COLÉGIO METODISTA IZABELA HENDRIX

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COLÉGIO METODISTA IZABELA HENDRIX
PROFESSOR (A): Flaviane Luz
DISCIPLINA: Literatura
TIPO DE ATIVIDADE: Trabalho de Recuperação
VALOR:
NOME:
SÉRIE: 8º
NOTA:
DATA:
IRACEMA
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais
longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
guerreira tribo, da grande nação Tabajara.
O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
(...)
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.
Enquanto repousa, empluma das pena do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata,
pousado no galho próximo, o canto agreste.
(ALENCAR, José de. Iracema.São Paulo, Ática, 1999)
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TEXTO II
Índia, seus cabelos nos ombros caídos,
Negros como a noite que não tem luar;
Seus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse seu olhar.
Índia da pele morena
Eu quero beijar.
Índia, sangue tupi,
Tem o cheiro da flor;
Vem, que eu quero lhe dar,
Todo o meu grande amor.
Quando eu for embora para bem distante,
E chegar a hora de dizer-lhe adeus,
Fica nos meus braços só mais um instante,
Deixa os meus lábios se unirem aos seus.
Índia, levarei saudade
Da felicidade
Que você me deu.
Índia, a sua imagem
Sempre comigo vai,
Dentro do meu coração,
Flor do meu Paraguai!
(In: Sucessos inesquecíveis de Cascatinha e
Inhana.CD.Eldorado, 1997)
J. A. Flores / M. O. Guerrero / José Fortuna
TEXTO III
A índia e o traficante
Noite malandra, um luar de espelho,
No meio da terra a índia colhe o brilho,
Som de suor, cheirada musical,
Palmeira que se verga em meio ao vendaval.
Sentia macia floresta,
Bolívia, montanha, seresta...
Índia guajira já colheu sua noite
Volta para a tribo meio injuriada,
Uma figueira numa encruzilhada
Felina, um olho de paixão danada,
Era Leão, famoso traficante,
Um out-door, bandido elegante,
Que a levou para um apart-hotel
Que tem em cuiabá.
Índia, na estrada, largou a tribo
Comprou um vestido, aprendeu a atirar,
Índia virada, alucinada pelo cara-pálida do
(Pantanal,
Índia guajira e o traficante
Loucos de amor, trocavam o seu mel,
Era um amor tipo 45,
E tiroteios rasgando o vestido,
Em quartos de motel.
Explode o amor, adiós para o pudor,
Guajira e o traficante passam a escancarar,
Rolam papéis, nos bares, nos bordéis,
Os dois de Bonnie and Clyde, assunto dos
(cordéis,
Maíra, pivete, Amazônia,
Esqueceu Tupã, a sem-vergonha...
Dentro de um Cessna, bebendo champagne
Leão e seu bando a fazem sua chefona,
Índia fichada, retrata falada,
A loto esperada pelos federais,
Mas ela gosta de fotografia
E vira capa dos jornais do dia,
Enquanto espera uma tonelada da pura
(alegria.
Índia, sujeira, foi dedurada
Por um sertanista que era amigo seu,
Índia traída — “mim tô passada” —
Ela lamentava num mal português,
A Índia, deu um ganho, num Landau negro,
Chapa oficial, que era da Funai,
Passou batido pela fronteira,
Uma rajada de metralhadora...
Morta no Paraguai!
(In: Dusek na sua. LP Polygram, 1
2
QUESTÃO 01
No Romantismo reside todo um idealismo com que os autores compõem os protagonistas de suas obras,
como sendo modelos ideais de beleza e comportamento. EXPLIQUE por que Iracema pode ser considerada
uma personagem típica do Romantismo.
QUESTÃO 02
A influência do Romantismo pode ser observada em boa parcela de letras da música popular brasileira.
COMPARE o trecho de Iracema à clássica letra da guarânia Índia e CITE dois traços de idealização
romântica presentes na caracterização da Índia de José Fortuna.
QUESTÃO 03
O heroísmo é patente nas obras românticas. O herói representa qualidades como força sobre-humana,
beleza, coragem, virtudes morais, entre outras. Já o anti-herói, além de não ser belo, faltam-lhe qualidades
positivas e virtudes. Releia o texto A índia e o traficante e EXPLIQUE em que sentido a personagem feminina
do poema-canção pode ser vista como anti-heróica, oposta à visão romântica do herói.
QUESTÃO 04
EXPLIQUE por que a presença de estrangeirismos, gírias e expressões vulgares, tão ocorrentes no texto,
colaboram para formar uma feição anti-heróica da personagem.
QUESTÃO 05
De acordo com a gramática normativa, a guarânia Índia apresentaria erros de concordância verbal.
Revelando forte presença do registro informal da linguagem e sua espontaneidade, formas de tratamento em
segunda e terceira pessoas se mesclam no mesmo contexto, com vistas a um efeito estilístico de
aproximação entre as personagens. ANALISE como a compreensão da modalização dos verbos desta obra
contribui para que possamos perceber a aproximação entre as personagens.
QUESTÃO 06
Uma comparação entre os textos permite perceber que a mulher indígena é focalizada de diferentes
perspectivas e pontos de vista, e caracterizada de distintas maneiras. REDIJA um texto CONTRAPONDO a
visão da mulher indígena nos três textos.
QUESTÃO 07
INTERPRETE as diferentes implicações simbólicas na caracterização da personagem feminina nos versos
finais dos textos de Dusek e Fortuna: Flor do meu Paraguai! e Morta no Paraguai!
QUESTÃO 08
Leia atentamente o trecho abaixo, retirado da obra romântica A queda dum anjo, do escritor português Camilo
Castelo Branco.
Capítulo VII
Figura, vestido, e outras coisas do homem
Assim que os personagens dos romances começam a ganhar a estima ou aversão de quem lê, vem
logo ao leitor a vontade de compor a fisionomia do personagem plasticamente. Se o narrador lhe dá o
bosquejo, a imaginativa do leitor aperfeiçoa o que sai muito em sombra e confuso no informe debuxo do
romancista. Porém, se o descuido ou propósito deixa ao alvedrio de quem lê imaginar as qualidades corporais
de um sujeito importante como Calisto Elói, bem pode ser que a intuição engenhosa do leitor adivinhe mais
depressa e ao certo a figura do homem, que se lhe a descrevessem com abundância de relevos e rara
habilidade no estampá-los na fantasia estranha.
Não devo ater-me à imaginação do leitor neste grave caso. Calisto Elói não é a figura que pensam.
Estou a adivinhar que o enquadraram já em molde grotesco, e lhe deram a idade que costuma autorizar,
mormente no congresso dos legisladores, os desconcertos do espírito, exemplificados pelo deputado por
Miranda. Dei azo à falsa apreciação, por não antecipar o esboço do personagem.
Não são poucos os casos em que, no interior do próprio romance, os autores revelam preocupação quanto à
recepção de seus textos. Há aqueles que explicitam esta preocupação como pretexto literário, irônico, como é
o caso de Camilo C. Branco. No trecho em pauta, o narrador revela ter opinião definida sobre as reações do
leitor frente a Calisto Elói, o protagonista da obra. Releia o fragmento dado e responda:
a) De acordo com o narrador, o leitor é um ser ativo ou passivo na recepção de um romance? CITE um
trecho que JUSTIFIQUE sua resposta.
b) De acordo com o narrador, que imagem o leitor fizera de Calisto Elói, positiva ou negativa? CITE um
trecho que JUSTIFIQUE sua resposta.
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