Revisao da literatura e estudo retrospectivo de 670 pacientes com

Propaganda
REVISAO DA LITERATURA E ESTUDO RETROSPECTIVO DE 670 PACIENTES COM RINITE ALÉRGICA
– IMUNOTERAPIA
AUTOR(ES): BAPTISTELLA, E. ; TROTTA, F.; SILVA, T.P.; FABRI, F.M.; KANASHIRO, K.M.; BECKER,
R. ; SAAB, S.
INTRODUÇÃO: A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal, induzida pela exposição à
alérgenos que, após sensibilização, desencadeiam uma resposta inflamatória mediada por IgE,
resultando em sintomas crônicos ou recorrentes. O diagnóstico é basicamente clínico, mas
métodos como o teste RAST podem auxiliar no diagnóstico.
OBJETIVOS: Descrever os principais efeitos colaterais nos pacientes alérgicos tratados com a
vacina e mostrar a evolução dos pacientes com um novo teste RAST após o uso da vacina.
METODOLOGIA: Foram analisados 670 prontuários de pacientes atendidos no HCV, em
Curitiba PR. A média de idade foi de 25 anos, sendo 68,22% do sexo feminino e 31,77% do sexo
masculino.
RESULTADOS: O p obtido após análise estatística foi significante, ou seja, menor que 0,001
para os pacientes que receberam a terceira de vacina. Entre os efeitos colaterais da vacina,
cerca de 82% dos pacientes queixaram-se de prurido no local da aplicação, 11% tiveram tosse
seca e não houve caso de choque anafilático.
CONCLUSÃO: A vacina se mostrou um produto eficaz e seguro no nosso estudo.
INTRODUÇÃO
A rinite alérgica é definida como uma inflamação da mucosa nasal, induzida pela exposição à alérgenos que, após
sensibilização, desencadeiam uma resposta inflamatória mediada por IgE, resultando em sintomas crônicos ou
recorrentes1. É considerada uma desordem clínica heterogênea e tem sua etiologia na interação de fatores
genéticos e ambientais.
É uma patologia de grande importância na população atual. Sua prevalência varia entre 24 a 25%, na população
geral, podendo atingir maiores variações, de acordo com o estilo de vida e idade do grupo estudado2,4,5,.
Exposição contínua a alérgenos e antecedentes familiares são fatores de grande relevância na determinação dos
grupos de risco. Com o advento da industrialização e o exponencial aumento da poluição atmosférica nos centros
urbanos, a incidência da rinite teve um grande aumento nos últimos 100 anos. A desinformação da população, ainda
permanece como o principal problema do diagnóstico desta patologia2,4,5.
As rinites podem ser classificadas, quanto ao tempo de permanência dos sintomas, em: agudas, quando os eventos
se restringem a um tempo inferior a três semanas, subaguda, até três meses, e crônica, acima de três meses.¹
Considera-se que os pacientes diagnosticados com rinite alérgica experimentam diversas limitações no
desempenho de suas atividades cotidianas, seja pelo desconforto causado pelos sintomas nasais específicos, seja
por seus sintomas associados, tais como: sensações de mal estar, dores de cabeça, redução da capacidade de
concentração e alterações de sono4. Costuma vir acompanhada de sintomas que envolvem os olhos, garganta,
ouvidos (otites), sinusites e roncos4. Os principais sintomas incluem rinorréia aquosa, obstrução/prurido nasais,
espirros, prurido e hiperemia conjuntival, os quais se resolvem espontaneamente ou através de tratamento. Os
sintomas tendem a diminuir com a idade1.
Os achados relacionados com a rinite podem alterar o sono do paciente, fadiga diária, distúrbio no aprendizado,
disfunções cognitivas, entre outros.². É importante ressaltar que pode haver comorbidades, otite média serosa
recorrente e rinossinusite crônica1 . Os sintomas sistêmicos mais associados são: malestar geral, cansaço,
irritabilidade, insônia, fadiga e alterações do humor3. A rinite pode estar associada a outras manifestações de
alergia, como asma brônquica, dermatite, conjuntivite, entre outras.¹
O diagnóstico é basicamente clínico. Existem métodos diagnósticos de antígenos específicos como o RAST,
dosagem sérica de IgE, que podem auxiliar no diagnóstico.² Um adequado exame clínico identifica sem muitas
dificuldades os sinais de rinite, tais como: hipertrofia e palidez dos cornetos inferiores, secreção hialina.
