ID: 42161546 06-06-2012 | Espaços de Negócios Tiragem: 18000 Pág: IV País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 29,29 x 34,69 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 4 O Porto de Sines é já uma plataforma de entrada e saída de mercadorias entre a Europa e o continente americano, afirma Lídia Sequeira ENTREVISTA Sines permitirá a Portugal tirar partido do alargamento do Canal do Panamá Sines é o porto que permitirá a Portugal tirar partido do mega-investimento que está a ser realizado no Panamá, afirma a presidente do Porto de Sines, Lídia Sequeira. Frisa, nesta entrevista, que o melhor posicionamento no mercado passa por ter uma boa quota de tráfego para o “hinterland”, associado ao “transhipment” Quais as perspetivas futuras do Porto de Sines, tendo em conta o potencial gerado pelo alargamento do Canal do Panamá, que estará operacional em 2014? Atualmente o tráfego pelo Canal do Panamá é realizado com navios de porte inferior a 4 mil TEU [unidade equivalente a um contentor de 20 metros], o que é um “bottleneck” face à nova escala dos navios portacontentores utilizados nas grandes rotas. Desta situação resulta uma concentração de carga em portos dos EUA em ambas as costas, que funcionam como pontos terminais de muitas rotas, o que representa um claro desajustamento face às modernas tendências de desenvolvimento do shipping mundial. O novo conjunto de eclusas, que serão inauguradas em 2014, por altura do centenário do canal, permitirá a passagem de navios de 12 mil a 13 mil TEU, o que abrirá uma nova realidade nos tráfegos diretos entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico por esta região. Nesta nova lógica, as rotas marítimas que atravessarão o Canal do Panamá motivarão uma importante alteração nos tráfegos de e para aquela região do mundo, na medida em que serão afetos navios de grande porte com enormes economias de escala e que terão um alcance superior de abrangência geográfica com paragem em apenas um conjunto restrito de portos. Os novos tráfegos transoceânicos provenientes do Oriente e da costa leste americana encontrarão Sines como o primeiro porto atlântico de águas profundas, que claramente se enquadra no referido conjunto restrito de portos para receber os navios de grande porte. Em Sines, estes novos tráfegos encontrarão outros serviços de longo curso que também utilizam navios de grande porte (os maiores em operação no mundo), existindo, desta forma, fortes sinergias na rotação de cargas. Sines é, desta forma, o porto que permitirá a Portugal tirar partido do mega-investimento que está a ser realizado no Panamá. Por outro lado, poderão ressurgir os serviços à volta do mundo que ganham uma nova viabilidade com a possibilidade de utilização de navios de grande porte. Portugal já tem condições para ser uma plataforma de entrada e saída de mercados entre a Europa continental e as Américas via Sines? Sines é já uma plataforma de entrada e saída de mercadorias entre a Europa e o continente americano. Existem serviços regulares que ligam Sines diretamente ao Canadá, à costa oeste dos EUA (região norte e região sul até ao Golfo do México), à costa leste dos EUA até Vancouver inclusive, bem como para a América do Sul. Em Sines, as cargas fazem rotação de e para as regiões referidas das Américas. Por exemplo, Os novos tráfegos transoceânicos provenientes do Oriente e da costa leste americana encontrarão Sines como o primeiro porto atlântico de águas profundas muito tráfego originário de França é movimentado para a costa leste dos EUA por Sines. Era uma situação impensável há poucos anos e hoje é já uma realidade. No entanto, existe ainda um grande potencial para crescimento do tráfego entre Sines e as Américas, funcionando o alargamento do Canal do Panamá como grande catalisador para este futuro crescimento. Que comentário faz a quem não acredita no potencial das cargas de trânsito? O Porto de Sines tem uma forte componente de transhipment, mas há quem considere que a aposta em Sines foi tardia, concorda? O transhipment [transbordo] é um segmento de negócio muito importante no mercado dos contentores, sendo uma das principais razões para a construção de grandes terminais e portos no mundo, como é o caso de Singapura. No entanto, o “transhipment” puro é associado a ID: 42161546 06-06-2012 | Espaços de Negócios Tiragem: 18000 Pág: V País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 17,91 x 34,47 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 4 FOTOS DR Sines é um porto “hub” de referência no eixo atlântico e ganhará