A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface

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Artigo original
A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família:
uma interface metodológica fundamentada na
técnica Delphi
The oral health in the Family Health Strategy: a methodological
interface based on Delphi technique
Luís Carlos Lopes Júnior1, Mariana Lieka Assega2, Elaine Volpato dos Santos2,
Mirella Gonçalves Caldeira Padula3, Rodrigo da Silveira Antoniassi2, Sueli Moreira Pirolo4
Resumo
Este estudo abordou a saúde bucal na atenção básica com a intenção de contribuir para o cuidado integral na Estratégia
Saúde da Família (ESF) e ampliar o acesso às ações de promoção, prevenção e recuperação em saúde bucal. Assim,
esta investigação teve como objetivo validar e elaborar um instrumento de coleta de dados sobre saúde bucal por meio
da técnica Delphi, para auxiliar a equipe de saúde a detectar precocemente agravos odontológicos. Trata-se de pesquisa
exploratória com abordagem qualiquantitativa. Os juízes foram 36 cirurgiões-dentistas da ESF. Na 1ª rodada, elaboraram-se
21 questões sobre fatores de risco e de proteção a respeito da saúde bucal, graduadas por meio da Escala Likert. Na 2ª
rodada, elaboraram-se questões a partir das justificativas dos temas não validados. Consideraram-se questões validadas
as que obtiveram o mínimo de 70% de concordância nas respostas dos juízes. Esse percurso metodológico possibilitou
validar 20 questões. Esse instrumento elaborado por intermédio de juízes da atenção básica permite qualificar a atenção
multiprofissional em saúde na ESF, além de fornecer-nos subsídios para investigar fatores de risco e de proteção a respeito
da saúde bucal, favorecendo o planejamento e a programação nessa área.
Palavras-chave: Saúde pública, técnica Delfos, Saúde bucal
Abstract
This study approached the oral health mainly and had the intention of contributing to the integral care in the Family Health
Strategy (ESF) and extending the male access to the measures of promotion, prevention and recuperation relating to oral
health. Therefore, this investigation aimed at validating and elaborating a data collection instrument on oral health through
Delphi technique to help the health care team to detect early dental problems. It is a research with a qualitative and quantitative approach. The judges were 36 dentists at ESF. In the first round, 21 questions were made about the risk and protection
factors relating to the oral health, which were adjusted through Likert Scale and their alternatives justified. The questions that
were validated got the minimum of 70% of agreement by the judges’ answers. On the second round, new questions were
formed by the theme justifications that were not validated. This methodological route enabled to validate 20 questions. This
instrument elaborated by the judges of basic attention will enable the qualification of the multiprofessional attention to health
in the ESF, besides offering us subsidies to investigate protection and risk factors on oral health favoring the planning and
programming in this field.
Key words: Public health, Delphi technique, oral health
Graduando da 4ª série de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). End.: Avenida Monte Carmelo, 680 - Bairro Fragata - CEP: 17519030 - Marília (SP) - E-mail: [email protected]
2
Graduandos da 4ª série de Enfermagem da FAMEMA.
3
Cirurgiã-dentista da Estratégia Saúde da Família de Marília.
4
Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP). Docente em Enfermagem Clínica da FAMEMA.
1
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A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface metodológica fundamentada na técnica Delphi
Introdução
A incorporação da equipe de saúde bucal na Estratégia
de Saúde da Família (ESF) em 2000 possibilitou a adoção
de uma postura mais ativa de atenção primária nessa área,
visto que a saúde bucal consiste em parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo e está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho,
renda, meio ambiente, transporte, lazer, liberdade, acesso
aos serviços de saúde e informações (Antunes e Narvai,
2010; Brasil, 1986).
Atualmente, o perfil de saúde bucal no Brasil, na faixa
etária de 35 a 44 anos está comprometido, visto que o CPO-D
(índice de ataque de cárie) médio foi de 20,1; destaca-se o fato
de que o componente perdido é responsável por cerca de 66%
desse índice. Chama atenção o grande número de sextantes
excluídos, ou seja, não apresentavam nenhum dente presente
ou apresentavam apenas um dente funcional. O acesso aos
serviços odontológicos para esses grupos etários acontece em
situações de dor dentária, a qual foi relatada por 45,60% dos
adultos (Brasil, 2004).
Diante desse contexto, o Ministério da Saúde elaborou
as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, as quais
apontam para uma reorganização da atenção em saúde bucal
em todos os níveis de atenção e o desenvolvimento de ações
intersetoriais, contemplando uma concepção de saúde não
centrada na assistência dos doentes, mas, sobretudo, na promoção da boa qualidade de vida e intervenção nos fatores que
a colocam em risco, incorporando ações programáticas de
uma forma mais abrangente (Brasil, 2004).
Assim, consiste num desafio a busca continuada de formas para ampliar a oferta, o acesso e a qualidade de serviços
prestados para os adultos, em especial os trabalhadores, que
apresentam dificuldades de acesso às unidades de saúde nos
horários de atendimento convencionais e constitui uma faixa
etária bastante ampla, de 20 a 59 anos, e desassistida, pois nos
últimos 50 anos os serviços de saúde bucal preocuparam-se,
principalmente, com a faixa etária escolar de 6 a 14 anos
(Brasil, 2006). Isso conduz a um agravamento dos problemas
existentes, transformando-os em urgências, motivo de falta
ao trabalho e consequentes perdas dentárias.
