MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE ÁREA FOLIAR EM CAFEEIRO

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MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE ÁREA FOLIAR EM CAFEEIRO
Wesley Zambom da Silva1, Sebastião Vinícius Batista Brinate2, Marcelo Antonio
Tomaz3, José Francisco Teixeira do Amaral3, Wagner Nunes Rodrigues4, Lima
Deleon Martins4
1
Graduando em agronomia pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Espírito Santo (CCA/UFES), Alto Universitário, s/nº, Cx Postal 16, Bairro
Guararema, Alegre-ES, Brasil, [email protected]
2
Graduando em agronomia pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Espírito Santo (CCA/UFES),
3
D. Sc., Professor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Espírito Santo (CCA/UFES)
4
Pós-Graduando em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Espírito Santo (PPGPV/CCA/UFES)
Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011
RESUMO
A produtividade das culturas resulta de processos e reações complexas que ocorrem
durante o crescimento e desenvolvimento sob condições externas, como a
quantidade de energia incidente interceptada (área foliar), absorvida (excitação
eletrônica), convertida (fixação de CO2), redistribuída entre as partes do vegetal
(partição de assimilados) e metabolizada nas diferentes partes das plantas
(eficiência na utilização). Então, pode-se afirmar que a presença de folhas é um fator
de grande importância na vida da planta, pois, dentre outras funções que ela exerce
está a captação da energia luminosa que é essencial no processo fotossintético.
Esse texto tem como objetivo expor os principais métodos de estimativa de área
foliar em cafeeiro, assim como analisar a importância da área foliar para esta cultura.
A área foliar de uma cultura possui grande importância principalmente nos aspectos
relacionados à produção, pois além de estar estreitamente relacionada ao processo
fotossintético das plantas ela ainda pode auxiliar em algumas práticas culturais,
como por exemplo, a poda, adubação, irrigação, espaçamento, aplicação de
defensivos e quantificação de danos causados por pragas e doenças. Existem
diversos métodos e equipamentos que podem ser utilizados na estimativa da área
foliar do cafeeiro, os mais amplamente utilizados são os métodos baseados nas
dimensões foliares e na utilização de integradores de área foliar.
PALAVRAS-CHAVE: Cafeeiro, Folha, Fotossíntese.
ABSTRACT
The crop yield results from processes and complex reactions that occur during the
growth and development under external conditions, such as the amount of incident
energy intercepted (leaf area), absorbed (electronic excitation), converted (CO2
fixation), redistributed between the vegetal tissues (partition of assimilates) and
metabolized in different plant parts (utilization efficiency). So it can be stated that the
presence of leaves is a major factor in plant life because, among other functions that
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it performs there is the capture of light energy that is essential in the photosynthetic
process. The methods used to estimate the leaf area can be classified as destructive
or nondestructive, direct or indirect. In destructive methods is necessary to remove
parts of the plant to perform the measurement. While in the non-destructive methods,
the removal of the parts isn’t necessary, in other words, these methods preserve the
integrity of the plants, allowing the continuation of the measurements on the same
plant. Direct methods are based on measurements taken directly on the leaves, while
the indirect ones are based on the known correlation between a biometric variable
measured and the real leaf area. The leaf area of a culture has a great importance
especially in aspects related to its yield, as well as being closely related to the
photosynthetic process of the plants, it can also helps in some cultural techniques
such as pruning, fertilization, irrigation, spacing, application of pesticides and
quantification of the damage caused by pests and diseases. Among the methods for
the determination of the leaf area in coffee, there are the two that are most commonly
used: leaf size and use of leaf area integrator.
KEYWORDS: Coffee, Leaf, Photosynthesis.
