Eritropoetina Recombinante Humana

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Parecer do
Grupo Técnico de
Auditoria em Saúde
0 1 7 /0 5
Tema: Eritropoetina recombinante humana
I – Data:
01/06/2005
II – Grupo de Estudo:
Dra. Lélia Maria de Almeida Carvalho
Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles
Dra. Marta Alice Gomes Campos
Dr. Adolfo Orsi Parenzi
III – Tema:
Eritropoetina recombinante humana
IV – Especialidade(s) envolvida(s):
Hematologia, Oncologia, Nefrologia
V – Questão Clínica / Mérito:
Padronização do medicamento eritropoetina alfa na apresentação de
40.000u. Administração em doses semanais ou a cada 10 dias.
Indicações da Eritropoetina Recombinante Humana.
VI – Enfoque:
Tratamento
VII – Introdução:
A anemia é uma complicação freqüente em pacientes portadores de câncer,
especialmente naqueles com doença avançada ou extensivamente tratada.
Suas causas e mecanismos fisiopatológicos são complexos, decorrendo daí o
termo "multifatorial". A anemia pode ser conseqüente a um efeito direto do
tumor, de produtos deste ou do próprio tratamento oncológico; quando
sintomática contribui para a morbidade geral do tumor. A identificação de
anormalidades clínicas e laboratoriais e sua correlação com a histopatologia da
medula óssea são essenciais para o estabelecimento do diagnóstico preciso e
planejamento de uma estratégia terapêutica adequada(1).
Pacientes portadores de doenças neoplásicas apresentam alta freqüência de
anormalidades das células sangüíneas. A anemia presente no paciente
oncológico pode ter diversas causas:
•
reações imunológicas, tais como produção de citocinas inflamatórias em
resposta à presença das células tumorais (a chamada anemia crônica do
câncer);
•
supressão da hemopoese induzida pelo tratamento;
•
produção deficiente de eritropoetina pelos rins;
•
supressão intrínseca da medula óssea pelo clone celular maligno (como em
neoplasias hematológicas);
•
anemia hemolítica auto-imune (como pode ocorrer em alguns tipos de
linfomas e leucemias) e, raramente,
•
micro-angiopatia, associada à disseminação tumoral ou induzida pelo
tratamento, resultando em grave anemia hemolítica.
Outros mecanismos etiopatogênicos como deficiências nutricionais (ferro, ácido
fólico, vitamina B-12), infecções intercorrentes e intervenções cirúrgicas podem
contribuir para o aparecimento da anemia.
Por fim, a anemia pode ser dilucional (conseqüente a retenção de fluidos e
expansão
do
(hiperesplenismo
volume
plasmático)
conseqüente
a
ou
devida
infiltração
a
seqüestro
esplênica
por
celular
neoplasias
hematológicas ou por qualquer outro tumor que invada e aumente o baço, ou
conseqüente a hipertensão porta resultante de doença hepática ou doença
vascular hepática graves provocadas pelo câncer).
A eritropoetina é uma glicoproteína que estimula, na medula óssea, a divisão e
a diferenciação dos progenitores das células vermelhas do sangue (7).
As tabelas 1 e 2 ilustram as causas de citopenias relacionadas com o câncer
propriamente dito e aquelas induzidas pelo tratamento, respectivamente (1).
TABELA 1
CAUSAS DE CITOPENIAS RELACIONADAS COM O CÂNCER
CITOPENIAS DIRETAMENTE
CITOPENIAS CONSEQUENTES A
RELACIONADAS
COMPLICAÇÕES
COM O CÂNCER
SECUNDÁRIAS DO CÂNCER
• Metástases para a medula óssea
• Deficiências nutricionais
• Necrose da medula óssea
• Perdas sanguíneas
• Fibrose da medula óssea
• Doença crônica / inflamação
• Destruição celular mediada por
• Inibidores humorais da hematopoese
mecanismos imunológicos
• Redução dos níveis de fatores de
• Hiperesplenismo
crescimento hematopoéticos
• Micro-angiopatia
TABELA 2
CAUSAS DE CITOPENIA INDUZIDAS PELA QUIMIOTERAPIA
• Morte das células-tronco hematopoéticas (mielo-supressão de longa
duração)
• Morte das células progenitoras comprometidas (mielo-supressão de curta
duração)
• Bloqueio ou atraso do ciclo celular dos precursores hematopoéticos
• Redução dos níveis de fatores de crescimento hematopoéticos
• Dano oxidante às células hematopoéticas maduras
• Mielodisplasia de longa duração
• Destruição das células hematopoéticas mediada por mecanismos
imunológicos
• Micro-angiopatia
• Retenção fluídica/expansão do volume plasmático - anemia dilucional
VIII – Metodologia:
1. Bases de dados pesquisadas: Bireme, Biblioteca Cochrane, Pub
Med, MD Consult, Lilacs.
