Descrição das informações sobre raiva veiculadas nos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, no período de 2000 a 2002 – Resultados Preliminares DUBUGRAS, Maria Thereza Bonilha1; ACHKAR, Samira. Maria. 2 ; KOTAIT, Ivanete 3 1- Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina - UNIFESP Instituto Pasteur de São Paulo 3 Instituto Pasteur de São Paulo 2 RESUMO A raiva é a zoonose viral mais importante, por sua distribuição mundial e pelas implicações na saúde pública e animal. A população deve estar informada sobre a doença, porque algumas das medidas de controle dependem de sua participação, como a vacinação animal e a imediata procura de assistência médica nos casos de acidentes com mamíferos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, uma das estratégias educativas é a veiculação de informações pelos Meios de Comunicação de Massa. Este trabalho relata os dados preliminares sobre a análise de informações sobre raiva publicadas nos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, entre 01/01/2000 e 31/12/2002 (OESP:75; FSP:58). Foram estabelecidas categorias quanto à área de conhecimento sobre raiva e quanto à informação central. Foi observado se a raiva era tema central do texto. Nos textos em que o tema central era a raiva, foi observado qual a editoria em que foram inseridos, número de caracteres e descritas outras informações sobre a doença estavam presentes. Nos textos em que a raiva não era o foco da notícia, foi observado qual era o tema tratado e quais eram as informações sobre raiva existentes. As categorias encontradas foram: descrição, prevenção, relato de caso, situação epidemiológica, produção de imunobiológicos, pesquisa e eventos. A pesquisa terá continuidade com a realização da análise de conteúdo e a comparação das informações veiculadas com os dados epidemiológicos para verificar se os periódicos retrataram a situação da doença no período com fidelidade. INTRODUÇÃO A raiva é considerada a mais importante das zoonoses, por sua distribuição mundial (presente em todos contentes, com a exceção da Antártida), e conseqüências para a saúde pública e animal. (Meltzer, 1998) É uma encefalite incurável, causada por um vírus RNA da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. Tem sido demonstrado que vários mamíferos são suscetíveis à raiva, sendo que os principais hospedeiros do vírus pertencem às ordens Carnivora e Chiroptera. (Niezgoda, 2002) O cão é o mais importante reservatório e vetor, sendo responsável pela maior parte dos casos de raiva humana no mundo. (Rupprecht, 2002) Os morcegos também são reservatórios do vírus rábico e são hospedeiros de seis dos sete genótipos do gênero Lyssavirus. (Badrane, 2001) No Brasil, os principais transmissores são os cães e os morcegos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1998 e 2000, a média anual de casos de raiva humana foi de 27 casos. A maior ocorrência (52,6%) foi registrada na região nordeste. O estado do Maranhão foi responsável por 14,8%. No Estado de São Paulo, observa-se uma mudança do perfil epidemiológico da doença, com a diminuição dos casos de raiva dos animais de estimação e aumento dos casos de raiva dos herbívoros e dos morcegos. O último caso de raiva humana foi registrado em 2001. A doença tem prognóstico fatal, mas pode ser prevenida. A prevenção da raiva animal entre as espécies domésticas inclui a vacinação anual, ações de posse responsável dos animais de estimação e controle de vampiros no caso da raiva dos herbívoros. A raiva entre animais silvestres tem sido controlada em países da Europa com programas de vacinação que visam o estabelecimento de populações imunizadas. (Rupprecht, 2000) O tratamento da raiva humana é preventivo. Até o