UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CENTRO DE ENGENHARIAS E CIENCIAS EXATAS CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ANÁLISE DA QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA NO EDIFÍCIO DE PRODUÇÃO DA ITAIPU BINACIONAL JESSICA MARQUES BINOTTO FOZ DO IGUAÇU - PR 2013 JESSICA MARQUES BINOTTO ANALISE DA QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA NO EDIFÍCIO DE PRODUÇÃO DA ITAIPU BINACIONAL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colegiado do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheira Eletricista. Orientador: Prof. Dr. Marcos Fonseca Mendes FOZ DO IGUAÇU 2013 Este trabalho é dedicado a minha mãe, pelo exemplo que sempre foi e será em minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família pelo eterno apoio em todos os momentos difíceis, mostrando-me sempre as opções, mas indicando o melhor caminho a seguir. Agradeço aos professores, desde os primeiros anos de escola, pela paciência e dedicação demandadas por nós alunos. Agradeço ao professor Marcos Mendes, pela orientação prestada neste trabalho. Agradeço ao Engenheiro Jacson Arnhold pela supervisão, pelo apoio técnico e mais que isso, por todo o aprendizado de vida que sempre se preocupou em me passar. Agradeço aos técnicos Rodrigo Blosfeld e Walter Farias pela imensurável ajuda, sem a qual não seria possível a realização deste trabalho. Agradeço por fim, aos meus amigos, pelo companheirismo e pelas palavras de conforto sempre que precisei. RESUMO BINOTTO, Jessica Marques (2013). Análise da qualidade de energia elétrica no Edifício de Produção da Itaipu Binacional. Monografia de trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Foz do Iguaçu, 2013. Este trabalho consiste na análise da qualidade da energia elétrica no “Edifício de Produção” da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Para conhecer a qualidade de energia do edifício, foram realizadas medições dos aspectos que a descrevem: tensão em regime permanente, fator de potência, harmônicas de tensão, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, variação de tensão de curta duração e frequência. Os valores obtidos nas medições foram então comparados aos limites segundo regulamenta o Prodist. Para as medições foi utilizado um analisador de qualidade de energia. Segundo as medições, dois aspectos mantiveram-se fora dos limites adotados em um dos quadros medidos. O trabalho é finalizado sugerindo uma possível solução para resolver os problemas encontrados. Palavras-chave: qualidade de energia elétrica, aspectos de qualidade de energia elétrica. ABSTRACT BINOTTO, Jessica Marques (2013). Análise da qualidade de energia elétrica no Edifício de Produção da Itaipu Binacional. Monografia de trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Foz do Iguaçu, 2013. This monograph consists in the analysis of the power quality in the “Production Building” of the Itaipu Hydroelectric Power Plant. To know the power quality of the building, measurements of the aspects that describes the power quality were made. The analyzed aspects are: steady state voltage, power factor, voltage harmonics, voltage unbalance, voltage fluctuation, voltage variation of short duration and frequency. The values obtained from the measurements were then compared to its respective limits according Prodist. To perform the measures was used a power quality analyzer. According to the measurements two aspects didn´t comply the limits adopted. The work is finalized suggesting a possible solution to solve the problems found. Key-words: power quality, power quality aspects. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Triângulo Clássico de Potência. ...........................................................................................17 Figura 2 - Tetraedro de potência por Budeanu (1927). .......................................................................20 Figura 3 - Variação no fluxo luminoso resultante de uma variação de tensão. ...............................23 Figura 4 - Quadros de iluminação e de tomadas de equipamentos de informática alimentados com frequência de 60 Hz. ........................................................................................................................29 Figura 6 - Ligação do Fluke 435-II em um sistema trifásico. ..............................................................31 Figura 7 – Tensão entre as fases B e C do quadro de iluminação QL10052-0. .............................34 Figura 8 – Tensão no quadro de iluminação entre as fases b e c QL10053-0................................35 Figura 9 – Fator de potência da fase B do quadro QL10052-0. ........................................................36 Figura 10 - Fator de potência da fase A do quadro QL10053-0. .......................................................37 Figura 11 – Distorção harmônica total da fase A do quadro QL10052-0. ........................................38 Figura 12 – Distorção harmônica total da fase C do quadro QL10053-0. ........................................39 Figura 13 – Fator de desequilíbrio de tensão entre as fases do quadro QL10052-0. ....................40 Figura 14 – Desequilíbrio de tensão entre as fases do quadro QL10053-0. ...................................40 Figura 15 – Flutuação de tensão na fase C do quadro QL10052-0. .................................................41 Figura 16 – Flutuação de tensão na fase A do quadro QL10053-0. .................................................42 Figura 17 – Onda de tensão do quadro QL10052-0 em um evento de variação de curta duração. ......................................................................................................................................................................43 Figura 18 – Frequência do quadro QL10052-0. ...................................................................................44 Figura 19 – Frequência no quadro QL10053-0. ...................................................................................44 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração. ......................... 24 Tabela 2 - Tempo que a frequência pode permanecer com valor diferente da frequência nominal do sistema. ....................................................................................................... 26 Tabela 3 - Valores de referência para os aspectos que descrevem a qualidade de energia elétrica segundo o Prodist (2012). ..................................................................... 27 Tabela 4 - Número de computadores por divisão do 2º piso. ......................................... 30 Tabela 5 - Quantidade de lâmpadas no 2º piso alimentadas pelo QL10052-0............... 30 Tabela 6 - Quadro de cargas do quadro QL10052-0...................................................... 