230 Revista Brasileira de Ensino de Fsica vol. 20, no. 3, Setembro, 1998 Laser de Semicondutor Visvel: um Instrumento Didatico de Baixo Custo T. Catunda, A. Pataia, A. Romero, J. Sartori e L. A. O. Nunes Instituto de Fsica de S~ao Carlos - USP Caixa Postal 369, 13560-970, S~ao Carlos, SP, Brasil (email: [email protected]) Recebido 22 de agosto, 1997 Este trabalho tem por nalidade o desenvolvimento de um sistema de laser de semicondutor visvel, compacto e de baixo custo. Utilizamos lasers de GaInP, emitindo e 670nm com pot^encia 4 mW. Estes lasers t^em corrente de limiar de oscilac~ao Ith (\threshold current") entre 50 - 80mA e operam tipicamente com correntes 5mA acima de Ith . Apresentamos tr^es tipos de circuitos de fontes de alimentac~ao para os lasers que estabilizam a corrente (fonte de corrente constante FCC) ou a pot^encia luminosa (fonte de pot^encia constante FPC). O custo do sistema completo, incluindo o laser de diodo, lente colimadora de plastico, partes eletr^onicas e montagem mec^anica e 50$. The aim of this work is the development of a compact and low cost visible laser diode system. We used GaInP lasers, emitting at 670nm with 4 mW power. These lasers present treshold currents in the range Ith 50 - 80 mA and operate typically at currents 5mA above Ith . We presented three kinds of power supplies circuits that stabilize the current (ACC - automatic current control) or light power (APC). The cost of the hole system, including diode laser, collimating lens, electronics and mechanical parts is about 50$. I. Introduc~ao Lasers t^em tido um grande impacto nos mais importantes ramos da ci^encia: separac~ao de isotopos, interrogac~ao de novos materiais na escala de fentosegundos, resfriamento de atomos, etc.. Calcula-se que atualmente mais de um terco dos trabalhos cientcos experimentais publicados nas areas de fsica e qumica utilizem lasers. Tambem nas areas tecnologicas lasers s~ao cada vez mais importantes: aplicac~oes industriais como corte e solda, comunicac~oes oticas, cirurgia a laser, memorias oticas, e tecnologias emergentes como a otica integrada. O objetivo deste trabalho e popularizar o uso dos lasers de semicondutor (um laser de baixo custo) tornando-o esta poderosa ferramenta mais acessvel. Neste sentido, apresentamos pequeno um resumo de suas propriedades basicas e detalhes praticos para construc~ao de um sistema de laser de semicondutor de baixo custo. Apresentamos 3 circuitos diferentes para fonte de corrente de laser discutimos o comportamento dos lasers utilizando estas fontes. Os lasers de semicondutor foram desenvolvidos em 1962, apenas 3 anos apos o surgimento do primeiro laser (o laser de rubi) entretanto sua tecnologia teve de evoluir muito para chegar ao estado atual. O alto desempenho e conabilidade dos lasers de GaAs 0.8mm) permitiu, no nal da decada de 70, seu uso no mercado de audio em \compact-disk"(CD). Este e ate hoje o unico mercado de produc~ao em massa para lasers de semicondutor, absorve mais de 90% de todos os lasers produzidos no mundo e representa um mercado anual da ordem de 50 milh~oes de lasers 1]. Outra aplicac~ao importante dos lasers de semicondutor e em comunicac~oes oticas onde se deseja lasers em 1.3 ou 1.5m, neste caso usa-se o sistema quartenario de InGaAsP. Ha cerca de 15 anos comecou-se a desenvolver a tecnologia dos lasers de semicondutor visveis de InGaAlP, cobrindo a regi~ao espectral de 0.63-0.69m. O melhor argumento que se pode dar a favor do uso de lasers de semicondutor em laboratorios de ensino e seu baixo