Indução Eletromagnética 1 • Aprendemos que uma força eletromotriz (fem) é necessária para produzir uma corrente em um circuito. • Até aqui, quase sempre tomamos uma bateria como a fonte de fem. Contudo, para a maior parte dos dispositivos elétricos utilizados na indústria e em nossas casas, a fonte de fem não é uma bateria, mas uma usina geradora de energia elétrica. • Tal usina produz energia elétrica mediante a conversão de outras formas de energia: energia potencial gravitacional em uma usina hidroelétrica, energia química em uma usina termoelétrica que queima carvão ou óleo e energia nuclear em uma usina nuclear. • Mas como ocorre essa conversão de energia? Em outras palavras, qual é a física envolvida na produção de quase toda energia que consumimos? A resposta é um fenômeno chamado indução eletromagnética. 2 Experimentos envolvendo a medida de uma corrente elétrica em uma espira. 1. Espira conectada a um amperímetro + um ímã em repouso nas proximidades Resultado: nenhuma corrente é medida no amperímetro. 3 2. Espira conectada a um amperímetro + um ímã posto em movimento se aproximando da espira Resultado: uma corrente não nula é medida no amperímetro. 3. Espira conectada a um amperímetro + um ímã posto em movimento se afastando da espira Resultado: uma corrente não nula e no sentido oposto ao anterior é medida. 4 Experimentos envolvendo a medida de uma corrente elétrica em uma bobina. 5 O que as ações que induzem uma corrente elétrica na espira e bobina têm em comum? Elas causam variação no campo magnético através da espira/bobina. 6 “Espira” retangular com um dos lados podendo se movimentar. • Um campo magnético constante está entrando no plano desta página. • A partir do momento em que o lado móvel da espira passa a se mover com uma velocidade v, uma corrente I é induzida. Neste caso, não há variação de campo magnético através da espira. Porém, há corrente elétrica induzida. Como explicar? 7 Na verdade, todas as ações que induzem uma corrente elétrica nas espiras ou bobinas têm em comum o seguinte aspecto: elas causam variação no fluxo do campo magnético através da espira/bobina. 8 Como já vimos, definimos o fluxo magnético através de uma superfície de modo análogo à descrição do fluxo elétrico, ou seja: com : vetor unitário perpendicular à área. A unidade SI de fluxo magnético é o tesla - metro quadrado, que recebe o nome de weber (Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm Weber (1804 – 1891). Ou seja, uma variação no fluxo magnético pode ser obtida a partir da variação do campo magnético B ou da área A (ou de ambos). Nos exemplos dos slides 4 e 5, há variação de B (com A constante). No slide 7, há variação de A (com B constante). 9 Lei de Faraday da indução A fem induzida em uma espira fechada é dada pelo negativo da taxa de variação do fluxo magnético (com o tempo) através da área delimitada pela espira. Durante a década de 1830, diversas experiências pioneiras sobre uma fem induzida magneticamente foram feitas por Michael Faraday, na Inglaterra, e por Joseph Henry, nos Estados Unidos. 10 Exemplo: Na figura a seguir, o campo magnético entre os pólos do eletroímã permanece sempre uniforme, porém seu módulo aumenta com uma taxa crescente de 0,020 T/s. A área da espira condutora imersa no campo é igual a 120 cm2 e a resistência total do circuito é igual a 5,0 Ω. (a) Calcule a magnitude da fem induzida e da corrente induzida no circuito. (b) O que ocorreria com a fem induzida e a corrente induzida no circuito se a espira condutora 11 fosse substituída por uma espira isolante? Item (a) Magnitude da fem induzida e da corrente induzida no circuito. 12 Item (b) O que ocorreria com a fem induzida e a corrente induzida no circuito se a espira condutora fosse substituída por uma espira isolante? A lei de Faraday não envolve de maneira alguma a resistência do circuito. Portanto, a fem não se altera quando a resistência aumenta ao substituirmos a espira condutora por uma espira isolante. Porém, a corrente diminuirá, visto que I = ε/R. Supondo que a espira seja feita com um isolante perfeito de resistência infinita, a corrente induzida será igual a zero, embora exista uma fem presente. 13 A Lei de Lenz A lei de Lenz é utilizada para determinar o sentido da fem ou da corrente induzida. H. F. E. Lenz (1804 – 1865) foi um cientista alemão que realizou de modo independente muitas das experiências feitas por Faraday. “A corrente induzida em uma espira tem um sentido tal que o campo magnético produzido pela corrente se opõe ao campo magnético que induz a corrente”. “O sentido de qualquer efeito de indução magnética é tal que ele se opõe à causa que produz esse efeito”. 14 2. Ímã posto em movimento se aproximando da espira O fluxo magnético através da espira está aumentando. Portanto, o sentido da corrente induzida é tal que gera um campo magnético no sentido oposto, atuando na redução do fluxo. 3. Ímã posto em movimento se afastando da espira O fluxo magnético através da espira está diminuindo. Portanto, o sentido da corrente induzida é tal que gera um campo magnético no sentido oposto, atuando 15 no aumento do fluxo. 