momento, em casos em que o quadro sintomático está estabelecido o tratamento disponível é paliativo e o curso da doença é fatal. As ações de controle da raiva animal dependem da participação da comunidade e o sucesso da profilaxia de casos humanos está sujeito a rápida procura da assistência médica da pessoa exposta. A prevenção da raiva humana começa com a educação da população e dos profissionais de saúde. (Moran, 2000) Segundo o Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for the Elimination of Human Rabies (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999), para obter-se a participação da comunidade em um Programa para a eliminação da raiva é necessário a “educação e organização da comunidade (...) através de atividades de INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE”. A comunicação do risco de uma doença para a população nem sempre está colocada nos objetivos principais dos esforços da saúde pública. Com freqüência, o foco das ações governamentais está na acurácia das pesquisas científicas, vigilância epidemiológica e imunização. (Freimuth, 2000) As atividades necessárias de um programa de promoção da saúde podem ser organizadas em três grupos: Educação em Saúde, Participação Social e uso dos Meios de Comunicação de Massa para informar a população sobre “fatos ou riscos que os afetam e possíveis soluções”. (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999) Campanhas educativas nos Meios de Comunicação de Massa produzem um desfecho específico, em um determinado período, atingindo um grande número de pessoas. (Rogers, 1987) Os veículos podem informar e alertar sobre uma questão, “aumentar o conhecimento e crenças e reforçar atitudes já existentes”. (Alcaley, 1983; Gandy, 1982; Klapper, 1960; McCombs, 1972; Wallack, 1990) O que se deve falar sobre raiva? É necessário informar sobre o agente etiológico, modo de transmissão, vetores animais, prevenção e controle. Em relação à prevenção e controle, o Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for the Elimination of Human Rabies define que os comportamentos necessário da população para o combate da raiva canina são: “possuir apenas o número de cães que se é capaz de cuidar; vacinar cães contra raiva todos os anos e procurar a assistência médica em casos de agressão de um animal”. (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999) O Programa de Controle da Raiva, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Organização Pan Americana de Saúde, pela Gerência Técnica de Controle e Vigilância de Fatores Ambientais/ Coordenadoria de Vigilância Ambiental (COVAM)/ Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI)/ Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)/ Ministério da Saúde (MS) e pela Comissão Estadual do Programa de Controle da Raiva, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo estabelece as seguintes atividades para o controle da raiva: (Reichmann, 2000) Vacinação anual de cães e gatos. Apreensão de cães errantes. Atendimento de pessoas envolvidas em agravos com animais. Observação clínica de cães e gatos suspeitos, que pode ser feita na casa do proprietário do animal. Tratamento das pessoas expostas ao risco da infecção rábica. Vigilância epidemiológica. Educação em saúde. A participação da comunidade nesse programa inclui encaminhar os animais de estimação todos os anos para a vacinação, manutenção dos animais domiciliados, saindo de casa apenas de coleira e guia, procura pela assistência médica em caso de acidente com animal em no máximo 24 horas, não sacrificar animais suspeitos e, quando proprietário de animal suspeito e havendo a possibilidade, mantê-lo sob controle para a observação clínica por 10 dias. No caso da raiva dos