A IDEOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO: ANÁLISE DOS ANOS 90 Eraldo Leme Batista 1 Neste texto, proponho analisar o debate ideológico em torno da educação para o trabalho nos anos 90 no contexto das reformas neoliberais dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) Neste período histórico é que se difundiu com maior intensidade a concepção ideológica da educação como central para a inserção social, para a preparação dos trabalhadores para o mercado de trabalho, garantindo assim a equidade social2. Entendo que esta ideologia representa os interesses da classe dominante, pois ao atribuir a educação papel fundamental para inserção no mercado de trabalho, busca amenizar os conflitos sociais, as diferenças de classe. Aponto também como hipótese, que ao atribuir papel estratégico para a educação como passaporte para a inclusão social, esta ideologia responsabiliza o individuo por sua situação de desemprego, contribuindo para enfraquecer as possibilidades coletivas de organização social. O Estado capitalista, que segundo Marx, é resultado das próprias contradições existentes na sociedade, opta em adotar claramente os interesses da classe dominante estabelecendo que as esferas da educação e do mundo do trabalho estejam cada vez mais ligadas, portanto a educação deveria oferecer subsídios para a atuação profissional, princípio este que foi definido na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) no. 9.394. Buscando regulamentar a educação profissional é que foi promulgado o Decreto 2.208, de 17 de abril de 1997, que passou a ser utilizado como instrumento norteador da mesma. Faz-se importante frisar que a questão da educação profissional já era debatida no Brasil desde a primeira República, ganhando maior dimensão com a fundação do IDORT (Instituto de Organização e Racionalização do Trabalho) que tinha um projeto de industrialização nacional e de organização no trabalho a partir das idéias tayloristas. 1 Doutorando pela Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas/Unicamp. Grupo de Pesquisa: HISTEDBR. E-mail: [email protected] 2 A partir da Conferência Mundial sobre educação para todos, realizada em Jomtien, em 1990, a preocupação com uma educação dirigida à equidade social passou a orientar as recomendações dos organismos internacionais ligados à ONU para as políticas educacionais dos países pobres mais populosos do mundo. As reformas educacionais dos anos 1990 no Brasil, trouxeram esta finalidade (OLIVEIRA, 2001, P. 108). 1 Procuro analisar neste texto, as concepções que indicam ser a educação garantidora da inserção social, da equidade social.4 Entendo que trata-se de uma ideologia da classe dominante que responsabiliza o individuo pela sua condição de desemprego, pobreza e miséria. Será a partir de estudos referente a diversos conceitos; (capital humano, sociedade do conhecimento, competências, empregabilidade, equidade social) que analiso as seguintes questões; a educação por si só garante mesmo a equidade social, segundo o entendimento de empresários, intelectuais e setores governamentais? O investimento em educação por si só garante a inclusão social em sociedade de classes? A partir das qualificações, capacitações, estará o trabalhador apto para inserir-se no mercado? Como garantir o emprego em contexto de financeirização da economia mundial? Como garantir emprego em contexto onde empresas estão em processo de fusões, incorporações, enxugamento e redução de postos de trabalho? Como é que neste contexto a educação garantirá a inserção social? Ou será que esta ideologia busca justificar, esconder, mascarar os problemas sociais para garantir os interesses de uma classe? Manter seus privilégios e continuar explorando a classe trabalhadora? As promessas integradoras a partir da educação é possível em uma sociedade capitalista? Seria o sonho Keynesiano para os países subdesenvolvidos? Ao longo de sua história o capitalismo produziu sucessivas crises que foram transformando sua forma de organização da vida social. A partir da década de 1970, quando a crise se instala nos países economicamente hegemônicos, o mundo vem presenciando um "complexo de reestruturação produtiva" que altera de maneira profunda a materialidade do capitalismo. A reestruturação produtiva, cujo “momento predominante” é o toyotismo conduz inevitavelmente a uma precarização das relações de trabalho, constituindo-se numa nova ofensiva do capital no campo econômico, social, político e cultural, visando constituir um novo patamar de acumulação capitalista, 4 O termo equidade refere-se à disposição de reconhecer o direito de cada um, mesmo que isto implique em não obedecer exatamente ao direito objetivo, pautando-se sempre