51 Tabela 7 - Quadro de cargas do quadro QL10053-0...................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica DRC – Duração relativa da transgressão de tensão crítica DRP – Duração relativa da transgressão de tensão precária DTT – Distorção harmônica total de tensão FP – Fator de potência Prodist – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional Pst – Severidade de curta duração QEE – Qualidade de energia elétrica TC – Transformador de corrente TP – Transformador de tensão VTCD – Variação de tensão de curta duração SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 1.1 Descrição do Problema 12 1.2 Justificativa 13 1.3 Objetivos 14 2 2.1 2.2 3 MATERIAIS E MÉTODOS Qualidade de energia 15 15 2.1.1 Tensão em regime permanente 16 2.1.2 Fator de Potência 17 2.1.3 Harmônicos 18 2.1.4 Desequilíbrio de tensão 20 2.1.5 Flutuação de tensão 22 2.1.6 Variações de tensão de curta duração 23 2.1.7 Variação de frequência 25 Qualidade de energia do Edifício de Produção 27 2.2.1 Normas e valores de referência 27 2.2.2 Definição dos procedimentos de medição 28 2.2.3 Instrumentos de medição 30 RESULTADOS 33 3.1 Medições realizadas 33 3.2 Análises dos resultados obtidos 33 3.3 3.2.1 Análise da tensão em regime permanente 34 3.2.2 Análise do Fator de Potência 35 3.2.3 Análise das distorções harmônicas de tensão 38 3.2.4 Análise do desequilíbrio de tensão 39 3.2.5 Análise da flutuação de tensão 41 3.2.6 Análise das variações transitórias de curta duração 42 3.2.7 Análise da frequência 43 Soluções dos problemas 45 4 CONCLUSÕES 46 5 REFERÊNCIAS 47 ANEXO A – Quadro de carga dos quadros QL10052-0 e QL10053-0. 51 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 Descrição do Problema O Edifício de Produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu é alimentado pelo serviço auxiliar da usina. Isso significa que uma pequena parte da produção da energia gerada por Itaipu alimenta o Edifício de Produção. As cargas do Edifício de Produção podem ser vistas como cargas típicas de escritórios de Engenharia, o que se resume a vários computadores e lâmpadas fluorescentes. O que não era verdade há anos atrás, já que quando a usina foi construída, por exemplo, a carga de computadores era mínima em relação à dos dias de hoje. Com o avanço da tecnologia houve uma mudança no perfil das cargas elétricas. Junto a isso há uma preocupação em tornar os sistemas elétricos mais confiáveis e por isso há um momento de preocupação não só com o fornecimento da energia, mas também com a qualidade dela. A qualidade da energia elétrica (QEE) é descrita por sete aspectos, segundo os Procedimentos de distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional (Prodist), são eles: tensão em regime permanente, fator de potência, harmônicos, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, variações de tensão de curta duração e variações de frequência. A QEE é de interesse do consumidor já que seus equipamentos podem ser afetados. Por exemplo, equipamentos elétricos alimentados eletronicamente, como computadores, são sensíveis a variações de tensão de curta duração, e ao mesmo tempo responsáveis pelo baixo fator de potência. Surgiu então a necessidade de se conhecer a qualidade da energia elétrica do Edifício de Produção. 13 1.2 Justificativa Este trabalho se justifica pela necessidade de conhecer a QEE do Edifício de Produção. Esta necessidade existe já que o Edifício de Produção vai passar por uma reforma geral, onde revestimentos, móveis e também o sistema de serviço auxiliar elétrico serão trocados. Portanto quadros de força, sistema de iluminação e tomadas serão alterados. Diante dessa mudança surgiu o questionamento sobre a qualidade da energia do Edifício, pois se alguma mudança for necessária, ela deve ser feita preferencialmente na fase de projeto. 14 1.3 Objetivos O objetivo deste trabalho é a análise da qualidade de energia no Edifício de Produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Para chegar ao objetivo final, os tópicos a seguir apresentam os objetivos específicos do trabalho: - Pesquisar os aspectos que descrevem a qualidade de energia elétrica, sendo eles: tensão em regime permanente, fator de potência, harmônicos, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, variações de tensão de curta duração e variação da frequência, de acordo com o Prodist (2012). - Definir um procedimento para medição da qualidade de energia do Edifício de Produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, os aparelhos utilizados e as normas a serem seguidas. - Analisar os valores obtidos nas medições e comparar com os valores de referência das normas adotadas. - Descrever as soluções aplicáveis para os problemas de maior relevância encontrados no Edifício de Produção. 15 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Qualidade de energia Segundo Dugan et al, (2004, p. 3, tradução nossa) a falta de QEE pode ser definida como “qualquer desvio manifestado na tensão, corrente ou frequência que resulte em falha ou operação incorreta do equipamento consumidor”. Os problemas de QEE são causados, principalmente, por equipamentos elétricos ditos não lineares. Apesar de eles estarem submetidos a uma tensão senoidal, a forma de onda da corrente tem distorções. Retificadores de potência e controladores de potência para chuveiros são exemplos de cargas não lineares (BERNARDES, 2003). Outro exemplo de cargas não lineares são as lâmpadas fluorescentes. Elas são muito utilizadas atualmente devido à alta luminosidade e economia. Entretanto, verificase um comprometimento na qualidade da energia nos sistemas aos quais essas lâmpadas estão ligadas: observa-se o surgimento de harmônicas (TORRES et al, 2009). Atualmente, existem equipamentos bastante sensíveis aos distúrbios relacionados à QEE. As fontes chaveadas, por exemplos, são responsáveis por injetar harmônicos na rede e ao mesmo tempo sensíveis à falta da QEE. A QEE é normatizada pelos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – Prodist. A Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel reuniu várias referências nesse documento. Atualmente, o Prodist é dividido em nove módulos e uma cartilha e tem o objetivo de normatizar e padronizar as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica (RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 469/2011). O módulo do Prodist que estabelece os procedimentos relativos à QEE é o oitavo. Sua última revisão foi aprovada pela revisão normativa 469/2011. Segundo o Prodist (2011), existem sete aspectos que caracterizam a QEE, são eles: tensão em regime permanente, fator de potência (FP), harmônicos, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, variações de tensão de curta duração e variações de frequência. Esses sete aspectos serão explanados a seguir. 