Descrição das informações sobre raiva veiculadas nos jornais O

Propaganda
Descrição das informações sobre raiva veiculadas nos jornais O
ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, no período de
2000 a 2002 – Resultados Preliminares
DUBUGRAS, Maria Thereza Bonilha1; ACHKAR, Samira. Maria. 2 ;
KOTAIT, Ivanete 3
1-
Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
Instituto Pasteur de São Paulo
3
Instituto Pasteur de São Paulo
2
RESUMO
A raiva é a zoonose viral mais importante, por sua distribuição mundial e pelas
implicações na saúde pública e animal. A população deve estar informada sobre a
doença, porque algumas das medidas de controle dependem de sua participação, como a
vacinação animal e a imediata procura de assistência médica nos casos de acidentes com
mamíferos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, uma das estratégias
educativas é a veiculação de informações pelos Meios de Comunicação de Massa. Este
trabalho relata os dados preliminares sobre a análise de informações sobre raiva
publicadas nos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, entre
01/01/2000 e 31/12/2002 (OESP:75; FSP:58). Foram estabelecidas categorias quanto à
área de conhecimento sobre raiva e quanto à informação central. Foi observado se a
raiva era tema central do texto. Nos textos em que o tema central era a raiva, foi
observado qual a editoria em que foram inseridos, número de caracteres e descritas
outras informações sobre a doença estavam presentes. Nos textos em que a raiva não era
o foco da notícia, foi observado qual era o tema tratado e quais eram as informações
sobre raiva existentes. As categorias encontradas foram: descrição, prevenção, relato de
caso, situação epidemiológica, produção de imunobiológicos, pesquisa e eventos. A
pesquisa terá continuidade com a realização da análise de conteúdo e a comparação das
informações veiculadas com os dados epidemiológicos para verificar se os periódicos
retrataram a situação da doença no período com fidelidade.
INTRODUÇÃO
A raiva é considerada a mais importante das zoonoses, por sua distribuição
mundial (presente em todos contentes, com a exceção da Antártida), e conseqüências
para a saúde pública e animal. (Meltzer, 1998) É uma encefalite incurável, causada por
um vírus RNA da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus.
Tem sido demonstrado que vários mamíferos são suscetíveis à raiva, sendo que
os principais hospedeiros do vírus pertencem às ordens Carnivora e Chiroptera.
(Niezgoda, 2002) O cão é o mais importante reservatório e vetor, sendo responsável
pela maior parte dos casos de raiva humana no mundo. (Rupprecht, 2002) Os morcegos
também são reservatórios do vírus rábico e são hospedeiros de seis dos sete genótipos
do gênero Lyssavirus. (Badrane, 2001)
No Brasil, os principais transmissores são os cães e os morcegos. Segundo dados
do Ministério da Saúde, entre 1998 e 2000, a média anual de casos de raiva humana foi
de 27 casos. A maior ocorrência (52,6%) foi registrada na região nordeste. O estado do
Maranhão foi responsável por 14,8%.
No Estado de São Paulo, observa-se uma mudança do perfil epidemiológico da
doença, com a diminuição dos casos de raiva dos animais de estimação e aumento dos
casos de raiva dos herbívoros e dos morcegos. O último caso de raiva humana foi
registrado em 2001.
A doença tem prognóstico fatal, mas pode ser prevenida. A prevenção da raiva
animal entre as espécies domésticas inclui a vacinação anual, ações de posse
responsável dos animais de estimação e controle de vampiros no caso da raiva dos
herbívoros. A raiva entre animais silvestres tem sido controlada em países da Europa
com programas de vacinação que visam o estabelecimento de populações imunizadas.
(Rupprecht, 2000)
O tratamento da raiva humana é preventivo. Até o momento, em casos em que o
quadro sintomático está estabelecido o tratamento disponível é paliativo e o curso da
doença é fatal.
As ações de controle da raiva animal dependem da participação da comunidade e
o sucesso da profilaxia de casos humanos está sujeito a rápida procura da assistência
médica da pessoa exposta.
