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imoocac13 –25 de junho a 1 de julho de 2013
João Pedro Cardoso Martins da Silva, nº UAb 1005690
Tópico 5 – Integração de perspetivas na âmbito de desenvolvimento sustentável.
Ficha de Leitura
1. Referência bibliográfica:
Wilson, G., et al. (2012). T869 Climate change: from science to lived experience. Module 1:
Introduction to climate change in the context of sustainable development. Textbook. United
kingdom: Open University, 182 p. (Colab. de Paula Bacelar Nicolau).
2. Ideia principal:
O texto conclui com as ideias principais dos estudos anteriores, as preocupações científicas trazidas
a debate através de modelos climáticos e sociais e, finalmente, extende-as para o conceito de
desenvolvimento sustentável.
3. Ideias fundamentais:
As mensagens principais no estudo apresentado até agora, envolvem inevitavelmente um processo
de seleção:
a) O que a ciência nos pode dizer sobre as alterações climáticas. Tem sido dito que o clima
é um sistema complexo, pelo que não será tanto a questão de entender os mecanismos de
como os chamados gases de efeito de estufa podem levar ao aquecimento global ou entender
os diversos fatores em jogo, mais importante é o modo como esses fatores interagem de modo
sistemático com os múltiplos efeitos de retorno. Alguns desses retornos são positivos (reforçam
os efeitos de aquecimento global) enquanto outros são negativos (atenuam os efeitos de
aquecimento global). Perceber a importância dos retornos sistemáticos é crucial no
entendimento do modelo do clima pelos cientístas. No entanto, o modelo do futuro é altamente
incerto, não só por causa da complexidade do sistema físico mas também pela grande incerteza
relacionada com o comportamento futuro da Humanidade;
b) Questões económicas nas alterações climáticas. O clima está interligado com a nossa
capacidade laboral – a atividade económica – na emissão de gases de efeito de estufa e como
os principais economistas se esforçam em reconcilhar o crescimento económico contínuo, que
eles afirmam ser essencial para o bem-estar social, com a diminuição da libertação desses
gases. Ao fazé-lo, é-nos introduzida a ferramenta da análise de custo-benfício e entramos no
mundo económico das alterações climáticas em relação aos mercados, preços, incentivos,
inovação tecnológica e produto interno bruto. As alterações climáticas irão custar muito ao
mundo se não agirmos, no entanto, através de incentivos e engenho humano, podemos criar
uma economia mundial verde e inclusiva, que traga prosperidade mútua;
c) As políticas das alterações climáticas. Enquanto tentamos dar conta dos diferentes
impactos dentro de um quadro de custo-benefício e nossa capacidade de agir entre o mundo do
hemisfério norte e sul, levamos agora em conta de forma muito mais minuciosa, os diferentes
interesses dos países ou blocos regionais de países e como estes interesses representam
obstáculos sérios para um acordo internacional sobre as alterações climáticas. Portanto,é crucial
o entendimento que a ‘realpolitik’ oferece nas decisões políticas das alterações climáticas e o
porquê, face às evidências científicas, de ser um longo processo para se obter um acordo
internacional.
d) O impacto social das alterações climáticas. Obtemos um sentido em como os impactos
diferenciados nas mudanças do clima acontecem e provavelmente virão a acontecer em
diferentes grupos de pessoas, por isso é crucial o entendimento desses impactos e a nossa
capacidade de resposta ser tão diferenciada e estruturada pelos nossos contextos sociais, em
que também eles estruturam as nossas ações.
Podemos avaliar na generalidade o poder das análises disciplinares e a sua profundidade, no
entanto, tais análises são confinadas por definição (disciplinadas) pelos seus conceitos nucleares e
cada um é, assim, limitado. Uma vez que constatamos as suas conexões intercalares e as suas
relações entre elas, começamos por explorar as possibilidades de uma compreensão mais funda das
alterações climáticas através da integração. Este é o ponto de partida para uma investigação
interdisciplinar, enquanto que até agora só podiamos reinvidicar uma análise multidisciplinar.
Os cientístas de todos os quadrantes (naturais e sociais) também se aperceberam do valor
acrescido em integrar diferentes perspetivas disciplinares, especialmente quando eles queiram
providenciar respostas cientificamente credíveis para questões politicamente relevantes.
4. Síntese:
Modelos de Avaliação Integrada
Os modelos foram introduzidos com um progresso na avaliação ambiental que é feita nas diferentes
perspetivas disciplinares e, apenas a combinação dessas perspetivas podemos identificar as
melhores opções para abordar as futuras alterações climáticas.
