cDU Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 25(5) :246-253, setembro-or,ttubro, 1983 ll{ClDÊNCIA DE HBsAs E ANT|.HBs. FREQüÊNCIA DO ANTíGENO 616.36-002 DE HEPATITE B E DE SEUS ANT¡CORPOS DETECTADOS POR RADIOIMUNOENSA¡O. EM PESSOAL HOSPITALAR SUPERFíCIE DA Edna STRÁ,USS (l), Romeu Â, MAFFEI JR. (1), M. Fáúima G. de SÁ (t), Ar¿r¡pe p, DUTRA (Z) e Augusta K. TAI(EDA (2) RESUMO Pesquisou-se a presença d.o antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) e seu anticorpo (Anti-HBs) em 446 indivíduos que trabalham num hospital geral de São Pauio. A determinaçáo sérica dos dois marcadores foi feita por radÍoimunoensaio (Ausria e Ausab da Abbott, lab.) no Instituto Adolfo Lutz. Três gran des grupos foram estudados, a saber: Grupo r residentes e internos: 141 casos; Grupo II enfermagem e pessoal de laboratório: 184 casos; GrLfo III mé- para dicos do corpo clínico: 121 casos. Foram encontrados dois casos positivos o HBsAg, ambos do Grupo rr, correspondendo a 0,40/o de positividade em todo o material e L,lvo no grupo correspondente. Estes dois indivíduos tinham o antiHBe positivo, indicando infectividade baixa ou nula. o anti-HBs foi positivo em 83 indivÍduos (18,3%). considerados separadamenúe os três grupos, os porcentuais foram de: L2% para residentes e internos,20,6% para enfermagem e pessoal de laboratório e 23,3% para médicos do corpo clínico. Neste último grupo foi encontrada diferença estatisticamente significante quando se comparou a incidência do anti-Hbs conforme a idade e o tempo d.e exercício profissional, constatando-se aumento da imunidade com o correr d.o tempo. Nâs especialid.ades médicas, devido à pequena casuística, não foi possÍvel avaliação estatÍstica, mas notou'se maior prevalência de anti-HBs (50vo dos casos) em cirúrgiões, gastroenterologistas e endoscopistas. INTRODUÇÃO Os reeentes estudos sobre o vírus da hepatite B mostram a grande importância desta infecção em todo o mundo. Além dos casos agudos de hepatite, suas formas crônicas, a cir. rose hepática e hepatocarcinomas, foi evidenciado o estado de portador assintomático 13. Desta maneira, indivÍduos aparentemente sadios, que se oferecem para doar sangue, têm apresentado incidência variável de positÍvidade para o antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), constituindo-se, por isso, em importante fonte de contaminaçáo e propagação da doença. Ficou também demonstrado eu€, (1) (2) 246 além da transfusão sanguínea e outras vias parenterais, todas as secreções orgânÍcas, tais co. mo saliva, suor e mesmo sémen podem albergar o vÍrus e consequentemente transmití.lo to. Os profissionais de saúde, por estarem em contacto constante com pacientes portadores do vírus B, podem se constituir em grupo de alto risco6,20. Embora alguns Autorest+ não tenham conseguido demonstrar maior freqüência da infecçáo pelo vírus B em pessoal hospitalar quando comparada a grupo controle, outros investigadores 6't2le22 vêm ressaltando esta maior po Se¡viço de Gastroenterol.ogia do Hospital Heliópotis, tNAMpS Serviço de Imunologia do Instituto Adolfo Lutz srR'AUss, E.; MAFFET JR,., R,. A.; sÁ, M. F. c. de; DUTRA, Â. p. & TAKEDA, A. K. _ rncidência de HBsAg e antiHBs' Freqüência do antígeno de superfÍcie da hepâtite B e de seus anticorpos detectados por pessoal hospitalar. Rev. Inst. Med, trop. São paulo 25:246-25A, radioimunoensâio, em 19gA. sitividade, quer do vírus, quer do seu anticorpo em vários grupos de profissionais de saúde. Em