A prevenção da raiva humana começa com a educação da população e dos
profissionais de saúde. (Moran, 2000)
Segundo o Guidelines for Implementation and Development of Educational
Activites for the Elimination of Human Rabies (Panamerican Health Organization
Division of Disease Prevention and Control, 1999), para obter-se a participação da
comunidade em um Programa para a eliminação da raiva é necessário a “educação e
organização da comunidade (...) através de atividades de INFORMAÇÃO,
EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE”. A comunicação do
risco de uma doença para a população nem sempre está colocada nos objetivos
principais dos esforços da saúde pública. Com freqüência, o foco das ações
governamentais está na acurácia das pesquisas científicas, vigilância epidemiológica e
imunização. (Freimuth, 2000)
As atividades necessárias de um programa de promoção da saúde podem ser
organizadas em três grupos: Educação em Saúde, Participação Social e uso dos Meios
de Comunicação de Massa para informar a população sobre “fatos ou riscos que os
afetam e possíveis soluções”. (Panamerican Health Organization Division of Disease
Prevention and Control, 1999)
Campanhas educativas nos Meios de Comunicação de Massa produzem um
desfecho específico, em um determinado período, atingindo um grande número de
pessoas. (Rogers, 1987) Os veículos podem informar e alertar sobre uma questão,
“aumentar o conhecimento e crenças e reforçar atitudes já existentes”. (Alcaley, 1983;
Gandy, 1982; Klapper, 1960; McCombs, 1972; Wallack, 1990)
O que se deve falar sobre raiva? É necessário informar sobre o agente etiológico,
modo de transmissão, vetores animais, prevenção e controle. Em relação à prevenção e
controle, o Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for
the Elimination of Human Rabies define que os comportamentos necessário da
população para o combate da raiva canina são: “possuir apenas o número de cães que se
é capaz de cuidar; vacinar cães contra raiva todos os anos e procurar a assistência
médica em casos de agressão de um animal”. (Panamerican Health Organization
Division of Disease Prevention and Control, 1999)
O Programa de Controle da Raiva, preconizado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), pela Organização Pan Americana de Saúde, pela Gerência Técnica de
Controle e Vigilância de Fatores Ambientais/ Coordenadoria de Vigilância Ambiental
(COVAM)/ Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI)/ Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA)/ Ministério da Saúde (MS) e pela Comissão Estadual do Programa de
Controle da Raiva, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo estabelece as
seguintes atividades para o controle da raiva: (Reichmann, 2000)

Vacinação anual de cães e gatos.

Apreensão de cães errantes.

Atendimento de pessoas envolvidas em agravos com animais.

Observação clínica de cães e gatos suspeitos, que pode ser feita na casa do
proprietário do animal.

Tratamento das pessoas expostas ao risco da infecção rábica.

Vigilância epidemiológica.

Educação em saúde.
A participação da comunidade nesse programa inclui encaminhar os animais de
estimação todos os anos para a vacinação, manutenção dos animais domiciliados, saindo
de casa apenas de coleira e guia, procura pela assistência médica em caso de acidente
com animal em no máximo 24 horas, não sacrificar animais suspeitos e, quando
proprietário de animal suspeito e havendo a possibilidade, mantê-lo sob controle para a
observação clínica por 10 dias.
No caso da raiva dos herbívoros, a comunidade deve vacinar os animais anualmente
e notificar a existência de abrigos de morcegos. O comportamento desejado para a
prevenção da raiva silvestre é o não contato com esses animais.
Como falar sobre raiva? Mensagens eficientes para a promoção de saúde devem ser
“claras, simples e positivas, sendo tanto emocionais como racionais; se causarem medo,
trazem alternativas para alivia-lo; se objetivarem a motivação devem seguir para que se
produza a resposta esperada”. (Freimuth, 2000)
MATERIAL E MÉTODO
Foi realizada a pesquisa eletrônica nos arquivos dos jornais O ESTADO DE
SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO. A palavra utilizada na busca foi “raiva” e
o período foi entre 01 de janeiro a 31 de dezembro dos anos 2000, 2001 e 2002.
Do resultado da busca eletrônica, foram excluídos os textos em que a palavra
raiva não se referia a doença em estudo e sim usada com seu significando de sentimento
violento de ódio. Seguindo esse critério de exclusão, a amostra foi constituída de 129
textos, descritos na tabela 1 e 2.
Período
Número de textos
01/01/2000 a 31/12/2000
26
01/01/2001 a 31/12/2001
23
01/01/2002 a 31/12/2002
25
Total
74
Tabela 1- Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO
Período
Número de textos
01/01/2000 a 31/12/2000
15
01/01/2001 a 31/12/2001
27
01/01/2002 a 31/12/2002
13
Total
55
Tabela 2 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO
Foram estabelecidas categorias em relação à área de conhecimento relacionada à
raiva e em relação à informação principal sobre a doença.