O RAST é um teste alérgeno específico imunomediado por IgE. Ele é altamente específico e menos sensível, além
de ser mais caro que outros tipos de testes disponíveis no mercado, por exemplo, o teste cutâneo. É um teste
sanguíneo laboratorial que identifica IgE específico no sangue do paciente. Portanto, quanto mais IgE estiver
presente, maior é a resposta alérgica a um antígeno específico. Por ser um teste quantitativo, é útil para se fazer o
diagnóstico de um processo alérgico específico, assim como adotar medidas profiláticas, monitorar a eficácia e
adesão ao tratamento proposto.10,11,12,13,14
O RAST deve ser solicitado de forma racional, baseado na anamnese e exame físico do paciente, para que não seja
solicitado sem necessidade.10,11
O tratamento pode ser feito local, com aplicação de produtos nasais que combinam corticóides com
ntihistamínicos7. Existe outra forma de tratamento a qual será abordada nesse trabalho, que é a imunoterapia.
Sabe-se que este tipo de tratamento pode ser eficiente em pacientes que apresentam sinais e sintomas persistentes
ao tratamento tradicional. É mais efetivo em alergias sazonais.² E pode ser descontinuada após 45 anos, onde os
níveis de IgE se tornam baixos. O prognóstico é extremamente variável, podendo os sintomas persistir por 10 anos
na maioria das crianças5.
OBJETIVOS
Esse presente trabalho tem como objetivo descrever os principais efeitos colaterais nos pacientes alérgicos e
tratados com a vacina, além de descrever a evolução dos pacientes com um novo teste RAST após o uso da vacina
para observar se houve melhora clínicolaboratorial do paciente.
MATERIAL E MÉTODO
Foram avaliados 670 prontuários de pacientes atendidos no em Curitiba. Pacientes com queixas alérgicas, triados
com anamnese, exame físico e exame otorrinolaringológico. Todos os pacientes tiveram agentes positivos para
alérgenos testados no RAST. Pacientes receberam a vacina para tratamento de alergia em relação aos
componentes existentes no teste RAST.
Os componentes estudados no teste RAST foram: gramíneas, ácaros e poeira doméstica, epitélio de gato e fungos.
A classificação do grau de alergia para cada componente foi entre grau I a IV, e este resultado influenciou na
composição da vacina aplicada em cada paciente. Foi realizada a vacina despot, injetável, sendo doses de 1/
100.000, 1/10.000 e 1/ 1 000. Houve reforço em alguns casos. Novo teste RAST foi feita após o uso de 3 frascos da
vacina, permanecendo o mesmo critério para classificação do grau de alergia e sua melhora.
Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o software Excel, valores de p< 0,05 indicaram significância
estatística. Para a comparação entre os grupos quanto à perda de audição organizaram-se os dados em planilha
Excel®, programa em que foi feita a análise estatística.
RESULTADOS
ACOMPANHAMENTO DOS PACIENTES COM NOVO TESTE RAST
Após o uso de 3 frascos da vacina despot, injetável, sendo doses de 1/ 100.000, 1/10.000 e 1/ 1 000, conforme
resultado inicial do teste RAST. Foi realizado novo teste RAST, permanecendo o mesmo critério para classificação
do grau de alergia e sua melhora.
Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos e tratados, 598 pacientes evoluíram para cura total dos sintomas
com IgE menor de 35 UI/dL, 47 pacientes evoluíram com IgE acima de 35 UI/dL (grau I), melhorando após dose de
reforço; apenas 20 pacientes evoluíram com IgE acima de 35 UI/dL sem melhora com reforço, obtendo Grau II e III e
5 pacientes não retornaram a realizar o RAST, após vacina. Após análise estatística dos pacientes que receberam a
terceira dose de vacina o p foi igual a 3,2845E94, ou seja, p < 0,001. Isso mostra que teve significância estatística.
Após a dose de reforço da vacina o p calculado foi de 0,000971769 o que mostra redução dos sintomas alérgicos
nos pacientes estudados.
