Gotas de Sabedoria Livro II Silvio Dutra DEZ/2015 Sumário 1 – Esperança 5 2 - Amigo é Algo Raro e Precioso 9 3 - Espiritual 14 4 - Dom 20 5 - Fé, Crer e Confiar 25 6 - Glória 30 7 - Graça 37 8 - O Modo Comum de Operação da Fé 41 9 - Significado de Ser Redimido 45 10 - Para Obedecer é Necessário Conhecer a Si Mesmo 55 11 - Oração, Súplica e Intercessão 61 12 - A Palavra Que é Alimento 68 13 - Perseverança, Paciência e Longanimidade 73 14 - Profecia 15 - Prosperidade e Progresso 79 86 2 16 - Puro e Incontaminado 91 17 - Quebrantamento e Contrição 94 18 - Regeneração 105 19 - Ressurreição 111 20 - Salvação 115 21 - Significado de Ser Santificado 121 22 - Significado Bíblico de Renovação da Mente 131 23 - Submissão 141 24 - Unidade e Comunhão 151 25 - Vida Eterna 157 26 - Vigilância e Prudência 162 27 - Visão e Audição Espiritual 168 28 - Zelo e Fervor 176 29 - Renúncia e Abnegação 180 3 NOTA GERAL: As palavras associadas aos títulos de cada capítulo deste livro podem ser vistas em seu uso nas passagens da Bíblia em que ocorrem, sacadas do texto original em hebraico (Velho Testamento) ou grego (Novo Testamento). Para acessá-las basta acionar o link situado imediatamente ao final de cada capítulo. 4 1 - Esperança Juntamente com a fé e o amor, a esperança é citada pelo apóstolo Paulo como sendo os dons de Deus que permanecem e que são maiores do que todos os demais. A esperança é no que se fundamenta a fé, pois esta é a firme certeza do que esperamos, conforme nos é prometido por Deus. Já entramos na posse imediata e presente de muitas promessas que nos foram feitas por Deus em sua Palavra, como a nossa justificação, a regeneração, a operação do trabalho de santificação, tudo isto, realizado pelo Espírito Santo que habita em nós como um cumprimento da principal promessa, por termos crido em Cristo. Todavia ainda aguardamos por nossa herança na pátria celestial e a glorificação de nossos corpos para reinarmos juntamente com Cristo. Mas disto nos 5 apropriamos também pela fé, por meio da esperança que é gerada pelo Espírito Santo em nossos corações. Temos por certo de que tudo aquilo que ainda não vemos, certamente se cumprirá no tempo determinado por Deus, porque fiel é o que fez a promessa. O que ele disse que cumpriria antes de sermos arrebatados e que foi integralmente cumprido, especialmente pela vinda do Messias prometido, também cumprirá a seu tempo, todas as demais coisas que completarão o seu propósito eterno. Por exemplo, sabemos que todo aquele que crê em Cristo já não pode mais morrer eternamente, porque foi levantado dentre os mortos espirituais para a vida eterna. Sabemos que seremos perfeitos assim com Ele é perfeito e que o veremos do mesmo modo pelo qual ele nos vê. 6 Sabemos que estaremos em comunhão eterna e perfeita tanto com Deus quanto com todos os santos, inclusive os que viveram no período do Velho Testamento. Sabemos que seremos arrebatados e que este nosso corpo físico será transformado em um corpo celestial que já não mais enferma ou morre. E é a esperança cristã aperfeiçoada progressivamente pela fé, que nos faz estar cada vez mais convictos quanto à fidelidade de Deus em cumprir tudo isto. Por isso se diz que somos salvos na esperança do que haveremos de ser, ou seja, perfeitos em santidade assim como Deus é perfeito. Esperamos não somente a ressurreição futura de nossos corpos, mas também a execução da condenação eterna de Satanás e de todos os demônios; a bem-aventurança do nosso governo com Cristo no milênio; a glória dos novos céus e da nova terra; a nova Jerusalém e tudo o mais que se refira ao nosso estado eterno. 7 Temos uma esperança que não é incerta. Não se trata de algo que aguardamos com a possibilidade de falhar. Mas é esperança no sentido de certeza de cumprimento pleno de tudo o que é prometido e que por ela aguardarmos em Deus. Não é também uma esperança passiva de quem se resigna diante de tudo o que se lhe opõe e recua, mas é esperança ativa que nos leva a seguir adiante com fé que o nosso trabalho no Senhor não é vão e que ele é galardoador dos que o buscam e o servem em fidelidade. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas a palavra elpis (grego) – esperança; e outros textos bíblicos sobre esperar em Deus; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 8 2 - Amigo é Algo Raro e Precioso A palavra amizade vem da raiz latina amicus, mas a palavra que temos para amizade no texto original grego do Novo Testamento é filos, que significa aquele que ama ou gosta de algo ou alguém. Agora, é óbvio que no sentido de amizade de intimidade e comunhão é impossível que esta seja estabelecida quando uma das partes envolvidas não o deseje, ou então o deseje sob a condição de jugo desigual, a saber, de comunhão das trevas com a luz, o que é impossível à citada comunhão. Daí Jesus definir como seus amigos íntimos, somente aqueles que guardam os Seus mandamentos, porque são estes que são nascidos do Espírito Santo, e tendo a Sua habitação podem partilhar da comunhão espiritual com o Senhor, o qual é espírito. A rigor, não se pode chamar de verdadeira amizade aquela que é fundamentada no mal, porque neste não 9 pode existir verdadeiro amor, pois o que caracteriza uma amizade verdadeira é o amor. Assim, há amigos íntimos, amigos não próximos, e em nossos dias até amigos virtuais, como os das redes sociais, que apesar de não se conhecerem pessoalmente, em alguns casos, podem manter laços de amizade pelo interesse comum de desejar o bem um do outro. Agora, devemos considerar que a amizade não é algo que seja necessariamente permanente, pois é possível que alguém assuma uma posição diferente e contrária a quem antes amava, por motivo justificável ou não. A Bíblia está repleta de exemplos relativos a isto, inclusive de amigos que se tornaram até mesmo traidores, como vemos por exemplo nas citações de Jeremias e de nosso Senhor Jesus Cristo, nos textos a seguir: “Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se 10 deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.” (Jeremias 20.10) “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;” (Lucas 21.16) Todavia, a par de toda a prudência que devemos ter, é necessário cumprir a ordenança bíblica de que no que depender de nós devemos ter paz com todas as pessoas, e não abrigar mágoas e ressentimentos em nosso coração, mesmo em relação aos que nos têm ofendido. E especialmente em relação aos nossos irmãos em Cristo devemos seguir a instrução apostólica que diz: “Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes,” (I Pedro 3.8) “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros;” (Romanos 12.10) 11 Mas mesmo neste caso devemos ter toda a prudência, sabendo que uma verdadeira amizade demanda dos que são amigos um caráter refinado e aprovado, pois o simples nome de crente não nos valerá quando não se anda de modo reto e fiel, e com certeza, os laços de amizade sofrerão com isto, conforme somos alertados no seguinte texto de Provérbios: “O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18.24) Há somente um amigo que nunca falha, mais chegado do que um irmão, que sempre nos é fiel, e este é Jesus Cristo. Todos os demais amigos falham ou podem vir a falhar... daí a necessidade que temos de praticar o perdão, para a continuidade com o relacionamento com aqueles que nos amam de fato e que são sinceros no seu proceder. Sigamos o exemplo de Jesus, conforme no caso da restauração do apóstolo Pedro, que apesar de tê-lo 12 negado por ter sido pressionado pelas circunstâncias, todavia jamais o havia negado em seu coração, porque o amava verdadeiramente. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – sod (hebraico) – intimidade, assembleia, conselho (no sentido de ajuntamento); 2 – philadelfia (grego) – amor fraternal; 3 – philos (grego) - amigo; 4 – Outros versículos sobre amigo e amizade; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 13 3 - Espiritual A palavra “carne” (sarx, no grego) é usada no texto do Novo Testamento, tanto para designar o corpo físico natural, no qual não há inerentemente qualquer mal moral, senão o mau uso que se pode fazer do mesmo, e também, a condição da natureza terrena decaída no pecado que se opõe a Deus e à Sua vontade. A revelação bíblica apresenta um contraste entre o que é espiritual e o que é natural e carnal, e não propriamente material, como costumeiramente ocorre ao modo de se pensar em geral. Sendo que o carnal e o natural aqui referidos reportam, respectivamente, o primeiro ao que é pecaminoso, e o segundo ao que é pertencente à vida moral, que não é espiritual, celestial, sobrenatural e divina. O conceito de espiritual, conforme o encontramos especialmente no Novo Testamento, transcende o de espírito, porque os anjos caídos e o espírito de pessoas 14 ímpias não são ditos espirituais, pois esta palavra indica a condição de espíritos que são conduzidos pelo Espírito Santo de Deus, que se encontram a Ele voluntariamente sujeitos, a saber, os anjos eleitos e as pessoas que foram regeneradas pelo Espírito. A condição do espírito pode ser tanto de luz ou de trevas. A de luz identifica os que são espirituais, e a de trevas, os que são carnais, ou seja, os que não são de Cristo e não têm, por conseguinte o Espírito. Como a geração que viveu nos dias de Noé não atendia ao propósito da criação do homem por Deus, ou seja, viviam como carnais e não permitiam o trabalho do Espírito Santo em seus corações, então foi determinada a destruição pelas águas do dilúvio (Gênesis 6.3), como um sinal e aviso do que há de suceder a todos os que viverem como carnais, resistindo ao Espírito. Ao homem natural não ocorre o pensamento de ter sido criado para viver no e pelo Espírito Santo. Se Deus não abrir o seu entendimento para as coisas que são espirituais e celestiais, ele jamais poderá topar com o 15 propósito da criação da humanidade por Deus. E, não há nenhum jogo de esconde-esconde nisto; nenhuma vontade caprichosa de Deus envolvida nisto, senão a manifestação da vida eterna que está oculta em Cristo, e à qual Ele dá acesso somente àqueles que têm escolhido, e obedecem à Sua vontade. Evidentemente, para muitos propósitos úteis e convenientes à Sua exclusiva soberania e autoridade, bem como a nós próprios, fomos criados por Deus sendo espíritos dotados de um corpo natural, colocados a viver num mundo também natural. Por nossa relação com as realidades naturais, o nosso espírito pode ser exercitado em cuidados providenciais visíveis, que de outra forma, não poderiam ser manifestados, e importava que Deus manifestasse, segundo Seu propósito eterno, toda a Sua glória, em demonstrações de Seu amor, Sua bondade, misericórdia e justiça para com pecadores. O homem deve se interessar em saber o que fazer, para que seja encontrado como espiritual e não como carnal, 16 pois temos este dever da parte de Deus para que possamos agradá-Lo. O apóstolo Paulo afirma na parte final do quinto capítulo da epístola aos Gálatas, que devemos andar no Espírito Santo de modo a não satisfazer às cobiças da carne – carne aqui considerada, como na maior parte das passagens do Novo Testamento, como sendo a nossa natureza terrena decaída no pecado, da qual devemos nos despojar pelo trabalho de mortificação do pecado, pelo Espírito Santo. Essa vida espiritual, como já foi dito antes, não é pertencente à nossa natureza terrena, ela nos vem do Alto, descendo do Pai das luzes, e por isso, assim nos exorta o apóstolo Paulo: “Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3.1-3) 17 O oitavo capítulo de Romanos e o segundo de I Coríntios discorrem sobre a verdade, de que o homem natural não tem o pendor do Espírito Santo, porque a carne (aqui também com o significado de natureza terrena corrompida pelo pecado), não pode estar sujeita a Deus. Nisto se evidencia e cumpre a seguinte palavra de nosso Senhor Jesus Cristo: “o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.” (João 14.17). Sem conversão, permanecendo carnal, o homem não pode receber o Espírito Santo para nele habitar. Então, o que nos torna espirituais é a habitação do Espírito Santo. Sendo feitos espirituais importa vivermos como espirituais, andando continuamente no Espírito, e não mais como carnais. Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original: 18 1 – pneumatikos (grego) – espiritual; 2 – sarkikos (grego) – carnal; 3 – sarx (grego) – carne; 4 – pneuma (grego) – espírito; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 19 4 - Dom Um matuto estava sendo criticado duramente por um incrédulo enfatuado, por seu conhecimento secular, por causa da sua fé em Jesus. Enquanto isso, o matuto sequer proferia qualquer palavra e continuava chupando uma laranja. Quando a laranja acabou, ele perguntou serenamente ao incrédulo: “estava doce ou azeda?” – “como posso saber?” – respondeu asperamente, como se tivesse sido indagado de forma irracional. Então o matuto concluiu: “assim é a fé em Jesus, não dá para saber como é, se não for experimentada.” Introduzimos esta parte de nosso presente estudo com esta estória, porque ela é muito pertinente ao nosso assunto. O dom ao que se refere o Novo Testamento, com as palavras gregas “dorea” e “charisma”, abrange tudo o que temos que receber da parte de Deus para que possa ser conhecido. 20 Todavia, o dom espiritual e celestial não pode ser conhecido pelo mero exercício de nossos sentidos naturais – visão, audição, olfato e tato – como a laranja da nossa estória. Poderíamos dizer que necessitamos de que sejam concedidos e criados em nós, outros sentidos que sejam ajustados às realidades espirituais e divinas que necessitamos conhecer por experiência pessoal, para que sejam vinculadas às nossas vidas. Não podemos desejar aquilo que não vemos, não sentimos, não conhecemos, e que sequer pode ser imaginado por nós. Sendo realidades pertencentes a outra dimensão (espiritual, celestial e divina) sequer podem ser desejadas, caso este desejo não seja despertado também com um dom concedido por Deus (a fé). Então há muito mais a ser considerado neste assunto do que a simples palavra dom (presente, gratuito) possa sugerir, pois há realidades tremendas e sobrenaturais envolvidas nisto. 21 A própria pessoa de Jesus e a do Espírito Santo são dons de Deus para nós. Também, a graça, a fé, os poderes, serviços e virtudes espirituais citados por Jesus nos Evangelhos, por Paulo em Romanos e I Coríntios, por Pedro e João em suas epístolas, e pelos profetas do Velho Testamento e pelos demais escritores do Novo Testamento. A palavra dom extrapola, portanto em seu significado, conforme vemos nas várias passagens das Escrituras, os dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo relacionados por Paulo em I Coríntios 12 e 14, os quais estão destinados a desaparecer quando não forem mais necessários para manifestar a glória de Cristo ao mundo através da Igreja. Um aspecto relevante ao qual devemos dar a devida atenção é o de que todos os dons devem ser exercitados para que possam ser mantidos avivados, pois vemos Paulo exortando a Timóteo que reavivasse o dom que havia nele para o exercício do ministério de evangelista, 22 que lhe fora concedido por Deus com a imposição de mãos dos presbíteros. Isto nos ensina que os dons são recebidos para serem usados para a glória de Deus, pela realização da obra que nos tiver designado; e que estes dons que recebemos serão ajustados às necessidades especificas do nosso ministério, também recebido de Deus. Tudo o que se refere ao reino espiritual e celestial deve ser recebido como um dom, porque não são realidades pertencentes ao mundo natural, ou seja, não se encontram à nossa disposição em nossa própria natureza – devem ser recebidas do Alto, descendo do Pai das luzes, e comunicadas a nós pelo Espírito Santo, através da nossa fé em Jesus Cristo. Há dons que são eternos, como as virtudes do fruto do Espírito Santo, e dons que não são eternos, como os dons extraordinários do Espírito Santo, conforme citados por Paulo em I Coríntios 13 (profecias, línguas – e a isto inserimos dons de curar etc., pois não serão 23 necessários quando tudo estiver consumado e for perfeito). Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – dorea (grego) – dom, presente; 2 - charisma (grego) – dom, presente; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 24 5 - Fé, Crer e Confiar O texto de Habacuque 2.4, no qual se diz que o justo viverá pela sua fé, tem esta palavra “fé” vertida do hebraico emunah, que ocorre em outras 48 passagens do Velho Testamento com o significado de ofício ministerial ou fidelidade, e isto é muito instrutivo para entendermos que a qualidade de fé aludida pelo profeta, e que nos justifica para a vida eterna que está em Cristo Jesus, tem este caráter de fidelidade a Deus e de o servirmos ministerialmente conforme o ofício que tiver designado a nós. A fé salvífica bíblica, que é um dom de Deus, tem sempre a propriedade de gerar em nós esta ligação com Deus para que o sirvamos em fidelidade. Daí, etimologicamente, nossa palavra portuguesa fé vem do latim fides, raiz de fidelidade. Mas no original grego do Novo Testamento temos pistis, cujo sentido é bem mais amplo, pois significa crer, 25 confiar, assentir e concordar com algo como sendo verdadeiro, ficar firme e seguro Então, sempre que pensarmos na fé, ou falarmos da fé que procede de Deus, devemos ter em conta que não estamos tratando com algo que seja simplesmente nocional, ou uma afirmação de crença em algo ou alguém que não opere eficazmente no nosso interior, e que não nos conduza a buscar um aumento progressivo desta fé, pois ela sempre tem este caráter de busca de crescimento, pois o crescimento na graça e no conhecimento de Jesus é proporcional ao crescimento na fé, porque ela é o instrumento de recepção das graças e da intimidade com Deus. O povo de Israel nos dias do Velho Testamento, apesar de ser o povo da aliança, e ter recebido a revelação da Palavra de Deus, não chegou a alcançar em sua grande maioria, e em todas as gerações, o descanso de Deus, ou seja, a salvação da alma pela comunhão com Ele, pois segundo o autor de Hebreus, “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.”(Hebreus 4.2). 26 Quantas vezes se afirma no texto bíblico que eles creram em Deus e nos sinais que Ele fazia, e no entanto isto de nada lhes aproveitou porque tinham um fé morta, uma crença nocional, e não uma confiança e certeza interna na pessoa de Deus, que os levasse a observar os Seus mandamentos, a temê-lo e a Sua Palavra, por um firme impulso espiritual em seus corações. Por isso Deus não se fiava a eles pois bem conhecia a incredulidade dos seus corações. Tinham uma fé de boca mas não de coração. O apóstolo Paulo ensina em Romanos 10 que é por se crer em Cristo no coração que somos salvos, e não simplesmente por confessar com nossos lábios que Ele é o Salvador e Senhor. Não é forçoso pois reconhecer que a vida de fé em toda a sua plenitude, em todas as nações da terra, e não apenas em Israel, estava reservada para a dispensação da graça - para a glória e honra de Jesus Cristo, por quem recebemos a bênção de habitação do Espírito que fora prometida desde os dias de Abraão (Gál 3.14). 27 Esta fé evangélica é fruto do Espírito Santo que habita nos crentes (Gál 4. ), de modo que pode-se dizer que a rigor, a vida de fé dos crentes esperada por Deus haveria de ter cumprimento somente depois que o Espírito Santo fosse derramado para que o evangelho fosse anunciado em todas as nações. De modo que se afirma em Gálatas 3.23: “Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.” Temos então a fé no Novo Testamento não apenas ligada à ideia de crer e confiar, pois ela é apresentada como algo que recebemos do alto, algo que não se encontrava inerentemente em nós, algo vivo e operante que realiza toda a dinâmica da vida espiritual e celestial em nós. Tal é o caráter da fé no Novo Testamento que em muitas passagens bíblicas ela é citada como fé objetiva, a saber, como sendo o próprio sistema do evangelho em toda a sua totalidade, como incorporado à vida do crente, e não apenas como sendo o dom subjetivo que opera no 28 interior do crente levando-o a experimentar o que é espiritual, celestial e divino. Graças a Deus portanto por nos ter dado Jesus Cristo e esta fé que nos mantém firmemente ligados a Ele em espírito. Graças a Deus por nos ter dado o Espírito Santo porque é Ele quem opera esta fé em nós. Sem a habitação do Espírito Santo não poderíamos ter esta qualidade de fé que nos desvenda e introduz aos mistérios da pessoa de Deus. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – pistis (grego) – fé; 2 – pisteuo (grego) – crer, confiar 3 – aman (hebraico) – ser fiel; 4 – emunah (hebraico) – fidelidade, verdade; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 29 6 - Glória Somente a glória de Deus é eterna e incomparável. A glória da criatura é passageira. Ela cessa por perda ou na morte. E se permanece é porque lhe é comunicada na medida designada por Deus para cada uma delas, como no caso dos anjos e dos santos glorificados. Importa que Deus Pai seja o comunicador e o concessor de toda a glória, para que ninguém se ensoberbeça. Nós vemos o próprio Senhor Jesus, apesar de ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, orando para que o Pai o glorificasse. Se Ele assim orou, quanto mais importa que nós o façamos e esperemos somente pela glória de Deus, e nunca pela glória dos homens. O que torna um ser digno de glória é a soma de suas virtudes, na proporção em que elas se aproximam das virtudes do caráter do próprio Deus; de Sua santidade, 30 beleza, justiça, verdade, amor, bondade, misericórdia, enfim, em tudo que O torna digno de louvor e adoração. A ninguém pode ser comparado o Santo de Israel, na excelência de Sua grandeza e majestade, até mesmo porque tudo foi criado por Ele e para Ele. Foi dEle, que até mesmo as estrelas que brilham no céu receberam a luz com que brilham no universo. Foi dEle que os espíritos excelentes receberam sua sabedoria, amor e santidade. Importa, portanto que toda glória que a criatura receba, volte para Aquele que foi o doador, o iniciador e o causador desta glória recebida. Daí, que tudo o que façamos seja sempre para a glória de Deus, pois é nisto que somos honestos e verdadeiros. Como poderíamos furtar para nós, algo que não nos pertence? Aqui repousa a perfeição da paz e harmonia no plano da criação, pois tudo vertendo para a glória, honra, e louvor do Criador, ninguém se sentirá diminuído ou engrandecido em relação a seus semelhantes, por saber que tudo que qualquer pessoa possua, afinal, não é 31 propriamente seu, mas fora recebido da mesma e única Fonte da qual toda glória procede. Por isso, nosso Senhor Jesus Cristo rejeitou peremptoriamente toda iniciativa da parte dos homens em Lhe conferir honrarias, dizendo que não recebia glória da parte dos homens senão somente da parte de Deus Pai. Não o fizera por motivo de desprezar o louvor dos homens, mas porque ninguém pode glorificar a Deus colocando-o no lugar de honra e destaque que Ele merece. Isto é atribuição exclusiva de Deus Pai, conforme já comentamos anteriormente. Lembram da resposta do Senhor à mãe de João e Tiago, que lhe havia pedido que um deles se assentasse à Sua direita, e o outro à esquerda? Ele disse que isto já estava decidido pelo Pai, para todos os crentes, de modo que posições no reino de Deus não são conquistadas por nossos méritos ou maquinações para obtê-las, pois Ele tem um novo nome escrito numa pedra branca, para cada um, designando qual é a posição de honra que tem designado para cada um 32 deles. Ele pode fazê-lo porque é Deus presciente e onisciente. E para Ele tudo se encontra num eterno agora, como tendo sido consumadas todas as coisas que Ele chama à existência pelo Seu próprio poder. Jesus tem um nome que é sobre todo o nome, porque foi o que mais se humilhou para fazer a vontade do Pai. Ninguém pode superá-Lo nisto. E de igual modo, nós, seremos grandes no porvir na medida da proporção do serviço humilde que tivermos prestado para a glória de Deus neste mundo, e não pela importância e louvor que os homens nos atribuam. Também por motivo de Sua grande sabedoria, Deus tem fixado a glorificação do Seu povo para o porvir. Aqui temos que carregar uma coroa de espinhos. A coroa de glória é para depois do arrebatamento da Igreja. O corpo glorificado, também para a mesma ocasião, quando formos arrebatados. Isto, porque as obras dos santos continuam contando para o seu galardão futuro mesmo depois da sua morte, pois todos aqueles que foram salvos, abençoados ou edificados por elas, ainda que 33 pela intermediação de outros, será levado em conta para eles. Quão grande então, será o galardão de Paulo e dos demais apóstolos; de Spurgeon, que morto, ainda fala, e de todos que têm sido uma inspiração para o povo de Deus por causa fé que tiveram! De forma que toda busca de glorificação pessoal neste mundo é um grande erro por parte daqueles que assim procedem. E, deve ser tido em consideração que a glória não é contada pelo nosso interesse de obtê-la, mas pelo nosso amor voluntário e desinteressado ao Senhor e à Sua obra; ainda que estejamos conscientes que a nossa fidelidade estará sendo contabilizada por Ele, de maneira perfeitamente justa para o nosso galardão, pois é da Sua natureza galardoar os que procedem fielmente. Deveríamos sempre ponderar em que consiste principalmente, a glória de Deus. Sua glória está em ser compassivo, longânimo, misericordioso e perdoador. É principalmente pela exibição do Seu amor que é glorificado tanto pelos homens quanto pelos anjos. 34 Quando Moisés desejou ardentemente que lhe mostrasse a Sua glória, o próprio Deus passou por ele pronunciando as seguintes palavras: “Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (Êxodo 34.6) Foi o Seu caráter que Deus revelou a Moisés, como sendo a Sua glória. É deste caráter que decorre o brilho da Sua majestade. A glória dos que servem a Deus decorrerá da medida do mesmo tipo de caráter, e não de poder, grandezas terrenas e tudo o mais que o homem natural considera elevado e precioso. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – doxa (grego) – glória, honra, louvor; 2 – kabod (hebraico) – honra, glória; 35 3 – doxazo (grego) – glorificar, honrar, magnificar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 36 7 - Graça Há um grande paradoxo no entendimento carnal relativo à graça divina, uma vez que se costuma considerar como sendo graça exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons naturais e comuns de Deus para toda a humanidade são buscados por pessoas religiosas como se fossem o grande propósito da vida cristã. Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à transformação do próprio caráter e vida, segundo o propósito de Deus na concessão da Sua graça que nos foi dada em Cristo. Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto podemos observar na grande maioria das passagens bíblicas referentes à graça, qual é o propósito de Deus quanto à sua concessão. 37 Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da mesma graça que devemos crescer com vistas ao nosso aperfeiçoamento espiritual. O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do Espírito Santo em nós. As demais graças são consequência desta referida e gravitam em torno da mesma. Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em espírito tanto por nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma condição. A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado. O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos rejeitados por Deus, custou um alto preço a nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do 38 seu sofrimento e derramamento do seu sangue numa terrível morte de cruz. É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou barato. A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez tendo sido convertidos mediante a simples fé no Senhor. Fomos comprados por preço para vivermos para Deus. Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei. Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-lhes assim a oportunidade de se arrependerem e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é 39 uma das características essenciais da citada dispensação. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacada a palavra charis (no original grego) – graça; acessando o seguinte link: 40 8 - O Modo Comum de Operação da Fé Nós temos fartamente exemplificado na Bíblia, em que consiste a vida prática de fé com Deus, notadamente nas muitas batalhas que a nação de Israel teve que travar no Velho Testamento. Apesar de estarmos na dispensação da graça e nos ser vedado tomarmos da espada aqui, contudo o princípio de operação continua o mesmo, pois se exige de nós que também batalhemos para vermos o cumprimento das promessas de Deus em resposta às nossas orações. É muito comum a ideia errônea de que basta orarmos, porque tudo o mais é por conta de Deus. Podemos dar vários exemplos sobre isto, porém é mais interessante que o façamos no sentido contrário, a saber, na demonstração prática da interação existente entre a ação sobrenatural do Senhor e os passos que devemos dar, para ver a realização do cumprimento das coisas que formos direcionados pelo Espírito Santo a fazer. 41 Primeiro, temos esta direção sobre o que deve ser feito. E oramos incessantemente para que Deus dirija os nossos passos e mova os corações daqueles que Ele levantará para solucionar nossos problemas. Depois saímos em campo para tomar as providências práticas necessárias, sabendo antes de tudo que a nossa paciência, sabedoria e discernimento estarão sendo colocados à prova pelo Senhor, de modo que poderemos encontrar nas portas em que batermos; resistências, e aparentes frustrações, que em vez de nos demoverem de seguir adiante, devem nos estimular a buscar novas alternativas. É possível que tenhamos a solução imediata logo de início, mas não é desta forma que Deus costuma agir para nos fazer vencer nas questões práticas da vida; senão, de outro modo, não aprenderíamos a ser perseverantes. Caso Ele fizesse tudo por nós, e nossa parte fosse apenas a de pedir-Lhe, certamente ficaríamos mimados e inexperientes para lidar com os problemas que a vida 42 nos apresenta, inclusive pela oposição que sofremos da parte de espíritos malignos. Assim, vemos Davi se esforçando, lutando e sofrendo enquanto fugia de Saul, mesmo quando era rei sobre todo o Israel. Ele era um homem de fé, mas sabia que deveria agir e lutar para que as vitórias fossem alcançadas com a ajuda de Deus. Não pensemos então, que a vida de fé seja cômoda e confortável, e tudo quanto se exige de nós é que apenas confiemos em Deus e fiquemos de braços cruzados esperando que Ele faça tudo por nós sem que precisemos mover sequer uma palha. Portanto, não duvidemos de Seu cuidado, bondade e ajuda quando as coisas não estiverem acontecendo conforme pensávamos que elas ocorreriam, e por estarmos enfrentando mais resistências do que pensávamos que teríamos que enfrentar, ou dificuldades além do ponto que pensávamos que poderíamos suportar. 43 Em todo este processo a nossa fé está sendo refinada, e no final, para a nossa a nossa perplexidade e a glória de Deus, veremos que Ele fará muito mais, além do que possamos imaginar. 44 9 - Significado de Ser Redimido É muito usado o título de Redentor sendo aplicado a nosso Senhor Jesus Cristo, mas poucos conhecem qual é o significado de tal adjetivo, e como ele define uma parte muito importante da Sua obra em relação a nós. No assunto da nossa redenção, nada há mais de descabido do que a falsa noção de que o preço que Jesus pagou com o Seu precioso sangue para nos redimir (comprar para Deus) teria sido feito a Satanás em razão de Adão ter transferido para ele a autoridade que havia recebido de Deus. Nada há para ser pago ao diabo, até mesmo porque ele nada possui de seu por um ato legítimo e reconhecido por Deus. Ele nada criou e nada governa legalmente com o consentimento do único e verdadeiro Criador de tudo e de todos. Ele é o grande rebelde e usurpador cujo pagamento que receberá é de uma condenação eterna. 45 A compreensão do real significado da redenção, remissão, resgate, compra que Jesus efetuou, é muito ajudada pelo conhecimento da lei de resgate de propriedades que foi prescrita por Deus à nação de Israel nos dias do Velho Testamento. Quando alguém perdesse uma herdade e não tivesse posses suficientes para reaver o bem perdido, este poderia ser resgatado pelo parente mais próximo da pessoa em seu nome. Nós vemos isto por exemplo no livro de Rute, quando Boaz resgatou a herança do marido de Noemi, que havia morrido na terra de Moabe, em favor de Noemi. “E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.” (Rute 4.4) 46 Como este resgate era realizado por meio de um ato de compra, então a redenção por Cristo é também comparada a uma compra. Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso parente mais próximo, apresentou-se como resgatador, tal como Boaz, para resgatar o nosso direito de propriedade que havíamos perdido em razão do pecado, de modo que podemos herdar a vida eterna, e tudo o que se relaciona àquilo que temos da parte de Deus por direito adquirido em Jesus Cristo. Boaz resgatou a propriedade para Noemi. Jesus nos resgatou como propriedade para Deus. Jesus pagou o preço total da nossa redenção, de modo que nada temos que pagar para a nossa salvação, até mesmo porque não tínhamos como liquidar o alto preço exigido pela justiça e santidade de Deus para a nossa redenção. Esta é a razão de ser gratuita para nós, porque custou para Jesus um alto preço. 