16 2.1.1 Tensão em regime permanente Segundo o Prodist (2011) existe um limite para as variações de tensão para consumidores atendidos em tensão nominal igual ou inferior a 1 kV e outro para consumidores atendidos em tensão maior que 1 kV e menor que 69 kV. Além disso, existe ainda outro limite para a tensão entre concessionárias de energia elétrica. A tensão em regime permanente contratada por consumidores atendidos em tensão nominal igual ou menor a 1 kV é a tensão nominal do sistema. São estabelecidas as seguintes tensões de atendimento: adequadas, precárias e críticas de acordo com a variação da tensão. Para consumidores atendidos em tensão nominal de 220 V uma tensão é considerada adequada quando situada entre 201 e 231 V. Se a tensão atingir valores superiores a 231 V e menores que 233 V, ela é considerada precária da mesma forma para valores entre 189 e 201 V. Já a tensão de atendimento crítica é considerada aquela, que para uma tensão nominal de 220 V, assuma valores superiores a 233 V ou inferiores a 189 V (PRODIST, 2011). A tensão deve ser medida, segundo a norma brasileira, com instrumentos digitais com taxas de amostragem determinadas de 16 amostras/ciclo e a precisão deve ser de 1 % da leitura. O conversor analógico/digital deve ser de 12 bits. As medições devem ser feitas no ponto de conexão entre concessionária e consumidor. A tensão entre todas as fases e entre todas as fases e o neutro devem ser medidas. Necessitam-se de 1008 leituras, feitas em intervalos consecutivos de 10 minutos cada (PRODIST, 2011). A Aneel é responsável por fiscalizar as tensões fornecidas pelas concessionárias aos consumidores. Esta fiscalização é feita através de indicadores individuais. Existem dois indicadores: o da Duração Relativa da Transgressão de Tensão Precária – DRP; e, o da Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica – DRC. O valor máximo permitido do DRP é 3% e do DRC é 0,5% (PRODIST, 2011). A DRP é dada pela razão entre o número de leituras caracterizadas como precárias e o número total de medições. Enquanto a DRC é dada pela razão entre o número de leituras caracterizadas como críticas e o número total de medições. 17 A tensão fora dos limites considerados como adequados pode ser explicada por dois principais fatores: o aumento de carga consumidora e a falta de manutenção no sistema elétrico. O aumento de carga acontece devido ao crescimento demográfico natural em determinado ramal distribuidor. Além disso, consumidores antigos podem aumentar sua carga além do contratado com a concessionária sem comunicação nenhuma. Ou seja, a demanda aumenta sem a devida previsão e projeto. 2.1.2 Fator de Potência Segundo Mamede (2001, p. 176) “o fator de potência pode ser definido como a relação entre o componente ativo da potência e o valor total desta mesma potência”. O fator de potência (FP) é adimensional, já que é dado pela razão entre dois valores de mesma unidade. O FP é calculado utilizando as potências medidas a partir da Equação 1 mostrada abaixo (PRODIST, 2011). √ (1) onde: P é a Potência Ativa e Q a Potência Reativa. Para cargas lineares, o FP também pode ser definido como sendo igual ao cosseno do ângulo de acordo com a Figura 2. Figura 1 - Triângulo Clássico de Potência. FONTE: (LENZ, 2008). onde: S é a Potência Aparente, P é a potência Ativa e Q é a Potência Reativa. 18 Segundo o Prodist (2011) em unidades consumidoras com tensão inferior a 230 kV o FP no ponto de conexão usuário/concessionária deve estar entre 1 e 0,92, indutivo ou capacitivo, considerando que uma carga indutiva consome energia reativa enquanto uma carga capacitiva fornece energia reativa ao sistema. Às unidades consumidoras que tiverem seus FP inferior a 0,92 indutivo ou capacitivo são aplicadas as cobranças estabelecidos nos artigos 96 e 97 da Resolução 414/2010 da Aneel. Essa resolução estabelece as condições gerais de fornecimento de energia (ANEEL, 2010). O FP ideal é igual a uma unidade, isto significa que a carga consome somente energia ativa, que é a que realiza o trabalho. Porém o FP pode ter seu valor diferente 1, devido principalmente a computadores, lâmpadas fluorescentes, transformadores operando a vazio e capacitores ligados nas instalações das unidades consumidoras no período da madrugada (COPEL, 2001). Os efeitos do baixo FP são: solicitação de uma corrente maior para alimentar uma carga com a mesma potência ativa e aumento das perdas devido ao aquecimento dos condutores. Como efeito secundário do baixo FP, tem-se o aumento na queda de tensão, pois com o aumento da corrente as perdas nos condutores são maiores. Ou seja, se o FP for unitário, a tensão de alimentação é a mesma que a da carga, entretanto com um FP menor que uma unidade, para a mesma tensão na carga a tensão de alimentação deve ser maior. 2.1.3 Harmônicos Um harmônico é um sinal senoidal, cuja frequência é múltiplo inteiro da frequência fundamental (PROCOBRE, 2001). Os harmônicos no sistema elétrico são causados pelas cargas não lineares. No Edifício de Produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu podem ser encontradas cargas não lineares, como por exemplo: fontes chaveadas nos computadores, controladores de iluminação (dimmers) e lâmpadas fluorescentes. Esses dispositivos de eletrônica de potência têm em seus circuitos diodos, transistores e tiristores. Esses componentes funcionam em dois estados: condução e 19 bloqueio. Ou seja, ora permitem a passagem de corrente, ora a bloqueia. Devido aos momentos de interrupção, a tensão deixa de ser senoidal. (MARQUES, HADDAD E MARTINS, 2006). Segundo o Prodist (2011) as distorções causadas na tensão ou na corrente devido aos harmônicos são mensurados através da Distorção harmônica total de tensão (DTT). A DTT é calculada através da Equação 2 abaixo. Para consumidores com tensão nominal inferior a 1 kV essa distorção não pode ser superior a 10%. √∑ (2) onde: é a tensão fundamental do sinal, é a tensão harmônica de ordem e é a ordem harmônica máxima. Para fins de cálculo da DTT, deve ser no mínimo 25 (PRODIST, 2011). Sinais com distorções harmônicas devem ser medidos com instrumentos de valor eficaz verdadeiro (PROCOBRE, 2001). Esses instrumentos são analisadores numéricos onde os sinais analógicos medidos são convertidos em uma sequência de valores numéricos. O algoritmo do instrumento utiliza, geralmente, a Transformada de Fourier para calcular as amplitudes e fases das harmônicas encontradas. A partir disso pode-se calcular a DTT (SCHNEIDER ELECTRIC e PROCOBRE, 2003). O efeito dos harmônicos pode ser percebido nas máquinas elétricas rotativas de corrente alternada e nos transformadores. Os componentes harmônicos na tensão são responsáveis pelas perdas no circuito magnético. Já os componentes harmônicos na