2. Outras fontes de dados pesquisadas: American Society of Clinical
Oncology. American Society of Hematology. Ministério da Saúde.
3. Descritores
(DeSC)
utilizados:
erythropoietin
recombinant,
eritropoyetina recombinante, eritropoetina recombinante , anemia,
quimioterapia, oncologia, chronic renal failure.
4. Desenhos
dos
estudos
procurados:
Meta-análise.
Revisão
Sistemática. Ensaio clínico controlado e randomizado.
5. População incluída e excluída: pacientes com anemia induzida por
neoplasia ou secundária ao tratamento quimioterápico. Pacientes
portadores de insuficiência renal crônica.
6. Período da pesquisa: 1998 a 2005.
7. Resultados (referências selecionadas por tipo):
•
2 artigos de revisão,
•
1 guideline,
•
3 meta-análises,
•
1 portaria do Ministério da Saúde.
•
2 ensaios clínicos
•
1 editorial
IX – Revisão Bibliográfica:
Uso da Eritropoetina em Pacientes com Câncer: Guideline Baseado
na Evidência da Prática Clínica da Sociedade Americana de
Oncologia Clínica e Sociedade Americana de Hematologia – A
anemia resultante do câncer, ou do seu tratamento, é um importante
problema clínico, com um aumento da indicação do uso do fator de
crescimento da eritropoetina recombinante humana. Este guideline
recomendou o uso da eritropoetina como opção de tratamento para
pacientes em quimioterapia associada a anemia com o nível de
hemoglobina inferior a 10 g/dL (GR-B; NE-II). O uso da eritropoetina
para pacientes com hemoglobina menor que 12 g/dL, mas nunca inferior
a 10 g/Dl, deve ser analisado pelo quadro clínico (GR-C; NE-II). Boas
evidências de ensaios clínicos recomendam eritropoetina subcutânea na
dose de 150 U/Kg, três vezes por semana, por no mínimo de quatro
semanas (GR-B; NE-II). Uma evidência menos forte indica um
tratamento alternativo semanal de 40.000 U. Na ausência de uma
resposta inicial, a continuidade do uso da eritropoetina além de 6 a 8
semanas, não é recomendado (GR-consenso de especialistas; NE-N/A
Não Aplicável). Evidências de ensaios clínicos controlados e
randomizados indicam o uso da eritropoetina para pacientes com
anemia associada a baixo risco de mielodisplasia, não recebendo
quimioterapia, entretanto não existem estudos de alta qualidade
publicados que indicam o uso da eritropoetina nos casos de anemia para
outros processos malignos hematológicos, na ausência de quimioterapia
(GR-B; NE-II) (2).
