contexto ou situação quem - patrícia grilli psicologia

Propaganda
Módulo 3
Comunica-te e eu te direi como percebe o mundo e o outro
Até aqui você teve a oportunidade de fazer algumas perguntas sobre si mesmo, o que
o levou a se conhecer melhor e a lidar com suas tendências de comportamento baseadas nos
temperamentos que estão mais desenvolvidos e, consequentemente, mais aparentes em você.
Agora chegou o momento de perceber como estas tendências de comportamento
influenciam seus relacionamentos pessoais e profissionais principalmente!
Quando falamos em relacionamento estamos considerando as comunicações
envolvidas, afinal, a forma de se comunicar está intimamente ligada com a maneira como
ditamos nossos relacionamentos como afirmam Watzlawick, Beavin, Jackson “comunicar é
uma maneira de trocar informações e impor comportamentos, comportamentos esses que são
essenciais para a compreensão das relações estabelecidas” (apud SOUBIHE, 2012).
Então, quando nos comunicamos impomos comportamentos, mesmo sem perceber!
E esta comunicação a que me refiro não acontece apenas quando eu falo ou escrevo
para uma pessoa. A comunicação acontece desde a fala ou a escrita até a recepção da
mensagem, isto é, até o retorno da mensagem. Como assim?
Falar ou escrever “você é bonita”, para alguns pode soar como:



“Nossa eu sou maravilhosa”;
Para outros, “que cantada barata”;
Ou ainda para alguns “que cara simpático”.
Percebe como a compreensão da mensagem vai além da transmissão dela?
E para complicar um pouquinho, a maneira como transmito e recebo mensagens fala
um pouquinho de mim... Sim, sua comunicação denuncia quem você é, mostra seus valores,
suas tendências de comportamento e suas expectativas.
E isso tudo parece tão complexo e ao mesmo tempo tão simples...
Realmente parece, mas esta mistura entre complexidade e simplicidade pode resultar
em um longo e interessante bate papo; bate papo que vamos começar a trilhar de forma
objetiva e prática! E para começar nosso tema, vamos ver o que afinal é a tal da comunicação.
Comunicação vem do latim communicare e significa tornar algo comum, partilhar,
repartir, trocar opiniões. Por isso, no processo de comunicação, há transferência de
informações envolvendo emissor, mensagem, canal de comunicação, objetivo e receptor. Veja:
CONTEXTO OU SITUAÇÃO
QUEM
(Emissor/
Receptor)
O QUE
Tem algo a transmitir
(mensagem)
PARA QUEM
(Receptor/ Emissor)
COMO
De alguma maneira
(canal)
PARA QUÊ
Gera algum efeito
(resposta/feedback)
Na figura acima, você pode reparar que quem emite a mensagem também é receptor e
quem recebe a mensagem também é emissor. Como assim? Uma mesma pessoa pode ter duas
funções em um mesmo processo?
Sim, sim e sim.
Isso acontece devido à existência do feedback, uma palavra que ao mesmo tempo que
aterroriza algumas pessoas, é novidade para outras e, ainda, para algumas, é apenas uma
simples e indiferente palavra. Independente de como o feedback soa para você, este elemento
da comunicação é muito importante, se não, o mais importante e deve receber uma atenção
especial.
Primeiramente, tenho uma pergunta para você: quando você quer se comunicar, qual
a primeira coisa que te motiva a emitir uma fala?
Provavelmente você respondeu: quero passar uma informação e a fala é a maneira
mais rápida de fazer isso.
Uma coisa você está certo ou certa: a fala é uma maneira rápida de transmitir uma
mensagem. Mas, será que falar garante a compreensão da informação?
Concordo com você que disse sim, argumentando que a mensagem foi repassada, mas
discordo de você que afirmou que ela foi compreendida. Transmitir uma mensagem é uma
coisa, entendê-la, é outra. Afinal, o que envolve essa compreensão? A resposta está na palavra
que começamos a dar atenção: feedback.