nosso meio são ainda escassos os trabalhos que visam a um levantamento epid.emio_ lógico da hepatite B em ambiente hospitalar z, 21 ã. Como esta incidência varia de acordo com fatores geográficos 16, étnicos ls, sócio-econômi. cos 17 e outros, justificam-se estudos regionais e mesmo em locais mais restritos para comple_ ta elucidação do problema. Objetivamos no presente trabalho a verifi_ cação da prevalência do vírus da hepatite B e seu anticorpo em indivíduos que trabalharn num hospitâ,I geral, usando o radioimunoensaio (RIA), a rnais sensível das técnicas utilizadas até o momento. Planejamos também relacionar nossos achados com o tipo de ocupação ou especialidade médica e o tempo de serviço em ambiente hospitalar. MATERIAL E MÉTODOS Foram feitas análises sorológica^s de HBsAg e Anti-HBs em 446 indivíduos do Hospital He. liópolis São paulo. Este material - INAMPS, foi separado em três grupos a saber: Grupo I residentes e internos: 141 casos; Grupo II _ -enfermagem e pessoal de laboratório: 184 casos; e Grupo III médicos do corpo clÍnico: - identificação 121 casos. AIém da compreend.endo sexo e idade, foram colhidos dados referentes ao tempo de exercício profissional e his- RESULTADOS Em dois indivíduos assintomáticos. ambos do Grupo trI, foi encontrado o vírus da her¡atÍ_ te B, .o que determinações de HBsAg e Anti HBs foram realizadas por radioimunoensaio - Aus_ ria e Ausab da Abbott, tab. no Instituto - pâra o HBsAg Adolfo Lutz. Nos casos positivos foram realizadas pesquisas de HBeAg e AntiHBe por imunodifusão em gel de agarose. Tratainento estatístico A freqüência de - três positividade do anti-HBs nos grupos men- cionados foi comparada estatisticamente pelo teste do "qui quadrado". Nos Grupos I, II e III foram comparados as idades e tempo de exer- cício profissional de indivíduos Anti-HBs positivos com os anti-HBs negativos pelo teste de Mann-lühitney. Foi analisada pelo teste do ,'qui quadrado" a incidência do anti-HBs nos dois sexos. a uma prevalência pectÍvamente, atendentes de enfermagem, com pouco tempo de atividade profissional. Em am_ bos a dosagem do anti-HBe foi positiva por imunodifusão em gel de agarose, tornando des_ necessária a pesquisa por radioimunoensaio. Um dos indivíduos recusou-se a novas determi_ nações ou quaisquer exames bioquÍmicos de função hepática, mas náo desenvolveu clínica de hepatite nos meses subseqüentes. Após três meses, a rcalizaçã"o de novas determinações, no outro elemento, revelou persistência do HBsAg e normalidade clínica e funcional do fÍgado, ca_ racterjzando estado de portador. O Anti-HBs foi positivo em BB indivíd.uos, ou seja em 18,60/o do total estudad.o. Esta positividade incidiu em I2,06Vo de residentes e internos; 20,650/o de enfermeiras e pessoal de la_ boratório e em 23,L4Vo de médicos (Tabela I). Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre estes três grupos. TABELA I IncÍdência de anti-HBs em pessoal hospitalar Resultados em 446 casos N." de tória pregressa de hepatite. As correspondeu global de 0,4Vo de positividade e L,Io/o no grupo correspondente. Tratava.se de dois irmãos, uma muìher e um homem de 18 e 20 anos res" Grupo I 741 Grupo II 184 Grupo III r2r casos Casos + (ok) 20.6 Na Tabela II são discriminados os três sub. grupos em que foram divididos os residentes e internos, bem como o porcentual de positivida. de do antiHBs e a incidência desta positividade por sexo e idade. Na Tabela III estáo discriminados os quatro sub-grupos de enfermagem e laboratório, o número global de'pessoas estudadas em cada subgrupo e sua discriminação por sexo, idade e tempo de exercício profissional. 