Para agir nesse contexto, o trabalho multidisciplinar é
fundamental com vista à prevenção e detecção de doenças e
agravos de saúde bucal que podem acontecer no acolhimento,
nos grupos operativos e nas consultas (Brasil, 2006). Assim,
essa investigação teve como objetivo validar e elaborar um
instrumento de coleta de dados sobre saúde bucal por meio
da técnica Delphi, para auxiliar a equipe de saúde a detectar
precocemente agravos odontológicos, uma vez que essa técnica permite a agregação das respostas dos juízes de maneira
interativa e sistêmica, levando a retroalimentação em um
processo de análise parcial dos resultados.
A técnica Delphi foi a opção de escolha para validar um
instrumento de avaliação no âmbito da atenção primária, a
partir do consenso quanto aos fatores de risco e de proteção
da saúde bucal, visto que nesse cenário há uma carência literária quanto à produção cientifica de saúde bucal, bem como
sua aplicação na atenção básica.
A técnica Delphi auxilia o planejamento em situações
de carências de dados ou quando a finalidade é estimular
a criação de novas ideias, tendências, geralmente de índole
técnico-científica (Spínola, 1984). Permite obter consenso de
grupo a respeito de um determinado fenômeno e consiste de
um conjunto de questionários interativos que circulam repetidas vezes por um grupo de juízes até que a divergência de
opiniões entre eles tenha se reduzido a um nível satisfatório
(Mancussi, 1998).
Os juízes constituem profissionais chaves nesse processo,
uma vez que estão efetivamente engajados na área em que se
está desenvolvendo o estudo (Mancussi, 1998); quanto ao seu
número não há um valor ideal, sendo a composição do grupo estruturada de acordo com o fenômeno em estudo e dos
critérios definidos pelos pesquisadores para a seleção desses
especialistas (Williams e Webb, 1994).
Grandes estudos reportados na literatura que utilizaram a
técnica Delphi obtiveram êxito; os nacionais que a empregaram
mostram sua aplicabilidade em diversas áreas, que vão desde
caracterizar competências profissionais até validar instrumentos para apoiar ações de cuidado, gerência e de processo
de trabalho (Silva et al., 2009; Silva e Tanaka, 1999; Castro e
Rezende, 2009; Sena e Carvalho, 2008). Recentes trabalhos
internacionais, ao fazerem uso dessa técnica, demonstraram
sua efetividade em inúmeros contextos. Citamos como exemplo um trabalho em que foram desenvolvidas diretrizes em
primeiros socorros relacionados à saúde mental (Kelly et al.,
2010). Outro exemplo constituiu-se em um estudo de validação
dos domínios e componentes da classificação internacional de
funcionalidade, incapacidade e saúde na perspectiva de profissionais médicos (Cieza et al., 2010). Em outra pesquisa, fisioterapeutas obtiveram consenso sobre o momento correto em
que a instalação de solução isotônica se fez necessário e quando
ela deve ser realizada (Roberts, 2010). A técnica também fora
utilizada para definir prioridades de investigação para o câncer
pancreático na Austrália (Panmen et al., 2010).
Método
O estudo propôs uma pesquisa de campo, de caráter descritivo com abordagem qualiquantitativa, a qual permite uma
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Luís Carlos Lopes Júnior, Mariana Lieka Assega, Elaine Volpato dos Santos, Mirella Gonçalves Caldeira Padula, Rodrigo da Silveira Antoniassi, Sueli Moreira Pirolo
aproximação com a realidade e a oportunidade de construir
novos conhecimentos (Minayo, 2007).
A proposta deste estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética
e Pesquisa da Faculdade de Medicina de Marília, por se tratar
de pesquisa que envolve seres humanos, como explica a Resolução 196/96 (Brasil, 1996). O termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE) foi elaborado com linguagem clara e objetiva. Por meio dele, os sujeitos da pesquisa foram informados
sobre os objetivos do estudo, os procedimentos de coleta de
dados, possíveis constrangimentos ou benefícios, sendo garantido o sigilo e respeitado o desejo ou não de participar.
Constou do TCLE, também, a autorização dos voluntários
para a apresentação dos resultados encontrados em eventos
científicos. O anonimato e a privacidade dos participantes
foram resguardados, bem como o direito de deixar a pesquisa
em qualquer momento.
Nesta pesquisa o grupo de juízes foram cirurgiões-dentistas que atuam na atenção básica do município de Marília,
São Paulo, possuem formação lato sensu em Saúde da Família
e são profissionais detentores de experiência singular quanto
ao contexto de atendimento à população, o que os qualifica
para contribuir com conhecimento sobre a avaliação da saúde
bucal. Foram convidados 36 profissionais, sendo que na primeira rodada 30 cirurgiões-dentistas aceitaram participar, e
na segunda rodada 15 juízes responderam ao questionário.