47 Afinal não nos pertencíamos, antes mesmo da queda no pecado, porque o homem foi criado para ser propriedade de Jesus Cristo e de Deus Pai. Deus não poderia jamais ser frustrado em Seu propósito eterno de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, então o óbice do pecado deveria ser vencido pelo resgate efetuado pelo Senhor para que tal propósito pudesse ser cumprido. Não fomos vendidos por Deus a ninguém quando pecamos. Simplesmente perdemos a posse de nossa herança eterna por causa do pecado, mas em Jesus Cristo, pelo preço que Ele pagou com o Seu sacrifício, fomos resgatados da maldição da Lei, da condenação eterna, da miséria eterna, e fomos reintroduzidos, pela esperança e pela fé, à posse de tudo o que Deus planejou conceder àqueles que o amam. O fim da redenção, ou seja, o seu propósito, segundo Deus, é o de libertar os que estavam aprisionados para que pudessem usufruir da liberdade de verdadeiros filhos de Deus. 48 A causa de perda da nossa herança não foi Satanás, mas o nosso próprio pecado. E este pecado não poderia ser coberto com prata ou ouro, senão somente com o sangue de Jesus. Assim, Satanás não tem parte nesta transação que é realizada entre Deus Pai, nosso Senhor Jesus Cristo, e nós pecadores. Deus não tem que dar qualquer satisfação ao diabo para libertar qualquer alma que esteja debaixo da sua influência maligna. Lembremos que o próprio diabo e todos os demônios são também criaturas de Deus e já se encontram condenados por Ele para um sofrimento eterno no lago de fogo e enxofre. Mas os que foram redimidos por Cristo, aguardam a redenção final com a ressurreição de seus corpos por ocasião do arrebatamento da Igreja, quando o Senhor virá para reunir todo o Seu rebanho, de todas as épocas, no aprisco celestial. 49 1 – apolutrosis - resgatar, libertar Lucas 21.28 Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. Romanos 3.24 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção (apolutrosis) que há em Cristo Jesus. Romanos 8.23 E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção (apolutrosis) do nosso corpo. I Corintios 1.30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (apolutrosis); Efésios 1.7 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão (apolutrosis) das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 50 Efésios 1.14 O qual é o penhor da nossa herança, para redenção (apolutrosis) da possessão adquirida, para louvor da sua glória. Efésios 4.30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção (apolutrosis). Colossenses 1.14 Em quem temos a redenção (apolutrosis) pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; Hebreus 9.15 para E por isso é Mediador de um novo testamento, que, intervindo a morte para redenção (apolutrosis) das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. 2 – exagorazo – resgatar, redimir Gálatas 3.13 Cristo nos resgatou (exagorazo) da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 4.5 Para remir (exagorazo) os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. 51 3 – lutroo - redimir Lucas 1.68 Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu (lutroo) o seu povo, Lucas 2.38 E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam a redenção (lutroo) em Jerusalém. Lucas 24.21 E nós esperávamos que fosse ele o que remisse (lutroo) Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. Tito 2.14 O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir (lutroo) de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras. I Pedro 1.18 Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados (lutroo) da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 52 Hebreus 9.12 Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção (lutroo). 4 – agorazo – comprar, redimir I Corintios 6.20 Porque fostes comprados (agorazo) por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. I Corintios 7.23 Fostes comprados (agorazo) por bom preço; não vos façais servos dos homens. II Pedro 2.1 E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou (agorazo), trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Apocalipse 5.9 E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste (agorazo) para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; 53 Apocalipse 14.3 E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados (agorazo) da terra. Apocalipse 14.4 Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados (agorazo) como primícias para Deus e para o Cordeiro. 54 10 - Para Obedecer é Necessário Conhecer a Si Mesmo São inúmeras as passagens bíblicas que afirmam nosso dever de guardar e cumprir a Palavra de Deus. Estamos obrigados por um dever de consciência, a cumprir tudo o que nos é ordenado pelo Senhor, e aqueles que resistem à Sua vontade estão, por conseguinte sujeitos ao Seu juízo. Em nossa época se coloca mais ênfase nos direitos do que nos deveres, e isto explica, em parte, a decadência moral de nossa sociedade, porque sendo pecadores, o único direito natural que possuíamos era o de uma condenação eterna por Deus, da qual escapamos somente pelo cumprimento do dever de atender ao que nos é ordenado por Deus em Sua Palavra – por deixarmos nossos maus caminhos pelo arrependimento e fé em Jesus Cristo, para o perdão dos nossos pecados, de modo que possamos nos consagrar a Ele revestindonos de Suas virtudes. 55 Necessitamos de libertação para podermos nos dedicar à execução dos nossos deveres em relação a Deus e ao próximo, e esta libertação somente pode ser achada em Jesus Cristo. Aos pecadores que se achavam condenados fica bem se ocuparem continuamente em saber quais são seus deveres para com Deus, e para com seu próximo, de modo a se viver justa, sábia e piedosamente. A graça que nos é concedida em Cristo, e tudo mais que recebemos da parte de Deus não é por motivo de termos direitos naturais a isto, senão que somos alvo da exclusiva misericórdia de Deus, que nos concede Seus dons imerecidos. Dizemos que Jesus comprou para nós o direito de sermos filhos e herdeiros de Deus, e isto é verdadeiro; mas note-se que não é um direito de nascença, ou seja, um direito natural, senão um direito que foi adquirido para nós pelos méritos de outro, a saber, do nosso Salvador e Senhor. 56 É, por conseguinte, no cumprimento dos nossos deveres para com Deus, que entramos na posse dos direitos adquiridos por Jesus, mas isto é sempre feito por pura graça e misericórdia. Estamos todos colocados em determinadas relações; como marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, senhores e servos. Há algumas relações sobre as quais não temos controle, e outras, que podemos controlar em certa medida; mas em ambos os casos não podemos fugir às responsabilidades. Cada nova posição traz uma nova responsabilidade com ela. Não deve haver nenhuma atitude de brincadeira ao entrar em um novo relacionamento, como o casamento, e não deve haver nenhuma esquiva das obrigações presentes que repousam sobre nós em qualquer relacionamento. Esposas, maridos; pais, filhos; servos, patrões são intimados a agir de acordo com seu lugar e função em suas respectivas esferas, mas isoladamente. 57 não Todo dever está associado a um direito; e todo o direito traz consigo um dever correspondente. Os deveres dos homens e mulheres nas relações da vida são mútuos; não são unilaterais, mas equilibrados em ambos os lados. A esposa deve respeitar o marido e o marido por seu turno deve amar a esposa. Os filhos devem obedecer a seus pais, e estes não devem irritar seus filhos. Os servos devem servir a seus senhores, mas estes devem ser justos e generosos em relação a eles. Ao pensarmos em nossos direitos devemos pesá-los com nossos deveres em relação àqueles dos quais cobramos esses direitos. Estendendo esta relação para seu nível mais elevado, que é o do homem para com Deus, vemos Deus executando com perfeição todos os deveres que atribui a Si mesmo, para nos fazer bem, então, em contrapartida, devemos servi-Lo em tudo, por amor e com zelo. 58 Não é de se esperar do empregado que sirva bem ao patrão, que é generoso e justo para com ele? O direito adquirido não determina em contrapartida, e em consequência um dever? E leve-se em conta que Deus não age em relação a nós como um patrão, mas como um pai amoroso, portanto deveria receber de nossa parte uma maior aplicação em nossos deveres para com Ele, até mesmo porque Ele detém um direito legal sobre nós por ser não apenas o nosso Criador, como também o nosso Salvador. Para saber tudo isto e nos dispormos a obedecer a Deus voluntariamente em tudo o que é necessário para o nosso próprio bem e o de outros, especialmente os que se relacionam conosco, necessitamos ser convencidos e ensinados pelo Espírito Santo quanto à nossa real condição e o que necessitamos mudar em nossas vidas. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – teleo (grego) - cumprir, completar; 59 2 – peitharcheo (grego) – obedecer; 3 – hupakoe (grego) - obediência, submissão; 4 – tereo (grego) – guardar; 5 - dei (grego) – dever; 6 – mishemereth (hebraico) - encargo, mandado; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 60 11 - Oração, Súplica e Intercessão Petições podem ou não fazer parte de nossas orações, mas a oração não consiste meramente em pedir; porque ela é o principal meio de ligação do nosso espírito com a pessoa de Deus. Assim como o principal meio de comunicação entre pessoas é o da conversação, estando nela incluídas todas as demais formas de expressão por sentimentos, emoções e ideias, e tanto mais profunda e extensa será esta conversão quanto maior for a intimidade dos interlocutores, de igual modo se dá em relação a Deus, só que neste caso, necessitamos também da ajuda do Espírito Santo, pois somente Ele conhece a mente de Deus, e pode nos conduzir a orar da maneira que convém fazê-lo. E quanto for maior a intimidade do crente com Deus, maior será a sua comunicação com Ele através da oração, pois nos agrada estar na companhia da pessoa 61 amada, tendo comunhão com ela através da expressão de nossos pensamentos e sentimentos. Importa que a oração seja no Espírito (Judas 1.20) porque se presume que toda oração verdadeira implica uma real comunicação com Deus, e não uma mera articulação de palavras da nossa parte. Vemos assim que nem tudo o que é chamado de oração é verdadeiramente oração, por faltar este elemento essencial da ligação com Deus. A oração é muito mais do que uma simples ponte de ligação entre o crente e Deus – ela é o elo de ligação entre ambos– é como um imã de atração do espírito do crente com o espírito de Deus. Quando percebemos a presença de Deus se movendo pelo Espírito Santo em nosso espírito é quando podemos saber que estamos orando de fato. Não raro o próprio Espírito Santo trará motivos de intercessão às nossas mentes e inspirará nossos lábios 62 ao louvor e às petições que brotarão espontaneamente em nossos corações. Por isso importa continuar elevando o pensamento a Deus e implorando humildemente que atenda à nossa oração, até que sintamos a presença do Espírito Santo nos movendo a orar como convém. Por isso, a oração é designada muitas vezes nas Escrituras como sendo uma batalha que devemos empreender até que possamos prevalecer com Deus. Esta insistência em permanecer na presença do Senhor é uma das formas pelas quais Ele coloca à prova a nossa fé e o nosso sincero desejo de estar em comunhão com Ele. Que o Espírito Santo nos ajude a orar desse modo, e que nos mova da posição cômoda de se limitar a dirigir poucas palavras, muitas vezes repetitivas, e que chegam a se tornar para nós como sem sentido em algumas ocasiões, para que possamos estabelecer um canal de 63 comunicação verdadeiro com Deus em nossos espíritos – e assim, o adoremos em espírito e em verdade. Nosso Senhor, com as palavras que proferiu em Marcos 11.25, nos revela claramente que o propósito da oração é sobretudo o de estabelecer a nossa comunhão com Deus, tanto que se ao nos dispormos a orar, nos lembrarmos que temos motivo de queixa contra alguém, devemos nos dispor a perdoar, porque, certamente, um coração magoado e ressentido não pode manter comunhão com Deus que é totalmente amoroso e perdoador. Pressupõe-se portanto que toda oração verdadeira é aquela que procede de um coração puro, perdoador e amoroso, e de uma mente que busque ou esteja em paz. Importa que até mesmo em nossas orações, seja a paz de Cristo o árbitro da real condição de nossos corações. Ao promover a nossa comunhão com Deus por meio da oração, somos fortalecidos espiritualmente, de modo que somos exortados a orar continuamente – sem 64 cessar, porque a falta de oração indica que estamos fracos, e portanto, em vez de andarmos no Espírito, seremos vencidos pela carne. É por este fortalecimento espiritual que é promovido pela oração que podemos vencer as tentações (Lucas 22.40). Se a oração é o meio de nosso fortalecimento espiritual, seria então de se supor que os motivos em nossas intercessões, petições e súplicas a Deus deveriam estar sobretudo relacionados às bênçãos espirituais que temos em Cristo nas regiões celestiais, e não meramente para atender interesses seculares e materiais. Deus espera que pelas orações sejamos cada vez mais conformados à semelhança com nosso Senhor Jesus Cristo, e para tanto necessitaremos ser transformados e amadurecidos espiritualmente, pois adoramos ao Jesus que não vemos com os olhos da carne, senão com os olhos da fé, que permitem que não somente o contemplemos em espírito, como também a que participemos da sua própria vida. 65 Nós temos um exemplo prático desta verdade na oração sacerdotal de nosso Senhor no décimo sétimo capítulo do evangelho de João, na qual intercedeu principalmente pela santificação e unidade dos crentes. Nossas orações deveriam ter portanto em foco muito mais os interesses do reino de Deus e a sua justiça do que propriamente os nossos interesses – o que respeita ao progresso e triunfo do evangelho, do que às nossas próprias vitórias. Daí a importância de nos aprofundarmos no conhecimento da Palavra de Deus, de maneira que nossas orações possam ser feitas segundo a vontade do Senhor, e assim tenhamos a certeza de que somos ouvidos. Nossa vida espiritual está em Jesus Cristo, e a oração é o meio pelo qual nos apropriamos dessa vida espiritual, de modo que teremos mais desta vida tanto quanto mais orarmos. Isto explica a razão pela qual o próprio Senhor Jesus Cristo estava sempre em oração – para que a viva comunhão que tinha com Deus Pai fosse mantida. 66 Paulo também orava sem cessar porque havia aprendido que sem a oração não poderia viver em permanente comunhão com Deus, estando fortalecido em espírito para cumprir o ministério que lhe fora designado por Ele. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – proseuche (grego) – oração 2 – entugchano (grego) - interceder 3 – enteuxes (grego) – intercessão 4 – proseuchomai (grego) – orar,suplicar 5 – tephilah (hebraico) – oração, intercessão, súplica 6 – palal (hebraico) – orar, suplicar, interceder; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 67 12 - A Palavra Que é Alimento “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4.4) Por que o nosso espírito vive de toda palavra que sai da boca de Deus? Porque assim como o pão é alimento para a vida do corpo, a palavra de Deus é o alimento da vida do espírito. Em relação a Deus, a Sua palavra é muito mais do que simples definição de objetos e realidades, pois somos informados que tudo foi criado por Ele mediante a expedição de Sua palavra de ordem. Ele ordenou: “haja luz” e a luz foi criada. E assim se fez em todos os atos da criação. Vemos então, que a palavra é a expressão operativa da Sua vontade e poder. 68 Isto foi visto no ministério terreno de Jesus quando operou milagres, expulsou demônios, e acalmou a fúria do mar, pelo simples uso da sua palavra de ordem. Deus possui, portanto o poder de dar à Sua palavra uma faculdade operativa e criativa. Por isso, Jesus afirma que Suas palavras são espírito e vida, e o apóstolo Pedro reconheceu que eram de fato, palavras de vida eterna. Se lermos a Bíblia ou a ouvirmos sendo pregada e ensinada, com espirito de reverência e devoção, com certeza a fé será despertada e tornará a palavra lida ou ouvida, em espírito e vida para nós, pela ação do Espírito Santo em nossas mentes e corações. Isto ocorre, porque as Escrituras foram produzidas pela inspiração do Espírito Santo. Elas possuem a vida que nelas foi insuflada pelas verdades ensinadas e reveladas pelo Espírito. Essas verdades enchem a alma de vigor, paz e alegria. Elas renovam a mente e santificam a vida. Elas elevam o 69 espírito à presença de Deus e o modelam à semelhança do caráter de Cristo. São palavras puras, poderosas, celestiais, espirituais e divinas. Elas inspiram bons sentimentos e propósitos. Inclinam o espírito a amar a Deus e ao próximo. A elas, assim se expressou o salmista: A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos. 70 Também por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande recompensa.” (Salmo 19.7-11) Ele havia aprendido e reconhecido a qualidade de vida que é achada na Palavra de Deus, quando observada e praticada por nós. Quando a nossa conversação se afasta do padrão divino estamos em sério perigo, pois é por nossas palavras que somos condenados ou justificados. A boca fala do que está cheio o coração. Nossa conversação revela o que somos de fato em nosso interior. Palavras fúteis procedem de um coração fútil. Palavras amargas, de um coração amargo. Palavras impuras, de um coração impuro. Então, pela torpeza do falar se conhece a torpeza do nosso interior. Precisamos da lavagem de purificação pela Palavra de Deus, para que o nosso coração seja feito uma fonte da qual abençoadoras e edificadoras. 