custo. Atualmente pode-se construir um sistema de laser de semicondutor visvel (incluindo o laser, T. Catunda et al. lente colimadora e fonte de corrente) com pot^encia 3mW, por um custo 50$. Este laser pode substituir os lasers de HeNe que s~ao tradicionalmente usados em laboratorios de ensino. O baixo custo dos lasers de semicondutor torna-os acessveis ao ensino de segundo grau e instituico~es de ensino superior que atualmente n~ao possuem lasers. II. Noco~es basicas sobre lasers de semicondutor Apresentaremos a seguir uma breve revis~ao das propriedades basicas dos lasers de semicondutor mais relevantes a este trabalho. Uma revis~ao mais detalhada pode ser encontrada na ref 2] e no caso especco dos lasers visveis na ref 3]. emiss~ao laser em semicondutores - os diodos emissores de luz ou \LED" funcionam gracas a emiss~ao de luz devido a recombinac~ao de eletrons e buracos numa junca~o p-n. Se os semicondutores (tipo p e n) s~ao sucientemente dopados e submetidos a alta corrente, ent~ao a invers~ao de populac~ao de eletrons e buracos pode ser induzida na regi~ao da junc~ao. Desta maneira colocandose a junc~ao numa cavidade otica pode-se obter um laser. No caso dos lasers de semicondutor seu ndice de refrac~ao e sucientemente alto (n 3:5) de tal forma que a propria reetividade da interface semicondutor/ar (R 0.30) e suciente para sustentar sua ac~ao laser. Em 1969 foram desenvolvidos os primeiros lasers de heterojunc~ao (junc~ao semicondutora entre dois materiais diferentes) que funcionam muito melhor que os lasers de homojunc~ao (junc~ao p-n de um mesmo material). A principal vantagem do laser de heterojunc~ao e que a diferenca de energia da banda proibida dos dois materiais ajuda a connar os portadores (eletrons ou buracos) dentro da regi~ao da junc~ao. Desta maneira consegue-se aumentar muito a eci^encia, a pot^encia do laser e diminuir sua corrente de limiar (\threshold"). Depois desenvolveu-se os lasers de heterojunca~o dupla que s~ao ate 20 vezes mais ecientes que os lasers de homojunc~ao. Esta tecnologia foi inicialmente desenvolvida para os lasers de arseneto de galio e arseneto de alumnio. Variando-se a concentrac~ao de galio e alumnio, este lasers cobrem a regi~ao espectral de 700 a 850nm (infravermelho proximo). Para o funcionamento do laser e preciso alem do connamento dos portadores na sua regi~ao ativa, connar a luz numa pequena faixa (\strip") ao longo do plano da junc~ao. Isto pode ser feito de duas maneiras: 231 guiamento atraves do ganho (\gain-guiding") ou guiamento do perl de ndice de refrac~ao (\index-guiding"). No caso de guiamento de ganho a invers~ao de populaca~o so e feita numa faixa denida pela forma do eletrodo. No caso do connamento de ndice, o connamento e obtido atraves de perl de ndice refrac~ao adequado. O resultado nal, necessario para obtenc~ao da ac~ao laser, e que a emiss~ao laser se propague numa regi~ao pequena em ambas direc~oes transversal e lateral, ou seja perpendicular ou ao longo do plano da junc~ao. A seguir veremos que os lasers ndice guiados t^em caractersticas superiores aos lasers ganho guiado. Uma vez que as dimens~oes transversais da regi~ao ativa s~ao comparaveis ao comprimento da luz a emiss~ao e fortemente divergente tal como ilustrado na Figura 1. Para os lasers visveis da Toshiba as meia larguras tpicas s~ao 8c irc e 30 4]. Figura 1. Laser de Semicondutor e suas caractersticas oticas 4]. A Figura 2 mostra curvas tpicas de pot^encia versus corrente de injec~ao. O termo corrente de limiar Ith (\threshold") e denido pela extrapolac~ao