O primeiro instrumento (questionário A) de coletas de
dados foi elaborado com 21 assertivas sobre higiene, problemas e cuidados bucais e próteses dentárias, relacionando-as
com os conceitos de fatores de risco e de proteção para saúde
bucal. Essa elaboração foi subsidiada por revisão prévia da
literatura nas bases de dados LILACS, BDENF e SciELO, a
partir dos descritores “validação de instrumento”, “técnica
Delphi”, “saúde bucal relacionado à dieta”, “autoexame bucal”,
“álcool e tabagismo”, “respiração bucal”, “problemas bucais
e saúde sistêmica”, “higienização bucal”, “visita ao dentista”,
“hábitos parafuncionais” e “cárie” sendo levantados 390
artigos que também fundamentaram a discussão dos dados
e a construção do instrumento de avaliação da saúde bucal
(Apêndice 1).
Foi estabelecido um contrabalanço de assertivas ora
na afirmativa, ora na negativa, a fim de evitar os vieses de
parcialidades do conjunto de respostas. As assertivas foram
graduadas por meio da escala Likert (concordo totalmente,
concordo parcialmente, indiferente, discordo totalmente e
discordo parcialmente) e foi solicitado aos juízes a justificativa das respostas a partir de seu conhecimento e experiência
profissional.
Na primeira rodada, os juízes receberam o questionário
A, o TCLE e uma carta de apresentação, na qual foi esclare518 Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (4): 516-26
cido o propósito do estudo, o convite para compor o quadro
de juízes e colaborar com a pesquisa, além da indicação da
data desejada do retorno das respostas, sendo nesse primeiro
momento estipulado em 10 dias. Nessa rodada foi possível
validar 14 assertivas.
Na segunda rodada, o questionário B foi elaborado,
composto por sete questões formuladas mediante análise das
justificativas das assertivas não validadas na etapa anterior.
Nessa fase, os juízes julgaram a propriedade e a clareza de
cada uma das questões a serem validadas. Foi entregue aos
30 juízes, que responderam à primeira rodada, o questionário
B e uma carta explicando a segunda rodada da pesquisa. Foi
ainda estipulado um prazo de 15 dias para a devolutiva do
questionário. Essa fase constituiu-se na fase final, quando
obtivemos o consenso do grupo de juízes.
Para análise dos dados, foi considerado consenso a obtenção de no mínimo 70% de concordância nas respostas dos
juízes, seguindo estudos revisados na literatura que obtiveram
sucesso com esse percurso metodológico (Faro, 1997). Ao
definir um padrão de concordância entre os juízes, a análise
favoreceu identificar as justificativas consistentes, coerentes,
nos resguardando de possíveis argumentações discrepantes
ou sem sustentação.
Na primeira rodada, a validação foi obtida pela convergência de 70% das opiniões dos juízes, segundo a graduação
de valores prevista pela escala Likert, visto que inúmeras pesquisas têm utilizado esse referencial para a obtenção de médias nessa fase Delphi (Fehring, 1987). Esses achados foram
tabulados, recebendo um tratamento estatístico simples.
A análise das questões da segunda rodada se deu por meio
da categorização das ideias emergentes, seguida da tabulação
da frequência das respostas, sendo validadas as questões que
obtiveram uma convergência de pelo menos 70% das opiniões
dos juízes. Foi possível validar seis questões nesta rodada.
Resultados e Discussão
Dos respondentes da primeira rodada, 25 são graduados
em escolas particulares e 5 em escolas públicas. Estão formados entre 1 ano e 11 meses (mínimo) e 26 anos e 11 meses
(máximo), sendo que todos os profissionais realizaram especialização na área de Saúde da Família, sendo que 23 deles
também fizeram Educação em Saúde Pública, Endodontia,
Dentística Estética, Odontopediatria, Odontologia do Trabalho, Cirurgia, Odontologia Social e Preventiva e Periodontia.
Entre eles, seis profissionais possuem pós-graduação stricto
sensu nas competências de Odontopediatria, Periodontia,
Dentística Restauradora, Endodontia, Cirurgia Experimental
e Odontologia Social e Preventiva.
A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface metodológica fundamentada na técnica Delphi
Higiene bucal
Na pesquisa, 100% dos juízes concordaram totalmente
que a escovação frequente é um fator de proteção da saúde
bucal, pois proporciona o controle da placa dentobacteriana,
proteção contra doenças bucais e sistêmicas, tais como cárie
dental, doença periodontal, halitose, endocardite bacteriana e
parto prematuro.
Práticas de higiene bucal são importantes na prevenção de
doenças bucais, principalmente a doença periodontal. Dessa
maneira, é importante verificar o comportamento de populações quanto a hábitos de higiene bucal com o objetivo de
planejar programas educativos que promovam a sua melhoria
e consequente redução do nível de placa bacteriana e sangramento gengival (Abbeg, 1997).
A qualidade da escovação é mais importante que a frequência, e não há evidências baseadas na frequência ideal
de escovações para a prevenção das doenças bucais, porém
recomenda-se que elas sejam realizadas após cada uma das
refeições, com ênfase à última, antes de o paciente dormir
(Guedes-Pinto et al., 2009).
Dos juízes, 86,67% concordaram que a escovação da
língua é um fator de proteção da saúde bucal, pois remove
as bactérias e resíduos alimentares, completa a higienização
bucal e quando associada ao uso do fio dental e à técnica de
escovação correta previne doenças bucais e a halitose.