Com origem na língua inglesa, feedback é o encontro de duas palavras inglesas: feed, de
alimentar, e back, de atrás, voltar para trás. Por isso, a tradução no português fica sendo,
segundo o Dicionário Online da Língua Portuguesa Primberam (2012), retroação, regulações
de um sistema de informações, reação a alguma coisa e, segundo o Dicionário Online de
idiomas Word Reference (1999), opinião ou realimentação.
E o que isso significa? Significa que para uma mensagem ser completamente
compreendida, tanto o emissor como o receptor devem estar com suas percepções alinhadas,
garantido a regulação da relação existente entre eles. Vamos entender isto melhor buscando o
conceito de figura e fundo da teoria da psicologia da Gestalt, que estuda como os seres
humanos percebem os elementos e o todo.
Talvez alguns já estejam familiarizados com a teoria, outros talvez não;
independentemente disto, quero focar sua percepção em alguns aspectos da teoria. Venha
comigo.
A percepção, para a Gestalt, não é uma mera soma de sensações, mas é a percepção
unificada destas sensações. O todo e a parte podem ser estruturados de maneiras distintas,
dependendo dos estímulos e, isto interfere na interpretação. O que sobressai na imagem do
contexto é chamado figura e o todo restante é considerado o fundo. A percepção pode variar
de acordo com o que, naquele momento, foi figura e o que foi fundo, por isso, o importante é
o aqui e agora da percepção.
A teoria continua explicando as maneiras de se perceber um objeto, mas para nós o
mais importante é notar que estímulos diferentes podem se destacar de uma mesma
situação e, isto está intrinsicamente vinculado à maneira como nós nos relacionamos com a
situação em questão. Como assim?
A figura abaixo é bem conhecida no meio dos psicólogos, mas não me canso de
mostrá-la para exemplificar como nossa percepção é baseada em aspectos intrínsecos a nós
mesmos.
Vamos supor um contexto em que você me apresente a figura abaixo:
Após me apresentar a figura, você começa a falar com muito entusiasmo sobre o vaso
preto lindo que você comprou, continua dizendo que quer colocar uma flor colorida nele para
enfeitar a sala e está me perguntando uma sugestão de cor. Após sua pergunta eu respondo:
- Bom, para eu colocar cor neste objeto que você está me mostrando eu começaria
colocando batom nos dois rostos que estão muito brancos... Depois eu posso pensar
na cor da flor em cima do vaso que eu ainda não achei... Peraí, achei uma mesa e já
estou imaginando as cadeiras coloridas ao seu redor! Que lindo!
Diante desta minha fala você faz uma cara de surpresa, fecha a cara ou resmunga
pensando “A Andrea está ficando doida, surda ou está zombando da minha cara...”.
Dependendo do seu temperamento (estudado no Capítulo 2*) você realmente apresentará
alguma destas reações, mas se você considerar a existência do processo de feedback, talvez
consiga neutralizar a tendência de comportamento de seu temperamento predominante e
simplesmente pense: “a Andrea não entendeu o que eu disse, posso ter me comunicado com
pouca clareza”. A questão é que quase nunca, senão nunca, pensamos desta maneira...
Nossa tendência ao olhar a figura apresentada é, primeiramente, notar a cor que nos é
mais familiar: se você prefere branco, tenderá a ver os rostos primeiros, se prefere preto,
provavelmente direcionará seu olhar à taça central.
Taça?.... esta é outra ótima observação. Já ouvi pessoas falando que viram um vaso,
uma mesa e outras concordaram conosco e viram a taça. De novo: cada um vê a figura que
mais se assemelha com suas experiências.
É esperado que o cérebro responda desta forma, por isso, você responde tão rápido ao
seu nome, por exemplo. Seu nome lhe é familiar. Por isso também, os treinamentos de vendas
reforçam a importância de falar o nome do cliente: quanto mais o vendedor se torna familiar
ao cliente, mais o cliente confia em suas sugestões e decide pela compra.