da porc~ao reta da curva ate o ponto de pot^encia nula. Logo a pot^encia e sada P pode ser aproximadamente dada por: P = exh(I ; Ith ) (1) onde ex e denido como eci^encia qu^antica externa, taxa de mudanca de pot^encia por incremento de corrente acima do limiar. Tipicamente os lasers visveis com guiamento dendice t^em Ith 75% menor que os com guiamento de ganho. A Figura 2 mostra que existe uma forte depend^encia de Ith com temperatura o que acarreta variac~ao da pot^encia do laser devido a variac~ao da 232 Revista Brasileira de Ensino de Fsica vol. 20, no. 3, Setembro, 1998 temperatura ambiente se sua corrente permanece constante. Esta depend^encia com a temperatura e impilicamente descrita por: Ith (T) = I0 exp(T=T0 ) (2) onde I0 e uma constante. Medindo Ith (T ) variando T entre 0 e 40 C observamos a validade de (2) com T0 109K para um modelo de laser visvel (9211 da Toshiba 670nm). Nos lasers de AsGa T0 e tipicamente 150K, logo os lasers visveis s~ao mais sensveis a variac~ao de temperatura que os lasers de AsGa. Figura 2. Curvas de pot^encia x corrente para um laser visel ( 670 nm) a temperaturas de 10 C, 21 C e 35 C. polarizac~ao - uma vez que a dimens~ao transversal da regi~ao ativa do laser e muito maior que sua dimens~ao lateral o laser pode ser pensado como um guia de onda dieletrico innito. Neste tipo de estrutura ha dois padr~oes distintos de distribuic~ao dos campos: os modos transversais TE e TM. Como a reetividade dos modos TE e maior que a dos modos TM, as perdas s~ao menores e consequentemente a corrente de limiar e menor. Consequentemente a emiss~ao e fortemente polarizada com o campo eletrico oscilando na direc~ao paralela ao plano da junc~ao. A raz~ao entre estas duas polarizac~oes aumenta linearmente a pot^encia do laser de modo aproximadamente linear. Para um laser visvel com guiamento dendice, operando com 5mW esta raz~ao e 350 enquanto que para um laser similar com guiamento de ganho operando na mesma pot^encia, a raz~ao e 100 3]. Figura 3. Espectros de emiss~ao dos lasers. (a) laser de ganho guiado (toshiba 9200) (b) laser de ndice guiado (toshiba 9211) 4]. emiss~ao espectral - Os comprimentos de onda permitidos numa cavidade Fabry-Perot s~ao dados por: m = m2ng L (3) onde L e o comprimento da cavidade, ng o ndice de refrac~ao de grupo, m um numero inteiro e m o comprimento de onda do emesimo modo longitudinal da T. Catunda et al. cavidade. Tipicamente num laser de semicondutor com 780nm, ng =3.5 e L=250m logo m e um numero maior que 2000 ( 2240). O espacamento entre os modos longitudinais da cavidade s~ao dado por: = =2ng L (4) Tipicamente = 0:3nm. A Figura 3 mostra o espectro tpico de um laser de ndice de refrac~ao guiado (parte a) que e monomodo longitudinal e ganho guiado que e multimodo (parte b). Nos lasers multimodo dezenas de modos operam simultaneamente gerando um espectro largo. Para os lasers monocordos a largura de linha depende muito do tipo de laser. Nos lasers de AsGaAl a largura de linha e inversamente proporcional a pot^encia e podendo chegar a uma largura mnima 10MHz. O perl espectral destes lasers e aproximadamente lorentziano. Os lasers visveis de InGaAlP monomodo t^em largura de linha 150MHz o que eq!uivale a um comprimento de coer^encia s = 1=(2 ) 30cm enquanto que os lasers multimodo t^em comprimento de coer^encia 0.5cm5 4]. sintonizabilidade - uma das caractersticas importantes dos lasers de semicondutor e sintonizabilidade, ou seja, a possibilidade de variar o comprimento de onda de emiss~ao do laser. Na maioria das aplicac~oes praticas