A INCIDÊNCIA DO ÓBVIO: PORQUE ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA? Sadart Vieira da Silva (CELE/UFRN) [email protected] Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Martins (UFRN) INTRODUÇÃO O propósito dessas observações que ora se iniciam surgiu das discussões travadas nos ambientes escolares e dos textos lidos e debatidos na Academia (especialmente no curso de especialização em Línguística e Ensino de Língua Portuguesa/UFRN). As observações partem da questão mais abrangente: Porque ensinar gramática na escola? E dela decorrem outras questões como: O que é gramática? Qual gramática ensinar na escola? Como e porque ensinar gramática? Perguntas essas que pretendemos abordar, trazendo como contributo para a reflexão sobre ensino de gramática. Mas, há outra questão, igualmente ampla, que está subentendida: Qual o papel do professor de línguas no processo de ensino-aprendizagem? Tal pergunta se justifica, pois, entende-se a língua como um sistema de construção dos elementos, intra ou extralinguísticos, que estabelecem a linguagem da qual o homem necessita para promover e desenvolver suas capacidades de interação e integração numa comunidade de fala. A gramática é o estudo e a análise dos mecanismos de construção da língua, constantes ou recorrentes, que evidenciam sua característica de sistema de sinais (sonoros e/ou gráficos) em funcionamento. Tentando, portanto, responder a questão sobre o papel do professor de línguas, especialmente do professor de língua portuguesa, e a relação do professor com o ensino de gramática, a obviedade nós emerge da lógica: o papel do professor de línguas é justamente ensinar as línguas! A obviedade se mostra constrangedora quando percebemos que não devemos dissociar o ensino de gramática do estudo/ensino de língua. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Médio, quanto de sua exposição sobre os conhecimentos de Língua Portuguesa, no processo de ensino/aprendizagem, afirmam sobre o estudo gramatical: O estudo gramatical aparece nos planos curriculares de Português, desde as séries iniciais, sem que os alunos, até as séries finais do Ensino Médio, dominem a nomenclatura. Estaria a falha nos alunos? Será que a gramática que se ensina faz sentido para aqueles que sabem gramática porque são falantes nativos? A confusão entre norma e gramaticalidade é o grande problema da gramática ensinada pela escola. O que deveria ser um exercício para o falar/escrever/ler melhor se transforma em uma camisa de força incompreensível. (BRASIL, 1999, p. 137) Nota-se, nessa afirmativa do texto governamental, que o caminho de confusão quanto ao estudo gramatical está na não diferenciação entre norma e gramaticalidade e a concentração em um, possivelmente na norma, faz do estudo e aprendizagem da gramática uma camisa de força incompreensível. Parte daí uma das diferenciações trazida pelos estudos linguísticos sobre o ensino de língua materna: a de que o falante nativo aciona, nas suas interações sociais, a chamada gramática internalizada. Neste texto, todavia, não se quer trabalhar a concepção de língua tão somente como um todo significativo de interações sociais e dialogais. Propositadamente, faz-se um recorte para analisarmos o aspecto gramatical. Sabe-se pelas teorias mais atuais que a língua é funcional, textual, discursiva. Comprendendo-a nas vertentes sócio – pragmática, cognitivo – conceitual, tais conhecimentos são interrelacionados. Entretanto, e a título de observação, procura-se neste artigo centrar-se na compartimentação intencional do aspecto gramatical, entendo-o como um aspecto e procurando observá-lo no contexto da sala de aula. Contexto esse em que o professor e os alunos têm o comprometimento (não vamos falar de necessidade agora) de analisar as relações gramaticais no estudo da língua portuguesa, seja em que ano escolar for. A análise que ora se inicia compartilha do entendimento sobre as variações e do uso produtivo e intencional da língua, principalmente na produção e leitura de textos. Mas a ênfase dada neste texto é de estudar o lugar da gramática e revelar que gramática temos e podemos ensinar nas salas de aula. Partimos da concepção de ensino das Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Em outras palavras, a assunção desse ponto de vista determina que o trabalho com a língua (gem) na escola invista na reflexão sobre os vários conjuntos de normas-gramaticais e sociopragmáticas sem os quais é impossível atuar, de forma bem –sucedida, nas práticas sociais de uso da língua de nossa sociedade. (...) (...), espera-se que o estudante, ao compreender determinadas normas gerais do funcionamento da língua (gem), seja capaz de se ver incluído nos processos de produção e compreensão textual que implementa na escola ou fora dela, exatamente porque por meio deles se vai constituindo como ser de ação social” (BRASIL,2008, p. 30). O que se percebe na leitura tanto de textos oficiais que orientam o ensino e a aprendizagem de língua materna, quanto