Reatores PFR – Análise comparativa e de custos Determinada empresa pretende produzir em escala industrial gás metano a partir da dissociação do óxido de etileno. Estudos preliminares revelaram que este é um processo típico para reatores tubulares, na faixa de temperatura de 410-420oC, e a empresa possui atualmente dois reatores tubulares disponíveis para serem analisados. Os parâmetros da reação e dos dois reatores tubulares disponíveis são apresentados a seguir. Parâmetros da Reação (i) - A dissociação do óxido de etileno é uma reação gasosa, que libera como produtos o metano e o monóxido de carbono, conforme a seguinte estequiometria. CH2 (g) H2C CH4(g) + CO(g) O (ii) – Esta é uma reação irreversível e de primeira ordem. (iii) – Um estudo em laboratório, a 415°C, foi realizado em um reator batelada de paredes rígidas onde foi apurada a pressão total do reator em função do tempo decorrido de reação: t (min) π (atm) 0 0,1530 4 0,1609 7 0,1658 9 0,1698 12 0,1757 18 0,1855 Parâmetros dos Reatores (iv) - Os dois reatores tubulares disponíveis para serem testados são: − Reator MX: 4,00m de comprimento e 40 cm de diâmetro − Reator MY: 3,30m de comprimento e 42,5 cm de diâmetro (v) - A corrente gasosa a ser introduzida nos reatores contém 440g/min de óxido de etileno puro com concentração molar de 0,886 mols/litro. (vi) - A produção diária deve ser obtida em 18 horas de funcionamento contínuo a uma temperatura constante de 415°C. (vii) - O custo operacional de cada um dos reatores é: Reator Custo (US$/h) MX 51,20 MY 48,50 De posse desses dados, deseja-se saber: A - Qual dos dois reatores possui o menor custo por quilo do metano? B - Qual a produção diária (em Kg) de metano no reator escolhido? C - Será vantajoso para a empresa efetuar esta reação utilizando ambos os reatores, dispostos em série? Tal análise deverá ter por base o custo por quilo de metano produzido. Solução Etapa 1 – Cálculo da constante de Velocidade no Reator Batelada Estequiometria da reação: A → R + S Fase da reação: Gasosa 1.1 – Cálculo da pressão parcial de A A pressão total do reator é a soma das pressões parciais dos gases que participam da reação: π = p A + pR + pS A Lei Geral da Estequiometria estabelece que: ΔN A ΔN R ΔN S = = r s a Para uma reação em fase gasosa, à pressão e temperatura constante tem-se que: ΔN .V = Δp.R.T Δp A .R.T Δp R .R.T Δp S .R.T = = a.V r.V s.V que substituido na equação anterior, conduz a: que simplificado conduz a: Δp A Δp R Δp S = = a r s Neste estudo, não foi fornecida nenhuma informação sobre a pressão inicial dos reagentes R e S. Sendo assim, considera-se que pRo=pSo=0, e a equação então é simplificada para: p Ao − p A p R p S = = 1 1 1 ou seja: p R = p S = p Ao − p A Uma vez que a pressão total do reator é a soma das pressões parciais dos gases, tem-se que: π = p A + pR + pS ⇒ π = p A + ( p Ao − p A ) + ( p Ao − p A ) π = 2 p Ao − p A ⇒ p A = 2 p Ao − π Sendo assim, a pressão parcial de A é função da pressão total do reator: Considerando que o reagente A é introduzido puro, tem-se que: π o = p Ao = 0,153atm e daí que: p A = 2 p Ao − π = 2 × 0,153 + π ⇒ p A = 0,306 + π Efetua-se então o cálculo da pressão parcial de A em função do tempo: t (min) π (atm) pA (atm) 0 0,1530 0,1530 4 0,1609 0,1451 7 0,1658 0,1402 9 0,1698 0,1362 12 0,1757 0,1303 18 0,1855 0,1205 1.2 – Cálculo da constante de velocidade Como a reação é de primeira ordem, tem-se que: − rA = kC A , que conduz a: − ln pA = kt p Ao Efetua-se então o cálculo da constante de velocidade (k) para cada um dos tempos: t (min) pA (atm) k (min-1) 0 0,1530 4 0,1451 0,0133 7 0,1402 0,0125 9 0,1362 0,0129 12 0,1303 0,0134 18 0,1205 0,0133 Como o valor de k possui uma pequena variação, tira-se a média entre os valores calculados e em conseqüência: k = 0,0131 min −1 Portanto, a equação de velocidade desta reação, a 415°C, é: − rA = 0,0131C A Etapa 2 – Análise nos Reatores Tubulares 2.1 – Consolidação dos dados disponíveis g 1 mols Velocidade Molar: × = 10 FAo = 440 min 44 g / mol min mols Concentração Molar: C Ao = 0,0886 L 2 πD Volume dos reatores: V = L , que calculado para as dimensões fornecidas conduz a: 4 VMX = 0,5027m 3 = 502,7 