247 E.; MAFFEI JR., R..4.; SÁ, M. F. G. de; ÐUTRA, A. P. &'TAKEDA, -Á. K. STRAUSS, HBs. de HBs¡lg e anti- -,Incidência por radioimunoensaio, Freqüência .do, antígeno..de,superfÍcie da hepatite B e de seus anticorpos-detectados pessoal hospitalar. Rev. Inst. Med. frop. São Pauh 25:246-253, 1983. TABELA II Embora não se tenha podido fazet análises estatÍsticas nos subgrupos, devido a pequeno Incidência de anti-HBs no grupo I de casos, maior freqüência de antiHBs foi observada nas especialidades de Gastroenterologia, Endoscopia e Cirurgia, todos com 500/o de positividade. Nas outras especiaiidades esta positividade variou de 8,3 a L9,2%. número Variáveis N."caso (o/o) M F Modiana Min. Máx Grupos em Anti-HBs 13,4 6 3 Internos - Dentre os 446 indivíduos estudados apenas 28 referiam história de hepatite no passado. Destes últimos, nove apresentaram positividade para o anüi-HBs. A análise destes casos, nos grupos correspondentes, está discriminada na 4423 AnTi.HBS 14,7 4 I Global - Anti-HBs 7,5 2 2113 Tabela V. L RreR, Global - 2614 COMENTÁRIOS Na Tabela lV-encontramse igualmente o índice de positividade de anti-HBs, distribuição por sexo, idade e tempo de exercício profissional do pessoal mé{ico subdividido por especialidade. A análise estatística da prevalência de anti. HBs nas faixas etárias dos três grupos mostrou diferença significativa a nível de p q 0.01 apenas no grupo'de médicos (G-III). De forma idêntica, a análise de tempo de exercÍcio profissional foi estatisticamente significante no III, em nível de p < 0.01 . Náo houve diferença estatística na distribuição do anti. HBs pelos dois sexos. Grupo A detecção sorológica do HBsAg pode ser realizada por diversas técnicas. A pouca sen. sibilidade de algumas delas, além de subestimar a prevalência real da infecção, impossibiIita a comparaçáo de resultados obtidos atra. vés de diferentes metodologias. Recentemente, MAZZIJR, ,& col. rs realizaram importante tra. balho de levantamento epidemiológico de hepa. tite B no continente americano. Devido a padronizaçáo metodológica, usando-se sempre o radioimunoensaio, foi possível comparar a fre. qüência de positividade do HbsAg em doadores de sa,ngue de 13 diferentes países, incluindo o Brasil e vários de nossos vizinhos. Constatouse, assim, que a positividade do HBsAg variou de 0,2 a 4,I%. A explicaçáo para a maior ou TABELA Incidência de anti-HBs III no grupo II T. ex. prof Variáveis (anos) Grupos N.o Enfermôiros Anti-HBs Aux. de Anti-HBs enfermagem casos (o/o) Min. M. Min. 20,81 Global Aux. op. serv. div Anti-IIBs 0,1 0,1 P. laboratório 248 Anti-HBs 21,4 0,5 Max. E.; MAFFEI JR., R.,{.i S,{, M. F. G. de; DUTRA, A. P. & TAI(EDA, A. K. de HBsAg e anti- Incid.ência hepatite B e de seus anticorpos detectad.os por radioimunoensaror em pessoaì. hospitalar. Rev. Irot. Med, trop. São paulc 25:246-253, tgBB. STR'AUSS, HBs. Freqüência do antígeno de superfÍcie da TABELA IV Incidência de anti-HBs no grupo Variáveis III Sexo T ow hr^f (anos) Grupos N.o casos Clinica Anti-HBs o/o ( Max. ) t5,4 48 M. Max t3 médica Global Pronto socorro 26 Anti-HBs 19,2 Global Terapia intensiva 31 14,3 Global 72 25 Anti-HBs 39 Anti-HBs 32 50 37 Jó Anti-HBs 50 37 ,{nti-HBs 50 Gloþâl - IÐ 2g casos: 6.80/0 casos Anti-HBs Obs. sobre os positivos + Grupo I 2 hepatite aos 4 e I a. Grupo II 2 I com HBsAg + I há um ano 5 (A?) i3 39 L2 l0 15 ol 30 OI 20 mo condições sócio-econômicas, higiênicosani [árias ou ainda fatores raciais, ciimáticos e ambientais. Entre os últimos, vale ressaltai que mosquitos podem ser vetores de HBsÀga,s. p¿i_ ses como Chile e Argentina apresentam baixa prevalência de HBsAg e B%) enquãnió peru e Bolívia chegam a atingiï 4 a 60/027. No Brasil, em áreas da Região Amazônica, têm sido re- latadas prevalências bastante elevadas 2 com HBsAg + 2 com hep. há + 13 anos 1 com hep. há ? meses menor freq:üência do HBsAg, afastadas as 43 IJ 39 30 46 16 TABELA V História de hepatite em pessoal hospitalar III 34 16,6 Global Grupo 25 29 Global N.o 29 49 Global Cirurgia IO 28 8.3 Glob¿rl Endoscopia 29 29 10 Anti-HBs Gastroenterologia 29 78,2 Anti-HBs Serviços complementares 40 29 Global A¡estesia 29 26 AntiHBs Odontologia 35 va- riações metodológicas, necessita de maiores investigações. Aventam se algumas hipóteses co- HBsAg de z.e. Em São Paulo, coube a ANTONÁCIO r os estudos pioneiros sobre a incidência do HBsAg, verificando prevalência de 0,Bolo em doadores de sangue. OSELKA & KISS,tz, demonstrararir que a positividade estava reiacionada com condições sócio econômicas. Assim, o HBsAg foi 249 srR'AUss, E.; MAFFET JR., R.,{.; sA., M. F. G. de; DUTRA, A. p. & TAKEDA, A. K. de HBsag e anti- Incidência HBs' Freqüência do antígeno de superfície da hepãtite B e de seus anticorpos detectad.os por radioimunoensalo, em pessoal hospitalar. Rev. Inst. Med. troB. São Paulù 25:246-253, 1983. encontrado em crianças faveladas em 1,60/0 dos casos e em retardados mentais em 4Eo, estando ausente em outras crianças de classe social mais elevada e sem evidência de enfermidades. O Índice de positividade o HBsAg nos 446 indivíduos por nós estudados Q,4%) pode ser considerado baixo para o nosso meio, quando comparado a doadores de sangue estudados no mesmo local, pela mesma técnica (*). Nossa prevalência continua sendo baixa quando comparada a estudos semelhantes realizados em estados vizinhos. SZPEITER,2S, em Curitiba en. controu prevalência de HBsAg de !,1,Vo no pessoal hospitalar contra 0,20/o ern pessoal nãohos. pitalar, usando radioimunoensaio. Já ROCHA &. coL.21, no Rio de Janeiro, utilizando técnica quase tão sensível quanto o radioimunoensaio, encontrou 3,530/o de positividade em pessoal hos. pitalar. Os dois indivÍduos com HBsAg positivos, que poderiam ser eventuais fontes de contami nação, tinham um antÍgeno "e" (HbeAg) negati- vo e um Anti-HBe positivo. O sistema hepatite B parece não estar necessariemente re. lacionado com cronicidade de doença hepática, mas está, seguramente, relacionado com contaminação, ou sejâ, a presença do antígeno "e" juntamente com a DNA polimerase caracteriza alta infectividade zs. Por outro lado, o achado de seu anticorpo é indicativo de infectividade muito baixa ou nula. Desta forma, os dois indi víduos puderam continuar com suas funções, sem maiores riscos para os pacientes. A prevalência de anti-HBs em grupos populacionais mostrou-se extremamente variável para os diversos países, indo de 3,L0/o na Suíça abé 78% na Tailândia t¡. No Brasil foram igualrnente observadas variações com índices de para cioadores de sangue do Rio de Ja. neiro, I9,87o para o grupo não.hospitalar em Curitiba até 9l,4o/o para grupos populacionais da região amazõnicae. A freqüência global do anti-HBs em nosso meio hospitaLar (IB,6Vo) também pode ser considerada baixa quando 26,70/o eomparada aos índices já citados, assemelhando-se aos grupos controles de Curitiba. De maneira semelhante àquela relatada por outros Autores, o desenvolvimento da imunidade, ou seja, o aparecimento do anti.HBs em (-) 250 TÁKED.A, .