Os Modelos de Avaliação Integrada (AI) são, portanto, modelos ambientais que integram
informação sobre as causas, os efeitos e possíveis soluções para os problemas ambientais, integram
também conhecimento sobre os controladores das mudanças globais, incluíndo as tendências
demográficas e económicas, com sub-modelos terrestres, oceánicos e atmosféricos, a fim de
explorar as futuras tendências das emissões de gases de efeito de estufa e os seus impactos nos
ecosistemas e na sociedade. Os modelos AI são tipicamente meta-modelos, ao agregar informação
detalhada de modelos disciplinares multissistemas, são, acima de tudo, desenvolvidos para explorar
as futuras tendências na base dde suposições sobre a futura atividade humana.
O futuro do clima
Para explorar possíveis tendências futuras, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
desenvolveu o chamado Relatório Especial sobre Cenários de Emissões (SRES, em inglês) que
descreveu possíveis mundos futuros sem políticas climáticas explícitas, estes cenários diferem em
relação aos desenvolvimentos socioeconómicos globais assumidos (globalização e regionalização) e
em relação às atitudes em vista o desenvolvimento económico (centrado no crescimento económico
ou no desenvolvimento sustentável).
Projetando para as próximas duas décadas, um aquecimento de cerca de 0,2ºC por década, a
execução dos modelos, assumindo que as concentrações de todos os gases de efeito de estufa e
aerossóis fiquem constantes no nível do ano de 2000, indicam um incremento no aquecimento de
cerca de 0,1ºC por década. Caso as emissões dos gases de efeito de estufa mantenham ou
aumentem as atuais ritmos no futuro, o aquecimento será maior, isso poderá mesmo induzir muitas
alterações no sistema climático global, incluíndo o aumento dos níveis do mar, mudanças na
precipitação, padrões de vento, etc. Estas alterações, por seu lado, podem vir a ter impactos
importantes na disponibilidade de água, ecosistemas, produção alimentar, linhas costeiras e saúde
humana.
Em março de 2009, cientístas encontraram-se em Copenhaga, alguns meses antes da cimeira sobre
as alterações climáticas, este congresso formulou um número de mensagens da comunidade
científica:
i.
As tendências climáticas são visíveis;
ii.
Poderá haver ruturas sociais e ambientais quando o aquecimento global ultrapassar os
2ºC;
iii.
Uma estratégia de longo prazo é necessária com um objetivo firme para 2020 como
primeiro passo;
iv.
Dimensões patrimoniais são importantes;
v.
A inação é indesculpável; e
vi.
O foco deve estar em cumprir este desafio.
De modelos de avaliação integrada para o desenvolvimento sustentável
Os três pilares do desenvolvimento sustentável são o ambiente, a economia e a sociedade.
O Ambiente refere-se a nossa capacidade em manter o meio ambiente ao longo do tempo, no
entanto, isto não é simplesmente uma questão quantitativa de tempo, podemos ser capazes de
manter a maior parte das coisas ao longo do tempo mas, apenas se permitirmos (ou forçarmos) a
existirem numa forma degradante. Também existe, portanto, uma dimensão de sustentabilidade em
que esperamos que a ‘qualidade’ seja mantida ou mesmo melhorada, podemos acrescentar de
seguida a dimensão de robustez – a capacidade em resistir e recuperar dos abalos.
A Economia é amplamente vista em termos de fornecimento dos nossos meios de subsistência, a
seguir ao ambiente, esta é a capacidade em manter uma economia que seja robusta e possa
melhorar ao longo do tempo. No entanto, levanta questões de inclusão nesta economia sustentável
– Será para todos nós criarmos um sustento seguro ou só para alguns? Será a sua medição
principal a nossa produção económica ou a taxa de emprego ou outra qualquer medição que
relacione a nossa economia com a nossa qualidade de vida?
A Sociedade preocupa-se com a nossa capacidade em desempenhar uma parte sustentável,
satisfatória e completa na vida social, onde somos capazes de recuperar dos abalos no sistema
social. Geralmente é assumido que a inclusão deveria ser aplicada a toda gente e que as questões
de exclusão social de alguns grupos levanta desafios sérios para a sustentabilidade da sociedade.
Muitos países têm expressado o compromisso no desenvolvimento sustentável, para alguns, até
está inscrito nas suas constituições, bem como indicadores de sustentabilidade têm sido
desenvolvidos, invarialmente extraídos nos três pilares.
Gro Harlem Brundtland concebe os três pilares dentro de uma definição generalizada, onde o
desenvolvimento sustentável é o ‘desenvolvimento que atende as necessidades das presentes
gerações sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender as suas próprias
necessidades’.