As principais causas da halitose são de origem bucal,
destacando-se as periodontopatias e a língua saburrosa. Nesse
caso, recomenda-se a realização de escovação eficiente, uso do
fio dental, remoção mecânica da saburra lingual por meio de
limpadores/raspadores linguais após as refeições e ao deitar e
visitas periódicas ao cirurgião-dentista (Santana et al., 2006).
A totalidade dos respondentes considera que o tipo de
escova dental, sua conservação, a indicação profissional e a
técnica da escovação influenciam a saúde bucal. De acordo
com Campbell e Caetano (2004), a manutenção da integridade
dos tecidos dentários e periodontais dependem da integração
do tipo de escova dental, da técnica de escovação adequada,
da orientação profissional, da motivação e colaboração do
paciente.
Com relação à troca da escova dental, 80% dos juízes concordaram totalmente que essa troca é um fator de proteção da
saúde bucal, estando associada à técnica de escovação correta
e ao uso do fio dental. O período indicado pela maioria dos
juízes foi troca trimestral, e apenas um juiz indicou a necessidade de considerar as características individuais do paciente
para a realização dessa troca, baseando-se nas condições de
conservação das cerdas e tempo de uso.
Moreira e Cavalcante (2008) concluíram que tão importante quanto os hábitos de higiene bucal são os hábitos de
higienização e armazenamento adequado da escova dental
para que esta não seja veículo de micro-organismos.
Dos juízes, 90% discordaram totalmente que compartilhar
escova dental não constitui um fator de risco para a saúde
bucal, pois considera este ato um meio de transmissão de
bactérias e, consequentemente, de doenças bucais.
Pinto et al. (1997) verificaram que as escovas dentais apresentavam em suas cerdas micro-organismos viáveis, depois de
prolongada exposição ambiental. Dessa maneira as escovas
dentais podem se constituir numa via indireta de transmissão
de micro-organismos periodontopatogênicos.
O fio dental foi considerado como fator de proteção para
86,67% dos juízes, quando utilizado de maneira adequada e
associado a uma correta técnica de escovação, pois atua nos
espaços interproximais prevenindo cáries nesta região e doenças periodontais (Guedes-Pinto et al., 2009).
De acordo com Rimondini et al. (2001), as práticas de
higiene bucal, por meio de escovação e de uso de fio dental,
são fundamentais na redução da placa bacteriana e do seu potencial de virulência, bem como métodos efetivos e de baixo
custo, capazes de atuar sobre a ocorrência de lesões de cáries
e de doença periodontal. Fatores como frequência, pressão,
características das cerdas da escova ou do fio dental, uso de
creme dental, técnica de escovação e destreza manual influencia na efetividade de uma boa higiene bucal diária.
Quanto ao uso dos enxaguantes bucais, 100% dos juízes
consideraram não se tratar de fator de risco para a saúde
bucal quando indicado por um profissional, o qual deverá
considerar a composição dos enxaguantes, a sua indicação e a
frequência do uso.
Quando o paciente não apresentar condições de realizar
adequadamente o controle mecânico da placa bacteriana, o
controle químico pode ser indicado pelo cirurgião-dentista,
pois como a cárie e a doença periodontal são de origem bacteriana, substâncias antibacterianas podem ser utilizadas para
combatê-las. Nessa indicação é importante verificar os efeitos
colaterais, eficácia, alterações da microbiota bucal e custo do
antisséptico, e o grau de higiene e aceitação do paciente (Gebran e Gebert, 2002).
Os produtos utilizados para bochechos e gargarejos na cavidade bucal apresentam, normalmente, álcool em sua formulação, o que proporciona um ressecamento e desidratação na
mucosa bucal, aumentando a descamação de células. Devido à
presença de bactérias anaeróbicas proteolíticas que degradam
essas células, há consequentemente aumento na formação de
saburra lingual, de cáseos amigadalianos e de compostos de
odor desagradáveis chamados compostos sulfurados voláteis
(CSVs). Esses gases, ao atingirem uma determinada concentração, dão ao hálito um cheiro característico de enxofre ou
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ovo estragado, e constitui-se em uma etiologia comum de
halitose crônica (Conceição et al., 2008).
Problemas bucais
Em relação aos problemas bucais– cárie dentária, periodontopatias, úlcera aftosa recorrente, estomatites, herpes
simples recorrente e bruxismo– 80% dos juízes concordaram
totalmente que constituem aspectos relevantes para avaliar
a saúde bucal, pois são mais prevalentes e podem indicar
comprometimentos sistêmicos (higiene, nutrição, queda da
resistência imunológica e estresse emocional).
A etiologia das ulcerações aftosas recorrentes ou aftas é
desconhecida, mas entre os possíveis agentes etiológicos
estão os processos autoimunes e infecciosos, o traumatismo
e a hereditariedade, e a manifestação recorrente do herpes
simples é desencadeada por fatores como estresse emocional,
traumatismo local, exposição ao sol ou queda da resistência
imunológica (Guedes-Pinto et al., 2009).
O bruxismo é multifatorial e seu tratamento dependente
da sua etiologia, sinais e sintomas. Dentre as possíveis consequências dessa parafunção está o desgaste dental excessivo
com perda da dimensão vertical, a sensibilidade e mobilidade
dental, o trauma de tecidos moles, dores de cabeça, sensibilidade dos músculos da mastigação, progressão da doença periodontal e os distúrbios da articulação temporomandibular
(Pizzol et al., 2006).
