Caso de Sucesso O LADO B DAS EMPRESAS Quando a música é o meio de aproximação das pessoas às empresas há salas de ensaio nos escritórios, bandas compostas por colegas de trabalho, administradores a tocar… há bom ambiente portanto! POR TitiAna Amorim Barroso O Festival Brands Like Bands nasceu há três anos, em Lisboa, pela mão de Fernando Gaspar Barros, por acreditar que no universo da música se encontram respostas para muitos dos actuais desafios das empresas. A história de bandas e músicos que todos nós conhecemos, ou que pelo menos já ouvimos falar, são autênticos manuais de Inovação, Comunicação, Marketing, Gestão de equipas e talentos, resiliência e empreendedorismo para Fernando Gaspar Barros. «Aprendi tanto com o Kotler ou o Peter Drucker como com o Zé Pedro dos Xutos & Pontapés», assegura-nos. O Brands like Bands apresenta-se como o único festival de bandas de empresas 54 Human Resources Portugal Setembro 2016 do mundo. Tendo outra particularidade, todos os anos apoia projectos sociais, associando-se este ano a três causas: Ajuda de Berço, Casa dos Rapazes e Raríssimas. A iniciativa Brands like Bands 2016 arranca em Outubro, com espectáculos no Mercado da Ribeira no dia 1 e 8 e no Hard-Club do Porto a 15 de Outubro, estando envolvidas 13 empresas e são 14 as bandas a palco. No cerne da criação deste projecto estão três ingredientes: «a paixão pela música, onde estes músicos nos demonstram, que não obstante dos seus compromissos profissionais e pessoais, são pessoas que nunca deixaram de continuar com os seus sonhos. Por outro lado promover empresas que fomentam um elevado grau de motivação, envolvimento e de resiliência entre os seus colaboradores. E finalmente, reunir empresas de referência no mesmo espaço, de forma inovadora, criativa e cativante», partilha Fernando Gaspar Barros. O sucesso do Festival foi de tal maneira grande, que na segunda edição já estava o conceito a ser replicado no Porto. Um balanço «francamente positivo, (…) quando recebemos, também, contactos de empresas que estão fora de Portugal e que estão interessadas em vir pela primeira vez ao nosso País através deste evento, quando temos uma diversidade tão grande de empresas, de várias dimensões e áreas de negócio, nacionais e multinacionais, quando vemos, por exemplo, empresas como a Siemens e Liberty ligarem-se por via das suas bandas, que se conheceram no Festival, quando conseguimos dentro das empresas ligar diferentes gerações, etnias, géneros, talentos e funções, representativos de todas as dimensões da organização e quando vemos o impacto positivo nas causas e organizações que apoiamos não podemos deixar de sentir algum orgulho», conta. Caso de Sucesso 3 PERGUNTAS A… Fernando Gaspar Barros R O Brands like Bands assume-se como o único festival de Bandas de Empresas no mundo e vai para a 4.ª edição. Como nasceu o projecto e com que intuito? No início, algumas das empresas com as quais trabalhamos, o desbloqueador de conversa era inevitavelmente que havia vários colaboradores que tocavam ou cantavam e outras empresas que diziam mesmo que já tinham uma banda formada. A partir de certa altura começámos a ver que existiam muitas bandas em empresas mas que no entanto só tocavam nos eventos corporativos, nomeadamente na festa de Natal. Foi quando começámos a pensar em reunir várias empresas, de várias áreas de negócio, de uma forma particular e que ainda não tinha sido feito e que de certa forma abrisse também estas mesmas empresas à sociedade, não enquanto empresas de serviços mas enquanto marcas cool. Aproveitando também para que estas se abrissem ao “ecossistema” de cada colaborador, onde com o Festival este tem a oportunidade de apresentar a empresa onde trabalha à sua família e amigos, hipótese que não tem com os eventos internos. O que para a empresa acaba por ser mais uma forma de reforçar os seus laços com os colaboradores. RC omo descreve o Festival? É muito mais que música mas em que esta serve como mote para podermos trabalhar vários pontos como: estratégias de employer branding, iniciativas de energização, dinamização da comunicação, sempre com o objectivo de aproximarmos cada vez mais a empresa das pessoas. RQ ual o segredo deste sucesso? É exactamente esta viagem até ao dia do espectáculo no Festival. No entanto, por vezes, o nosso desafio é fazer perceber que o Festival não é apenas para quem toca é muito mais abrangente que isso. É também para quem não toca e para quem decide se toca ou não, os decision makers, que são os principais patrocinadores destas iniciativas nas empresas. O Festival Brands like Bands nasceu por acreditar que no universo da música se encontram respostas para muitos dos actuais desafios das empresas. Testemunhos AMT BAND – AMT CONSULTING Hugo Pizarro, Partner e CEO 4.