INTRODUÇÃO
A maioria do café comercializado no mundo é oriunda do cultivo das espécies
Coffea arabica e Coffea canephora. O C. arabica responde por 60% da produção
mundial e é mais adaptado a regiões com temperaturas mais baixas, em relação à
espécie C. canephora, sendo normalmente cultivado em regiões de altitudes
maiores do que 500 m. Já o C. canephora representa aproximadamente 40% da
produção mundial e é normalmente cultivado em regiões mais baixas que
apresentem temperaturas mais elevadas, sendo mais recomendado para regiões
com altitudes que não ultrapassem 500 m (FERRÃO et al., 2008).
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. A área total
ocupada pela cafeicultura brasileira é estimada em 2.282,1 mil hectares em 2011. A
estimativa de produção de café (arábica e conilon) para 2011 indica que o país
deverá colher 43,54 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, com
redução entre 9,5%, quando comparada com a produção obtida na temporada
anterior. Essa redução se deve principalmente a 2011 ser um ano de baixa quando
se estuda a bienalidade de produção do café arábica. A maior redução é associada
à produção de café arábica, com queda de 12,6% ou 4,64 milhões de sacas. Para o
café conilon, a previsão aponta crescimento de 0,8%, correspondendo a 90,7 mil
sacas (CONAB 2011).
A área foliar é uma variável de crescimento reconhecida pela sua importância
como indicativo da produtividade da planta, uma vez que a fotossíntese realizada
pelas plantas depende da interceptação da energia luminosa pelo dossel e da sua
conversão em energia química. A eficiência do processo fotossintético depende da
taxa de fotossíntese por unidade de área foliar e da interceptação da radiação solar,
as quais são influenciadas pela arquitetura do dossel e pela dimensão do sistema
fotoassimilador (FAVARIN et al., 2002).
Além disso, a área foliar do cafeeiro é fundamental para estudos fisiológicos
envolvendo análise de crescimento, transpiração, e em pesquisas para quantificar
danos causados por pragas e doenças foliares. De acordo com PEREIRA et al.
(1997), pode ser citada a possibilidade de se estimar a perda de água pela planta,
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pois a folha é o principal órgão no processo transpiratório responsável pela troca
gasosa com o ambiente e de grande utilidade na avaliação de técnicas culturais,
como poda, adubação, espaçamento, aplicação de defensivos e manejo da
irrigação.
Com isso, objetivou-se com esta revisão fazer um levantamento dos principais
métodos de estimativa de área foliar em cafeeiro, assim como analisar a importância
da área foliar para esta cultura.
DESENVOLVIMENTO
CAFÉ ARÁBICA E CAFÉ CONILON
O cafeeiro é originário do continente africano, mais precisamente das regiões
altas da Etiópia. De lá ele se espalhou pela Arábia, Ásia, Europa e por quase todo o
mundo (CARVALHO, 1946).
O café da espécie Coffea arabica L. é originário de regiões de clima úmido e
temperaturas amenas de uma região montanhosa da Etiópia, portanto, ele é
cultivado em regiões mais frias com temperaturas médias anuais variando de 18°C a
23°C (ANDRADE & SANTOS, 2004).
No Estado do Espírito Santo, sua produção está concentrada,
predominantemente, nas regiões do Caparaó (37,4%), Serrana (36,7%) e Sul
(15,3%). Está presente em 49 municípios do Estado e envolve 53 mil famílias em
mais de 20 mil propriedades que cultivam café em pequenas áreas, em regime
familiar. A área ocupada por esta espécie está em torno de 185 mil hectares. Os
municípios maiores produtores são Brejetuba, Iúna, Irupi, Vargem Alta, Ibatiba,
Afonso Cláudio e Domingos Martins (FERRÃO et al., 2008).
Apesar de a espécie apresentar uma elevada importância para o Estado, a
produtividade média ainda é muito baixa, situando-se entre 10 a 12 sacas
beneficiadas por hectare (FERRÃO et al., 2008). Dentre os fatores que afetam de
forma negativa a produtividade e a qualidade podem-se citar: problemas climáticos e
agronômicos, o parque cafeeiro envelhecido, a assistência técnica insuficiente, o
crédito escasso, a baixa organização do cafeicultor e a baixa utilização das
tecnologias de colheita e pós-colheita (SCHMIDT et al., 2004).