EFEITOS COLATERAIS DOS PACIENTES TRATADOS COM VACINA
Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos em Curitiba, com queixas alérgicas e que efetuaram o tratamento
com a vacina, cerca de 82% queixaram de prurido no local da aplicação; 11% tiveram tosse leve e seca e não houve
caso de choque anafilático.
Destes pacientes com queixa, 88% relatam ter diminuído os efeitos colaterais após o segundo frasco da vacina e
64% relatam pior desconforto nas primeiras doses. Calculando o p com base na amostra estudada e pelo teste de
Quiquadrado (p = 0,341647 > 0,05), não se pode concluir por diferença significativa entre a freqüência de pacientes
por efeito colateral ( prurido local e tosse seca).
DISCUSSÃO
Segundo o estudo da eficácia da vacina para o tratamento da rinoconjuntivite em pacientes alérgicos a pólen nosso
estudo obteve resultados levemente mais satisfatórios, com melhora clínicolaboratorial dos pacientes após a terceira
dose de vacina em 89%, a 50% do estudo analisado. No presente estudo citado, também não foram observados
efeitos colaterais adversos significativos com o uso da vacina, o que concorda com o nosso estudo que apresentou
efeitos colaterais muito leves, como tosse e prurido (p> 0,05)19.
No estudo de Creticos os pacientes receberam vacinas por 6 semanas e tiveram resultados favoráveis quanto a
redução dos sintomas alérgicos (p=0,02). Já no nosso estudo foram realizados 3 doses de vacina e em alguns
casos uma dose de reforço, e obtivemos resultados favoráveis também (p<0,01). Cretinos afirma que não houve
efeitos colaterais importantes com o emprego da vacina o que concorda com o nosso estudo20.
Durham concorda com o presente estudo por afirmar que os sintomas da rinite alérgica crônica a pólen melhorou
significativamente após a imunoterepia adequada. O estudo citado mostrou que os sintomas tiveram remissão por 4
anos após a imunoterapia21.
Graham mostrou um dado não analisado no nosso estudo que foi a redução de sintomas asmáticos em crianças
com alergias a pólen e que receberam imunoterapia adequada (p=0,01). O nosso estudo objetivou analisar apenas
adultos com sintomas alérgicos, mas especificamente rinite alérgica. Isso nos permite analisar que a vacina pode
ser utilizada em outros casos alérgicos, e não somente nos casos de rinite alérgica22.
CONCLUSÕES
Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos e tratados no Centro Médico Especializado Baptistella, 598
pacientes evoluíram para cura total dos sintomas com IgE menor de 35 UI/dL, 47 pacientes evoluíram com IgE
acima de 35 UI/dL (grau I), melhorando após dose de reforço; apenas 20 pacientes evoluíram com IgE acima de 35
UI/dL sem melhora com reforço, obtendo Grau II e III e 5 pacientes não retornaram a realizar o RAST, após vacina.
Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos no CMEB com queixas alérgicas e que efetuaram o tratamento
com a vacina, cerca de 82% queixaram de prurido no local da aplicação; 11% tiveram tosse leve e seca e não houve
caso de choque anafilático. Destes pacientes com queixa, 88% relatam ter diminuído os efeitos colaterais após o
segundo frasco da vacina e 64% relatam pior desconforto nas primeiras doses.
A vacina é um produto eficaz e seguro se feita de maneira correta, com técnica adequada e nas doses certas. Deve
ser aplicada naqueles pacientes que não obtiveram melhora dos sinais e sintomas com o emprego do tratamento
clínico adequado. É uma excelente forma de tratamento de pacientes com rinite crônica, principalmente por que
possui poucos efeitos colaterais e boa resposta terapêutica.
REFERÊNCIAS
1. Silva TM. Perfil das Citocinas IL-4, IL-5, IL-8 e IFN- © Analisadas por T-PCR em Tecido de Mucosa Nasal de
Pacientes Portadores de Rinite Alérgica. Dissertação. (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais.
Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, 2007.