o laser e sintonizado atraves da variac~ao de sua temperatura. No semicondutor dependem da temperatura o ndice de refrac~ao ng e a largura da banda proibida a qual determina a energia do foton emitido. Consequentemente, o comprimento de onda de cada modo m dado por (3) e a curva de ganho ambos dependem da temperatura. Tanto nos lasers de AsGlAI quanto nos lasers de InAlP, quando a temperatura aumenta, a curva de ganho se desloca para comprimentos de onda mais altos mais rapidamente que os modos da cavidade. Para pequenas variac~oes de temperatura o laser permanece no mesmo modo e m , aumenta continuamente com a temperatura num intervalo 0.1nm tal como mostra a Figura 4. Entretanto, quando a temperatura aumenta o ganho maximo se desloca para comprimentos de onda maiores. Logo, quando um determinado modo m n~ao tem ganho suciente para manter sua ac~ao laser o comprimento de onda pula para o modo seguinte (m+1) correspondendo a um degrau 0.3nm como mostra a Figura 4. Grandes variac~oes de comprimento 233 de onda, correspondendo a varios modos longitudinais, podem ser obtidas pela variac~ao da temperatura do laser. Neste caso o comprimento de onda aumentam com uma taxa 0.25nm/ C para os lasers de AsGaAI e 0.20nm/ C para os lasers de InAlP. Ajustes nos, correspondendo aos patamares da curva da Figura 4 onde o laser n~ao pula de modo, podem ser feitos com taxas de 30GHz/ C. Isto pode ser feito atraves do ajuste corrente de injec~ao do laser, ou seja aquecimento via efeito Joule. Para os lasers de AsGaAI e InGaP as taxas s~ao -3GHz/mA (ou +0.064nm/mA para = 800nm) e -7GHz/mA (ou +0.10nm/mA para = 670nm) respectivamente. Figura 4. Curva tpica de comprimento de onda peratura (laser Toshiba 9211) 4]. x tem- III. Consideraco~es praticas e instrumentac~ao para lasers de semicondutor Os lasers de diodo de baixa pot^encia (pot^encia menor 50mW) geralmente operam com correntes 50100mA. Embora a fonte de corrente necessaria seja bastante simples, e preciso ter muito cuidado protegendo o laser contra transientes eletricos. Um breve pulso que aumente muito o uxo de corrente no laser ou aumente a tens~ao na junc~ao pode ser fatal ao laser. Desta maneira a fonte de contente deve ser protegida contra transientes rapidos e a alimentaca~o n~ao pode ser bruscamente interrompida, por exemplo por um mau contato nos terminais do laser. Alem disso, o usuario deve ser muito cuidadoso ao conectar o laser pois ele e muito sensvel a descargas eletrostaticas, por isso o usuario e o ferro de soldar devem estar aterrados o tempo e a temperatura de soldagem nao devem ser elevados, etc. Os lasers de AsGaAl, que emitem em torno de 800nm, s~ao fabricados ha mais tempo, por isso s~ao mais 234 Revista Brasileira de Ensino de Fsica vol. 20, no. 3, Setembro, 1998 baratos e t^em um desempenho melhor que os lasers visveis. Atualmente existem lasers visveis baratos ( 25$) emitem em torno de 670nm com 3mW de pot^encia. Existem modelos mais recentes em 650nm e ate 630nm, comprimentos de onda aonde o olho humano e muito mais sensvel. Atualmente estes lasers ainda est~ao relativamente caros mas sua qualidade deve melhorar e o preco cair rapidamente, tal como ocorreu com os laser em 670nm. fontes de corrente No projeto da fonte de corrente deve-se ter em mente a curva tpica de pot^encia x corrente do laser a ser utilizado (Fig.2). Deve-se trabalhar na regi~ao linear desta curva para n~ao provocar a morte prematura do laser. Os manuais dos fabricantes fornecem informac~ao sobre os valores tpicos de corrente de limiar e corrente de