L e VMY = 0,4681m 3 = 468,1L { } Equação de Velocidade: − rA = kC A = Fração de Conversão Volumétrica: { } kC Ao (1 − X A ) (1 + ε A X A ) V f − Vo 2 − 1 = εA = Vo 1 εA =1 ⇒ 2.2 – Cálculo da Conversão em cada um dos reatores Para uma reação de primeira ordem, em fase gasosa, efetuada em reator tubular, temos que: V = FA 0 XA dX A ∫ (− r ) 0 ⇒ V = FA 0 A ∫ XA 0 dX A kC Ao (1 − X A ) (1 + ε A X A ) V =− que integrada conduz a: ⇒ V = FA 0 ∫ XA 0 (1 + ε A X A )dX A kC Ao (1 − X A ) FAo [ε A X A + (1 + ε A ) ln(1 − X A )] kC Ao Nesta equação integrada, substituem-se os parâmetros da equação pelos valores conhecidos e temV = −848,62[X A + 2 ln (1 − X A )] se que: Para o reator MX: 502,7 = −848,62[X A + 2 ln (1 − X A )] Para o reator MY: 468,1 = −848,62[ X A + 2 ln (1 − X A )] ⇒ ⇒ X AMX = 0,387 X AMY = 0,369 2.2 – Cálculo da Produção do metano, em mols/h ou kg/h Para determinar a produção do metano, inicialmente monta-se a tabela estequiométrica para esta reação, cuja estequiometria é A → R + S Espécie Início da reação Reage FA 0 FA 0 X A Final da reação FA = FA 0 − FA 0 X A R (metano) 0 FA 0 X A FR = FA 0 X A S (monóxido de carbono) 0 FA 0 X A FS = FA 0 X A A (óxido de etileno) Portanto, a produção do metano é calculada por: FR = FAo X A Para o reator MX: FRMX = 600(0,387 ) = 232,4mols / h Para o reator MY: FRMY = 600(0,369 ) = 221,34mols / h ⇒ ⇒ FRM X = 3,718kg / h FRMY = 3,541kg / h 2.4 - Cálculo do Custo de Produção do metano [US$/kgCH4] Este cálculo pode ser feito a partir da seguinte equação: ⎡US $ ⎤ Custo Re ator (US $ / h ) CustoMe tan o ⎢ ⎥ = Pr odução (Kg / h ) ⎣ Kg ⎦ Para o reator MX: [Custo]MX = 51,20 = US $13,77 / kg 3,718 Para o reator MY: [Custo]MY = 48,50 = US $13,70 / kg 3,541 Resposta A: Os resultados obtidos indicam que o reator MY é o que possui o menor custo de produção por Kg de metano. Resposta B: Como a produção diária é obtida em 18 horas, a produção diária de metano no reator Kg 3,541Kg 18h FR = 63,738 MY será: FR = × ⇒ dia h dia Etapa 3 – Análise do uso dos dois reatores tubulares em série XAo XA1 XA2 MX MY Com o reator MX sendo o primeiro da série, sabe-se que: X A1 = 0,387 . Para o reator MY como o segundo reator, a equação geral de reator tubular considera a sua conversão de entrada (XA1) e a sua conversão de saída (XA2), ou seja: VMY cuja integração conduz a: VMY = − FAo = kC Ao − FAo kC Ao X A2 ∫ (1 + ε A X A )dx A 1− X A X A1 ⎡ 1 − X A2 ⎤ ⎢ε A ( X A2 − X A1 ) + (1 + ε A ) ln ⎥ 1 − X A1 ⎦ ⎣ Substituindo-se os valores conhecidos, tem-se que: 468,1 = − 10 ⎡ ( X A2 − 0,387 ) + 2 ln 1 − X A2 ⎤⎥ ⎢ (0,933)(0,866) ⎣ 0,613 ⎦ ⇒ X A 2 = 0,577 Teremos então para esta seqüência de reatores a seguinte produção de metano: FR = FAo X A ⇒ FR = 600(0,577 ) ⇒ FR = 346,2mols / h ou FR = 5,539kg / h Por fim, o cálculo do custo de produção do metano para esta seqüência de reatores conduz a: [CustoMe tan o] = que calculado conduz a: [Custo] = [Custo reator ]MX + [custo reator ]MY Pr odução( Kg / h) 51,20 + 48,50 5,539 [Custo] ⇒ = US $18,00 / kg Resposta C Observa-se que este custo é muito elevado, o que torna desvantajoso o emprego dos dois reatores em série na seqüência apresentada. Portanto, não existe vantagem, do ponto de vista financeiro, para a utilização destes dois reatores em série. Comentário Final Evidentemente se forem efetuados estudos econômicos mais aprofundados, levando-se em conta reduções de mão-de-obra, maior grau de automação da planta e outros custos financeiros diretos ou indiretos, tal custo poderá ser substancialmente reduzido. Entretanto, o método de cálculo para a conversão a ser obtida em cada reator, bem como a produção é o mesmo que foi aqui utilizado. Sugestão Dentre outros arranjos, dois outros são possíveis de serem feitos para este sistema. Um primeiro arranjo consiste em colocar os mesmos reatores em série, mas inverter, colocando o reator MY na frente do reator MX. Qual seria a conversão neste caso? XAo XA1 XA2 MY MX Um segundo arranjo consiste em colocar os dois reatores em paralelo e com a corrente de alimentação distribuída de tal forma que maximize a produção final a ser obtida. Qual seria conversão neste caso? MY XA1 FAo, CAo XAf MX XA2