nos estudos das linguísticas que orientam esses textos governamentais, é a quase aversão ao padrão da chamada Gramática Tradicional. Nessa visão, incide uma das posições controversas do ensino de língua portuguesa, com reflexos claros no ensino de gramática, que vem se arrastando há tempos: entre uma tradição de ensino das normas e regras do “bem falar e escrever”, cotejadas no título de Gramática Tradicional ou Normativa e o ensino que compreende a língua como um fenômeno social e por isso mesmo passível à diversidade de compreensões, apreensões e, no caso da escola, de ensino. Este texto pretende discutir o uso da gramática, do ponto de vista do ensino pragmático, ou seja, baseando-se nas relações estruturais que constituem principalmente o processo sintático, através de estudo de uma análise bastante frequente nas aulas de língua portuguesa: a relação entre indeterminação do sujeito e compreensão de indefinido no seu uso sintático, bem como a relação que o professor pode estabelecer no ensino da gramática e sua importância no estudo da língua. Para isso, focalizaremos, em contraposição, associação ou cooperação, as visões teóricas presentes na gramática funcional, no viés da topicalização e argumentação em análises sintáticas,nos estudos gramaticais estruturais e nos conceitos da Gramática Tradicional, estes muito presentes em livros didáticos. 1. Há uma gramática em cada sala de aula Quando nos deparamos com a presença de algo ou alguém que, ou somos obrigados a conviver ou que se coloca de maneira incômoda para nós, podemos ter algumas atitudes: aceitamos a convivência e nos relacionamos com essa presença; ignoramos, tendo uma atitude respeitosa; ou até desprezamos completamente, excluindo por completo tal presença. Essas considerações aplicam-se bem à relação que professores de língua portuguesa têm com a gramática. Está se falando da chamada gramática normativa, prescritiva, das normas, regras, classificações sintáticas rígidas, nomenclaturas e seus conceitos. Apesar de todas as indagações, reorientações sobre essa gramática, é ela que está presente nas salas de aula, nos livros de língua portuguesa, nos livros de descrições gramaticais, nas apostilas de ensino da língua. Quando relegada fisicamente pelos professores, ela ainda permanece nas mentes de pais, alunos, provas governamentais e de concursos, e inclusive no inconsciente coletivo dos professores. No início do livro Gramática na escola, de Maria Helena de Moura Neves (2005), de forma irônica, a autora imagina as prováveis falas que o professores de língua portuguesa teriam se fossem honestos quanto ao ensino de gramática. Diriam, entre outras coisas, que a gramática tiraria os alunos do mundo da linguagem, da leitura, da interpretação e que a gramática normativa seria um sacrifício para cumprimento de satisfação social, ou ainda, que não se deva ensinar gramática tradicional, pois os novos olhares linguísticos a estariam excluindo do ensino. Enfim, ainda segundo texto de Maria Helena, diriam, supostamente os professores: “Mas a gramática está no Programa e está nos livros didáticos. Vamos a ela...seja como for: apesar da pouca graça que tem, e, especialmente, apesar de eu não saber muito bem o que ela é.”(MOURA NEVES, 2005, p. 8). Esses comentários de Maria Helena de Moura Neves, na verdade, apresentamse logo no início do seu livro, mas, pode-se dizer que seja a síntese de suas conclusões e visão sobre os professores que ensinam gramática nas escolas. Em síntese, para nosso objetivo neste artigo, Moura Neves constatou que os professores continuam ensinado a vertente da gramática normativo-prescritiva, através de exercícios e aulas que se baseavam em nomenclaturas morfológicas e classificações sintáticas, entre outras posturas pedagógicas que denotavam o caráter do ensino baseado na gramática tradicional. O que chama a atenção na análise dessas respostas dos professores, até previsíveis, é a análise realizada pela autora quanto ao que os professores dizem fazer e o que eles fazem na prática quanto ao ensino da gramática. Moura Neves contrapõe o que os professores dizem fazer, numa postura mais associada aos conceitos linguísticos atuais, e o que eles fazem, a partir dos exercícios, que se aproximam dos procedimentos esperados para os que trabalham com a gramática tradicional. Uma das preocupações dos professores, ao responder à questão dos procedimentos no ensino da gramática, é afirmar a opção pelos textos, como ponto de partida da exercitação gramatical. Foram mais de 50% dos professores que declararam partir de textos (muitas vezes com a especificação de que privilegiavam os textos dos próprios alunos), de frases, de exemplos. (...) O que se verificou, porém, nas entrevistas, foi que “partir do texto” nada mais representa que “retirar de textos’ unidades (frases ou palavras) para análise e catalogação. (MOURA NEVES, 2005, p.18) Há outras contradições quanto ao uso dos manuais de gramáticas (2005, p. 21 22), quanto ao uso do livro