SENTIMENTOS DE GRÁVIDAS FRENTE À SOROPOSITIVIDADE DO HIV: Uma contribuição para a Enfermagem* FEELINGS OF PREGNANT HIV SEROPOSITIVITY OPPOSITE: a contribution to the Nursing Monique Lindsy Silva de Souza¹, Heliemare Patrícia Franco de Oliveira², Maria Rute de Souza de Araújo³, Sâmia Cristine Rabelo Borges4. RESUMO O ato de gestar é determinado pelo significado atribuído à maternidade e a preocupação em gerar uma criança sadia. No contexto da infecção pelo vírus do HIV, a gestação é vista com diferencial, pois além de se tratar de uma doença crônica, desperta nas gestantes sentimentos de receio e culpa com relação à possibilidade de transmissão do vírus para o feto. O conhecimento acerca dos sentimentos das gestantes com diagnóstico de soropositividade para o HIV nos despertou interesse por permitir uma análise subjetiva dos sentimentos de uma gestante diagnosticada com o vírus, ainda no prénatal. Buscamos conhecer os sentimentos de gestantes frente à soropositividade do HIV atendidas em uma Unidade de Referência para gestantes de alto risco em Belém do Pará, através de uma abordagem qualitativa tendo como instrumento da pesquisa uma entrevista semi-estruturada. Entre estes sentimentos podemos destacar tristeza após o diagnóstico positivo para o HIV juntamente com a falta de apoio emocional por parte dos familiares. Todavia, estas gestantes mostraram-se confiantes em relação a sua saúde e à saúde do bebê a partir do uso da terapia antiretroviral, além de relatarem estar satisfeitas com a assistência do enfermeiro, e com o apoio emocional oferecido por este. Palavras-chave: Gravidez, HIV e enfermagem. ABSTRACT The act of gestating is determined by the meaning ascribed to motherhood and concern in generating a healthy child. In the context of infection by HIV, pregnancy is seen with differential, as well as dealing with a chronic illness, pregnant women awake in feelings of guilt and fear about the possibility of transmitting the virus to the fetus. Knowledge about the feelings of pregnant women diagnosed with HIV seropositivity in the interest aroused by allowing a subjective analysis of the feelings of a pregnant woman diagnosed with the virus, even prenatally. We seek to know the feelings of pregnant women across the HIV seropositivity met in a reference unit for high-risk pregnancies in Belém do Pará, through a qualitative approach as a research instrument in semistructured interview. Among these we can highlight feelings sadness after positive diagnosis for HIV along with the lack of emotional support from family members. However, these mothers were confident regarding your health and the baby's health from the use of antiretroviral therapy, and to report being satisfied with the assistance of the nurse, and the emotional support offered by this. Keywords: Pregnancy, HIVand nursing. *Trabalho apresentado como requisito para obtenção do título de Enfermeiro à Universidade do Estado do Pará em Maio de 2014. ¹ Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará. Residente em Obstetrícia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil. [email protected] ² Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará. Secretaria Municipal de Saúde de Tucuruí, PA, Brasil. [email protected] ³ Professora Mestre da Universidade do Estado do Pará e Faculdade da Amazônia. Belém, PA, Brasil. [email protected] 4 Enfermeira. Graduada em enfermagem pela Universidade do Estado do Pará. Secretaria Municipal de Saúde de Benevides, PA, Brasil. [email protected] INTRODUÇÃO Por meio de um olhar amplo, para as mulheres, a gestação e a maternidade representam subjetivamente, como abordado por Galvão, Cunha e Machado (2010) “um alento e uma esperança ou expectativa de vida, que culminam na sua realização como mulher”. Essas representações são reflexos das expectativas sociais e culturais resultantes do imaginário social no qual estão inseridas. O ato de gestar, particularmente, é determinado pelo significado atribuído à maternidade e a preocupação em gerar uma criança sadia, sendo levadas em consideração as condições vividas em determinado momento de sua vida (OLIVEIRA, 2013). Assim, este momento traz reflexões bem mais profundas à objetividade, estando ligadas a felicidade, a realização, aos anseios e expectativas relacionada à continuidade de sua vida, de sua família e da espécie humana (MOURA, KIMURA E PRAÇA, 2010). No contexto da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV/AIDS, a gestação e a maternidade são mencionadas por Carvalho et al (2009) com diferencial, pois além de lidar com o diagnóstico de uma doença crônica e estigmatizante existe também por parte dessas gestantes sentimentos de receio e culpa com relação a possibilidade de transmissão do vírus para o feto. De acordo com Santos et al (2010), o panorama da epidemia de HIV/ AIDS vem se modificando no Brasil e no mundo. Descoberto em meados dos anos 80, a infecção esteve associada aos chamados grupos de risco, como por exemplo, homossexuais, profissionais do sexo e dependentes químicos. A população, de uma maneira geral, possuía a mentalidade de que não estando enquadrado nesses grupos, estaria protegido em relação a transmissão e infecção do vírus. Possivelmente em decorrência disso e da ausência do uso de métodos preventivos, a epidemia se alastrou e atingiu outros grupos populacionais, como o das mulheres, fenômeno este chamado de feminilização da epidemia. Com essa mudança no cenário da transmissão do HIV o Ministério da Saúde tem procurado sensibilizar as mulheres no que diz respeito a vulnerabilidade das mesmas. De acordo com Feitosa (2010), as mulheres devem ser protagonistas da prevenção e da conquista de acesso à saúde e aos direitos fundamentais para o exercício da cidadania. Com relação ao atendimento de assistência pré-natal, o Ministério da Saúde (MS) realizou