TÍTULO DO PROGRAMA Raquel de Queiroz: Não Me Deixes Série: Mestre da Literatura SINOPSE DO PROGRAMA Primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz era uma cronista que soube como poucos retratar e comentar o que acontecia no Brasil. Falava do país e falava especialmente do Nordeste e do Ceará - lugar onde nasceu e onde produziu grande parte da sua obra. O trabalho interdisciplinar sugere a criação de uma página de jornal onde os alunos, individualmente, elaborarão uma notícia ou uma reportagem e uma crônica sobre qualquer assunto que diga respeito a aspectos regionalistas de Norte a Sul do Brasil. CONSULTORES Gracia Klein – LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA Denise Rockenbach Nery – GEOGRAFIA Rosemary Segurado - ANTROPOLOGIA TÍTULO DO PROJETO “Tudo Rachel fazia um artigo.” Nós também. MATERIAL NECESSÁRIO PARA REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE: - caderno ou folhas de fichário; - lápis, caneta, borracha; - lousa e giz ou canetas para lousa branca; - pincel atômico ou canetas hidrográficas; - equipamento para exibição do documentário; - romances utilizados: livro de crônicas de Rachel de Queiroz, ou equipamento para reprodução de cópias e jornais para serem usados como modelos; - cartolinas para as páginas do jornal; - equipamento para acesso à Internet; - transparência para retroprojetor e retroprojetor (opcional); - imagens variadas da região Nordeste; - cópia das ilustrações e mapas sugeridos; - livro didático ou reprodução dos trechos sugeridos. PRINCIPAIS CONCEITOS QUE SERÃO TRABALHADOS EM CADA DISCIPLINA Língua Portuguesa Conceitos utilizados no projeto • • • • • • Modernismo; Geração de escritores brasileiros de 30 a 45; Gênero narrativo; Romance regionalista; Notícia, reportagem e crônica; Academia Brasileira de Letras. Geografia Conceitos utilizados no projeto • • • Paisagem; Regionalização do Brasil; Migração. Antropologia Conceitos utilizados no projeto • Questão agrária no Brasil; • Reforma agrária; • Gênero; • Mulher na política; • • • Comunismo; Realismo socialista; Classes sociais. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Principais etapas e estratégias para trabalho sugerido como base, nas disciplinas – especificados, por disciplina. Língua Portuguesa 1. Para iniciar o trabalho, o professor de Língua Portuguesa pode pôr o nome de Rachel de Queiroz na lousa e fazer um levantamento com os alunos do que sabem sobre ela. Registre na lousa esses conhecimentos prévios. Logo após, sem cotejar se as informações dos alunos estão corretas ou não, distribua um trecho do livro “O Quinze”. Pode ser o trecho reproduzido ao final desse trabalho como sugestão ou outro escolhido pelo professor. Leia com os alunos e peça a eles para levantarem linguagem, tema, vocabulário, espaço, possível tempo, etc. Depois dessa dupla discussão, passe o vídeo. Após passar o vídeo, volte para as anotações da lousa sobre a autora e a obra e descarte as proposições incorretas. 2. Neste momento, dê uma aula sobre os escritores modernistas da década de 1930, os regionalistas nordestinos, dos quais faz parte Rachel de Queiroz. Eles tiveram como principais temas as secas, o cangaço, o conflito de terras e o misticismo do Nordeste brasileiro. Retrataram os quadros sociais da época. A obra “A bagaceira”, como diz o vídeo, inicia esse segundo momento modernista. Guimarães Rosa refere-se ao seu autor da seguinte forma “José Américo de Almeida abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro.” Nos anexos, estão reproduzidos três trechos. Um de “O Quinze”, um de “A Bagaceira” e outro de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. O professor pode usá-los para retomar este tipo de romance com os alunos, ou propor outros trechos de autores como José Lins do Rego e Jorge Amado. 3. O vídeo é um elemento motivador para a leitura integral da obra “O Quinze”. Se puder, proponha essa leitura aos alunos. Porém, faça uma leitura orientada. Alguns passos para isso: 1. Proponha algumas questões de pré-leitura para nortear o roteiro de leitura. Essas questões podem ser discutidas por você, professor, junto aos alunos. Nessas questões, trabalhe os elementos do romance, tais como: enredo, tempo, espaço, personagens. Desafie-os para elaborarem, por exemplo, perfis dos principais personagens antes de conhecê-los. 2. Acompanhe a leitura dos alunos, propondo algumas questões motivadoras durante o prazo estipulado para a finalização da obra (30 dias). Durante esse período, leia alguns trechos com os alunos em sala de aula. Essa leitura é fundamental. Transcrevo trechos significativos que podem ser explorados do ponto de vista semântico, escolhas lexicais e características da obra, pondo-se em ênfase a paisagem, a linguagem, o problema da seca e o “fatal” destino dos retirantes, pois não há quem olhe por eles e mude-lhes a situação. “Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, dona Inácia concluiu: ‘Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém’ (...) Tenha fé em São José que ainda chove! Tem-se visto inverno começar até em abril.” (p.11). “Novamente a cavalo no pedrês, Vicente marchava através da estrada vermelha e pedregosa, orlada pela galharia negra da caatinga morta. Os cascos dos animais pareciam tirar fogo dos seixos do caminho. Lagartixas davam carreirinhas intermitentes por cima das folhas secas no chão que estacavam como papel queimado. O céu, transparente que doía, vibrava, tremendo feito uma gaze repuxada. Vicente sentia por toda parte uma impressão ressequida de calor e aspereza. Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum juazeiro ainda escapo à devastação da rama. Mas em geral as pobres árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos galhos como membros amputados e a casca toda raspada em grandes zonas brancas. E o chão, que em outro tempo a sombra cobria , era uma confusão desolada de galhos secos, cuja agressividade ainda mais se acentuava pelos espinhos.” (pp.17,18). “Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas. - Mãezinha, cadê a janta? - Cala a boca, menino! Já vem! - Vem lá o quê!...” (p.52). “Lá se tinha ficado Josias, na sua cova, à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz.” p.67 “Conceição, porém, nunca vira o afilhado. Já estava na cidade, ao tempo do batizado.(...) E a criança que outro tempo trazia Cordulina tão gorda, era decerto aquela que lhe pendia no colo, e que agora a trazia tão magra, tão magra que nem uma visagem, que nem a morte, que só talvez um esqueleto fosse tão magro...” (p.95). “Setembro já se acabara, com seu rude calor e sua aflita miséria; e outubro chegou, com São Francisco e sua procissão sem fim, composta quase toda de retirantes, que arrastavam as pernas descarnadas, os ventres imensos, os farrapos imundos, atrás do pálio rio do bispo, e da longa teoria de frades a entoarem em bels vozes a canção em louvor do santo. ( ... ) E novembro entrou, mais seco e mais miserável, afiando mais fina, talvez por ser o mês de finados, a imensa foice da morte.” (pp.129 e 130). “Enfim caiu a primeira chuva de dezembro. ( ... ) O inverno! Senhor São José, o inverno! Benza-o Deus!” (p.139). 3. Se optar por trabalhar “Vidas Secas”, por que não levantar um paralelo entre a cadela Baleia e a Limpa Trilhos. O animal de estimação tem caráter relevante para muitas crianças e jovens. Baleia humaniza-se na obra “Vidas Secas”, enquanto os retirantes humanos assumem posição de bichos, em algumas passagens. Por exemplo, o capítulo dedicado à Baleia se reveste de uma humanidade maior que os dos outros personagens, chegando até ao aspecto do sonho. Já Rachel não dá tanto destaque a essa personagem, tanto que ela desaparece no decorrer da narrativa. 4. Trabalhe ou reveja o gênero crônica, no qual se destacou a escritora. Ressalte o que diz o vídeo: “De 30 até a década de 90, a história do Brasil está nas crônicas de Rachel”. A crônica está entre a reportagem e a Literatura. Geralmente as crônicas são publicadas em jornais diários e o autor parte de uma experiência pessoal, quase sempre de um fato cotidiano, para elaborar reflexão mais geral, tematizando uma questão. O cronista, diferentemente do repórter, é o “ficcionista do cotidiano”. As crônicas tratam de um sem-número de temas. Dentre uma de suas características primordiais está a brevidade ao tratar temas corriqueiros, muitas vezes escondidos, esperando o cronista, desde um encontro fortuito no elevador do Rio de Janeiro ou de uma beata a rogar por chuva em uma minúscula capela nordestina. Textos curtos, portanto. Além disso, o foco narrativo geralmente está na primeira pessoa, devido à pessoalidade, pois a visão do cronista é o que mais importa; linguagem fácil e direta, no entanto, sem deixar de lado a linguagem metafórica. Aproveite este momento para discutir os gêneros notícia e reportagem, a fim de embasar os alunos para a proposta interdisciplinar. A notícia é um texto narrativo, com a função referencial da linguagem, cujo objetivo é informar um fato. Seus elementos de composição são: o fato (o quê), as pessoas (quem), o local (onde), o tempo (quando) e, via de regra, como e por que ocorreu o fato. A linguagem é objetiva e direta e possui sempre um título e/ou um lead que, na linguagem jornalística, é um resumo prévio à notícia. Já a reportagem alarga a notícia, acrescentando versões do fato noticiado. Ou seja, ela informa e acrescenta opiniões e diferentes versões por meio de citações, entrevistas, dados estatísticos, fotografias e etc. 4. Para finalizar, proponha uma reflexão sobre a qualidade da obra de um autor ou sobre o conjunto de sua obra, e pergunte aos alunos se eles conhecem a Academia Brasileira de Letras, organização em que se encontram os imortais das letras. Se possível, tendo recursos da Internet às mãos, navegue pelo site da Academia, suas 40 cadeiras e os membros que as ocuparam, dentre eles Rachel. Faça uma reflexão sobre as poucas mulheres que nela estiveram e quão recente foi essa conquista com Rachel de Queiroz. Outra reflexão: políticos, médicos, que