didático (2005, p. 25 -28). Sem ser exaustivo na análise do livro, que adentra outras questões pertinentes quanto à formação dos professores e sugere uma forma de ensino gramatical que será em outra parte analisada, o que se discute é justamente o papel do professor de língua portuguesa no ensino da gramática que é um aspecto do ensino–aprendizagem da língua. Está o professor minimante sabendo o que ensinar e como ensinar? Se não é a gramática tradicional, se não consegue por em prática os conhecimentos advindos de estudos linguísticos, como estão as aulas de gramática da língua? Ou não se está ensinando gramática, ou ensina-se um viés de gramática normativa que possa ser cotejada com as novas tendências linguísticas, deixando de lado a reflexão sobre a própria língua, retirando dos aprendentes a possibilidade do conhecimento da estrutura gramatical, principalmente na sua vertente escrita. Quase uma batalha se trava principalmente no ensino da língua, nos seus mecanismos de construção e uso, notadamente no ensino da sintaxe. Os linguístas atuais (e outros nem tão atuais) já discutem e promovem a problemática do ensino da gramática e sua contraposição frente à gramática tradicional há muito tempo. Figura-se uma luta inglória ou não produtiva? No Brasil, o reconhecido “linguísta do uso”, Marcos Bagno, em um prefácio à obra de Irandé Antunes, Muito além da gramática (2007), como em uma avaliação sobre as questões que envolvem justamente o ensino da gramática, promove um desabafo que prefigura uma análise pouco positiva na consolidação prática de seus pressupostos de ensino frontalmente contrários ao ensino da Gramática Tradicional: É um crime, em todos os sentidos da palavra, desperdiçar o espaçotempo da sala de aula – rarefeito e, portanto, precioso num país de tradição educacional paupérrima como o nosso – com “aulas de gramática”, “análise sintática”, “classificação dos termos da oração”, com questões bizantinas e surrealistas como a da suposta distinção entre “adjunto adnominal” e “complemento nominal”, com a perpetuação de um mito como o da existência da “passiva sintética”, com a transmissão de noções nebulosas como a de uma “norma culta” rigidamente fixada pelos séculos amém... (BAGNO, 2007, p. 13) Essa demonstração (quase que raivosa) insere, claro, a preocupação do linguísta em sobrepor às discussões estruturais de uma língua formal, uma língua do uso e do recurso, de uma língua da interação e do falante ativo e produtivo. Todavia, o próprio Bagno, na continuidade de seu prefácio, ratifica que, quando em contato com essas ideias linguísticas ou, como no dizer dele, de uma educação linguística, que já estão sendo ensinadas nas Universidades, em cursos de formação e de especialização, em teses e monografias da área de letras, essas idéias parecem não surtir efeitos para alguns professores. Professores, segundo Bagno, continuam se questionando: “Então, se não é para ensinar gramática, é para fazer o quê?” (BAGNO, 2007, p. 14). O linguísta se mostra perplexo, pois acredita que os professores ainda não sabem o que fazer, quando o assunto é gramática, questiona a si mesmo e aos que comungam com ensino da “linguística do uso”: Onde está o problema? O problema está em toda parte – decerto em nós mesmos, naquilo que dizemos-fazemos, no modo como dizemosfazemos, e sem dúvida também naquilo que está de tal modo arraigado nas mentalidades que somente por meio da repetição incessante, insistente, paciente será possível fazer questionar para, mais tarde ainda, transformar. (BAGNO, 2007, p. 14) Sem querer reduzir o discurso de Bagno principalmente porque este está falando em um pré texto de um texto maior e mais elucidativo, o de Irandé Antunes, o linguísta pretende, a partir de uma visão teórica interessante, refazer uma outra visão teórica, ou melhor, um procedimento teórico que a própria língua não permite. Talvez seja a posição de aniquilamento que faz com que o ensino da gramática não parta de uma visão hígida, da gramática tradicional, para uma visão intermediária que, no contexto do ensino da língua, especialmente a modalidade escrita, e no contexto do entendimento da língua, a gramática é apenas um aspecto e não a própria língua. Para concluir essa parte deste texto, a gramática que efetivamente se ensina na escola formal, seja privada seja pública, que apresenta parâmetros oficiais de ensino e é direito dos alunos, inclusive para depois questioná-las para melhor compreendê-las, a que os professores estão confusos ao ensinar, não é a gramática das intenções sóciosinteracionais, cognitivas (sem, obviamente desmerecê-las, e estas são importante). A gramática que causa algum constrangimento ao ensino e compreensão dela é gramática que procura compreender os mecanismos de constituição, construção e formação da língua, compreendendo-a como padrão de uma língua socialmente aceito e recepcionado. O que se pode observar de maneira crítica é como se ensinar essa gramática que, mesmo na modalidade escrita, padece