O corpus foi dividido em dois grupos, se a raiva era o foco do texto ou não.
Nos textos em que a raiva era o foco do texto, foi observado qual a editoria em
que foram inseridos, número de caracteres e descritas outras informações sobre raiva
contidas nos textos.
Do segundo grupo, textos em que a raiva não era o foco da notícia, foi observado
qual era o tema tratado e quais eram as informações sobre raiva estavam presentes.
RESULTADOS
As categorias estabelecidas segundo a área de conhecimento relacionada à raiva
foram:
a) Raiva Animais de Estimação (R.AE) – assuntos relacionados à raiva de cães e
gatos.
b) Raiva dos Herbívoros (R.Herb) – assuntos relacionados a raiva de cães e gatos.
c) Raiva dos Animais Silvestres (R. Silv) - assuntos relacionados à raiva dos
animais silvestres.
d) Raiva Humana (R Hum) - assuntos relacionados à raiva humana.
e) História dos estudos sobre raiva (Hist) - assuntos relacionados a fatos históricos.
f) Imunobiológicos (Imunob) - assuntos à vacina contra raiva e soro anti-rábico.
g) Raiva Geral (RG)– informações gerais sobre a doença, sem especificar
hospedeiro.
As categorias em relação à informação principal sobre a doença:
a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana.
b) Prevenção – ações de profilaxia da raiva animal.
c) Descrição da doença – – informações sobre pelo menos um dos assuntos: agente
etiológico, patogenia, modo de transmissão, sintomas, curso da doença.
d) Eventos – congressos.
e) Situação epidemiológica – dados sobre ocorrência.
f) Pesquisa – pesquisas científicas sobre raiva.
Entre os 129 textos estudados, 46 tinham a raiva como assunto central (O
ESTADO DE SÃO PAULO – 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO – 17/55).
A raiva como tema central
A raiva foi tratada como assunto central de 46 textos, (O ESTADO DE SÃO
PAULO – 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO – 17/55), descritos nas tabelas 3 e 4.
Texto
Data
Categoria/
área
Editoria
Nº de
caracteres
Categoria/
informação central
Tema
E00/01
08/03/2000
R Herb
Agrícola
1.433
E00/02
E00/03
26/04/2000
28/06/2000
R.Herb
R. Geral
Agrícola
Agrícola
1.130
1.525
E00/04
E00/05
28/06/2000
02/08/2000
R.Herb
R. Geral
Agrícola
Curtas
2.710
370
Situação
epidemiológica
Prevenção
Descrição da
doença
Prevenção
Eventos
E00/06
02/08/2000
R. Herb
Agrícola
866
E00/07
04/09/2000
R. AE
Cidades
299
Surto de raiva bovina no estado
de São Paulo
Campanha de vacinação
Transmissão da raiva pelos
morcegos
Captura de hematófagos
Seminário Internacional da
raiva em São Paulo
Veterinário esclarece sobre
surto de raiva em São Paulo
Campanha de vacinação
Descrição da
doença
Prevenção
E00/08
E00/09
04/09/2000
11/10/2000
R. Hum
R. Hum
Geral
Geral
394
444
Relato de caso
Relato de caso
E00/10 23/11/2000
E001/11 13/03/2001
E01/12 03/04/2001
R. Hum.
R. Hum.
R. AE
Geral
Geral
Geral
441
288
1.150
Relato de caso
Relato de caso
Prevenção
E01/13
01/04/2001
R. Hum.
Geral
1.011
Relato de caso
E01/14
03/08/2001
R.AE
Norte
456
Prevenção
E01/15
11/08/2001
R.AE
Cidades
456
Prevenção
E01/16
14/08/2001
R.AE
Geral
1.737
Prevenção
E01/17
14/08/2001
R.AE
Cidades
475
Prevenção
E01/18
31/10/2001
R. Herb
Agrícola
2.906
Prevenção
E01/19
28/11/2001
R. Geral
Agrícola
164
Eventos
E02/20
02/01/2002
R. Herb.
Agrícola
480
Pesquisa
E02/21
04/02/2002
Imunob.