operac~ao (a corrente sob a qual o laser tem a pot^encia especicada). Entretanto, os lasers precisam ser testados individualmente pois existe uma grande utuac~ao estatstica nas suas caractersticas. Tomemos como exemplo o modelo 9211 da Toshiba que tipicamente tem Ith 40mA e opera com pot^ecia maxima 4mW em Iop 50mA (Iop e o valor maximo de corrente permitido). A distribuic~ao estatstica e relativamente larga por isso, embora a maioria dos lasers apresentem Ith entre 35-45 mA os valores extremos desta distribuic~ao s~ao 25 e 60mA 4]. Embora Ith varie bastante, em geral temos Iop Ith +10mA, logo um laser que apresente Ith = 25mA deve queimar com correntes maiores que 35mA, enquanto que um laser que apresente Ith = 60mA provavelmente so queimara com correntes superiores a 70mA. Caso o usuario n~ao deseje medir quantitativamente a curva P I, o valor de Ith pode ser estimado por inspec~ao visual da luz emitida. Para I< Ith observa-se uma uoresc^encia fraca e espacialmente difusa, aumentando-se gradativamente a corrente pode-se observar o valor da corrente na qual o laser \acende" (em geral o erro que se comete estimando Ith desta forma e menor que 2mA). Se usuario n~ao dispuser de um medidor de pot^encia recomendamos ajustar a corrente do laser 5mA acima do valor estimado para Ith , sua pot^encia deve ser 2.5mW. Neste trabalho vamos apresentar algumas fontes de correntes simples (compactas), projetadas como fonte de corrente constante (FCC) e as fontes de pot^encia constante (FPC). A FCC deve fornecer uma corrente constante para o laser (independente da temperatura). Entretanto, se a corrente for mantida constante a pot^encia emitida pode variar devido a variaca~o de Ith com a temperatura. A Figura 2 mostra que Ith aumenta com o aumento da temperatura, alem disso pode aumentar tambem com o envelhecimento do laser. Por isso, em muitos casos usa-se uma fonte de pot^encia constante (FPC). Os laser comerciais s~ao encapsulados com um fotodiodo acoplado a sua faceta traseira. Os circuitos de FPC funcionam usando o sinal deste fotodiodo (indicado por PD nas Figuras 6 e 7) para controlar a corrente fornecida ao laser. Apresentaremos em seguida um circuito de FCC e dois circuitos de FPC que podem ser usados em lasers visveis. A fonte de corrente constante que estamos usando esta esquematizada na Figura 5. A fonte pode ser alimentada por uma bateria de 9V ou uma fonte de tens~ao comum de 9- 15V. Em geral usamos a fonte de alimentac~ao mais simples (barata) possvel, chamada comercialmente de \eliminador de pilha", que s~ao fontes feitas com apenas um transformador, diodos e um capacitor. O capacitor na base do transistor BD135 serve como \slow starter", ou seja amortece o transiente liga/desliga da fonte com um tempo de resposta 0.5seg. Alem disso, se a alimentac~ao da fonte for acidentalmente desconectada o \slow starter" impede que a corrente no laser seja bruscamente interrompida o que certamente danicaria o laser. Os diodos em paralelo ao laser (LD na Fig.5) s~ao uma protec~ao adicional ao laser. Um dos diodos curto-circuita o laser no caso de uma tens~ao reversa e os 4 diodos limitam a maxima tens~ao no laser a 4 0:7V 5]. Embora estes \eliminadores de pilha" tenham um \ripple" relativamente alto 10%, o ripple na corrente do laser e 1% resultando numa utuaca~o de pot^encia luminosa no laser de 1%. Isto ocorre porque a fonte produz uma corrente relativamente constante dada por I 0.6/(Req ). Onde Req representa o resistor de 10# em paralelo com o outro resistor de 10# em serie com o trimpot de 