pela busca de justiça e moderação. Esse entendimento do termo sempre esteve presente nas políticas educacionais brasileiras. A noção de avaliação aliada à possibilidade de discriminação positiva reflete essa compreensão. Entretanto, não parece se essa a conotação atribuída à equidade social no atual momento. O conceito de equidade social, da forma como aparece nos estudos produzidos pelos Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien, sugere a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por alguns grupos sociais à totalidade das populações, sem, contudo, ampliar na mesma proporção as despesas públicas para esse fim. Nesse sentido, educação com equidade social implica oferecer o mínimo de instrução indispensável às populações para sua inserção na sociedade atual (OLIVEIRA, 2003, p. 74). 2 debilitando o mundo do trabalho, promovendo alterações importantes na forma de agir, pensar e viver dos trabalhadores, afetando radicalmente sua subjetividade (ANTUNES, 1995; ALVES, 1999). No contexto histórico de transformações no mundo do trabalho é que analisarei a importância da ideologia da educação profissional no período neoliberal (1995-2002) sob o governo de Fernando Henrique Cardoso e suas implicações para a educação brasileira. Considero importante apontar em primeiro lugar que o neoliberalismo ganha força principalmente após a vitória de Margareth Thatcher na Inglaterra em 1979 e vitória do Ronald Reagan dos Estados Unidos em 1980. Estes governos implementaram profundamente as teorias neoliberais, preservando os interesses burgueses e afetando profundamente a classe trabalhadora6. Segundo análise de Heloani (2003), “começam a advogar o Estado Mínimo, fiscal, ou Estado Guarda Noturno, que atua de modo contido e pontual, objetivando mormente garantir a lógica do mercado, um Estado Neoliberal em oposição à idéia de um Estado Positivo, Keynesiano, interventor, sim, nos setores essenciais da economia e da vida sócia” (HELOANI, 2003, p. 99). Ao analisar a questão da educação profissional por meio do Decreto 2.208 de 1997, Artigo 1°, verificamos os principais objetivos da mesma; I. promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho, capacitando jovens e adultos com conhecimentos e habilidades gerais e específicas para o exercício de atividades produtivas; II. Proporcionar a formação de profissionais, aptos a exercerem atividades específicas no trabalho, com escolaridade correspondente aos níveis médio, superior e de pós-graduação; III. Especializar, aperfeiçoar e atualizar o trabalhador em seus conhecimentos tecnológicos; IV. Qualificar, reprofissionalizar e atualizar jovens e adultos trabalhadores, com qualquer nível de escolaridade, visando a sua inserção e melhor desempenho no exercício do trabalho. 6 Concordo com as reflexões de Lucena (2004) que ao refletir sobre as transformações no mundo do trabalho, aponta ser este período de “tempos de destruição”, pois conforme este autor “ A ausência de crescimento econômico atrelado à não-redução da jornada de trabalho, articulada ainda ao crescimento do desemprego, tem levado milhares de trabalhadores ao desespero. Os empregados, com medo de perder essa condição, submetem-se a qualquer situação de trabalho para permanecer no emprego. Os desempregados vêem o tempo de retorno ao mercado de trabalho estender-se e são empurrados para o mercado informal. Consolida-se um período denominado “tempos de destruição”, com alicerces baseados no caos, no crime, na violência, na (dês)qualificação profissional e na decadência das estruturas sociais. “tempos de destruição” que colocam os homens em disputa entre si não mais por melhores salários ou conquistas sociais, mas pelo direito de venda de sua força de trabalho. O emprego capitalista, materialização histórica de obtenção de mais-valia absoluta e relativa e da alienação, em vez de negado, transforma-se em uma utopia a ser atingida. Aqueles que vendem a sua força de trabalho passam a lutar pelo direito de serem explorados (LUCENA, 2004, p. 13). 