Universidade Federal de Goiás Regional Catalão - IMTec Disciplina: Álgebra I 01/04/2015 Professor: André Luiz Galdino Gabarito da 3a Lista de Exercícios 1. Seja G = GL(2, IR) o conjunto das matrizes inversíveis 2×2 com entradas reais. Encontre Z(GL(2, IR)). Solução: Para determinar o centro de GL(2, IR), vamos supor que Dessa forma, a matrix a b c d ∈ Z(GL(2, IR)). comuta com TODAS as matrizes pertencentes a GL(2, IR). Em outras palavras, para TODA matrix c d a b a b c d x y z w x y z w ∈ GL(2, IR) temos = x y z w a b c d Donde obtemos, ax + bz ay + bw cx + dz cy + dw = ax + cy bx + dy az + cw bz + dw Note que da igualdade acima devemos ter ⇒ ax + bz = ax + cy bz = cy. Como b, c ∈ IR são fixos e a escolha de y, z ∈ IR é arbitrária, a única forma da igualdade bz = cy ser verdadeira para todo y, z ∈ IR é fazendo b = 0 e c = 0. Daí, consequentemente temos ay + bw = bx + dy ⇒ ay = dy ⇒ a = d. Portanto, o centro de GL(2, IR) é dado por: a 0 : a 6= 0 . Z(GL(2, IR)) = 0 a 2. Prove que se G é um grupo, então Z(G) ⊂ CG (x) para todo x ∈ G. Onde Z(G) é o centro do grupo G e CG (x) é o centralizador de x em G. Pág. 1 de 5 Solução: O centro Z(G) e o centralizador CG (x) são dados respectivamente por: Z(G) = {a ∈ G | a ∗ g = g ∗ a, ∀ g ∈ G} CG (x) = {g ∈ G | x ∗ g = g ∗ x} Para provar que Z(G) ⊂ CG (x), basta provar que para todo a ∈ Z(G) temos que a ∈ CG (x). De fato, se a ∈ Z(G) então a comuta com todos os elementos g de G, ou seja, a ∗ g = g ∗ a. Em particular, uma vez que x ∈ G, temos que a comuta com x, ou seja, x∗a = a∗x. Consequentemente a ∈ CG (x) e, portanto, Z(G) ⊂ CG (x). 3. Seja G um grupo. Prove que G é abeliano se, e somente se, G = CG (x) para todo x ∈ G. Solução: ⇒ Suponhamos que G seja abeliano e provemos que G = CG (x) para todo x ∈ G. Como para todo x ∈ G temos CG (x) ⊂ G, para mostrar que G = CG (x) basta mostrar que G ⊂ CG (x) para todo x ∈ G. Para isto, basta mostrar que ∀g∈G ⇒ g ∈ CG (x), ∀x ∈ G. De fato, como G é abeliano temos ∀g∈G ⇒ x ∗ g = g ∗ x, ∀ x ∈ G ⇒ g ∈ CG (x), ∀x ∈ G. ⇐ Suponhamos agora que G = CG (x) para todo x ∈ G e provemos que G é abeliano. Como G = CG (x) para todo x ∈ G, então G ⊂ CG (x) para todo x ∈ G, ou seja, ∀g∈G ⇒ g ∈ CG (x), ∀x ∈ G ⇒ x ∗ g = g ∗ x, ∀ x ∈ G De outra forma, ∀ g, x ∈ G ⇒ x ∗ g = g ∗ x. Portanto, G é abeliano. 4. Prove que todo grupo cíclico é abeliano. Solução: Dizemos que G é um grupo cíclico gerado pelo elemento a se G = {am | m ∈ ZZ}. Neste caso denotamos G = hai. Pág. 2 de 5 Afirmamos que que todo grupo cíclico é abeliano. De fato, sejam g, h ∈ G, sendo G um grupo cíclico gerado por a. Então g = am e h = an , para algum valor de m e n inteiros. Assim g ∗ h = am ∗ an = am+n = an+m = an ∗ am = h ∗ g. Portanto, o grupo cíclico G é abeliano. 