O que é capacitor? Capacitor é um dispositivo eletrônico capaz de armazenar energia elétrica. Sua construção básica consiste de duas placas ou armaduras metálicas, separadas por um material isolante também denominado “dielétrico”. Todo o dielétrico como o ar, papel, mica, cerâmica, etc. pode manter cargas elétricas, pois sendo esses materiais isolantes, elétrons não fluem por ele, portanto, todo dielétrico é um isolante. A classificação dos capacitores é feita em função do tipo de dielétrico usado, por exemplo, um capacitor de cerâmica tem como dielétrico e a cerâmica, um capacitor de mica tem como dielétrico a mica, e assim por diante. Carga do capacitor: Quando um capacitor está descarregado, as placas não possuem nenhuma diferença de potencial (ddp). Isto significa que estão eletricamente neutras. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 1 Quando um capacitor é carregado, uma placa recebe excesso de elétrons tornando-se eletrizada negativamente, enquanto que na outra elétrons são removidos, tornando-se eletrizada positivamente. Entre as duas placas existirá então uma ddp. No exemplo ilustrado na figura acima, o dielétrico é o ar. Simbologia: Veja na figura abaixo as simbologias mais conhecidas para a representação de capacitores. Armazenando cargas em um capacitor: Para armazenar cargas em um capacitor, é preciso que no mesmo seja aplicada uma tensão. A figura a seguir mostra um circuito básico, onde um capacitor é submetido a uma tensão DC. No momento em que a chave Sw é fechada, ocorrerá uma diferença de potencial entre as placas do mesmo pela ação da bateria. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 2 1. Quando a chave Sw é fechada, os elétrons do terminal negativo da bateria se acumulam na placa inferior, pois a mesma está ligada ao terminal negativo da bateria. 2. Enquanto isso a placa superior perde elétrons ficando então positiva (falta de elétrons). Nessa condição cria-se um campo eletrostático entre as duas placas e a placa inferior tende a repelir os elétrons da placa superior. 3. Se por exemplo, na placa inferior forem acumulados 6,25 . 1018 elétrons, então, o capacitor estará com uma carga de 1 coulomb. 4. Podemos levar em consideração os elétrons acumulados em apenas uma das placas para efeito de carga adquirida uma vez que, a quantidade de elétrons acumulados em uma das placas é a mesma tomada da outra placa. 5. Logo, se em uma das placas existirem 6,25 . 1018 elétrons, na outra faltará a mesma quantidade de elétrons, ou seja, 6,25 . 1018 elétrons. 6. Isso se explica pois o campo eletrostático (campo elétrico) formado pelos elétrons em uma das placas, repele os elétrons da outra placa. Portanto, quanto mais carregado estiver o capacitor, maior será esse campo elétrico. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 3 Carga de um capacitor num circuito DC: Inicialmente, quando Sw estiver aberta, nenhuma corrente circulará pelo circuito, pois não há ddp nos terminais do capacitor. Quando Sw for fechada a corrente no circuito será instantânea e irá diminuindo até se tornar nula, pois o capacitor inicialmente descarregado se encarregará de redistribuir as cargas elétricas pelo circuito. Depois de um tempo, não haverá mais corrente pelo circuito. O capacitor bloqueia totalmente a passagem de DC. “Quanto maior for a valor da capacitância do capacitor, maior será a corrente inicial no circuito”. Observe no gráfico que quando Sw for fechada o valor da corrente no circuito é máximo, sendo a corrente limitada apenas pela resistência do circuito (resistência do fio e até a própria resistência interna da fonte ou também, de uma resistência externa). Quando a chave Sw for aberta, o capacitor se manterá carregado com a tensão que lhe foi aplicada. Resumindo: “Quando o capacitor estiver totalmente carregado, nenhuma corrente fluirá pelo circuito”. Podemos então afirmar que o capacitor bloqueia corrente contínua. Quando o capacitor está se carregando, a corrente que flui pelo circuito é denominada corrente de carga. À medida que essa corrente diminui, a tensão sobre o capacitor aumenta tendendo a se opor à tensão de entrada. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 4 Descarga do capacitor: Quando o capacitor está carregado, teoricamente sua carga será mantida indefinidamente, a não ser que seja provoca a descarga entre suas placas por um meio qualquer. Na prática quando um capacitor é removido da fonte de carga, uma série de fatores, como por exemplo, a própria resistência interna (fuga) do capacitor não permite que essa carga seja mantida indefinidamente. “Qualquer meio condutor entre as duas placas de um capacitor totalmente carregado provocará a anulação da ddp entre as duas placas. A isto denominamos descarga do capacitor”. A figura acima ilustra o processo de carga e descarga de um capacitor. Observe o acionamento da chave Sw2 durante o processo de descarga. Fechando Sw2, ocorre a anulação da ddp entre as mesmas. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 5 UNIDADE DE CAPACITÂNCIA A capacitância é a quantidade de carga que um capacitor pode armazenar. É importante lembrar que, quando falamos de carga armazenada em um capacitor, essa carga refere-se a uma das placas, porquanto as mesmas possuem o mesmo valor, porém, com polaridades opostas. A unidade de medida da capacitância é o farad, em homenagem ao físico e químico inglês Michael Faraday (1791-1867). O que é o farad? O farad é uma unidade de capacidade elétrica equivalente a um capacitor em cujas placas aparece uma diferença de potencial de 1 volt, quando ele é carregado com uma quantidade de eletricidade equivalente a 1 coulomb. A carga armazenada pode ser calculada pela fórmula: Q = C.V Onde: Q = carga armazenada, em coulombs C = capacitância em farads V = tensão em volts Como a unidade “farad” é muito grande, costuma-se utilizar os submúltiplos para os capacitores utilizados em circuitos eletrônicos. Assim, temos: farad (F) = unidade milifarad (mF) = milésima parte do farad (10-3) microfarad (µF) = milionésima parte do farad (10-6) nanofarad (nF) = bilionésima parte do farad (10-9) picofarad = trilionésima parte do farad (10-12) O submúltiplo milifarad (10-3) raramente é usado em capacitores convencionais para circuitos eletrônicos. Exemplos: 1. Qual é a carga adquirida por um capacitor de 2µF quando submetido a uma tensão de 200 volts? Q = C.E Q = 2µF x 200V = 400µC (microcoulomb) ou Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 6 400 x 10-6 C 2. Um capacitor quando submetido a uma tensão de 1.000 volts, armazena 0,05C. Qual é a capacitância do mesmo? Q = C.E, logo, C = Q/E C = 0,05C / 1.000 volts C = 0,00005F ou 50µF 3. Um capacitor de 100µF ao ser submetido a uma determinada tensão adquiriu uma carga de 0,0015C. A que tensão o mesmo foi submetido? Q = C.E, logo, E = Q/C E = 0,0015C / 0,0001F = 15 volts CONTANTE DE TEMPO CAPACITIVA Quando um capacitor é ligado a uma fonte DC, se não houver nenhuma resistência, carrega-se totalmente quase que instantaneamente. Quando no circuito houver uma resistência (do próprio fio, resistência interna da fonte ou até mesmo uma resistência externa) haverá um tempo de atraso para que o capacitor atinja a carga total, que é o produto da capacitância pela resistência, conhecido como constante de tempo. τ = R.C τ = tempo em segundos R = resistência em ohms C = capacitância em farads Tomemos como exemplo o circuito abaixo: Quando Sw for fechada, circulará uma corrente máxima pelo circuito que vai diminuindo até que o capacitor se carregue com a tensão da fonte. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 7 Esse tempo de carga é dado pela constante de tempo: τ = R.C τ = 1.106 x 1.10-6 = 1 segundo Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 8 Interpretando a constante de tempo: Analisando o gráfico referente a carga do capacitor no circuito, que representa o aumento da tensão sobre o mesmo, concluímos: 1. A constante de tempo do circuito é de 1 segundo (1s). 2. Em 1 segundo a tensão sobre o capacitor será igual a 63,2% da tensão da fonte, ou seja, 6,32 volts. 3. Em 2 segundos, que equivale a 2 constantes de tempo, a tensão sobre o capacitor será de 86,4% da tensão da fonte, ou seja, 8,64 volts. 4. De forma análoga, em 3 constantes de tempo, o capacitor se carregará com 9,49 volts e em 4 constantes de tempo e capacitor estará carregado com 9,81 volts. 5. A carga total do capacitor ocorrerá somente após 5 constantes de tempo, ou seja, 5 segundos, com 9,99 volts, arredondando: 10 volts. A constante de tempo para a descarga obedece ao mesmo procedimento de cálculo. Tomemos como exemplo o circuito abaixo: 1. Quando Sw é posicionada em “a”, o capacitor carrega-se com a tensão da fonte através do resistor de 100k. 2. Com Sw em “c” o capacitor mantém a sua carga. 3. Ligando Sw em “b” o capacitor descarrega-se através do resistor de 100k. Como os valores dos resistores para carga e descarga são iguais, a constante de tempo será igual tanto para a carga como para a descarga do capacitor. τ = R.C τ = 100.103 x 5.10-6 = 0,5s (meio segundo) Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 9 Portanto: a) em meio segundo (0,5s) o capacitor estará carregado com 6,32 volts b) no processo de descarga, em meio segundo (0,5s), a tensão remanescente no capacitor será de 3,68 volts. c) o processo de carga e descarga do capacitor será de 5 constantes de tempo, o que equivale a 2,5 segundos. Veja o gráfico abaixo referente ao processo de descarga do capacitor com respectivos percentuais, para 5 constantes de tempo. FATORES QUE DETERMINAM A CAPACITÂNCIA Na fabricação de um capacitor 3 fatores primordiais devem ser levados em conta, para definir a sua capacitância: 1. Área das placas: Quanto maior for a área das placas, maior será a capacitância. É fácil imaginar que um capacitor com área de placa maior, armazenará mais energia. 2. Tipo de dielétrico: Quanto maior for a constante dielétrica do dielétrico, maior será a capacitância. A constante dielétrica é representada pela letra “k”. O ar ou vácuo é utilizado como referencial para a constante dielétrica, onde k= 1. A tabela a seguir mostra a constante dielétrica de alguns dielétricos. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 10 DIELÉTRICO Vácuo Ar Baquelite Fibra Vidro Mica Cerâmica Óleo Papel Porcelana Parafina Quartzo Borracha Água (20ºC) k 1,0000(ref) 1,00058986 4 a 8,5 5,5 8 3a6 80 a 1.200 2a5 2a6 4a6 2,5 4,5 a 5 3 a 35 80,1 Se analisarmos a tabela acima, um capacitor com dielétrico de vidro tem uma capacidade de armazenamento 8 vezes maior do que o dielétrico a ar, levando-se em conta as características físicas iguais para os dois tipos de capacitores. 3. Distância entre as placas: A distância entre as placas é determinada pela espessura do dielétrico. Quanto mais fino o dielétrico, maior será a capacitância. Existe outro fator importante na definição da capacitância que é a quantidade de placas. É o caso dos capacitores usados na sintonia de estações de rádio, compostos de várias placas, cujo dielétrico normalmente é o ar. São os capacitores variáveis. A figura a seguir ilustra um capacitor variável com múltiplas placas para uso geral. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 11 A tecnologia de múltiplas placas em capacitores, que na realidade representa multicamadas, é muito utilizada quando se deseja capacitores para altas tensões de trabalho. CÁLCULO DA CAPACITÂNCIA plano. Através da fórmula a seguir pode-se calcular a capacitância de um capacitor Onde: C = capacitância em picofarad (10-12) 0,0885 = constante eletrônica A = área da superfície das placas em centímetros quadrados d = distância entre as placas, em centímetros (espessura do dielétrico) Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 12 N = número de placas Observe que a fórmula usada para o cálculo da capacitância foi convertida para o sistema CGS (do SI para o CGS), daí então a área das placas ser especificada em centímetros quadrados e a distância em centímetros. Dessa forma, o resultado deverá ser expresso em picofarad. OBS: a constante eletrônica 0,0885 é a permissividade elétrica no vácuo, que corresponde no SI a: Para melhor entendimento, alguns exemplos a seguir: 1. Qual é a capacitância de um capacitor de 2 placas quadradas, sendo que cada placa mede 0,5cm de lado, cujo dielétrico é a cerâmica (k=1.200) e a espessura do dielétrico é 0,3mm. Solução: 0,5cm de lado para cada placa quadrada, teremos uma área de 0,25cm2 0,3mm = 0,03cm. C = 0,0885 . 1200 . 0,25 . (2-1) / 0,03 C = 26,55 / 0,03 = 885pF Resolvendo o mesmo exercício no SI: Lembrando que: a) a área é dada em metros quadrados Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 13 b) a distância é dada em metros c) a unidade de medida em farads (F) 0,5cm = 0,005 metros 0,3mm = 0,0003 metros d) o resultado: 8,85 . 10-10 F é a mesma coisa do que 885pF ou 885 . 10-12F 2. Qual é a capacitância de um capacitor plano formado por duas placas de 18cm x 18cm, com dielétrico de vidro com espessura de 2mm? Solução: 18cm x 18cm = 324cm2 = área de cada placa 2mm = 0,2cm K = 8 (conforme tabela) C = 0,0885 . 324 . 8 . (2-1) / 0,2 C = 229,392 / 0,2 = 1.146,96pF Resolvendo o mesmo exercício no SI: 18cm = 0,18m (0,18m)2 = 0,0324m2 2mm de espessura equivale a 0,002m OBS: 1,147 . 10-9 F é a mesma coisa do que 1,147nF ou 1.147pF ou 0,001147µF Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 14 Quando um capacitor é ligado a uma fonte AC, alternadamente ele se carrega e descarrega, com sentidos opostos. A figura a seguir ilustra o processo de carga e descarga do capacitor quando submetido a uma tensão AC. A cada meio ciclo o capacitor carrega-se e descarrega-se. Como cada um dos semiciclos tem suas polaridades invertidas, ocorre a carga e descarga em um sentido e depois em outro sentido. Vamos analisar o que ocorre nos semiciclo positivo e negativo: 1. de 0 a 90º o capacitor carrega-se positivamente. 2. de 90º a 180º o capacitor começa a se descarregar, porém não muda de polaridade, que é positiva. 3. de 180º a 270º o capacitor começa a carregar-se novamente porém com sentido oposto. 4. de 270º a 360º o capacitor começa a se descarregar, porém não muda de polaridade, que agora é negativa. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 15 Relação entre as tensões: Observe na figura mostrada anteriormente o sentido das correntes no processo de carga e descarga do capacitor durante um ciclo. a) no processo de carga (0 a 90º) e no processo de descarga (270 a 360º) o sentido da corrente é o mesmo. b) no processo de descarga (90 a 180º) e no processo de carga no sentido negativo (180 a 270º) o sentido de corrente também é o mesmo. Vamos considerar, por exemplo, o que ocorre entre 90º e 270º: de 90 a 180º o capacitor começa o processo de descarga. O capacitor descarrega totalmente quando a tensão aplicada cai a zero (180º) e começa a carregar-se no mesmo sentido no qual estava se descarregando anteriormente. conclui-se então que existe uma corrente AC circulando pelo circuito continuadamente. Logo, um capacitor permite a passagem de corrente AC. a acumulação de cargas nas placas do capacitor, varia senoidalmente acompanhando a tensão aplicada. em virtude disso no capacitor é desenvolvida uma contratensão que está defasada 180º em relação à tensão aplicada. Relação entre a tensão e a corrente: Quando uma fonte de tensão AC é ligada aos terminais de um capacitor, a corrente no circuito é máxima, no instante em que a tensão da fonte, senoidalmente começa a crescer a partir do zero. Isso é explicável, pois um capacitor completamente descarregado atua como um “curto” no instante em que a fonte é ligada, e à medida que as placas vão se carregando, as placas começam a apresentar uma oposição à corrente. Quando a tensão alcança o seu valor de pico, o capacitor estará carregado apresentando assim uma oposição à passagem da corrente de maneira a cancelar o fluxo da mesma. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 16 Conforme podemos verificar na figura a seguir, a relação de fase entre a tensão e a corrente é de 90º, estando a corrente adiantada em relação à tensão aplicada. O gráfico a seguir ilustra as defasagens entre corrente, tensão aplicada e contratensão. CONCLUINDO: A corrente através do capacitor está defasada 90º tanto em relação à tensão aplicada como em relação à contratensão. A corrente está adiantada 90º em relação à tensão aplicada e atrasada 90º em relação à contratensão. O efeito da frequência e capacitância na corrente do capacitor: Quando uma tensão AC é aplicada em um capacitor, este se carrega e se descarrega alternadamente (em ambos os sentidos) durante cada ciclo da tensão aplicada. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 17 A intensidade do fluxo de elétrons (corrente) é determinada pela quantidade de elétrons que passa por um ponto do circuito em um determinado tempo unitário (no SI esse tempo é igual a 1 segundo). Em outras palavras a corrente á igual a taxa do fluxo de elétrons sendo expressa pela equação: I=Q/t I = corrente em ampères Q = carga em coulomb t = tempo em segundos A carga e descarga do capacitor em AC acompanham exatamente as variações de tensão desde o seu valor zero até o seu valor de pico, pouco importando a frequência. Assim, se tivermos dois capacitores iguais ligados a uma fonte de tensão com amplitudes iguais, mas, de frequências diferentes, os valores de Q serão iguais, porém os valores da corrente serão diferentes, devido aos valores de “t” serem diferentes, lembrando que “t” é o período do ciclo. Resumindo: Dois capacitores iguais, submetidos à mesma amplitude de tensão, porém com frequências diferentes, terão o mesmo valor de “Q”, no entanto, a corrente através do capacitor é diretamente proporcional à frequência (I = Q/t). Considerando que a carga máxima do capacitor se dá no valor de pico da tensão (em qualquer um dos sentidos), mostramos acima as condições para as frequências de 30 e 60Hz ode se observa que a carga máxima é atingida, porém, em tempos diferentes. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 18 No entanto, levando-se em consideração a expressão: I = Q/t, teremos: Para 30Hz: I = Q/t t = 1/120 = 0,008333s I = 1/0,00833 = 120 ampères Para 60Hz: I = Q/t t = 1/240 = 0,0041667s I = 1/0,0041667 = 240 ampères Logo, comprova-se que a corrente é diretamente proporcional à frequência Partindo do conceito visto anteriormente, de que a capacitância é a quantidade de carga armazenada no capacitor podemos concluir que capacitor de maior capacitância armazena maior carga, conforme indica a expressão: Q = C.E A figura acima mostra a relação entre a tensão aplicada e a carga armazenada, que, sendo as duas tensões de amplitudes e frequências iguais. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 19 Nos circuitos 1 e 2 mostrados na figura, a tensão aplicada é 10 volts e a frequência 60Hz, porém, as capacitâncias são diferentes. Nos dois casos o tempo para atingir a carga máxima é o mesmo, porém como as capacitâncias são diferentes as cargas também serão diferentes. CIRCUITO 1: Q = C.E = 0,05F x 10 volts = 0,5C I = Q/t t = 0,0041667s I = 0,5/0,0041667 = 120 ampères CIRCUITO 2: Q = C.E = 0,1F x 10 volts = 1C I = Q/t t = 0,0041667s I = 01/0,0041667 = 240 ampères Logo, comprova-se que a corrente é diretamente proporcional à capacitância REATÂNCIA CAPACITIVA Um capacitor oferece oposição à passagem da corrente forma que uma resistência ou um indutor. elétrica AC da mesma Sabemos que a intensidade da corrente AC que um capacitor conduz depende da frequência, da tensão aplicada e da capacitância. Evidentemente, a amplitude da tensão aplicada controla o valor da corrente, no entanto, se a amplitude for mantida constante a corrente dependerá apenas da capacitância e da frequência. Num circuito puramente capacitivo, a reatância capacitiva possui o mesmo efeito que uma resistência num circuito DC ou num circuito AC. A forma mais conveniente para calcular os efeitos de uma reatância capacitiva em um circuito AC é usando os princípios da Lei de Ohm. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 20 Xc = reatância capacitiva em ohms C = capacitância em farads f = frequência em hertz Nas curvas acima podemos concluir: a variação da reatância capacitiva não é linear com o aumento ou diminuição da frequência ou capacitância. a variação da corrente através do capacitor varia linearmente com o aumento ou diminuição da frequência ou da capacitância. As curvas acima mostram uma diminuição da reatância capacitiva e um aumento linear da corrente. No caso de aumento da reatância capacitiva ou diminuição da corrente os gráficos serão invertidos, conforme ilustra a figura a seguir. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 21 A figura a seguir mostra dois circuitos (circuitos 1 e 2) onde muda apenas a frequência mantendo o valor da amplitude da tensão aplicada e o valor da capacitância. A reatância capacitiva (Xc) atua como uma resistência. À medida que a frequência aumenta, Xc diminui e a corrente no circuito aumenta. Procedendo aos cálculos: Circuito 1: Tensão aplicada: 20 volts Frequência 10Hz Xc = 1 / 2πfC Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 22 Xc = 1 / 6,28 x 10 x 100.10-6 Xc = 1 / 0,0063 Xc = 159,236 ohms I = 20 / 159,236 = 125,6mA Circuito 2: Tensão aplicada: 20 volts Frequência 100Hz Xc = 1 / 2πfC Xc = 1 / 6,28 x 100 x 100.10-6 Xc = 1 / 0,0063 Xc = 15,925 ohms I = 20 / 15,924 = 1,256A RESISTÊNCIA DE PERDA DO CAPACITOR Um capacitor tem como principal aplicação em eletrônica o bloqueio de DC e permitir a passagem da corrente alternada (AC). Como sabemos, o fluxo da corrente AC num capacitor depende da frequência e da capacitância, em outras palavras, a resistência para a corrente alternada depende da reatância capacitiva. O fluxo de corrente em um capacitor depende então de fatores vistos anteriormente como: 1. 2. 3. 4. tipo de dielétrico área das placas espessura do dielétrico quantidade de placas No entanto, como não existe um isolante perfeito, podemos admitir que entre as placas dos capacitores , por força do dielétrico, existe uma resistência de perda. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 23 A resistência de perda pode ser comparada a uma resistência em paralelo com as placas (shunt), que nos capacitores de boa qualidade é da ordem de alguns megohms. Logo, quanto mais alta for essa resistência, menor será o efeito sobre o capacitor, e essa eficiência é denominada fator “Q” do capacitor. Logo, maior resistência, melhor o fator “Q”. Embora essas perdas sejam minimizadas quanto melhor for o fator “Q”, justificase o fato de um capacitor após totalmente carregado e removido do circuito, não manter sua carga indefinidamente. Além disso, em algumas aplicações devemos levar em consideração também a resistência de perda das placas e dos fios dos terminais do capacitor, que deve ser extremamente baixa para capacitores de boa qualidade. Essa resistência pode ser representada como uma resistência em série, conforme ilustra a figura. Eletricidade Básica – Circuitos capacitivos – Capacitores e capacitância Prof. Edgar Zuim Página 24