a prazo uma nova importância A aposta de Sines nos contentores foi feita no momento certo e com os parceiros certos nua a crescer a bom ritmo, os planos de expansão da terceira fase estão já em preparação e o porto já se preparou com meios de operação e fundos de 17,5 metros para a próxima geração de navios que aí vem, de 18 mil TEU. Desta forma, considera-se que a aposta de Sines nos contentores foi no momento certo e com os parceiros certos. O operador do terminal é o número um no mundo, a PSA, e o Terminal XXI já merece a preferência de armadores de referência, nomeadamente a MSC e a CMA-CGM, os segundo e terceiro maiores armadores do mundo, respetivamente. Que crescimento antecipa para o Porto de Sines no médio prazo? No próximo triénio atingirá o 1 milhão TEU. alguma volatilidade, na medida em que pode ser facilmente deslocado. Neste aspeto, o melhor posicionamento no mercado passa por ter uma boa quota de tráfego para o “hinterland” associado ao “transhipment”, o que permite ter uma maior sustentabilidade do negócio. O Porto de Sines está nesta última situação, pois tem cerca de 40% do tráfego para o hinterland. O arranque do Terminal XXI em Sines em 2004 coincidiu com o momento de introdução no “shipping” comercial dos navios de 9 mil TEU, seguido dos de 12 mil e 14 mil TEU, que se enquadram e permitem verdadeiramente tirar partido das características geofísicas de Sines. A primeira fase de construção do Terminal XXI ficou saturada em poucos anos e rapidamente foi necessário avançar para a segunda fase, que foi recentemente terminada e permite ter uma capacidade de 1 milhão TEU. O movimento conti- Os vários Governos têm tido iniciativas que visam criar uma maior agilidade em Sines, potenciando mais tráfego. Qual o movimento atual e qual o potencial de que se está a falar? No corrente ano movimentaremos 28 milhões de toneladas de mercadorias e cerca de 600 mil TEU. Nos contentores e no longo prazo, o potencial de Sines poderá atingir os 6 milhões TEU por ano, admitindo o desenvolvimento do novo Terminal Vasco da Gama. O que a administração do Porto de Sines retira do potencial a criar com a nova ferrovia? Quais os objetivos em termos de rentabilidade? A nova ferrovia permitirá aumentar a capacidade e frequência dos comboios de mercadorias, com realização de comboios com cerca de 700 metros de cumprimento, o que permitirá entrar num novo patamar de rentabilidade na execução de comboios bloco e mesmo multicliente, com uma abrangência geográfica além fronteiras. É um fator crítico de sucesso no crescimento a prazo de Sines. Sines está suficientemente aproveitado como “hub” no eixo Atlântico? Sines é já um porto “hub” de referência no eixo atlântico e ganhará a prazo uma nova importância face aos elevados índices de crescimento que estão a ser registados e aos investimentos em curso, que contribuirão positivamente em todos os segmentos de carga. Qual o potencial de Sines como espaço logístico e de armazenagem e para escritórios? Sines conta com a primeira Zona de Atividades Logísticas portuária em pleno funcionamento, com excelentes condições e espaços para desenvolvimento de soluções logísticas. Dispõe ainda de uma Zona Industrial e Logística contígua ao porto, que é uma das maiores da Europa, com mais de 4 mil hectares de terreno disponível, livres de especulação imobiliária. Não é fácil, na Europa, encontrar um porto com as caraterísticas de Sines e com um espaço de retaguarda com esta dimensão. O potencial é enorme e único. Que números fez o Porto de Sines em termos de negócios e resultados em 2011? Que rendimento quer tirar o acionista Estado? O volume de negócios da APS em 2011 foi de 30,9 milhões de euros, com um resultado líquido de 8,4 milhões de euros. De acordo com a deliberação de distribuição de resultados aprovada em Assembleia Geral, a distribuição de resultados foi de 10% para reservas legais, 40% para resultados transitados e de 50% para o acionista. ID: 42161546 06-06-2012 | Espaços de Negócios ENTREVISTA Lídia Sequeira, presidente do Porto de Sines Págs. IV e V Tiragem: 18000 Pág: I País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 5,87 x 5,80 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 4 ID: 42161546 06-06-2012 | Espaços de Negócios Tiragem: 18000 Pág: 1(principal) País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 5,87 x 4,12 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 4 ENTREVISTA Sines permitirá a Portugal tirar partido do mega-investimento no Panamá, afirma a presidente do Porto de Sines, Lídia Sequeira Págs. IV e V