Eritropoetina Recombinante Humana e Sobrevivência em Pacientes
com Câncer: Resultados de uma Meta-análise: O tratamento com
eritropoetina pode reduzir o risco de transfusões sanguíneas (RR = 0.67,
95% CI = 0.62 a 0.73) e melhorar a resposta hematológica dos pacientes
com câncer. Entretanto, esse resultado favorável contrasta com dois
ensaios clínicos (N = 351 e 939) recentemente publicados nos quais os
pacientes tratados com eritropoetina apresentaram, estatisticamente,
uma sobrevida pior comparados aos pacientes não tratados. As
possíveis razões para a disparidade dos resultados incluem diferenças
nas populações estudadas, no desenho do estudo, alvo elevado nos
níveis de hemoglobina e alto risco de complicações tromboembólicas e
também a possibilidade da eritropoetina estimular o crescimento tumoral
(3). GR/NE 1A
Eritropoetina em pacientes com doença maligna: Existe uma
importante evidência que a administração da eritropoetina reduz as
indicações de transfusões sanguíneas, assim como a quantidade de
unidades a serem transfundidas. Para pacientes com hemoglobina
inferior a 10 g/dL existe uma forte evidência que a eritropoetina melhora
a resposta hematológica. A evidência de que a eritropoetina melhora a
resposta tumoral ou melhora a sobrevida foi inconclusiva. As pesquisas
sobre os efeitos colaterais foram inconclusivas (4). GR/NE 1A
Tratamento com eritropoetina recombinante humana (EPO)
combinada com fator de colonização-estimulação de granulócitos
(G-CSF) e com fator de colonização-estimulação de granulócitosmacrófagos (GM-CSF) em pacientes com síndrome mielodisplásica:
As síndromes mielodisplásicas (MDS) são um grupo heterogêneo de
disfunção nas células hematopoiéticas que freqüentemente tornam-se
dependente de transfusões. O tratamento com EPO para correção da
anemia tem índices de respostas de 16% a 25%. Entretanto, está
tornando-se evidente que o índice de resposta combinando EPO com GCSF ou GM-CSF pode melhorar os resultados. Os resultados
demonstraram que a combinação de EPO com G-CSF é provavelmente
superior à combinação de EPO com GM-CSF. Parece haver uma
correlação positiva com relação aos índices de respostas do tratamento
e duração das citocinas (5). GR/NE 1A
Meta-análise de uso de eritropoetina subcutânea versus
intravenosa na manutenção de tratamento da anemia em pacientes
em hemodiálise. 27 ensaios clínicos prospectivos envolvendo 916
pacientes. Em um estudo a média de redução por dose em pacientes
tratados com eritropoetina subcutânea (SC) versus endovenosa (EV) foi
de 48UI/kg/semana (p<0,001). Outro estudo demonstrou uma redução
na dose de 26UI/Kg/semana (p<0,001) comparando administração SC
versus EV, demonstrando uma economia anual de $946 por paciente.
Esta meta-análise demonstrou que a utilização da eritropoetina
subcutânea reduz substancialmente os custos em comparação com a
via endovenosa (6). GR/NE 1A
Portaria SAS/MS Nº 437, 08 de outubro de 2001. A Eritropoetina alfa,
produzida por tecnologia de DNA recombinante, é idêntica e tem os
mesmos efeitos biológicos da eritropoetina endógena. Sua reposição
sistemática e a conseqüente correção da anemia levam à redução da
necessidade de transfusão sanguínea, da morbidade, da mortalidade e à
melhora da qualidade de vida em pacientes portadores de Insuficiência
Renal Crônica (IRC). Após 2 meses de tratamento, virtualmente todos os
pacientes não estarão mais necessitando transfusões sanguíneas. O
objetivo terapêutico recomendado tem sido manter hemoglobina entre
11 e 12 g/dl ou hematócrito entre 33 a 36 % e o tratamento deve ser
acompanhado de manutenção de estoques de ferro adequados. Para
tanto é indispensável avaliar as reservas de ferro e prover a reposição
deste quando necessário (7).
Avaliação clínica da dose única semanal de eritropoetina alfa:
Melhora na hemoglobina e qualidade de vida são similares à
dosagem de três vezes na semana: estudo clínico, multicêntrico,
aberto, braço-único, não randomizado. Os resultados demonstraram que
a utilização da eritropoetina alfa em dose única – 40.000 UI – uma vez
por semana, eleva o nível de hemoglobina, diminui a necessidade de
transfusões e melhora a qualidade de vida em pacientes com anemia
devido câncer ou devido quimioterapia (8). GR/NE 2C
Benefícios na qualidade de vida de pacientes em quimioterapia
tratados com eritropoetina alfa é independente da evolução da
doença ou tipo de tumor: resultados de um estudo prospectivo
oncológico comunitário: 2370 pacientes portadores de neoplasias não
mielóides, que receberam quimioterapia. Os pacientes receberam
eritropoetina-alfa 10.000 U três vezes na semana, que poderia ser
aumentada até 20.000 U três vezes na semana, dependendo da
resposta da hemoglobina até 4 semanas. O trabalho concluiu sobre os
efeitos benéficos da eritropoetina-alfa na capacidade funcional dos
pacientes, assim como melhora na qualidade de vida. A eritropoetina
alfa demonstrou aumentar os níveis de hemoglobina, assim como
diminuir os níveis de transfusão (9) GR/NE 1B.