a implementação de medidas concretas de saúde pública, como a realização de exames para o diagnóstico de infecção pelo HIV, denominados teste antiHIV, durante a gestação, acompanhada de aconselhamento e adoção universal da terapia antirretroviral para gestantes e crianças expostas ao HIV (OLIVEIRA et al, 2013). Discorrer sobre sentimentos não é algo simples. Para tal é necessário que haja, no mínimo, uma relação de confiança entre as partes envolvidas com desprendimento tanto para falar o que sente quanto para ouvir e entender o que o outro sente. Nas gestantes com HIV há uma necessidade de apoio emocional familiar e profissional. Todavia, em muitos casos, a mulher encontra-se desprovida desse suporte por ser tratar de uma condição de saúde fragilizada e vista com estigma pela sociedade. Neste contexto, o papel da enfermagem é de suma importância quanto à atenção holística e humanizada, utilizada desde o período das primeiras consultas do pré-natal, buscando viabilizar uma assistência de enfermagem com maior eficácia para essas mulheres, frente aos questionamentos e dúvidas comuns dessa nova realidade. Desta forma questiona-se como sentem-se as gestantes frente ao diagnóstico da soropositividade do HIV? Qual a expectativa de saúde para ela e seu bebê após o diagnóstico? Qual a contribuição da enfermagem durante o pré-natal? Buscamos através desta pesquisa conhecer os sentimentos de gestantes frente a soropositividade do HIV atendidas em uma Unidade de Referência para grávidas de alto risco em Belém-Pa. REFERENCIAL TEÓRICO A gestação e a infecção pelo HIV: uma visão histórica e epidemiológica A infecção do HIV/AIDS representa um dos maiores problemas de saúde da humanidade, em função de seu caráter pandêmico e gravidade. O HIV pode ser transmitido por via sexual (esperma e secreção vaginal), pelo sangue (via parenteral e vertical) e pelo leite materno (BRASIL, 2010). Atualmente tem atingido, de modo geral, adultos jovens nos anos mais produtivos da vida econômica e reprodutiva (ARAÚJO et al, 2008). A propagação desta infecção revela uma epidemia de múltiplas faces, com significativas transformações epidemiológicas. Quando surgiu, na década de 80, a infecção era restrita a grandes zonas urbanas e atingia predominantemente os homossexuais masculinos. Posteriormente, a síndrome também foi associada aos usuários de drogas injetáveis, e as pessoas expostas com sangue contaminado como os hemofílicos. No Brasil, a partir dos anos 90, houve um aumento da transmissão do vírus HIV via relação heterossexual, aumentando assim o número de mulheres contaminadas. Este fato ficou conhecido como fenômeno da heterossexualização e feminização da epidemia da AIDS (NEVES et al, 2010). Em 2011, onze das 27 Unidades Federadas do Brasil apresentaram taxas de incidência de HIV/AIDS em menos de cinco anos maiores que a média nacional. A taxa de incidência de casos de AIDS em menores de cinco anos é um importante indicador utilizado para monitorar a redução da transmissão vertical (TV), transmissão do vírus HIV para a criança, visto que o aumento de casos de HIV em mulheres significa a possibilidade real de transmissão vertical caso não seja realizada a profilaxia de forma adequada e precoce (BRASIL, 2012). A evolução da epidemia da AIDS no Brasil, afetando de maneira especial as mulheres, trouxe o controle da transmissão vertical do HIV como desafio. Atualmente, uma parcela considerável dos diagnósticos de casos de infecção retroviral na população feminina ocorre durante o período gestacional, refletindo a adequação da política de saúde na atenção pré-natal, mediante a triagem sorológica anti-HIV (BRASIL, 2010). Em infecção pelo HIV em gestantes, no último estudo sentinela em parturientes de 2010, observou-se uma prevalência de HIV de 0,38%, que corresponde a um total estimado de 10.303 gestantes HIV positivas para esse ano. A taxa de detecção de casos de HIV em gestantes no Brasil em 2011 correspondeu a 2,3 casos por 1.000 nascidos vivos. Comparando o dado estimado de 2010 com o número de casos de gestantes com HIV notificados em 2011 (6.540 gestantes HIV+), estima-se que a vigilância de HIV em gestantes alcançou 63,5% dos casos esperados (BRASIL, 2012). Uma das prioridades do Programa Nacional de DST e AIDS é a redução da transmissão vertical do HIV. Dentre as principais estratégias para a redução, estão a prevenção da infecção nas mulheres em idade fértil, o conhecimento precoce do estado sorológico e o tratamento adequado. Nesse sentido, a realização do aconselhamento desempenha papel fundamental como parte do processo de diagnóstico da infecção, tanto para o controle da infecção materna quanto para a prevenção da transmissão vertical. A testagem e o aconselhamento integram o cuidado no pré-natal, parto e puerpério, conforme recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010). A realização do exame para sorologia do HIV no pré-natal não é uma medida preventiva para a infecção e transmissão, todavia é um momento em que as gestantes tem acesso a um aconselhamento no qual estão inclusas medidas preventivas de DST/AIDS e comportamento de risco, além de ser uma oportunidade de descobrir a sorologia e iniciar o tratamento (SCHERER, BORENSTEIN E PADILHA, 2009). O aconselhamento ao teste anti-HIV no pré-natal De acordo com Feitosa (2010, pg 560): O aconselhamento é constituído por um conjunto de intervenções que busca interferir nas condutas da vida cotidiana dos sujeitos, através de uma relação dialógica entre usuários e profissionais do serviço sinalizando a existência de um jogo entre necessidades e modos tecnológicos de agir, devendo ter esta dimensão para todos os atores envolvidos neste processo (FEITOSA, 2010, pg 560). No âmbito HIV/AIDS, o Ministério da Saúde viabiliza o aconselhamento como uma estratégia de prevenção que atua no