O grande avanço observado na cafeicultura capixaba de arábica foi na
melhoria da qualidade, onde se constata que cerca de 20% do café produzido é tipo
seis ou superior. Esse avanço pôde ser propiciado pela implantação do Programa
Cafés das Montanhas do Espírito Santo que, entre outras ações, promoveu a
instalação das salas de prova e a capacitação de técnicos e cafeicultores quanto à
melhoria do manejo na colheita e na pós-colheita para produção de cafés de
qualidade superior, principalmente do cereja descascado, bem como a identificação
de mercados diferenciados com maior valor agregado ao produto (FERRÃO et al.,
2008).
A espécie Coffea canephora Pierre ex Froehner começou a ser utilizada em
cultivos e trabalhos em Java, por volta de 1900 (CHARRIER & BERTHAUD, 1988).
Pode-se afirmar que os principais motivos para a sua utilização foram o surgimento
do café solúvel e seu emprego nos blends de cafés torrados e moídos (MALTA,
1986).
De acordo com FAZUOLI (1986), no Brasil, a variedade Conilon foi introduzida
pelo Estado do Espírito Santo, sendo o nome “conilon” originado da palavra Kouillou,
com as letras K e U substituídas por C e N, respectivamente.
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Nas últimas duas décadas, o plantio da espécie se expandiu rapidamente no
Estado do Espírito Santo, notadamente na região norte. É também cultivado nas
áreas baixas, vizinhas ao Espírito Santo, como no sul da Bahia e no vale do Rio
Doce em Minas Gerais, e nos Estados de Rondônia e Mato Grosso (MATIELLO,
1998). A produção da espécie era de reduzida importância até a geada ocorrida em
1975, que marcou de forma indelével a história da produção de Conilon no Brasil,
quando pela primeira vez registraram-se linhas de financiamento para o plantio da
espécie. Com o estímulo governamental, o Espírito Santo revitalizou-se em termos
agrícolas, possibilitando-o ultrapassar estados produtores mais tradicionais,
destacando-se atualmente como o maior produtor de Coffea canephora do Brasil.
FISIOLOGIA DE FOLHAS DE Coffea arabica
A plantas da espécie Coffea arabica apresentam folhas de coloração verdeescura, persistentes, opostas, de pecíolo curto, oval-oblongas, coriáceas e de
estípulas curtas (MARTINEZ et al., 2007).
As folhas de algumas cultivares de café arábica apresentam espessura foliar
maior do que cultivares de café conilon. As taxas de fixação de dióxido de carbono
(CO2) também tendem a ser, em geral, superiores às encontradas em café conilon
apesar de haver variabilidade entre cultivares (CARVALHO et al., 2001).
FISIOLOGIA DE FOLHAS DE Coffea canephora
As folhas são maiores, de cor verde mais clara e com nervuras mais salientes,
que as do café arábica; nos períodos secos elas pendem para baixo agrupando-se
umas sobre as outras, o que dificulta a perda de água (MARTINEZ et al., 2007).
A disposição e a forma das folhas das duas espécies são similares. No entanto,
as folhas de plantas de café conilon, considerando um mesmo estádio de
desenvolvimento, são geralmente maiores e apresentam maior área superficial para
captação de luz do que plantas de café arábica. Existem diferenças nos valores das
taxas de fotossíntese líquida, de transpiração e de condutância estomática, sendo o
café conilon superior quanto a esses parâmetros em comparação ao café arábica
(CARVALHO et al., 2001).
ÁREA FOLIAR
Segundo LAWLOR (1993), o processo fotossintético é um fenômeno de
superfície. Em folhas consideradas de sol, sob quantidades adequadas de fluxo de
fótons fotossintéticos, a assimilação do carbono está relacionada linearmente com a
interceptação dos fótons nas regiões do azul e do vermelho. Maior área foliar implica
maior superfície de interceptação de luz, o que poderá resultar em taxas
fotossintéticas mais elevadas. Esse fato mostra que a mensuração da área foliar é
importante e pode auxiliar a avaliação do estado fisiológico de uma planta.
