DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS LABORATÓRIO 4: Ensaio de Circuito Aberto e de CurtoCircuito Trifásico de Máquina Síncrona Objetivos: • Determinar a relação entre a f.e.m. gerada e a corrente de excitação para a condição de circuito aberto da máquina; • Determinar a relação entre a corrente de armadura e a corrente de campo para a condição de curto-circuito trifásico nos terminais da máquina; • Determinar a reatância síncrona de eixo direto. teste por um agente motor. A corrente de campo c.c. varia por meio de um reostato e, a cada ponto, a tensão correspondente de fase é medida. Uma curva com estes pontos está representada como (a) na Figura 4.2 e é freqüentemente chamada de característica em vazio. A parte reta desta curva é chamada de característica do entreferro (b) porque considera a máquina sem saturação [1]. Teoria: O transformador (como também o motor de indução trifásico) é, essencialmente, um dispositivo de fluxo constante, isto é, a amplitude do fluxo de operação resultante é determinada pela tensão c.a. aplicada. Em contraste, o fluxo resultante no entreferro na máquina síncrona depende do módulo da corrente de campo (ou de excitação) no enrolamento de campo (colocado, normalmente, na estrutura do rotor), assim como do valor da corrente de armadura (ou carga – está-se considerando aqui a máquina síncrona como uma unidade isolada; se ela fosse considerada conectada ao barramento infinito, o fluxo no entreferro seria invariante). Consequentemente, quando se analisa o gerador síncrono, torna-se necessário introduzir a curva de magnetização que se aplica para seu circuito magnético. Se os dados de projeto estão disponíveis, a curva de magnetização pode ser calculada. Caso contrário, se a máquina está disponível em um laboratório, a curva de magnetização pode ser obtida fazendo-se um simples ensaio de circuito aberto. O diagrama de fiação para tal teste está indicado na Figura 4.1. O rotor é acionado na velocidade síncrona ao longo do Figura 4.1 - Diagrama de fiação para determinação da característica em vazio do gerador síncrono. Outra característica útil relacionada com a análise de geradores síncronos é a característica de curto-circuito. É determinada aplicando-se um curto-circuito nos terminais a, b e c do diagrama da Figura 4.1, acionando o rotor na velocidade síncrona e medindo as correntes de linha durante o curto-circuito, para vários valores de corrente de campo. O gráfico da corrente de linha de curto-circuito versus corrente de campo conduz à curva (c) da Figura 4.2 [1]. 23 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS Figura 4.2 - Curvas características: (a) característica de circuito aberto não-linear; (b) característica de entreferro (linear); (c) característica de curto-circuito. Uma vez determinadas as curvas características da máquina síncrona (conforme mostrado na Figura 4.2), pode-se determinar a reatância síncrona. Observe que, apesar do ensaio ter sido feito com a máquina funcionando como gerador, as curvas obtidas são válidas também para a condição da máquina funcionando como motor. Se os dados de projeto estão disponíveis, de forma que tanto as espiras efetivas como a relutância do circuito magnético podem ser calculadas, então também pode ser obtido o valor da reatância síncrona da máquina. Caso contrário, xs pode ser calculada da característica do entreferro e de curto-circuito, isto é, através do uso das curvas (b) e (c) da Figura 4.2. Para se entender como isso acontece, deve-se examinar o diagrama fasorial do gerador síncrono sob condições de curtocircuito, com a corrente de campo ajustada ao valor que causa circulação da corrente de armadura nominal. A f.m.m. do enrolamento de armadura permanece a mesma, mas a tensão no terminal é zero. Conseqüentemente, o diagrama fasorial é aquele mostrado na Figura 4.3 (a). Observa-se que a corrente de campo é usada quase inteiramente para neutralizar o efeito da f.m.m. do enrolamento de armadura. O restante, Rsc, é suficientemente grande apenas para superar a queda na impedância de dispersão, que, para todos os propósitos práticos, é igual à queda na reatância de dispersão. Observa-se também que a corrente de armadura em condições de curto-circuito está atrasada em relação à tensão de excitação de aproximadamente 90º. Por razões óbvias, para valores tão baixos de fator de potência, as grandezas R , A e F são essencialmente colineares. Além disso, outro aspecto a ser observado na Figura 4.3 (a) é que a tensão de excitação em curto-circuito é praticamente igual à queda na impedância síncrona. Essa observação fornece a chave para a determinação de xs. Se Fsc for mantida e o curto-circuito removido, a tensão de circuito aberto produzida por esta corrente de campo é, obviamente, Efsc. Portanto, conhecido Fsc, a característica do entreferro pode ser usada do modo ilustrado na Figura 4.3 (b) para se obter Efsc. De modo similar, da característica de curto-circuito, a corrente correspondente produzida por Fsc pode ser calculada. A reatância síncrona