de análises mais produtivas e associadas ao entendimento dos mecanismos de construção, mas também de seu uso eficaz e eficiente nos contextos sociais solicitados 2. Encontrando uma gramática Parece estar ficando evidente neste texto que a gramática que aqui se está querendo debater para responder a questão porque ensinar gramática? não é a gramática da norma padrão apenas, não é a gramática das nomenclaturas para provar um conhecimento enciclopédico, ou as relações sintáticas, cujo ensino parte apenas para um jogo de quem acerta aquela ou outra função da palavra na oração. É sim a gramática do texto escrito, das nomenclaturas e das funções sintáticas, compreendida como aspecto da língua, numa perspectiva de estrutura construída e em construção. Uma gramática que constrói o texto, mas o texto não é só gramática, o texto não é a gramática. O estudo da gramática está para além do texto. Explicitar essas colocações parece necessário, tendo em vista alguns discursos lingüísticos/pedagógicos da supervalorização do texto e das intenções discursivas, que parecem também se oporem à gramática como aspecto da língua. Uma metáfora, já muito utilizada serve para deixar claro qual gramática é esta que justifica o porquê de ensiná-la e quem são os que a utilizam: Um estudante de medicina, antes de se tornar médico, passa por todo o processo de estudar a estrutura do corpo humano, suas reações e relações entre os membros e os órgãos, as definições das doenças e os sintomas que ocorrem, quando algo não funciona dentro da estrutura estudada, e o que fazer com o não funcionamento. Isso faz com o médico saiba depois, com o simples relato de um paciente, as prováveis doenças, que alguns sintomas relatados, podem evidenciar. O médico é especialista no corpo humano, porque estuda a estrutura de funcionamento do corpo humano. Pode-se compreender qual a relação a ser feita com o estudo da língua. Não se pode querer pouco do estudante de língua portuguesa na escola. Ora, ele já fala a língua materna, já mantém relações discursivas produtivas, dependendo do nível etário, através da oralidade. A escola ensina a língua portuguesa para falantes de língua portuguesa. Que língua portuguesa a escola ensina e deve ensinar? Não se pode estar complicando o que os próprios alunos, pais, sociedade e professores sabem: os alunos devem se tornar conhecedores da estrutura da língua, para com esse conhecimento, mesmo que de maneira formal, ou objetiva, participar da construção do conhecimento lingüístico que as contribuições da linguística trazem. Conforme Irandé Antunes: Vale a pena insistir numa questão central: a de providenciar para o aluno oportunidades de acesso ao padrão valorizado da língua, como propõem Neves (2003, p. 18) e muitos outros lingüistas atuais. Longe de qualquer teoria lingüística a orientação de negar a todos os falantes esse acesso. O problema é discernir sobre o que faz parte desse padrão e adotar uma visão não purista, de flexibilidade, de flexibilidade, de abertura, para incorporar as alterações que vão surgindo; (...) (ANTUNES, 2007, p. 101) É a gramática da língua e o seu estudo, no processo de ensino aprendizagem, que vai tornar o usuário da língua mais seguro e principalmente mais consciente do uso dessas estruturas em favor da construção de textos, de intenções discursivas. Ouve-se a máxima: só se aprende a escrever, lendo. Apesar de um pouco contestada, serve também para o ensino da gramática na escola: só se aprende a gramática, estudando as estruturas gramaticais. Não se trata aqui da chamada gramática internalizada, mas da gramática que o estudante se depara na escola e faz parte dos programas de ensino da língua portuguesa, a que o professor deve ensinar, a do padrão valorizado da língua, como destacado por Irandé Antunes. Nessa perspectiva, a gramática que motiva o ensino na escola é a que, partindo da norma padrão e associando aos conhecimentos elucidativos da linguística aplicada, em sua vertente funcional, chega-se à compreensão do processo de estruturação dos mecanismos de construção da língua portuguesa. Apresentados os pressupostos sobre a visão de língua, de gramática da língua e seu ensino, a partir de agora pretendemos compreender um processo estrutural/gramatical da língua: a noção de sujeito gramatical e sua realização indeterminada, frente ao uso de pronomes indefinidos como sujeito. Levantando algumas visões sobre esse processo e indicando que muito mais que uma gramática única ou diferenciada, melhor que a outra, ou tipificada em realizações do uso, temos uma metodologia de conhecimento e reconhecimento de fenômenos linguísticos (gramaticais) que ajudam na compreensão e estudo da própria língua. 