Editorial da revista Journal of Clinical Oncology: Avaliação clínica
da dosagem de eritropoetina-alfa uma ou duas vezes por semana
em pacientes em quimioterapia: problemas no desenho do estudo e
interpretação. Em recente estudo realizado por Gabrilove et al (8),
chegou-se à conclusão, que pacientes anêmicos, portadores de
neoplasias não mielóides, que receberam quimioterapia, ocorreu
melhora da qualidade de vida (QoL) com o tratamento com eritropoetina
alfa uma vez semanal, similar aos resultados da terapia três vezes
semanais.
Entretanto fazendo cuidadosa revisão do trabalho, temos
razões para chegar à conclusão sobre problemas com relação ao
desenho e análise do estudo. No trabalho Gabrilove et al não
compararam com pacientes tratados com eritropoetina três vezes
semanais,
confiando
em
dados
previamente
estudados.
Os
pesquisadores não demonstraram se as amostras populacionais eram
similares em termos de características clínicas e demográficas e mais
importante ainda, não foi testado formalmente a diferença na
hemoglobina e QoL entre os dois estudos. O estudo envolveu pacientes
de 600 comunidades nos Estados Unidos, de uma população muito
heterogênea, com vários fatores que poderiam gerar confusão, tais
como: estágio da doença, etnia, morbidades concomitantes. Os autores
analisaram os dados pelo método de efeito fixo (t test, análise de
variância), ao passo que o
modelo de efeitos randomizados é mais
apropriado para verificar os efeitos da variação do tratamento na prática.
Dos 3.012 pacientes, apenas 1.715 completaram o estudo com sucesso.
Um grande número de pacientes (42%) foi perdido o follow-up. Dados os
problemas acima, quanto a natureza do estudo (não randomizado, não
controlado), os resultados devem ser interpretados com muito cuidado.
Apesar da conclusão do trabalho ser interpretada como verdadeira, ela
não foi confirmada pela análise dos dados (10).
X – Análise de Impacto Financeiro:
Tabela 3
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Gráfico 1
Frequência de utilização por mês da Eritropoietina
600
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400
300
200
100
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
2002
2003
2004
Ago
Set
Out
Nov
Dez
2005
Tabela 6 – Utilização de eritropoetina por local de uso
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Utilizando os dados de 2005, observamos que 86% da utilização de
eritropoetina é ambulatorial, ou seja, o gasto mensal médio ambulatorial de
eritropoetina é de R$ 72.136,19.
XI – Parecer do GTAS:
O GTAS recomenda a utilização da Eritropoetina Recombinante Humana nas
seguintes situações:
•
Anemia causada em pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica
(ver doses recomendadas pela portaria do MS).
•
Anemia do paciente com câncer ou ao tratamento quimioterápico:
hemoglobina inferior a 10 g/dL - dose de 150 U/Kg SC, três vezes por
semana, por no mínimo de quatro semanas. Na ausência de uma resposta
inicial, a continuidade do uso da eritropoetina além de 6 a 8 semanas, não é
recomendado.
•
Síndromes mielodisplásicas.
O GTAS recomenda que a eritropoetina recombinante humana seja
remunerada apenas quando da sua administração endovenosa, em regime
ambulatorial ou de internação. A utilização subcutânea só deverá ser
remunerada em caso da necessidade do uso durante internação hospitalar. A
eritropoetina, por via subcutânea, é medicação de uso domiciliar.
XII – Referências Bibliográficas:
1 – Nogueira RC, Duarte RC, Sousa CC - Anemia no Paciente Oncológico:
Causas, Diagnósticos e Tratamento Revista da Sociedade Brasileira de
Cancerologia. Ano II • Nº 06 • 2º Trimestre de 1999.
2 – JD Rizzo et al – Use of Epoetin in Patients With Cancer: Evidence-Based
Clinical Practice Guidelines of the American Society of Clinical Oncology and
the American Society oh Hematology. Journal of Clinical Oncology, Vol 20, No
19 (October 1), 2002: pp 4083-4107.