Como em todas as definições gerais, esta é bastante abstrata e os três pilares foram criados em
parte para a tornar mais concreta, mas também para lidar com a crítica à definição que
explicitamente toma mais atenção à ‘igualdade intergeracional’ (o bem-estar das gerações futuras)
e que não refere à ‘igualdade intrageracional’ (as desigualdades no bem-estar que existem entre os
países e os grupos sociais no presente).
As Avaliações Integradas das alterações climáticas, deste modo, requerem a integração destes
pilares, no entanto, existem questões em relação a estes modelos, por mais sofisticados eles
possam ser no futuro, não tanto nas Avaliações em si, mas mais sobre o que pode vir a ser
necessário para os complementar.
No entanto, e especialmente em relação às alterações climáticas, existe esperança porque, apesar
dos conflitos de interesse, também somos fundamentalmente interdependentes. Deste modo, as
análises principais referem-se ao desenvolvimento contínuo da economia mundial, onde somos
interdependentes na produção e comércio no seu sentido mais amplo. Os políticos têm que
concordar nalgum acordo e ação global porque as alterações climáticas não reconhecem fronteiras.
Grandes migrações humanas resultantes do impacto das alterações climáticas, podem colocar
outras sociedades em risco.
Como apontado anteriormente, a interdependência é particularmente apropriada a um fenómeno
como as alterações climáticas que age a uma escla global e não reconhece fronteiras territoriais.
Reflete um processo de cerca de 150 anos atrás na Europa que levou a grandes iniciativas de saúde
pública como o aprovisionamento de água potável, na altura, a interdependência entre cientístas,
políticos e cidadãos foi capturada na frase: ‘Os germes não reconhecem fronteiras’.
O que podemos aprender do exemplo histórico da saúde pública na Europa e da natureza das
alterações climáticas hoje em dia, é que qualquer análise que ignore o processo pelo qual as coisas
realmente acontecem, é por definição imcompleta. Assim, concluímos que é útil pensar nas
alterações climáticas num contexto de desenvolvimento sustentável mas, também nos obrigam a
repensar no que quer dizer este desenvolvimento sustentável, a nossa análise leva-nos à conclusão
que é melhor pensá-la com um processo contínuo de aprendizagem, através dos nossos
compromissos uns com os outros sobre o assunto, tanto formalmente aquando das negociações
políticas, como informalmente enquanto cidadãos.
Vendo as alterações climáticas num contexto de desenvolvimento sustentável, como um processo
de apredizagem pode parecer muito mais um objetivo modesto do que alcançar a grande visão
mas, com um pouco de modéstia e respeito pelas nossas diferenças, podemos realmente vir a
atingir muito mais.
Assim, valorizar a nossa interdependência humana, requer pensarmos sobre os nossos diferentes
interesses e as coisas pelo qual acreditamos – os nossos diferentes conhecimentos – de uma forma
distinta, como uma fonte de apredizagem e novos conhecimentos conjuntos, que por seu lado,
criem um ‘consenso de base’ para políticas e ações nas alterações climáticas. Podemos também
afirmar que, se tomarmos o desenvolvimento sustentável a sério, o leque de conhecimento que
tomamos em conta, precisa de se expandir para lá daquele convencionalmente definido pelas
ciências (natural e social) para incluir o conhecimento empírico dos cidadãos.
5. Comentário:
Recuperando tudo o que foi estudado neste curso, concluimos com uma definição sobre as
alterações climáticas de interação, interdependência e interdisciplina na análise, aprendizagem,
conhecimento e resolução dos impactos climáticos. Essa definição reconhece o valor profundo da
análise das ciências naturais, económicas, políticas e os impactos sociais, ao apontar que são por
natureza também restritos (disciplinados) pelas suas ideias nucleares e conceitos, ao que nos leva a
considerações de complementaridade, interdisciplinaridade e abordagens integradas.
As Avaliações Integradas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e os diversos
indicadores de monitorização são consideradas essenciais, mesmo com algumas falhas em alguns
casos, surgem para dar resposta à necessidade de avaliar o progresso em matéria de
sustentabilidade, possibilitando estabelecer a ligação com os principais níveis de decisão
estratégica de âmbito internacional, nacional e regional.
O conceito de desenvolvimento sustentável, ao integrar os pilares do ambiente, economia e
sociedade, também é considerado. As críticas, no entanto, afirmam que as alterações climáticas
num contexto de desenvolvimento sustentável deverá ser considerado como um processo em vez
de uma fase final, um processo de compromisso e aprendizagem de tanto as nossas diferenças,
bem como a nossa interdependência.
Bibliografia adicional:
Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS). Ambiente Portugal – Ambição para
o futuro. Agência Portuguesa do Ambiente. Consultado em 2013-07-03 em
http://www.apambiente.pt/index.php?ref=19&subref=139&sub2ref=503
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
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