71 procedam palavras Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – rhema (grego) – palavra; 2 – logos (grego) – palavra; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 72 13 - Perseverança, Paciência e Longanimidade A perseverança ou paciência ensinada pela Bíblia e que é esperada dos crentes é muito mais definida pela ação objetiva do Espírito Santo em levá-los em segurança à condição em que devem ser achados, sobretudo na glória, do que pela ação subjetiva dos crentes em atingi-la pelo próprio esforço deles. Obviamente, deve haver um esforço da nossa parte para que a perseverança tenha a sua obra perfeita, todavia, quem nos habilita à condição de permanecer na fé e em Cristo até o fim é o poder do Espírito Santo. Deus, que começou a boa obra de santificação dos crentes pelo Espírito Santo, há de completá-la, Ele mesmo, até o dia da volta de Jesus Cristo. Temos esta certeza e esperança conforme prometido amplamente nas Escrituras, de modo que não há o perigo de que algum crente venha a se perder definitivamente. 73 Quedas e interrupções no trabalho de santificação serão curadas no tempo próprio pela graça de Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória. De modo que a segurança eterna da nossa salvação é apontada nas palavras de Jesus pela evidência da nossa perseverança até o fim, a saber, Ele ensina claramente que aqueles que salvou não serão rejeitados por Ele de modo nenhum, pois garantirá, pelo Seu próprio poder, que perseverem em amá-lo até o fim. Contra o testemunho das próprias Escrituras muitos afirmam que pecados eventuais podem levar um crente genuíno à perdição eterna, e se assim fora de fato, ninguém poderia ser salvo, pois não há quem não peque (I João 1.8,10 ). É o sangue de Jesus e o Seu trabalho Sacerdotal que nos garantem a eternidade da nossa salvação. Deve ser assim para que toda a glória seja dele, e para que ninguém se glorie diante de Deus quanto à obtenção e manutenção da sua salvação. 74 Pecados eventuais são tratados pela mesma graça que nos salvou quando nos convertemos ao Senhor, por meio da confissão e do nosso sincero arrependimento. A fraqueza momentânea do crente não pode diminuir o poder de Deus para restaurar. Quando o apóstolo Paulo declara que aquele que pensa estar em pé vigie para que não caia, nisto se expressa claramente que o poder de permanecer firme na graça não é propriamente de qualquer crente, senão exclusivamente do Senhor, de maneira que ninguém seja presunçoso em seu coração pensando que pode fazê-lo de si mesmo, gloriando-se na própria consagração. Ouvimos muitos dizendo que são mantidos firmes porque têm pago o preço exigido da consagração. Apesar de haver verdade em tal afirmação, deve-se ter o cuidado para que o coração não se eleve julgando que isto é propiciado pela própria consagração pessoal e não pela graça de Jesus, como efetivamente o é. 75 Agora, se é pela nossa perseverança na fé em santificação que se evidencia, que se comprova a nossa eleição (II Pe 1.10,11), então devemos nos armar do pensamento que a perseverança é o elemento atestador da nossa saúde espiritual, de modo que nunca abriguemos o pensamento errôneo de que podemos cruzar os braços desde que sabemos que a salvação do crente é segura e eterna. Tal modo de pensar é ofensivo à graça de Deus e ao alto preço que Jesus pagou para a nossa libertação. Sem perseverar, sem permanecer em Jesus, jamais poderemos ser santificados, e a santificação deve, obrigatoriamente, se seguir à conversão, porque fomos salvos para o propósito de sermos santificados por Deus. Como a fé do crente é provada, e em consequência, tribulações e aflições lhe aguardam neste mundo, ele necessitará de longanimidade e paciência no sofrimento, de modo que acrescentamos versículos bíblicos no final de nosso estudo que se referem a ambas, por serem irmãs siamesas da perseverança, pois 76 sem longanimidade e paciência, não é possível perseverar. Temos um grande exemplo de longanimidade, paciência e perseverança nos profetas e nos apóstolos, mas o maior exemplo de todos foi o do próprio Senhor Jesus Cristo pela muita paciência com que tudo suportou e sofreu, jamais se desviando do seu grande objetivo de obter a nossa salvação. Por isso somos chamados a imitá-lo sobretudo em seus sofrimentos para que com Ele reinemos, já que importa estarmos conformados a Ele em tudo, quer na Sua glória, quer nos seus sofrimentos. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto original: 1 – (hupomeno) (grego) – perseverar, permanecer 2 – (hupomone) (grego) – perseverança, paciência, constância 3 – makrotumeo (grego) – ser paciente, ser longânimo 77 4 – makrotumia (grego) – paciência, longanimidade; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 78 14 - Profecia O profeta é aquele que fala da parte de Deus aos homens, e o sacerdote é o que fala da parte dos homens a Deus. Quanto aos profetas temos que distinguir entre aqueles que o são por ofício de profetizar, daqueles que têm apenas o dom de profecia. Por exemplo, todos os profetas escritores do Velho Testamento eram profetas por ofício, assim como houve profetas por ofício nos primeiros dias da Igreja, entre os quais podemos citar Ágabo. Este ofício se estendeu ao início do Novo Testamento, em face da implantação da Igreja e do evangelho em todo o mundo, de maneira que os profetas confirmavam e antecipavam as coisas que seriam operadas pelo Espírito Santo, principalmente através dos apóstolos do Senhor. Uma vez estabelecido o evangelho em todo o mundo conhecido de então, pela confirmação da exatidão da Palavra revelada de Deus quanto ao cumprimento das 79 promessas, o ofício de profeta foi se extinguindo assim como o de apóstolo. Todavia, o dom de profecia permaneceu, e ainda continua na Igreja do Senhor para especialmente exortar, consolar e edificar os santos, para que sejam confirmados na fé, depois de terem se convertido a Cristo. Ora, se a finalidade principal do dom é a de exortar (incentivar, encorajar), consolar e edificar os santos na prática da Palavra de Deus podemos entender que este dom está distribuído principalmente, entre aqueles que labutam na pregação e ensino do evangelho, a saber, os pastores e mestres; pois não há maior e melhor profecia do que a Palavra revelada de Deus nas Escrituras. Assim, pregar e ensinar esta Palavra equivale a falar da parte de Deus aos homens, ou seja, profetizar. Nós podemos inferir isto, de textos como o de Atos 15.32 onde lemos “Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram.” 80 Estas “muitas palavras” ditas por Judas e Silas, que acompanhavam Paulo em sua viagem missionária, estando na ocasião em Antioquia, evidentemente consistiram na pregação do mesmo evangelho que Paulo pregava, e havia recebido por revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. Diz-se de ambos, que também eram profetas, e pelo contexto, podemos inferir que tal referência está vinculada ao exercício do ministério da Palavra. Mas, não podemos limitar o dom de profecia, sendo um dom sobrenatural extraordinário do Espírito, como outros relacionados em I Coríntios 12 e 14, pois servimos um Deus vivo que se comunica com Seu povo, e não raro, sempre que necessário, pode revelar Sua vontade através de visões, sonhos, e outras formas de revelação ao espírito daqueles que pretende usar para se comunicar com outros, que têm sido incapazes de discernir a Sua vontade através da Sua Palavra, e do ministério regular da Igreja. A importância de manter a verdade do evangelho entre os crentes é de tal ordem, que o apóstolo Paulo afirma 81 a necessidade de se julgar as profecias, de maneira que seja recepcionada pela Igreja somente aquilo que estiver em plena conformidade com a verdade revelada na Bíblia. Eu mesmo tive uma experiência da qual me recordo agora, em que me fora revelado em visão vários detalhes sobre a vida de uma pessoa que estava pensando em suicidar-se – pessoa que eu não conhecia - e foi-me revelado seu nome completo e telefone, pelos quais fiz contato com a mesma e lhe falei do amor de Jesus Cristo por ela. Todavia, a par do livramento, não houve nenhum mérito especial da citada pessoa para receber tal mensagem, daquela forma, porque se tivesse um coração mais sensível ao evangelho poderia ter se achegado ao Senhor, conforme sucede com a maioria dos que creem em Cristo sem necessitar de sinais extraordinários do poder de Deus. Os Tomés não têm de fato do que se gloriar, nem tampouco os que creem em Cristo sem tê-Lo visto. 82 Deus é soberano e onisciente, de modo que conhece os corações que necessitam de operações especiais para serem trazidos à fé. Então devemos deixar este assunto da ação sobrenatural em Suas mãos divinas, e ocuparnos em sermos fiéis em anunciar a Palavra já revelada na Bíblia, porque a fé é por se ouvir esta Palavra, e não propriamente por se ver sinais e prodígios; os quais a propósito foram extraordinariamente abundantes nos dias apostólicos, em razão da implantação inicial, já citada, da Igreja e do evangelho no mundo, e geralmente sempre acompanham a pregação do evangelho em áreas pioneiras, como ocorreu na Coréia do Sul, no continente africano etc., bem como quando o Senhor promove avivamentos em igrejas, cidades e até mesmo em nações. Tenhamos a firme convicção de que se temos sido habilitados a conhecer e a proclamar o evangelho no poder do Espírito Santo, é porque temos sido contemplados com o dom de profecia, com o qual o corpo do Senhor pode ser edificado, muito mais do que 83 com o uso do dom de línguas, conforme o apóstolo se expressa a esse respeito na primeira carta aos Coríntios. Finalmente, lembremos na consideração sobre o assunto profecia, que Deus proibiu expressamente o espírito de adivinhação e a curiosidade para o desvendamento do futuro, que se encontra em Suas mãos. Quando pensamos na profecia com este espírito estamos indo na direção oposta à vontade do Senhor, pois tudo quanto nos importa saber em relação ao futuro é que devemos estar santificados para o retorno de Jesus. Que, os que se consideram profetas no meio da Igreja, se apliquem a despertar o povo para a necessidade de vigilância com vistas à santificação, porque o dia do arrebatamento da Igreja está muito próximo. E assim, a profecia cumpra o propósito de Deus de exortar, consolar e edificar os santos. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 84 1 - propheteia (grego) – profecia; 2 – textos sobre profetizar; e 3 – prophetes (grego) – profeta; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 85 15 - Prosperidade e Progresso Ao se falar de prosperidade dos crentes, deve-se antes de tudo se falar do progresso (prosperidade) do próprio evangelho, porque a prosperidade individual de cada crente deve estar vinculada a isto, pois é assim que somos ensinados na Bíblia. O grande interesse do crente deve estar focado no aumento do reino de Deus, e é a isto que deve estar associado o seu interesse de crescimento pessoal. Até porque qualquer tipo de prosperidade pessoal terrena ficará por aqui mesmo e não poderá ser levada com o crente depois da sua morte. Fazer da vida um investimento prioritário nas coisas que são visíveis e passageiras não é de fato uma opção sábia para um filho de Deus. Jesus nos alerta sobre o perigo e o dano disto com a parábola que contou do rico que ajuntou em celeiros e 86 era pobre para com Deus, e que repentinamente perdeu a sua alma, deixando tudo para trás. Deveríamos então ser cautelosos com uma dita proclamação do evangelho que esteja centralizada tão somente em obtenção de prosperidade material, a bem do estado eterno de nossas almas. Somos ordenados na Bíblia a crescer na graça e no conhecimento de Jesus (II Pedro 3.8) e nunca nas coisas que são terrenas e passageiras. Somos ordenados a juntar tesouros no céu e não na terra. Somos ordenados a não servir a Mamom e a não amar o dinheiro, porque este amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Oseias 10.1: “Israel é vide frondosa que dá o seu fruto; conforme a abundância do seu fruto, assim multiplicou os altares; conforme a prosperidade da terra, assim fizeram belas colunas.” 87 Deus protesta contra Israel neste versículo do profeta Oséias quanto a que tinham usado toda a prosperidade material que haviam recebido para construírem belas colunas e altares aos falsos deuses. Há que considerar este aspecto de que se é tão comum fazer-se um mau uso de toda a prosperidade mundana que possamos alcançar. O fruto que Israel dava como vide frondosa era riqueza material, pois foi somente isto o que buscaram, e como a abundância deste fruto era muito grande, multiplicaram a idolatria deles servindo àquilo que dominava seus afetos e corações. Servir a Deus com os nossos bens e a nossa fazenda é um imperativo bíblico. Mas quantos estão efetivamente dispostos a isto, mais do que acumular para si mesmo? Lembro-me ao escrever estas linhas de que há muitos anos atrás Deus me pediu que ofertasse o meu carro a um missionário que trabalhava em várias frentes de trabalho e que não tinha facilidade de se deslocar com 88 sua esposa e filhos que serviam juntamente com ele, integralmente, na obra do Senhor. Recordo como se fosse ainda hoje que o Senhor me disse que ofertar um carro era muito fácil, pois o que lhe interessava de fato era que eu lhe ofertasse a minha vida, que depositasse tudo o que tinha e sou em Suas mãos. Com lágrimas nos olhos pedi-lhe que aumentasse a minha fé para que o fizesse como convinha fazer. Não importa para mim o quanto Deus possa me dar das coisas deste mundo, mas quanto eu posso lhe dar de volta cada vez mais do tempo e de todos os dons, até mesmo os espirituais, que ele me tem concedido. Convém que Jesus e a Sua obra cresçam e que eu diminua. Somos informados que o crescimento (prosperidade) de Jesus foi o de ficar fortalecido em espirito diante de Deus e dos homens, e não que ele acumulou riquezas mundanas ou que andou buscando fama e aplauso dos homens para si. 89 Somos chamados a imitá-lo sobretudo nisto, a saber, a crescer em santidade pelo fortalecimento na graça. Somos convocados a tudo fazer e buscar para a exclusiva glória de Deus. Selecionamos várias passagens bíblicas em que podemos constatar claramente a qual tipo de prosperidade somos incentivados a buscar. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – eudoo (grego) – prosperar, progredir, ir bem; 2 – procope (grego) – progresso, avanço, proveito; 3 – procopto (grego) – avançar, progredir, crescer; 4 – auxano (grego) – crescer, aumentar; 5 – yatab (hebraico) – ir bem, prosperar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 90 16 - Puro e Incontaminado Depois de purificado pelo sangue de Jesus, na conversão, o crente permanece no mundo, apesar de não pertencer mais ao mundo. A manutenção e aumento desta purificação produzida pela conversão não significa portanto que o crente deve deixar o mundo e viver em reclusão, pois importa dar testemunho de Cristo a toda criatura e em todos os lugares. Não é o contato com o que é exterior que contamina o crente mas o que sai do seu próprio coração. De maneira que é o coração que deve ser mantido puro; pela edificação de uma consciência e um caráter puros, ou seja, que não sejam dominados pelo pecado, mas pela graça de Deus. Tão importante e vital é a nossa purificação do pecado, que a Lei de Moisés está repleta de mandamentos de Deus cerimoniais e figurativos da grande purificação 91 realizada pelo sangue de Jesus; sobretudo nos diversos tipos de sacrifícios ordenados e na distinção de coisas limpas e imundas. O alvo era o de que ficasse gravado na mente e no coração dos ofertantes e executores dos atos de purificação cerimonial a necessidade de se estar puro para que se pudesse ter aceitação da parte de Deus, e ter comunhão com Ele. Mesmo depois de ter sido lavado pela Palavra e pelo sangue do Senhor, o crente necessita se purificar continuamente dos resquícios do pecado que permanecem na carne; através da confissão e do arrependimento. Quando se esquece desta necessidade de purificação contínua, tudo o mais na vida espiritual fica seriamente comprometido e detido. Daí se afirmar que devemos guardar puro o nosso coração porque é dele que procedem as fontes da vida eterna e celestial. 