16 17 “Espira” retangular com um dos lados podendo se movimentar. Um campo magnético constante está entrando no plano desta página. O fluxo magnético através da espira está aumentando (em virtude do aumento da área). Portanto, o sentido da corrente induzida é tal que gera um campo magnético no sentido oposto (dentro da espira), atuando na redução do fluxo. 18 Exemplo: determinação da fem induzida na “espira” retangular com um dos lados podendo se movimentar. Um campo magnético constante está entrando no plano desta página. Escolha para o sentido do vetor : o mesmo do vetor momento magnético da espira (especificado pelo sentido da corrente elétrica, via mão direita). Ou seja, saindo do plano desta página. 19 20 Usina hidrelétrica 21 Turbina – geração de eletricidade • Uma turbina hidráulica converte a energia da água corrente em energia mecânica (rotação da turbina). Um gerador hidroelétrico converte esta energia mecânica em energia elétrica. Em um grande gerador, eletroímãs são montados sobre o perímetro do rotor. • A operação de um gerador baseia-se nos princípios descobertos por Faraday. O rotor está ligado ao eixo da turbina, e gira a uma dada velocidade (devido ao fluxo de água sobre as paletas). Quando o rotor gira, a variação do campo magnético induz uma fem nos condutores montados no estator. 22 Usina termelétrica • Na termeletricidade, o gerador é impulsionado pela queima de um combustível. Ao queimar, o combustível aquece uma caldeira com água, produzindo vapor com uma pressão tão alta que move as pás de uma turbina, que por sua vez aciona o gerador. • Qualquer produto capaz de gerar calor pode ser usado como combustível, do bagaço de diversas plantas aos restos de madeira. Os combustíveis mais utilizados são: óleo combustível, gás natural e o carvão mineral. Complexo termelétrico Jorge Lacerda – Capivari de Baixo (SC). 23 Usina nuclear • Uma usina nuclear funciona com princípio semelhante ao de uma usina termelétrica: o calor gerado pela combustão do carvão, do óleo ou do gás vaporiza a água em uma caldeira. Esse vapor aciona uma turbina, à qual está acoplado um gerador, que produz a energia elétrica. Na usina nuclear, o calor é produzido pela fissão nuclear (geralmente de urânio) ou fusão nuclear do hidrogênio. Fontes: http://www.ons.org.br http://www.cnen.gov.br 24 Correntes parasitas (ou correntes de Foucault) Suponha que uma espira condutora seja substituída por uma placa condutora maciça. Quando puxamos a placa para fora da região onde existe um campo magnético, o movimento relativo entre o campo e o condutor induz uma corrente no condutor. • No caso da placa, porém, os elétrons de condução responsáveis pela corrente induzida não seguem todos a mesma trajetória, como no caso da espira. Em vez disso, circulam no interior da placa como se fizessem parte de um redemoinho. Uma corrente desse tipo é chamada de corrente parasita e pode ser representada como na figura acima. • É importante observar que a existência de correntes parasitas faz com que a energia elétrica possa ser convertida em energia térmica a uma taxa dada pela equação P = I2 R, aumentando a temperatura do condutor. 25 Campos elétricos induzidos Suponha que um anel de cobre de raio r é submetido a um campo magnético externo uniforme entrando no plano desta página: Considere também que a intensidade desse campo seja aumentada a uma taxa constante. De acordo com a lei de Faraday, uma força eletromotriz induzida e uma corrente induzida aparecem no anel. De acordo com a lei de Lenz, a corrente induzida tem o sentido anti-horário. Se existe uma corrente no anel de cobre, deve haver um campo elétrico para colocar os elétrons de condução em movimento. Somos assim levados a um enunciado mais geral da lei de Faraday: Um campo magnético variável produz um campo elétrico. 26 Um dos aspectos mais interessantes desse novo enunciado é o fato de que o campo elétrico induzido existe mesmo que o anel de cobre não esteja presente. Por exemplo, considere a próxima figura, que é idêntica à figura do slide anterior, exceto pelo fato de que o anel de cobre foi substituído por uma circunferência imaginária de raio r. Supondo, como antes, que o módulo do campo magnético esteja aumentando com o passar do tempo, o campo elétrico induzido nos pontos da circunferência deve, por simetria, ser tangente à circunferência. 27 Sabemos que: O trabalho realizado sobre uma carga, pelo campo elétrico, para percorrer a circunferência de raio r é dado por: A força eletromotriz, por sua vez, pode ser escrita como: Portanto: Lei de Faraday 28 Exemplo: na figura a seguir, a região sombreada de raio R é mantida sob influência de um campo magnético uniforme, perpendicular e entrando no plano desta página. O módulo do campo magnético varia a uma taxa dB/dt. Determine as expressões para o módulo do campo elétrico induzido nas regiões em que r < R e r > R. Região r < R 29 Região r > R 30 Para R = 8,5 cm e dB/dt = 0,13 T/s, teremos a seguinte curva: 31