corrente elevam as perdas no circuito elétrico. Nas máquinas rotativas o aumento das perdas de uma forma geral, reduzem a eficiência e o torque disponível (DECKMANN e POMILIO, 2006). Outro efeito das harmônicas é a alteração do fator de potência. O FP de um sinal senoidal é dado pelo clássico triângulo de potência. Desta forma, em sinais lineares, o FP é o cosseno de potência é alterado. . Porém, no caso da participação das harmônicas o fator de 20 Existem várias teorias de como as distorções harmônicas alteram o FP, entretanto não há um consenso sobre qual é a mais adequada. O tetraedro de potências, formulado por Budeanu, talvez por sua simplicidade, é o mais usado atualmente (STAROSTA, 2010). A Figura 1 abaixo ilustra de que forma a componente referente às harmônicas altera o ângulo o FP, fazendo com que esse seja igual a cosseno de . Figura 2 - Tetraedro de potência por Budeanu (1927). FONTE: (STAROSTA, 2010). onde: Q é a Potência Reativa; S a Potência Aparente; P a Potência Ativa; H a componente harmônica; harmônica; o ângulo do fator de potência sem a componente o ângulo do fator de potência com a componente harmônica; e, o deslocamento angular devido à componente harmônica. É possível perceber, a partir da Figura 2, que a componente harmônica faz com que o ângulo do fator de potência seja maior, ou seja, torna o FP menor. 2.1.4 Desequilíbrio de tensão O Desequilíbrio de tensão é medido através dos componentes simétricas de um sistema elétrico. As componentes simétricas podem ser de sequência positiva, negativa ou zero. Os valores de sequência positiva estão presentes durante condições trifásicas equilibradas. Já os de sequência negativa medem a quantidade de desbalanço do 21 sistema. Enquanto as grandezas de sequência zero estão associadas a condições de desbalanço em relação à terra (SEL, 2011). Em um sistema trifásico balanceado, na sequência de fase positiva, a diferença angular entre a tensão de cada fase é de 120º. Sendo a fase A a referência, com ângulo zero, a fase B com ângulo de -120º e a fase C com ângulo de 120º. Um sistema com desbalanço ou desequilíbrio de tensão é aquele que têm módulo de tensão desigual entre fases ou defasagem diferente de 120º entre fases (PEREIRA, LIMA e CANHA, 2009). Segundo o Prodist (2011) o cálculo do desequilíbrio de tensão percentual FD% é feito através da Equação 3. (3) onde: é a magnitude da tensão de sequência negativa, é a magnitude da tensão de sequência positiva. As componentes simétricas podem ser medidas através de transformadores de tensão (TC). A componente de sequência negativa é medida com a conexão de dois TPs entre as fases A e B e B e C. A componente de sequência positiva é medida através de dois TPs entre as fases A e C e C e B. Já a de sequência zero é medida através de três TPs conectados em Y-Delta. As tensões de linha obtidas através das medições dos TP são manipuladas matematicamente para obtenção das componentes simétricas (SEL, 2011). Ainda de acordo com o Prodist (2011), o desequilíbrio de tensão percentual também pode ser calculado utilizando a Equação 4. Essa equação garante o mesmo resultado da Equação 3. Entretanto, utilizam-se as tensões de linha, já que nem sempre se conhece as tensões de sequência positiva e negativa. √ √ √ (4) 22 Sendo: ( onde: é a tensão de fase eficaz entre as fases entre as fases e e (5) ) e , é a tensão eficaz entre as fases é a tensão de fase eficaz e . As origens do desequilíbrio de tensão estão basicamente nos sistemas de distribuição. As cargas monofásicas distribuídas de forma desigual entre as fases de uma alimentação trifásica, curto nos enrolamentos de transformadores e atuação de dispositivos de proteção causam desequilíbrio de tensão (STAROSTA, 2012a). Entre os problemas causados em motores, devido ao desequilíbrio de tensão, destaca-se a redução do rendimento da máquina devido ao aumento das perdas no cobre do estator e do rotor e nas perdas no ferro (MACHADO, 2008). Além disso, se o desequilíbrio de tensão for significativo, os relés de proteção podem atuar (REZENDE e SAMESIMA, 2012). Segundo o Prodist (2011), o desequilíbrio de tensão percentual deve ser igual ou inferior a 2%. Já segundo o Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) em sua norma 446/1995, o FD% deve ser inferior a 2,5%. 2.1.5 Flutuação de tensão Segundo Macedo (2009, p. 64) “as flutuações de tensão podem ser definidas como variações repetitivas ou esporádicas do envelope da onda de tensão”. A principal consequência da flutuação de tensão é a cintilação luminosa. Essa cintilação é caracterizada pela variação da intensidade luminosa produzida por uma lâmpada (HANZELKA e BIEN, 2006). Segundo Deckmann e Pomilio (2010), o olho é capaz de perceber a variação luminosa de uma lâmpada a partir de uma variação brusca de tensão de 0,2% da tensão nominal. Se essa variação for repetida constantemente ou então for maior que 0,2%, esta percepção torna-se incômoda ao ser humano. A Figura 3 ilustra como uma 23 pequena variação na tensão provoca uma grande variação no fluxo luminoso de uma lâmpada. Figura 3 - Variação no fluxo luminoso resultante de uma variação de tensão. FONTE: (HANZELKA e BIEN, 2005). A Aneel segue as recomendações da norma 61000-4-15 da International Electrotechnical Commission (IEC) para normatizar a flutuação de tensão. Segundo a IEC 61000-4-15 a flutuação de tensão é quantificada através da medição e análise da cintilação luminosa por meio de algoritmos que simulam a reação filamento-olhohumano a variações de fluxo luminoso por meio de uma variável chamada Severidade de curta duração (Pst). A Pst deve ser inferior a 1%. A flutuação de tensão em indústrias é causada principalmente por fornos a arcos (STAROSTA, 2012b). Em residências e comércios, os principais responsáveis pela flutuação de tensão são os compressores de ar, chuveiros e fornos elétricos (DECKMANN e POMILLIO, 2010). 2.1.6 Variações de tensão de curta duração A Variação de Tensão de Curta Duração (VTCD) é um evento no qual o valor eficaz da tensão sofre um desvio por um curto intervalo de tempo. A VTCD refere-se à tensão entre fase e neutro. 