92 Quando a consciência e o coração nos condenam, quanto a não estarmos santificados diante dos homens e do Senhor, nossas orações ficam impedidas, e toda a nossa religião torna-se sem significado e sentido. Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original: 1 – katharos (grego) – puro, limpo; 2 – barar (hebraico) – puro, purgado, limpo; 3 – katharizo (grego) – purificar, purgar, limpar; 4 – taher (hebraico) – purificar; 5 – tohorah (hebraico) – purificação ceremonial ou moral; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 93 17 - Quebrantamento e Contrição Deveríamos dar uma atenção especial a este assunto uma vez que Deus afirma em Sua Palavra que em relação aos que têm o coração quebrantado e contrito, Ele habita, vivifica, salva, está perto, valoriza, e contempla. Salmo 34.18 Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Salmo 51.17 O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Isaías 57.15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos. Isaías 66.2 A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para 94 quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra. O sofrimento não tem o propósito de ser algo em vão nas nossas vidas, do ponto de vista de Deus, pois tem determinado principalmente que através dele sejamos transformados segundo a Sua vontade e Palavra, para que Ele seja glorificado. A paciência na tribulação, no sofrimento que ela produz, é de grande valor para Deus, e também para nós, porque é por meio disto que aprendemos a ser pacientes e perseverantes nas coisas do Senhor, ensinando-nos a amar com o mesmo amor de Deus, que é sofredor, isto é, longânimo em sofrer em razão do pecado que há no mundo. Uma visão correta da aflição é completamente necessária para um comportamento verdadeiramente cristão sob elas. Carregar a cruz voluntariamente faz com que ela se torne leve, mas carregá-la com a mente perturbada por inquietações à busca de respostas fora de Deus para aquilo que se esteja experimentando, quando estas 95 provas vêm da Sua parte, somente serve para aumentar o peso da cruz que carregamos. Ter um espírito contrito e quebrantado na aflição é algo muito apropriado para acalmar as agitações do coração, e nos fazer pacientes debaixo dela. Como Deus tem afirmado que que é com o coração quebrantado e contrito que Ele trabalha e dá sua especial atenção, então importa sabermos que Ele mesmo há de providenciar os meios para este quebrantamento e contrição, já que naturalmente não somos isto, senão altivos e autoconfiantes além da medida que convém. Por isso Jesus nos deixou um legado de aflição no mundo, para o propósito mesmo de sermos aperfeiçoados por Deus em santidade. Cruzes nos são trazidas no curso de nossas vidas para que as carreguemos, com o alvo de nos quebrantarem. Importa carregarmos pacientemente estas cruzes e ver a mão de Deus nisto, porque, efetivamente, não há 96 nenhuma aflição aqui embaixo que não tenha sido ligada ou permitida no céu. A Palavra ensina que tanto o dia da prosperidade quanto o da adversidade procedem da parte de Deus, “que fez assim este como aquele para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.”, isto é, para que ninguém saiba o que lhe reserva o futuro, e assim vivam dependendo inteiramente de Deus, confiando suas almas ao fiel Criador na prática do bem, enquanto caminham neste mundo. A adversidade e a nossa vontade não se harmonizam porque nossa alma não acha sossego enquanto debaixo das situações que a afligem. Então necessitamos do poder da graça divina para nos sustentar sobretudo nas adversidades para as quais não há em nós qualquer poder ou habilidade para superálas. Mas, na renúncia à nossa própria vontade, ficamos abertos à vontade de Deus, e este é o bom serviço que 97 as tribulações podem nos prestar; de maneira que o apóstolo Paulo afirma que importa entrarmos no reino dos céus por meio de muitas tribulações, e o apóstolo Tiago que deveríamos tê-las por motivo de grande alegria. A humildade e a mansidão de espírito nos qualificam para o relacionamento e a comunhão amigável com Deus por meio de Cristo. O orgulho fez de Deus nosso inimigo. Nossa felicidade e futuro aqui dependem do nosso relacionamento amigável no céu. Assim a humildade é um dever que agrada a Deus, e o orgulho um pecado que agrada ao diabo. Por isso Deus exige de nós que sejamos humildes, especialmente debaixo da aflição. “Cingi-vos todos de humildade...” (I Pe 5.5). O humilde e manso de coração terá paz e descanso em sua alma e mente, enquanto o orgulhoso terá a aflição reinando em ambas. 98 O subjugar de nossas paixões é mais valioso do que ter todo o mundo debaixo da nossa vontade. O trabalho de carregar a cruz deve ser em cada dia, em todos os dia da vida, porque se removermos a cruz, a vontade própria prevalecerá. Portanto é melhor ter um espírito humilde e quebrantado do que ter a cruz removida. Se alguém não tomar voluntariamente a sua cruz a cada dia, não poderá fazer a obra de Deus de modo constante e agradável a Ele, porque o ego se levantará e se oporá àquilo que for da Sua vontade. Quão perigoso é para aqueles que estão envolvidos na seara do Senhor desejarem que a cruz seja removida. Quando aspiram por total falta de problemas, de oposições, de perseguições, de dificuldades, e começam a se encantar de novo com a alegria puramente mundana, eles constatarão que a infidelidade a Deus terá invadido os seus corações, e que já não amam tanto a Sua obra e vontade quanto antes. 99 Por isso não se pode lançar a mão do arado e olhar para trás. Envolver-se na guerra do Senhor exige que seja considerado o custo relativo à necessidade de consagração e renúncia à própria vontade. Ninguém será um apóstolo como Paulo enquanto não estiver crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele. O levar no corpo o morrer de Jesus é o que gera a verdadeira vida eterna. Se o grão de trigo não morrer ele ficará só. Não há frutificação na lavoura de Deus sem este morrer operado pela cruz. É neste sentido que o estar apegado à vida nos leva a perdê-la, e o perdê-la por amor de Cristo, a achá-la. E muito desta mortificação da carne, desta auto negação está exatamente em se seguir à exortação do apóstolo Pedro em sua primeira epístola, na qual exorta todos à submissão de uns para com os outros e particularmente às linhas de autoridade estabelecidas por Deus: os servos a seus senhores, as esposas aos esposos, os filhos 100 aos pais, os cidadãos às autoridades, as ovelhas aos pastores, os jovens aos anciãos. E toda esta submissão de coração somente será possível caso se tenha humildade. Estas duas atitudes estão ligadas inseparavelmente por Deus, assim como Ele ligou o arrependimento à fé. E a seu tempo Deus exaltará o que se humilha. Ele elevará aquele que se humilhou debaixo da sua potente mão, no tempo que Ele tiver determinado. Então o caminho para a elevação é se humilhar. É neste sentido que o maior de todos é o que mais serve. Afligir o nosso espírito especialmente nas aflições, e não somente nelas, é o nosso dever, mas o elevá-lo é trabalho exclusivo de Deus. E todo aquele que a si mesmo tentar se exaltar será humilhado por Deus. Mas todo o que se humilhar será exaltado (Mt 23.12). O recusar-se a se humilhar é portanto recusar o único caminho para a verdadeira exaltação. 101 E é interessante observar que a exaltação é geralmente proporcional ao nível da humilhação. Ninguém se humilhou ou poderá se humilhar mais do que Cristo porque Ele se rebaixou, se esvaziou se humilhou sendo Deus, e sendo homem perfeito, sem pecado, e portanto ninguém poderá ser mais exaltado do que Ele, e por isso recebeu um nome que é sobre todo nome. E este feliz evento da exaltação acontecerá no tempo próprio. No tempo próprio nós colheremos se não desfalecermos. Mas há aquela raiz de orgulho que está no coração de todos os homens que vivem na terra, que deve ser mortificada antes que eles possam ser considerados aptos para o céu, e por isso Deus os levará a circunstâncias humilhantes com vistas a atingir o referido fim. Foi por isso que Deus conduziu o povo de Israel naqueles quarenta anos no deserto, para os humilhar, provar e saber o que estava no coração deles. E o coração é naturalmente hábil para se revoltar contra estas circunstâncias humilhantes, e por conseguinte a mão poderosa do Senhor as traz e as mantém lá. O homem redobra suas forças naturais para fugir da 102 dificuldade levantando a sua cabeça, e murmura por causa das suas aflições, e poucos dizem que confiam que o seu Criador por fim os abençoará. Há muitas imperfeições naturais e morais em nós. Nossos corpos e nossas almas, em todas as suas faculdades, estão em um estado de imperfeição. O orgulho de toda a glória está manchado; e é uma vergonha para nós não nos humilharmos em tudo o que se refere a nós, e tentarmos nos apresentar a Deus como pessoas que não têm do que ser perdoadas e lavadas. É certo que no caso dos crentes o Espírito fez uma grande obra de regeneração e iniciou o processo de santificação, mas enquanto permanecem no mundo há muitas corrupções que remanescem na carne, e das quais devem se humilhar, se arrepender, e abandonar (II Crôn 7.14). E uma das maiores provas da nossa humilhação é exatamente a de se submeter, de se render à vontade de Deus debaixo das nossas aflições, porque é exatamente nestas horas que o velho homem mais se levanta em seu orgulho e procura resistir com todas as 103 suas forças procurando o modo de se livrar das coisas que o afligem sem contar com o fato de que é somente se submetendo ao Senhor que é possível ser livrado das aflições que Ele mesmo determinou para nos provar. Então permita que as circunstâncias humilhantes tornem o seu espírito humilde, e assim você será útil nas mãos de Deus e será poupado de muitas aflições, porque elas têm em sua maioria exatamente este grande propósito de nos humilhar. E se somos achados humildes, então é nesta condição que o Senhor nos exaltará pois não haverá o risco de que sejamos vencidos pelo orgulho. 104 18 - Regeneração São poucas as pessoas que sabem que, para alcançar o céu é necessário nascer duas vezes neste mundo. O primeiro nascimento é natural, do qual todos os homens são participantes, mas o segundo nascimento é espiritual, e nem todos chegam a nascer esta segunda vez, pela qual nos é dado acesso ao reino do céu. Se a lagarta morrer antes de virar crisálida, ela não poderá se transformar em borboleta; de igual modo, se o homem morrer sem passar pela experiência deste segundo nascimento, ele não pode voar para dentro do reino de Deus. Na verdade, desde o primeiro casal formado no Jardim do Éden, Deus iniciou a nova criação espiritual, e um dos seus primeiros integrantes foi Abel, filho de Adão e Eva, e esta ainda se encontra em pleno curso pelos filhos que são gerados para Deus, por meio da fé nEle. 105 É a isto que o apóstolo Tiago se refere em sua epistola, ao dizer: “Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18) Na verdade, o que ocorre é uma ressurreição espiritual, um novo nascimento de quem estava morto em delitos e pecados. Em Cristo, o pecador sai da morte espiritual para renascer numa nova vida que é eterna. Daí o apóstolo Paulo ter afirmado o seguinte: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5.17), ou seja, faz parte desta nova criação espiritual que Deus está fazendo em meio ao mundo natural ao longo dos séculos. Esta nova criação somente será concluída quando o número dos salvos estiver completo, o qual é conhecido tão somente pelo Senhor. O apóstolo João se refere aos que são gerados de tal forma, com as seguintes palavras: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.13) 106 Estando de posse destas informações podemos entender melhor o diálogo que foi travado entre nosso Senhor e Nicodemos: “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo. 107 “O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” (João 3.3-8) Desde o Velho Testamento, Deus havia prometido este novo nascimento; daí Jesus ter repreendido a ignorância de Nicodemos sobre este assunto, apesar de ser um mestre religioso em Israel. “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.”(Ezequiel 36:26) Somos informados que este novo nascimento é produzido pelo Espirito Santo, para que alcancemos a condição de sermos espirituais, pois é dito que o que é nascido da carne é carne, e espiritual é somente aquele que é nascido do Espírito Santo. E também, que permanece debaixo da vontade de Deus gerar este novo nascimento, porque somente Ele sabe quem será gerado de novo pelo Espirito. 108 Esta regeneração, assim como quando uma criança é trazida do ventre de sua mãe para a luz do mundo, ocorre uma única vez, no momento mesmo em que a pessoa se converte a Cristo, e é justificada e perdoada de seus pecados. Por ela há uma transformação muito grande no coração que é regenerado (nascido de novo) que passa agora a se inclinar para Deus e adorá-Lo, bem como a amar Seus mandamentos; e por outro lado, a odiar toda forma de pecado. A consciência é mais do que despertada na regeneração, pois é vivificada pelo Espírito Santo, de modo que o senso do que é aprovado e do que é reprovado por Deus é restaurado. A fé que passa a habitar no coração regenerado leva-o a compreender as coisas relativas ao reino de Deus, e mesmo aquilo que não pode ser visto ou ouvido pelos sentidos naturais, passa a ser conhecido em espírito pelo crente. 109 Na regeneração Deus começa a destruir tudo o que pertence ao velho homem, e começa a formar um novo homem semelhante a Cristo. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – gennao (grego) – nascer; 2 – Paligennesia (grego) – restauração, regeneração; 3 – anagennao (grego) – gerar de novo; 4 – kaynos (grego) – novo; 5 – neoteros (grego) – novo, regenerado; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 110 19 - Ressurreição Antes de tudo deve ser dito, que seres morais como os anjos e a humanidade não podem deixar de existir quanto ao espírito. Então, quando a Bíblia fala de ressurreição, esta possui os seguintes significados: 1 – a ressurreição futura do corpo físico dos crentes em corpo celestial, por ocasião do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo; e a dos ímpios condenados ao lago de fogo e enxofre por ocasião do grande juízo final de Deus. 2 – a ressurreição da morte espiritual, no momento em que nos convertemos a Cristo; 3 – o retorno à vida neste mundo de corpos que morreram, como foi o caso de Lázaro. 4 – a ressurreição do corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, que é a primícia dos que morrem quanto a ter entrado na posse do corpo glorificado e celestial depois da Sua 111 morte, para termos a firme convicção do cumprimento da promessa de recebermos um corpo celestial como o dEle no porvir. A maior parte dos textos bíblicos alude à ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, dado sua importância e necessidade para a nossa própria justificação e ressurreição. A justificação do pecador está fundamentada tanto na morte quanto na ressurreição de Jesus, conforme ensinado pelas Escrituras. Enquanto Seu corpo jazia no sepulcro de José de Arimatéia, em espírito, o Senhor havia entrado no céu juntamente com o ladrão que havia morrido a Seu lado na cruz, e dali, somos informados pelo apóstolo Pedro, que foi aos espíritos rebeldes dos dias de Noé, que se achavam na prisão. Ele poderia ter permanecido apenas em espírito, mas era necessário que Seu corpo fosse levantado ao terceiro dia, para efeito da nossa justificação e plena 112 identificação com Ele no porvir, quando também teremos um corpo igual ao que Ele possui presentemente. Jesus tem preservado, portanto a Sua natureza humana com a divina, e nós além de mantermos a nossa natureza humana temos sido feitos participantes também, por meio dEle, da natureza divina. Daí, a grande importância da ressurreição no cumprimento do propósito eterno de Deus. Nós relacionamos os versículos sobre ressurreição no Novo Testamento, em nosso anexo, mas cabe ressaltar que Deus não deixou as pessoas no Antigo Testamento sem testemunho acerca do Seu poder para ressuscitar, como vemos na narrativa de Ezequiel sobre o vale de ossos secos, e as ressurreições operadas nos ministérios dos profetas Elias e Eliseu. Temos estes relatos para que fique comprovado para nós que Ele não é Deus de mortos, mas de vivos, de maneira que importa vencermos a morte espiritual em que nos encontramos naturalmente por causa do 113 pecado, e sejamos ressuscitados para a vida eterna por meio da fé em Jesus Cristo. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – anastasis (grego) – ressurreição; 2 – anistemi (grego) – ressuscitar; 3 – egeiro (grego) – ressuscitar, levantar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 114 20 - Salvação Quando a Bíblia fala na salvação do pecador, o que está em foco é muito mais do que simples livramento de perigos iminentes, pois é, sobretudo a restauração do pecador caído para que nele se cumpra o propósito eterno de Deus, de ter muitos filhos semelhantes a Jesus Cristo. Somos a rigor salvos de nós mesmos, de nossa condição de miséria e morte espiritual e eterna. Somos livrados de uma inclinação constante para o mal, a fim de nos inclinarmos para o bem e tudo o que se encontra na natureza de Deus. Jesus nos livra do pecado; do consequente estado de morte espiritual que se transforma em morte eterna quando morre o corpo; e também da consequente ira, da condenação, e do juízo eternos de Deus; da servidão ao diabo; das enfermidades do corpo e da alma; da maldição da Lei – mas, além disso, Ele nos purifica, santifica, nos reveste de Suas próprias virtudes, nos 115 reconcilia com Deus e nos torna Seus filhos amados, fazendo-nos herdeiros juntamente com Ele de toda a glória que possui no céu. Para este propósito, desde que houve a queda do primeiro casal no pecado, Deus sujeitou a criação à vaidade, ao vazio, à maldição de ter que enfrentar tantos males e tribulações. Pode parecer um paradoxo, mas se não fosse por isto, jamais seríamos resgatados da nossa condição de orgulho e rebelião contra a justiça e a santidade. Necessitamos das tribulações para sermos tornados humildes e vermos o quanto dependemos da graça e misericórdia de Deus. Para além das tribulações há os braços estendidos de um grande Pai de amor, que deseja que estejamos conscientes de nossa plena aceitação por Ele, apesar de sermos pecadores, por causa da visitação em juízo dos nossos pecados em Jesus. 116 Ele nos amou tanto que nos deu o Seu próprio Filho Unigênito, sem qualquer mancha ou pecado, cheio de glória e majestade, para que pudesse morrer a nossa morte, e assim tivéssemos acesso a tudo o que havíamos perdido por causa do pecado, e que Ele havia planejado para nós, para toda a eternidade. Daí ter sido anunciado pelo anjo à virgem Maria, que Aquele que nela seria gerado pelo Espírito Santo era o eterno Yeshua (em hebraico), que significa o Salvador, ou Aquele que salva. No texto original grego esta palavra foi transliterada para iesous, de onde também por transliteração vem o nosso Jesus, em português. Ele, que é o Grande Eu Sou (YWHW – hebraico) juntamente com o Pai e o Espírito Santo, tomou este nome por causa do trabalho de livramento e restauração que operaria em favor da humanidade, pois a salvação inclui tanto uma coisa quanto outra. Muitas são as operações que estão vinculadas à salvação que Jesus veio consumar. Antes de tudo; a eleição, depois a chamada, o convencimento do Espírito, a 117 justificação, a regeneração, a santificação e por fim a glorificação. Que grande trabalho de paciência e sabedoria eterna está envolvido em tudo isto! Quem seria suficiente para tanto; algum homem ou anjo? A resposta óbvia é não. Senão somente Deus de Deus, feito perfeito homem, nascido em corpo de homem poderia realizar uma obra tão maravilhosa, celestial e espiritual. Não temos um Salvador que foi estabelecido na hora da nossa emergência, mas Alguém que foi designado para tal, antes mesmo da fundação do mundo. Alguém que foi anunciado por muitas profecias no Velho Testamento, e até mesmo nos dias anteriores a Moisés, como a promessa feita a Adão, do descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, e a feita a Abraão, de abençoar no Seu descendente (Cristo) todas as nações da Terra. 118 Outro ponto importante a ser considerado na salvação é que ela é segura e firme. Nada pode apagá-la ou destruíla. É uma obra de caráter eterno para adentrar a eternidade, assim como é eterno o nosso Salvador e Senhor. O crente está firmemente seguro na graça que lhe foi concedida em Jesus, para nunca mais ser daí removido de uma forma final. Ainda que caia será levantado pelo poder do Senhor, porque tem prometido não lançar fora por motivo algum, a qualquer que tenha sido salvo por Ele. E, tantas são as profecias que temos em relação a esta salvação no Velho Testamento, que não teríamos espaço suficiente para enumerá-las, senão citar apenas algumas no anexo em que apresentamos vários textos relativos a este assunto. Cabe lembrar que todo o mobiliário do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes, profetas e reis, os sacrifícios de animais do Velho Testamento, tudo isto era uma figura, 119 um tipo, do grande Salvador que se manifestaria ao mundo na plenitude dos tempos. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto original: 1 – soterion (grego) – salvação; 2 – soteria (grego) – salvar; 3 – soter (grego) – salvador; e 4 – alguns textos do Velho Testamento sobre a salvação em Jesus; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 120 21 - Significado de Ser Santificado Nós vemos em várias passagens do Velho Testamento que havia ordenanças para que se santificasse tanto coisas quanto pessoas, sendo que o significado mais usual desta prática estava relacionado à sua separação para o serviço sagrado de Deus, ou seja, à sua dedicação ou consagração para tal mister. Todavia, ensinava-se também a necessidade de purificação para a referida consagração. Assim, os principais significados da santificação se relacionam aos atos de separar e purificar, sendo que a purificação deveria ser cuidadosa e progressiva no caso de pessoas, em razão da luta constante contra o pecado. Como não há no próprio homem o poder de vencer o pecado, subentende-se que o trabalho de santificação deve ser realizado e conduzido pelo próprio Deus. Daí Ele afirmar desde o Velho Testamento que é Ele quem santifica o seu povo (Lev 21.8; João 1.17.17). 121 A razão da santificação está em que Deus é santo, de modo que os que são seus também devem ser santos (Lev 11.44; 20.26; I Pe 1.16). O meio ou instrumento da santificação do crente é a Palavra de Deus e não a observância de cerimônias e rituais religiosos externos porque estes não têm o poder de purificar e transformar nossas mentes e corações. A causa de tal instrumentalidade da Palavra está relacionada ao fato da nossa necessidade de transformação moral e espiritual segundo o caráter do próprio Cristo, e a verdade relativa a este caráter está contida na revelação escrita inspirada pelo próprio Deus, ou seja, na Bíblia. O campo da santificação é o homem total, a saber, do seu espírito, alma e corpo (I Tes 5.23) Há falsos ou equivocados pastores e mestres na Igreja de Cristo que ensinam erroneamente contra o testemunho abundante das Escrituras relativo à necessidade de santificação de todos os crentes, sob a alegação de que somente Deus é santo, e que portanto, 122 falar de tal necessidade de santificação dos crentes é coisa de fanáticos e presunçosos. Podemos ver quanto isto é perigoso para as almas debaixo de tal ensino errôneo, pelos vários textos bíblicos que apresentamos a seguir, relativos à santificação, destacando em cada versículo a palavra encontrada no texto original grego do Novo Testamento. Leia-os e tire as suas próprias conclusões quanto a quem devemos realmente ouvir, se a eles ou a Deus, através da Sua revelação escrita! 1 - Hagiosune - santidade, propriedade de ser santo 2 Coríntios 7.1 Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação (hagiosune) no temor de Deus. 123 I Tessalonicenses 3.13 Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade (hagiosune) diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos. 2 – (Hagiasmos) – santificação, processo de purificação, de separação do mal Romanos 6.19 Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação (Hagiasmos). Romanos 6.22 Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação (Hagiasmos), e por fim a vida eterna. I Coríntios 1.30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação (Hagiasmos), e redenção; 124 I Tessalonicenses 4.3 Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação (Hagiasmos); que vos abstenhais da fornicação; I Tessalonicenses 4.4 Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação (Hagiasmos) e honra; I Tessalonicenses 4.7 Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação (Hagiasmos). II Tessalonicenses 2.13 Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação (Hagiasmos) do Espírito, e fé da verdade; I Timóteo 2.15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação (Hagiasmos). Hebreus 12.14 Segui a paz com todos, e a santificação (Hagiasmos), sem a qual ninguém verá o Senhor; (Nota: a santificação, seja ela de qual grau for, pequeno ou grande, contínuo ou intermitente, é algo que sempre 125 acompanha a justificação e a regeneração, de modo que se há ausência total deste processo divino na vida de uma pessoa, ela não pode afirmar com certeza que está segura da sua salvação. Assim, a perseverança em santificação é a melhor evidência da nossa salvação (II Pe 1.10,11). I Pedro 1.2 Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação (Hagiasmos) do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas. 3 – Hagiazô – ser santificado, purificado, separado, consagrado Mateus 6.9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado (Hagiazô) seja o teu nome; João 17.17 Santifica-os (Hagiazô) na tua verdade; a tua palavra é a verdade. João 17.19 E por eles me santifico (Hagiazô) a mim mesmo, para que também eles sejam santificados (Hagiazô) na verdade. 126 Atos 20.32 Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados (Hagiazô). Atos 26.18 Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados (Hagiazô) pela fé em mim. I Coríntios 1.2 À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados (Hagiazô) em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: I Corintios 6.11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados (Hagiazô), mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus. I Coríntios 7.14 Porque o marido descrente é santificado (Hagiazô) pela mulher; e a mulher descrente é 127 santificada (Hagiazô) pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Efésios 5.26 Para a santificar (Hagiazô), purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, I Tessalonicenses 5.23 E o mesmo Deus de paz vos santifique (Hagiazô) em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. I Timóteo 4.5 Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada (Hagiazô). II Timóteo 2.21 De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado (Hagiazô) e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Hebreus 2.11 Porque, assim o que santifica (Hagiazô), como os que são santificados (Hagiazô), são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, 128 Hebreus 10.10 Na qual vontade temos sido santificados (Hagiazô) pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. Hebreus 10.14 Porque com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que são santificados (Hagiazô). Hebreus 10.29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado (Hagiazô), e fizer agravo ao Espírito da graça? Hebreus 13.12 E por isso também Jesus, para santificar (Hagiazô) o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. I Pedro 3.1515 Antes, santificai (Hagiazô) ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, Judas 1.1 Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, santificados (Hagiazô) em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo: 129 Apocalipse 22.11 Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, seja justificado ainda; e quem é santo, seja santificado (Hagiazô) ainda. 130 22 - Significado Bíblico de Renovação da Mente Muitos séculos antes de o homem se entregar à pesquisa científica da mente, o escritor da inspiração sagrada a ela se referiu estando, portanto, totalmente livre da influência das especulações filosóficas e das práticas empíricas, recentes, relativas ao estudo da mente, e muito menos ocupado em tratar as enfermidades cuja origem está relacionada ao cérebro. Também não se ocupa a Bíblia em analisar o inconsciente freudiano e todos as demais funções cerebrais relacionadas ao sistema nervoso parassimpático uma vez que a ação da graça divina trata e opera em justa cooperação com o consciente. As manifestações do inconsciente são imaginárias e não estão sujeitas a qualquer linha racional e lógica, conforme pode-se constatar nos sonhos e notadamente nos pesadelos. De modo que ao falar sobre a mente a Bíblia alude simplesmente ao intelecto, ao entendimento racional, 131 que ainda que esteja no seu melhor estado, livre de qualquer anomalia psicossomática, necessita ser renovado pelo Espírito Santo. Em nenhuma parte da Bíblia somos incentivados a adorar e a servir a Deus num culto que se baseie exclusivamente em sentimentos, emoções, e muito menos em estados alterados de mente produzidos pela manipulação de técnicas psicológicas, até mesmo porque ajuda a empanar a compreensão e prática racional dos mandamentos de Deus quando as pessoas buscam somente experimentar sensações agradáveis e não propriamente conhecer e fazer a vontade do Senhor. Evidentemente que os sentimentos e as emoções acompanham geralmente a nossa adoração, mas não deve ser neles que devemos basear o nosso conhecimento de Deus e comunhão com Ele, mas exclusivamente na prática racional da Sua Palavra. Todavia, deve ser considerado que Deus utiliza de variados meios para abrir caminho nos corações de 132 pedra, de modo a produzir conversões, para a habitação do Espírito Santo. Isto explica porque muitas das conversões narradas no Novo Testamento foram produzidas com o simples anúncio do nome de Jesus Cristo como sendo o salvador prometido nas Escrituras. Veja o caso do centurião Cornélio com a visita de Pedro, do cego de nascença e da mulher samaritana por Jesus, do coxo no templo com Pedro e João, da mulher que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu Simão, do coxo que foi introduzido pelo telhado em Cafarnaum, o ladrão na cruz, e em tantos outros exemplos narrados na Bíblia. A grande comprovação de que a salvação é de fato somente pela graça está em que esta é concedida por Deus quando o conhecimento acerca da Sua completa vontade for ainda muito pequeno, ou até mesmo inexistente. Nos dias dos grandes avivamentos nos dias dos irmãos Wesley, de Jonathan Edwards, Evan Roberts, etc, foi a intensidade da forma de culto com cânticos e êxtases 133 espirituais que produziu a abertura do caminho nas mentes, pelas emoções, para que o Espírito Santo produzisse as conversões. Por isso vemos o apóstolo Paulo ensinando em Romanos 10 que o ato de confessar a Jesus como Senhor e Salvador com os lábios, crendo no coração que Deus o ressuscitou entre os mortos, pode produzir conversões. Para o mesmo efeito, exortava os crentes a entoarem hinos e cânticos espirituais, uma vez que trabalhando nas emoções podem abrir o caminho para o mesmo efeito esperado. Então a proclamação do nome de Jesus por aqueles que o conhecem de fato e que praticam a Sua palavra em vidas santificadas e consagradas pode ser honrada por Deus com a produção de conversões. Todavia, esta proclamação, pregação do evangelho, da boa nova de que há salvação disponível em Cristo para todo aquele que nele crer, e simplesmente olhar para 134 ele com os olhos da fé, não é tudo quanto se espera do ministério cristão. O Senhor ordenou que se pregasse o evangelho, mas que também se fizesse discípulos em todas as nações ensinando-lhes tudo o que ele ordenou para ser guardado, ou seja, cumprido por eles. Isto demanda, portanto, não apenas conhecimento das Escrituras por parte do discipulador, como também o cuidado de instruir na verdade todos aqueles que se converteram recentemente. Sem isto, dificilmente alguém perseverará na fé ou mesmo terá a sua vida edificada na verdade. Agora, não podemos esquecer também que conversões baseadas em sentimentos e emoções, especialmente as estimuladas pelos dirigentes de cultos religiosos interesseiros, cujo propósito não seja o de glorificar exclusivamente a Deus e honrar a Sua Palavra, devem ser colocadas sob suspeita, uma vez que os frutos do 135 ministério dos falsos pastores e profetas não pode ser um bom fruto de uma árvore boa. Também deve ser considerado que estratégias agressivas para abrir canais emocionais para um trabalho de poder do Espírito Santo nos corações, produzindo conversões, podem gerar mais escândalos e resistências ao Espírito do que facilitar o seu trabalho, como por exemplo ordenar que