Nessa ótica, 96,67% dos juízes discordaram que os problemas bucais não seriam fatores de risco para as doenças sistêmicas, visto que predispõe ao desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, diabetes mellitus, parto prematuro, aborto
espontâneo e recém-nascido pequeno para idade gestacional;
além disso, as lesões bucais podem indicar a presença de doenças sistêmicas.
Accarini e Godoy (2006) constataram associação significante entre presença de doença periodontal ativa e corononariopatia obstrutiva e destacaram a importância da prevenção
e tratamento adequado da doença periodontal, que deve ser
considerada como fator de risco potencial na etiologia e na
instabilização da placa aterosclerótica culminando na síndrome coronária aguda.
O tratamento periodontal também pode propiciar melhoria no controle glicêmico de indivíduos diabéticos, pois
há fortes evidências que demonstram que os diabetes mellitus
podem favorecer o desenvolvimento da gengivite e periodontite, e a presença dessas doenças pode influenciar o controle
metabólico dos diabetes. A inter-relação entre essas doenças
exemplifica como uma doença sistêmica pode predispor uma
infecção oral e como uma infecção oral pode exacerbar uma
condição sistêmica (Novaes Júnior et al., 2007).
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Dias et al. (2005) encontraram uma associação significativa entre a severidade da doença periodontal e o parto
pré-termo, e Cruz et al. (2005) verificaram que a doença periodontal materna é um possível fator de risco para o baixo
peso ao nascer.
A presença de lesões orais em pacientes com HIV é comum e podem representar os primeiros sinais clínicos da doença, antecedendo muitas vezes as manifestações sistêmicas
(Brasil, 2000).
Nessa investigação, 90% dos juízes concordam totalmente
que a cárie dental por ser uma doença transmissível (pessoapessoa/dente-dente) constitui fator de risco para a saúde bucal, sendo necessário observar as características individuais
do hospedeiro, tais como dieta e microbiota.
A cárie dentária pode ser definida como uma lesão irreversível do esmalte dentário provocada por um desequilíbrio
químico local do fenômeno de desmineralização e remineralização, durante um período de tempo, produzido pela ação de
ácidos provenientes do metabolismo de carboidratos na placa
bacteriana dentária, e que traz algum prejuízo ao indivíduo,
caracterizado por sinais. Não existe um fator determinante
para a instalação de uma lesão de cárie, pois dependerá da
frequência de dieta cariogênica e do “controle periódico” de
placa, isto é, do desafio cariogênico. Há outros fatores que interferem, direta ou indiretamente, no reequilíbrio do fenômeno desmineralização-remineralização, como fatores salivares,
imunológicos, socioeconômicos, culturais, comportamentais,
contagem de micro-organismo e fluorterapia (Lima, 2007).
Com relação aos hábitos bucais de roer as unhas, chupar
dedos e morder os lábios, 93,34% dos juízes consideraram serem fatores de risco para a saúde bucal, pois interferem negativamente no sistema estomatognático, tais como má-oclusão,
problemas de fala e respiração e alterações na face. Tomita et
al. (2000) verificaram a influência dos hábitos bucais na ocorrência de más oclusões.
Verificou-se que 96,67% dos juízes concordaram que a
respiração bucal é um fator de risco para saúde bucal, pois
proporciona alterações dentofaciais; ademais, predispõe as
doenças bucais e doenças respiratórias.
A respiração oral pode proporcionar alterações estruturais e funcionais do sistema estomatognático. O paciente
com rinite alérgica apresenta modificações das funções de
respiração, mastigação e deglutição, e a obstrução nasal pode
ser considerada um indicativo da presença dessas alterações
(Lemos et al., 2009).
Oliveira et al. (2007) observaram maiores indícios de envelhecimento facial precoce no grupo de respiradores orais
quando comparados aos respiradores nasais, verificando-se
maior presença de olheiras, rugas embaixo dos olhos e sulco
A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface metodológica fundamentada na técnica Delphi
mentual, faces discretamente mais alargadas na região das
bochechas e desproporção facial.
As crianças respiradoras orais apresentam adaptações
patológicas das características posturais e morfológicas do
sistema estomatognátioco, tais como posição habitual dos
lábios entreaberta, posição habitual de língua no assoalho
oral, hiperfunção do músculo mentual durante a oclusão dos
lábios, lábio inferior com eversão, simetria de bochechas, possibilidade de vedamento labial, mordidas alteradas e palato
duro alterado (Cattoni et al., 2007).
Próteses dentárias
O uso de próteses dentárias foi avaliado por 100% dos
juízes como um fator de risco para a saúde bucal quando
não for adequadamente confeccionada e não apresentar uma
boa adaptação, sendo necessário observar a conservação,
higienização, tempo de uso da prótese e acompanhamento
profissional.
De acordo com Barbosa et al. (2006), durante a instalação
das próteses totais, deve-se observar sua retenção, sua estabilidade, seu suporte, a oclusão, as áreas de compressão, a estética e a fonética por elas fornecidas. É necessária a realização
de controles do paciente contínuo pós-instalação e fornecer
instruções quanto aos cuidados e higienização das próteses
(Barbosa et al., 2006).