3 Ao mesmo tempo que este decreto aponta a educação profissional com independência do ensino médio o mesmo articula estes dois tipos de ensino; educação profissional e educação básica. Conforme o decreto citado acima, em seu artigo 2°, estabelece que; “A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada em escolas do ensino regular, em instituições especializadas ou nos ambientes de trabalho” (DECRETO 2.2.08/1997). A LDB (1996) amplia o entendimento referente a concepções de uma educação para o mercado, para o trabalho via educação profissional no interior da educação básica. Conforme estabelecido no parecer CNE/CEB N° 16/99, fica claro a idéia de uma educação para “a preparação para a vida produtiva orientada pela politica da igualdade e que deverá constituir uma relação de valor do próprio trabalho e do trabalho dos outros, conhecendo e reconhecendo sua importância para o bem comum e a qualidade da vida”. Por meio deste Decreto, o Conselho Nacional de Educação acredita ainda que a nova LDB, contribuirá para a cidadania, para uma políticas de igualdade na educação profissional e que constituirá “valores de mérito, competência e qualidade de resultados para balizar a competição no mercado de trabalho” (CNE/CEB, 16/1999, P. 38). Por outro lado o parecer do Conselho Nacional de Educação n° 16/99 de forma “ingênua” e sem analisar o contexto de uma sociedade capitalista, de classes, propõe; A superação de discriminações e privilégios no âmbito do trabalho é sobremaneira importante numa sociedade como a brasileira, que ainda apresenta traços pré-industriais no que se refere aos valores que orientam as relações de trabalho e a relação das pessoas com o trabalho; clientelismo, corporativismo, nepotismo, coronelismo, machismo, marcam muitos dos processos pelos quais os profissionais – competentes ou não – acendem a postos, cargos, atividades, posições e progridem – ou não – nas distintas carreiras e atividades (CNE/CEB, 16/1999). Parte-se da premissa que estas questões micros, localizadas e de relações pessoais no interior do trabalho possibilitasse uma nova configuração do mesmo, e as questões macros? Inerente ao próprio sistema?. Observo que todas estas questões, tratam-se na verdade de cortina de fumaça, buscando esconder as principais questões do mundo do trabalho. 4 Entendo que há de fato uma ideologia que propõe uma educação para o mercado, propondo também um outro tipo de trabalhador nas relações de trabalho. Vejamos Parecer CNE/CEB N°16/99. A ética de identidade na educação profissional deve trabalhar permanentemente as condutas dos alunos para fazer deles defensores do valor de competência, do mérito, da capacidade de fazer bem feito, contra os favoritismos de qualquer espécie, e da importância da recompensa pelo trabalho bem feito que inclui o respeito, o reconhecimento e a remuneração condigna (CNE/CEB, 16/1999). As teses neoliberais e suas implicações para a educação têm sido orientadoras das políticas sociais e muito especialmente das políticas educacionais, como informa Sanfelice (2003), “(...) As teses neoliberais têm sido pródigas em propor argumentos favoráveis à privatização da educação, como formadora das elites ou para dar a cada um o que sua função social exige, e que não pode ser obtido por meio de uma educação pública comum” (SANFELICE, 2003, p. 10). Propostas neoliberais dos organismos de “cooperação” internacional não faltam, buscando sempre “melhorar” a educação nos países pobres ou em desenvolvimento. Uma das orientações do Banco Mundial para o Brasil foi a privatização do ensino como opção de política educacional. Inscritas como alvo prioritário na mira do Banco Mundial para o corte dos investimentos, as políticas educacionais sofreram forte revés no Brasil e na América Latina a partir de meados dos anos noventa e a reforma educacional brasileira, em 1995, serviu a este propósito. A queda dos níveis de qualidade dos sistemas públicos estaduais, que se iniciara desde o esgotamento do modelo brasileiro no inicio dos anos oitenta, acentuou-se significativamente nos anos noventa, provocando a revoada, ao sistema privado, dos últimos segmentos da classe media que ainda se utilizam da educação pública e gratuita. Segundo Coraggio (1996), o Banco Mundial assumiu importância para as reformas educacionais na América Latina, por ser a principal fonte externa de recursos, principalmente para a educação básica. Por outro lado, este autor nos informa que este banco tem aproximação estreita com o FMI, condicionando muitas vezes as “recomendações” “orientações” aos empréstimos junto ao setor bancário internacional. Faz-se necessário ressaltar que os governos dos países em “desenvolvimento” 5 submetem-se de forma quase que silenciosa e muitas vezes sem questionamentos à estas orientações. Não desconsidero o importante papel desenvolvido também pela CEPAL7 (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), que a partir dos anos 80, passa a orientar os países em desenvolvimento à enxugarem o Estado, implementando políticas privatizantes e parcerias com empresas privadas. Oliveira (2006) constatou em seus estudos que tanto a CEPAL quanto o Banco Mundial, “Crêem que a melhor forma de condução das economias em desenvolvimento é uma reestruturação do Estado, visando à diminuição do déficit público e à maior liberdade de ação para o capital privado” (OLIVEIRA, p. 10, 2006). Outro pesquisador da educação