Caderno 2
441
Prevenção
E02/22
E02/23
E02/24
E02/25
07/05/2002
11/08/2002
12/08/2002
19/08/2002
R. Hum.
R AE
R AE
R AE
Geral
Geral
Geral
408
523
397
1963
Relato de caso
Prevenção
Prevenção
Prevenção
E02/26
E02/27
20/08/2002
17/09/2002
R AE
R AE
Cidades
Geral
412
278
Prevenção
Prevenção
E02/28
E02/29
20/11/2002
04/12/2002
Imunob.
Imunob.
Agrícola
Agrícola
424
298
Prevenção
Prevenção
Caso de R. Hum em Cuiabá
Novo caso de R. Hum em
Cuiabá
Quatros novos casos/ Cuiabá
Caso de raiva hum./ Bahia
São Paulo deve controlar a
raiva até 2002
Caso de Minas Gerais – óbito
em São Paulo
Campanha de vacinação na
zona Norte
Veterinários da zona norte
fazem vacinação
Campanha de vacinação em
São Paulo
Campanha de vacinação em
São Paulo
Vacinação de rebanho no
Estado de SP
Seminário Internacional de
raiva em São Paulo
Pesquisa sobre r, herb. Em São
Paulo
Exportação de vacinas para
Marrocos
Caso de raiva em MG
Campanha de vacinação
Campanha de vacinação
Polêmica sobre a captura de
animais errantes
Campanha de vacinação
Rib. Preto: cães e gatos
apreendidos para exame
Lab Biovet produz vacina
Lab Fort Dodge produz vacina
Tabela 3 - Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO, entre 2000 e 2002, cujo foco era a
raiva.
Texto
Data
Categoria/
Área
Editoria
Nº de
caracteres
Categoria/
informação central
Tema
F00/01
06/06/2000
R Herb
Agrofolha
4.059
F00/02
01/08/2000
R.Herb
Agrofolha
290
Situação
epidemiológica
Eventos o
F00/03
17/08/2000
R. Hum
Cotidiano
867
Relato de caso
F00/04
20/08/2000
R.Silv.
Cotidiano
536
Evento
F00/05
F01/06
11/10/2000
18/01/2001
R. Hum
R.AE
Cotidiano
Opinião
500
818
Relato de caso
Prevenção
Epidemia de raiva dos
herbívoros avança em SP
Seminário internacional sobre
raiva em SP
Caso no município de Rosário
Oeste
Seminário internacional sobre
raiva em SP
Caso em Mato Grosso
Polêmica em relação do
sacrifício de animais
F01/07
20/01/2001
R. AE
Opinião
570
Prevenção
F01/08
30/01/2001
R. Herb
Dinheiro
223
20/02/2001
R. Herb
Agrofolha
210
Situação
epidemiológica
Prevenção
F01/09
F01/10
27/07/2001
R Hum
Cotidiano
1977
Relato de caso
F01/11
03/08/2001
R Hum
Cotidiano
607
Relato de caso
F01/12
25/11/2001
R Silv
Cotidiano
178
Eventos
F01/13
02/12/2001
R Silv
Cotidiano
367
Eventos
F02/14
14/04/2002
R Hum
Cotidiano
1407
F02/15
09/06/2002
R AE
Cotidiano
Descrição da
doença
Prevenção
F02/16
09/06/2002
R Herb
Dinheiro
240
Prevenção
F01/17
06/10/2002
R Herb
Cotidiano
214
Situação
epidemiológica
Controle da raiva depende da
vacinação e não do sacrifício
de animais errantes
São Paulo não registrou casos
Processo de rastreamento de
casos
Dracena - Primeiro caso no
estado de SP, desde 1997
Dracena - Cepa do vírus era de
morcego
Seminário Internacional sobre
morcegos com transmissores da
raiva
Seminário Internacional sobre
morcegos com transmissores da
raiva
Forma de raiva transmitida por
morcegos
Vacinação de cães e gatos
Porcentagem de animais
vacinados em SP
Casos de raiva dos herbívoros
em Franca
Tabela 4 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO, ENTRE 2000 E 2002, cujo tema
central era a raiva.