indivíduo. Dessa forma é possível trabalhar com a identificação do próprio risco e propiciar uma reflexão sobre medidas preventivas viáveis para o indivíduo que deseja realizar a sorologia anti-HIV, tendo como componentes o apoio emocional, o apoio educativo que trata das trocas de informações sobre DST e HIV/AIDS, suas formas de transmissão, prevenção, tratamento e avaliação de riscos (BRASIL, 2010). Segundo o Ministério da Saúde a realização do teste anti-HIV deve ser oferecido, com aconselhamento e com aceitação das gestantes, na primeira consulta prénatal, sendo possível a repetição da sorologia para HIV no início do terceiro trimestre. Quando a testagem não é realizada, durante o pré-natal, a mesma deve ocorrer, no momento do parto, por meio do teste rápido (BRASIL, 2006). Feitosa (2010) reitera que o aconselhamento oferece condições indispensáveis para a interação entre cliente e profissional, disponibilizando a reciprocidade na troca de conhecimentos e sentimentos, sendo assim um importante instrumento para a quebra da cadeia de transmissão das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e HIV/AIDS na medida em que propicia uma reflexão sobre os riscos de infecção e a necessidade de sua prevenção. A revelação diagnóstica positiva requer apoio de profissionais capacitados que realizem o aconselhamento requerido, auxiliando a gestante a encontrar meios para enfrentar o diagnóstico. Mediante a isso alguns aspectos devem ser considerados, pois o impacto do resultado positivo costuma ser intenso, tanto para a gestante quanto para o profissional (SILVA, GUILHERM E BAMPI, 2012). É fundamental que o profissional esteja preparado para oferecer apoio emocional, respeitando o tempo de cada gestante frente a soropositividade, bem como a sua reação ao resultado. O mesmo deve oferecer informações sobre o significado do resultado, as alternativas de tratamento para a mãe e a possibilidade de prevenir a infecção do concepto, os encaminhamentos necessários e a discussão sobre adoção de medidas de prevenção (BRASIL, 2010). Assim, deve-se permitir ao cliente, no caso a gestante, o tempo necessário para assimilar o impacto do diagnóstico e expressar seus sentimentos e estar atento para os mesmos, que comumente são raiva, medo, negação, ansiedade, entre outros (ARAÚJO, ANDRADE E MELO, 2011). Todavia, sabe-se que este aconselhamento e a tomada efetiva de atitudes para a prevenção da transmissão materno-infantil (TMI) do HIV depende da equipe de saúde e das famílias acometidas, muitas delas em evidente situação de vulnerabilidade social. Assim, identifica-se a necessidade de intervenções que ajudem a diminuir as dificuldades e o sofrimento, auxiliando na promoção da saúde dessas pessoas (CARVALHO et al, 2009). Aspectos emocionais na gestação e o HIV O diagnóstico de soropositividade aflora os mais variados sentimentos em um indivíduo. Conviver com o HIV torna o infectado vulnerável, na maioria das vezes, pelo sentimento de culpa, o que reflete, negativamente, em todos os âmbitos da vida. Os portadores do vírus estão sujeitos a enfrentar carência nas relações afetivas e na sexualidade, além de problemas e restrições sociais. Galvão et al, (2013) afirma isso ao mencionar que são comuns os sentimentos como, rejeição e medo, os quais prejudicam a qualidade de vida do mesmo. Além destes, o preconceito, a estigma e a exclusão social são fatores que caracterizam a doença de forma marcante e irão influenciar nas relações interpessoais do indivíduo infectado. A gestação e maternidade no contexto do HIV são marcadas pelo desafio concernente ao enfrentamento de uma doença crônica e estigmatizante. De acordo com Silva, Guilherm e Bampi (2012), a contraposição dos sentimentos e possibilidades em relação à nova vida gerada e o conhecimento de possuir uma doença potencialmente fatal, fragiliza a mulher. Araújo et al (2008) destaca que um resultado positivo para o HIV pode acarretar um grave impacto na vida das mulheres, especialmente quando o diagnóstico ocorre no período gestacional, pois a maternidade é vista como sinal de vida e esperança em analogia à idéia de morte relacionada à AIDS. De acordo com Carvalho et al, (2009), as gestantes que convivem com HIV sentem-se culpadas em expor o filho ao risco de infecção pelo vírus e de que ele venha a falecer, consequentemente. Dessa maneira, tanto a gestação quanto o período pós-parto são marcados pela incerteza quanto ao diagnóstico do filho e as preocupações e ansiedades com relação à saúde da criança são frequentes. Inserida nesse contexto, a mulher soropositiva para o HIV pode sofrer diversas situações permeadas por preconceito, estigma, exclusão, sofrimento tanto individual como familiar e medo quanto ao futuro da criança. Também há receio da revelação do diagnóstico tanto para a família quanto para a sociedade em geral (MISUTA et al, 2008). Partindo dessa realidade, os aspectos emocionais exigem maior atenção, uma vez que a mulher precisa ser orientada quanto à gestação e profilaxia da transmissão vertical, bem como a possibilidade de não transmitir o vírus para o filho. Portanto, esta mulher precisa receber informações sobre cuidados para o pré-natal, parto e puerpério, sendo ressaltada, em todos esses momentos, a importância do acompanhamento da portadora do HIV em idade reprodutiva. Assim, essa atenção voltada para a esperança também é atribuição do profissional de saúde, onde se busca minimizar a ansiedade e medos mediante cuidadosos esclarecimentos de forma humanizada, contribuindo para amenizar os dilemas e conflitos de ser mãe na vigência do HIV/AIDS (GALVÃO, CUNHA E MACHADO, 2010). Assistência de Enfermagem à gestante HIV positivo A realização de um pré-natal humanizado e de qualidade é essencial para manutenção da saúde materna e neonatal. Para isso, é necessário acolher a gestante e a sua