Dentre os meios para desinfecção estão os mecânicos
(escovas, micro-ondas e ultrassom) e químicos (peróxidos
alcalinos, hipocloritos alcalinos, ácidos, desinfetantes e enzimas). Recomenda-se a utilização conjunta desses métodos, a
fim de obter um controle adequado do biofilme nos aparelhos
protéticos (Kazuo et al., 2008).
A totalidade dos juízes concorda que a periodicidade da
troca das próteses dentárias é um fator de proteção da saúde
bucal quando associada a uma adequada confecção, adaptação, conservação, higienização e acompanhamento profissional. Em relação à periodicidade da troca das próteses, os
juízes indicam em sua prática profissional um período que
varia de três a seis anos.
Estudos consideram que a substituição deva ocorrer em
média a cada cinco anos, pois quanto maior o tempo de uso,
maior a degradação da resina, causando porosidades e favorecendo o acúmulo de depósitos orgânicos, que posteriormente, desencadeará lesões aos tecidos de suporte (Catão et al.,
2007).
O tempo de uso das próteses influencia de maneira
significativa sobre a cor e forma dos dentes artificiais, retenção e estabilidade da prótese superior e também sobre o
relacionamento oclusal, fatores considerados primordiais
no funcionamento harmônico do sistema estomatognático.
No entanto, dentro de um período de uso de um a dez anos
pode-se encontrar uma variabilidade muito grande entre os
pacientes, com relação à qualidade, conforto e satisfação com
a prótese, sendo necessária uma avaliação individual da prótese (Cabrini et al., 2008).
Cuidados bucais
O consumo de frutas, verduras e legumes foram considerados um fator de proteção da saúde bucal por 100% dos
juízes, pois auxilia na formação e manutenção das estruturas
bucais. Eles também consideraram necessário associar uma
adequada higiene bucal e observar sua realização após o consumo de alimentos cítricos com o intuito de evitar erosão e
hipersensibilidade dentária.
A alimentação de acordo com padrões adequados exerce
um importante papel na determinação da saúde bucal, pois
as deficiências nutricionais no período de formação dos
dentes são causas de defeitos estruturais, podendo alterar
a sua forma e atuar na quantidade e qualidade da saliva,
influenciando no processo de formação da cárie dentária
(Batista et al., 2007).
Entre as várias causas que levam à exposição da dentina,
há o desgaste do esmalte pela exposição a ácidos não bacterianos provenientes de alimentos (frutas cítricas), bebidas
(sucos de frutas, iogurte, refrigerantes e vinho), medicamentos e, ainda, por ácidos provenientes do próprio organismo,
como o ácido clorídrico (refluxo gastroesofágico e bulimia).
Uma escovação traumática imediatamente após o contato
dos dentes com esses ácidos pode potencializar esse desgaste
(Conceição et al., 2007).
A ação do pH e quantidade de carboidratos presentes
na composição de sucos, refrigerante e águas aromatizadas
são potencialmente capazes de desencadear a desmineralização dental, exposição e ampliação do diâmetro dos túbulos dentinários e hipersensibilidade dentinária (Naylor
et al., 2006).
Para 96,67% dos juízes o tabagismo é fator de risco à saúde bucal, devido à quantidade de substâncias carcinogênicas
em sua composição e por favorecer o desenvolvimento do
câncer bucal, principalmente quando associado ao álcool.
Também predispõem a lesões bucais, periodontites, halitose,
diminuindo a circulação local e comprometendo o processo
de cicatrização; além disso, a nicotina provoca a pigmentação
das estruturas bucais.
Quanto ao álcool, 100% dos juízes também discordaram
da assertiva de que não seria fator de proteção, afirmaram
que o álcool agride a mucosa oral, provoca ressecamento e
lesões bucais e, geralmente, o etilista não possui adequada
higienização.
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Luís Carlos Lopes Júnior, Mariana Lieka Assega, Elaine Volpato dos Santos, Mirella Gonçalves Caldeira Padula, Rodrigo da Silveira Antoniassi, Sueli Moreira Pirolo
De acordo com Sallum et al. (2007), o tabagismo é considerado um dos principais fatores de risco para a doença
periodontal, pois aumenta sua incidência e severidade. O
consumo de cigarro também influência negativamente em
seu tratamento, pois na terapia periodontal convencional e
regenerativa diminui o ganho de inserção, e nas cirurgias para
recobrimento de radicular proporciona piores resultados.
Os dentes podem apresentar alterações de cor por uma
série de fatores, sendo os agentes mais comuns das manchas
extrínsecas o café e o cigarro que, na maioria das vezes, geram
manchas de coloração amarela-marrom a preta (Conceição et
al., 2007).
O etanol é um dos agentes químicos relacionados ao
desenvolvimento de neoplasias malignas bucais, e seu consumo excessivo promove alterações efetivas em células da
mucosa bucal, mesmo na ausência de exposição ao fumo
(Reis et al., 2002).
O tabaco e o álcool constituem os dois principais fatores
de risco relacionados ao câncer de boca, e a interação entre
ambos proporciona forte efeito multiplicativo sobre esse risco. Existe um efeito sinérgico entre esses fatores e uma relação
diretamente proporcional com a quantidade e tempo de exposição (Rezende et al., 2008).