as pessoas caiam no chão, e façam bizarrices para experimentarem o poder de Deus. É de se esperar que pessoas com um mínimo de bom senso não se sujeitem a isto. Conhecendo o poder do impacto emocional sobre as mentes o apóstolo Paulo tinha o cuidado de evitar que até mesmo o uso descuidado de um dom sobrenatural do Espírito Santo – o de línguas – pudesse evitar um impacto negativo nos ouvintes, conforme podemos ver em I Coríntios 14.14,15,19. Ao se fazer uma análise detida das passagens bíblicas destacadas abaixo, relativas ao assunto do nosso título, observamos claramente que ao falar de mente a Palavra 136 de Deus a relaciona a entendimento espiritual da revelação divina, mas de modo nenhum, exclui a participação da nossa compreensão racional da revelação escrita. O Espírito Santo não põe à parte o nosso intelecto na comunicação e ensino da verdade. Ao contrário, a via comum da sua comunicação é a nossa mente, especialmente pela aplicação à meditação da Bíblia. A verdade já está revelada de uma vez por todas na Palavra de Deus, de modo que tudo o que necessitamos é que o nosso entendimento seja aberto pelo Espírito para a correta compreensão e interpretação da mesma. E para tal propósito Deus levanta mestres para o ensino da Igreja, mestres estes que necessariamente devem ter sido, eles próprios, instruídos pelo Espírito Santo para o entendimento da Palavra. É por esta via que se faz a renovação da mente ordenada aos crentes nas Escrituras, e não por meio de êxtases espirituais ou qualquer forma mística de se cultuar a Deus, de maneira que somos orientados a fazer uma 137 renovação que se baseie num culto racional, ou seja, por meio de uma mente devidamente instruída nas Escrituras. A mente foi despertada na conversão, e Deus passou a ser conhecido pessoalmente, mas há necessidade de se prosseguir neste conhecimento de Jesus e da Sua graça (II Pedro 3.8). O culto não deve ser fantasioso, fantástico, imaginário, mas real e verdadeiro, conforme importa que Deus seja adorado, a saber, em espírito e em verdade. E sem o uso adequado de nossas faculdades mentais, de nosso intelecto, de nosso pensamento, jamais poderíamos adorar de tal modo, em razão do nosso desconhecimento da Palavra revelada, notadamente no que se exige de nós em relação aos mandamentos divinos. Todavia, não devemos ficar reféns do uso exclusivo da razão para o conhecimento da vontade de Deus, uma vez que necessitamos principalmente da convicção, iluminação, instrução e direção do Espírito Santo, tanto 138 para a nossa conversão, quanto para a nossa santificação. Sem esta operação sobrenatural do Espírito Santo a simples leitura da Palavra torna-se inócua, como a isto se refere o apóstolo dizendo que a letra mata sem o trabalho vivificante do Espírito Santo, porque não podemos achar a salvação que nos conduz à vida eterna por somente conhecermos a letra da Palavra, conhecimento este que sem a salvação somente servirá para agravar a nossa morte espiritual, pois que estaremos sufragando a nossa própria condenação pelo conhecimento da verdade não praticada. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 - Logikos – racional, razoável, da palavra; 2 – Metamorfoo – transformar, mudar, transfigurar; 3 – Nous – mente, intelecto, pensamento; 139 entendimento, 4 – Dianoia – mente, entendimento, pensamento; e 5 – Anakainosis – renovação; do texto original grego do Novo Testamento relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 140 23 - Submissão Não há palavra que gere mais aversão ao homem natural do que esta – submissão. A razão disso reside no fato de que o homem é rebelde por natureza em seu estado pecaminoso, cuja raiz é a rebelião, que foi a causa principal da queda do próprio Satanás e dos anjos que perderam o estado de glória original que possuíam no céu. Esta rebelião se caracteriza pela rejeição e resistência a qualquer forma de governo, ainda que seja de Deus, ou daqueles aos quais Ele tem dado o poder de governar, sendo autoridades instituídas por Ele para manter a ordem e a justiça na Terra. A natureza terrena do homem decaída no pecado possui o pendor de fazer e impor a própria vontade, e não atender e fazer com prazer a vontade de outros. Todavia, sem submissão não pode haver ordem, quer no universo material, quer no moral e espiritual. 141 Há uma lei natural de governo e obediência que rege não somente a criatura, como também podemos vê-la na própria Trindade Divina, onde Jesus é submisso a Deus Pai, e o Espírito Santo submisso a ambos. Todavia, tanto Jesus quanto o Espírito Santo são da mesma natureza e essência de Deus Pai. A submissão de coração real a quem é de fato devida é uma grande bênção para o que é submisso, porque está na condição de espírito que é do agrado de Deus, e lhe confere mansidão, paz e alegria. A obediência de coração faz bem não somente a Deus, como para o que obedece, e também para aquele ou aqueles que são alvo da mesma. Lares em que a submissão ordenada por Deus é praticada são lares abençoados por Ele, nos quais Sua paz reina; a esposa em relação ao marido e os filhos em relação aos pais. Onde não há conflito e resistência o resultado somente pode ser o de paz e segurança. 142 Não é, portanto sem razão que somos ordenados a negarmos a nós mesmos e a carregar diariamente a nossa cruz, para a crucificação do nosso ego, que é dado naturalmente a se elevar e a não se submeter à vontade de Deus, e à daqueles que são líderes por Ele designados, que lideram em conformidade com a Sua Palavra e vontade. O hábito da submissão deve ser formado em nós, e quando aprendido, quão felizes ficamos com o resultado disso em nossas próprias vidas. Quão diferentes ficamos! Mais semelhantes a Cristo, mais sábios, razoáveis, temperantes, pacientes; enfim, adornados com todas as virtudes que acompanham a submissão de espírito. Uma cerviz endurecida é um grande perigo, porque Deus a abaterá, mas um coração quebrantado e contrito é agradável a Deus, e será por Ele exaltado e alegrado. Sem submissão não pode haver unidade e comunhão. 143 Devemos lembrar sempre, que fomos criados para viver em unidade amorosa com Deus e uns com os outros, conforme podemos ver na oração sacerdotal de Jesus em João 17. A submissão não é um princípio que foi ativado por Deus por causa da entrada do pecado no mundo, ou da rebelião de Satanás no céu. Ela é um princípio eterno que emana da Sua própria autoridade imanente, e se distribui por Suas criaturas conforme Sua exclusiva determinação e vontade. Quão belo e perfeito é o Seu governo, em sua forma instituída com base na submissão! Pois onde estaria o marido arrogante e dito “machão chauvinista”, se todos os homens fossem submissos de coração a Jesus Cristo e à Sua Palavra? Onde estaria a esposa contenciosa e autoritária, se todas as mulheres fossem submissas de coração aos seus próprios maridos, como se estivessem sendo ao próprio Cristo? 144 E o filho rebelde e contradizente, se todos os filhos fossem obedientes de coração e honrassem a seus pais? E isto pode ser estendido aos empregados, em relação aos seus empregadores; aos alunos em relação a seus professores; aos cidadãos em relação aos policiais, aos governantes, aos magistrados e a todos aqueles que se encontram em posição de autoridade. Toda submissão verdadeira e aprovada por Deus é aquela que é direcionada à justiça e à verdade. Não deve haver submissão àquilo que contraria a vontade revelada e expressa de Deus, pois importa antes obedecer a Deus do que aos homens. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – hupotage (grego) – submissão, subordinação, sujeição; 2 – hupotasso (grego) – submisso, sujeito, obediente; 145 3 – hupakoe (grego) – obediente; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 146 24 - Unidade e Comunhão Comunhão e unidade é muito mais do que simplesmente amizade, conforme se costuma pensar geralmente. A unidade e comunhão dos crentes entre si, e com Deus é produzida pelo Espírito Santo quando caminham na mesma fé, doutrina e amor. Onde isto faltar, o Espírito não pode produzir a unidade e comunhão esperadas por Deus. Por isso nosso Senhor Jesus Cristo, quando orou em favor da unidade dos crentes em João 17, Ele pediu ao Pai que os santificasse na verdade, a saber, na Sua Palavra, para tal propósito. Somente este vínculo, este laço de união, é durável e inquebrantável. Uma suposta unidade na Igreja que seja baseada em mera concordância em pontos relativos a estratégias ou deliberações tomadas em convenções e assembleias, não podem ser eficazes ou duradouras, e pouco ou nada 147 poderão refletir daquela verdadeira união que é promovida pelo Espírito Santo. O amor aqui citado não é o simples amor fraternal de amizade, ou fileo, mas o amor ágape divino que é sacrificial e sobrenatural, cujas características são destacadas no décimo terceiro capítulo de I Coríntios. Atitudes carnais que são normalmente usadas para se promover a unidade dos crentes nas congregações locais, como exortações a que vistam a mesma camisa de determinado líder, ou sigam as diretrizes assentadas que sejam contrárias ao conteúdo e tom das Escrituras, não podem de modo algum, gerar a verdade, unidade e comunhão na Igreja. Jesus orou por isto. E sem que o busquemos também pela oração, e sem perseverar na doutrina dos apóstolos como ocorria na Igreja Primitiva, jamais poderemos desfrutar de uma comunhão espiritual e verdadeira em nossas igrejas. 148 O apóstolo João que experimentou bem de perto a comunhão com Cristo, nos alerta que sem andarmos na luz em verdadeira santidade de vida, estaremos mentindo se dissermos que temos tido comunhão com Deus e uns com os outros: I João 1.6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; I João 1.7 mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Os crentes devem estar unidos no mesmo edifício espiritual que está sendo erigido por Deus, em Jesus Cristo. Finalmente, neste assunto sobre a unidade e comunhão dos crentes entre si e Deus, deve ser levado principalmente em consideração, a verdade de que em Cristo todos são membros de um só corpo espiritual que foi planejado por Deus antes da fundação do mundo, do 149 qual nosso Senhor é a Cabeça. Há de se ver então, uma justa e íntima cooperação entre os membros, cada qual cumprindo sua função para o benefício do todo, de forma que se cumpra o propósito de Deus, e Ele seja glorificado. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.” 1 Coríntios 12:12 Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – henotes (grego) – unidade; 2 – koinonia (grego) – comunhão; e 3 – textos sobre profetizar; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 150 25 - Vida Eterna Na Bíblia, a vida eterna é apresentada às vezes, em contraposição a castigo eterno (Mateus 25.46). Disto se depreende que esta expressão tem a ver com o tipo, com a qualidade de vida de bem-aventurança com Deus, além do seu significado usual, de algo que não pode ser medido pelo tempo; que é duradouro, para sempre. Há de se destacar, que o castigo eterno é algo para o qual todos estão destinados naturalmente, em razão do pecado, mas a vida eterna é a reversão desta condição, que pode ser obtida somente em e por Jesus Cristo. Há uma infinidade de razões para isto, mas nos deteremos em apontar apenas algumas que sejam suficientes para melhor entendermos o que seja esta vida eterna, que só pode ser obtida em Jesus. 151 Em João 17.3, nosso Senhor apresenta uma breve definição do que seja a vida eterna, indicando o único modo de alcançá-la, ou seja, pelo conhecimento pessoal e íntimo de Deus Pai, por meio do Filho: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” Nós podemos observar em várias passagens bíblicas, que já entramos na posse da vida eterna quando cremos em Cristo, mas a plenitude desta vida somente poderá ser vista no porvir, quando todas as coisas estiverem restauradas pelo poder do Senhor. Por ora, ainda há a morte do corpo, que em certo sentido é uma interrupção da vida, mas quando estivermos na plenitude do estado de vida eterna, já não haverá mais qualquer morte, nem mesmo nascimentos, porque estará selado para sempre o destino daqueles que hão de herdar a vida eterna, e o daqueles que herdarão o desprezo e vergonha eterna (Daniel 12.2). 152 Estando limitados pela noção de espaço e tempo, que são determinados pela matéria e pela velocidade, tornase muito difícil para nós, entendermos completamente o significado da dimensão desta vida eterna que é espiritual, e que, portanto não está subordinada a tempo e espaço, assim como não está o nosso Deus, do qual se diz que para Ele um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Não conseguimos manter permanentemente em memória a visão que convém à vida eterna, quando esta for estabelecida, e quando já não houver nem esta Terra, nem todo este universo, uma vez que depois do milênio será estabelecido o juízo do Grande Trono Branco citado em Apocalipse, quando já não mais existirá o ímpio e nem mesmo qualquer descendência humana, porque o número dos eleitos terá sido completado, e Deus porá um fim completo à possibilidade de haver algum pecado entre aqueles que foram por Ele completamente aperfeiçoados em Jesus. Todos serão como os anjos, em corpos celestiais glorificados imateriais, e teremos por morada eterna a 153 Nova Jerusalém, a cidade que não precisa da luz do sol e não pertence a esta dimensão material e natural. A glória de Deus será manifestada em plenitude em todas as suas criaturas que herdaram a vida eterna, e já não haverá qualquer mancha, ou ruga, ou coisa semelhante. Este estado eterno absoluto somente será estabelecido quando o plano de Deus tiver sido cumprido totalmente. E é neste sentido que a Bíblia diz que aguardamos por esta vida eterna, ou eternidade em Cristo Jesus. Por isso a redenção, a justificação, a regeneração, a santificação, a aliança com Deus por meio de Jesus Cristo; enfim, a nossa salvação deve possuir também este caráter eterno, sendo inextinguível em sua natureza, pois foi para a eternidade que estamos sendo destinados, para fazermos parte do cumprimento do propósito eterno de Deus. Especialmente o autor da epístola aos e Hebreus, se refere a isto em várias passagens. 154 Daí se infere que a segurança da nossa salvação é também eterna. Por haver uma coroação nos aguardando e uma vida que terá um peso de glória que não pode ser comparado nem o mínimo com o que vivemos aqui, o apóstolo Paulo se expressou da seguinte maneira: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (I Coríntios 15.19). E também: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8.18) Por tudo o que vimos podemos dizer que vida eterna é muito mais do que viver para sempre, e podemos assim, entender melhor o caráter da promessa que Jesus nos faz por cremos nEle. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacada a expressão: 155 . aionios zoe (grego ) – aionios –eterna; zoe – vida; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 156 26 - Vigilância e Prudência O propósito da vigilância é o de guardar, o de manterse acordado e de pé ante tudo o que possa nos furtar ou arrancar da posição firme em que nos encontramos. É exigido portanto daquele que vigia que esteja em atitude de alerta permanente, para que possa detectar os perigos que o rodeiam, e que não raro se encontram em seu próprio interior. Outra atitude importante para o que vigia é a de prudência. Sem prudência é impossível haver uma vigilância que seja eficaz. A prudência nos leva a nos desviarmos do mal – a evitar o confronto direto em provocações incitadas pelo Inimigo para que percamos a nossa paz. 157 A vigilância requer também que sejamos sóbrios, porque como poderíamos vigiar eficazmente estando embriagados e com nossa capacidade de observação prejudicada por estados de consciência alterados? Precisamos também ser disciplinados e criteriosos, para que sejamos determinados e constantes em nosso procedimento para preservar o bom depósito da fé que nos foi confiado por Deus para ser guardado. E ainda necessitamos de sabedoria para discernir entre o que é bom e o que é mau; entre o que é correto e incorreto; entre o vil e o precioso, de forma a tomarmos as decisões adequadas a cada situação que somos chamados a viver. Por se encontrar numa guerra constante, de muitas batalhas e sem tréguas contra os poderes das trevas, o crente, como bom soldado de Cristo, deve estar sempre vigilante em seu posto, de maneira a não livrar somente a sua alma como também a de muitos que se encontrarem na mesma esfera da sua atuação. 