produziram literatura estão na Academia. Paulo Coelho, o tão polêmico escritor. As escolhas são boas? Enfim, há inúmeras possibilidades de aproximações. O site está indicado no anexo desta ficha. Geografia 1) A primeira proposta de trabalho na disciplina de Geografia é trabalhar com o estereótipo que comumente aparece quando abordamos a região Nordeste. Embora esta região apresente áreas de desenvolvimento industrial - como o Recôncavo Baiano e a região metropolitana de Recife - ainda é lembrada por muitas pessoas apenas como a região da seca ou então das belas praias. Para verificarmos se os alunos estão impregnados por este estereótipo, propomos duas atividades: a) Divida os alunos em grupos de 5 ou 6 elementos. A cada grupo apresente um conjunto de imagens, todas da região Nordeste. Imagens que incluam desde as típicas paisagens das praias e da seca, passando pela agricultura da cana-de-açúcar e pontos turísticos (por exemplo, Pelourinho em Salvador e dunas do Rio Grande do Norte), até a exploração de petróleo, a agricultura irrigada no vale do Rio São Francisco e as pinturas rupestres da Serra da Capivara. Plataforma de Curimâ (Ceará) Cultivo irrigado da uva em Petrolina (Pernambuco) Pinturas rupestres na Serra da Capivara (Paraíba) Peça aos alunos que separem aquelas imagens que são da região Nordeste das que não são, justificando as escolhas. b) Apresente para os alunos a imagem abaixo: Peça aos alunos que façam uma leitura da imagem e a associem à frase de Albert Einstein: “Triste época a nossa, em que é mais fácil desintegrar um átomo do que romper um preconceito.” Após a realização destas atividades, você poderá discutir a questão dos estereótipos que levam a uma visão muito simplificada do mundo. De fato, existe seca no Nordeste, com consequências dramáticas como aquelas retratadas por Rachel de Queiroz. A seca ainda ocorre periodicamente na região do Nordeste, conhecida como “polígono da seca”, e é perpetuada pela denominada “indústria da seca”. Nos períodos de seca prolongada, o governo federal socorre os governos locais basicamente de três formas: envio de dinheiro a ser aplicado nas áreas afetadas; distribuição de cestas de alimentos à população; perdão total ou parcial de dívidas de empréstimos. O dinheiro liberado pelo governo federal destina-se ao pagamento de mão-de-obra das frentes de trabalho temporárias, criadas para tentar resolver a falta de renda da população atingida. Contudo, o trabalho é voltado à abertura de estradas, à construção de açudes e barragens, etc., geralmente em terras pertencentes a grandes proprietários rurais. As cestas de alimentos enviadas pelo governo federal são distribuídas à população pelos políticos locais, que passam a ser vistos como benfeitores. Sem resolver de fato as carências da população afetada pela seca, os governos locais e grandes proprietários (às vezes são a mesma pessoa) saem lucrando. Famílias tradicionais destas cidades se mantêm no poder há décadas, pois o eleitor é cooptado em troca de pequenos favores e grandes promessas (“curral eleitoral”). Mas a região Nordeste não se resume à seca, vale a pena o(a) professor(a) retomar com os alunos a divisão da região em quatro zonas (Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte). Mas, mesmo reconhecendo o Nordeste para além da seca, algumas pessoas o definem como uma região de perdas econômicas e sociais: • Perda demográfica representada por fluxos migratórios para o Sudeste e Amazônia, além da intensa mobilidade intra-regional para grandes cidades como Salvador, Recife e Fortaleza. • Importância declinante da agropecuária no contexto nacional, como a cultura canavieira e o algodão, sem que surgisse outro produto de expressão nacional. • As atividades mais dinâmicas, como a produção de frutas na região irrigada do vale do Rio São Francisco, por exemplo, são controladas de fora da região e voltadas para fora dela. • Baixo nível de renda da maior parte da população. • Pouca quantidade de vias de comunicação, hidrelétricas, cidades, campos agrícolas modernos. Na verdade, existe uma visão muito simplificada e estereotipada da divisão regional do Brasil. O Nordeste simboliza o “Brasil velho ou colonial”, onde houve intenso uso de mão-de-obra escrava e ainda predominam latifúndios, e o poder dos usineiros e dos grandes proprietários em geral. O Centro-Sul identifica-se com o “Brasil novo” da indústria e da modernização, com grande presença de imigrantes italianos, espanhóis, japoneses, alemães, etc. A Amazônia, por sua vez, seria potencialmente a “região do futuro”, a área que atualmente conhece grande crescimento demográfico, com intensas transformações. É fácil a perpetuação de estereótipos e preconceitos em relação aos nordestinos. Outro exemplo é a famosa “preguiça baiana” ou do clima de “eterna festa” na Bahia, quando é justamente o contrário, é no período de festas que a maior parte da população, que atua no mercado informal, tem oportunidade de trabalho. Quem se diverte é o turista. A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio das elites de origem europeia, que consideravam os escravos “indolentes”. Depois se espalhou de forma acentuada no Sul e no Sudeste, a partir das migrações da década de 40, depreciando os trabalhadores sem qualificação. O migrante ou o retirante, como nos retrata Rachel de Queiroz, é outro referencial dos cidadãos comuns, quando se fala no Nordeste. Parece estar consolidado um padrão de um estereótipo do migrante nordestino, no Rio de Janeiro todos são chamados de “paraibanos”, em São Paulo, “baianos”, expressões que procuram igualar os nordestinos, negando a riqueza e diversa cultura regional, reduzindo todos ao denominador comum da migração, em condições humilhantes. Após estas discussões sugerimos que os alunos apliquem as atividades a) e b) a seus familiares, amigos e vizinhos, a fim de pesquisar o quanto os estereótipos estão presentes em nossa sociedade. 2) Para entender o processo de migração, seja aquele pelo qual passaram os personagens de Rachel de Queiroz, seja o que passaram e passam muitas outras pessoas, em diferentes épocas, sugerimos um trabalho com a leitura e interpretação de uma sequência de mapas sobre as migrações no Brasil (em anexo): • Brasil: migrações 1950-1960; • Brasil: migrações 1960-1970; • Brasil: migrações 1970-1980; • Brasil: migrações recentes. Em grupos, os alunos deverão observar os mapas, refletir sobre o significado das diferentes espessuras das flechas, identificar de que lugares (regiões) as pessoas partem e para onde se destinam, assim como as épocas em que os movimentos acontecem. Peça que façam um registro escrito e depois apresentem as conclusões para a classe. Em seguida, o(a) professor(a) deve acrescentar informações à descrição dos mapas, feita pelos alunos, esclarecer que a migração não é resultado apenas da atração que uma determinada área exerce sobre os indivíduos, mas também das dificuldades encontradas pelas pessoas em seus lugares de origem. As migrações e a distribuição da população pelo território só podem ser compreendidas se analisarmos as condições sociais, econômicas e políticas da ocupação do espaço geográfico. A grande seca retratada por Rachel de Queiroz no livro “O Quinze”, ganhou força nos anos 30 e se intensificou com a aceleração do desenvolvimento industrial do país, principalmente após 1956. O mapa 1 (1950-1960) representa um rumo à fronteira agrícola, em que se verificam dois grandes fluxos migratórios: do Nordeste para o Centro-Oeste e Paraná, e do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em direção ao Paraná e Mato Grosso do Sul. Devemos esclarecer para o aluno que fronteira agrícola é o nome que se dá às áreas novas ainda não desbravadas, cuja ocupação é estimulada pelo governo por meio de projetos de colonização, oficiais ou particulares. Desde 1930, a expansão da fronteira agrícola tem funcionado como uma válvula de escape para as grandes tensões sociais geradas em áreas agrícolas tradicionais. Isso devido à estagnação econômica, o crescimento demográfico e, principalmente, a estrutura fundiária concentradora. Nas décadas de 40 a 60, o Paraná foi a principal fronteira agrícola do país, com a expansão da economia cafeeira e amplo programa desenvolvido por empresas colonizadoras, baseado no pequeno e médio produtor. No mapa 2 (1960-1970) a industrialização e a rede de transportes foram aperfeiçoadas, o desenvolvimento industrial capitalista necessitava tanto de matérias-primas, como também enviar seus produtos a outras regiões. Neste período muitas indústrias, muitas delas multinacionais, localizadas especialmente em São Paulo, investiram em grandes projetos agropecuários no Centro-Oeste e na Amazônia. Grandes correntes migratórias passaram então, a se dirigir para essas regiões. Também neste período, o fluxo migratório acompanhou a dinâmica desenvolvimentista representada pela construção de Brasília e pelos grandes investimentos na construção de estradas. Ao contrário do que se deu no Paraná, o movimento de expansão para o Centro-Oeste era formado por contingentes de agricultores de subsistência, empurrados pela falta de terra e pela seca. Nas décadas de 60 e 70 a migração para a Amazônia foi estimulada pelo governo por meio de projetos oficiais ou particulares, como a abertura de rodovias (Belém-Brasília, Transamazônica e Cuiabá-Porto Velho). As áreas de colonização receberam diversas categorias de trabalhadores: os que tinham um pedaço de terra no Sul e migraram para comprar uma área maior; trabalhadores sem-terra que haviam perdido sua propriedade ou que nunca tiveram uma (bóias-frias, arrendatários, colonos ou parceiros expulsos dos latifúndios); trabalhadores provenientes da cidade, que em geral, depois de passar por fases de desemprego, resolvem tentar a sorte no Norte do país. Projetos de colonização na região não atendiam às mínimas condições de armazenamento e escoamento dos produtos dos pequenos proprietários, além da falta de créditos, assistência médica, estradas, escolas e infra-estrutura em geral. Por outro