A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA COMPARTILHADA: UM ESPAÇO

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A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA COMPARTILHADA: UM ESPAÇO PARA A
ELABORAÇÃO DE LUTOS.
1
Marcela da Costa Garcia, Faculdade da Alta Paulista.
2
Leandro Anselmo Todesqui Tavares, Faculdade da Alta Paulista.
3
Adriana dos Santos Souza, Faculdade da Alta Paulista.
4
Caio Henrique Rangel Silva, Faculdade da Alta Paulista.
5
Karina da Silva Disperati Zanatelli, Faculdade da Alta Paulista.
6
Maria Guineza Bolzani Borges, Faculdade da Alta Paulista.
RESUMO EXPANDIDO
Este trabalho surgiu da experiência clínica a partir de um estudo de caso realizado
durante o estágio de formação profissional em Psicologia, na ênfase clínica, utilizando-se
como referencial teórico a Psicanálise (Freud-Lacan). Realizaram-se sessões semanais
com duração de cinquenta minutos, com supervisão semanal de um professor/orientador
e leituras teóricas psicanalíticas. O objetivo deste trabalho é a reflexão sobre a relação
aos processos depressivos e/ou melancólicos, do ponto de vista da Psicanálise,
considerando como estes processos de subjetivação podem produzir consequências e
interferir significativamente no ego e na vida social deste sujeito, impedindo-o de
vivenciar e experimentar variados aspestos de sua existência. Para isso utiliza-se como
método a Psicanálise que tem como objetivo evidenciar aspectos inconscientes por meio
das interpretações realizadas durante o processo analítico, a fim de superar as
resistências, tornando conscientes os conteúdos antes reprimidos. Durante o tratamento,
a regra fundamental consiste que o paciente assuma o compromisso de associar
livremente as ideias que surgem em sua mente e cabe ao analista empregar a técnica da
1
Graduanda em psicologia, e-mail:[email protected].
Doutorando em psicologia, e-mail: [email protected].
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Graduanda em psicologia, e-mail: [email protected].
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Graduando em psicologia, e-mail: [email protected].
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Graduanda em psicologia, e-mail:[email protected].
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Graduanda em psicologia, e-mail: [email protected].
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atenção flutuante para a escuta deste discurso. Podemos dizer que o pilar da teoria
psicanalítica está na análise e interpretação da transferência, em que ao interpretar as
atuações do paciente reconstroem-se com ele as partes de sua história que estavam
recalcadas e o mesmo poderá elaborar estes conteúdos, agindo e promovendo seu
advento como sujeito. O estudo de caso em questão, trata de uma paciente que
apresentou como queixa inicial baixa auto-estima, desânimo para realizar atividades em
seu benefício, sentimentos de inferioridade, de incapacidade e auto-recriminações. Com
o decorrer da análise podemos perceber neste caso, como mencionado por Freud
(1917[1915]/1996, p.254) em seu artigo “Luto e Melancolia”, que a paciente vivenciou a
perda de um objeto amado idealizado (por meio de decepções ou frustrações). Por tal
perda não ter sido elaborada desencadeou-se um processo melancólico. Isto se deve ao
vínculo narcísico estabelecido com o objeto amado, e que para não renunciá-lo ocorre
uma identificação do ego com este objeto, de modo que ele se torna parte do mesmo.
Esta identificação cria uma ilusão de completude e impede que o sujeito simbolize a
perda do objeto, preservando imaginariamente o vínculo com ele estabelecido e assim se
perpetua o “mal-estar” melancólico. Em meio a esta relação ambivalente de amor e ódio,
onde os sentimentos hostis acabam por se evidenciar, “percebemos que as autorecriminações são recriminações feitas a um objeto amado, que foram deslocadas desse
objeto para o ego do próprio paciente”, logo, a ambivalência se caracteriza como uma
das bases do desenvolvimento de um processo melancólico. Podemos, então, considerar
que este decurso apresentado pela paciente deriva-se de um “luto não elaborado”, em
que todos os seus sintomas de alguma forma buscam “punir” este objeto, porém esta
punição se dirigirá ao próprio ego da paciente consumindo-o e empobrecendo-o. O que
se pode observar até o presente momento é que a paciente obteve alguns ganhos
terapêuticos em relação a sua auto-estima, a dependência afetiva e psicológica de seu
marido, apresentando questionamentos referentes ao modo como se coloca frente
algumas situações de sua vida. Desta forma, é proporcionado a paciente um espaço de
experiência subjetiva compartilhada, de construção de sentidos, em que através da fala
ela poderá transformar seu sofrimento em potencial de cura, onde esta experiência a
levará a pensar (de um modo mais leve e mais rico) aquilo que ainda não foi pensado. A
análise caminha em busca da elaboração deste luto, das perdas vinculadas a ordem do
ideal vivenciadas pela paciente. Portanto, este processo se desenvolverá de forma lenta
e gradual, em um tempo que só a paciente poderá determinar.
Palavras-chave: Psicanálise; Melancolia; Pathos.
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