158 Esta é uma vigilância para usar com autoridade e poder todas as armas espirituais e componentes da armadura espiritual, quer de ataque (espada da Palavra de Deus, etc) ou de defesa (escudo da fé etc), sempre que for necessário. Esta é uma luta para ser vencida de joelhos e em oração constante no Espírito Santo. Se Pedro tivesse vigiado e orado conforme lhe ordenara o Senhor, ao preveni-lo de que Satanás havia pedido para cirandá-lo, em vez dormir como fizera na ocasião, certamente teria vencido a tentação de negar a Jesus. E assim também nós necessitamos de vigilância e oração para não negarmos a Jesus não somente em nossas atitudes como em nossas ações, em relação aos mandamentos que Ele nos tem dado em Sua Palavra. Necessitamos de vigilância para perseverar até o fim, e por isso somos alertados pelo Senhor a termos todo o cuidado e empenho e vigilância especialmente para que 159 sejamos achados dignos de sermos arrebatados por Ele em sua volta. Um grande peso de responsabilidade recairá sobre todos os crentes que ainda estiverem vivendo neste mundo por ocasião da proximidade do dia do arrebatamento da Igreja, porque são diversos os alertas da Palavra de Deus quanto à necessidade de santificação para que sejamos arrebatados. Aqueles crentes genuínos, que por descuido em sua vigilância, deixarem de perseverar, ainda que não percam a sua salvação, todavia perderão galardões e a oportunidade de serem arrebatados, em razão da sua infidelidade para com o Senhor, e se cumprirá neles o que sucedeu às cinco virgens insensatas da parábola que não vigiaram para recepcionar o noivo em seu retorno. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – gregoreuo (grego) – vigiar; 2 – nephaleos (grego) – vigilante, sóbrio, prudente; 160 3 – phronymos (grego) – prudente, cauteloso, sábio; 4 – arum (hebraico) – prudente; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: 161 27 - Visão e Audição Espiritual Ao sentido da visão natural corresponde o sentido da visão espiritual, assim como ao da audição natural corresponde o da audição espiritual. Não que haja propriamente um olho como o físico para enxergar o que é espiritual, ou um ouvido físico para ouvir as mesmas coisas espirituais. Todavia, sabemos que o olho e o ouvido simplesmente captam os sinais do mundo exterior para que estes sejam interpretados pelo cérebro. É, portanto na mente que ocorre a visão e a audição. De igual modo, as realidades espirituais são captadas e interpretadas pela nossa mente e pelo nosso espírito, tornando para nós realidades vivas o que ouvimos ou lemos na Palavra de Deus. Deve ser considerado então, que há um ouvir no ouvir, e um enxergar no ver, pois a fé vem pelo que ouvimos 162 ou lemos do evangelho. Esta capacidade de entender espiritualmente é um dom concedido por Deus, e sem esta operação do Espírito Santo para nos revelar a verdade, nada podemos fazer. Uma das grandes provas desta comunicação espiritual pode ser vista, no fato de que há pessoas com deficiência auditiva e visual que se convertem a Cristo, e chegam ao conhecimento da verdade. Nós lemos várias passagens no livro de Atos nas quais o Espírito Santo fala diretamente aos apóstolos, ou através de mensagens transmitidas a eles por anjos ou profetas, também guiados pelo mesmo Espírito. Não é de se supor que o Espírito se comunicasse apenas com eles, e deixasse de fazê-lo com outros ao longo da história da Igreja. Servimos a um Deus vivo que fala conosco, nos dá visões espirituais para discernirmos a Sua vontade, e usa de vários meios para se comunicar com Seu povo. 163 O Espírito Santo nos fala, sobretudo através da Bíblia, cuja escrita inspirou. Por isso nós vemos Jesus dizendo nos evangelhos e no livro de Apocalipse, que aqueles que tivessem ouvidos espirituais para entender, que ouvissem o que o Espírito Santo diz à Igreja, numa referência às palavras que Ele, Jesus, havia anteriormente proferido; ou seja, que poderiam crer nelas e entendê-las pela iluminação do Espírito Santo que as havia inspirado. Mas, Deus se comunica conosco além da leitura ou audição da Sua Palavra revelada, pois se manifesta especialmente quando estamos orando no Espírito. Sua comunicação que é, sobretudo a da Sua própria presença enche o nosso coração de alegria, paz e santa adoração. Se estivermos nos sentindo desanimados e fracos, ficamos animados e fortalecidos, e isto ocorre para que tenhamos a certeza da Sua presença abençoadora. Como a fé opera com o que é invisível, e por amarmos e servirmos a Jesus, que 164 é invisível, devemos definitivamente desistir de tentar perceber e entender as coisas que são divinas, espirituais e celestiais, simplesmente com os sentidos naturais da visão e audição. Até porque, o som depende da existência de atmosfera. No vácuo o som não se propaga. E a visão depende da luz natural, sem a qual todo olho é cego. Não seria de se supor então, que para se comunicar conosco Deus dependesse da existência de ar e luz natural; ao contrário, podemos nos comunicar melhor com Ele com os olhos fechados e em ambientes totalmente silenciosos. Artifícios em sons e imagens para o propósito de levar pessoas a sentirem a presença de Deus, quando menos poderá contribuir para que sejam idólatras, por substituir a adoração ao Senhor por tais sons e imagens, pensando ter neles um encontro com a divindade. Deus proibiu o ser adorado através de imagens de escultura, ou de qualquer criatura existente no céu ou na terra, para não incorrermos no grande erro de tentar 165 conhecê-Lo ou nos comunicar com Ele através de meios visíveis, pois sendo espírito, não pode ser visto ou percebido com os demais sentidos naturais. Este tipo de conhecimento pode ser ilusório, pode ser limitado; e com toda a certeza, temporário, mas o conhecimento que nos vem pela fé, no que aprendemos dEle pelo Espírito, apesar de ser invisível e inaudível para os sentidos conhecimento naturais, verdadeiro, é uma pessoal, forma de íntimo, transformador e indelével. Importa que seja conhecido de tal forma, pois o fundamento de todo o nosso relacionamento com Ele é vital, verdadeiro e justo. Não há, portanto nenhuma desvantagem em não vermos ou ouvirmos a Deus com nossos sentidos naturais, até porque não estamos destinados a viver eternamente como seres naturais, senão espirituais, conforme Deus planejara desde antes da fundação do mundo. 166 Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – theoreo (grego) – ver, perceber; 2 – blepo (grego) – ver; 3 – apokalupto (grego) –revelar; 4 – apokalupsis (grego) –revelação; 5 – ous (grego) – ouvido; 6 – akouo (grego) – ouvir; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: 167 28 - Zelo e Fervor Lamentavelmente, já ouvi muitas vezes o texto de Jeremias 48.10: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do sangue a sua espada!”, ser utilizado para exortar os crentes a serem zelosos e fervorosos na obra do Senhor para que não ficassem sujeitos, em caso contrário, à maldição contida no citado texto. O capítulo de Jeremias no qual este versículo se encontra inserido é o quadragésimo oitavo, e neste temos uma profecia dirigida contra Moabe. As profecias de Is 15 e 16, e de Amós 2, contra Moabe, se cumpriram nos dias dos assírios, sob o rei Salmanasar, que havia invadido Moabe muito antes dos dias de Jeremias. Mas, as profecias aqui descritas contra todas as cidades de Moabe, e a sentença do Senhor de que deixaria de 168 ser nação, foram cumpridas por Nabucodonosor de Babilônia, cerca de 5 anos depois da destruição de Judá. É importante lembrar que os moabitas, juntamente com os amonitas haviam se juntado a Babilônia para a ajudarem no cerco de Jerusalém, porque era historicamente, grande o ódio que estas duas nações tinham contra os israelitas, desde os dias de Moisés. Então é profetizado aqui, o dia de ajuste de contas, especialmente pelo modo como desprezavam a Israel, sendo os moabitas e amonitas, descendentes de Ló, o sobrinho de Abraão, o que servia somente para agravar ainda mais o juízo deles. O versículo décimo de Jeremias 48 tem sido muito mal empregado na Igreja, onde se afirma que qualquer pessoa que fizer a obra do Senhor negligentemente é maldita, como forma de ameaça e incentivo a levar os crentes a trabalharem com perfeição na obra de Deus, o que de fato deve ser buscado, mas nunca, jamais, debaixo de tal ameaça de maldição, porque a citação deste versículo pode ser entendida no contexto 169 imediato e seguinte do próprio versículo, no qual se afirma a quem se aplicaria a maldição proferida pelo profeta: “aquele que vedar do sangue a sua espada!”, ou seja, todo babilônio que estava sendo levantado por Deus para uma destruição em todas as cidades de Moabe pela espada. Então, o soldado de Babilônia que embainhasse a sua espada e não a sujasse com o sangue dos moabitas, seria considerado maldito. Além disso, deve ser considerado que nenhum crente genuíno está debaixo de qualquer condenação ou maldição de Deus, uma vez que fora resgatado das mesmas por Jesus Cristo, de uma vez para sempre. Então devemos focar em que consiste o tipo de zelo e fervor que são exigidos dos crentes na Palavra de Deus. Falando dos judeus, Paulo afirma que eles têm zelo de Deus, mas sem entendimento. Devemos, mesmo como crentes, evitar esta mesma deficiência, pois é possível ter um espirito fervoroso e muito zelo na obra do Senhor, e no entanto, não ter discernimento ou um conhecimento adequado do evangelho e da vontade de Deus. 170 Isto é muito comum de se ver em nossa vida quando somos novos convertidos, mas importa fazermos progresso à medida que amadurecemos na fé, equilibrando o zelo com o entendimento. Devemos também ter o cuidado, porque é muito comum ocorrer que ao se ganhar um melhor entendimento, se perca muito do zelo e do fervor que tínhamos no começo. O próprio apóstolo Paulo diz que estava cheio de um zelo errado antes da sua conversão, quando pensando estar servindo a Deus, era perseguidor do evangelho, e fizera isto por ignorância da verdade. Os próprios crentes estão sujeitos a isto, por conta de uma ignorância dos princípios fundamentais da Palavra de Deus, que podem ser rejeitados e até atacados em razão da citada ignorância, e do seu muito zelo em querer fazer a obra, só que de maneira inconveniente e errada. 171 1 – zelos (grego) – zelo João 2.17 Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará. Romanos 10.2 Porque lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não com entendimento. II Corintios 7.7 e não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado a vosso respeito, enquanto nos referia as vossas saudações, o vosso pranto, o vosso zelo por mim, de modo que ainda mais me regozijei. II Corintios 7.11 Pois vede quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes nesse negócio. II Corintios 9.2 porque bem sei a vossa prontidão, pela qual me glorio de vós perante os macedônios, dizendo que a Acaia está pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos. 172 II Corintios 11.2 Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura. Filipenses 3.6 quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível. Filipenses 3.6 quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível. Colossenses 4.13 Pois dou-lhe testemunho de que tem grande zelo por vós, como também pelos que estão em Laodiceia, e pelos que estão em Hierápolis. 2 – zeloo (grego) – zeloso I Corintios12.31 Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente. I Corintios 14.1 Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar. 173 I Corintios14.39 Portanto, irmãos, procurai com zelo o profetizar, e não proibais o falar em línguas. II Corintios 11.2 Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura. Gálatas 4.17 Eles vos procuram zelosamente não com bons motivos, mas querem vos excluir, para que zelosamente os procureis a eles. Gálatas 4.18 No que é bom, é bom serdes sempre zelosos, e não só quando estou presente convosco. Apocalipse 3.19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. 3 – zeo (grego) – fervoroso Atos 18.25 Era ele instruído no caminho do Senhor e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus, conhecendo entretanto somente o batismo de João. 174 Romanos 12.11 não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; 175 29 - Renúncia e Abnegação Qual é o grande motivo da renúncia e abnegação que nos são exigidas por nosso Senhor Jesus Cristo? Creio que seja o compromisso total que é necessário ter com Ele e com o evangelho. Em várias passagens Ele ilustrou o caráter deste compromisso pleno quando citou, por exemplo, que quem lança mão do arado e olha pra trás não é apto para o reino de Deus (Lucas 9.61); que quem começa a construção de uma torre ou uma guerra deve concluí-las empenhando-se até o fim (Lucas 14.28-32). O arar o campo, a construção da torre ; e a declaração de guerra devem ser minuciosamente calculados e não podem ser abandonados ou interrompidos de modo algum, sob pena de termos o nosso trabalho prejudicado e não concluído. 176 Fomos empregados como lavradores e construtores, e alistados como soldados de Cristo ao nos convertermos a Ele, e para agradá-lo deveremos cuidar inteiramente dos interesses do seu reino. Em consequência teremos que renunciar a muitos projetos e desejos pessoais; teremos que priorizar o nosso tempo para Cristo e o reino, e isto certamente encurtará o tempo que dispendemos sobretudo com os nossos familiares e as pessoas que exigem muito da nossa atenção em nossos relacionamentos, e por isso Jesus disse que: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26) Como isto contraria os nossos sentimentos e vontade naturais, então necessitaremos colocar em prática o que Ele nos ensina: Primeiro, 177 “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;” (Lucas 14.27) E em seguida, “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33) Não há outra alternativa para vencer nossos afetos naturais que possam nos impedir de servir ao Senhor inteiramente senão a crucificação do nosso ego com todos os seus desejos. Teremos que contrariar nossos desejos e até a própria vida para que possamos servir a Cristo da maneira pela qual convém ser servido. Ele nos deu o exemplo supremo disto não fazendo a sua própria vontade, senão a do Pai, para que pudesse consumar a nossa salvação. 178 De igual forma isto se aplica a nós, porque não podemos nos empenhar na obra de salvação de almas, sem que se veja operando em nós, não a nossa, mas a vontade do Senhor. 179 30 - Testemunho A arca da aliança era chamada de arca do testemunho (Êx 39.35), porque continha as duas tábuas de pedra nas quais Deus havia escrito os 10 mandamentos. O testemunho não era a arca, mas as tábuas, porque continham a escrita do próprio Deus relativa à Sua vontade. Disto aprendemos que o testemunho é a própria Palavra revelada de Deus a nós, nas Escrituras, tanto do Velho quanto do Novo Testamento. No Novo Testamento temos o testemunho de Jesus e do Espírito Santo, escrito pelos apóstolos. Os apóstolos e os discípulos de Jesus eram suas testemunhas, porque foram incumbidos de dar o seu testemunho ao mundo. Cabe à testemunha testificar a verdade. Assim, o próprio Jesus foi testemunha da verdade do Pai testificando dela em Seu ministério terreno; o Espírito Santo continua sendo testemunha da verdade, e com ele são testemunhas todos os crentes porque têm sido 180 feitos participantes da verdade por meio da regeneração e santificação do Espírito. A garantia que temos de que a Palavra de Deus é a verdade, nos vem do testemunho interno do Espírito Santo em nossos corações, especialmente pela aplicação da Palavra em nossas próprias vidas. É-nos dado pelo Espírito, como crentes, não somente crermos que a Palavra é a verdade, como também participarmos das coisas em que cremos, pois são traduzidas como realidades na nossa fé em Cristo. Por exemplo, a arrependermos e Palavra crermos afirma que em Cristo se nos somos transformados em novas criaturas, e isto de fato ocorre quando nos convertemos. Assim, a verdade vivida dá testemunho da verdade prometida. E todas as demais promessas da Palavra passam pelo mesmo teste de veracidade, comprovando a completa fidelidade de Deus em cumprir tudo o que tem prometido. 181 De tal forma o testemunho está ajustado à nossa própria vida, que é comum se dizer que devemos dar testemunho de Cristo com nossas vidas exemplares. Vidas santificadas é o melhor testemunho de que servimos de fato a um Deus que é santo, e nos santifica. Por que o crente deve ser testemunha de Jesus e da Sua Palavra? Não somente porque este dever lhe é imposto por Deus, mas porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Apo 19.10), ou seja, o Espírito Santo que habita no crente move-o a falar do evangelho, pois este é também o ministério do próprio Espirito Santo nesta dispensação da graça. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – marturia (grego) – testemunho, testemunha; 2 – martureo (grego) – testemunhar, tetificar; 182 3 – martus (grego) – mártir, testemunha; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: