Avanço da Agroindústria no Centro-Oeste Brasileiro e seus Dejetos: Um Olhar sobre o Município de Lucas do Rio Verde (MT) Kelly Cristina de Moraes Camargo Cursando Bacharelado em Sociologia pelo IFCH/Unicamp. Iniciação científica PIBIC/CNPq “Revisitando a Migração no Centro-Oeste: O caso do Lucas do Rio Verde (MT)”. Resumo A proposta desse trabalho é analisar de forma introdutória as condições ambientais de expansão da agropecuária no município de Lucas do Rio Verde (MT), em um contexto de introdução da localidade na lógica agroindustrial de processamento de mercadorias derivadas da carne. Nesse sentido, expõe-se o questionamento sobre o destino dos resíduos agroindustriais, especialmente os dejetos dos animais de criação intensiva, no município que é o segundo maior produtor de suínos do estado do Mato Grosso. A metodologia aplicada compreende a análise de dados das Pesquisas de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no período de 1990 a 2012. O município de Lucas do Rio Verde, localizado no norte do Mato Grosso - integrante da microrregião de Alto Teles Pires - e fundado em 1982, inseriu-se na lógica agroindustrial durante a década de 2000. Essa nova etapa produtiva repercutiu em maior dinamismo econômico ao integrar o seu principal produto, a soja, ao processamento de mercadorias derivadas da carne. Assim, de 1990 para 2012, Lucas do Rio Verde intensificou a produção de animais de criação, principalmente aves e suínos, passando de uma produção de 5.983 cabeças de aves para 3.859.359, e de 2.392 suínos para 151.350. Contudo, o estimulo à pecuária intensiva é uma situação que deve ser avaliada não só pelo viés econômico, como também pelo ambiental. A criação de animais para abate coloca em discussão a relação entre população e meio ambiente, uma vez que LVR precisa lidar de forma abrupta com uma grande proporção diária de subprodutos da agroindústria da carne. Esses resíduos são resultado direto e não aproveitado do processamento industrial de mercadorias agropecuárias, como os dejetos dos animais, as águas residuais, ossos, pele, sangue e vísceras dos animais. Muitos desses resíduos não são reaproveitados, correspondendo a uma fonte de contaminação ambiental. Os dejetos dos animais de criadouro emitem gases poluentes na atmosfera e repercutem em enriquecimento da água e do solo por fósforo e nitrogênio, o que acarreta eutrofização das águas subterrâneas e superficiais e perda da capacidade de retenção dos nutrientes no solo. Observa-se que são produzidos todos os dias 1.049.278,08 kg por dia de dejetos sólidos em Lucas do Rio Verde, incrementando os 9.453.012,68 kg de Alto Teles Pires. Anuncia-se a necessidade de investigar o que é feito e para onde vão os excrementos dos animais de criação da pecuária na região. A reciclagem dos dejetos dos animais é uma proposta interessante, especialmente quando tratada através de biodigestores. Atualmente Lucas do Rio Verde possui 40 integrados mantendo 100 biodigestores, reduzindo dessa forma, o custo de produção em até 70% nas lavouras de milho. A inciativa também gera créditos de carbono que podem ser vendidos no mercado internacional. A unidade da Brasil Foods S.A., instalada no município em 2008, apoia a ação. Visto que no mercado internacional há pressão por parte dos países desenvolvidos, que apresentam leis ambientais mais rígidas do que as brasileiras, para a realização de práticas menos poluentes. Palavras-chave: Agroindústria, Centro-Oeste, Resíduos Agroindustriais, População e Meio Ambiente. IV SEMINÁRIO DA LINHA DE PESQUISA EM POPULAÇÃO, AMBIENTE, ESPAÇO E SUSTENTABILIDADE: DIÁLOGOS TRANSVERSAIS NEPO-INPE Núcleo de Estudos de População, Universidade Estadual de Campinas 26 de setembro de 2014