é, então, a relação entre estas duas grandezas. Desta forma, 24 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS x s' = E fsc Ia = reatância síncrona não-saturada Lembre-se que este é o valor não-saturado da reatância síncrona, porque se está usando a característica do entreferro. prevalecem no caso de curto-circuito são tais que existe uma queda na reatância síncrona, Iscxs, que é de valor praticamente igual à tensão terminal nominal porque a correspondente corrente de campo 0a é comum. Desta forma pode-se escrever I sc xs = VR Ou ainda, xs* = VR = reatância síncrona saturada aproximada I sc Para servir de comparação, é instrutivo observar-se que o valor não-saturado da reatância síncrona é, evidentemente, um valor maior que o representado na equação anterior, visto que nos cálculos é feito uso da tensão (Efsc) na linha do entreferro, ao invés da tensão (VR) na característica de circuito aberto, para excitação 0a. Figura 4.3 - Determinação da reatância síncrona não-saturada: (a) diagrama fasorial em curto-circuito; (b) características em vazio e de curto-circuito. Pode-se ainda, determinar a reatância síncrona saturada aproximada. O método geralmente aceito para considerar um valor saturado da reatância síncrona é lidar com a condição de densidade de fluxo que é associada com a f.m.m. necessária para gerar a tensão terminal em vazio. Para ilustrar, faça a corrente de campo que é necessária para gerar a tensão nominal (Vr) ser representada por 0a na Figura 4.4. Agora, se esta mesma corrente de campo for usada num teste de curto-circuito, ter-se-á uma corrente de armadura de curto-circuito (Isc) que está freqüentemente próxima do valor nominal (IR). Na Figura 4.4 esta corrente está indicada como ligeiramente menor que a corrente nominal. As condições que Figura 4.4 - Dados gráficos usados para calcular o valor saturado da reatância síncrona (valor aproximado). 25 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS Pré-relatório: 1. Porque é levantada a curva Ef em função de If , e não do fluxo por pólo em função da f.m.m.? .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. 2. Porque, alterando-se a rotação da máquina, o módulo da corrente não sofre alteração? .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. 3. Explique o porquê da linearidade da corrente de curto-circuito, mesmo na região de grande saturação da máquina. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. .............................................................................................................. Material Experimental: • Gerador síncrono; • Motor de corrente contínua (agente motor); • Fonte de corrente contínua (excitatriz do gerador); • Multímetros. Parte Prática: a) Ensaio de circuito aberto: 1. Preencher a Tabela 4.1 com os dados da máquina; 2. Montar o circuito da Figura 4.1; 3. Dar partida ao motor c.c. ajustando sua velocidade à rotação nominal da máquina síncrona, mantendo, durante o ensaio, a máquina síncrona rigorosamente na sua rotação nominal; 4. Anotar a tensão residual do gerador; 5. Preencher a Tabela 4.2 com valores crescentes de If e V (varie If até If nominal); Observação: Durante a coleta dos dados o valor da corrente da fonte c.c. (If) deve somente aumentar. Este valor não pode ser diminuído durante o ensaio por causa da curva de histerese da máquina (ocorre então, para este caso, a desmagnetização do laço de histerese). b) Ensaio de curto-circuito: 1. Montar o circuito da Figura 4.1; 2. Curto-circuitar os terminais do gerador através de 3 amperímetros; 26 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS 3. Ligar a excitação do gerador através de uma fonte c.c., deixando-a em zero; 4. Dar partida ao motor, levando-o à rotação nominal da máquina síncrona; 5. Aumentar gradativamente a excitação do gerador, anotando na Tabela 4.3, a corrente de campo correspondente aos valores indicados para a corrente de armadura; 6. Variar a velocidade do motor e verificar o resultado sobre o valor da corrente de armadura. Tabela 4.3: Valores IFxICC Corrente de campo Corrente de c.c. (mA) (A) 1 2 3 4 5 6 Tabela 4.1: Dados da máquina ensaiada. Número da máquina Tipo de conexão Tensão nominal Corrente nominal de campo Corrente nominal de armadura Rotação nominal Avaliação: a) Ensaio de circuito aberto: 1. Trace a curva da tensão versus corrente de excitação em escala conveniente; Tabela 4.2: Valores de IFxVFASE Corrente de campo (mA) 0 Tensão de fase (V) 27 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – DEE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DE MÁQUINAS ELÉTRICAS b) Ensaio de curto-circuito; 1. Trace a curva de corrente de curto-circuito versus corrente de excitação em escala conveniente; 3. Os valores obtidos para x S' e x *S estão de acordo com o que foi exposto na Teoria? Justifique. Referências Bibliográficas 2. A partir dos ensaios, determine x S' e x *S conforme mostrada na teoria; [1] DEL TORO, V. Fundamentos de Máquinas Elétricas. LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S. A. Rio de Janeiro. 1999. 28