herbívoros, a comunidade deve vacinar os animais anualmente e notificar a existência de abrigos de morcegos. O comportamento desejado para a prevenção da raiva silvestre é o não contato com esses animais. Como falar sobre raiva? Mensagens eficientes para a promoção de saúde devem ser “claras, simples e positivas, sendo tanto emocionais como racionais; se causarem medo, trazem alternativas para alivia-lo; se objetivarem a motivação devem seguir para que se produza a resposta esperada”. (Freimuth, 2000) MATERIAL E MÉTODO Foi realizada a pesquisa eletrônica nos arquivos dos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO. A palavra utilizada na busca foi “raiva” e o período foi entre 01 de janeiro a 31 de dezembro dos anos 2000, 2001 e 2002. Do resultado da busca eletrônica, foram excluídos os textos em que a palavra raiva não se referia a doença em estudo e sim usada com seu significando de sentimento violento de ódio. Seguindo esse critério de exclusão, a amostra foi constituída de 129 textos, descritos na tabela 1 e 2. Período Número de textos 01/01/2000 a 31/12/2000 26 01/01/2001 a 31/12/2001 23 01/01/2002 a 31/12/2002 25 Total 74 Tabela 1- Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO Período Número de textos 01/01/2000 a 31/12/2000 15 01/01/2001 a 31/12/2001 27 01/01/2002 a 31/12/2002 13 Total 55 Tabela 2 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO Foram estabelecidas categorias em relação à área de conhecimento relacionada à raiva e em relação à informação principal sobre a doença. O corpus foi dividido em dois grupos, se a raiva era o foco do texto ou não. Nos textos em que a raiva era o foco do texto, foi observado qual a editoria em que foram inseridos, número de caracteres e descritas outras informações sobre raiva contidas nos textos. Do segundo grupo, textos em que a raiva não era o foco da notícia, foi observado qual era o tema tratado e quais eram as informações sobre raiva estavam presentes. RESULTADOS As categorias estabelecidas segundo a área de conhecimento relacionada à raiva foram: a) Raiva Animais de Estimação (R.AE) – assuntos relacionados à raiva de cães e gatos. b) Raiva dos Herbívoros (R.Herb) – assuntos relacionados a raiva de cães e gatos. c) Raiva dos Animais Silvestres (R. Silv) - assuntos relacionados à raiva dos animais silvestres. d) Raiva Humana (R Hum) - assuntos relacionados à raiva humana. e) História dos estudos sobre raiva (Hist) - assuntos relacionados a fatos históricos. f) Imunobiológicos (Imunob) - assuntos à vacina contra raiva e soro anti-rábico. g) Raiva Geral (RG)– informações gerais sobre a doença, sem especificar hospedeiro. As categorias em relação à informação principal sobre a doença: a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana. b) Prevenção – ações de profilaxia da raiva animal. c) Descrição da doença – – informações sobre pelo menos um dos assuntos: agente etiológico, patogenia, modo de transmissão, sintomas, curso da doença. d) Eventos – congressos. e) Situação epidemiológica – dados sobre ocorrência. f) Pesquisa – pesquisas científicas sobre raiva. Entre os 129 textos estudados, 46 tinham a raiva como assunto central (O ESTADO DE SÃO PAULO – 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO – 17/55). A raiva como tema central A raiva foi tratada como assunto central de 46 textos, (O ESTADO DE SÃO PAULO – 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO – 17/55), descritos nas tabelas 3 e 4. Texto Data Categoria/ área Editoria Nº de caracteres Categoria/ informação central Tema E00/01 08/03/2000 R Herb Agrícola 1.433 E00/02 E00/03 26/04/2000 28/06/2000 R.Herb R. Geral Agrícola Agrícola 1.130 1.525 E00/04 E00/05 28/06/2000 02/08/2000 R.Herb R. Geral Agrícola Curtas 