Como eu já tinha dito, este é um exemplo simples, mas gera vários aprendizados, por
isso, vamos aproveitar e aprofundar. Então ai vamos nós:
Para partir para o próximo passo, vamos rever os elementos da comunicação
apresentados anteriormente:
1. A mensagem: a Andrea ouviu a informação repassada, então a mensagem foi transmitida
(este é o primeiro passo para a compreensão, mas não a garante);
2. A maneira como a mensagem foi transmitida: a fala pode não ter sido uma boa escolha,
afinal o som do ambiente (também chamado de ruído) estava muito alto e você precisou
aumentar seu tom de voz e gesticular muito. Além disso, outro ruído pode ter atrapalhado: o
meu ruído interno.
Ruído interno? Sim, afinal, você não me perguntou como eu estava e muito menos percebeu
se eu estava prestando atenção na figura que você estava me mostrando (sim, os ruídos
externo e interno podem atrapalhar sua comunicação);
3. O objetivo da mensagem: você conseguiu a resposta que queria?
Como você percebeu, em nossa comunicação simulada, os itens 2 e 3 ficaram
comprometidos. E só foi possível perceber isso quando paramos para analisar o efeito da
comunicação, isto é quando paramos para perceber o feedback.
Resumindo, eu não compreendi o que você estava dizendo sobre os vasos porque eu
não os via!
Minha percepção, meu ponto de referência, não era o mesmo que o seu. E na
verdade, tudo começa pela percepção. Se o meu receptor não vê o que estou mostrando, ele
não será capaz de me dar a resposta que eu objetivo.
E para perceber isso, preciso reparar mais no meu receptor, por isto ele se torna
também um emissor. Para garantir uma comunicação mais eficaz, precisamos perceber quais
são as mensagens que o receptor está emitindo após ter ouvido ou visualizado minhas
informações como emissor.
Para você entender qual era meu ponto de vista da figura que você me apresentou,
trago a figura abaixo para te ajudar:
A figura é bem semelhante, mas os estímulos são diferentes, a começar pela cor. Isso
gera consequentemente, alteração na percepção, conforme vimos. E esta história continua...
Afinal, a imagem que apresentei é apenas uma de muitas imagens que demonstram
como nossa percepção é influenciada por nós mesmos e pelos nossos filtros pessoais.
Esta é uma palavrinha nova e poderosa: filtros. Lembra que falamos que nossa
percepção escolhe os estímulos da situação e gera uma imagem percebida? Então, a escolha
dos estímulos, seja pela cor, estrutura, calor... tem origem nos nossos modelos mentais e
funcionam como óculos com lentes coloridas: você passa a enxergar tudo baseado na cor das
lentes dos óculos.
Em meus treinamentos, costumo levar estes óculos com lentes coloridas e a resposta é
sempre a mesma: se a lente é vermelha, o treinando tende a ver tudo vermelho ou
avermelhado, se for verde, tudo passa a ser esverdeado ou verde e, assim por diante...
Esses modelos mentais acabam limitando nossa percepção que tem sua origem
engessada em padrões de pensamento carregados de crenças. Como já dizia meu professor
Rhandy Di Stéfano:
Os maiores obstáculos na vida do ser humano são frutos de seu modelo mental – da
maneira que ele percebe e analisa a realidade (...) O modelo mental representa o
filtro que usamos para enxergar a vida (...) O modelo mental se torna um fator tão
influente nas ações da pessoa que, uma vez que este seja detectado, é quase previsível
saber como alguém vai agir (livro Lider Coach, 2005, p. 119)
Sim, você pode predeterminar comportamentos a partir do momento em que percebe
os filtros que as pessoas utilizam. Assim, se você identifica que a lente dos óculos da pessoa é
rosa, não adianta insistir para ela ver vermelho, pois ela sempre tenderá a ver rosa, a não ser
que ela decida ampliar sua visão e sair de suas lentes naturais, por isso o processo não é tão
fácil, mesmos parecendo ser tão simples...
Vamos para uma história que eu adoro citar quando falo sobre este assunto:
Um casal, recém-casados, mudou-se para um bairro muito tranquilo.
Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou,
através de sua janela, que a vizinha pendurava lençóis no varal e comentou com o
marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão
novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar
as roupas!
O marido observou calado.
Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis
no varal e a mulher comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade
perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha
pendurava suas roupas no varal.