lado, o governo permitiu grandes empresas nacionais e estrangeiras, voltadas, sobretudo, para a pecuária e a mineração, o que gerou especulação desenfreada sobre a terra. Nas décadas de 70 e 80, Rondônia aparece como um dos destinos mais procurados pelos migrantes, motivados principalmente pela implementação do Polonoroeste (1979). Nas migrações mais recentes, é importante observar que os migrantes não partem apenas do Nordeste. Essa região continua sendo importante fornecedora de mão-de-obra para os grandes investimentos que se tem feito em outras partes do país, aliviando as tensões sociais na região e mantendo os privilégios dos grandes latifundiários. No entanto, nas décadas de 70 e 80, muitos paranaenses, catarinenses e gaúchos também têm migrado para o Centro-Oeste e Amazônia. Vemos, portanto, que não são apenas as secas e a indústria da seca que continuam mantendo a população em movimento migratório, a migração é um fenômeno complexo envolvendo complexos aspectos políticos e econômicos, sociais e pessoais. 3) Ao se aprofundar no estudo da região Nordeste, sugerimos que o(a) professor(a) faça com os alunos alguns exercícios de comparação entre trechos do livro “O Quinze” de Rachel de Queiroz e o livro didático, buscando semelhanças e diferenças. Os alunos, em grupos, podem utilizar o livro didático disponível na escola ou trechos como os que se seguem. Descrição da paisagem em “O Quinze”.(durante a seca): “Novamente a cavalo no pedrês, Vicente marchava através da estrada vermelha e pedregosa, orlada pela galharia negra da caatinga morta. Os cascos do animal pareciam tirar fogo nos seixos do caminho. Lagartixas davam carreirinhas intermitentes por cima das folhas secas no chão que estalavam como papel queimado. O céu, transparente que doía, vibrava, tremendo feito uma gaze repuxada. Vicente sentia por toda parte uma impressão ressequida de calor e aspereza. Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum juazeiro ainda escapo à devastação da rama; mas em geral as pobres árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos galhos como membros amputados e a casca toda raspada em grandes zonas brancas. E o chão, que em outro tempo a sombra cobria, era uma confusão desolada de galhos secos, cuja agressividade ainda mais se acentuava pelos espinhos.” (...) (pp. 17 e 18). Descrição da paisagem em “O Quinze” (após as chuvas): “Lá adiante, em plena estrada, o pasto se enramava, e uma pelúcia verde, verde e macia, se estendia no chão até perder de vista. A caatinga despontava toda em grelos verdes; pauis esverdeados, dum sujo tom de azinhavre líquido, onde as folhas verdes das pacaviras emergiam, e boiavam os verdes círculos de aguapé, enchiam os barreiros que marginavam os caminhos. Insetos cor de folha – esperanças – saltavam sobre a rama. E tudo era verde, e até no céu, periquitos verdes esvoaçavam gritando. O borralho cinzento do verão vestira-se todo de esperança.” (p. 151). Descrição da paisagem em um livro didático: “Caatinga Vegetação típica do Nordeste semi-árido, a caatinga possui heterogeneidade, compreendendo diferentes tipos: caatinga seca não arbórea, com predominância de árvores; caatinga seca arbórea, com predominância de árvores (pau-pereiro) e arbustos isolados; caatinga arbustiva densa, em forma de bosques com árvores isoladas; caatinga de relevo mais elevado, em áreas de maior pluviosidade, onde os bosques são mais densos. A vegetação da caatinga é formada por plantas xerófilas, ou seja, adaptadas a lugares secos, entre as quais predominam as cactáceas (mandacaru, facheiro, xiquexique) e as bromeliáceas (macambira). Na época das secas, muitas plantas da caatinga perdem suas folhas para diminuir a transpiração e evitar, assim, a perda de água armazenada, produzindo uma paisagem seca e desolada. Algumas palmeiras e o juazeiro, que possuem raízes bem profundas para absorver água do subsolo, não perdem as folhas. Outras plantas possuem um mecanismo fisiológico, o xeromorfismo, produção de uma cera que reveste os tecidos e faz com que percam menos água na transpiração. Um exemplo é a carnaubeira, que já foi denominada “árvore da vida” ou “árvore da providência”, pois tudo dela se aproveita. (...)” (Panorama Geográfico do Brasil. Melhem Adas, Editora Moderna, 3ª Ed. 1998, pp.359-360). A migração em “O Quinze”: “O pequeno ia no meio da carga, amarrado por um pano aos cabeçotes da cangalha. De vez em quando, levava a mãozinha aos olhos, e fazia rah! rah! ah! ah! numa enrouquecida tentativa de choro. Cordulina chegava-se à burra para o consolar, ajeitava-lhe o chapéu de pano na cabeça, até que um dos menores gritava: - Olha, mãe! Os pés da zabelinha! Olha o coice! Chico Bento fechava a marcha, com o cacete ao ombro, do qual pendia uma trouxa. Mocinha, de vestido engomado, também levava debaixo do braço, e na mão, os chinelos vermelhos de ir à missa. O sol ia esquentando. De cima da cangalha, o menino chorou com mais força, debatendose, até que Cordulina o retirou, com medo de uma queda. Pô-lo no quarto; logo