24 A tensão pode variar para valores maiores ou menores em relação ao valor nominal. Quanto à duração, a VTCD pode ser momentânea ou temporária. Desta forma, as variações de tensão estão divididas em: interrupção momentânea de tensão, afundamento momentâneo de tensão, elevação momentânea de tensão, interrupção temporária de tensão, afundamento temporário de tensão, elevação temporária de tensão (PRODIST, 2011). Essa classificação é mostrada na Tabela 2 abaixo. Tabela 1 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração. Classificação Denominação Duração da Variação Amplitude da tensão (valor eficaz) em relação à tensão de referência Interrupção Momentânea de Tensão Inferior ou igual a três segundos Inferior a 0,1 p.u. Variação Afundamento Superior ou igual a um Momentânea Momentâneo de ciclo e inferior ou igual a de Tensão Tensão três segundos Elevação Superior ou igual a um Momentânea de ciclo e inferior ou igual a Tensão três segundos Variação Temporária de Tensão Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u Superior a 1,1 p.u. Interrupção Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a três minutos Afundamento Temporário de Tensão Superior a três segundos Superior ou igual a 0,1 e e inferior ou igual a três inferior a 0,9 p.u minutos Elevação Superior a três segundos Temporária de e inferior ou igual a três Tensão minutos FONTE: (PRODIST, 2011). Inferior a 0,1 p.u. Superior a 1,1 p.u. Para medir a VTCD é necessário conhecer o valor eficaz da tensão verdadeiro, calculado a partir da média quadrática dos valores instantâneos da tensão. Esses valores devem ser medidos em no mínimo meio ciclo e no máximo um ciclo (MAIA, 2011). A medição das variações de tensão devem ser feitas com grande taxa de amostragem, já que é um fenômeno transitório. 25 As principais causas da variação de tensão, segundo Martinho (2009), são a energização e desenergização de cargas elevadas, curto circuitos entre fase e terra e dispositivos de regulação de tensão. Os efeitos da VTCD são falhas em equipamentos devido à falta de tensão de alimentação, reinicialização de controladores e acionamento de relés de subtensão. 2.1.7 Variação de frequência A variação da frequência de um sistema é o desvio no valor da frequência fundamental, no caso do Brasil, 60 Hz. A causa da variação de frequência está relacionada ao desequilíbrio entre carga e geração. Quando o sistema está em equilíbrio, a potência gerada é igual à potência consumida. Caso ocorra um brusco aumento na carga, a geração será inferior à carga. Desta forma, a carga adicional será suprida pela energia cinética das massas girantes do sistema, já que a inércia dos geradores não permite que a geração aumente instantaneamente. Ao utilizar-se a energia cinética das massas girantes, a velocidade de rotação das máquinas diminui e, consequentemente, a frequência também (VIEIRA, 1984). Da mesma maneira, caso ocorra uma brusca diminuição na carga, causada pela queda de uma linha de transmissão, por exemplo, a geração será maior que a carga. Então a frequência será maior que a nominal, até que o equilíbrio entre carga e geração seja atingido novamente (VIEIRA, 1984). Segundo o Prodist (2011) em condições normais de operação do sistema a frequência deve estar entre 59,9 e 60,1 Hz. A frequência deve retornar a faixa de 59,5 Hz e 60,5 Hz, caso saia dessa faixa, em até 30 segundos para permitir a recuperação do equilíbrio carga-geração. Caso seja necessário um corte de geração ou de carga, a frequência tem um tempo máximo para permanecer em determinados valores, visando o reestabelecimento do equilíbrio carga-geração. A Tabela 2 indica esses valores e o tempo máximo permitido em que o sistema pode operar com aquela frequência (PRODIST, 2011). 26 Tabela 2 - Tempo que a frequência pode permanecer com valor diferente da frequência nominal do sistema. Tempo que pode permanecer 59,9 Hz ≤ f ≤ 60,1 Regime permanente F > 66 Hz Não pode f > 62 Hz 30s f > 63,5 Hz 10 s f < 58,5 Hz 10s F < 57,5 Hz 5s f < 56,5 Hz Não pode FONTE: (PRODIST, 2011). Frequência (f) As variações de frequência são pouco percebidas pelos consumidores residências e comerciais, já que sistemas interligados, como é o brasileiro, operam sincronizados e suas capacidades de absorção das variações de carga se somam. Desta forma, uma grande variação de carga é dividida entre os geradores ligados ao sistema. A energia cinética que atenderá essa variação será dividida entre todos os geradores com reserva girante, de forma proporcional as suas capacidades (DECKMANN e POMILIO, 2010). Entretanto, indústrias que possuem grandes cargas, como motores ligados ao seu sistema, podem perceber a variação de frequência no momento de partida dos mesmos, devido à alta corrente solicitada nesse momento. As medições de frequência através de instrumentos digitais são feitas através de uma contagem de ciclos por um determinado tempo. Por exemplo, se o sinal a ser medido for de 60 Hz, em 0,1 segundos são contados 6 ciclos. Então o display apresenta essa contagem com um fator de multiplicação de 10. Como a frequência pode mudar constantemente, apenas uma amostra não é o suficiente (BRAGA). 27 2.2 Qualidade de energia do Edifício de Produção O Edifício de Produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu está situado no meio da barragem principal na cota 144. O Edifício tem sete pavimentos, sendo uma cobertura e um térreo. O Edifício pode ser visto como um escritório de Engenharia, tendo como principais cargas computadores, impressoras e lâmpadas. Em cada andar do edifício existe uma copa, onde há uma geladeira, um forno microondas, uma chapa elétrica e um exaustor. Além disso, cada andar do edifício conta com salas de reuniões, alguma delas com dimmers. A QEE será medida a partir de amostras. As seções a seguir explicam de que forma essas amostras foram obtidas. 2.2.1 Normas e valores de referência Os valores de referência adotados são apresentados na Tabela 3 abaixo. Os motivos da escolha do ponto de medição serão apresentados abaixo. Tabela 3 - Valores de referência para os aspectos que descrevem a QEE segundo o Prodist (2011). Aspecto Adequada Precária Crítica 189 V ≤ T < 201 V T < 189 V ou ou 231 V ≤ T < T > 233 V 233 V Tensão em regime permanente 201 V ≤ T ≤ 231 V Fator de potência 0,92 < FP< 1 - - Harmônicos THD ou DTT ≤ 10% - - Desequilíbrio de Tensão FD ≤ 2% - - Flutuação de tensão Pst < 1 %. - - Variação de tensão de curta duração - - - 28 Variação de frequência 59,9 Hz ≤ F ≤ 60,1 Hz - - 2.2.2 Definição dos procedimentos de medição A usina hidrelétrica de Itaipu tem 20 unidades geradoras, sendo que 10 unidades operam na frequência utilizada no Brasil, 60 Hz e 10 unidades operam na frequência utilizada no Paraguai, 50 Hz. O Edifício de Produção á alimentado com tensão em 60 Hz e 50 Hz. Isto significa que metade das cargas do Edifício são alimentadas por quadros com frequência de 50 Hz e a outra metade é alimentada por quadros com frequência de 60 Hz. As medições deste trabalho serão feitas nos quadros alimentados por tensão com frequência de 60 Hz. Os quadros de iluminação e toamdas CLF-15 e CLF-16 e o quadro CLF-18, de tomadas de equipamentos de informática são alimentados com frequência de 60 Hz, como ilustra a Figura 4. Os quadros CLFs estão localizados na cota 142. 