Passado algum tempo a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muitos brancos
sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas. Será que outra vizinha ensinou? Porque
eu não fiz nada.
O marido calmamente responde:
- Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!
De novo: tudo depende de qual perspectiva a situação está sendo visualizada. E para
descobrir qual é esta perspectiva, temos que olhar para dentro de nós mesmos, temos que
reconhecer nossas vidraças e decidir abrir a janela, mudar os filtros, “ fazer uma revisão” neles.
A moça da história emitiu julgamento a partir da sua percepção, acabou sugerindo
uma solução, mas não fez nada...
Primeiro, mesmo se ela tivesse ido ao encontro da vizinha, não teria ajudado em nada,
pois a sua percepção estava errada e quem ficaria envergonhada seria ela mesma. O primeiro
passo deveria ser avaliar os pensamentos em relação a situação para depois emitir uma
opinião e agir. Para temperamentos fleumáticos e melancólicos, essa atividade reflexiva pode
ser mais natural, já para sanguíneos e coléricos, é necessário respirar, controlar a
impulsividade do colérico de agir e a impulsividade do sanguíneo de falar e apontar erros.
A física quântica também enfatiza bastante este tema, quando diz que “a imagem que
representa um aspecto de nosso universo exterior essencialmente representa um estado
emocional e um sentimento gravado em nossa memória” (Andreeta e Andreeta,2004, p.132).
Por isso, tudo aquilo que nós não acreditamos, deixa de existir na nossa percepção. Nossas
crenças, ou como aprendemos, nossos modelos mentais, são o fator mais importante que
constrói a realidade em nossas histórias e nossas vidas.
Por esta razão, elas são poderosas para liberar percepções, bloqueá-las, distorcê-las ou
evitá-las. A física quântica conclui que tudo parece estar no comando da mente do observador,
fazendo com que ele observe aquilo em que acredita. Sim, você percebe o que você acredita...
Para finalizar o bate papo sobre percepção, apresento a imagem abaixo:
Que sentimentos e emoções você tem ao olhar esta foto?
Talvez medo...
Talvez adrenalina...
Talvez desafio...
Ou ainda loucura...
No meu caso, foi um desafio superado e muita, muita adrenalina...!
Neste exemplo, o estímulo das imagens são bem semelhantes e levam ao tema “salto
de paraquedas”, mas as imagens geram reações diferentes dependendo do estado de
consciência de cada um. Se você gosta do tema, poderá ter reações positivas como risada,
empolgação e alegria; já se você não gosta do tema, poderá responder com aversão, medo e
julgamento negativo.
O estímulo é o mesmo, mas a reação depende da interpretação de cada pessoa (e aqui
voltamos aos temas de nosso bate-papo: depende da percepção, dos filtros, das experiências
pessoais).
Enfim, o que mais importa, não é o que realmente a situação é, mas os sentimentos e
emoções ela nos inspira. Afinal, os fatos da situação NÃO MUDAM, o que muda é como
percebemos a situação.
E para resumir, inspiro-me na grande estudiosa, psicóloga e coach Fátima Abrantes
com a frase: nosso relacionamento com as situações da vida acontecem seguindo a sequência
desenvolvimento de um (1) pensamento, que remete a um (2) sentimento, que traz a
lembrança ou cria uma (3) imagem, que, como consequência se vincula a (4) palavras pensadas
ou faladas e, que, gerará (5) ação com resultados específicos. Nesta sequência PSIPA:
(1) Pensamento
(2) Sentimento
(3) Imagem
(4) Palavras
(5) Ação
A percepção se estabelece através dos filtros que se originam nas crenças e provocam
comportamentos que vão desde imaginações, à palavras e à ações.
Para compreender melhor, basta voltarmos à imagem inicial da taça: os estímulos da
figura, fizeram você processar pensamentos. Talvez você pensou em uma festa e, vinculou à
lembrança de alegria ou briga, que te trouxe uma imagem na mente e palavras pensadas ou
ditas. Dependendo deste processo, você agirá de formas distintas em relação àquela taça
percebida na imagem.