brasileira, que em seus estudos aponta as mudanças educacionais ocorridas no Brasil, é Saviani (2002) que ao refletir sobre estas mudanças, informa-nos, que a partir do final dos anos 1980: entram em cena as reformas educativas ditas neoliberais que se encontram em andamento. Sob a inspiração do toytismo, busca-se flexibilizar e diversificar a organização das escolas e o trabalho pedagógico, assim como as formas de investimento. Neste último caso, o papel do Estado torna-se secundário e apela-se para a benemerência e voluntariado. Em ambos os períodos, prevalece a busca pela produtividade guiada pelo princípio de racionalidade, que se traduz no empenho em se atingir o máximo de resultados com o mínimo de dispêndio. Para esse fim, o Estado, agindo em consonância com os interesses dominantes, transfere responsabilidades, sobretudo no que se refere ao financiamento dos serviços educativos, mas concentra em suas mãos as formas de avaliação institucional. Assim, também na educação, aperfeiçoam-se os mecanismos de controle, inserindo-a no processo mais geral de gerenciamento das crises no interesse da manutenção da ordem vigente (SAVIANI, 2002, p. 23). Ao pesquisar as reformas na área educacional na América latina, Oliveira (2005) observa que elas tiveram como principal eixo a educação para a equidade social. Conforme entendimento desta autora, estas reformas implicaram transformações 7 Criada pela Organização das Nações Unidas (0NU), em 1948, com o objetivo de coordenar as políticas de desenvolvimento dos países da América Latina, incorporou, posteriormente, os países do Caribe, como também o objetivo de desenvolvimento social. O Brasil é membro permanente da CEPAL desde sua fundação (25 de fevereiro de 1948), tendo, nesse período, já desenvolvido vários projetos de estudos e de cooperação técnica. O escritório da CEPAL no Brasil, criado em outubro de 1952, vem desde essa data desenvolvendo atividades de treinamento e de capacitação a técnicos brasileiros. Nos últimos 40 anos, esse escritório já realizou mais de 74 cursos, em função dos quais já foram capacitados mais de 2200 brasileiros (OLIVEIRA, 2006). 6 substantivas na organização e na gestão da escola pública, além do entendimento da educação para o trabalho. Para a autora: Passa a ser um imperativo dos sistemas escolares formar os indivíduos para a empregabilidade, já que a educação geral é tomada como requisito indispensável ao emprego formal e regulamentado, ao mesmo tempo em que deveria desempenhar papel preponderante na condução de políticas sociais de cunho compensatório, que visem à contenção da pobreza. As recentes mudanças nas políticas públicas de educação no Brasil, mais especificamente aquelas que tiveram início no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e que prosseguem no atual governo, ilustram bem a referida transição. O argumento central dessas reformas poderia ser sintetizado na expressão largamente utilizada nos estudos produzidos pelos organismos internacionais pertencentes à ONU para orientação dos governos latino-americanos com relação à educação: transformação produtiva com eqüidade (OLIVEIRA, 2004, p. 1129). Refletindo ainda o conceito de empregabilidade e equidade social, Oliveira (2001) faz alguns apontamentos questionando tais conceitos, pois segundo a autora, “È necessário, entretanto, pergurtar-se em que medida os termos equidade social e educação para todos traduzem realmente as práticas efetivas” (OLIVEIRA, 2001, p. 110). Ao refletir também sobre o conceito de empregabilidade, Gentili (1999) observa que: O apelo à empregabilidade, e seu uso numa neo-teoria do capital humano cujo conteúdo tem-se metamorfoseado com as novas condições de acumulação do capitalismo globalizado, (...) a tese da empregabilidade recupera a concepção individualista da teoria do capital humano, só que acaba com o nexo que aquela estabelecia entre o desenvolvimento do capital humano individual e o capital humano social: as possibilidades de inserção de um individuo no mercado dependem (potencialmente) da posse de um conjunto de saberes, competências e credenciais que o habilitam para a competição pelos empregos disponíveis ( a educação é, de fato, um investimento em capital humano individual); só que o desenvolvimento econômico da sociedade não depende hoje de uma maior e melhor integração de todos à vida produtiva ( a educação não é, em tal sentido, um investimento em capital humano social) (GENTILI, 1999, p. 88). Oliveira (2001), nos alerta ainda que a vinculação direta entre educação e emprego, está ligado a teoria do capital humano8, nos informando que: 8 Frigotto (2001) aponta que a ideologia do capital humano teve como papel, tarefa na hegemonia e recomposição do