Depois do difícil 2014, 2015 vem aí... Imagino que muitos de vocês também estejam cansados, fechando o ano para balanço, assim como eu... Então vou me permitir filosofar e desabafar um pouco nesta coluna.... Depois de 365 dias de exigências de produtividade, razão, resultados e números, começo por um mapa numérico (mas descompromissado) de 2014: Preço da energia mercado livre: 677,68 R$/MWh Preço médio da energia solar no leilão exclusivo: 215,12 R$/MWh (nov/14) Brasil: 720 em Corrupção (Transparência Internacional, 2013) Brasil: 790 em IDH (2014) Energia Armazenada (SE/CO): 16% Energia Armazenada (NE): 13,1% 10% eletricidade desperdiçada de 2008 a 2013 (BR, ABESCO) Nível Cantareira: 7,3% Nível Alto Tietê: 4,1% Aumento de emissões Gases de Efeito Estufa (BR, 2013 x 2012): 7,8% Inflação 2014: 6,56% Volume útil reservatório Três Marias (MG): 4,17% Aumento de renda dos 10% mais pobres: 2,1% (BR, 2014) Pegada ecológica: 1,5 planetas/ano p/ viver PIB 2014: 0% LEGENDA Econômico Ambiental Social Energia Volume útil reservatório Ilha Solteira (SP): 0% O ano de 2014 acabou melancolicamente... imagino que as retrospectivas enfatizarão a Copa do Mundo, mais uma eleição frustrante e mentirosa, o Petrolão... No tripé da “sustentabilidade”, foi um ano “andado de lado”: - economia - um ano para esquecer... PIB microscópico, juros e inflação altos, etc... - social – retrocesso em vários indicadores, Copa sem legado... - ambiental – a crise da água..., o prazo para eliminar os lixões nos municípios foi para o brejo; mais emissões de gases de efeito estufa... pelo menos o novo Relatório do IPCC sobre o Aquecimento Global coloca mais “lenha na fogueira” (ou talvez mais emissões humanas no aquecimento global). No setor elétrico, um ano complicado, causado pela economia em baixa e desarranjos provocados pelas ações do governo. Quebradeira? Risco de falta? O Pró-álcool e as usinas na UTI... Uma luz no fim do tún...do ano: o leilão de energia solar...será que é um espasmo, ou terá continuidade? O economista Milton Friedman (quem diria) estava certo: “não tem almoço grátis”.... temos de cair na real, e entender que: - o presente é consequência do passado; por mais que não entendamos, tudo tem explicação. Por mais que estejamos cansados, decepcionados, também somos responsáveis coletivamente pela situação atual.... E não tem “pó-de-pirlimpimpim” ou “super-homem” que resolva os problemas em um passe de mágica.... anos ou décadas serão necessários para resolver vários dos complexos problemas atuais; - temos divergências quanto aos tratamentos, remédios e as doses a serem aplicadas ao “doente”. Antes de qualquer coisa, precisamos de consenso quanto ao diagnóstico dos problemas, o que não parece ser anda o caso em vários dos problemas atuais (desde o aquecimento global até a política econômica... Será que no caso da crise da água, eficiência energética e no setor elétrico como um todo já caiu a ficha?). Em seguida, precisamos de capacidade e firme intenção de resolvê-los, e disposição para dialogar com todos os envolvidos; 2015 está se configurando como um ano difícil no Brasil, Europa, Japão: altas de preços, baixo crescimento, juros altos, baixo investimento e gasto... mais um em que a economia vai imperar soberana sobre os demais temas do tripé da sustentabilidade. Espero que seja aproveitado para um saudável “choque de realidade” (o próprio governo reconhece isto agora..... apesar da campanha eleitoral fantasiosa). Mesmo quanto ao novo acordo global sobre as mudanças climáticas (um dos assuntos “quentes” do próximo ano), resta conferir se negará e empurrará o problema, ou o enfrentará efetivamente.... Já que o cenário não se mostra favorável, melhor do que sofrer é tentar ser feliz com o possível. Como o ditado: “você quer ter razão ou ser feliz?”. Ir devagar, simplificar, dialogar muito (que ainda não paga imposto), cooperar para melhorar, fazer muito com pouco (como estamos cada vez mais acostumados a fazer)... Que em 2015 a energia seja canalizada para sermos parte da solução e não do problema, e achar a felicidade do possível!!