemia – aumentam o apetite Hiperfagia – por aumento da activação dos neurónios orexigénicos Diminuição da termoregulação Diminuição do gasto energético Infertilidade Obesidade Mutação do gene ob Defeito na transcitose (entrada) ↓Inibição anormal do NPY Defeitos no receptor da leptina Produção anormal de leptina Causas Leptina Leptina Codificada pelo gene ob Produzida no tecido adiposo, na mesma proporção da sua quantidade (↑ tecido adiposo → ↑ leptina) Inibe os neurónios orexigénicos – diminui a libertação de NPY → diminui o apetite Activa os neurónios anorexigénios – activação do POMC → aumento do gasto de energia por aumento da termogénese Inibe a enzima acetil-CoA carboxilase (enzima chave da síntese de AG) → diminuir a síntese de TGA e aumentar a β-oxidação Interveniente no controlo da reprodução e fertilidade Aterosclerose Hipertensão arterial Diabetes mellitus tipo 2 Cálculos renais Cálculos biliares Hiperlipidémia Adiponectina – tiozolidinedionas Metabolismo glicídico o Reduz gluconeogénese o Promove captação da glicose para metabolizaçãoo Catabolismo lipídico o β-oxidação o Degradação dos TG Protecção da disfunção endotelial (importante na aterosclerose – formação da placa de ateromas) ↓ da resistência e ↑ da sensibilidade à insulina Perda de peso Controlo do metabolismo energético A falta de adiponectina poderá ser apontada como uma causa para a o aumento da resistência à insulina e, consequentemente, para a diabetes tipo 2 Resistina Intervém no controlo do processo inflamatório Contribui para a homeostase energética Está envolvida na resistência à insulina em indivíduos obesos O aumento anormal da resistina pode levar a uma resistência anormal à insulina, relacionada com o aparecimento de diabetes tipo 2 no obeso. Obesidade no Idoso – semelhança com o hipotiroidismo envelhecimento ↑ consumo relativo de alimentos e ↓ gasto energético ↑ Leptina e dos receptores βadrenérgicos Constante activação das células ↑ acumulação de gordura no tecido adiposo ↓ gasto energético e desregulação da termogénese ↓ estimulação dessensibilização dos receptores βadrenérgicos