uma briga se armou entre os outros, num assalto aceso ao lugar na cangalha; na balbúrdia da disputa, eles se confundiam e só se podia distinguir, de momento a momento, um murro, um rasgão, e nuvens de poeira. Chico Bento, intervindo, trepou o menor. E os outros, por trás do pai, vingavam-se, estirando a língua, com gestos insultuosos mas perdidos porque o cavaleiro não os via, mergulhado na alegria de sua vitória. Súbito, sua vozinha estridulou num grito comovido: - Olha a Rendeira! E apontava para uma vaca pintada de preto e branco, que, magra e quieta à beira da estrada, parecia esperar a família fugitiva para uma derradeira despedida. Cordulina recomeçou a chorar; o próprio Chico Bento passou rapidamente a manga pelo rosto. A Rendeira fitou em todos os seus grandes olhos dolorosos, donde escorria um alista clara sobre o focinho escuro, como um caminho de lágrimas. Só Mocinha olhou a rês com indiferença, ajeitou na mão as chinelas, e continuou a andar no seu passo macio, tão rápido e leve que mal esmagava os torrões quebradiços do chão.” (...) (pp. 40 e 41). “Os três dias de caminhada iam humanizando Mocinha. O vestido, amarrotado, sujo, já não parecia toilette de missa. As chinelas baianas dormiam no fundo da trouxa, sem mais saracoteios nos dedos da dona. E até levava escanchado ao quadril o Duquinha, o caçula, que, assombrado com a burra, chorava e não queria ir na cangalha. Chico Bento troçava: - Heim, minha comadre! Botou o luxo de banda...” (p. 43). A migração no livro didático: “Grande Região Nordeste: a principal região de repulsão de população no Brasil Até 1872, data do primeiro recenseamento oficial da população brasileira, a Grande Região Nordeste era a região mais populosa do Brasil. Possuía, nesse ano, 46,7% do total dos habitantes do país. Observando a figura 27.5, podemos notar o declínio relativo dessa população, nos recenseamentos e no comportamento populacional das demais Grandes Regiões: • • • em 1890, a participação do Nordeste caiu para 41,9% e, a partir desse recenseamento, a Grande Região Sudeste passou a ser a mais populosa, com 42,6%, posição que mantém até os dias atuais; de 1872em diante, até 1995, a participação da população da Grande Região Nordeste, no conjunto da população do Brasil, declinou de 46,7% para 28,9%; o primeiro grande declínio da participação da população do Nordeste, no conjunto da população brasileira, ocorreu de 1872 a 1890 e está relacionada às grandes emigrações motivadas pela grande seca que se abateu sobre a região, entre 1877 e 1879; o segundo, de 1890 a 1900, corresponde à grande emigração em direção à Amazônia, em busca principalmente do extrativismo da borracha, e em direção ao Sudeste, que, com a expansão da cafeicultura, necessitava de mão-de-obra; e o terceiro, entre 1950 e 1960, é explicado pela industrialização do Sudeste.” (...) (Panorama Geográfico do Brasil. Melhem Adas, Editora Moderna, 3ª Ed. 1998, pp.520-521). O que se pretende com a comparação entre a Literatura e o livro didático não é que seja feita uma escolha do melhor livro, mas que sejam levantadas as diferenças entre eles. Os alunos devem perceber que o livro didático procura ser mais científico na linguagem e na apresentação de dados, por exemplo, revestindo-se de uma aparente neutralidade. Já na Literatura podemos ver mais nitidamente a dimensão do ser humano, a paisagem é descrita com a linguagem do homem local, e a partir de seu referencial; a migração deixa de ser ter uma conotação estatística e apresenta o drama de pessoas comuns revestido da linguagem conotativa e simbólica da Literatura. Antropologia 1. Para iniciar o trabalho de Antropologia, poderíamos abordar o contexto agrário brasileiro. A seca, a imigração e as desigualdades na posse de terra são algumas das questões marcantes na história do país. A questão agrária afeta as relações sociais, tornando-se palco de conflitos até o presente. A estrutura de grandes proprietários de terra, chamados latifúndios, foi consagrada a partir da lei de terras de 1850. Essa lei transformou a terra em mercadoria, portanto passível de ser comprada e vendida, e esse é considerado um marco significativo na configuração dos latifúndios. O livro “O Quinze” de Rachel de Queiroz, apresenta o contexto regional que tanto influenciou a produção literária da escritora, nos oferecendo um bom pano de fundo para pensar as origens e o desenvolvimento das desigualdades regionais. Nesse momento, o professor deve dar uma aula retomando alguns dos principais momentos do contexto agrário brasileiro. Orientar os alunos a realizarem uma pesquisa nos sites ou publicações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) buscando os indicadores sociais de cada uma das grandes regiões brasileiras, relacionados com esse tema. O INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) também é uma referência importante, e agrega informações e análises sobre o tema. O MST (Movimento dos Sem Terra) possui uma visão que nem sempre se faz presente quando o tema ganha repercussão nos