3 – Bohlius J et al. Recombinant human erythropoietin and overall survival in
cancer pacients: results of a comprehensive meta-analysis. J Natl Cancer Inst.
2005 Apr 6; 97 (7): 489-98.
4 – Bohlius J et al. Erythropoietin for patients with malignant disease. Cochrane
Database Syst Rev. 2004 ; (3) : CD 003407
5 – Kasper C, Zahner J, Sayer HG. Recombinant human erythropoietin in
combined treatment with granulocyte- or granulocyte-macrophage colonystimulating factor in patients with myelodysplastic syndromes. J Cancer Res
Clin Oncol. 2002 Sep;128(9):497-502. Epub 2002 Aug 27.
6 – Besarab A, Reyes CM, Hornberger J. Meta-analysis of subcutaneous
versus intravenous epoetin in maintenance treatment of anemia in hemodialysis
patients. Am J Kidney Dis. 2002 Sep;40(3):439-46.
7 – Portaria SAS/MS Nº 437, 08 de outubro de 2001.
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2001/PT-437.htm
8 - Janice L. Gabrilove, Charles S. Cleeland, Robert B. Livingston, Brenda
Sarokhan, Eric Winer, and Lawrence H. Einhorn. Clinical Evaluation of OnceWeekly Dosing of Epoetin Alfa in Chemotherapy Patients: Improvements in
Hemoglobin and Quality of Life Are Similar to Three-Times-Weekly Dosing.
Journal of Clinical Oncology, Vol 19, No 11 (June 1), 2001: pp 2875-2882.
9 - Demetri GD, Kris M, Wade J, Degos L, Cella D. Quality-of-life benefit in
chemotherapy patients treated with epoetin alfa is independent of disease
response or tumor type: results from a prospective community oncology study.
Procrit Study Group. J Clin Oncol. 1998 Oct;16(10):3412-25.
10 – Nguyen T V, Trinh G N. Clinical Evaluation of Once-Weekly and ThreeTimes-Weekly Dosings of Epoetin Alfa in Chemotherapy Patients: Problems of
Study Design and Interpretation. Journal of Clinical Oncology, Vol 20, No 3
(February 1), 2002: pp 876-882
XIII – Anexos:
Anexo 1 - Portaria SAS/MS Nº 437, 08 de outubro de 2001
PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS
TRATAMENTO DA ANEMIA EM PACIENTES PORTADORES DE
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
Medicamento: Eritropoetina Humana Recombinante
1 - Introdução
A eritropoetina é uma glicoproteína que estimula, na medula óssea, a
divisão e a diferenciação dos progenitores das células vermelhas do sangue. A
Eritropoetina alfa, produzida por tecnologia de DNA recombinante, é idêntica e
tem os mesmos efeitos biológicos da eritropoetina endógena(1). Sua reposição
sistemática e a conseqüente correção da anemia levam à redução da
necessidade de transfusão sanguínea, da morbidade, da mortalidade e à
melhora da qualidade de vida em pacientes portadores de IRC. Após 2 meses
de tratamento virtualmente todos os pacientes não estarão mais necessitando
transfusões sanguíneas. O alvo terapêutico recomendado tem sido manter
hemoglobina entre 11 e 12 g/dl ou hematócrito entre 33 a 36 % e o tratamento
deve ser acompanhado de manutenção de estoques de ferro adequados(2,3).
Para tanto é indispensável avaliar as reservas de ferro e prover a reposição
deste quando necessário (ver protocolo de reposição de ferro endovenoso).
2 - Classificação CID 10: N 18 – D63
3 - Critérios de Inclusão no Protocolo de Tratamento(1-5)
Serão incluídos no protocolo de tratamento todos os pacientes que
apresentarem (cumulativamente) os 4 itens abaixo:
a - Paciente de qualquer idade portador de insuficiência renal crônica;
b - Paciente portador de anemia, caracterizada por hemoglobina menor
do que 11 g/dl ou hematócrito menor do que 33%;
c - Paciente com estoques de ferro adequados;
d - Ausência de outras causas de anemia, como por exemplo: sangramento,
hemólise, anemia perniciosa ou hemoglobinopatias.