A distribuição das categorias de área de conhecimento foi: Raiva Geral - 03
(6,52%); Raiva dos Animais de Estimação-14 (30,43%); Raiva Humana – 11 (23,91%);
Raiva dos Herbívoros –12 (26,08%); Raiva dos animais silvestres-03 (6,52%); História
da raiva-0(0) e Imunobiológicos 03 (6,52%).(Gráfico 1)
Raiva Humana
3
3
3
11
Raiva dos Herbívoros
Raiva dos Animais de
Estimação
Imunobiológicos
14
12
Raiva Geral
Raiva dos Animais de
Estimação
Gráfico 1 - Distribuição dos textos segundo a categoria de área de conhecimento
A distribuição das categorias segundo a informação principal sobre a doença foi:
Relato de caso-10 (21,73%); Prevenção – 22 (47,82%); Descrição da doença – 03
(6,52%); Eventos – 06 (13,04%); Situação epidemiológica – 04 (8,69%); Pesquisa – 01
(2,17%). (Gráfico 2)
Relato de caso
4
Prevenção
1
10
6
Descrição da doença
Eventos
3
22
Situação epidemiológica
Pesquisa
Gráfico 2 - Distribuição das categorias de informação central
As informações veiculadas em cada categoria foram:
a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana, amostra do vírus rábico
responsável por caso de raiva humana.
b) Prevenção – vacinação de herbívoros, campanha de vacinação de animais de
estimação, controle da população de vampiros.
c) Descrição da doença – agente etiológico, modo de transmissão, sintomas,
prognóstico.
d) Eventos – congressos.
e) Situação epidemiológica – ocorrência da raiva dos herbívoros no Estado de São
Paulo, surtos de raiva bovina.
f) Pesquisa – pesquisas científicas sobre raiva.
Dezenove textos traziam informações complementares sobre a doença, além da
que era o tema da notícia.
Textos em que a raiva não era o tema central
A raiva é citada em 83 textos sobre diferentes assuntos, descritos na tabela.
Tema
Morcegos
Nºde textos
04
Acidentes com mamíferos
03
Economia
01
Animais silvestres na área urbana
01
Controle de doenças infecciosas no Brasil
01
Personagem de quadrinhos
01
Ações de Posse Responsável
12
Controle de zoonoses
02
Institutos de pesquisa
05
Controle da População canina
23
Atribuições do veterinário
01
Verbas para assistência médica
01
Registro de cães
04
Prevenção de doenças infecciosas/ viagens
02
História da produção de vacinas no Brasil
01
Re-emergência de doenças/ problemas na vigilância epidemiológica
01
Comércio de bovinos
05
Comércio de animais de estimação
01
Vida e contribuição científica de Louis Pasteur
03
Investimentos para controle de doenças de bovinos
01
BSE
02
Comércio de eqüinos
01
Produtos veterinários
02
Pesquisa para desenvolvimento de vacina contra AIDS
01
Saúde rebanhos
03
Adoção de cães abandonados
01
TOTAL
83
Tabela 5 - Matérias em que a raiva não era o tema central
Foram estabelecidas as categorias em relação à informação sobre raiva contida
nesses textos:
a) Categorias da área: Raiva dos Animais de Estimação-40 (48,20%); Raiva dos
animais silvestres-08 (9,63%); Raiva Humana –06 (7,22%); História da Raiva-09
(10,84%); Raiva dos Herbívoros-12 (14,45 %); Imunobiológicos-05 (6,02%); Raiva
Geral – 03 (3,61%).
b) Categorias da informação central sobre raiva: descrição da doença –07 (8,43%);
prevenção-62 (74,70%); pesquisa-08 (9,63%); situação epidemiológica-06 (7,22%).
Discussão
A limitação desse estudo está no recorte que seleciona apenas dois jornais e na
busca eletrônica dos textos. Não foi possível determinar qual a porcentagem de matérias
publicadas disponibilizadas pelos arquivos eletrônicos.
Com os dados recolhidos neste recorte é possível observar que os temas mais
tratados nas matérias sobre raiva se relacionam à Raiva dos Animais de Estimação
(30,43%); Raiva dos Herbívoros (26,08%) e Raiva Humana (23,91%). A raiva dos
animais silvestres teve um menor número de matérias (6,52%), que abordaram, na sua
maioria, a raiva dos morcegos, não citando quais outros mamíferos selvagens também
podem transmitir a doença.
O único caso de raiva humana ocorrido no Estado de São Paulo, no período
estudado (Dracena, julho de 2001), foi noticiado apenas no jornal A FOLHA DE SÃO
PAULO, em dois textos. O primeiro texto (F01/10) traz informações sobre a vítima e o
animal transmissor e os anos em que tinham ocorrido os últimos casos em São Paulo.