imperialismo capitalista. “A tese do capital humano então, quando apreendida na sua gênese histórica, revela-se como uma especificidade das teorias do desenvolvimento produzidas inicialmente e preponderantemente no interior da formação social capitalista mais avançada e que chama a si a tarefa e a hegemonia na recomposição do imperialismo capitalista”. (...) “O conceito de capital humano vai mascarar, do ponto de vista das relações internacionais, a questão do imperialismo, passando à idéia de que o subdesenvolvimento nada tem a ver com as relações de poder, mas se trata 7 No caso dos pobres e dos desempregados, a teoria sugere que o problema reside no seu inadequado nível de capital humano. Por isso, a solução que a referida teoria apresenta ao problema do desemprego está sempre relacionada à melhoria dos níveis educativos, ou seja, maiores investimentos em capital humano (OLIVEIRA, 2001, p. 114). Outro pesquisador da área da educação e que também questiona a ideologia da educação para o trabalho é Paro (2001). Segundo o entendimento deste autor: Outro equívoco que se comete acerca da importância da escola enquanto agência de preparação para o trabalho diz respeito a sua utilização como álibi para a falta de ascensão social. Alega-se, nesse particular, que os egressos da escola não estão preparados para conseguir emprego. A grande falácia de que as pessoas iletradas ou com poucos anos de escolaridade não conseguem se empregar por causa de sua pouca formação, embora tenha ainda grande aceitação entre as pessoas simples (precisamente por seu baixo nível de informação), bem como na mídia (pela mesma escassez de conhecimento, mas não com a mesma inocência), não resiste à menor análise, porque supõe que a escola possa criar os empregos que o sistema produtivo, por conta da crise do capitalismo, não consegue criar. A não ser como discurso ideológico para que as pessoas continuem acreditando que sua posição social se deve à falta de escolaridade e não às injustiças intrínsecas à própria sociedade capitalista, esse argumento deveria ter sua importância bastante relativisada nas discussões sobre o papel da escola (PARO, 2001, p. 23). Acredito não ser possível pensarmos a educação fora do contexto das transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho e afetando milhões de trabalhadores que vivenciam cada vez mais situações de desemprego, subemprego, trabalhos precários, sem direitos trabalhistas, aumentando a exploração sobre o contingente feminino e a subproletarização que se expressa “na expansão do trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado, terceirizado” (ANTUNES, 1995, p. 41). O crescente desemprego nos setores escolarizados, qualificados, nos permite sugerir hipótese de que as teses defendidas pela classe dominante brasileira é questionada. Já apontamos também no inicio deste projeto que uma das categorias mais escolarizadas, qualificadas e preparadas para realizarem suas atividades são os bancários e no entanto é o setor que em pouco tempo sofreu um drástica redução dos trabalhadores. Neste sentido é que aponto outras questões. Quais os motivos destas fundamentalmente de um problema de diferença ou modernização de alguns fatores, onde os recursos humanos qualificados – capital humano – se constitui no elemento fundamental” (FRIGOTTO, 2001, P. 126). 8 demissões em se tratando de trabalhadores altamente qualificados? Os mesmos não atendem mais aos requisitos dos banqueiros? Trata-se de qualificação ou de mudanças nas organizações das empresas capitalistas com objetivo de obter mais lucro, acumulação de capital? Outro pesquisador (POCHMANN, 2001) da área de economia do trabalho também analisa as transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho, tanto nos países centrais como nos paises periféricos, observa que o mercado não absorve a quantidade apta a ingressar no mercado de trabalho, e que somente uma parcela pequena desta multidão consegue inserir-se no mercado. Os jovens brasileiros do final do século XX e inicio do século XXI estão mais escolarizados, possuidores muitas vezes de formação técnica, mas intensamente atingidos pelo processo de desemprego. Para tanto apontamos pesquisa realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos, 2005) nas regiões metropolitanas do Brasil, constatando-se alto desemprego nas camadas juvenis, o que reforça nossa tese de que o discurso burguês, apontando a falta de qualificação como responsável pela própria exclusão do trabalhador não procede. Organizações empresariais brasileiras como Federação das Industrias do Estado de São Paulo (FIESP) e Centro das Industrias do Estado de São Paulo (CIESP) apontam como solução para resolver o problema do desemprego - que os trabalhadores se qualifiquem e que ocorra maior investimento na educação básica. Ao participar de Congresso Internacional referente à educação ocorrido em 1998, o Presidente da Federação das Industrias do Estado de São Paulo, Max Schrappe, abordou a questão “[...] uma das soluções mais eficientes para reduzir o desemprego é o resgate da qualidade, e democratização do acesso ao ensino básico, médio, técnico, profissionalizante e de terceiro grau [...]” (Congresso Internacional Educação e Trabalho, 1998, apud Kober, p. 9, 2004). Lembramos que organizações empresariais, muitos intelectuais, mídia, igreja, concordam, justificam e implementam concepções das instituições internacionais representantes do capital [Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional), OMC (Organização Mundial do Comércio)]. Paro (2001), observa que tratam-se de equívoco justificar a baixa escolarização, qualificação como barreira para ascensão social. Alegam-se que os 9 trabalhadores não estão preparados para o trabalho. Estas idéias, segundo Paro (2001), não resiste a menor análise, pois supõe que a escola possa criar os empregos... [...] que o sistema produtivo, por conta da crise do capitalismo, não consegue criar, a não ser como discurso ideológico para que as pessoas continuem acreditando que sua posição social se deve à falta de escolaridade e não às injustiças intrínsecas à própria sociedade capitalista, esse argumento deveria ter sua importância bastante relativizada nas discussões sobre o papel da escola (PARO, 2001, p. 23). Ao analisar a concepção burguesa no Brasil, Paro (2001) aponta que a responsabilidade pela crise social é justamente da classe dominante, não devendo a escola responsabilizar-se ou mesmo ter como principal função preparar para o mercado. Segundo o autor. Aos empregadores que, com seus protestos de amor pela educação, vivem utilizando permanentemente a mídia para reclamar maior eficiência da escola na preparação para suas empresas, deveria ser dito que esse é problema deles, empresários, que usufruem os benefícios de uma maior formação de seus empregados e que a escola pública, paga com os impostos da população, tem funções mais importantes do que ficar, mais uma vez, servindo ao capital (PARO, 2001, p. 24). Não negamos a importância da educação para o conjunto da sociedade, os seus benefícios, que nos possibilita compreender a sociedade que vivemos, sendo sim condição necessária para inserção no mercado de trabalho, porém não sendo suficiente para garantir esta inserção. Entendemos não ser somente escolaridade a garantir conquista do emprego, pois esta questão está vinculada a questões maiores, políticoeconômico e social. Refletindo sobre as teses defendidas pelos representantes da classe dominante brasileira e analisando as diversas pesquisas referentes ao desemprego e precarização do trabalho no Brasil, constatamos contradições nestas teses, pois pesquisadores (POCHMANN, 2000; 2000; KOBER, 2004;) nos informam justamente o contrário – está ocorrendo intenso processo de redução de postos de trabalho, justamente em setores que demandam força de trabalho com alto nível de estudo e qualificação. O capital exige disciplina, vontade, envolvimento e participação do trabalhador, questões que tornou-se alvo de análise e crítica de outro pesquisador 10 (DIAS, 1999), pois segundo este autor, “o trabalhador de que o capital necessita é aquele que é capaz de dar resposta, pronta e adequada, às situações que possam ocorrer no ato produtivo. Requer-se, portanto, o trabalhador polivalente” (DIAS, 1999). Como bem salienta Frigotto (1999), do plano ideológico desloca-se a responsabilidade social para o plano individual. Ainda conforme o autor. Já não há políticas de emprego e renda dentro de um projeto de desenvolvimento social, mas indivíduos que devem adquirir competências ou habilidades no campo cognitivo, técnico, de gestão e atitudes para se tornarem competitivos e empregáveis. Os desempregados devem buscar ‘requalificação’ e ‘reconversão profissional’ para se tornarem empregáveis ou criarem o autoemprego no mercado informal ou na economia de sobrevivência. Estes compõem mais de um bilhão de pessoas no mundo e vivem o tempo todo procurando emprego (FRIGOTTO, 1999, P. 15). Ou seja, a responsabilidade de empregar-se ou não, de inserir-se no mercado ou não é estritamente do trabalhador. O “fracasso” ou “sucesso” dependerá do esforço individual de cada trabalhador. As propostas reformistas, de cunho social-democrata ou neoliberal vê se dando como forma de evitar que se aprofundem as questões referentes as contradições do sistema capitalista, preocupando com questões individuais, pois como muito bem analisa Meszáros (2005) A estratégia reformista de defesa do capitalismo é de fato baseada na tentativa de postular uma mudança gradual na sociedade através da qual se removem defeitos específicos, de forma a minar a base sobre a qual as reivindicações de um sistema alternativo possam ser articuladas. Isso é factível somente numa teoria tendenciosamente fictícia, uma vez que as soluções preconizadas, as “ reformas”, na prática são estruturalmente irrealizáveis dentro da estrutura estabelecida de sociedade. Dessa forma torna-se claro que o objeto real do reformismo não é de forma alguma aquele que ele reivindica para si próprio: a verdadeira solução para os inegáveis defeitos específicos, mesmo que o modo planejado para lidar com eles seja reconhecidamente (mas de forma a isentar a própria responsabilidade (MESZÁROS, 2005, p. 62). A partir das constatações deste brilhante pensador contemporâneo é possível perceber que de fato as estratégias via ideologia que reforça o tempo todo a educação para o trabalho, o trabalhador dono de seu destino, de sua empregabilidade nada mais é do que uma maneira de esconder os problemas do próprio sistema capitalista e assim neutralizar, impossibilitar maiores questionamentos à este sistema. Este autor observa ainda que: 11 A recusa reformista em abordar as contradições do sistema existente, em nome de uma presumida legitimidade de lidar apenas com as manifestações particulares – ou, nas suas variações “pós-modernas”, a rejeição apriorística das chamadas grandes narrativas em nome de petits récits idealizados arbitrariamente – é na realidade apenas uma forma peculiar de rejeitar, sem uma análise adequada, a possibilidade de se ter qualquer sistema rival, e uma forma igualmente apriorística de eternizar o sistema capitalista (MESZAROS, 2005, p. 62-63). Percebemos então que na verdade trata-se de impossibilitar que se constitua no interior da sociedade novos pensamentos que contestem ou mesmo proponha novo tipo de sociedade. CONCLUSÃO As mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho tem afetado intensamente a classe trabalhadora, sendo que está crescendo de forma rápida e profunda as diversas formas de trabalhos precários, informais, destituídos de direitos, sem sentido e brutal. Neste novo momento histórico de acumulação de capital, verificamos que de forma sutil se cria novos conceitos para justificar o desemprego, a miséria, os trabalhos precários e terceirizados, sendo que a responsabilidade desta situação social é transferida ao próprio trabalhador por não ter se qualificado, se preparado para as mudanças que estão ocorrendo, não estar apto e não estar empregável, pois não atende os requisitos exigidos para o trabalho. Constatamos que para a escola é atribuída novas funções como preparar para o trabalho, possibilitar a formação da força de trabalho e assim viabilizar a inclusão social, eliminando a exclusão social. Novos atributos para a escola, criando esperanças de uma sociedade mais justa. Entendemos que este discurso ideológico da classe dominante tem como estratégia, como objetivo de desviar a atenção ou mesmo fazer crer para a classe trabalhadora, que possibilidades existem, mas precisa-se preparar para elas, e se estudar e “lutar na vida” conseguirá o “sucesso” na sociedade do consumo. Percebemos que em nenhum momento os intelectuais dos interesses do capital, jamais mencionam o processo de acumulação de capital, as novos métodos de produção enxuta, flexível tem contribuído para a eliminação de milhares de postos de trabalho. Não se mencionam também os processos cada vez mais crescente da terceirização e contratação por tempo parcial, temporário e destituído de direitos. Entendemos também que esta ideologia do 12 capital contribui ainda mais para a individualização do trabalhador, pois a conquista do emprego depende dele, de se tornar empregável neste mercado e assim torna-se cada vez mais individualista, o que no interior da empresas, estas idéias são mais reforçadas, o que prejudica e afeta a ação sindical, pois a questão deixa de ser coletiva e passa a ser vista como solução do individuo, da pessoa, que tem que se adaptar, adequar e tornar-se empregável e mesmo lutar para manter-se no emprego. Da crise social, a promessa integradora via educação, verificamos processo crescente de desarticulação, desmobilização, fragmentação e fragilização das lutas e organizações sociais. IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Giovanni. A nova degradação do trabalho na era da globalização. Londrina, Práxis, 1999. _________. Trabalho e Mundialização do Capital; A Nova Degradação do Trabalho na Era da Globalização, Londrina, Práxis, 1999. ANTUNES, Ricardo. 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