3. A incógnita sintática A sintaxe é um dos mecanismos de compreensão da estrutura da língua que, por estar entre a análise de palavras e a construção textual, recebe maiores influências e contaminações de outros ramos de compreensão linguística, principalmente do semântico e do morfológico. A logicidade disso está em que é nesse ramo dos estudos gramaticais que associamos ao discurso à sua formulação significativa e de sentido. Além disso, “os diferentes olhares” sobre a sintaxe que “perpassam” a visão gramatical de algumas correntes linguísticas podem nos apresentar algumas formas, tanto de compreender o processo sintático, quanto de promover o ensino e escolher qual ensino de gramática queremos nas salas de aula, principalmente nas aulas de sintaxe da língua. Evanildo Bechara (2006), sustentando a visão descritiva da gramática e por consequência denotando a gramática normativa, afirma que nem todos os enunciados têm importância para a exposição gramatical uma vez que tal exposição concentra-se em descrever as funções dos elementos constitutivos da língua. Que língua? A língua que apresenta: “O juízo de valor concernente à correção é juízo de “suficiência” ou “conformidade” somente em relação ao saber idiomático historicamente determinado numa comunidade” (BECHARA, 2006, p. 12). Bechara distingue entre o que é considerado exemplar e correto com relação à língua. O correto se associa a padrões aceitos ou não em determinadas realizações de uma língua funcional e o exemplar corresponde à eleição de uma forma de falar entre várias outras formas de falar. Associando-se ao exemplar a gramática normativa e ao correto à gramática descritiva. Basicamente, na questão da sintaxe, Bechara destaca o valor dessa área para gramática, justamente pela capacidade do nível de análise corresponder a uma reunião dos conhecimentos descritivos de uma gramática normativa. Subdivide sintaxe em de concordância, de regência, de colocação, tal divisão justamente evidencia o cuidado descritivo que o gramático demonstra quanto às diferentes formas como os elementos de constituição da oração estabelecem entre si, seja pela posição na oração, seja pela correspondência com outros elementos. Numa visão também descritiva da língua, mas não normativa, associada à descoberta de possíveis constâncias na realização do chamado português brasileiro, destaca-se a visão da sintaxe de orientação estrutural. Essa visão observa uma congruência entre sintaxe e relações de elementos linguísticos que solicitam ou não os argumentos e denotam uma constância semântica. Numa introdução em um capítulo sobre predicação na Gramática do português culto falado no Brasil, Berlinck, ; Duarte e Oliveira. (2009) mostram que há palavras que são importantes para a função sintática ou pela relação semântica ou pela relação funcional. Trabalham com a noção de predicador e de argumentos em que predicador é o termo da oração corresponde ao núcleo do predicado da oração. Estes selecionam os argumentos, ou palavras com quem se relacionam semanticamente, se argumentos externos, e sintático/semanticamente, se internos. Para melhor compreensão dessa visão temos a oração retirada do referido texto (p. 105): “(c) Eu gostei de Pernambuco.” Eu, argumento externo, relação semântica com o verbo, e de Pernambuco argumento interno, relação sintático/semântica com o verbo. Outra visão de sintaxe trazida para essa discussão é uma visão funcional da língua, muito associada ao texto e suas relações de sentido intra e extra texto, na qual se baseia Moura Neves em Halliday (2005, p. 50- 56). Visão essa que, no campo da sintaxe, pode ser resumida por uma colocação sempre de maneira crítica quanto ao ensino chamado tradicional-formal dado pelos professores. Moura Neves entende as estruturas gramaticais como índices de recuperação informativa do texto no qual os participantes têm importância capital. Em qualquer direção que se coloque ou se queira compreender o processo sintático, devemos sempre ter em mente que não há apenas o comprometimento dos professores para ensinar gramática da língua, notadamente em seu aspecto sintático, mas há uma necessidade. Necessidade, porque, como estudantes de língua materna, não se quer pouco dos alunos nas aulas de português, seja na modalidade oral, já utilizada pelos falantes, seja na escrita, que requer maior domínio e, portanto mais análise e estudo, como também prática de uso e reflexão sobre a língua. Por incrível que isso possa parecer para algumas visões tuteladoras do coitadismo intelectual, os próprios alunos esperam mais das aulas de língua portuguesa. Eles esperam (parece óbvio e assustador para alguns) aprender o domínio das estruturas da língua e dela se utilizarem de forma consciente e segura. Assim a partir de agora poderemos analisar um estudo sintático bastante interessante nas observações linguísticas de tendência estrutural e funcional, a partir da Gramática Tradicional: a compreensão do sujeito e o processo de indeterminação. 