meios de comunicação. Muitas vezes a visão que temos sobre a reforma agrária é aquela divulgada pelos grandes meios de comunicação, que raramente apresentam a visão dos integrantes do movimento. A classe pode ser dividida em grupos, cada grupo se responsabilizando pelo levantamento de informações sobre a questão agrária de cada região do país. A pesquisa pode ser realizada em livros de história, nos sites do INCRA e do IBGE. Pesquisar a história do Movimento dos Sem Terra e ver se em sua região existe uma sede ou algum representante. Seria interessante entrevistar um desses representantes para que ele forneça informações sobre os principais aspectos que orientam a organização do movimento. Posteriormente cada grupo deverá organizar as informações em uma espécie de painel e expor para os demais grupos da sala. 2. Gênero A questão de gênero é marcante na vida e na obra da escritora, que cumpriu um papel importante na conquista de espaços para outras mulheres expressarem sua produção intelectual e participarem da vida política. A escrita de Rachel de Queiroz rompeu com a visão de uma literatura feminina e até se chegou a acreditar que o romance “O Quinze” havia sido escrito por um homem com pseudônimo feminino. Rachel de Queiroz foi fundamental para desconstruir esse tipo de estereótipo feminino em uma época na qual o papel da mulher na sociedade brasileira ainda era muito marginal no campo da política, das artes e no mundo do trabalho. Foi a primeira mulher a entrar para a Acadêmica Brasileira de Letras, considerado um espaço masculino. O significado da participação de uma mulher na ABL foi fundamental para colocá-la em cena na literatura brasileira. 1. A partir desse tópico, é possível o desenvolvimento de uma pesquisa sobre a discriminação da mulher na sociedade brasileira, abordando algumas questões específicas, conforme as três sugestões abaixo: - história dos direitos políticos da mulher, como por exemplo, a legislação que garantiu o direito ao voto; - levantamento da participação da mulher no mercado de trabalho. O IBGE também é uma fonte rica de informações; - violência contra a mulher. Apesar das grandes conquistas, a mulher ainda sofre com a violência, principalmente a violência doméstica. Discutir uma lei aprovada recentemente, conhecida como “Lei Maria da Penha” ou a “Lei de Cotas”. A pesquisa deve ser conduzida no sentido de estimular os alunos a refletirem sobre os preconceitos existentes ainda hoje em relação à mulher. A conclusão do trabalho poderia ser um seminário para a apresentação do material levantado, servindo para orientar um debate em torno do tema. 3. Participação política A escritora foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fundadora do partido no Ceará. O PCB teve participação ativa em episódios marcantes do cenário político nacional, com uma ideologia baseada na obra de Karl Marx, que propunha uma sociedade comunista. Além da presença na história brasileira, o PCB sempre manteve estreita relação com partidos comunistas de outros países. De maneira geral, poderíamos dizer que entre os ideais comunistas, está a defesa da abolição da propriedade privada, pois consideram que as desigualdades existentes na sociedade, são fruto da existência da propriedade. Significa dizer que uma determinada fábrica ou empresa não teria um único dono, mas seria gerida por seus trabalhadores que se apropriariam igualitariamente de toda produção. Como decorrência, teríamos o fim das classes sociais e do Estado. Trata-se de um partido que tem uma presença na história brasileira, uma história repleta de acontecimentos importantes, mas também contraditórios, conforme podemos ver no vídeo, em relação à produção literária de Rachel de Queiroz. A escritora deixou o partido após apresentar aos dirigentes os originais do romance “João Miguel”, que tem como eixo a história de uma empregada de fazenda que se apaixona pelo filho do patrão. Os dirigentes do partido não gostaram da história e pediram que a escritora a modificasse, mas ela não aceita e deixa o partido. Há uma concepção de arte presente entre os comunistas do início do século chamada realismo socialista, que tem como objetivo utilizar a arte para realizar uma propaganda das ideias comunistas. 1. A atividade seria a realização de uma pesquisa sobre os principais aspectos que envolvem a ideologia comunista. Identificar os principais aspectos da trajetória do comunismo ao longo do século XX. 2. Pesquisar sobre a concepção do realismo socialista e as críticas de intelectuais e artistas, como Rachel de Queiroz, que não concordavam com o uso da arte como instrumento da política. 