{. - Comunicação pessoal. nossa casuística, raramente se fez acompanhar por uma história prévia de hepatite. De fato, total dos indivíduos estudados conta- 6,3% do vam história de hepatite no passado. Porém, destes 28 casos apenas nove eram anti-HBs positivos. Mesmo nestes nove casos pudemos ob. ter dados concretos de hepatite do tipo B, pela positividade do HBsAg durante a moléstia, em apenas três indivíduos (Tabela V). A comparação estatística global da incidên. cia do anti-HBs nos três grupos estudados não foi significante, apesar da aparente menor porcentagem observada no grupo de residentes e internos. Estes, além de pertencerem a uma faixa etária mais jovem, estão há mcnos tempo em ambiente hospitalar. ZIMMEI¿MA¡ 22, ern estudo específico de prevalência de HBsAg e anti-HBs em estudantes de medicina do 2.. ao 6.' âno não conseguiu demonstrar qualquer diferença dos estudantes entre si, ou em relação à população geral de Israel. Comparando a faixa etária e o tempo de exercício profissional verificamos no grupo de enfermeiros e em algumas especialid.ades médicas uma aparente maior freqüência de posi. tividade nos indivíduos mais idosos e com mais tempo de profissão. No grupo de enfermagem o nÍvel de significância estatística foi de 5ol0, sendo rejeitado. Já no grupo de médicos foi observada uma diferença aceitável em nÍvel de p < 0.01, o que confirmou, neste grupo, nossa hipótese de um aumento da freqüência d.e Anti-HBs com a idade e o tempo de exercício profissional. Esta tendência tem sido observada em outros paÍses por alguns pesquisa.flo¡ss ó,r2 embora náo tivesse sido constatada ainda em nosso meio 24. Quando dividimos os indivíduos pelas vá_ rias especialidades médicas, alguns de nossos resultados náo coincidem com os da literatura, embora outros os confirmem plenamente. O grupo de cirurgiões apresentou alta freqüência de anti-HBs (50o/o), confirmando tratar-se realmente de um grupo de alto risco6,2a2s. Os anestesistas, por outro lado, apresentaram a mais baixa freqüência de nossa (8,30/o) casuÍstica diferindo da rnéclia geral d.as outras es. pecialidades. Atentando para a faixa etária e o tempo de exercício profissional, constatamos que o grupo de anestesistas por nós estudado apresentava mediana de idade de 2g anos e me- srR'Auss, E.; MÄFFEr JR,., R,. t.; sj., M. F. c. de; DUTRA, A. p. & TAKEDA, A. K. de HBsAg e anti. - Incidência HBs' FÌeqüência do antÍgeno de supedície da hepatite B e de seus anticorpos d.etectados por radioimunoensaio, em psssoal hospitalar. Rev, Insú, Med. trop. São pault) Z5tZ46-253, LgBg. diana de tempo de exercício profissional de dois anos (Tabela IV), o que coincide com as d.os residentes de 2." e 3." anos, com uma mediana d.e idade de 27 anos (Tabela II). Os porcentuaÍs de positividade o anti-HBs para estes dois grupos de mesma faixa etária e tempo de exercí- cio profissional semelhante foi superponível. Os profissionais de clínica médica, terapia intensiva, pronto socorro, odontologia e serviços complementares, perfazendo um total de 83 indivÍduos apresentaram freqüência uniforme de positividade para o anti-HBs (Taloela IV). Como não dispomos de um grupo controle po. pulacional equiparável ao médico em termos de condições sócio-econômicas e ambientais, e difÍcil