Abdo et al. (2006) consideram que os programas odontológicos necessitam trabalhar de uma maneira sistemática
a informação sobre os fatores de risco para o câncer bucal,
pois, em entrevista com 154 pacientes portadores de carcinoma epidermoide da cavidade bucal, 91,6% relataram não
associarem o álcool e o fumo à doença, e após o diagnóstico
não abandonaram nem o etilismo (43,1%) e nem o tabagismo
(42,2%).
Com relação à realização do autoexame bucal, 80% dos
juízes concordaram que este é um fator de proteção para a
saúde bucal, pois proporciona a detecção precoce de doenças
bucais, permitindo tratamentos menos invasivos.
O autoexame é um método simples e extremamente eficaz
na busca de sinais precoces da doença, por isso ele deve ser
ensinado sistematicamente nos programas educativos e campanhas de esclarecimentos à população em uma linguagem
fácil e acessível, contribuindo, assim, para a ampliação da cura
e controle dessa doença (Thomaz et al., 2000).
Dos juízes, 96,67% concordaram que a consulta ao cirurgião-dentista compõe uma medida eficaz para a saúde bucal,
pois quando há periodicidade adequada o profissional tem a
oportunidade de promover ações de prevenção, promoção,
cura e reabilitação da saúde bucal, e estimular o autocuidado.
522 Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (4): 516-26
O cirurgião-dentista deve criar um intervalo de retorno
personalizado para cada um de seus pacientes, a partir da
análise criteriosa do estágio de erupção dos dentes, eficiência
da limpeza bucal caseira, consumo de sacarose, atividade de
cárie em superfícies especialmente mais vulneráveis a cada
faixa etária, lesões cariosas ativas em qualquer superfície,
contato com o flúor e qualidade de vida das pessoas (Fúccio
et al., 2002).
Considerações Finais
A pesquisa metodológica proporcionou um repensar das
práticas em saúde e das estruturas organizacionais principalmente ao que concerne à ESF no âmbito da saúde bucal. Também promoveu o trabalho multiprofissional e interdisciplinar
em saúde.
A técnica Delphi, que prima pela honestidade e a seriedade dos envolvidos, contribuiu para a retroalimentação dos
próprios juízes, sinalizada nas falas na avaliação quanto à participação dos cirurgiões-dentistas nessa pesquisa: “senti que
meu trabalho estava sendo valorizado e que poderia contribuir”
(J1);... “Oportunidades de aprender coisas novas e atualizar,
rever outras” (J2).
A opção pela utilização da técnica Delphi neste percurso
metodológico permitiu envolver todos os odontólogos da
atenção básica do município, o que possibilitou um melhor
esclarecimento dos profissionais a respeito da pesquisa, refletindo no seu baixo custo, e uma facilidade na aplicação do
questionário. Em decorrência de a validação necessitar de
mais de uma fase, tivemos um baixo retorno dos questionários na segunda fase, assim o pesquisador deve estar atento ao
número dos profissionais para compor o quadro de juízes, a
fim de obter a validação do objeto de estudo.
No entanto, não foi possível estabelecer uma convergência de opiniões entre os juízes referentes ao consumo
de doces, higiene oral e ocorrência de cárie dentária; tal
fato reforça a necessidade de novas pesquisas para esclarecimento sobre a prática do consumo de doces e o risco para
a saúde bucal.
Esta pesquisa permitiu elaborar um instrumento de
avaliação da saúde bucal, forneceu subsídios para investigar fatores de risco e de proteção a respeito da saúde
bucal e planejar ações programáticas em saúde. Dessa
forma, recomendamos a técnica Delphi como recurso
metodológico para intermediar a qualificação da prática
profissional em saúde.
A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface metodológica fundamentada na técnica Delphi
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Recebido em: 10/06/2010
Reapresentado em: 27/07/2010
Aprovado em: 15/10/2010
A saúde bucal na Estratégia Saúde da Família: uma interface metodológica fundamentada na técnica Delphi
Apêndice 1 - Questionário Saúde Bucal
Este questionário tem o objetivo de avaliar sua saúde bucal, por isso em cada questão assinale quantas respostas achar necessário.
1. Higiene bucal
Quando e quantas vezes ao dia você escova seus dentes?
( ) nenhuma vez ao dia
( ) ao acordar
( ) uma vez ao dia
( ) após o café da manhã
( ) duas vezes ao dia
( ) após o lanche da manhã
( ) três vezes ao dia
( ) após o almoço
( ) de quatro a cinco vezes ao dia ( ) após o lanche da tarde
( ) mais de seis vezes ao dia
( ) após o jantar
( ) antes de dormir
Que tipo de escova de dente você utiliza?
( ) extramacia ( ) macia ( ) média ( ) dura ( ) qualquer uma
Com que frequência você troca a sua escova de dente?
( ) 1 vez ao mês ( ) a cada 2 meses ( ) a cada 3 meses ( ) a cada 6 meses
( ) uma vez ao ano ( ) quando as cerdas estão danificadas (amassadas, descabeladas, tortas)
Durante a compra de uma escova de dente quais aspectos você costuma considerar?