2.710 370 Situação epidemiológica Prevenção Descrição da doença Prevenção Eventos E00/06 02/08/2000 R. Herb Agrícola 866 E00/07 04/09/2000 R. AE Cidades 299 Surto de raiva bovina no estado de São Paulo Campanha de vacinação Transmissão da raiva pelos morcegos Captura de hematófagos Seminário Internacional da raiva em São Paulo Veterinário esclarece sobre surto de raiva em São Paulo Campanha de vacinação Descrição da doença Prevenção E00/08 E00/09 04/09/2000 11/10/2000 R. Hum R. Hum Geral Geral 394 444 Relato de caso Relato de caso E00/10 23/11/2000 E001/11 13/03/2001 E01/12 03/04/2001 R. Hum. R. Hum. R. AE Geral Geral Geral 441 288 1.150 Relato de caso Relato de caso Prevenção E01/13 01/04/2001 R. Hum. Geral 1.011 Relato de caso E01/14 03/08/2001 R.AE Norte 456 Prevenção E01/15 11/08/2001 R.AE Cidades 456 Prevenção E01/16 14/08/2001 R.AE Geral 1.737 Prevenção E01/17 14/08/2001 R.AE Cidades 475 Prevenção E01/18 31/10/2001 R. Herb Agrícola 2.906 Prevenção E01/19 28/11/2001 R. Geral Agrícola 164 Eventos E02/20 02/01/2002 R. Herb. Agrícola 480 Pesquisa E02/21 04/02/2002 Imunob. Caderno 2 441 Prevenção E02/22 E02/23 E02/24 E02/25 07/05/2002 11/08/2002 12/08/2002 19/08/2002 R. Hum. R AE R AE R AE Geral Geral Geral 408 523 397 1963 Relato de caso Prevenção Prevenção Prevenção E02/26 E02/27 20/08/2002 17/09/2002 R AE R AE Cidades Geral 412 278 Prevenção Prevenção E02/28 E02/29 20/11/2002 04/12/2002 Imunob. Imunob. Agrícola Agrícola 424 298 Prevenção Prevenção Caso de R. Hum em Cuiabá Novo caso de R. Hum em Cuiabá Quatros novos casos/ Cuiabá Caso de raiva hum./ Bahia São Paulo deve controlar a raiva até 2002 Caso de Minas Gerais – óbito em São Paulo Campanha de vacinação na zona Norte Veterinários da zona norte fazem vacinação Campanha de vacinação em São Paulo Campanha de vacinação em São Paulo Vacinação de rebanho no Estado de SP Seminário Internacional de raiva em São Paulo Pesquisa sobre r, herb. Em São Paulo Exportação de vacinas para Marrocos Caso de raiva em MG Campanha de vacinação Campanha de vacinação Polêmica sobre a captura de animais errantes Campanha de vacinação Rib. Preto: cães e gatos apreendidos para exame Lab Biovet produz vacina Lab Fort Dodge produz vacina Tabela 3 - Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO, entre 2000 e 2002, cujo foco era a raiva. Texto Data Categoria/ Área Editoria Nº de caracteres Categoria/ informação central Tema F00/01 06/06/2000 R Herb Agrofolha 4.059 F00/02 01/08/2000 R.Herb Agrofolha 290 Situação epidemiológica Eventos o F00/03 17/08/2000 R. Hum Cotidiano 867 Relato de caso F00/04 20/08/2000 R.Silv. Cotidiano 536 Evento F00/05 F01/06 11/10/2000 18/01/2001 R. Hum R.AE Cotidiano Opinião 500 818 Relato de caso Prevenção Epidemia de raiva dos herbívoros avança em SP Seminário internacional sobre raiva em SP Caso no município de Rosário Oeste Seminário internacional sobre raiva em SP Caso em Mato Grosso Polêmica em relação do sacrifício de animais F01/07 20/01/2001 R. AE Opinião 570 Prevenção F01/08 30/01/2001 R. Herb Dinheiro 223 20/02/2001 R. Herb Agrofolha 210 Situação epidemiológica Prevenção F01/09 F01/10 27/07/2001 R Hum Cotidiano 1977 Relato de caso F01/11 03/08/2001 R Hum Cotidiano 607 Relato de caso F01/12 25/11/2001 R Silv Cotidiano 178 Eventos F01/13 02/12/2001 R Silv Cotidiano 367 Eventos F02/14 14/04/2002 R Hum Cotidiano 1407 F02/15 09/06/2002 R AE Cotidiano Descrição da doença Prevenção F02/16 09/06/2002 R Herb Dinheiro 240 Prevenção F01/17 06/10/2002 R Herb Cotidiano 214 Situação epidemiológica Controle da raiva depende da vacinação e não do sacrifício de animais errantes São Paulo não registrou casos Processo de rastreamento de casos Dracena - Primeiro caso no estado de SP, desde 1997 Dracena - Cepa