2. Megid CBC, Cury PM, Cordeiro JA, Jorge RBB, Saidah R, Silva JBG. Tratamento da Rinite Alérgica: comparação
da acunpuntura e corticóide nasal. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 24 (3: 152-157, 2006)
3. Ibiapina CC, Sarinho ESC, Camargos PAM, Andrade CR, Filho ASC. Rinite Alérgica: aspectos epidemiológicos,
diagnósticos e terapêuticos. J. bras. pneumol. vol.34 no.4 São Paulo Apr. 2008 doi: 10.1590/S180637132008000400008
4. Machado PP. O baú dos sonhos adormecidos: a dimensão simbólica da rinite alérgica em um estudo de caso.
Bol. psicol v.57 n.126 São Paulo jun. 2007
5. Consenso Sobre Rinites. Campos do Jordão. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 66 (3) Parte 2
maio/junho2000.
6. Sarinho E, Cruz AA. Anticorpo monoclonal anti-IgE no tratamento da asma e de outras manifestações
relacionadas a doença alérgica. J. Pediatr. (Rio J.) vol.82 no.5 suppl.0 Porto Alegre Nov. 2006 doi: 10.1590/S002175572006000700002
7. Focke M, Mahler V, Ball T, Sperr WR, Majlesi Y, Valente P, Kraft D, Valenta R. Nonanaphylactic synthetic
peptides derived from B cell epitopes of the major grass pollen allergen, Phl p 1, for allergy vaccination
8. Ping C, Pizarro GU, Weckx LLM. Condutas na Rinite Alérgica. RBM Revista Brasileira de Medicina
9. Stephen Barrett, M.D. Alergias: Diagnósticos
www.geocities.com/quackWatch/alergiatestes.html
e
Tratamentos
Dúbios.
Disponível
em
10. Thien F. Review: skin and in vitro tests for allergic rhinitis vary widely in usefulness. Alfred Hospital and Monash
University, Melbourne, Victoria, Austrália. Ann Intern Med. 2004 Feb 17; 140 (4): 278-89. Disponível em:
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15341466?dopt=Abstract
11. Richard sadovsky, m.d. Evaluating Patients with Suspected Allergic Rhinitis. American Family Physician
November 15, 2004. Disponível em: www.aafp.org/afp/20041115/tips/8.html
12. Gendo K, Larson EB. Evidence-based diagnostic strategies for evaluating suspected allergic rhinitis. ACP J Club.
2004.
SepOct:
141
(2):46.
Disponível
em:
ncbi.nlm.nih.
gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=149
13. Bernardes CTV. “Alérgenos de Pólen de Lolium Multiflorum (Lam. 1779): Determinação da reatividade cruzada
de anticorpos IgE aos componentes alergênicos de extratos comerciais de gramíneas”. Dissertação apresentada ao
Colegiado do Programa de Pós- Graduação Aplicadas em Imunologia e Parasitologia, como parte da exigências
para obtenção de títulos de Mestre. Universidade de Uberlândia 2007
14. Naspitz CK, Sole D, Jacob CA, Sarinho E, Soares FJP, Dantas V, Mallozi. Borges W, Filho WR. Grupo PROAL.
Sensibilização a alérgenos inalantes e alimentares em crianças brasileiras atópicas, pela determinação in vitro de
IgE total e específica - Projeto Alergia (PROAL). J. Pediatr. (Rio J.) vol.80 no.3 Porto Alegre May/June 2004 doi:
1590/S0021- 75572004000400008
15. Naspitz CK, Sole D, Aguiar MC, Chavarria ML, Filho NL, Zuliani A, Toledo EC, Barreto BAP, Souza LSF. Grupo
PROAL. Phadiatop® no diagnóstico de alergia respiratória em crianças: Projeto Alergia (PROAL). JPediatr. (Rio J.)
vol.80 no.3 PortoAlegre May/June 2004doi:10.1590/S0021-572004000400010
16. Vidal C, Gude F, Boquete O, Fernández-Merino MC, Meijide ML, Rey J, Lojo S, González- Quintela A.
Evaluation of the PhadiatopT test in the diagnosis of allergic sensitization in a general adult population. Departments
of Allergy, 2Clinical Epidemiology, 3Primary Care Unit, 4Biochemistry, 5Internal Medicine. Complejo Hospitalario
Universitario de Santiago, Spain
17. Godinho R, Lanza M, Godinho A, Rodriques A, Assiz TML. Frequência de positividade em teste cutâneo para
aeroalérgenos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia v.69 n.6 São Paulo nov./dez. 2003 doi: 10.1590/S003472992003000600016
Download