( ) cor ( ) tipo das cerdas ( ) cabo ( ) tamanho ( ) preço ( ) se aparece em propagandas de jornais, TV e revistas ( ) se foi a indicada por
um cirurgião-dentista
Para a higiene bucal, além da escova de dente, você consuma utilizar:
( ) fio dental ( ) linha de costura ( ) palito de dente ( ) limpador/raspador de língua
( ) enxaguatório bucal
Em relação ao fio dental:
( ) não utilizo ( ) não utilizo, pois machuca minha gengiva ( ) não utilizo, pois prefiro a linha de costura ou o palito de dente ( ) utilizo
para remover pedaços de alimentos entre os meus dentes ( ) utilizo para complementar minha higiene bucal
Em relação ao enxaguatório bucal:
( ) não utilizo ( ) não utilizo, pois é caro ( ) utilizo, mas nunca observei sua composição ( ) utilizo porque vi em propagandas de jornais,
TV e revista
( ) utilizo para ficar com o hálito refrescante ( ) utilizo, pois meu cirurgião-dentista me orientou
Após a escovação o que você costuma fazer com sua escova de dente?
( ) lavo com água corrente ( ) bato na pia para retirar o excesso de água das cerdas
( ) passo os dedos nas cerdas para retirar o excesso de água das cerdas ( ) enxugo a cabeça em uma toalha ( ) utilizo algum tipo de
solução antisséptica nas cerdas ( ) guardo dentro de um copo ou xícara ( ) guardo dentro de um recipiente fechado ( ) deixo em cima da
pia do banheiro ( ) guardo dentro do armário ou gaveta
Em relação à escova de dente:
( ) existe uma para cada pessoa da minha casa ( ) às vezes utilizo a do meu parceiro
( ) quando esqueço a minha utilizo a de outra pessoa ( ) já utilizei a de outra pessoa ( ) nunca utilizei uma que não fosse minha
2. Problemas bucais
Você tem o hábito de:
( ) roer as unhas ( ) chupar dedo ( ) morder os lábios ( ) morder as bochechas ( ) morder objetos ( ) apertar os dentes ( ) esfregar os
dentes
Você respira pela boca?
( ) não ( ) não sei ( ) quando faço esforço físico ( ) quando estou dormindo
( ) durante todo o dia
Você já apresentou ou apresenta algum(uns) desses problemas bucais?
( ) aftas ( ) herpes ( ) manchas nos dentes ( ) buraco no dente ( ) dor de dente ( ) sangramento na gengiva ( ) ferida, caroços ou mancha
na boca
Quando você apresenta algum(s) dos problemas bucais citados acima o que você faz?
( ) não me preocupo ( ) espero que resolva sozinho ( ) tomo algum remédio
( ) procuro um profissional da saúde ( ) caso não melhore sozinho, procuro um profissional da saúde
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3. Prótese dentária
Você utiliza alguma destas próteses?
( ) prótese total (dentadura) ( ) prótese parcial removível (ponte)
( ) prótese parcial fixa (pivô) ( ) prótese sobre implante
( ) prótese provisória (perereca) ( ) não utilizo
Quais cuidados você tem com sua prótese?
( ) retiro para dormir ( ) limpo com escova e sabão ( ) limpo com escova e pasta de dente ( ) deixo de molho na água ( ) deixo de molho
na água com água sanitária ( ) deixo de molho na água com bicarbonato de sódio
( ) deixo de molho em produto específico para limpeza de próteses
Quando você faz a troca da sua prótese dentária?
( ) nunca troquei ( ) a cada 5 anos ( ) a cada 10 anos ( ) quando vejo que ela está velha, desgastada e não encaixa direito na minha boca
( ) faço um controle com meu cirurgião-dentista e troco quando ele orienta
4. Cuidados bucais
Quantas vezes você consome frutas, verduras e legumes na semana?
( ) nenhuma ( ) 1 a 2 ( ) 3 a 4 ( ) 5 a 6 ( ) todos os dias
Quantas vezes você consome refrigerantes, sucos ou águas aromatizadas na semana?
( ) nenhuma ( ) 1 a 2 ( ) 3 a 4 ( ) 5 a 6 ( ) todos os dias
Você fuma?
( ) não ( ) não, mas moro com pessoas que fumam
( ) sim, às vezes (aos finais de semana, em festas) ( ) sim, todos os dias
Você consome bebidas alcoólicas?
( ) não ( ) sim, às vezes ( aos finais de semana, em festas) ( ) sim, todos os dias
Você realiza o autoexame bucal?
( ) Não ( ) Não, pois não sei realizar ( ) Sim, uma vez ao mês
( ) Sim, de 6 em 6 meses ( ) Sim, uma vez ao ano
Há quando tempo foi sua última consulta ao cirurgião-dentista?
( ) nunca fui ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 2 anos ( ) de 2 a 4 anos
( ) de 4 a 6 anos ( ) mais de 6 anos
Qual(is) o(s) motivo(s) de você ter ido a consulta com cirurgião-dentista?
( ) nunca fui ( ) consulta de rotina ( ) dor ( ) sangramento na gengiva
( ) cárie ( ) feridas, caroços ou mancha na boca ( ) fazer ou trocar minha(s) prótese(s)
( ) outros motivos: _________________
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