4 - Critérios de Exclusão no Protocolo de Tratamento
Os diversos fabricantes recomendam evitar o uso da medicação nas
seguintes condições:
a - Pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica, enquanto
estiver descontrolada: PA≥140/90 a despeito de tratamento regular com 3
drogas incluindo diurético;
b - Pacientes com hipersensibilidade a albumina humana e a produtos
derivados de células de mamíferos.
5- Cuidados especiais
Recomenda-se cuidados especiais em:
a - Gravidez;
b - Porfiria;
c - Hipertensão arterial sistêmica controlada;
d - História de epilepsia e convulsões;
e - Doença cardíaca;
f - História de tromboembolismo arterial ou venoso
g - Paciente com diagnóstico de Neoplasia
6- Avaliação e Reposição dos Estoques de Ferro
A maioria dos pacientes necessitará suplementação de ferro para manter
a ferritina sérica e a saturação de transferrina em níveis adequados para
efetiva eritropoiese estimulada pelo tratamento com eritropoetina. (Ver
protocolo de reposição de ferro endovenoso).
Os exames indispensáveis, que deverão ser executados antes e durante
o tratamento a cada 3 meses (exceto hematócrito e hemoglobina que deverão
ser mensais), são:
a - Saturação da transferrina (calculada pela razão entre ferro sérico e
capacidade total de ligação do ferro multiplicada por 100): deve ser igual ou
maior que 20%;
b - Ferritina sérica: deve estar em pelo menos 100 ng/ml;
c - Hemograma completo e contagem de plaquetas.
7- Objetivo do Tratamento
. Manter hemoglobina entre 11 e 12 g/dl ou hematócrito entre 33 e 36%.
8- Resposta Inadequada ou Resistência
Caracterizada pela incapacidade de se atingir o objetivo acima
(hemoglobina entre 11 e 12 g/dl ou hematócrito entre 33 e 36%) a despeito de
dose adequada de eritropoetina em paciente com reservas de ferro adequadas.
Resposta inadequada ou resistência é definida quando à dose de eritropoetina
é de 300 U/Kg/semana via subcutânea após 4 a 6 semanas de tratamento.
Pacientes com resposta inadequada devem ser avaliados para as
seguintes possibilidades:
a - Deficiência absoluta ou funcional de ferro;
b - Doença infecciosa, inflamatória ou maligna (mieloma múltiplo, por
exemplo);
c - Perda sanguínea (aguda ou crônica);
d - Doença hematológica associada como talassemia, hemoglobinopatias,
anemia refratária ou outra doença mielodisplásica;
e - Deficiência de vitamina B12 ou de folato;
f - Hemólise;
g - Intoxicação por alumínio;
h - Hiperparatireoidismo secundário;
i - Desnutrição importante;
j - Diálise inadequada.
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9 - Tratamento Recomendado
9.1 - Via de Administração:
A melhor relação custo-benefício é obtida com a via subcutânea que
permite uma economia de 30 a 50%. Utilizar a via subcutânea sempre que
possível. Em casos de crianças ou adultos onde a dor no local da
administração tornar-se um fator limitante recomenda-se:
a - aumentar o intervalo das administrações para 1x/semana;
b - modificar o local de administração;
c - substituir o tampão da medicação de citrato para fosfato e/ou
administrar eritropoetina beta no lugar da alfa (6-7).
9.2- Doses:
Para pacientes com insuficiência renal crônica a dose de eritropoetina
varia de 50 a 300 U/kg via subcutânea dividida em 2 a 3 aplicações semanais.
Não existem evidências de que doses maiores sejam mais eficazes.
Iniciar com 80 a 100 U/kg divididas em 2 a 3 doses/semana.
A dose de manutenção deve ser individualizada.
Nos pacientes que realizam diálise peritoneal (CAPD, APD ou DPI) ou
que estão ainda em tratamento conservador da IRC, pode-se usar a autoadministração subcutânea 1 a 3 vezes por semana.