Por isso, podemos dizer que existem maneiras diferentes de perceber as coisas,
maneiras estas que estão relacionadas com seus temperamentos dominantes. Esse
entendimento nos permite reconhecer que é incabível afirmar que só há uma maneira de
perceber uma situação, na verdade, há diferentes maneiras e é isso que faz a beleza da
diversidade humana!
Comunica-te e eu te direi quem tú és
Até aqui você aprendeu que a forma como percebemos o mundo a nossa volta
influencia a nossa comunicação e, consequentemente, o nosso comportamento. E todo este
processo sofre influência direta do temperamento predominante, afinal, o temperamento
filtra a maneira como nos comportamos diante da situação a que somos expostos.
Como assim?
Por exemplo, vamos supor, novamente, que a imagem da taça, apresentada no começo
deste capítulo, traga a lembrança de uma festa em que houve uma briga com seu namorado
ou sua namorada, com agressão verbal. Dependendo do seu temperamento predominante, o
comportamento com as pessoas ao seu redor será:
 COLÉRICO - Agressividade e ação
O colérico se comportará de forma explosiva, direta e ríspida. Tomará a direção da conversa e
apresentará aspectos objetivos para mudar o foco.
 SANGUÍNEO – interação e aceitação
O sanguíneo buscará interação com as pessoas para desviar seus pensamentos e se sentir
aceito (a imagem da briga pode trazer sentimento de rejeição). Para ele, as pessoas podem o
proteger.
 FLEUMÁTICO – planejador, estável e sensato
Buscará formas de resolver logicamente o conflito interno, de maneira a manter o controle e a
calma sem ninguém perceber. Tudo bem planejado, ponderado e, talvez, indiferente.
 MELANCÓLICO – introversão e análise
Demonstrará mudança de humor, reflexão, solidão, crítica e autocrítica. Pode se tornar
carrancudo e chato. Sua tendência é se fechar com a lembrança da briga.
Percebe como cada temperamento reage de maneiras distintas diante de uma mesma
situação?
O mais interessante disso tudo é que se eu entendo essas tendências de
comportamento, eu passo a reconhecê-las mais facilmente em mim mesma, de maneira a
provocar maior auto-aceitação e auto-percepção. E ao me perceber melhor diante das
situações, eu passo a me responsabilizar mais pelas minhas atitudes, uma vez que tomo
consciência dos pensamentos por traz das minhas reações.
E fazendo isso, eu passo não mais a REAGIR, mas a AGIR, de acordo com o que quero e
não de acordo com o que eu gostaria que as coisas fossem. Então, eu saio do plano da
idealização e vou para o plano da realização.
Uma das situações que eu mais tenho visto são pessoas se esconderem atrás daquilo
que elas gostariam que acontecesse e, quando não acontece, culpam as pessoas ao seu redor,
em vez de se responsabilizarem pelo não alcance de seus objetivos.
Isso, muitas das vezes, acaba em exigências, que o coaching trabalha muito bem ao
questionar o que esperamos de um evento ou de uma pessoa. A resposta a este
questionamento nos leva a identificar o pensamento (que é sua reponsabilidade) por traz da
reação emocional que é gerada pelo evento ou pela pessoa.
E o mais simples e mais interessante é que exigir não garante que a exigência aconteça
do seu jeito. Repito, simples, mas difícil de ser percebido.
Porém, quando você reconhece a exigência, você toma consciência de como gostaria
que as coisas fossem. Com isso, você se torna capaz de responder à situação (capacidade de
resposta é a origem da palavra responsabilidade) e então, ganha mais espaço para escolher
uma atitude e mudar a situação, já que a RESPONSABILIDADE é sua.
Deixar a situação na mão do outro não é uma boa ideia, afinal, as pessoas se
comportam da maneira que elas querem e não temos o direito de interferir, pelo contrário,
permitir é a melhor escolha, salvo quando fere as leis básicas, civis e universais de convivência.
A partir do momento em que você se percebe mais, você percebe melhor as pessoas.
A partir do momento em que você se aceita mais, você aceita mais as pessoas.