100#. O trimpot deve ser usado para ajustar individualmente a corrente de cada laser. Medindo-se a corrente no resistor de 1# pode-se monitorar a corrente no laser. T. Catunda et al. 235 Figura 7. Outro circuito de FPC usando amplicadores operacionais 4]. Figura 5. Fonte com corrente estabilizada para lasers de semicondutor, com tens~ao de alimentac~ao Vcc entre 9 - 15 V. No diagrama o laser de diodo e representado por LD. A Figura 7 mostra um segundo tipo de FPC, que se comporta analogamente ao da Fig. 6. A vantagem deste e a precis~ao, pois utiliza uma tens~ao de refer^encia numa das entradas do amplicador operacional. Faremos a seguir uma analise simplicada deste circuito supondo que os amplicadores operacionais s~ao ideais, ou seja: imped^ancia de entrada e innita e tens~ao de entrada zero. Neste caso, chamando de I as correntes nos resistores R1 e R2 e I3 a corrente no resistor R3, temos: (5) I = VA R; VZ = VZ ;RR3I3 1 2 onde VA e a tens~ao no ponto A e VZ 5:1V a tens~ao no diodo zener. Desprezando a corrente na base do transistor temos I1 = I3 ; I, onde I1 e a corrente no laser, logo: Figura 6. Fonte de alimentac~ao para laser de semicondutor de pot^encia constante (FPC). O circuito estabiliza a pot^encia luminosa tentanto manter constante a corrente no fotodiodo (PD) que e proporcional a pot^encia do laser (LD) 4]. A Figura 6 mostra um circuito de FPC. O circuito e alimentado com uma tens~ao da ordem de 6 Volts. O fotodiodo PD monitora a pot^encia luminosa do laser LD. Um aumento na luminosidade sera detectado, diminuindo a tens~ao no anodo do fotodiodo. Uma vez que o este ponto ligado a$ base do transistor BC 557 ocorrera a diminuic~ao da corrente do coletor do mesmo, ocasionando uma diminuic~ao na corrente de base do transistor BC 635. Isto diminui a corrente de coletor deste transistor que e a responsavel pelo acionamento do laser. Com isso fecha-se a malha de realimentac~ao desse sistema, mantendo a pot^encia luminosa do laser praticamente constante. O ajuste manual da pot^encia luminosa pode ser feito com o trimpot de 50K# em serie com o fotodiodo. Il = VZ R1 + R1 + RRR2 ; VA R1 + RRR2 (6) 3 1 1 3 1 1 3 A Eq.(6) mostra que I1 diminui quando a pot^encia luminosa aumenta, diminui a queda de tens~ao no fotodiodo FD, VA aumenta. Consequentemente a pot^encia ca estabilizada. A pot^encia de operac~ao do laser pode ser ajustada variando-se VA atraves do \trimpot" de 50K#. Alem disso, este circuito possibilita a modulac~ao da corrente do laser atraves da entrada de modulac~ao Mod. Os transistores BC 635 e BC 546 funcionam como um \slow starter", de modo analogo aos da Fig. 5 e 6. Para vericar o funcionamento destes circuitos zemos medidas de pot^encia e colTente em funca~o da temperatura do laser. Para isto, colocamos o laser num suporte metalico sobre um elemento termoeletrico (Peltier) usado para esquentar ou esfriar o suporte. A temperatura do laser era monitorada atraves de um termistor acoplado ao suporte, proximo ao laser. A corrente no laser I, sua pot^encia luminosa P e temperatura 236 Revista Brasileira de Ensino de Fsica vol. 20, no. 3, Setembro, 1998 foram coletados via microcomputador, enquanto o laser era aquecido ou resfriado. A Figura 8.a mostra o comportamento do laser com a FCC (vide circuito na Fig. 5) onde observamos que quando a temperatura diminui a pot^encia luminosa aumenta. De (1) e (2) temos: Os resultados da Fig. 8.a mostram este comportamento exponencial na curva P x T (com I aproximadamente constante). De acordo com (2) se a temperatura sofre uma