9.3- Critérios para modificação de doses:
a - Monitorizar a hemoglobina ou o hematócrito a cada 2 semanas quando
em acerto ou após qualquer mudança de dose, até estabilização, e após a
intervalos regulares de 4 semanas;
b - Aumentar a dose em 50 % se: hemoglobina não aumentar em 2 g/dl
ou hematócrito não aumentar em 5 a 6 pontos em 8 semanas e hemoglobina
continua abaixo de 11 g/dl ou hematócrito continua abaixo de 30%;
c - Reduzir a dose em 25 a 50% se: hemoglobina se aproxima de 12 g/dl
ou hematócrito se aproxima de 36% ou se o hemoglobina aumentar mais de
1,5 g/dl ou hematócrito aumentar mais de 4 pontos em qualquer período de 2
semanas. Reduzir as doses em 25% se hemoglobina igual ou maior do que 12
g/dl ou hematócrito igual ou maior do que 36%;
d - Suspender temporariamente a eritropoetina se hemoglobina igual ou
maior de 13 g/dl ou hematócrito igual ou maior que 40%.
A dose total semanal pode ser reduzida de 23 a 52% quando se utiliza a
via subcutânea ao invés da via intravenosa. A lenta absorção subcutânea
parece ser responsável por este efeito. As doses subcutâneas requeridas para
manter a hemoglobina entre 9.4 a 10.7 gramas/decilitro variaram de 2800 a
6720 unidades por semana comparadas com 8350 a 20300 unidades por
semana quando os mesmos pacientes recebiam a administração intravenosa.(5-
8)
10 - Benefícios Esperados com o Tratamento
a - Redução do número de transfusões sanguíneas;
b - Melhora sintomática e da qualidade de vida;
c - Redução da morbi-mortalidade;
d - Melhora nas funções neurológicas, endócrinas, cardíaca, imunológica;
e - Prevenção e melhora da hipertrofia ventricular esquerda;
f - Diminuição do número de hospitalizações;
g - Melhora nas funções cognitivas e na capacidade funcional.
11- Riscos e Cuidados Especiais
Aproximadamente 80% dos pacientes com IRC têm história de
hipertensão arterial sistêmica. Durante a fase de aumento da hemoglobina ou
do hematócrito, 25% dos pacientes com IRC em hemodiálise podem requerer
início ou aumento de dose de antihipertensivos. Encefalopatia e convulsões
foram relatadas em pacientes com IRC em tratamento com eritropoetina.
Recomenda-se:
a - Controle rigoroso da pressão arterial;
b - Insistir na adesão ao tratamento antihipertensivo;
c - Portadores de doença isquêmica do coração ou insuficiência cardíaca
congestiva: não ultrapassar hemoglobina de 12 ou hematócrito de 36%;
d - Monitorizar sintomas neurológicos especialmente convulsões: existe
dúvida na literatura sobre a relação entre aumento rápido do hematócrito e
convulsões sendo esta a razão para reduzir a dose toda vez que a
hemoglobina aumentar mais de 1,5 g/dl ou o hematócrito aumentar 4 ou mais
pontos em qualquer período de 2 semanas;
e - Alertar para neoplasias: é possível que a eritropoetina atue como fator
de crescimento em qualquer tipo de tumores especialmente os do tecido
mielóide;
f - Trombose: pacientes com IRC em tratamento crônico com eritropoetina
poderão necessitar aumento de doses de heparina na hemodiálise.
12- Consentimento Informado
É obrigatória a cientificação do paciente, ou de seu responsável legal, dos
potenciais riscos e efeitos colaterais relacionados ao uso do medicamento
preconizado neste Protocolo, o que deverá ser formalizado por meio da
assinatura de Termo de Consentimento Informado, de acordo com o modelo
constante deste Anexo.
Bibliografia
1. Drug Facts and Comparisons 2000. 54ed. St.Louis. Facts and
Comparisons, 2000.
2. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia para a condução da
anemia na insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol 2000; 22(supl 5):1-48.
3. NKF-DOQI clinical practice guidelines for the treatment of anemia of
chronic renal failure. National Kidney Foundation-Dialysis Outcomes Quality
Initiative. Am J Kidney Dis 1997; 30(suppl 3).
4. Hutchison TA, Shaban DR, Anderson ML (Eds): DRUGDEX System.
MICROMEDEX, Inc. Englewood, Colorado(vol 105 - 30.09.2000)
5. USP DI 2000 – Information for Health Care Proffessional. 20ed.
Englewood. Micromedex Inc. 2000. v.1.
6. Bommer J, Ritz E, Weinreich T et al. Subcutaneous erythropoietin.
Lancet 1988; 2:406.