29 Figura 4 - Quadros de iluminação e de tomadas de equipamentos de informática alimentados com frequência de 60 Hz. O quadro CLF-15 alimenta os quadros de iluminação do térreo ao 3º piso, enquanto o quadro CLF-16 alimenta os quadros de iluminação do 3º ao 6º piso. Já o quadro CLF-18 alimenta os quadros de equipamentos de informática do 1º ao 5º piso. Como as cargas são típicas, optamos por medir um quadro de iluminação e um quadro de tomadas de equipamentos de informática do 2º piso. Escolhemos o 2º piso por ser um andar que tem todas as cargas básicas, sem a reprografia como o primeiro piso, ou a sala de informática como o terceiro piso. Além disso, com o objetivo de possuir informações complementares e de comparar se os valores obtidos nos QLs são boas amostras, os quadros CLF-15 e CLF18 também foram medidos. Os aspectos de QEE desses painéis só serão apresentados 30 caso seja necessário avaliar algum possível problema encontrado, por isso maiores detalhes sobre essa medição não serão apresentados. Através de um levantamento de carga obteve-se as Tabelas 4 e 5 que indicam a quantidade de computadores por área e a quantidade de luminárias do 2º piso alimentados pelo QL10052-0. Tabela 4 - Número de computadores por divisão do 2º piso. Nº de Nº de Local computadores computadores SMMG.DT 26 SMMA.DT 12 SMM.DT 15 SMME.DT 19 SOPG.DT 9 SMMU.DT 19 SO.DT 5 SMMC.DT 4 SOP.DT 2 SMMT.DT 11 SOPC.DT 8 TOTAL 130 Local Tabela 5 - Quantidade de lâmpadas no 2º piso alimentadas pelo QL10052-0. Quantidade de lâmpadas 2x20W 1x40W 3 6 2x40W 3x40W Total de lâmpadas de 40 W 15 156 FONTE: (ITAIPU, 2012). 504 Total de lâmpadas de 20 W 6 Os quadros a serem medidos, o QL10052-0 e o QL10053-0, são alimentados pelo CLF-15 e pelo CLF-18 respectivamente. O Anexo A apresenta o quadro de carga dos quadros QL10052-0 e QL10053-0. 2.2.3 Instrumentos de medição Para as medições dos quadros QL10052-0 e QL10053-0 foi utilizado o Analisador de Qualidade de Potência e Energia Trifásico da marca Fluke e modelo 435II. Esse instrumento pertence à Itaipu Binacional e foi disponibilizado e operado pela Divisão de Laboratório (SMIL.DT). Esse instrumento foi utilizado por ser capaz de medir os sete aspectos de QEE descritos na revisão bibliográfica. Além disso, era necessário um instrumento com 31 memória o suficiente para realizar uma medição a cada 10 minutos durante uma semana, como pede a norma. O instrumento segue a norma EN50160 para aspectos de QEE e não o Módulo 8 do Prodist, como este trabalho. Como as duas normas tem grande similaridade, optouse pela utilização desse aparelho. O instrumento deve ser ligado às alimentações dos quadros a serem analisados através de alicates amperímetros, para medir aa correntes, e pinças, para medir as tensões, como ilustra a Figura 5. A partir dessas informações coletadas com a devida taxa de amostragem, o instrumento calcula os aspectos de QEE. Figura 5 - Ligação do Fluke 435-II em um sistema trifásico. FONTE: (FLUKE CORPORATION, 2012). Para a realização das medições, o instrumento deve ser configurado, para que se escolham quais parâmetros devem ser medidos, a taxa de amostragem e o tempo de duração da medição. Quanto menor o intervalo entre as medições, por menos tempo o equipamento terá capacidade de armazená-las. Quanto ao sistema de amostragem, o Fluke 435-II tem um conversor de 16 bits e sua máxima taxa de amostragem é de 200.000 amostras por segundo, no modo transitório (FLUKE CORPORATION, 2011). Os fenômenos transitórios são visualizados através de “fotos” da onda no momento em que a variação ocorrer. O Fluke 435-II mede transitórios na tensão de no 32 mínimo 5 microssegundos de duração e até 6 kV de amplitude. Ao perceber uma variação transitória na tensão o instrumento salva uma janela de quatro ciclos da onda de tensão, um ciclo antes do fenômeno, o ciclo do fenômeno e dois depois (FLUKE CORPORATION, 2012). Para a leitura dos dados obtidos e armazenados no equipamento é necessária a instalação do software próprio, disponível no site da Fluke. A partir desse software é possível exportar os dados para um leitor compatível com o sistema operacional Windows®. O software da Fluke fornece, além dos valores numéricos obtidos nas medições, gráficos de cada parâmetro por ele mensurado. 33 3 RESULTADOS 3.1 Medições realizadas As medições no Edifício de Produção foram feitas em duas etapas: primeiro os aspectos analisados em regime permanente e depois os aspectos caracterizados como transitórios. Devido à falta de espaço entre os cabos que alimentam os painéis QL10052-0 e QL10053-0, localizados no segundo piso, o equipamento teve de ser instalado no CLF15 e 18, na cota 142. Para isso, o equipamento foi ligado aos cabos dos disjuntores nos CLFs responsáveis pela alimentação dos respectivos quadros QLs. As medições dos aspectos de regime permanente referente ao quadro QL100520 foram iniciadas em 08/07/2013 às 16 horas e 40 minutos e duraram 6 dias, 22 horas e 49 minutos. As medições dos aspectos de regime permanente referente ao quadro QL10053-0 foram iniciadas em 16/07/2013 às 15 horas e 31 minutos e duraram 6 dias, 23 horas e 20 minutos. Já as medições dos aspectos transitórios referentes ao quadro QL10052-0 foram iniciadas em 21/08/2013 às 18 horas e 06 minutos e duraram 6 dias e 22 minutos. As medições dos aspectos transitórios referente ao quadro QL10052-0 foram iniciadas em 21/08/2013 às 18 horas e 06 minutos e duraram 6 dias e 22 minutos. 3.2 Análises dos resultados obtidos Após a realização das medições e através do software do instrumento foram analisados todos os dados obtidos. Nos casos em que o aspecto de QEE era medido por fase ou entre fases, somente o caso que teve os valores mais perto dos limites será apresentado, apesar de os valores serem similares em todas as fases. 34 3.2.1 Análise da tensão em regime permanente Considerando que a tensão nominal é 220 V, a tensão do Edifício de Produção não deveria ser maior que 231 V ou ser inferior a 201 V para que fosse considerada adequada. A Figura 6 representa o gráfico da tensão entre as fases B e C do quadro QL10052, de iluminação, durante aproximadamente uma semana. Figura 6 – Tensão entre as fases B e C do quadro de iluminação QL10052-0. A tensão não é menor que 220 V e não ultrapassa 228 V em nenhum momento das medições. Mantendo-se dentro dos limites adotados. A Figura 7 representa a tensão entre as fases B e C do quadro QL10053-0, de alimentação de equipamentos de informática. 35 Figura 7 – Tensão entre as fases B e C no quadro QL10053-0. No quadro QL10053-0 a tensão fica entre 224 e 238 V, passando a maior parte do tempo acima do limite considerado como adequado. Acima do limite adequado, existe o limite precário, no qual a tensão pode atingir até 233 V. E por fim, acima de 233 V, a tensão de alimentação é considerada crítica. Podemos perceber que a tensão permanece crítica em aproximadamente 50% das medições. Analisando as medições do quadro responsável pela alimentação do quadro QL100530, o CLF-18, foi possível notar que a tensão já tinha esses valores elevados desde lá. Portanto, sabendo que transformador que alimenta o quadro CLF-18 possui tap regulador, sugere-se a alteração do tap para que a tensão no quadro QL10053-0 mantenha-se dentro dos limites padronizados. 