Em alguns estudos WATSON (1952) ressalta que o índice de área foliar (IAF) é
a relação funcional existente entre a área foliar e a área do terreno ocupada pela
cultura. Considerando que o rendimento agrícola é expresso pela quantidade de
matéria colhida por unidade de área, é válido expressar a área foliar sobre a mesma
base do rendimento.
A importância da área foliar de uma cultura é amplamente conhecida por ser
um parâmetro indicativo de produtividade, pois o processo fotossintético depende da
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interceptação da energia luminosa e a sua conversão em energia química. A
eficiência fotossintética depende da taxa fotossintética por unidade de área foliar e
da interceptação da radiação solar, as quais, entre outros aspectos, são
influenciadas pelas características da arquitetura da copa e da dimensão do sistema
fotoassimilador (FAVARIN et al., 2002).
Segundo PEREIRA et al. (1997), a superfície foliar de uma planta é a base do
rendimento potencial da cultura, além disso, o conhecimento da área foliar da planta
permite a estimativa da perda de água, uma vez que as folhas são os principais
órgãos que participam no processo transpiratório, responsável pela troca gasosa
com o ambiente. Do exposto, o conhecimento da variação temporal do índice de
área foliar em culturas perenes poderá ser útil na avaliação de várias práticas
culturais como poda, adubação, irrigação, espaçamento e aplicação de defensivos,
entre outros.
De acordo com SANTINATO et al. (1997), é crescente a adoção da técnica de
irrigação de cafezais em diferentes regiões do país. A utilização racional da referida
técnica depende do conhecimento da variação temporal do índice de área foliar
(IAF), considerando que a área foliar da cultura é responsável pelas maiores perdas
de água. Assim, o estudo dessa variável permitirá estimar as variações nas
necessidades hídricas da cultura, bem como definir as melhores estratégias de
manejo da irrigação, proporcionando maior eficiência econômica e também
ambiental, devido à escassez deste recurso para fins agrícolas.
HUERTA & ALVIM (1962) foram os primeiros pesquisadores que
desenvolveram trabalhos sobre o uso do IAF na planta de café. VALÊNCIA (1973)
desenvolveu um trabalho relacionando o IAF com o máximo rendimento do cafeeiro,
em razão da densidade de plantio. De acordo com os resultados, o rendimento
máximo da cultura foi obtido quando o IAF da cultura atingiu o valor igual a oito, que
ocorreu três anos após o plantio para uma população de 10.000 plantas ha-1, e,
somente depois do 4º ano após o plantio, quando a população era de 5.000 plantas
ha-1.
REY & ALVAREZ (1991), trabalhando em condições de viveiro, avaliaram
modelos de estimativa da área foliar da planta de café. Os referidos pesquisadores
relacionaram o comprimento e a largura das folhas da planta com a área foliar,
adotando diferentes modelos: linear, quadrático, radical e potencial. O resultado
deste trabalho recomenda a utilização do modelo linear. A principal limitação desta
proposta é o tempo necessário para realizar a determinação do comprimento e da
largura de cada folha, pois, dependendo da idade da planta, pode-se encontrar uma
quantidade superior a 4.000 folhas por planta.
A produtividade da planta resulta de processos e reações complexas que
ocorrem durante o crescimento e desenvolvimento sob influência das condições
externas (NASYROV, 1978), como a quantidade de energia incidente, interceptada
(área foliar), absorvida (excitação eletrônica), convertida (fixação de CO2),
redistribuída entre as partes do vegetal (partição de assimilados) e metabolizada nas
diferentes partes da planta (eficiência na utilização).