4. Qual é o sujeito da oração? A noção de sujeito propicia basicamente duas visões gramaticais: a estrutural, considerando-o como mecanismo sintático de relação com o verbo da oração, ou como conceito semântico. Segundo Berlinck, Duarte e Oliveira (2009, p. 102), a noção do sujeito nas gramáticas tradicionais conceitua o sujeito como o ser sobre o qual se faz uma declaração, ou de quem se fala alguma coisa. Esta conceituação obedeceria a um critério de cunho informacional, ligado à organização do discurso. Esta noção é a que primeiramente se ensina nas escolas, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental. Entretanto, a conceituação de cunho informacional enfrenta sérias restrições quando nos deparamos com discursos mais elaborados do ponto de vista estrutural, nos quais o ser sobre o qual se faz uma declaração não corresponde sintaticamente à posição de sujeito da oração. Ainda em BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. (2009, p. 102) temos o exemplo: “Filme, eu gosto mais de comédia,” sendo que filme assume a função informacional de ser sobre o qual se faz uma declaração, mas sintaticamente não assume a função de sujeito: Vemos, então que a conceituação de cunho informacional é muito ampla, pois em todas as sentenças elementos externos a elas entram em conexão referencial com um constituinte da sentença-comentário, mantendo com essa sentença-comentário uma relação semântica. (BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. (2009, p. 103) As autoras assumem a noção de sujeito baseada em argumentos externos e em alguns casos, como na voz passiva, a posição do sujeito se dá através de um nódulo funcional que promove a concordância com o verbo, dessa forma: “Isso significa que a concordância verbal é crucial para a definição de sujeito.” (BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. 2009, p. 106-107). Assim, a questão da concordância com o verbo recupera o sujeito quanto os argumentos externos não são possíveis de ser recuperados. A visão de Evanildo Bechara se associa ao conteúdo semântico e sintático da posição do sujeito amparada também na concordância verbal. Exemplifica: Se tivermos verbos como andar, trabalhar, escrever, dar, por exemplo, é fácil percebemos que eles fazem naturalmente referência a uma pessoa ou coisa a respeito da qual comunicam algo, isto é, ao seu sujeito: Eduardo anda muito pela manhã. (...) (BECHARA, 2006, p. 16). Percebemos que ambas as visões convêm ao ensino do sujeito, uma, privilegia a questão da recuperação do argumento externo topicalizado ou não, baseando-se na concordância com o verbo, a outra perspectiva, associada à velha gramática tradicional, associa informações semânticas, de quem se fala na oração, e como a visão lingüística, destaca a questão da concordância com os verbos Quanto ao processo de indeterminação do sujeito, este provoca maiores entraves, pois a noção de indeterminação deságua numa questão semântica, tanto de entendimento do que seja indeterminação, quanto no que se refere à intenção dos usuários da língua. Por isso nos deteremos justamente na análise e compreensão do sujeito e da indeterminação e sua construção gramatical. Pois é a partir das observações quanto às relações sintáticas que podemos evidenciar a importância do ensino de gramática para apreensão dos usos significativos nas diferentes visões que a lingüística e abarca. Vejamos a discussão sobre o sujeito indeterminado e indefinição pronominal 5. Em busca do exemplo cedido A aplicação do ensino de gramática e sua necessidade, como ferramenta de ensino para o estudo e reflexão sobre a língua, defendida nesse texto, será exemplificada a partir de uma discussão sobre o aspecto sintático e sua relação ou não com o aspecto semântico, com um exemplo e início de discussão presente na gramática escolar de Evanildo Bechara (2006), bem como nas dúvidas de ensino-aprendizagem dos alunos frente à questão do chamado sujeito indeterminado. A seguir, transcrição necessária da aula do gramático sobre este assunto. O gramático apresenta anteriormente a descrição sobre as outras ocorrências clássicas de sujeito presentes na gramática descritiva, principalmente, a ocorrência da oração sem sujeito: SUJEITO INDETERMINADO Não se confundem as construções especiais vistas até agora com aquelas em que o sujeito explícito está representado por um pronome indefinido: Alguém veio à minha procura. Todos são meus desconhecidos Nem sempre a gente é compreendido. Aproximando-se dessas orações de sujeito explícito constituído por pronomes ou outras expressões indefinidas, mas delas sintaticamente diferentes, estão as orações ditas de sujeito indeterminado. Estas não apresentam nenhuma unidade limguística para ocupar a casa ou função de sujeito; há uma referência a sujeito, no conteúdo predicativo, só de maneira indeterminada, imprecisa: Estão batendo à porta. Precisa-se de empregados. Só raramente se assiste a bons filmes. (...) (BECHARA, 2006, p. 21) A lição de Evanildo Bechara sobre as questões do sujeito e do pronome indefinido, numa análise comparativa entre os conceitos gramática tradicional e os referenciais linguísticos já apresentados neste texto, possibilita dizemos da mescla que o gramático faz, apesar da evidente prevalência sobre o aspecto estrutural da frase, entre