afirmar se houve, neste grupo, um estímulo maior para a produção de imunidade específica contra a hepatite B. Esta incidência média de 16,80/o parece-nos baixa, mas apenas casuísticas mais numerosas e devidamente controladas poderão elucidar a questão. capazes de defender-se imunologicamente, for- rnando os anticorpos específicos. Finalmente, devemos salientar a importân. cia do presente estudo, tendo em vista o êxito conseguido na fabricaçáo da vacina para a hepatite B a partir da purificação do seu antÍgeno de superfÍcie 18. O sucesso dos testes clíni. cos2q tealizados exatamente em uma popula. ção rle alto risco, abre perspectivas para sua utilização em outros grupos populacionais, igualmente de alto risco. Não podendo nos ba- sear nas estatisticas de outros países, torna_se necessário o conhecimento d.e nossas condições epidemiológicas, com suas variações regionais e os diversos grupos de alto risco. Só assim. reremos critérios e estaremos bem fundamen. tados para utilizarmos corretamente a va. cina. Diferentemente de outras vacinações, que se fazem em toda a população, a vacina con[ra a hepatite B, terá, indicações específicas em cer_ tas regiões mais acometidas ou em populações de alto risco como parecem ser alguns grupos Um grupo de especialistas já bem estudado e conhecidamente os mais acometidos pelo vírus da hepatite B são os nefrologistas que lidam com hemodiálise. Carecemos de dados profissionais que trabalham em ambiente hospitalar. sobre este interessante grupo no presente levantamento por não contarmos com esta especiali- HBsAg and Anúi-HBs, deúermined by RIA, in hospital personnel dade em nosso quadro hospitalar. O grupo de gastroenterologistas e endoscopistas é pequeno, dez casos ao todo, porém a freq;i.iência de anti-HBs em cinco deles (500/o), sem história prévia de hepatite em nenlrum caso, é significativa. Isto se deve, provavelmente, ao fato deste especialista estar em contacto direto e constante com a hepatite B, portadores do vírus B, hepatites crônicas e cirroses causadas pelo mesmo vírus. O fato de os profissionais de saúde, ao entrarem em contacto com o vírus da hepatite B, na grande maioria dos casos, desenvolverem o anti-HBs e, portanto, adquirirem imunidade contra a doença, ao invés de se tornarem portadores parece ser uma constataçáo válida, que nosso trabalho vem reforçar. Ernbora nã,o se conheçam com exatidão os mecanismos intrínsecos que levam um indivíduo a se tornar portador ¡ é certo que isto tem muito a ver com o sistema imunológico. Assirn sendo, indivÍduos sadios, exercendo plenamente sua capacidade de trabalho, mesmo em contacto com o vírus são SUMMARY 446 Individuals working in a general hospi. tal in São Paulo were analysed for the pres. ence of HBsAg and anti-HBs. They were di- vided in three groups: Group I - resid.ents and studients of medicine finishing their course L4L cases; Group II nursing and laboratory personnel 184 cases; Group III medical staff 121 cases. - The determination of HBsAg and anti-HBs were made by radioimmunoassay (Ausria and Asaub, Abbott, lab.). Results: There were two positive cases for HBsAg, both in Group II, corresponding to 0.40/o of the,whole study and L.LVo of. the corresponding group. Both individuals were anti- HBe positive. Anti-HBs was positive in 83 individuals the three groups separately the percentage were of. LZVo for the residents and students,20.6% for nursing and laboratory personnel and 23.3Vo for the medical staff. (18.60/o). Considering 251 E.; MAFFEI JR'., R. A.; SÁ, M. F. G. de; DUTR.