A agricultura de precisão vem sendo cada vez mais empregada no agronegócio
brasileiro, pois pode proporcionar um aumento na eficiência do processo produtivo
sustentável, uma vez que está baseada na variabilidade espacial presente na área
entre solo, planta e clima. O conhecimento da estrutura do dossel é o ponto central
de qualquer descrição de uma interação planta-ambiente e está intimamente
correlacionada com a interceptação, distribuição e emissão da radiação. Pode ser
ainda, um indicativo da produtividade da planta, uma vez que o processo
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fotossintético depende da interceptação da energia luminosa pelo dossel e da sua
conversão em energia química (SILVA et al., 2003).
Freqüentemente as medidas da estrutura do dossel incluem o índice de área
foliar, densidade foliar, e algumas medidas de como ângulo de distribuição e ângulo
de inclinação da folha. As metodologias para a determinação da área foliar têm
grande importância em estudos que envolvem a análise do crescimento das plantas,
da taxa de fotossíntese, da propagação vegetativa, do ataque de pragas e doenças
e da evapotranspiração (McNAUGHTON; JARVIS, 1983).
VALANCOGNE et al. (2000) verificaram que a transpiração máxima por
unidade de evapotranspiração de referência (Tr/ETo) relaciona-se melhor com o
índice de área foliar do que com outros parâmetros (fração de cobertura do solo,
fração de solo sombreada ao meio dia, radiação global e líquida absorvida).
De acordo com VIEIRA JÚNIOR (1998), a presença de micro computadores na
agropecuária está assumindo grande importância, onde muitos equipamentos e
métodos tradicionais estão sendo substituídos por sistemas de medição eletrônicos,
e o processamento de imagens é encarado como uma técnica sofisticada de
obtenção e análise de dados. Segundo HENTEN & BONTSEMA (1995), o
processamento de imagens pode ser utilizado como um método indireto e nãodestrutivo para determinar medidas de interesse em plantas.
MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE ÁREA FOLIAR NO CAFEEIRO
Os métodos utilizados na determinação de área foliar (AF) podem ser
classificados como destrutivos ou não destrutivos e diretos ou indiretos. Os métodos
destrutivos são aqueles que exigem a retirada de partes da planta. Já os não
destrutivos são aqueles que não necessitam da retirada de suas partes,
preservando, assim, a sua integridade e permitindo a continuidade das avaliações
na mesma planta. Os métodos diretos são baseados em medidas realizadas
diretamente nas folhas, enquanto os indiretos são baseados na correlação
conhecida entre uma variável biométrica mensurável e AF real (FLUMIGNAN et al.,
2008).
Na cultura do café existem vários métodos para determinação de AF na cultura;
entretanto, na prática, são utilizados principalmente dois: dimensões foliares e a
utilização do integrador de AF. O método de dimensões foliares estima AF pela
relação entre AF real e a área de um retângulo que circunscreve a folha e é
amplamente empregado em trabalhos de campo devido à sua praticidade, boa
qualidade das estimativas e por ser não-destrutivo. O método integrador de AF,
normalmente utilizado como referência, mede AF pelo princípio de células de grade
de área conhecida (LICOR, 1996); entretanto, possui custo elevado e é destrutivo
(FLUMIGNAN et al., 2008).
Os métodos para a obtenção da área foliar podem ser destrutivos ou não.
Dentre os destrutivos, citam-se: método planimétrico, método gravimétrico, utilização
do peso seco da folha e sua relação com a área foliar, dentre outros. Entre os
métodos não-destrutivos, destacam-se: utilização da relação entre as medidas
lineares da folha e sua área, método de contagem de quadrados preenchidos pelo
contorno das folhas, planimetria fotoelétrica, planimetria fotográfica fotoelétrica,
planimetria com radiação, fotografia hemisférica e outros (MARSHALL, 1968).