3.2.2 Análise do Fator de Potência Segundo a revisão bibliográfica, para que o FP seja considerado adequado, ele deveria estar entre 0,92 e 1,0, indutivo ou capacitivo. A Figura 8 apresenta os valores do FP da fase B do quadro QL10052-0. 36 Figura 8 – Fator de potência da fase B do quadro QL10052-0. Para o quadro QL10052-0 o FP fica entre 0,95 e 1,0 na maior parte do tempo. Em dois momentos ocorrem picos, quando o FP chega a 0,65. Esses picos ocorrem na sexta-feira e no sábado, em torno das 20 horas. Nesse horário a Itaipu oferece um passeio turístico chamado “Iluminação Monumental da Barragem”, como o próprio nome diz, um espetáculo de luzes apresenta a barragem de Itaipu aos visitantes. No momento que antecede a apresentação, toda carga de iluminação é desligada para que seja religada junto com os holofotes que iluminarão a barragem. Essa carga representa praticamente toda a demanda desse quadro. Pois o QL10052-0 tem uma corrente em torno de 35 A normalmente e no momento em que a carga de iluminação é desligada, a corrente cai para aproximadamente 0,5 A. Nesse momento o FP cai para 0,65. Porém, como a carga responsável por esse FP não representa o quadro analisado como um todo, a sua correção não se faz necessária. A Figura 9 apresenta o FP da fase A do quadro QL10053-0. 37 Figura 9 - Fator de potência da fase A do quadro QL10053-0. No QL10053-0 O FP fica entre 0,65 e 0,9, sempre abaixo dos limites considerados como adequados. Os momentos de pico superior aconteceram no horário comercial, enquanto os menores FP ocorreram fora do expediente comercial do edifício. Como pode ser observado os piores valores medidos do FP aconteceram nos dias 4 e 5, que foram respectivamente, sábado e domingo. O baixo FP tem origem no tipo da carga, em sua grande maioria computadores, com fontes chaveadas. A sazonalidade dos valores do FP coincide com o horário de expediente, considerando que os muitos equipamentos são desligados no final do dia, ou mesmo entram em stand by. O motivo para tal sazonalidade pode ser averiguada em um trabalho futuro, através do levantamento das cargas seguido por um estudo de como as mesmas alteram o FP. Analisando as medições do quadro de alimentação CLF-18 foi possível notar que o FP do quadro QL10053-0 não segue o perfil do quadro de alimentação. Portanto, o QL10053-0 não pode ser usado para representar, de maneira geral, todos os quadros que alimentam equipamentos de informática do Edifício de Produção, quando o aspecto a ser analisado for o fator de potência. 38 3.2.3 Análise das distorções harmônicas de tensão As distorções harmônicas de tensão são medidas através do índice DTT, sendo o limite máximo de 10%. A Figura 10 apresenta os valores da DTT da fase A do quadro QL10052-0. Figura 10 – Distorção harmônica total da fase A do quadro QL10052-0. A distorção chega a valores pouco maiores que 1%, o que não chega nem perto do limite de 10%. A Figura 11 apresenta as distorções harmônicas encontradas na fase C do quadro QL10053-0. 39 Figura 11 – Distorção harmônica total da fase C do quadro QL10053-0. A distorção harmônica encontrada no quadro QL10053-0 atinge o dobro do valor máximo encontrado no quadro de iluminação, porém não chega a atingir o limite de 10% adotado. Além disso, a menor DTT aconteceu durante o final de semana. Através da comparação dos dois quadros é possível notar que as lâmpadas fluorescentes utilizadas injetam em torno de 50% de harmônicos quando comparado aos injetados pelos computadores do Edifício. 3.2.4 Análise do desequilíbrio de tensão O FD deve ser inferior a 2%. A Figura 12 apresenta os valores de FD para as medições realizadas no quadro QL10052-0. 40 Figura 12 – Fator de desequilíbrio de tensão entre as fases do quadro QL10052-0. O parâmetro FD se manteve menor que 0,03 %, mantendo-se, portanto, dentro dos limites adotados. A Figura 13 apresenta os valores de FD para ao quadro QL10053-0, durante as medições. Figura 13 – Desequilíbrio de tensão entre as fases do quadro QL10053-0. 41 O FD mantem-se entre 0,01 e 0,04 %. Entretanto, apesar de que o FD desse quadro seja maior que o do QL10052-0, o desequilíbrio de tensão quadro ainda está longe do limite de 2%. 3.2.5 Análise da flutuação de tensão A flutuação de tensão deve ser analisada de acordo com a severidade de curta duração (Pst). A Pst considerada adequada é aquela que se mantem menor que 1 %. A Figura 14 apresenta os valores de Pst medidos na fase C do quadro QL10052-0, durante a análise de QEE do Edifício de Produção. Figura 14 – Flutuação de tensão na fase C do quadro QL10052-0. Apesar do pico de quase 0,8%, a Pst se manteve menor que o limite adotado neste trabalho. A Figura 15 apresenta os valores da Pst na fase A do quadro QL10053-0. 42 Figura 15 – Flutuação de tensão na fase A do quadro QL10053-0. Apesar dos três grandes picos de Pst, ela ainda se mantem dentro dos limites, já que a norma aceita a rejeição de 5% dos valores medidos. 3.2.6 Análise das variações transitórias de curta duração As VTCD podem ser divididas em seis tipos, de acordo com a duração, magnitude e, além disso, entre afundamento ou elevação. Os equipamentos de medição, de acordo com as normas, retornam “fotos” da onda no momento da VTCD. A Figura 16 apresenta a foto da onda de tensão do quadro QL10052-0 no momento de uma variação considerada a pior dentre os 31 eventos que ocorreram na semana de medições. 43 Figura 16 – Onda de tensão do quadro QL10052-0 em um evento de variação de curta duração. Quanto à magnitude das variações, a fase A (azul) sofre vários afundamentos, onde a tensão fica entre 0,9 e 1 pu, a fase C (vermelha), assim como a fase B (preta), sofre afundamentos e elevação, quando a tensão atinge valores superiores a 1,1 pu. Quanto à duração da VTCD, todas são inferiores a 3 segundos, portanto, são classificadas como momentâneas. Não há valores de referência determinados nas normas brasileiras aos quais esse aspecto de QEE deve ser comparado. No quadro QL10053-0, não foi encontrada nenhuma VTCD. 3.2.7 Análise da frequência A frequência nominal do sistema medido é de 60 Hz. Portanto, segundo a norma, e ssa frequência deve estar entre 59,9 e 60,1 Hz. A Figura 17 apresenta os valores de frequência do quadro QL10052-0. 44 Figura 17 – Frequência do quadro QL10052-0. A frequência se mantem dentro dos limites adequados apesar de se aproximar bastante deles. A Figura 18 apresenta a frequência no quadro QL10053-0. Figura 18 – Frequência no quadro QL10053-0. 