família de maneira irrestrita, levando em consideração o meio sociocultural e físico em que estão inseridos. Com a visão de permitir essa atenção diferenciada à saúde da mulher e do concepto, o Ministério da Saúde instituiu através da Portaria/GM nº 569, de 1º de Junho de 2000, o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), que apresenta entre seus objetivos a humanização da assistência obstétrica e neonatal (BRASIL, 2006). Frente a isto, o enfermeiro possui uma importante atuação no processo, sendo de sua responsabilidade acolher a gestante, oferecendo esclarecimento das suas dúvidas e inseguranças e contribuindo para uma gestação sem complicações, visando assim a saúde da mulher e da criança, sendo necessário que este profissional esteja capacitado para realizar tal atividade (ARAÚJO et al, 2010). A importância do serviço deste profissional potencializa a promoção, prevenção e o tratamento de problemas que podem ocorrer durante a gestação, propiciando uma estrutura para que as necessidades individuais da cliente sejam atendidas. A qualidade na assistência ao pré-natal é essencial para diminuir as taxas de mortalidade materna e mortalidade infantil, prevenindo mortes por doenças hipertensivas, hemorragias, sepses e outras causas diretas (MARTINS et al, 2012). O enfermeiro poderá desenvolver ações preventivas durante o pré-natal voltadas à saúde integral da mulher, não estando apenas voltada à saúde da gestante. Para tanto, é importante que a equipe de saúde busque o aprimoramento de suas competências profissionais para a realização de um cuidado integral, holístico e humanizado (SILVA et al, 2013). Pereira et al, (2012) reitera que ao atender uma gestante HIV positivo, os profissionais de saúde precisam tentar compreender o que esta sente, procurando ajudála em seus anseios e sentimentos, principalmente, quando a mesma relaciona a infecção pelo HIV à morte. Essa conduta é motivada devido a essa associação comumente feita pela população, mesmo após a evolução no tratamento da AIDS e o aumento da sobrevida do portador do vírus. Estabelecer um vínculo com os profissionais de saúde faz-se necessário para a adesão destas gestantes ao tratamento com antirretrovirais durante o pré-natal e após o nascimento, para dar continuidade ao tratamento (KLEINÜBING, PEREIRA E BUBLITZ, 2011). Apesar da comprovação da importância da equipe multiprofissional, sobretudo da atuação do enfermeiro mediante ao atendimento à gestante com HIV, em geral, existe uma preocupação compartilhada por estes profissionais, juntamente com as famílias que convivem com o vírus. Em algumas situações os profissionais na atenção básica de saúde ainda não se sentem preparados para trabalhar o acompanhamento e aconselhamento frente a estes casos de infecção por HIV (ARAÚJO et al, 2008). METODOLOGIA Pela natureza do objeto de estudo que é o sentimento das grávidas frente à soropositividade para o HIV, optou-se por um estudo com abordagem qualitativa. Segundo Minayo (2010) o método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os seres humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. O estudo foi realizado na Unidade de Referência materno-infantil e adolescente (UREMIA), referência no Estado do Pará para acompanhamento de pré-natal de alto risco, incluindo gestantes soropositivas. A pesquisa foi realizada com gestantes infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) que realizam o acompanhamento pré-natal na UREMIA. Os critérios de inclusão foram gestantes maiores de 18 anos diagnosticadas com HIV durante o pré-natal realizado na UREMIA. Os critérios de exclusão foram gestantes menores de 18 anos diagnosticadas com HIV que estão realizando o pré-natal na UREMIA, gestantes com outros diagnósticos de risco e gestantes com diagnóstico de HIV anterior a gravidez. Na coleta de dados foi utilizado como instrumento uma entrevista semiestruturada, na qual os entrevistados possuem uma reserva complexa sobre o tópico em estudo, esse conhecimento impõe suposições que são explícitas e imediatas que podem ser expressas pelos entrevistados de forma espontânea ao responderem a uma pergunta aberta (FLICK, 2009). O roteiro de entrevistas foi dividido em duas partes, a primeira parte com os dados pessoais de identificação com uso de pseudônimo para decodificação, idade e estado civil. A segunda parte conteve perguntas abertas sobre os sentimentos acerca do diagnóstico positivo do HIV durante a gravidez. Para manter o anonimato dos sujeitos utilizou-se pseudônimos com nomes de pedras preciosas (Diamante, Esmeralda, Rubi, e Safira). As entrevistas não foram autorizadas para gravação, sendo os depoimentos apenas transcritos e, posteriormente, analisados. O projeto de pesquisa foi cadastrado na Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Pará – Campus IV, sob o parecer de nº 580.940, sendo a pesquisa realizada durante o mês de abril de 2014. E se tratou de uma pesquisa autofinanciada. Para análise dos dados foi utilizada a análise do conteúdo. De acordo com Bardin (2011), não existe nada pronto para aqueles que pretendem utilizar a análise dos conteúdos como métodos em suas investigações. O que existe são algumas regras básicas, que permitem ao investigador adequá-las ao domínio e objetivos pretendidos reinventando a cada momento uma maneira de analisar. Na pré-análise, foi realizada uma leitura de assimilação e avaliação do material obtido, de acordo com a pertinência entre o conteúdo das discussões e os objetivos do estudo. A segunda etapa, chamada exploração do material, foi desenvolvida a partir de quatro fases a fim de encaminhar gradativamente a essência das mensagens: decomposição e normalização do texto; organização de ideia chave temática e exploração do material. Na terceira etapa, chamada de resultados obtidos e interpretação dos dados, foram