variac~ao T, a corrente de threshold Ith sofre uma variac~ao Ith (T ) = Ith (T) T=T0 . De acordo com (1) quando Ith varia ha uma variac~ao de pot^encia P = ;exh Ith ou seja: P(T) = ;ex hIth(T) T=T0 (7) Para o laser Toshiba 9211 da Figura 8.a temos Ith 40mA (T = 22circC), T0 109K, ex h 0:4mW/mA logo P= T 0:15 mWK;1 (equivalente a uma variac~ao percentual de 3.7%K;1 quando o laser opera com 4mW). Os resultados experimentais mostrados na Fig. 8.a conrmam esta estimativa apresentando P= T 8:1 mWK;1 equivalente a 4.2%K;1. Na Fig.8.b o mesmo laser foi ligado a fonte de pot^encia constante da Fig. 6 e submetido a mesma variaca~o de temperatura da Figura 8.a. Neste caso observamos que com a queda da temperatura a corrente do laser diminuiu de tal forma a manter a pot^encia praticamente constante. Neste caso, houve uma variac~ao de pot^encia de 0,19%/ C, ou seja a pot^encia e da ordem de 20 vezes mais estavel que no caso em que a corrente e constante. Na Fig. 8.c mostramos os resultados obtidos com o circuito da Fig. 7, com amplicadores operacionais. Neste caso obtivemos um comportamento ligeiramente mais estavel que o da Fig. 8.b, uma variac~ao de pot^encia 0.16%/ C. Os circuitos que apresentamos s~ao simples e compactos, ocupando uma area 10cm2. Isto permitiu a montagem do sistema num tubo de alumnio (1" de di^ametro e 10 cm de comprimento) aonde e colocada a placa da fonte de corrente. A alimentac~ao e feita por uma fonte do tipo eliminador de pilha, que e conectada na traseira do tubo. O suporte do laser de diodo e a lente s~ao rosqueados na parte da frente do tubo. O ajuste da dist^ancia entre a lente colimadora (com dist^ancia focal f 5mm) e o laser e um pouco crtico. 1 Por isso, colocamos a lente num suporte com rosca para ajustar esta dist^ancia1 . maiores detalhes podem ser obtido em contato com os autores. Figura 8. Curvas de pot^encia e corrente (normalizadas) versus temperatura do laser. (a) usando a FCC mostrada na Fig.5, (b) usando a FPC da Fig. 6 e usando a FPC da Fig. 7. T. Catunda et al. IV. Conclus~ao Embora os lasers do tipo de ganho guiado sejam satisfatorios em muitas aplicac~oes, os lasers com guiamento de ndice apresentam caractersticas superiores, com espectro de emiss~ao mais monocromatico, melhor modo transversal e menor astigmatismo 3]. Para uso em laboratorio de ensino, os lasers de semicondutor t^em as seguintes vantagens em relac~ao aos lasers de HeNe: baixo custo, s~ao aproximadamente linearmente polarizados e e facil modular a intensidade da luz. A desvantagem dos lasers de semicondutor s~ao seu modo transversal assimetrico e seu menor brilho (o olho humano e da ordem de 10 vezes mais sensvel a = 633 mn que a = 670nm). Nos temos usados estes lasers no curso de otica basica (com alunos do segundo ano) em experimentos de otica geometrica, interfer^encia, difrac~ao por fendas, redes de difrac~ao, polalizac~ao, etc. Embora os lasers de ganho guiado tenham menor comprimento de coer^encia isto somente inu^encia os experimentos com interfer^ometros. O uso de lasers de semicondutor em experimentos de absorc~ao saturada em vapores de Cs ( 850nm) e Rb ( 780nm) e lasers com cavidade externa nas refer^encias 5-7]. 237 Refer^encias 1. B. Length, Laser Focus 30, 87 (1994). 2. H. C. Casey, Jr. and M. B. Panish, Heterostructure Lasers Part A and B, Academic Press, New York, 1978% A. Yariv, Quantum Electronics, 3rd Ed., Wiley, New York, 1989. 3. G. Hatakoshi and Y. Uematsu, \InGaAlP visiblelight laser diodes", International J. 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