ª EDIÇÃO Bandas 2016 Empresas O que significa tocar neste festival? Será mais um motivo para celebrarmos todos juntos e em equipa o apoio à participação da nossa AMT Band, como é hábito na AMT. Por outro lado ajudar a causa da Casa dos Rapazes também nos enche de orgulho. Já existia uma banda interna que surgiu há cerca de ano e meio, e que tem participado em alguns eventos internos da AMT, e ao saber do Festival foi um passo natural para nos associarmos a esta causa. R Airborne – ANA – Aeroportos de Portugal R AMT Band – AMT Consulting R Ar-de-Coro – Grupo Impresa (Norte) R AudioCEiiA – CEiiA R Big Band Siemens – Siemens R Desaffinity – Affinity R Liberty Big Band – Liberty Seguros R Popular Beats – Banco Popular R Popular Crew – Banco Popular Quais os desafios suscitados pela música que ajudam a desenvolver competências úteis para a realidade empresarial? Será mais um motivo para celebrarmos. Numa actividade como a nossa de consultoria de Sistema de Informação, em que é maioritariamente realizada em equipa, a complementaridade, o ritmo, o saber entrar no timming certo, a cadência, entre muitos outros pontos… a música ajuda na competência técnica de entrega das soluções aos nossos clientes. R Roff & Roll – ROFF R The Dudes – Cision R The MERCERnaries – Mercer R The Rolling Stocks – SISCOG R X-Care – Advance Care Até que ponto sente que é influenciado nas suas acções pela música? A música, além de uma forma de arte, é uma construção matemática melodiosa, o que permite a construção ou desconstrução de um exercício sonoro e ajuda no dia-a-dia profissional. Todos somos marcados por várias músicas que ou nos acompanham ao longo da vida ou nos marcaram numa determinada épocas. Hugo Pizarro Partner e CEO da AMT Consulting Human Resources Portugal 55 Caso de Sucesso Que imagem transmite uma empresa que se apresente no festival? Penso que acima de tudo transmite uma imagem de preocupação com a felicidade dos seus colaboradores. Transmite também uma cultura de recursos humanos que assenta não só em resultados, mas na realização dos seus activos mais importantes, as pessoas. Não tenho dúvidas que as marcas participantes são empresas abertas a novas ideias, com uma visão fresca do que é actualmente gerir o talento, e gosto de pensar que o Popular se inclui nesta lista. Carlos Correia CEO da Affinity Testemunhos DESAFFINITY – AFFINITY Carlos Correia, CEO Que vantagens vê no festival Brands Like Bands a título pessoal? Este festival aproxima as pessoas, não só a nível dos colaboradores internos, mas com outras empresas. Esse contacto com outras empresas é fundamental e agrada-me saber que no dia do festival várias empresas (por vezes do mesmo sector) estarão juntas para fazer história, e promover o talento em Portugal. FESTIVAL BANDS LIKE BRANDS Equipa do projecto R Fernando Barros – Gestão de Projecto R Sílvia Pouseiro – Comunicação R Isabel Freire – Web Designer R Ricardo Galrito – Apoio à produção POPULAR CREW E POPULAR BEATS – POPULAR Carlos Alvares, CEO O que significa tocar neste festival? De que forma pode a música ser uma linguagem empresarial? Para esta questão posso dar o exemplo de quando gravámos o videoclipe de Natal, e durante as semanas seguintes, todos os colaboradores andavam ainda a cantarolar a música e a recordar os momentos dos ensaios e da gravação da música. Foi uma experiência fantástica, e deixo o desafio para outras empresas replicarem a iniciativa. Há géneros musicais mais propícios do que outros quanto à motivação, sentimento de pertença ou influência no seio de uma organização? Os géneros musicais escolhidos variam consoante o evento da empresa, ou o tema escolhido para o evento. Tivemos eventos com tons musicais dos anos 20, sixties, anos 80, músicas natalícias, rock, etc. 56 Human Resources Portugal Setembro 2016 Para o Popular é a primeira participação neste Festival e por isso o entusiasmo é grande, as expectativas estão elevadas. Foram essencialmente dois grandes drivers que nos levaram a tomar a decisão para esta primeira participação: o carácter social do projecto e a possibilidade de permitir a vários colaboradores representarem a organização através da música. Acreditamos que colaboradores felizes podem transformar uma organização. A ideia surge da forma que consideramos mais oportuna que é pela mão de um colaborador, o João Tinoco. E quando é assim, quando são os colaboradores a dar-nos a conhecer os seus motivos de interesse, a dar-nos a conhecer como a organização pode contribuir para a sua realização profissional e pessoal consideramos que é um sucesso. No final acabou por ser uma decisão fácil. De que forma a banda melhorou os níveis de motivação de todos os colaboradores da empresa? Temos dado visibilidade ao tema internamente, quer através de concursos para dar nomes às