7. Kaufman JS, Reda DJ, Fye CL, et al. Subcutaneous compared with
intravenous epoetin in patients receiving hemodialysis. N Engl J Med 1998;
339:578-83.
8. Zachee P: Controversies in selection of epoetin dosages. Drugs 1995;
49:536
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
ERITROPOETINA HUMANA RECOMBINANTE
O Paciente abaixo identificado e firmado declara para todos os efeitos
legais que foi informado de todos os benefícios, contra-indicações, potenciais
efeitos colaterais, riscos e advertências relativos ao uso do medicamento
ERITROPOETINA, preconizado para o tratamento da anemia associada à
insuficiência renal crônica.
Expressa, ainda, sua concordância e vontade em submeter-se ao
tratamento preconizado já referido, assumindo inteira responsabilidade e risco
pelos eventuais efeitos indesejáveis que venham a ocorrer em decorrência do
mesmo.
Assim declara que:
Foi claramente informado que a medicação ERITROPOETINA pode trazer
os seguintes benefícios no tratamento da anemia associada a insuficiência
renal crônica:
- Redução do número de transfusões sanguíneas;
- Melhora sintomática e da qualidade de vida;
- Redução da morbi-mortalidade;
- Melhora nas funções neurológicas, endócrinas, cardíaca, imunológica;
- Prevenção e melhora da hipertrofia ventricular esquerda;
- Diminuição do número de hospitalizações;
- Melhora nas funções cognitivas e na capacidade funcional.
Foi também claramente informado quanto às seguintes contra-indicações,
potenciais efeitos colaterais, riscos e advertências a respeito da medicação
ERITROPOETINA no tratamento da anemia associada a insuficiência renal
crônica:
- Medicações classificadas na gestação como fator de risco C (significa
que risco para o bebê não pode ser descartado, mas um benefício potencial
pode ser maior que os riscos);
- Contra-indicado em casos de hipersensibilidade (alergia) à albumina
humana ou produtos derivados de células de mamíferos;
- Precaução deve ser tomada com seu uso em presença de porfiria,
hipertensão e história de convulsões;
- Os estoques de ferro no organismo devem ser verificados antes do seu
uso e reposto caso necessário;
- Em qualquer momento do seu uso, o tratamento deve ser interrompido
caso a hemoglobina se eleve mais de 1,5 g/dl ou o hematócrito se eleve em
mais de 4 pontos percentuais num período de 2 semanas;
- Efeitos adversos comuns são hipertensão, fadiga, cefaléia e febre;
- Podem ocorrer edema, dor no peito, taquicardia, náuseas, vômitos,
diarréia, artralgias, astenia, perda de acesso venoso;
- Efeitos raros são infarto do miocárdio, convulsões, falta de ar, rash
cutâneo, reações de hipersensibilidade;
O paciente declara, ainda, estar ciente que pode suspender este
tratamento a qualquer momento, sem que este fato implique em qualquer forma
de constrangimento entre ele e seu médico, que se dispõe a continuar
tratando-o em quaisquer circunstâncias.
Assim, o paciente faz sua adesão ao tratamento de forma livre, por
espontânea vontade e por decisão conjunta dele e de seu médico.
Paciente: ______________________________________________
Responsável Legal (quando for o caso):_______________________
Sexo do paciente: ( ) Masculino ( )Feminino - Idade do Paciente:___
R.G. (do paciente ou responsável legal)
_____________________
Endereço: ____________________________________________
Cidade:__________
CEP:_________ Telefone:( )______
_____________________________________________________
Assinatura do Paciente ou Responsável Legal (quando for o caso)
MédicoResponsável:____________ CRM: ______________
Endereço do Consultório: __________________________________
Cidade:___________ CEP:_______ Telefone:( )_______
_____________________
Assinatura e Carimbo do
Médico
_____/______/_____
Data
Obs.:
1 - O preenchimento completo deste Termo e sua respectiva assinatura são
imprescindíveis para o fornecimento do medicamento
2 - Este Termo ficará arquivado na farmácia responsável pela dispensação dos
medicamentos.
Anexo 2 – Bibliografia
Anexo 3 – Orientações do fabricante para conservação e administração
domiciliar do medicamento Eprex®
Anexo 4 – Bula do medicamento Eprex®
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