posição sintática e aspecto semântico. Quanto ao aspecto sintático, vemos que a definição de sujeito indeterminado se associa ao não preenchimento da casa gramatical de sujeito determinado, pela concordância com o verbo. Precisa-se de empregados não apresenta elemento explícito que concorde com o verbo precisar. Entretanto, na parte predicada que corresponde a toda oração, há uma referência a um ser que evidencia o aspecto verbal de forma imprecisa, indeterminada. Já nas orações com a presença do pronome indefinido, Bechara compreende a noção indefinida do uso do pronome, como em Alguém veio à minha procura, mas há a presença de um elemento textual que explicitamente está associado à concordância com o verbo vir. Nota-se, com isso, apesar da anuência com o elemento significativo das frases, uma compreensão mais relacionada ao da construção da própria oração. É necessário apresentar outra análise sobre o mesmo tema na abordagem funcional de Neves (2005). Discute a autora a definição e o ensino do sujeito oculto e do sujeito indeterminado, criticando a posição de alguns professores que deixam ao contexto a diferenciação. Segue a posição de Neves: Postula-se, aqui, que o estudo do emprego dos pronomes pessoais enquanto índices fóricos (exofóricos e endofóricos), itens de referência pessoal (...). a possibilidade de recuperação de um item de referência expresso no texto define o sujeito “oculto”, enquanto a impossibilidade de recuperação no texto, acrescida à impossibilidade de identificação referencial, define o sujeito “indeterminado”. Aí se explicam também as semelhanças e diferenças entre frases do tipo: a) Quebraram meu copo. (em que o sujeito seja indeterminado), e b) Alguém quebrou meu copo. (MOURA NEVES, 2005, p.63-64) Moura Neves define que em a) não há recuperação semântica no texto e não ocupação da casa estrutural de sujeito, podendo-se usar a terceira pessoa do plural sem o elemento sujeito; em b) não há recuperação semântica no texto, mas há uma ocupação da casa estrutural do sujeito. Afirma sobre a segunda frase: “O efeito de sentido é semelhante ao da primeira frase, porque esse elemento (o chamado pronome indefinido) se caracteriza nocionamente pela indefinição do referente do mundo extralinguístico”. (MOURA NEVES, 2005, p. 64). Não parece haver grandes divergências entre o ensino de Neves e o de Evanildo Bechara, apenas que aquela defende em seu texto uma ênfase sobre a questão textual de significação, construída no texto e na compreensão dos falantes. Menon (2006), discutindo a questão também do sujeito indeterminado e da indefinição, defende a noção semântica de indeterminação. Seria uma escolha do falante que sabe de quem se está falando, no caso um ser específico, que se oculta ou não se conhece de maneira concreta, mas se tem um referente. A indefinição seria a possibilidade de constituição do referente extralinguístico: O indeterminado é uma pessoa (ou ser animado) que tem características próprias, não partilháveis com outrem. Na imagem que se faz quando se emprega um sujeito indeterminado, o ser é concreto, por assim dizer. Nós sabemos sempre e exatamente de quem estamos falando, pois é localizável no tempo e no espaço.” (MENON, 2006, p. 130). Menon discute a questão da indefinição como uma constituição semântica de quantificação. O ser indefinido é um em um grupo: Um sujeito (ou referente) indefinido seria então um entre muitos; um representante de uma classe de indivíduos, tendo todos características comuns. Qualquer um desses indivíduos poderia preencher essa função de representação. Vemos aí implicada a questão da quantificação. (MENON, 2006, p.129). Assim, orações do tipo Alguém veio à minha procura ou Vieram à minha procura nada mais seriam do que a escolha do falante em diferenciar um ser qualquer de um grupo. E na posição do falante que sabe do sujeito, mas não no âmbito da linguagem, o referente existe de maneira generalizada. Do ponto de vista sintático, ou seja, da estrutura de construção da língua, pouco avança essa análise uma vez que ela se prende a observações de padrões de uso e intenções comunicativas, bastante válidas para o ensino associado ao entendimento sintático/semântico, mas que não denota análise sintática mais apurada. Visão assemelhada a de Menon encontra-se em BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. (2009), quanto à intenção dos falantes da língua, detectou-se a frequência do uso de alguns pronomes como você, a gente, eles, denotando para os falantes, um uso de indeterminação. Temos uma explicitação dessa visão num comentário sobre o uso da indeterminação na coleta de dados das falas 32a, b e c: (a) mas falava se muito sobre o o o alto custo de vida. (b)...(...) dizem que o estatístico é o homem que senta numa barra de gelo e bota a cabeça dele dentro do forno.(c) A gente observa que as frutas de outros estados são totalmente diferentes. (BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. 