Dentre os métodos conhecidos que auxiliam a determinação da área foliar,
merece destaque o procedimento que relaciona a área foliar com as dimensões
lineares da folha (PEREIRA, 1987), devido à rapidez na obtenção de dados, quando
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se utiliza amostra de folhas, e por não ser, necessariamente, destrutivo (PEDRO
JÚNIOR et al., 1986).
Um dos resultados de métodos indiretos é o índice de área foliar (IAF), que tem
sido amplamente utilizado em pesquisas. Medidas biométricas como o volume e a
área lateral do dossel e, conseqüentemente a altura e o diâmetro inferior do dossel
podem ser utilizados para a estimativa do índice de área foliar do cafeeiro, sendo
que, os dois primeiros parâmetros apresentaram valores próximos aos dos métodos
diretos considerados de referência.
Muitos métodos tradicionais de medição e equipamentos têm sido substituídos
por métodos computacionais usando a análise de imagens digitais, provendo assim
medições indiretas e não destrutivas.
Com o avanço tecnológico, foram desenvolvidos métodos que envolvem
técnicas de digitalização de imagens que permitem a obtenção de resultados
confiáveis da área foliar para qualquer espécie vegetal de forma rápida e eficiente
(CRESTANA et al., 1994; JORGE & CRESTANA 1996). Entretanto, os trabalhos
pioneiros não dispunham dessas técnicas para a determinação precisa da área
foliar, além de terem utilizado como objeto de estudo materiais (folhas) de cultivares
de café sem expressão no parque cafeeiro atual.
Método de estimativa proposto por BARROS et al. (1973)
Um dos métodos mais usados é a estimação da área foliar por meio de
equações matemáticas envolvendo a medição do comprimento do limbo foliar, a
maior largura da folha, ou ambos. Tais artifícios foram anteriormente utilizados na
determinação da área foliar de Coffea arabica (TAVARES JÚNIOR et al., 2002;
BARROS et al., 1973), Annona squamosa (SILVA, 2004), Mangifera indica L.
(ARAÚJO, 2005), Cocos nucifera L. (SOUZA, 2005), Carica papaya (CAMPOSTRINI
& YAMANISHI, 2001), fruteiras silvestres (MIELKE et al., 1995) e em uma
diversidade de outras plantas herbáceas ou arbustivas.
Com o intuito de estimar a área foliar, BARROS et al. (1973) utilizaram como
padrão o método gravimétrico descrito por KEMP (1960) e HUERTA & ALVIM
(1962), correlacionando, por regressão linear, os valores encontrados àqueles
obtidos com as dimensões dos retângulos circunscritos aos limbos foliares. Com
base nos resultados, os autores apresentaram a Equação 1 para estimar a
superfície foliar de cafeeiro (Figura 1).
ÂF = 0,667.C.L
(Equação 1)
Em que:
ÂF = estimativa da área foliar (cm2);
C = maior comprimento (cm);
L = maior largura (cm).
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Figura 1. Medição do maior comprimento da folha de café (A), da maior largura da
folha (B) e representação da relação entre o retângulo circunscrito ao limbo foliar
(C).
Esse método tem sido amplamente utilizado em pesquisas agrícolas (MIELKE
et al., 1995; TAVARES JÚNIOR et al., 2002; SILVA et al. 2003; FLUMIGNAN et al.,
2008).
Método de estimativa proposto por PARTELLI et al. (2006)
PARTELLI et al. (2006) estabeleceram uma metodologia baseada no uso de
equações de regressão para se estimar a área foliar do cafeeiro conilon, utilizandose medidas lineares da folha.
Com este estudo, os autores concluíram que o comprimento da nervura central
(CNC) é um adequado parâmetro para estimar a área foliar (AF) desta espécie.
Porém, para folhas desenvolvidas à sombra, a medida linear do CNC não se
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mostrou adequada para medição da área foliar. Como resultado do trabalho,
PARTELLI et al. (2006) estimaram as Equações 2 e 3:
ÂF = 0,2027 . CNC 2,1336
(Equação 2)
Em que:
ÂF = estimativa da área foliar para mudas (cm2);
CNC = comprimento da nervura central (cm).