{, A. P. & TAKEDA, A. K. de HBsAg e anti - Incidência Freqùência do antígeno,de s,uperfÍcie da hepatite B e de seus anticorpos detectados por radioimunoensaro, em pessoal hospitalat. Rev. Inst. Metl, trop. São p¿ulo 25:246-253, 1988. STR'AUSS, HBs' Only in Group III a statistical significance was found (p < 0.01) 'when the positivity of anti-HBs was compared according to age and time of professional activity, favoring the older. G.{YOTTO, Dividing the medical stâff according to me dical specialitÍes the number of cases do not have statistical significance but an incidence of 50Vo of anti-HBs was found among surgeons, HEATHCOTE, J.; CAMERON, C. H. & DAHE. D. S. - Ilôpâtitis B antigen in saliva and semen. Lancet it 7L, 7974. L. C. C.; QUARENTIE, A, A. & CABRAL, G. L. - Soroepidemiologia da hepatite B nas áreas dos rios Biá e alto Juruá (Amazonas). Comunicação no VII Congresso Bræileito de Hepatologia, porto Alegre,1981, p.51. HILLEMANN, M. R,.; BERTLAND, A. V. & BUYNAÍ<, E. B. Clinical laboratory studies of HBsAg vaccine. - c., fn: Vyas, Cohen, S.N., Schmid, R. (eds.). yiral Hepâtiúis, Philadelphia, Ftanklin Institute press, 19?g, gastroenterologists and endoscopists correspon- ding to 13 cases out of 26 individuals examin. ed. p. 525. AGRADECIMENTOS Ao Dr. João Fùamuno, ex-diretor do Hospital t2. HIRSCHOWITZ, B. J. & COLE, G. .w. KRUGM.AN, S. & GOCKE, D. J. - In: V¡ral titis, New York, Saunders Company, Ig?9. ANTON.Á.CIO, F. - Antígrno AustráIia em doadores de sangue de São Paulo. lTese de doutoramento] Fa- presença do BENSÁBATH, B. & BOSHELL, J. antÍgeno Austrália (Au) em populações- do interior do Estado do Amazonas. Rev. Inst. Med, trop. São pau¡o hospital personne,l. New Engl. J, Med. Zg9: 64?, S. & JONES, N. Equat susceptibitity of males and females on Santa- Cruz Island to the ca¡_ rier state of hepatitis B surface antigen. J. Infect. Dis. 133: London, TO ÐYRON, N. - Rote of mosquitoes in transmission of hepatitis B^.antigen. J. Infecú. Dis. l2g: 259-260, 7978. CONCEIÇ.ã.O, M. M.; LyRA, L. c-; AZEVEDO, E. S.; ALMEIDA MELO, N. & FoNSECA, E. F. Association between HBsAg and race in a mixed-population of northeastern Brazil. Rev. bras. pesq. méd, biol. l?,t 405-409, 1979. 331-333, 19?6. ]¡IAZZTJR,, S.; NATH, N.; FANG, c.; BASTIAANS. M. J.; MOLINÁRIS, J. L.; BAJ.CASER,, M.; BEKER,, S.; BRUNINGS, E. A.; CAMERON, A. R. E.; FARREL, V.; FAY, O. H.; LABR,4,DOR-GONZÁIEZ, c.; GONZIÍ_ LF,z, G.; GUTIERREZ, A.; JARAMTLLO, T.; K.{TZ. D.; LEME LOPES, M. B.; LEVy-KOENJG, E.; MO_ RAES AYAI,A, F.; RODRIGUEZ.AMAYA, J.; RODRrGUES-MOYADO, H.; TORRES, R. ,{. & VELASCO, M. Distribucion de marcadores de virus de hepa_ titis-B (VHB) €n la sangre de donadores de lB paises del hemisferio occidental: Actas del Ta1ler latinoame_ ricano de la Cruz Roja sobre hepatitis B. Bol. Ofic. E.; SMITH, J. L.; MAYNARD, J. E.; DO. TO, I. L.; BERQUIST, K. R. & FINKEL, A. J. _ suit, panamer. 89: results of a nationwide seroepidemiologic survey. -J. Amer. med. OSELKA, G. W. & KISS, M. H. Estudos sobÌe a - B (ÂgHB) prevalência do antÍgeno dâ hepatite em crianças, €,m São paulo. Rev. Hosp. Ctin. Fac, Merl. São Paulo 33: 149, 19?9. DENES, A. He'patitis B infection in physicians Ass. 239: 2L0.2L2, L978. FIGUEIREDO MENDES, T.t KTJLZ, H.; MEXAS, p. P. F. & HERBERT, B. A. - Infection by hepatitis B virus in patients of a general hospital. Arq. Gas. FORATTINI, O. P.; OTATTI, S.; CANDEIAS, J. ,c,. N.; VIEIRA, J. c. & RACZ, M. L. Evidenciaçáo do antígeno do hepatite B (HBsAg) -em triatominae. Rev. Saúde púbt. t4: 194-198. 