Este é o primeiro passo, por isso Sócrates já dizia “conhece-te ti mesmo” e nas
escrituras sagradas já diz “ame o próximo como a si mesmo”. Enquanto não estamos
resolvidos conosco mesmo, não nos resolvemos com o outro.
Carrego há muito tempo o texto que compartilho abaixo com você. Traz muita
sabedoria:
Quando eu era jovem e livre, minha imaginação não tinha limites. Sonhei que mudava o
mundo. Cresci, fiquei sábio e descobri que o mundo não mudaria. Por isso, de alguma forma,
reduzi meus planos e decidi mudar só o meu país. No entanto, isso também parecia impossível.
Conforme me aproximei do crepúsculo de meus dias, numa última e desesperada tentativa,
pus-me a mudar apenas a minha família, as pessoas mais próximas de mim, mas – ai de mim!não consegui. E agora, no meu leito de mortes, finalmente percebi: se tivesse começado a
mudança apenas em mim, então meu exemplo mudaria minha família. Esta inspiraria e
incentivaria a mudar meu país e – quem sabe? – talvez pudesse até mudar o mundo.
Inscrição na tumba de um Bispo anglicano (sec.XI)
E para te ajudar com esta mudança interna e, consequentemente provocar mudanças
externas, vão aí umas dicas para você lidar com você mesmo (e no próximo tópico a dica é de
como lidar com o próximo, principalmente, no momento da comunicação):
Para o temperamento sanguíneo:










Fale menos e ouça mais;
Evite interromper e se distrair enquanto estiverem conversando com você;
Fique feliz com a rotina, ela é importante para o alcance de resultados;
Diminua seu ritmo, nem todos gostam da sua espontaneidade e agilidade em todas as
situações;
As coisas não saem sempre do seu jeito, então, nada de usar seu charme e persuasão
para manipulação;
Usou algo, volte-o para o mesmo lugar;
Valorize e proteja seus princípios, eles são mais importantes que a aceitação e
aprovação dos outros;
Desenvolva um sistema para te ajudar a lembrar de datas e eventos importantes;
Cumpra seus compromissos, mesmo que surja algo mais divertido;
Cuidado com sua fala e comentários “sem filtros” – sua sinceridade excessiva pode
machucar.
Se seu temperamento predominante é colérico:









Diminua seu ritmo, tanto na fala quanto nos movimentos;
Seja mais rápido em pedir desculpas e em dizer que estava errado;
Ouça mais, isso te ajudará a praticar a paciência;
Dê conselhos apenas quando lhe pedirem;
Priorize as pessoas acima do trabalho e projetos;
Elogie e demonstre afeto às pessoas a sua volta;
Suavize sua voz, suas palavras e a forma de se aproximar das pessoas;
Relaxe, não dá para controlar todas as situações e pessoas;
Lembre-se: nem todo mundo gosta de desafios como você.
O temperamento melancólico deve se atentar para:
 Aprender a pensar e falar de forma mais positiva: um único evento não torna o
processo um fracasso;
 As pessoas percebem sua desaprovação, atente-se para sua tendência a expressar
críticas;
 Seja mais brando com você mesmo: o perfeccionismo prejudica a execução e o alcance
de resultados;
 Cuidado com suas definições de certo e errado que você coloca para si mesmo e para
as pessoas;a rigidez pode ser ruim;
 Dedique mais tempo aos seus relacionamentos, para isso, equilibre seu tempo no
trabalho;
 Tome cuidado para não negar carinho aos outros quando estiver magoado;
 Elogie mais, aceite mais, expresse mais.
Já para o temperamento fleumático:





As coisas nem sempre acontecem como planejado, esteja aberto a mudanças;
Arrisque-se mais, errar faz parte do processo;
Evite se comparar com os outros;
Aprenda a expressar o que sente, pensa e defende;
Acelere para cumprir seus objetivos, não esbarre na busca sem fim pela lógica e pelo
perfeccionismo e, muito menos, ceda à sua tranquilidade;
 Desenvolva a automotivação, sem estímulos, você pode ficar muito parado;
 Pratique a tomada de decisões, elas são necessárias;
 Saiba que para você pode ser difícil se envolver com as coisas e pessoas quando não se
sentir confortável; então, desafie-se e evite fugir destas situações.
Com essas dicas, você já consegue identificar suas tendências de comportamento nos
seus relacionamentos. Então, você consegue identificar seu padrão de comunicação, já que a
comunicação está intimamente ligada com a forma que você se comporta e a forma como o
outro irá se comportar com você.
Depois de olhar para dentro, vamos agora olhar para fora.
Vamos expandir nossa percepção.
Diga me com quem queres falar, que te direi como comunicar
O temperamento influencia a forma de comunicação? A resposta é sim...
Por isso, vou lhe dar algumas dicas de como a comunicação com os temperamentos
pode ser mais produtiva, eficiente e assertiva, lembrando que o primeiro passo é identificar a
sua percepção do contexto, o segundo passo é perceber as tendências do seu próprio
temperamento e o terceiro vou expor logo abaixo. Vem comigo...
Tagarela e barulhento, não conformado e
sempre busca por aceitação
O sanguíneo teme ser rejeitado, por isso, na
comunicação com o sanguíneo, abuse dos
elogios, do entusiasmo e das conversas. O
sanguíneo adora contar histórias e se sentir
aceito. Você ganha a atenção dele quando
proporciona este acolhimento, do contrário,
ele se tornará quieto e retraído. Então:
 Separe tempo para uma conversa com qualidade;
 Mude constantemente o ritmo da conversa, o sanguíneo gosta de variedade, por isso,
abuse dos tipos e temas;
 O sanguíneo é animado e impulsivo, então não se assuste com sua sinceridade
excessiva e comentários sem filtros: ele falará o que pensa e não verá maldade nisso;
 Sim, você perderá a atenção do sanguíneo várias vezes na comunicação. Lembre-se,
seu pensamento é muito rápido; então não se incomode com isso;
 O sanguíneo tende a ser desorganizado, assim, na comunicação, não espere que haja
uma lógica nem um padrão, afinal, regras cansam o sanguíneo;
 O sanguíneo gosta de ser visto e, na comunicação, ele buscará ser o ´centro das
atenções´. Se ele não se sentir incluso, provavelmente, se calará e se afastará da
conversa;
 Se a conversa não estiver divertida, o sanguíneo provavelmente preferirá parar a
conversa, começar outro tema ou incluir outra pessoa no diálogo. É natural deste
temperamento;
 O sanguíneo quer agradar as pessoas ao seu redor, então, na comunicação ele pode
alterar facilmente suas opiniões.
Do exigente e desafiador a atitudes de
indiferença
O colérico teme que tirem vantagem dele e
seu foco está nas tarefas. Então, na
comunicação com um colérico você deve:
 Ser direto, objetivo e prático: foque nos resultados, se ficar dando muitas voltas,
perderá a atenção e confiança do colérico;
 Apresentar números, dados, metas e, principalmente, soluções; esta é uma ótima
estratégia;
 Evitar brigar pelo controle é sábio; o colérico quer sempre o controle e brigar com ele
não chegará em nada, só em desgastes;
 Evitar chamar a atenção de um colérico é necessário; ele não suporta sermões e
críticas (lembre-se, ele quer resultados e busca a positividade, a negatividade o
afasta);
 Se quiser falar do lado negativo das coisas, não procure um colérico, ele não te ouvirá,
pois seu foco está na solução e não na análise;
 Na comunicação com o colérico, não se assuste com o confronto, isso é resultado de
seu pensamento rápido e objetivo, ou seja, direto ao ponto;
 O colérico é impaciente, por isso, cuidado para não ceder às suas exigências; uma
ótima estratégias é usar frases firme e curtas na comunicação com ele.
Do mal humor e defesa ao mando e critica
Os melancólicos tentam impor padrões não
realistas às pessoas de seu círculo
relacional. Por isso, suas exigências
irracionais são mais acentuadas, tanto com
os outros como com ele mesmo.