45 A frequência nesse quadro se afasta menos de 60 Hz que a frequência do quadro de iluminação, mantendo-se entre 59,92 e 60,06 Hz. Portanto, apesar de a maioria dos aspectos de QEE apresentar-se pior no quadro QL10053-0, a frequência se mantem mais perto da normalidade no mesmo. 3.3 Soluções dos problemas Através da análise das medições da QEE do Edifício de Produção é possível concluir que a energia no edifício tem boa qualidade, uma vez que apenas dois dos parâmetros, o fator de potência e a tensão, de um dos quadros medidos apresentaram valores maiores que os limites considerados adequados. Para resolver o problema do baixo FP no painel QL 10053-0 podem ser utilizados capacitores. Apesar de existirem harmônicas na rede, essas são muito baixas, e portanto, não implicam na utilização de filtros. As harmônicas serão consideradas um problema na correção do FP com capacitores caso a distorção harmônica total seja superior a 5% (WEG, 2009). No painel em questão esse parâmetro foi inferior a 2%. Além do fator de potência, o segundo aspecto de QEE que excedeu os limites adotados foi a tensão em regime permanente do quadro QL10053-0. A regulação do tap do transformador que alimenta o quadro CLF-18 é a solução para esse problema. 46 4 CONCLUSÕES Através das medições realizadas foi possível identificar e analisar quais problemas relacionados à QEE existem no Edifício de Produção da Itaipu Binacional. Além disso, foi possível concluir que os quadros QL10052-0 e QL10053-0 do segundo piso, escolhidos para as medições, representam as cargas básicas do Edifício de Produção quando o aspecto a ser analisado não for o fator de potência. Pois somente esse aspecto de QEE não teve o mesmo perfil que os observados nos seus respectivos quadros de alimentação CLF-15 e CLF-18. Apesar de dois aspectos de QEE terem excedido os limites aceitáveis, podemos afirmar que a energia do Edifício de Produção tem boa qualidade. Já que os outros cinco aspectos analisados apresentaram valores dentro dos limites adotados. Entre os aspectos que passaram dos limites, está a tensão em regime permanente do quadro QL10053-0. Como visto, o quadro de alimentação CLF-18 também está com a tensão em torno de 230 V. Portanto, para que a tensão no quadro QL10053-0 se mantenha em 220 V é necessário o ajuste do tap do transformador do quadro CLF-18. O outro aspecto que passou dos limites aceitáveis foi o FP do quadro QL100530, mantendo-se em torno de 0,7, além disso, os piores valores aconteceram no final de semana. As cargas alimentadas por esse quadro são equipamentos de informática como computadores, monitores, impressoras e multifuncionais. Sabe-se que esses equipamentos, se não compensados, podem ser responsáveis pelo baixo FP, devido as suas fontes chaveadas. Entretanto, para conhecer os motivos do FP atingir seus piores valores no final de semana seria necessária uma análise detalhada das cargas desse painel e de que forma esse tipo de carga afeta esse aspecto de QEE em específico. Após conhecer a QEE desses quadros do Edifício de Produção fica a sugestão para que, em trabalhos futuros, seja feita a análise das cargas do quadro QL10053-0 e, além disso, um estudo a fim de definir como as cargas alimentadas por esse painel podem afetar o FP. 47 5 REFERÊNCIAS ANEEL. Procedimentos de distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional: Módulo 8 – Qualidade de Energia Elétrica. Resolução normativa nº 469/2011. BRAGA, N. C. O são frequencímetros. Instituto Newton C. Braga. [S. l], 2011. Ins133. Disponível em: <http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/instrumentacao/108artigos-diversos/2747-ins133>. Acesso em: 03/10/2013. COPEL. Fator de potência: Como transformá-lo em um fator de economia. [S. l.], 2001. 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Bloco U10 – pisos 1º ao 6º - 60 Hz – Quadros de iluminação – Diagrama de blocos. Foz do Iguaçu, 2007. Documento nº: 6701-DC-15220-P. 48 ITAIPU BINACIONAL. Sistema de arquivo técnico. Bloco U10 – pisos 1º ao 6º - 50 Hz – Quadros de iluminação – Diagrama de blocos. Foz do Iguaçu, 2007. Documento nº: 6701-DC-15221-P. ITAIPU BINACIONAL. Sistema de arquivo técnico. Iluminacion Edificio de operaciones – 2do. Piso - Cuadro auxiliar de iluminacion principal - Diagrama electrico QL10052-0. Foz do Iguaçu, 2012. Documento nº: 6701-DC-15212-E. ITAIPU BINACIONAL. Sistema de arquivo técnico. Serviços auxiliares de corrente alternada – 60 Hz – Quadro de iluminação para alimentação de equipamentos de informática – CLF17. Foz do Iguaçu, 2004. Documento nº: 6708-DF-A6493-P. LENZ, A. L. Correção do fator de potência. São Paulo: [s. n.], 2008. LEONARDO POWER QUALITY INITIATIVE. Guia de aplicação de qualidade de energia: Distúrbios de tensão – Cintilamento. Polônia, 2006. 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Disponível em: <http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/58-artigos-e-materiasrelacionadas/254-lampadas-fluorescentes-e-distorcoes-harmonicas-eficienciaenergetica-e-qualidade-de-energia.html>. Acesso em: 03/10/2013. 50 VIEIRA Jr. X. Operação de sistemas com controle automático de geração. Rio de Janeiro: Campus, 1984. WEG. Manual para correção do fator de potência. [S. l.], 2009. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-correcao-do-fator-de-potencia-958-manualportugues-br.pdf>. Acesso em: 28/11/2013. 51 ANEXO A – Quadro de carga dos quadros QL10052-0 e QL10053-0. Tabela 6 - Quadro de cargas do quadro QL10052-0. Número do circuito T16 T18 T26 T20 44 46 48 50 52 54 56 58 T60 CE T24 T28 T14 66 36 38 40 42 62 60 QL10052-0 Quantidade de lâmpadas Potência 2x20W 1x40W 2x40W 3x40W total (VA) 66VA 136VA 110VA 242VA 2200 2200 792 2200 12 2904 8 1936 10 2420 2 1936 2 1936 11 2662 12 2904 12 2904 2500 300 2200 1500 2200 8 1936 11 2662 12 1904 12 2904 12 2904 12 2904 8 1936 64 3 6 T30 TOTAL 3 6 15 2664 2500 15 156 53508 FONTE: (ITAIPU, 2005). Finalidade Tomadas Tomadas Triturador Tomadas Ilum. Escritório - U10/U11 Ilum. Escritório - U11 Ilum. Escritório - U11 Ilum. Escritório - U11 Ilum. Escritório - U11 Ilum. Circulação - U11 Ilum. Circulação - U11 Ilum. Escritório - U10 Fogão Elétrico Controle Tomadas Cafeteira Tomadas Ilum. Sala de Reunião Ilum. Escritório - U10 Ilum. Escritório - U10 Ilum. Escritório - U10 Ilum. Escritório - U10 Ilum. Escritório - U9 Ilum. Circulação - B9A Ilum. Copa, Shaft, Sanit., Ar condicionado U10 Fogão Elétrico 52 Tabela 7 - Quadro de cargas do quadro QL10053-0. QL10053-0 Nº do circuito Tomadas 127/220 V - 800 W TI2 TI4 TI6 TI8 TI10 TI12 9 9 9 9 9 9 Potência máxima (VA) Finalidade 7620 Tom. de alim. equip. informática 7620 Tom. de alim. equip. informática 7620 Tom. de alim. equip. informática 7620 Tom. de alim. equip. informática 7620 Tom. de alim. equip. informática 7620 Tom. de alim. equip. informática FONTE: (ITAIPU, 2005).