Plano de Ensino Disciplina: Filosofia Contemporânea Professor: Gilberto Tedeia Temas do curso: A configuração contemporânea da filosofia como discurso autônomo, tendo-se por fio condutor o lugar da filosofia na cultura e sua relação com a ciência e outras formas de organização do saber, um percurso divido em três partes consecutivas, e uma quarta parte voltada para a relação entre arte e filosofia. Na primeira parte do curso, o ponto de partida vale-se do opúsculo kantiano sobre a Aufklaerung, para, em seguida, percorrer um diagnóstico filosófico brasileiro do mal-estar instaurado pelo legado iluminista, em particular, a sua cisão entre duas “modernizações” e a crise que daí emerge. Na segunda parte, o curso percorre alguns diagnósticos da crise contemporânea e seus nexos com a filosofia mediante a leitura de algumas obras canônicas: o diagnóstico husserliano dessa crise; o lugar reservado à filosofia no seu Elogio por Merleau-Ponty; o diagnóstico de Arendt sobre a crise da cultura e a sua leitura kantiana do filistinismo kitsch da cultura; e, por fim, a leitura de Horkheimer, em “A filosofia como crítica da cultura”, como um estudo de caso da leitura posta pela primeira geração da Teoria Crítica ante o colapso do projeto moderno. Por fim, a terceira parte se inicia com outro estudo de caso, que toma por objeto a crise do processo de formação filosófica a que se submetem os norte-americanos, para, em seguida, percorrer, como um contraponto, a leitura de dois autores contemporâneos, Rorthy e Habermas, a fim de encerrar nosso percurso com um debate sobre o lugar da filosofia no mundo contemporâneo. A quarta parte do curso se estende por todo o decorrer do semestre, é voltada para o módulo da prática pedagógica, e, com base em dois momentos-chave da filosofia contemporânea visando nexos entre arte e filosofia, a leitura de fragmentos de Lukács e Adorno serve de subsídio aos alunos na tarefa construírem o lugar e perfil da produção não-textual como recurso pedagógico para a problematização, sistematização e conceitualização filosóficas em sala de aula. Ementa da prática pedagógica: pensar o uso da literatura, das artes ou do cinema como ferramentas pedagógicas, a partir dos temas postos pela disciplina. Análise dos filmes ou obras de arte sob a luz da história da filosofia, sem necessariamente resumir um ao outro. O filme, as obras de arte e a literatura em relação à questão da temporalidade quanto às formas de exposição das ideias e do mundo. Elaboração de estratégias de aula, nas quais se conjugam textos filosóficos e outros materiais. Estudo de bibliografia auxiliar para a preparação de aulas (materiais paradidáticos, por exemplo) e de recursos de avaliação. Atividades práticas possíveis: planos de aula que não só incluam as atividades e os materiais didáticos a serem utilizados (filme, obras de arte, textos), mas também discussões sobre uso de bibliografia e métodos de avaliação; análise crítica de materiais auxiliares para as aulas. Objetivo do curso: O curso de Filosofia Contemporânea visa trabalhar com os alunos algumas das principais vertentes do pensamento filosófico contemporâneo, tendo-se por meta a reconstituição sob um recorte pessoal das experiências intelectuais trabalhadas. O desenvolvimento básico desse recorte pessoal pressupõe três capacidades básicas de leitura: a capacidade de problematização, partindo do reconhecimento dos temas e chegando à reformulação do que está em jogo numa determinada ordem das razões; a capacidade de conceitualização, das palavras e noções-chave às modalidades de constituição e remanejamento de conceitos; por fim, a capacidade de argumentação, que pressupõe tanto o acompanhamento pari passu de um andamento lógico-abstrato quanto a assídua freqüentação arquitetônica do pensamento. Esse objetivo é alcançado mediante análise e interpretação de textos que refazem algumas noções-chave postas à Filosofia Contemporânea, segundo o seguinte roteiro: PROTOCOLO MÍNIMO: reconhecer, refazer e expor a trama conceitual INVESTIGAÇÕES DE VOCABULÁRIO: discernir e trabalhar as camadas textuais de significações do texto filosófico: senso-comum [dicionário de sinônimos da língua portuguesa], étimo [dicionário etimológico], nocional [dicionário de filosofia], conceitual [dicionário de filosofia] REFLEXÃO SOBRE O VOCABULÁRIO: delimitar o sentido dos conceitos, assinalar sua aproximação e discernir sua especificidade em relação às camadas de significação [senso-comum, étimo, autores mencionados no dicionário de filosofia] TIPOLOGIA DE QUESTÕES: reconstituir um percurso conceitual mediante a reposição e articulação temática assentada sobre os conceitos-chave. Metodologia: As aulas expositivas do docente, os seminários e as atividades em grupo dos alunos visam à análise, comentário e interpretação de textos. As aulas são assim organizadas: A classe dividida em grupos de até quatro alunos, a depender do total de alunos. Semanalmente, um grupo é responsável pela exposição oral de fragmentos de um texto previamente selecionados pelo professor [até 40minutos], seguida ou intercalada de breve argüição dos membros do grupo pelo professor [até 10 minutos]. Na mesma aula do seminário, o grupo expositor entregará resenha do texto [até duas páginas, impressa previamente]. Na mesma aula, todos os grupos produzirão e entregarão um pequeno texto manuscrito a tratar de algum problema proposto pelo professor. Na aula seguinte, o professor reconstrói a argumentação do texto, retoma aspectos tratados pelo grupos na produção escrita entregue a fim de analisar os graus de pertinência, seleciona o conjunto de questões e coordena a discussão. O cronograma das atividades, discriminado aula a aula, será apresentado no primeiro dia de aula. A bibliografia de apoio será apresentada no decorrer do curso. As atividades de prática pedagógica seguirão um cronograma próprio comunicado no decorrer do curso. Avaliação: Seminários em grupo, nos quais os alunos estão sob avaliação permanente [10%]; resenha [10%]; avaliações escrita e oral, contínuas e semanais [30%]; prova bimestral [15%]; prova semestral [35%]. Nas avaliações escritas o aluno produz um texto dissertativo organizado em três momentos: INTRODUÇÃO [tema, termos em jogo, problema, enumeração], DESENVOLVIMENTO [antitético, por analogia, indutivo, dedutivo], CONCLUSÃO [condensação, tipologia de implicações, disjunções]. Quanto à prática pedagógica, as avaliações tomarão por base as leituras efetivadas e as propostas trabalhadas pelos alunos. Bibliografia Básica Kant. Em resposta à pergunta: “O que é Esclarecimento?” Sérgio Paulo Rouanet. Mal-estar na modernidade. Husserl. A crise da humanidade europeia e a filosofia. Merleau-Ponty. Elogio da Filosofia. Arendt. Entre o passado e o futuro. Horkheimer. La filosofia como critica de la cultura. Rorthy. A filosofia e o espelho da natureza. Habermas. Consciência moral e agir comunicativo. Sloterdijk. Crítica da razão cínica. Lukács. In: Grandes Cientistas Sociais, v.20. Adorno. Educação e Emancipação. Bibliografia Complementar Será informada no decorrer do curso. Bibliografia de referência ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia [coord. de trad. Alfredo Bosi]. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política, 2.ed. Brasília: EdUnb, 1986. v.a. Os Pensadores. São Paulo: Abril, 197-.