Há dificuldade em falar de si mesmo, pois
não identifica com facilidade suas emoções
e sentimentos. Na conversa com um
melancólico:
 Não espere muitos elogios e caso houver críticas, não leve tão a sério. Ouça, mas não
leve para o lado pessoal!
 O melancólico analisa as situações de maneira emocional e não racional, por isso,
respeite seu tempo para processar os detalhes da informação;
 Quando o melancólico disser algo, faça com que ele sinta que o que está sendo dito o
faz especial. Isto é importante para ele;
 Fale detalhes e espere ser questionado, o melancólico não quer necessariamente te
desafiar, mas entender como cuidará de tudo e das necessidades das pessoas
envolvidas;
 Evite usar frases generalistas: ‘você sempre’, ‘você nunca’ ... isso provoca confusão e
comportamento de defesa no melancólico;
 Você ganhará a atenção do melancólico quando se preocupar com o que é correto e
certo para suprir as necessidades das pessoas;
 Criticar um melancólico é fria, mas se for necessário, critique com delicadeza, ele tem
aversão a críticas e tendência a guardar rancor;
 O melancólico tende a super aumentar os pontos negativos de uma situação. Na
comunicação, mostre que um único fator não pode e nem deve acabar com toda a
positividade de uma situação.
Do calmo e retraído ao ataque e ira
Mudanças podem despertar medo neste
temperamento, pois teme perder a
segurança. Gosta de coisas previsíveis, ama
a paz, a calma e a cautela. Pode ter
dificuldade na tomada de decisões. Então,
ele age quando há orientação e explicação
de detalhes, já que gosta de saber o passo
a passo, as regras. Na comunicação:
 Deixe o fleumático perceber seus sentimentos. Esta é uma forma de você ganhar a
confiança dele;
 Quando o fleumático diminuir a fala ou ação é porque ele está tentando voltar ao
controle da situação, está tentando entender logicamente e, isso não significa que ele
esteja te ignorando;
 Dê tempo para ele se reorganizar e o ajude apresentando os detalhes, criando lógicas
e gerando um clima de segurança;
 Se você entrar em algum assunto particular, seja paciente e calmo, o fleumático quer
falar sobre si mesmo, mas só o faz quando tem muita confiança e quando sente
estabilidade na situação;
 O fleumático renova suas forças relaxando e fazendo nada. Cuidado para não julgar,
isso não é preguiça, mas lentidão;
 Não espere que um fleumático se entusiasme com suas histórias e conversas e
também não espere um imediato sim do fleumático. Ele precisa de tempo para
processar as informações , principalmente, para tomar decisão;
 A tomada de decisão do fleumático acontece depois que ele encontra lógicas– ele
adora e precisa entender as regras das situações.
Todas essas informações sobre o seu jeito de se comunicar são essenciais para você poder
se desenvolver pessoalmente.Saber se comunicar é essencial se você quiser ser bem sucedido
no seu trabalho enquanto psicólogo. Inclusive podendo ser usado para construir hipóteses
diagnósticas de forma bem rápida e gerar muita empatia quase instantaneamente com todas
as pessoas que te procurarem.
Use e abuse disso também para interagir com seus futuros clientes e conseguir vender
melhor o seu peixe!
Fim! Estas são as dicas que tenho para você estabelecer uma comunicação mais assertiva e
saudável com os temperamentos. Acredito que até aqui você entrou em um longo e divertido
conhecimento sobre si mesmo e sobre as pessoas ao seu redor.
Agora é sua vez de colocar em prática o que você leu e estudou comigo e com a Patrícia
Grilli!
Mas calma, não se desespere...
Você vai praticar, mas não vai precisar fazê-lo sozinho. Nós vamos te mostrar como fazer.
Então, continue conosco nesta jornada e vamos escrever uma bela história juntos...
“todo ser humano é o agente de sua vitória ou de sua queda. Ele é CAUSA e não VÍTIMA das
circunstâncias e, o que é mais fascinante, são pequenos ajustes, aprendizados e hábitos que
farão de qualquer pessoa um ‘escritor’ talentoso, com a capacidade de escrever e reescrever a
história de sua vida do jeito que ela quiser”
Rhandy Di Stéfano
Download