do vírus era de morcego Seminário Internacional sobre morcegos com transmissores da raiva Seminário Internacional sobre morcegos com transmissores da raiva Forma de raiva transmitida por morcegos Vacinação de cães e gatos Porcentagem de animais vacinados em SP Casos de raiva dos herbívoros em Franca Tabela 4 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO, ENTRE 2000 E 2002, cujo tema central era a raiva. A distribuição das categorias de área de conhecimento foi: Raiva Geral - 03 (6,52%); Raiva dos Animais de Estimação-14 (30,43%); Raiva Humana – 11 (23,91%); Raiva dos Herbívoros –12 (26,08%); Raiva dos animais silvestres-03 (6,52%); História da raiva-0(0) e Imunobiológicos 03 (6,52%).(Gráfico 1) Raiva Humana 3 3 3 11 Raiva dos Herbívoros Raiva dos Animais de Estimação Imunobiológicos 14 12 Raiva Geral Raiva dos Animais de Estimação Gráfico 1 - Distribuição dos textos segundo a categoria de área de conhecimento A distribuição das categorias segundo a informação principal sobre a doença foi: Relato de caso-10 (21,73%); Prevenção – 22 (47,82%); Descrição da doença – 03 (6,52%); Eventos – 06 (13,04%); Situação epidemiológica – 04 (8,69%); Pesquisa – 01 (2,17%). (Gráfico 2) Relato de caso 4 Prevenção 1 10 6 Descrição da doença Eventos 3 22 Situação epidemiológica Pesquisa Gráfico 2 - Distribuição das categorias de informação central As informações veiculadas em cada categoria foram: a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana, amostra do vírus rábico responsável por caso de raiva humana. b) Prevenção – vacinação de herbívoros, campanha de vacinação de animais de estimação, controle da população de vampiros. c) Descrição da doença – agente etiológico, modo de transmissão, sintomas, prognóstico. d) Eventos – congressos. e) Situação epidemiológica – ocorrência da raiva dos herbívoros no Estado de São Paulo, surtos de raiva bovina. f) Pesquisa – pesquisas científicas sobre raiva. Dezenove textos traziam informações complementares sobre a doença, além da que era o tema da notícia. Textos em que a raiva não era o tema central A raiva é citada em 83 textos sobre diferentes assuntos, descritos na tabela. Tema Morcegos Nºde textos 04 Acidentes com mamíferos 03 Economia 01 Animais silvestres na área urbana 01 Controle de doenças infecciosas no Brasil 01 Personagem de quadrinhos 01 Ações de Posse Responsável 12 Controle de zoonoses 02 Institutos de pesquisa 05 Controle da População canina 23 Atribuições do veterinário 01 Verbas para assistência médica 01 Registro de cães 04 Prevenção de doenças infecciosas/ viagens 02 História da produção de vacinas no Brasil 01 Re-emergência de doenças/ problemas na vigilância epidemiológica 01 Comércio de bovinos 05 Comércio de animais de estimação 01 Vida e contribuição científica de Louis Pasteur 03 Investimentos para controle de doenças de bovinos 01 BSE 02 Comércio de eqüinos 01 Produtos veterinários 02 Pesquisa para desenvolvimento de vacina contra AIDS 01 Saúde rebanhos 03 Adoção de cães abandonados 01 TOTAL 83 Tabela 5 - Matérias em que a raiva não era o tema central Foram estabelecidas as categorias em relação à informação sobre raiva contida nesses textos: a) Categorias da área: Raiva dos Animais de Estimação-40 (48,20%); Raiva dos animais silvestres-08 (9,63%); Raiva Humana –06 (7,22%); História da Raiva-09 (10,84%); Raiva dos Herbívoros-12 (14,45 %); Imunobiológicos-05 (6,02%); Raiva Geral – 03 (3,61%). b) Categorias da informação central sobre raiva: descrição da doença –07 (8,43%); prevenção-62 (74,70%); pesquisa-08 (9,63%); situação epidemiológica-06 (7,22%). Discussão A limitação desse estudo está no recorte que seleciona apenas dois jornais e na busca eletrônica dos textos. Não foi possível determinar qual