Análise dos impactos da territorialização do setor sucroalcooleiro nas proximidades de assentamentos rurais: o caso do Assentamento Guarani (Sandovalina – SP) Autores: Edson Aguiar de Araújo, Michele Cristina Martins Ramos. Orientador: Eduardo Paulon Girardi, Campus de Presidente Prudente, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Geografia, e-mail: [email protected], [email protected], bolsista PIBIC. Palavras-chave: Setor sucroalcooleiro, Territorialização, Assentamento Guarani. Introdução O ponto de partida do presente trabalho é baseado na constatação de duas territorializações existentes no Pontal do Paranapanema: a primeira delas é a territorialização camponesa realizada a partir da luta pela terra, promovida pelos movimentos socioterritoriais, e a segunda, a do setor sucroalcooleiro, que teve aumento importante da área plantada, bem como o número de unidades industriais na região na última década. A partir dessas duas evidências, selecionamos para análise de caso na região um assentamento diretamente impactado pela territorialização do setor sucroalcooleiro, o PA Guarani (Sandovalina – SP). Objetivo O objetivo deste trabalho é analisar os impactos causados no Assentamento Guarani pela expansão recente da cultura de cana-de-açúcar nas suas vizinhanças. São analisados aspectos ambientais, de trabalho e também da luta pela terra. Material e Métodos Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre Pontal do Paranapanema, luta pela terra, assentamentos rurais e setor sucroalcooleiro. Foram realizados trabalhos de campo ao Assentamento Guarani, sendo entrevistados assentados, membros e dirigentes de movimentos socioterritoriais. Resultados e Discussão O escopo da pesquisa teve por base uma análise da vida de famílias assentadas no no PA Guarani, frente ao avanço da cana-de-açúcar. Girardi (2008) quando discorre acerca da vida do camponês a partir do desenvolvimento contraditório do capital trabalhado por Kautsky destaca que, ao mesmo tempo em que o capital exclui, também dá condições para que o campesinato permaneça. À vista disso, realizamos entrevistas com questões em torno dos principais problemas causados pela presença da cana-de-açúcar. Foram direcionadas questões aos assentados com o intuito de entendermos o processo de luta e conquista da terra, da produção dos lotes, acesso às políticas XXVII Congresso de Iniciação Científica públicas, familiares empregados nas usinas e prejuízos com a presença da cana e usinas na região. Para as lideranças, as questões buscaram levantar informações acerca da presença da cana na região, os problemas e impacto causados por esta nos assentamentos e na luta pela terra e as estratégias em relação a territorialização canavieira. Neste sentido, constatamos o impacto da cana-deaçúcar em razão do limite muito próximo da lavoura com os lotes do PA Guarani. Esta proximidade gerou problemas nos lotes como perda da produção dos assentados em virtude da pulverização de insumos químicos que se expandem além da área de plantio da cana. Portanto, o parâmetro regional de produção nos assentamentos encontra-se dificultado pela proximidade das lavouras de canade-açúcar. Este quadro torna as condições de permanência dos assentados cada vez mais difícil forçando, os mesmos, a procurarem trabalho acessório nas usinas para continuar no lote e como forma de manter a manutenção da família. Conclusões Em virtude dos fatos mencionados, identificamos a existência da disputa territorial entre o campesinato e o setor sucroalcooleiro no Pontal do Paranapanema. Como verificado no caso do assentamento Guarani, o agronegócio canavieiro dificulta a reprodução camponesa a partir do momento em que promove sua expansão em áreas próximas aos assentamentos tornando, assim, as condições de produção dos assentados piores. As contradições do desenvolvimento capitalista se apresentam quando, contraditoriamente, a mesa cultura que causa prejuízo fornece o trabalho acessório, que permite que alguns assentados permanecem nos lotes e tenham formas de sustento. Isso indica a necessidade de um permanente debate referente à reprodução do campesinato brasileiro e à luta pela terra. ____________________ CAMACHO, R. S. Discutindo o paradigma da questão agrária: o movimento desigual e contraditório do desenvolvimento capitalista no campo brasileiro. Revista Entre-Lugar, Dourados – MS, ano 2, n. 3, p. 17-34, 1 semestre de 2011. GIRARDI, E. P. Proposição teórico-metodológica de uma cartografia geográfica crítica e sua aplicação no desenvolvimento do atlas da questão agrária brasileira. 2008. 347 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual de Presidente Prudente