2009.P. 121): Em (32a,b), o argumento externo de falava e dizem está indeterminado (Não se sabe quem falava. Não se sabe quem diz.), e as estratégias para exprimir tal referência, o uso do verbo na terceira pessoa do singular com o pronome se e o verbo na terceira pessoa do plural, respectivamente, estão em consonância com o que recomendam as gramáticas descritivas e normativas mais conservadoras. O exemplo (32c), por outro lado, mostra uma forma pronominal a gente representando o argumento externo de observa e veiculando também a noção de indeterminação. Tanto a agente quanto você, nós, tu e eu, além do seu uso como referente definido, constituem importantes estratégias para indeterminar o sujeito, (...) (BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. 2009, P. 122) As autoras aapresentam a indeterminação nas noções de argumentação externa do sujeito e na necessidade da concordância verbal, quando argumento externo não pode ser recuperado. Compreendem também que a noção de indeterminação está presente não só na ausência do argumento externo, mas na presença de argumentos que têm uma expressão indefinida ou não, mas que os falantes usam como prática de indeterminação. Novamente presente a questão intencional e o aspecto semântico para diferenciar a indeterminação e o uso do pronome indefinido. CONCLUSÕES A partir das análises apresentadas sobre essa questão gramatical do sujeito indeterminado, e sua relação com a idéia do indefinido presente nos pronomes, podemse apresentar “três grupos principais de compreensão sintática”: 1º: entendendo o sujeito indeterminado numa perspectiva da função gramatical; 2º: a constituição semântica de indeterminação do sujeito, seja pela presença dele na frase, ou na idéia de argumento externo; e 3º: a opção ou não do falante em utilizar a indeterminação, seja no texto num sentido de referência, seja como estratégias de uso. Percebemos que, embora com algumas visões voltadas a constituição de um língua extratextual, baseada em aspectos semânticos, há a necessidade do estudo da gramática justamente para a compreensão desses aspectos semânticos intencionais. A reflexão da língua, pelo estudo gramatical, além de propiciar reflexão sobre a construção e produção crítica da língua, possibilita um uso mais criativo e produtivo. Uma vez reconhecendo e colocando em prática os mecanismos gramaticais, compreende-se que estes mecanismos gramaticais não são a língua, mas um aspecto de conhecimento e reconhecimento dela. Pode-se usar a língua, reconhecida, estudada e compreendida em seus mecanismos de construção gramatical, seja na vertente oral ou escrita, como um espaço de relevo da identidade cultural de um país e de projeção de uma compreensão linguística não excludente, que, muitas vezes, as posições de desprezo ou super valorização de variantes e posições linguísticas provocam nos estudantes e professores que estão na sala de aula. Excludente torna-se o ensino da gramática quando reforça o conceito de que a gramática ou é um acessório ineficaz da língua (o que não é), ou a colocam em um pedestal cujo acesso se dá apenas a alguns ungidos do conhecimento linguístico. Ao conhecer, compreender e utilizar as estruturas gramaticais, a gramática já não se apresenta como uma parenta distante, mas como nossa amiga de conversas diante da fogueira e partícipe da vida cotidiana; e ensinada de forma reflexiva, pragmática e compreensiva de suas estruturas, coloca-se como um meio para estabelecer a amizade entre o usuário e a língua, principalmente nos ambientes formais de estudo dela: as salas de aula de língua portuguesa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé. Muito além da Gramática: por um Ensino de Língua sem Pedras no Caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. BAGNO, Marcos. Água mole em pedra dura... In: ANTUNES, Irandé. Muito além da Gramática: por um Ensino de Língua sem Pedras no Caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. p. 11-14. BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 1a ed., Rio de Janeiro: Lucerna. 2006. BERLINCK, R. A.; DUARTE, M. E. L.; OLIVEIRA, M. Predicação. In: KATO, M.; NASCIMENTO, M. Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2009. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Ensino Fundamental. Brasília: SEF, 2001. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Orientações curriculares para o ensino médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: SEB, 2008. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: SEMT, 1999. MENON. O.P.A. A indeterminação do sujeito no Português do Brasil: NURC – SP e VARSUL. In: Vandresen. Paulino (org.). Variação, mudança e contato lingüístico no Português da Região Sul. Pelotas: EDUCAT, 2006. NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática na escola; renovação do ensino da gramática; formalismo x funcionalismo; análise da gramática escolar. São Paulo: Contexto. Col. Repensando a língua Portuguesa. 2005. ________. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2003.