analisadas através das falas, utilizando indicadores em forma de unidade de registro. A partir disso, foram estabelecidas inferências e interpretações, conforme objetivos previstos na pesquisa. O estudo obedeceu a todos os aspectos éticos de pesquisa desenvolvida com seres humanos, exigidos pela Comissão Nacional de Pesquisa – CONEP, contidos na Resolução 466/12. Foram respeitados os princípios da beneficência, não maleficência, justiça e equidade e autonomia aos sujeitos da pesquisa. Aplicou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a todos os entrevistados antes da entrevista, sendo a participação dos mesmos de natureza voluntária, garantindo a todos confidencialidade dos dados. Foi também garantido aos sujeitos a possibilidade de desistência do estudo em qualquer fase de realização do trabalho sem que isto implicasse em situações que viessem a comprometer seu atendimento na unidade de saúde, sendo as informações utilizadas somente para fins acadêmicos. Os dados obtidos das entrevistas estão em poder das pesquisadoras responsáveis e permanecerão pelo prazo de cinco anos, decorrido este período o mesmo será incinerado. Os participantes desta pesquisa expuseram-se a riscos como: cansaço, constrangimento pela delicadeza da condição de saúde, desconforto pelas perguntas referente ao diagnóstico de soropositividade para o HIV e risco de exposição de seu diagnóstico. Os benefícios foram muitos, uma vez que o estudo permitiu conhecer os sentimentos das gestantes em relação ao diagnóstico positivo para o HIV. A pesquisa foi relevante a partir do momento em que foi dada a oportunidade para as mesmas expressarem o que sentem, o que vivenciam, quais suas expectativas, sendo essa última relacionada à dispensação de apoio e suporte emocional. RESULTADOS Para a realização da presente pesquisa foram entrevistadas quatro gestantes, devidamente matriculadas no pré-natal de alto risco da Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente (UREMIA), diagnosticadas com HIV durante a realização do prénatal. A faixa etária das entrevistadas variou de 22 a 35 anos, com média de 27 anos. Quanto ao estado civil, duas eram casadas, uma solteira e uma relatou estar em um relacionamento estável. DISCUSSÃO Categoria 1 – Sentimentos das gestantes frente à soropositividade do HIV Em relação à compreensão dos sentimentos vivenciados pelas mulheres ao se descobrirem soropositivas, o sentimento de tristeza foi relatado com intensidade. Tal sentimento é pertinente por se tratar de uma doença que ainda não tem cura e que traz a elas insegurança em relação ao futuro. Como expresso nas falas a seguir. Diamante: “Eu fiquei muito triste, arrasada”. Safira: “Senti muita tristeza”. Em concordância a isto Cartaxo et al (2013) afirmam que a gravidez configura uma experiência singular e complexa, permeada por sentimentos ambivalentes, como alegria e tristeza, segurança e insegurança, amor e raiva. Para as gestantes portadoras de HIV, essa ambivalência também se faz presente acompanhada de um estado de ansiedade e culpabilidade decorrente da possibilidade de contaminação do filho(a) pela transmissão vertical. (BRASIL, 2010). Outro sentimento que destacou-se entre as entrevistadas foi o medo. As participantes relataram que, ao saber do diagnóstico positivo para o HIV, não tiveram coragem para comunicar a ninguém próximo delas, sejam estes familiares ou amigos. Percebeu-se que este comportamento ocorreu por medo de serem discriminadas pela família, companheiro e pela sociedade em geral, visto que não desejou contar a ninguém, como relatado na fala de uma delas. Safira: “Não tive coragem de contar pra ninguém logo de cara. Eu fiquei com medo também”. Neste contexto Vieira, Padilha e Santos (2009) dizem que, geralmente, as mulheres ocultam a condição sorológica de seus familiares e, por vezes, de seu companheiro sexual, por medo de consequências negativas nas relações do cotidiano familiar, social e do trabalho. Por outro lado, percebeu-se em depoimentos que as mulheres também apresentaram-se convictas e com vontade de viver. Além disso, demonstraram-se fortes e preocupadas em busca de proteção da saúde dos filhos. Esmeralda: “Também não vou pensar em me matar... Preciso ser forte. Também por causa da minha neném agora”. Rubi: “Tenho que ser forte”. Em relação a essa vontade de viver, Faria e Piccinini (2010) entendem que estas gestantes encontraram uma associação positiva entre pensar em ter um filho e a motivação para lutar pela vida. Partindo disso, elas entendem a gestação como um processo positivo em suas vidas, o qual auxilia a cuidarem de si. Em relação à contaminação pelo HIV as participantes demonstraram-se surpresas, pois não imaginavam, em hipótese alguma, que ao realizar o teste seriam diagnosticadas com HIV. De acordo com os relatos, antes de realizar o teste, elas colocavam-se na condição de imunes ao vírus, ou seja, para elas essa realidade do HIV estava muito distante, como mostram as falas seguintes. Diamante: “Eu nunca imaginava que o exame ia dar positivo”. Rubi: “Eu nunca pensei em pegar”. Frente a isso, percebe-se que a população, de uma maneira geral, ainda possui a mentalidade de que não estando enquadrada nos chamados grupos de risco, estaria protegida em relação à transmissão e infecção pelo vírus HIV. Santos et al (2009) associa a feminilização da epidemia em decorrência disso e da ausência do uso de métodos preventivos, onde a epidemia se alastrou e atingiu a outros grupos populacionais, nos quais outrora não notificava-se tantos casos, como o das mulheres. Categoria 2 – Expectativa em relação à saúde Expectativa em relação à sua saúde após o diagnóstico Nesta categoria percebe-se que a gestante, apesar do diagnóstico de HIV positivo, não perdeu o convívio em sociedade. Ela exerce suas funções normalmente, onde a mesma é vista