3. Pesquisar se em seu estado existiu um partido comunista, qual foi sua trajetória e as principais personalidades regionais que tiveram alguma participação no partido. ETAPA INTERDISCIPLINAR O trabalho consistirá na elaboração de uma página de jornal sobre acontecimentos referentes aos assuntos tratados, a partir deste vídeo. Ou seja, nesta página os alunos, individualmente, elaborarão uma notícia ou uma reportagem e uma crônica sobre qualquer assunto que diga respeito a aspectos regionalistas de Norte a Sul do Brasil. O espaço específico e o tempo ficam a critério dos alunos. Eles podem, por exemplo, optar por reproduzir uma reportagem simulando estarem na grande seca de 1915, tempo e espaço de “O Quinze”. Ou em uma ocupação recente de terra pelo MST. Ou ainda, como exemplo, uma notícia envolvendo a proteção ao direito das mulheres em 2009. O importante, portanto, são os gêneros utilizados e os temas que devem nortear a notícia e a crônica: posse da terra, reforma agrária, modernização agrícola, manifestações culturais rurais, estereótipos, migrações, secas, direito das mulheres e etc. Detalhando, por exemplo, uma reportagem sobre a ocupação de uma terra pelos integrantes do MST na sua região. A reportagem pode conter uma breve exposição sobre a questão agrária no país, abordar a visão de integrantes do movimento sobre essa questão e, caso tenham conseguido entrevistar algum representante, colocar trechos da entrevista. Logo depois, elaborar uma crônica sobre um aspecto desse assunto. Essa página deve vir ilustrada com fotos, gráficos, tabelas, citações (caso seja uma reportagem). Tragam para os alunos, como modelo, quaisquer jornais contemporâneos ou antigos das localidades em que eles estão inseridos. Ressaltem as crônicas escritas nos jornais e as de Rachel, reproduzidas nos anexos. O estudo dos jornais pode ser feito por todos os professores envolvidos. Desde as características e composição dos gêneros, até a abordagem dos assuntos nas notícias e reportagens. Depois de apresentadas as páginas – feitas em computador ou cartolinas - ocorre a avaliação interdisciplinar: os três professores corrigem juntos e ocorre a exposição e leitura dos trabalhos. RESUMO DA ATIVIDADE 1. O professor de Língua Portuguesa trabalha a geração de 30 a 45 do Modernismo Brasileiro, obras regionalistas, e aprofunda-se no livro “O Quinze” e no gênero crônica. 2. Em Geografia trabalham-se as migrações, estereótipos das regiões do Brasil, novas perspectivas e - muito importante - os professores de Geografia e Português, juntamente, comparam as linguagens dos livros didáticos e a literária. 3. Em Antropologia, aprofundam-se os movimentos de ocupação de terras, conquistas dos direitos das mulheres, e trabalham-se dados do IBGE, bem como aspectos políticos no Brasil. 4. Finaliza-se com uma produção interdisciplinar, congregando temas trabalhados nas três disciplinas e organizados linguisticamente nas características dos gêneros textuais estudados na elaboração de uma página de jornal. COMO VOCÊS AVALIARIAM ESSE TRABALHO? Haveria duas etapas de avaliação: A primeira etapa avaliaria o processo de cada aluno nas diferentes disciplinas. Cada professor elaboraria um processo independente para confirmar o aprendizado nos conceitos específicos das disciplinas. Por exemplo, as pesquisas de Antropologia e o trabalho com o livro “O Quinze”. A segunda etapa avaliaria o produto final: a página de jornal produzida. Nas duas etapas, os critérios de avaliação precisam ser explicitados, e o peso de cada critério também precisa ficar claro. Na 1ª etapa, por exemplo, o professor poderia avaliar se o aluno leu o livro no prazo estipulado e participou das aulas. Em Geografia, o aluno seria avaliado por sua participação nas atividades, ou até mesmo com uma prova escrita. Na 2ª etapa, poderiam ser critérios: a correção gramatical, a coesão de ideias, a adequação e articulação das partes da crônica; os “recursos estilísticos” utilizados, além da incorporação de conteúdos trabalhados nas disciplinas de Geografia e Sociologia. EM QUAL ANO OU ANOS DO ENSINO MÉDIO SERIA MELHOR APLICAR ESSE TRABALHO? Pela cronologia das escolas literárias, seria ideal a atividade ser dada na terceira série do ensino médio, porém os gêneros trabalhados podem ser antecipados para a primeira série ou segunda, se o enfoque for o trabalho com a escrita do jornal. Quanto aos temas de Antropologia, o mais adequado, igualmente, seria abordar essas questões na terceira série, considerando que os alunos já teriam nas séries anteriores as informações necessárias para articular o debate sobre os direitos da mulher na sociedade brasileira. Porém as questões relacionadas à ocupação da terra podem ser debatidas desde a primeira série, e devem ser realizadas em conjunto com o conteúdo de Geografia. Em Geografia, qualquer série pode apresentar esse trabalho. PALAVRAS-CHAVE Modernismo; Crônica; Romance regionalista; Região Nordeste; Migração; Questão agrária; Gênero; Comunismo. SUGESTÕES DE LEITURAS AGUIAR, Flávio ( org ). Com palmos medida. Terra, trabalho e conflito na Literatura Brasileira. São Paulo : Boitempo, 1999. CARONE, Edgard. O PCB (1922-1943), vol. 1, São Paulo: 1982. CENTRO DE ESTUDOS MIGRATÓRIOS. Migrações no Brasil.O peregrinar de um povo sem terra. Paulinas, São Paulo, 1986. DIAS, Maria Berenice (2007). A Lei Maria da Penha na Justiça. 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