ÂF = 0,3064 . I -0,0556 . CNC 2,0133
(Equação 3)
Em que:
ÂF = estimativa da área foliar para plantas de idades diferentes (cm2);
I = idade da planta (meses);
CNC = comprimento da nervura central (cm).
Método do integrador de área foliar
A determinação da área foliar, em geral, é realizada por métodos diretos, em
que as folhas são coletadas e medidas por meio dos equipamentos de medição
automática, tais como Licor 3100 (Licor Inc., Lincon, Nebrasca, EUA) (Figura 2);
entretanto, esses são métodos destrutivos e restritos quanto à disponibilidade dos
aparelhos. Métodos indiretos são úteis quando esses equipamentos não estão
disponíveis ou quando medições não destrutivas são requeridas, tais como as que
ocorrem no campo, nas quais se pretende avaliar as mudanças que ocorrem com
uma determinada folha (e.g. padrão de crescimento da folha, acompanhamento de
alterações na área foliar num determinado estádio fisiológico).
Figura 2. Aparelho integrador de área foliar (Licor 3100).
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O LI-3100 é um medidor de área foliar que funciona em tempo real, ou seja, a
área é retornada no momento em que a folha passa pelo sensor. Seu visor
apresenta medidas de no mínimo 1 mm², resolução de até 0,1 mm², e apresenta
uma precisão de ±2,0% para a resolução 1 mm² e ±1,0% para a resolução 0,1 mm².
É um aparelho integrador de área, cuja teoria operacional baseia-se na simulação de
células de grade, de área conhecida, na superfície foliar (LI-COR, 1996).
Também existe modelos que executam medições não destrutivas, como o
modelo LI-3000C, que é um medidor portátil que permite a avaliação da are a foliar
diretamente em campo. É utilizado o mesmo princípio básico do modelo citado
anteriormente, os receptores são ativados quando os sensores deslizam sobre a
folha e a luz emitida pelos LEDs é encoberta, permitindo a medição da largura da
folha. O comprimento da folha é medido por um cordão codificado que se estende
conforme os sensores se deslocam sobre a superfície da folha. Os LEDs pulsam a
cada deslocamento de 1 mm do cordão codificado, e o cálculo da área é feito
eletronicamente, com uma resolução de 1 mm2.
Outros métodos
Câmeras fotográficas digitais e scanners são também disponíveis no mercado,
a um custo bastante acessível e encontram-se bastante popularizadas. Esses
equipamentos são promissores para trabalhos de campo na medição de AF por
serem portáteis mais baratos que o integrador de AF e podem ser usados em
determinações não-destrutivas, possivelmente com maior precisão que o método de
dimensões foliares, principalmente em situações nas quais as folhas apresentam-se
danificadas. O método imagem digital determina AF com base na escala e na
resolução em que é obtida a imagem (pontos por polegada ou dots per inch - dpi),
por meio de um software que determina a área de cada elemento que compõe a
imagem (pixel), dividindo a imagem em duas categorias (folha e não-folha) e
integrando os elementos que pertencem à mesma categoria (FLUMIGNAM et al.,
2008).
Atualmente, existem programas computacionais que também podem ser
utilizados na determinação da área foliar, como por exemplo, o Software QUANT
(VALE et al., 2001).
CONCLUSÕES
Diante do que foi apresentado pode-se concluir que a área foliar de uma cultura
possui grande importância principalmente nos aspectos relacionados à produção,
pois além de estar estreitamente relacionada ao processo fotossintético das plantas
ela ainda pode auxiliar em algumas práticas culturais, como por exemplo, a poda,
adubação, irrigação, espaçamento, aplicação de defensivos e quantificação de
danos causados por pragas e doenças, entre outras.
Dentre os métodos para determinação de área foliar no cafeeiro dois são os
mais utilizados: Dimensões foliares e a utilização do integrador de AF.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág.
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