como algo inerente ao seu cotidiano. Esta conduta faz com que a mesma não lembre a todo o momento que é soropositivo e isto não a faz ser negligente em relação ao auto-cuidado, já que elas lembram que são soropositivos quando precisam ir até a Unidade designada para distribuição da terapia antiretroviral, conforme a fala a seguir: Esmeralda: “Para mim eu não lembro que tenho. Só lembro quando vou pegar meus remédios lá na Casa Dia. Então eu vivo normalmente”. Em consonância a estas ideia, Machado et al (2010) afirma em seu estudo que estar grávida e ter o vírus, para essas mulheres, não tem diferença. Algumas delas demonstraram que estão acostumadas a rotina e consideram que vivem uma gestação igual a todas as outras mulheres. Com relação ao esquema da terapia antiretroviral (TARV), percebe-se que as entrevistadas demonstraram tranquilididade a respeito, uma vez que este proporciona a elas maior segurança quanto a sua saúde. Os relatos demonstram que elas tem interesse na realização contínua da TARV por esse estar oferecendo resultados satisfatórios, como mencionado nas falas seguintes: Safira: “Quero continuar tomando o remédio porque até agora deu certo”. Diamante: “Vou continuar tomando os remédios pra não ficar doente”. Esta conduta é de suma importância, pois as mulheres com HIV/AIDS que estejam grávidas seguindo as recomendações de prevenção da transmissão vertical (TV) tem a chance de redução de infectar o feto de 25% para 3%, podendo, inclusive, não contaminá-lo (BRASIL, 2006). Assim, a partir da aderência ao tratamento com os antiretrovirais essas gestantes passam a ter certa tranquilidade ao que diz respeito a esta transmissão. Expectativa em relação à saúde de seu filho(a) após o diagnóstico Essa categoria retrata a maior apreensão por partes das entrevistadas, isto pode ser afirmado, uma vez que em unanimidade, foi relatado pelas mesmas, certa preocupação em relação à saúde do bebê ao que diz respeito à transmissão do vírus HIV. O maior desejo delas é que seus filhos nasçam saudáveis, pois independente de qualquer situação eles não merecem contrair também o vírus, conforme os depoimentos que seguem: Safira: “Não quero que ele pegue também a doença porque ele não tem culpa de nada”. Rubi: “Quero que ele nasça com saúde e que não pegue a doença”. Esmeralda: “Tenho fé em Deus que dará tudo certo. Estou fazendo tudo para que ela nasça saudável”. Essa postura é comprovada por Faria et al (2013), ao afirmar que a expectativa maior de uma gestante soropositiva está na possível infecção do bebê. Essa preocupação por parte das gestantes em transmitir para o filho(a) o vírus é mencionada também por Kleinübing, Pereira e Bublitz (2011) com a afirmação de que o medo e a insegurança em relação à proteção do bebê influenciam para tal pensamento. Tal preocupação é pertinente, pois sabe-se que o fenômeno feminilização do vírus HIV ocasionou o crescimento da epidemia entre mulheres e, consequentemente, a mudança no perfil da população atingida por esta epidemia. A partir disso, ocorreu o surgimento de casos entre crianças com a infecção do HIV, motivados através da transmissão vertical, de mãe para filho, durante a gestação, o parto ou a lactação (KREITCHMAN & SILVEIRA, 2009). Categoria 3: Apoio emocional Apoio emocional familiar Esta categoria retrata um ponto delicado, pois entre as participantes percebeuse a deficiência em relação ao apoio emocional familiar. De acordo com ela alguns parentes próximos desconhecem que elas são soropositivas ou então poucos deles sabem do diagnóstico. Nesse último caso, procurou-se confidenciar para as pessoas que elas consideram mais próximas, ou seja, que as deixem mais seguras quanto ao sigilo, como foi evidenciado pelos relatos a seguir: Safira: “Minha mãe não sabe, não tive coragem de contar...”. Diamante: “Só minha mãe e meu marido sabem...”. Faria (2012) afirma que nesse caso em que a família não sabe ou poucas pessoas sabem, as gestantes temem em passar por situações de preconceito no meio familiar, assim não pretendem falar sobre o assunto. Semelhantemente, as gestantes que compartilham a notícia com um parente mais próximo preferem não revelar o diagnóstico a todos os familiares por temor de serem discriminadas, mesmo sem passar por uma situação explícita de preconceito pelos que já sabem e estão mais próximos a ela. Em relação à discriminação familiar, observou-se que, em outro caso, ocorreu essa situação de preconceito por partes destes familiares mais próximos, os quais são estimados por supostamente transmitirem mais segurança nesse momento delicado para a gestante. De acordo com os depoimentos, esses parentes ao tomar conhecimento que ela é portadora do vírus HIV, comportaram-se de maneira preconceituosa e até sofreram algum desequilíbrio em sua saúde, como no relato a seguir: Esmeralda: “Minha mãe sabe, mas tem muito preconceito, deu até depressão nela por causa disso...”. A presença dos familiares neste momento do processo gestacional é importante para que a gestante sinta-se confortada e motivada a seguir com a gestação e o tratamento. Araújo et al (2008) afirma que quando a família se distancia e não oferece apoio emocional, a gestante encontra mais dificuldade no enfrentamento do diagnóstico soropositivo para o HIV, visto que essa situação sorológica concomitante com uma gestação representa uma preocupação e sobrecarga emocional adicional. Apoio emocional dos profissionais de saúde Em relação ao apoio emocional dos profissionais, percebeu-se que as entrevistadas estavam satisfeitas. De acordo com elas a equipe profissional de saúde demonstrou e demonstra solícita ao que diz respeito ao esclarecimento de dúvidas. Por este motivo elas sentem-se apoiadas por estes profissionais, tanto em respeito ao acompanhamento clínico, como também ao apoio emocional que estes vem demonstrando, como