Destaca a importância da vacinação anual já que relaciona a manutenção da raiva aos
animais não vacinados. Mas o texto traz uma informação incorreta, de que a variante do
vírus rábico seria a característica dos cães (foi demonstrado que se tratava da variante de
morcego). Essa informação é apresentada de forma incompreensível para o leitor não
especializado já que usa o termo técnico “cepa”, sem traduzi-lo, bem como, não explica
quais são e o que são variantes do vírus e qual a importância para a epidemiologia da
doença. O segundo texto publicado sobre o assunto (F01/11) traz informações sobre a
doença, risco, prevenção e controle. Nesta matéria é informada que a variante do vírus
era a característica de morcego.
A prevenção foi o foco da maior parte dos textos sobre raiva (47,82%). Alguns
destes traziam informações sobre serviços de prevenção. As discussões sobre a
necessidade da captura de animais de estimação não domiciliados não tiveram uma
conclusão. Não foi encontrado nenhum texto que abordasse a alteração do perfil
epidemiológico da raiva no Estado de São Paulo.
Nos textos em que a raiva não era o tema central, a grande maioria se
relacionava à Raiva dos Animais de Estimação (48,20%) e prevenção (74,70%). Nestes
textos, a vacina contra raiva é citada como exemplo das descobertas de pesquisas de
Louis Pasteur, a raiva é um exemplo de zoonose importante para a saúde pública,
participa das discussões sobre controle da população de animais de estimação e posse
responsável. Nos textos sobre produção de imunobiológicos, é citada a vacina contra
raiva, mas não foram apresentadas outras informações sobre a doença.
Os textos selecionados nos dois periódicos informam o que a comunidade
precisa saber sobre raiva? Essa descrição representa os resultados preliminares deste
estudo. A partir desses dados, será feita análise do tratamento da informação em função
da inteligibilidade, do grau de implicação e acurácia. As informações veiculadas nos
dois jornais serão comparadas com os dados epidemiológicos para ser verificado se os
periódicos retrataram a situação da doença no período com fidelidade.
Referências Bibliográficas
ALCALEY, R. The impact of mass communication campaigns in the health field Soc
Sci Med, 1983; 17:87-94
BADRANE, H.;TORDO,N. Host Switching in Lyssavirus History from the Chiroptera
to the Carnivora Orders. Journal of Virology 2001, 75(17):8096-8104
FREIMUTH, V. Communicating the threat of Emerging Infections to the Public.
Emerging Infectious Disease,2000;6(4)
In: www.cdc.gov/ncidod/eid/vol6no4/freimuth.htm
GANDY, O.H. Beyond agenda setting. Norwood (NJ): Alblex; 1982.
KLAPPER, J. The effects of mass communication. Glencoe (IL): Free Press, 1960.
McCOMBS, M.E. ; SHAW, D.L. The agenda-setting function of the media. Public
Opinion Quartely, 1972; 36:176-188
MELTZER, M.I.; RUPPRECHT, C.E. A review of the economics the prevention and
control of rabies: part I, global impact and rabies in humans Pharmacoeconomics,
1998:14:365-383
MORAN, G.J.; TALAN, D.A. MOWER, W. et al. Apropiateness of rabies postexposure
prophylaxis treatment for animal exposures. JAMA 2000, 284: 1001 - 1007
Freimuth, 2000
NIEZGODA, M.; RUPPRECHT,C.E. Animal rabies. In: JACKSON, A. WUNNER,W.
eds. Rabies. San Diego. Academic Press, 2002.
PANAMERICAN
HEALTH
ORGANIZATION
DIVISION
OF
DISEASE
PREVENTION AND CONTROL, Guidelines for Implementation and Development of
Educational Activites for the Elimination of Human Rabies, 1999
REICHMANN, M.L.A.B. Educação e promoção da saúde no Programa de Controle da
Raiva. São Paulo, Instituto Pasteur, 2000.
ROGERS,
E.M.;
STORY,
J.D.;
Communication
campaigns.
Handbook
of
communication science. Berger C., Chaffe S., editors. Newburg Park (CA): Sage
Publication, 1987.
RUPPRECHT, C.E. Rabies re-examined. The Lancet - Infectious Disease, 2002;
2:327-343
WALLACK, L. Mass media and health promotion: promise, problem and challenge.
Mass communication and public health. Atkin, C.; Wallack, L., editors. Newbury Park
(CA): Sage Publication, 1990.
Download