a porcentagem de matérias publicadas disponibilizadas pelos arquivos eletrônicos. Com os dados recolhidos neste recorte é possível observar que os temas mais tratados nas matérias sobre raiva se relacionam à Raiva dos Animais de Estimação (30,43%); Raiva dos Herbívoros (26,08%) e Raiva Humana (23,91%). A raiva dos animais silvestres teve um menor número de matérias (6,52%), que abordaram, na sua maioria, a raiva dos morcegos, não citando quais outros mamíferos selvagens também podem transmitir a doença. O único caso de raiva humana ocorrido no Estado de São Paulo, no período estudado (Dracena, julho de 2001), foi noticiado apenas no jornal A FOLHA DE SÃO PAULO, em dois textos. O primeiro texto (F01/10) traz informações sobre a vítima e o animal transmissor e os anos em que tinham ocorrido os últimos casos em São Paulo. Destaca a importância da vacinação anual já que relaciona a manutenção da raiva aos animais não vacinados. Mas o texto traz uma informação incorreta, de que a variante do vírus rábico seria a característica dos cães (foi demonstrado que se tratava da variante de morcego). Essa informação é apresentada de forma incompreensível para o leitor não especializado já que usa o termo técnico “cepa”, sem traduzi-lo, bem como, não explica quais são e o que são variantes do vírus e qual a importância para a epidemiologia da doença. O segundo texto publicado sobre o assunto (F01/11) traz informações sobre a doença, risco, prevenção e controle. Nesta matéria é informada que a variante do vírus era a característica de morcego. A prevenção foi o foco da maior parte dos textos sobre raiva (47,82%). Alguns destes traziam informações sobre serviços de prevenção. As discussões sobre a necessidade da captura de animais de estimação não domiciliados não tiveram uma conclusão. Não foi encontrado nenhum texto que abordasse a alteração do perfil epidemiológico da raiva no Estado de São Paulo. Nos textos em que a raiva não era o tema central, a grande maioria se relacionava à Raiva dos Animais de Estimação (48,20%) e prevenção (74,70%). Nestes textos, a vacina contra raiva é citada como exemplo das descobertas de pesquisas de Louis Pasteur, a raiva é um exemplo de zoonose importante para a saúde pública, participa das discussões sobre controle da população de animais de estimação e posse responsável. Nos textos sobre produção de imunobiológicos, é citada a vacina contra raiva, mas não foram apresentadas outras informações sobre a doença. Os textos selecionados nos dois periódicos informam o que a comunidade precisa saber sobre raiva? Essa descrição representa os resultados preliminares deste estudo. A partir desses dados, será feita análise do tratamento da informação em função da inteligibilidade, do grau de implicação e acurácia. As informações veiculadas nos dois jornais serão comparadas com os dados epidemiológicos para ser verificado se os periódicos retrataram a situação da doença no período com fidelidade. Referências Bibliográficas ALCALEY, R. The impact of mass communication campaigns in the health field Soc Sci Med, 1983; 17:87-94 BADRANE, H.;TORDO,N. Host Switching in Lyssavirus History from the Chiroptera to the Carnivora Orders. Journal of Virology 2001, 75(17):8096-8104 FREIMUTH, V. Communicating the threat of Emerging Infections to the Public. Emerging Infectious Disease,2000;6(4) In: www.cdc.gov/ncidod/eid/vol6no4/freimuth.htm GANDY, O.H. Beyond agenda setting. Norwood (NJ): Alblex; 1982. KLAPPER, J. The effects of mass communication. Glencoe (IL): Free Press, 1960. McCOMBS, M.E. ; SHAW, D.L. The agenda-setting function of the media. Public Opinion Quartely, 1972; 36:176-188 MELTZER, M.I.; RUPPRECHT, C.E. 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