pode-se observar nas falas seguintes: Esmeralda: “Recebi muito apoio de todos os profissionais... A psicóloga conversou comigo, médico, enfermeiro todo mundo me deu bastante apoio”. Assim como a rede de suporte familiar é muito importante para a gestante portadora do vírus HIV, a rede de suporte profissional também é indispensável. Em função do impacto de um resultado positivo, é importante a presença de uma equipe profissional capacitada, para oferecer suporte emocional no momento da notícia (SCHERER, BORENSTEIN & PADILHA, 2009). Diante disso, percebe-se que é fundamental que os profissionais que atuam em serviços de atenção a saúde de indivíduos soropositivos sejam preparados para melhor atender e orientar gestantes soropositivas quanto às questões sexuais, reprodutivas questões psicológicas e o que for necessário para uma assistência humanizada de qualidade (CORDOVA, 2013). Percebe-se ainda a importância da presença do profissional enfermeiro durante o processo de descoberta do diagnóstico positivo para o HIV em um momento difícil para a gestante em questão. Este profissional é importante nesse processo por estar em maior contato com a gestante durante todo o pré-natal, desde o início até a última consulta de enfermagem. Devido a este maior contato, observou-se que ocorre uma relação de confiança entre profissional e cliente, como no relato a seguir: Diamante: “Se não fosse a enfermeira conversar comigo, não sei o que eu ia fazer quando soube o resultado”. Alves, Pereira & Rangel (2008) reiteram que o enfermeiro é importante no acompanhamento pré-natal, incluindo o pré-natal de alto risco, pois conduz sua atenção para além do tratamento medicamentoso ao se apresentar como um ator fundamental no papel de educador a partir de um vínculo que estabelece, construindo uma relação de confiança entre ele (profissional) e o cliente. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste estudo tivemos a oportunidade de conhecer os sentimentos relatados por gestantes diagnosticadas com HIV durante o pré-natal. Os resultados mostram que, ao descobrir ser portadora do HIV durante a gestação, as gestantes sentiram-se tristes pelo resultado positivo e temerosas em relação à discriminação por parte de outras pessoas, incluindo os familiares. Vale ressaltar que a maioria das entrevistadas relata não ter recebido apoio emocional familiar ou este ocorreu de maneira insatisfatória, fato que torna o processo de enfrentamento do diagnóstico soropositivo mais difícil. Em contrapartida, as participantes mostram-se esperançosas quanto à saúde do filho, pois utilizam meios preventivos para protegê-los do vírus, como o uso da terapia antiretroviral. Além disso, outro ponto positivo que pode ser destacado é o fato de que diferentemente do que se pensa, a gestante diagnosticada com HIV, nos dias de hoje, mantém sua rotina normalmente, exercendo suas atividades diárias como as demais gestantes que não são soropositivas. A partir desses conhecimentos obtidos com a realização da pesquisa podemos afirmar que esta mulher, sobretudo, necessita de um olhar holístico e diferenciado das demais por apresentar o processo saúde-doença ameaçado por uma doença crônica e estigmatizada pela sociedade. Em relação à atuação da equipe de saúde, em especial dos enfermeiros, podemos afirmar que estes tem desempenhado seu papel com esmero, posto que estabelecer uma relação interpessoal satisfatória nessa relação profissional-cliente tornase mais difícil ao lidar com gestante soropositivas, seus sentimentos e necessidades subjetivas. Neste aspecto o objetivo de atendê-las de forma holística tem sido alcançado uma vez que as participantes da pesquisa, que fazem parte da clientela destes profissionais, mostram-se satisfeitas com a atenção e serviços recebidos. Como contribuição para os enfermeiros, sugerimos que estes exerçam um pouco mais a educação em saúde junto às gestantes soropositivas, expondo as vantagens que existem no compartilhar do diagnóstico com pessoas de confiança, as quais na maioria das vezes são aquelas que fazem parte do círculo familiar, enfatizando, logicamente, que a vontade desta gestante em contar ou não deve ser respeitada. REFERÊNCIAS ALVES, V.H.; PEREIRA, A.V.; RANGEL, T.S.A. O papel do enfermeiro no prénatal de gestantes soropositivo para o HIV. Revista Enfermagem Brasil. Ed. março/abril, p. 79-85, 2008. ARAÚJO, M.A.L; ANDRADE, R.F.V; MELO, S.P. O acolhimento como estratégia de atenção qualificada: percepção de gestantes com HIV-AIDS em Fortaleza, Ceará. Esc Anna Nery v.35, n.3, p.710-721 jul./set, 2011 ARAÚJO, M.A.L.; QUEIROZ, F.P.A.; MELO, S. P. de; SILVEIRA, C. B. da; SILVA, R. M. da. Gestantes portadoras do HIV: Enfrentamento e percepções de uma nova realidade. Ciência, cuidado e saúde. Ed. abril-junho, 2008. ARAÚJO, M.A.L; SILVEIRA, C.B; SILVEIRA, C.B; MELO, S.P. Vivências de gestantes e puérperas com o diagnóstico do HIV. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília: setembro-outubro; p. 589-94, 2008. ARAÚJO S.M; SILVA, M.E.S; MORAES, R.C; ALVES, D.S. A importância do prénatal e a assistência de enfermagem. RevistaVeredas Favip - v. 3, n. 2 – Edição julhodezembro, 2010. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Traduzido por Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Ed. 70, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. ______.______. Portaria GM nº 569/2000. Institui o Programa Pré-natal e Nascimento. Disponível em:<http: //dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/PORT2000/GM/GM-569.htm>. Acesso em: 13 nov, 2013. ______.______. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2006. ______.______. Aconselhamento em DST e HIV/AIDS: diretrizes e procedimentos básicos. Brasília, 2013. ______.______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Dados Epidemiológicos AIDS. Bol Epidemiológico AIDS e DST. jan./junho, 2006. ______.