PNEUMONIA Pneumonia significa inflamação aguda no parênquima pulmonar, causada por agentes bacterianos, viróticos, fúngicos, químicos ou físicos. Classificamos as pneumonias dos idosos de acordo com o local da aquisição, a presença de co-morbidade e a condição imunológica do hospedeiro, a partir desta classificação o tratamento com antibioticoterapia é escolhido, visto que o diagnóstico etiológico (o agente causador) só é diagnosticado em 50% dos caso. Conforme o local de aquisição, as pneumonias, são classificadas em: adquiridas na comunidade; adquiridas no hospital e as adquiridas nas instituições asilares. A definição de pneumonia adquirida na comunidade é aquela que acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar ou nas primeiras 48hs após a internação do paciente. A incidência de pneumonias nos idosos aumenta durante os surtos de gripe, o que leva a um maior número de internações, por isso a importância da vacinação do idoso. Alguns estudos mostram que os idosos com pneumonia internam 3 a 4 vezes mais do que os adulto jovens com pneumonia adquirida na comunidade. Já as pneumonias em asilos são de 2 a 4 vezes mais freqüentes do que as adquiridas na comunidade. Durante a internação, o paciente idoso tem maior chance de desenvolver infecção hospitalar. Entre as infecções hospitalares encontramos com uma maior freqüência as pneumonias, que no caso dos idosos, aumentam o tempo de permanência de internação e têm maior incidência de mortalidade. No idoso o envelhecimento fisiológico do sistema respiratório e do sistema imunológico não leva ao quadro de pneumonia, entretanto se somarmos as demais doenças que agravam a perda da reserva funcional pulmonar e o tempo de exposição por exemplo ao cigarro, aumentamos o risco de adquirir a pneumonia. Existe um grande número de fatores predisponentes para pneumonia nos idosos: tabagismo, desnutrição, DPOC, insuficiência cardíaca (IC), insuficiência renal, doença hepática crônica, diabetes, câncer, doença neurológica e psiquiátrica, medicamentos sedativos, alcoolismo, tubos endotraqueais e nasogástricos, cirurgia recente, incapacidade para as atividades de vida diária, internação em hospitais e asilos, gripe. Quadro clínico de pneumonia no idoso pode apresentar-se atípico, com poucos sintomas ou apenas sintomas inespecíficos, como confusão mental, distúrbio do humor, incontinência, inapetência, emagrecimento, declínio funcional, síncope e quedas. Febre – pode estar ausente entre 40% a 60% dos casos. Tosse e dispnéia – presentes na maioria dos casos, porém com pouca expectoração. Taquipnéia – um dos sinais inespecíficos, presente no quadro de pneumonia do idoso. Confusão mental – com alta prevalência em idosos com faixa etária mais elevada, de 15% a 50% dos casos, sendo um indicativo de gravidade. Declínio funcional – a dificuldade de realizar as atividades de vida diária pode estar presente em 50% dos casos. O declínio funcional, inapetência e o delírio são manifestações comuns na pneumonia adquirida nos asilos. Os idosos com pneumonia também apresentam piora dos quadros das doenças crônicas como insuficiência cardíca, DPOC, Diabetes mellitus. Nos hospitais os idosos podem apresentar como quadro clínico o agravamento da insuficiência respiratória, a piora da função mental e a falência de múltiplos órgãos. Os principais agentes etiológios de acordo com o local de aquisição são: 1. Pneumonias adquiridas na comunidade: Streptococcus pneumoniae; Haemophilus influenzae; bacilos gram-negativos (Klebisiela, Enterobacter, Pseudomonas, Acinetobacter); Cocos gram-negativos (Moraxella), Microorganismos atípicos (Mycoplasma, Legionella, Chlamydia, Coxiella); Staphylococcus aureus; Vírus da gripe (Influenza). 2. Pneumonias adquiridas no Hospital: Bacilos gram-negativos, Polimicrobiana, Streptococcus pneumoniae, Vírus da gripe, Microrganismos atípicos; Staphylococcus aureus; Anaeróbios. 3. Pneumonias adquiridas nas instituições asilares: Streptococcus pneumoniae; Polimicrobiana; Bacilos gram–negativos; Staphilococcus aureus; Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis; Anaeróbios; Microrganismos atípicos. A avaliação diagnóstica inclui uma anamnese detalhada, principalmente com histórias anteriores de pneumonia, DPOC , internações anteriores, local onde vive e etc, a radiografia de tórax e um hemograma; já o diagnóstico etiológico é feito pelo exame bacteriológico da secreção pulmonar. Dependendo do quadro clínico como na septicemia podemos colher as hemoculturas, gasometria quando há insuficiência pulmonar, sorologia para vírus no caso das suspeitas etiológicas e demais exames específicos se necessário. De acordo com todo o quadro clínico, mais a história de vida do paciente, suas condições sócio econômicas, os cuidados da família, a gravidade da doença, observamos o aumento do risco de mortalidade para o idoso e por este motivo podemos fazer uma avaliação do risco de pacientes para sabermos se o tratamento deve incluir a internação. O diagnóstico diferencial de pneumonia no idoso deve incluir a insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio; tromboembolismo pulmonar; tuberculose; micoses e as neoplasias. O tratamento da pneumonia no idoso começa pelas medidas de suporte como a hidratação, a nutrição e a oxigenação, preservar as funções cardiovascular e renal do idoso. Quando o paciente esta hospitalizado as medidas de prevenção das úlceras de pressão, da trombose venosa profunda, do delírio e do declínio funcional devem ser instituídas precocemente. Para o tratamento da pneumonias bacterianas consiste na administração de antibióticos nas primeiras 24hs, mesmo não sendo especificado o agente etiológico. A escolha baseia-se na idade do paciente, o local onde a infecção é adquirida, a possibilidade de aspiração, a presença de comorbidades, as condições imunológicas do paciente, e no caso dos hospitais nos germes mais comuns. A prevenção da pneumonia do idoso é de extrema importância em saúde pública, devido à gravidade da infecção e a alta taxa de mortalidade. A vacinação contra a gripe, a vacinação contra o pneumococo e os cuidados gerais como a higiene oral, posicionamento correto no leito, manutenção do bom estado funcional, controle das doenças crônicas, realização de fisioterapia motora e respiratória, aporte ao familiar, são medidas específicas e por isso a necessidade de uma equipe multidisciplinar preparada para atuação na área de geriatria e gerontologia.