nossas duas Bandas – a Popular Crew e a Popular Beats - quer através de artigos na nossa Newsletter interna. Pela participação neste tipo de concursos diria que o entusiasmo transcende o dos elementos de cada banda. Adicionalmente vamos poder apreciar o talento musical destes colaboradores num concerto interno que estamos a preparar e que tem servido também como uma motivação extra para se superarem. Estes acontecimentos vivem essencialmente do fenómeno de contágio que corporiza a máxima “comportamento gera comportamento”. Carlos Alvares CEO do Popular Caso de Sucesso Tiago Pimentel Head of Marketing & Communications da Mercer Portugal THE MERCERNARIES – MERCER Tiago Pimentel, Portugal Head of Marketing & Communications De que modo surgiu a ideia de integrar o festival Brands Like Bands? A música é universal e tem sido uma linguagem utilizada na Mercer de diversas formas, seja em reuniões de equipa, teambuildings, campanhas internas de promoção de vendas ou mesmo nas festas mas nunca tivemos uma banda associada à empresa. Quando fomos convidados a participar no Festival Brands Like Bands identificámo-nos imediatamente com o conceito, não só por associar o elemento música à empresa, mas também pelo conteúdo de responsabilidade social que o Festival tem. Contudo, embora quiséssemos dizer logo que sim, faltava o mais importante – ter uma banda! A lista de candidatos não foi extensa, algo que já contávamos pelo facto de existir um Festival já agendado – acho que só a ideia assustaria qualquer um – mas conseguimos reunir os elementos base para uma banda. de forma repentina o nosso headcount, fruto de um crescimento muito rápido dos nossos centros de serviços partilhados. Considerámos que seria importante promover uma campanha interna que tinha como objectivos principais aumentar o compromisso das pessoas com a empresa, aumentar o conhecimento de cada um sobre a Mercer. Optámos por “importar” uma ideia de UK, que tinha como mote a expressão “5 a Day”, que estava associada a uma campanha de prevenção de saúde. Acreditávamos que a dinâmica da campanha tinha funcionado e pelo facto de “5 a Day” não dizer muito em Portugal, optámos por mudar o brand da campanha. No ano seguinte lançámos a campanha TOP 10. Com uma estrutura semelhante à campanha anterior, mudámos o conceito base por música e direccionámo-la para a promoção de vendas. Assim, durante 10 semanas os nossos colaboradores foram brindados com versos de músicas conhecidas que promovessem acções que deveriam tomar. A dinâmica foi totalmente diferente e não se falava de outra coisa na empresa se não do TOP 10. No fundo, este exemplo ilustra bem o poder da música no ambiente de trabalho. Organizational Development O que significa participar neste festival? Para mim significa um desafio em termos de trabalho de equipa, de liderança informal, de contribuição para a mudança na forma como apoiamos causas na SISCOG. Esse desafio tem sido estendido a todos os músicos envolvidos, creio. Da parte deles a possibilidade de fazerem, com o apoio da empresa, aquilo de que tanto gostam e a que não podem dedicar-se tanto até por motivos profissionais, tem sido um motivo de satisfação e de realização pessoal, pelo que me têm transmitido. De que modo surgiu a ideia de integrar o festival Brands Like Bands? Apercebemo-nos que tínhamos vários colaboradores com competências musicais que não estavam a ser exercitadas e foi surgindo a ideia de poder constituir um grupo onde se pudessem reunir essas valências. Simultaneamente, a empresa começou a desenvolver o seu projecto de Responsabilidade Social. Foi neste contexto que surgiu o convite do Brands like Bands, que nos permitiu “casar” os dois objectivos e funcionou como um enorme apoio e facilitador. Caiu como ginja no bolo. Que vantagens vê no festival Brands Like Bands para a sua empresa? Um bom músico é um bom profissional? Não acredito que exista qualquer correlação. Certamente se encontrarão evidências que confirmam esta premissa e outras que o negarão. No entanto, e numa perspectiva muito pessoal, acredito que a música ajuda ou pode ajudar na dinâmica de um bom profissional e nas relações profissionais. Vou dar um exemplo que aconteceu na Mercer numa altura em que crescemos THE ROLLING STOCKS - SISCOG Eduarda Ferreira, Head of Eduarda Ferreira Head of Organizational Development da SISCOG Permitir o desenvolvimento de algumas valências dos colaboradores para além do trabalho; as pessoas como tal e não só como trabalhadores; isto eleva o grau de satisfação e envolvimento dos envolvidos, que se pretende ser o mais vasto possível e não apenas o núcleo duro da banda. Poder participar de forma que envolve todos os colaboradores em acções de Responsabilidade Social, e fazê-lo de forma divertida. Human Resources Portugal 57