______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Antirretroviral em Gestantes: manual de bolso/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. ______.______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de bolso – 8ª edição– Brasília: Ministério da Saúde, 2010. ______.______. Perspectivas para o controle da transmissão vertical do HIV no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais, Brasília-DF, 2010. ______.______. Boletim Epidemiológico HIV-Aids. Ano I – nº 01. 52ª Semana epidemiológica – Brasília, 2012. ______. Política Brasileira de Enfrentamento da Aids: Resultados, Avanços e Perspectivas. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2012. CARVALHO, F.T; FARIA, E.R; GONÇALVES, T.R; MOSKOVICS, J.M, PICCININI, C.A. Intervenção psicoeducativa para gestantes vivendo com HIV/Aids: uma revisão da literatura. Psicologia: Teoria e Prática – 11(3):157-173, 2009. CARTAXO,C.M.B; NASCIMENTO, C.A.D; DINIZ, C.M.M; BRASIL, D.R.P.A. Gestantes portadoras de HIV/AIDS: Aspectos psicológicos sobre a prevenção da transmissão vertical. Estudos de Psicologia, Ed. julho-setembro, p. 419-427, 2013. CORDOVA, F.P; LUZ, A.M.H; INOCENTE, A.P; SILVA, E.F. Mulheres soropositivas para o HIV e seus companheiros frente à decisão pela gestação. Revista Brasileira de Enfermagem, p. 97-102, 2013. FARIA, E. R. de. Relação mãe-bebê no contexto do HIV: investigando as representações maternas da gestação ao segundo ano de vida da criança (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. FARIA, E; GONÇALVES, T; CARVALHO, F; RUSCHEL, P; LOPES, R; PICCININI, C. Apego materno fetal em gestantes que vivem com HIV/Aids. Estudos de Psicologia, edição: abril-junho, p. 231-239, 2013. FARIA, E.R; PICCININI, C.A. Maternidade no contexto do HIV: gestação e terceiro mês de vida do bebê. Estudos de Psicologia, p. 147-159, Ed. abril-junho, 2010. FEITOSA, J.A; CORIOLANO, M.W.L; ALENCAR, E.N; LIMA, L.S. Aconselhamento do pré-teste anti-HIV no pré-natal: percepções das gestantes. Revista de enfermagem da UERJ. Ed. outubro/dezembro, p. 559-564. Rio de Janeiro, 2010. FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução: Joice Elias Costa. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GALVÃO, M.T.G; CUNHA, G.H; MACHADO, M.M.T. Dilemas e conflitos de ser mãe na vigência do HIV-AIDS. Revista Brasileira de Enfermagem, Ed. maio-junho, p. 171-174. Brasília, 2010. GALVÃO, M.T.G; LIMA, I.C.V; CUNHA, G.H; SANTOS, V.F; MINDÊLLO, M.I.A. Estratégias de mães com filhos portadores de HIV para conviverem com a doença. Cogitare Enfermagem, Ed. abril/junho, p. 230-237, 2013. KLEINÜBING, R.E; PEREIRA, F.W; BUBLITZ, S. Atuação da equipe de saúde com gestantes soropositivas ao hiv: desvelando o papel da enfermagem. Revista contexto & saúde, editora Unijuí – v. 10, n. 20, Ed. janeiro/junho, p. 711-714, 2011. KREITCHMAN, R.; SILVEIRA, M. F. da. Assistência à mulher positiva para o vírus da imunodeficiência na gravidez, no parto e no puerpério. ProAgo – Programa de atualização em ginecologia e obstetrícia. Editora Artmed e Panamericana. Ciclo 6, módulo 2, 2009. MARTINS, J.S.A; DANTAS, F.A; ALMEIDA, T.F; SANTOS, M.B.R. A assistência de enfermagem no pré-natal: enfoque na estratégia da saúde da família. Revista UNIABEU: Belford Roxo, v. 5, n. 9, Ed. janeiro-abril, 2012. MINAYO, M.C.de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª Edição – São Paulo: Hucitec, 2010. MISUTA, N.M; SOARES, D.A; SOUZA, R.K.T; MATSUO, T; ANDRADE, S.M. Sorologiaanti-HIV e aconselhamento pré- teste em gestantes na região noroeste do Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil: Recife, v. 8, p.197-205, Ed. abril-junho, 2008. MOURA, E.L; KIMURA, A.F; PRAÇA; N.S. Ser gestante soropositivo para o Vírus da Imunodeficiência Humana: uma leitura à luz do Interacionismo Simbólico. Acta Paul Enfermagem; v. 23, p. 206-211, 2010. NEVES, R.L.R. de M; MORAIS, L. T. de; MENDES, P. de M. S.; SOUSA, M. da C. P. de; ESPIRITO SANTO, A.C.G. do. Sentimentos vivenciados por mulheres infectadas pelo HIV por meio de parceiro fixo. Revista interdisciplinar NOVAFAPI. v. 3, n. 3, p. 26-32, Ed. julho-setembro, Teresina, 2010. OLIVEIRA, C.M.S; BRITO, K.Q.D; SOUSA, M.S.C; BAPTISTA, R.S. Programa de humanização no pré-natal e nascimento no município de Campina Grande-PB. 2013. OLIVEIRA, F.F.D. A luta contra a desesperança: a experiência de gestantes com HIV. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos: UFSCar, 2013. PEREIRA, F.W; SOUZA, M.B; SOUZA, N.S; NEVES, E.T; SILVEIRA, A. Atendimento de gestantes HIV em centro de testagem e aconselhamento na perspectiva dos profissionais. Revista de Enfermagem da UFSM, Ed. maio/agosto; p. 232-241, 2012. SANTOS, W.S; MEDEIROS, M; MUNARI, D.B; OLIVEIRA, N.F; MACHADO, A.R.M. A gravidez e a maternidade na vida de mulheres após o diagnóstico do HIV/AIDS. Revista Ciência cuidado e saúde, v. 11, n. 2, Ed. abril-junho. Maringá, 2012. SANTOS, E.M; REIS, A.C; WESTMAN, S; ALVES, R.G. Avaliação do grau de implantação do programa de controle da transmissão vertical do HIV em maternidades do "Projeto Nascer". Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 19, n. 3, Ed. setembro. Brasília, 2010. SCHERER, L.M; BORENSTEIN, M.S; PADILHA, M.I. Gestantes/puérperas com HIV/AIDS: Conhecendo os déficits e os fatores que contribuem no engajamento para o autocuidado. Escola Anna Nery. Revista de Enfermagem, Ed. abril-junho, 2009. SILVA, C.O. da; SANTOS, J.L.G. dos; PESTANA, A.L; ERDMANN, A.L. Significados e expectativas de gestantes em relação ao pré- natal na atenção básica: revisão integrativa. Revista Saúde & Transf. Soc,v. 3, n. 4, p. 98-104. Florianópolis, 2013. VIEIRA, M; PADILHA M.I; SANTOS, E. Histórias de vida: mãe e filho soropositivo para o HIV. Texto & Contexto Enfermagem. P. 33-40, 2009.