5. Seja G = GL(2, IR) com a multiplicação de matrizes usual. Sendo x = Solução: Devemos determinar CG A= x y z w 1 1 1 1 1 1 1 1 , encontre CG (x). , ou seja, devemos determinar todas as matrizes ∈ GL(2, IR) tal que 1 1 1 1 x y z w = x y z w 1 1 1 1 Donde obtemos, x+z y+w x+z y+w = x+y x+y z+w z+w A igualdade de matrizes anterior nos fornece as seguintes equações: x+z = x+y z = y ⇒ x+z = z+w x = w Logo, A = x y . Lembre-se que: como A = y x 6 0. Portanto, x −y = 2 x y y x ∈ GL(2, IR), então det(A) 6= 0, ou seja, 2 x y 1 1 = | x2 − y 2 6= 0 . C G y x 1 1 6. Seja Q4 = {1, −1, i, −i, j, −j, k, −k}, onde i2 = j 2 = k 2 = ijk = −1. a) Mostre que ij = k, ji = −k, jk = −kj = i e ki = −ik = j. b) Mostre que Q4 é um grupo. c) Mostre que Z = {1, −1} é um subgrupo de Q4 Pág. 3 de 5 Solução: a) Como i2 = −1, j 2 = −1, k 2 = −1 e ijk = −1 temos que: 1) ijk = −1 ⇒ ijk 2 = −k ⇒ −ij = −k ⇒ ij = k. 2) ijk = −1 ⇒ i2 jk = −i ⇒ −jk = −i ⇒ −j 2 k = −ji ⇒ k = −ji ⇒ ji = −k. 3) ijk = −1 ⇒ i2 jk = −i ⇒ −jk = −i ⇒ jk = i. 4) ijk = −1 ⇒ ijk 2 = −k ⇒ −ij = −k ⇒ −ij 2 = −kj ⇒ −kj = i. 5) ijk = −1 ⇒ ijk 2 = −k ⇒ −ij = −k ⇒ −i2 j = −ik ⇒ −ik = j. 6) ijk = −1 ⇒ ijki = −i ⇒ i2 jki = −i2 ⇒ −jki = 1 ⇒ −j 2 ki = j ⇒ ki = j. b) Mostremos que Q4 é um grupo. Primeiramente, note que a operação binária considerada sobre Q4 é a multiplicaç ao e, consequentemente, 1 é o elemento neutro de Q4 . Também pelo item anterior temos que Q4 é fechado, ou seja, para todo a, b ∈ Q4 implica que ab ∈ Q4 . É fácil ver que a propriedade associativa é verdadeira, e das igualdades i2 = −1, j 2 = −1 e k 2 = −1 podemos concluir que i−1 = −i, j −1 = −j e k −1 = −k. Além disso, (−1)−1 = −1. Portanto, Q4 é um grupo. c) É fácil ver que Z = {1, −1} é um subgrupo de Q4 , pois, 1(−1)−1 = −1 ∈ Z (−1)(1)−1 = −1 ∈ Z (−1)(−1)−1 = 1 ∈ Z √ 7. Mostre que E = {a + b 2 ∈ IR∗ | a, b ∈ Q} I é um grupo multiplicativo abeliano. 8. Mostre que se x é um elemento de um grupo G e x ∗ x = x, então x é o elemento neutro. Solução: Como G é um grupo e x ∈ G, então existe um elemento x−1 ∈ G tal que x ∗ x−1 = e. Sendo assim, por um lado temos: x−1 ∗ (x ∗ x) = x−1 ∗ x = e Por outro lado temos: (x−1 ∗ x) ∗ x = e ∗ x = x Uma vez que a operação ∗ é associativa concluimos que a = e. Pág. 4 de 5 9. Se G é grupo e para todo x ∈ G temos x ∗ x = e, então G é abeliano. Solução: Se para todo x ∈ G temos x ∗ x = e, então pela unicidade do elemento inverso temos que x−1 = x. Provemos então que G é abeliano, ou seja, provemos que para todo x, y ∈ G temos que x ∗ y = y ∗ x. Note que: y =e∗y ⇒ y = (x ∗ x) ∗ y ⇒ y ∗ y = y ∗ (x ∗ x) ∗ y ⇒ y ∗ y = (y ∗ x) ∗ (x ∗ y). Como por hipótese y ∗ y = e vem (y ∗ x) ∗ (x ∗ y) = e. Pela unicidade do elemento inverso, temos que: (y ∗ x)−1 = x ∗ y. Além disso, por hipótese temos que (y ∗ x) ∗ (y ∗ x) = e ⇒ (y ∗ x)−1 = y ∗ x Sendo assim, novamente pela unicidade do elemento inverso podemos afirmar que x ∗ y = y ∗ x. Portanto, G é um grupo abeliano. Pág. 5 de 5 Fim do Gabarito