1990. 289-248, 1980. R. H. & GERIN, J. L. _ Hepatitis B a status repoÌt. In: Vyas, G.; Cohen, S. N. & Schmid, R,. (eds.). Viral Hepatitis. philadelphia, PURCELL, vacclnes: troent. 16: ?3-80, l9?9. 252 19?g. ]|'ÍAZZVF', 284-288, 19?3. BIANCHI, L.; ZIMMERLI.NTNG, M. & GUDAT, F. _ Virâl hepatitis. In: Pathology of the liver, Ed. Macs 5. Hep¿. HOLLAND, P. v.; PA-RCELL, R,. H.; ALLING, D. W.: YOUNG, D.; FRENKEL, L. D.; LEE, S. L. & LAM_ SON, M. E. A comparison of the frequency oi hepatitis B antigen and antibody in hospitat and non- 19?1. p. p. & Scheuer p. J. _ Churchil Livingstone, 19?9, p. 164. F. LEWIS, T. L.; ALTER,, H. J.; CHALMERS, T. C.: de Medicinâ da Univetsidado de Sáo -pauto. ween RNM, Anthony C. A.; WHITT, and tests of 310 hospital laboratory'workers. Amer. J. clin, path. ?3: 63-68, 1980. REFERÊNCIAS BIBLIOGR.4.FICAS l5: CASHER,, - Hepatitis B antigen and ântibody liver function a prospective study of Heliópolis, pelo apoio e incentivo que permiti. ram a, realizaçâo deste trabalho. culdade I.; Franklin Institute press, t9?8, trr.491. 19. R,IMLAND, O.; PAR,KIN, w. E. & MII¿ER,, G. B. _ Hepatitis outbteak traced to an oral surgeon. Netv Engl. J. Med. 296: gEB, tg77. srR'AUss, E.; MAFFEI JR,., R'. A.; sj,, M. F. G. de; DUTRA, TAKEDA, A. K. - rncid.ência ale HBs.{g e anti, HBs' Freqüência do antfgeno de supedície da hepatite B e4.p.& de seus anticorpos d.etectados por radioimunoensaro, em p€,ssoal hospitalar. Rev. 20 Inst. Med. trop. São poulo 25:246-258, l9BB. ROBINSON, C. c.; GRADSTONE, J. L.; GOODMAN, S. & SCHULMÂN, B. D. - Outbreak of viral hepa_ titis in a municipal hospitaì. Arch. Inúern, Med. lzp: - Hepatitis B vaccine: demonstration of efficacy in a controlled clinicat trial in a high risk population in the United States. New EngI. J. Med. 303: eAB-841, 1980. 318,321, 1968. 25. J. R,.; NETO, S. S. S.; KESTEMBERG, D. & ZYNGIER,, F. R,. pesquisa do antÍgeno da hepatite B nos profissionais de um hospital geral. Rev. bras. Clin. Terap. 3: 109-112, 19?9. 2r. ROCHA, 22. 23 24. ROSEMBERG, J. L.; JONES, D. p.; LIpITz, L. R. & KISNER, J. B. Viral hepatitis: an occupational hazard to surgeons.- J. Amer. med. Ass. pp3: 395-400, l9?g. SCULLARD, c. H.; GREENBERG. H. B.; SMITH, J. L.; GREGORY, P. B.; MERIGAN, T. C. & ROBINSON. W. S. Antiviral treatment of chronic hepatitis B virus infection: infectious virus cannot bo detected in patient serum after permanent responses to treatment. Hepaúolory 2t 39-49, 7gBZ. SZPEITER,, N. Prevalência do antÍgeno de super. fície da hepatite- B e do anticorpo contra o antígeno de superfície da hepatite B no staff do setor de ciên. ciâs da saúde c do hospital de clínicas da üniversidade Federal do Paraná e numa população não.hospitalar dt cida.de de Curitiba. [Tese de livre docência]. Univer_ sidade Federat do paraná, 26 19?6. VILLAREJOS, V. - Hepatitis viral: conclusiones d.e mesas redondas de la VII Jornadas. Bol, de la So. cied. latinoamericana de hepatologia, año UI, n." 2. 1982. 27. Z.; S.{TINGER,, y. & Prevalence of hepatitis B and lle. infection in medical stud.ents. fsrâel J. med. ZIMMERMAN, R,.; BEN-ISHAI, BEN-PORATH, patitis A Sci. 16: 82. E. 1980. SZMUNESS, t'.1/.; STEVENS, C. E.; HARLEY, E. J.; ZANG, E. A.; OLESZKO, W. A.; WILLTAM, D. C.; SADVOKY, R,.i MORRISSON, J. M. & KELLNER. A. Recebido para publicaçeù em ,7/L0/L982 253