Radiação de cargas em movimento

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Radiação de cargas
em movimento
Carlos Alexandre Wuensche
Processos Radiativos I
1
1
Roadmap!!!!!!
Uma boa discussão das
derivações dessa aula
podem ser encontradas no
cap. 14 do livro “Classical
Electrodynamics” (J. D.
Jackson)
2
2
Introdução
Antes de vermos as cargas em movimento, é necessário
discutir os potenciais retardados, pois eles definirão os
campos das cargas em movimento
A forma das equações de Maxwell e suas simetrias em
relação aos operadores permite que os campos E e B
sejam expressos em termos de um potencial escalar e um
potencial vetorial.
Um escalar e um vetor é mais fácil de lidar que 2 vetores!
Eqs. para
(r, t) e A(r, t) são mais simples de lidar do que
as eqs. de Maxwell
A formulação relativística da teoria eletromagnética é mais
simples de ser expressa em termos dos potenciais que dos
campos
3
3
Os potenciais
A(r,t) → potencial vetorial;
(r, t) → potencial escalar
B pode ser expresso como B = ∇xA; possível pois ∇.B = 0!
A eq. de Maxwell para o campo elétrico, no vácuo, pode
ser escrita como:
�
1
∂
A
�+
eq. 1
∇ × (E
)=0
c ∂t
Daí segue que o termo entre parenteses pode ser
expresso como o gradiente de um campo escalar:
�
1
∂
A
�+
E
= −∇φ
c ∂t
�
1
∂
A
� = −∇φ −
E
c ∂t
eq. 2
4
4
Os potenciais
A(r,t) → potencial vetorial;
(r, t) → potencial escalar
Eq. Maxwell 1
B pode ser expresso como B = ∇xA; possível pois ∇.B = 0!
A eq. de Maxwell para o campo elétrico, no vácuo, pode
ser escrita como:
�
1
∂
A
�+
eq. 1
∇ × (E
)=0
c ∂t
Eq. Maxwell 2
Daí segue que o termo entre parenteses pode ser
expresso como o gradiente de um campo escalar:
�
1
∂
A
�+
E
= −∇φ
c ∂t
�
1
∂
A
� = −∇φ −
E
c ∂t
eq. 2
4
4
Equação da onda para os potenciais
Reescreveremos agora as duas eqs. de Maxwell
restantes (para div(E) e rot(H)), em termos das novas
definições de E e B:
1 ∂
� = −4πρ
∇ φ+
(∇ • A)
c ∂t
2
eq. 3
→
ρ = ρlivre + ρmat
�
1
∂
1
∂
A
4π �
�
∇ × (∇ × A) −
(−∇φ −
)=− j
c ∂t
c ∂t
c
eq. 4
Se, em 4, somamos e subtraímos uma derivada de 2a.
ordem para , e usamos a identidade vetorial
∇x∇xA=-∇2A+∇(∇.A), vamos obter:
5
5
Equação da onda para os potenciais
Reescreveremos agora as duas eqs. de Maxwell
restantes (para div(E) e rot(H)), em termos das novas
definições de E e B:
1 ∂
� = −4πρ
∇ φ+
(∇ • A)
c ∂t
2
Eq. Maxwell 3
→
eq. 3
ρ = ρlivre + ρmat
�
1
∂
1
∂
A
4π �
�
∇ × (∇ × A) −
(−∇φ −
)=− j
c ∂t
c ∂t
c
Eq. Maxwell 4
eq. 4
Se, em 4, somamos e subtraímos uma derivada de 2a.
ordem para , e usamos a identidade vetorial
∇x∇xA=-∇2A+∇(∇.A), vamos obter:
5
5
Equação da onda para
os potenciais
2�
A
1
∂
1
∂φ
4π
2�
�+
∇ A − 2 2 − ∇(∇ • A
) = − �j
c ∂t
c ∂t
c
eq. 5
2
1
∂
φ 1 ∂
1
∂φ
2
�+
∇ φ− 2 2 +
(∇ • A
) = −4πρ
c ∂t
c ∂t
c ∂t
eq. 6
6
6
As transformações de calibre (“gauge”)
Os potenciais não são unicamente determinados pelas
condições anteriores.
Adicionar o gradiente de uma função escalar genérica
ao potencial vetor, ou a derivada temporal dessa
mesma função ao potencial escalar mantém as eqs. de
Maxwell invariantes. Ou seja:
� →
A
φ →
� + ∇ψ,
A
∂ψ
φ−
,
∂t
� →B
�
B
eq. 7
� →E
�
E
Liberdade de escolher o potencial...
Uma função livre (ψ) implica em uma
equação de vínculo escalar
7
7
As transformações de calibre (“gauge”)
Importante escolher ψ de forma que a condição de
Lorentz seja satisfeita!
1 ∂φ
�
∇•A+
=0
c ∂t
“gauge” de Lorentz
eq. 8
Dessa forma, as eqs. XX e YY podem ser “transformadas”
em eqs. de onda não homogêneas, isto é, com “termos de
fonte”, com soluções definidas em termos de integrais
sobre as fontes.
8
8
As transformações de calibre (“gauge”)
1 ∂ φ
∇ φ − 2 2 = −4πρ
c ∂t
2�
1
∂
A
4π �
2�
∇ A− 2 2 =− j
c ∂t
c
2
2
eqs. 9
�
[ρ]d3 r�
φ(�r, t) =
|�r − �r� |
� � 3 �
1
[j]d r
�
A(�r, t) =
c
|�r − �r� |
eqs. 10
Ou, de forma geral (notação de quadrivetores):
� �
� �
ρ
2 φ
=
−4π
�
�
�j/c
A
eq. 11
9
9
As transformações de calibre (“gauge”)
1 ∂ φ
∇ φ − 2 2 = −4πρ
c ∂t
2�
1
∂
A
4π �
2�
∇ A− 2 2 =− j
c ∂t
c
2
2
eqs. 9
�
[ρ]dd3ors”�
φ(�r, t) =
da �
r
ar − �
r|
t|�
e
r
“
�
s
i
�j]d3 r�
[
cia1
n
� r, t)
te=
A(�
o
P
c
|�r − �r� |
eqs. 10
Ou, de forma geral (notação de quadrivetores):
� �
� �
ρ
2 φ
=
−4π
�
�
�j/c
A
eq. 11
9
9
Potenciais retardados
1
�
[Q] ≡ Q(r , t − |�r − �r |
c
�
eq. 12
Calculados num “tempo retardado”, isto é, nas condições
que existiam no ponto r’ no instante anterior a t, por
EXATAMENTE o intervalo de tempo exigido para a luz
viajar de r a r’.
A informação em r’ propaga-se com a velocidade da luz,
de modo que os potenciais em r somente podem ser
afetados pelas condições em r’ após um tempo t
“retardado” em relação a r’!
10
10
Receita...
Forma direta para encontrar E e B produzidos por
uma densidade de carga ρ ou uma densidade de
corrente j:
Encontre os potenciais retardados por
meio das integrais XX
Calcule E e B a partir de suas
expressões definidas com os potenciais
11
11
Potenciais de Lienard-Wiechart
Principais diferenças dos potenciais eletrostáticos:
Há um fator de correção devido ao movimento das cargas
(k = 1 - (n.u/c)) → concentração do potencial,
esfericamente simétrico quando em repouso, na forma de
um cone quando v → c
Todas as quantidades são calculadas no tempo retardado
tret.
O retardamento permite a uma partícula emitir radiação
A dependência implícita do potencial com a posição
(ocorre via definição do tempo retardado) e a
diferenciação com respeito a essa dependência leva o
fator 1/r presente no potencial para o comportamento
dos campos
12
12
O processo...
Usamos as funções de Green para
� 3 �
� � � �
� �
d x
φ
ρ(�x , t )
=
� �
�
�
j(�
x
, t )/c |�x − �x� |
A
V
e A para obter
eq. 15
|�x − �x� |
t =t−
c
�
Uma carga em movimento pode ser descrita como
ρ(t)
�j(t)
=
=
qδ(�x − �r(t))
q�v δ(�x − �r(t))
eq. 16
que, ao ser inserida em XX, nos dá os potencials de
Lienard-Wiechart, calculado para t = τ + R(τ)/c
� � �
�
��
1
φ
ρ
=
�
�
�
q
j/c ret
A
R − R • �v /c
eq. 17
13
13
Campos de radiação e velocidade
O campo elétrico é composto de 2 termos:
o campo de velocidades (dependência com 1/R2), que é uma
generalização da lei de Coulomb (caso eletrostático ou
quando u << c)
v ≠ 0, A ≠ 0 → B ≠ 0 → carga em movimento produz campo!
o campo de aceleração (dependência com 1/R) é
perpendicular a n e proporcional à aceleração da partícula.
Ele é comumente chamado de “campo de radiação”!
E, B e n formam uma tríade de vetores mutuamente
perpendiculares cujas propriedades são consistentes
com as soluções radiativas das equações de Maxwell
livres de carga.
14
14
O cálculo de Erad e Evel
O processo é longo, mas direto.
Inserimos
e A nas eqs. 1 e 2 e calculamos a
conexão entre os tempos t e τ
�
E
�
B
=
=
�
∂τ
R �v �
= 1− •
� c
∂t
R
�
q
2 �
(1
−
β
)(R − Rβ) +
3
�
(R − R • β)
�
R
�
×E
R
�
R
c
eq. 17
�
� − Rβ) × β̇]
× [(R
eqs. 18
15
15
Efeito sentido em R, causado pela
partícula quando estava em Rret
.
t’ > t...
E .
∝ v(t- τ)
Posição da partícula em t não vai
afetar R em t, mas sim em t’ > t!!!
16
16
t = 0, carga é parada num ponto x=0
t = 1, as linhas são corrigidas, dentro da
zona de transição, para a posição correta
e fora dela, apontam para onde a partícula
deveria estar se não tivesse parado.
Zona de transição
Carga oscilando entre duas paredes
Carga oscilando num dipolo
17
17
Potência irradiada por uma única partícula
dW
dωdΩ
=
=
�
c
iωt
�
| [R • E(t)e
]dt|2
4π
�
�
q ��� �
� × dβ/dt
�
(1 −
� �n × (�n − β)
4πc
eq. 19a
R
�
R
• �vc )−3
�
�2
�
eiωt dt�
eq. 19b
18
18
Radiação de partículas não relativísticas
Caso não relativístico mais fácil de tratar,
inicialmente. β=v/c
Comparando a magnitude das duas componentes do
campo elétrico (Erad e Evel) temos:
Erad
∼
Evel
∼
Erad
Evel
∼
1 R
v̇
. .R.β̇ =
3
R c
Rc2
1
1
.R = 2
3
R
R
Rv̇
c2
eq. 20
eq. 21
eq. 22
19
19
Radiação de partículas não relativísticas
Uma componente particular de freqüência f desse
campo permite escrever dv/dt ~ v f = v / λ e definir
um limite em que cada um dos campos predomina.
R ≤ λ (Evel predomina, por um fator > c/v - “near zone”) peso dado pelo termo c/v
R >> λ c/v (Erad predomina, em função de R - “far zone”)
Objetos astrofísicos encontram-se no regime “far
zone” (MUUUUUITO DISTANTES) e o campo de
radiação predomina!
20
20
Movimento NR
Supondo “far zone”, teremos que
o segundo termo da eq. 23
abaixo predomina:
�
E
�
B
=
=
�
q
2 �
(1
−
β
)(R − Rβ) +
� • β)3
(R − R
�
R
�
×E
R
�
R
c
�
� − Rβ) × β̇]
× [(R
eq. 23
Assim, Erad = Brad = qv’/Rc2senθ
O vetor de Poynting aponta na direção de n na figura,
e possui magnitude dada por S e unidade de
(erg.s-1.cm-2).
c 2
c q 2 v �2
2
S=
Erad =
sen
θ
4π
4π R2 c4
eq. 24
21
21
A potência irradiada por unidade de tempo no ângulo
sólido dΩ em torno de n é dada por
dW
q 2 v̇ 2
2
= S ∗ dA =
sen
θ
3
dtdΩ
4πc
eq. 25
E a potência total é obtida integrando-se a eq. acima
em todo o ângulo sólido Ω
P
=
=
=
�
dW
q 2 v̇ 2
2
eq.
=
sen
θdΩ
3
dt
4πc Ω
2
2 � 1
q (v̇)
2
(1
−
cos
θ)d(cosθ)
3
2c
−1
�
q 2 v̇ 2 1
2
(1
−
µ
)dµ
3
2c
−1
eq. 27
26
Fórmula de Larmor:
emissão de uma ÚNICA
carga acelerada
2q 2 v̇ 2
P =
3c3
eq. 28
22
22
Detalhes a lembrar sobre a expressão
que define a potência emitida
A potência irradiada é proporcional ao quadrado da
carga e da aceleração
O padrão de dipolo característico da solução aparece
no termo sen2θ. O máximo é emitido perpendicular à
direção de aceleração (oscilação) e nenhuma radiação é
emitida paralela à direção de aceleração (oscilação).
A direção instantânea da emissão é determinada por v’
e n.
Se a partícula acelera ao longo de uma linha, a radiação
emitida será 100% polarizada linearmente no plano
definido por v’e n.
23
23
A aproximação de dipolo
A radiação emitida por muitas partículas deveria, em
princípio, ser somente a superposição da expressão
de Larmor (ΣErad...), mas a coisa é mais complicada!
Como todo mundo é calculado em um tempo
retardado, consideramos que o efeito do tempo é
diferente para cada partícula...
Como levar em conta as relações de fase entre as
diferentes partículas????
COMPLICADO!!!!!!!!
Como fazer uma aproximação para tratar esse caso
analiticamente?
24
24
A aproximação de dipolo
Consideremos um sistema de dimensão L e escala de tempo de
emissão típica τ
A diferença entre os tempos retardados do sistema é
desprezível se τ >> L/c (tempo de propagação da informação)
Se τ ~ 1/ν (frequencia característica) e τ >> L/c, temos que c/ν
= λ >> L!!!
Ou seja, se o sistema é menor que o comprimento de onda
característico da emissão, podemos ignorar suas dimensões!
Entretanto, devemos levar em conta uma dimensão típica do
sistema l, tal que τ ~v/l, em que l << L. Assim, v/c << l/L e v << c,
de modo que o tratamento do sistema em questão pode ser
NÃO-RELATIVÍSTICO!
25
25
A aproximação de dipolo
Para um conjunto de partículas, é fácil imaginar, nesse caso, que o
campo de radiação resultante é a soma dos campos de cada partícula
Erad
� qi �n × (�n × v̇i )
=
2
c
Ri
i
eq. 29
Para um observador distante, Ri ~ R e a eq. 29 pode ser reescrita
como:
Erad
Erad
Erad
� 1 �n × (�n × qi v̇i )
=
2
c
R
i
�
1 �n × (�n × i qi v̇i )
=
c2
R
¨
1 �n × (�n × d)
=
c2
R
Momento de dipolo
d¨ =
�
i
qi�ri
eq. 30
eq. 31
eq. 32
Aproximação
de dipolo
dP
dΩ
=
P
=
d¨2
2
sen
θ
3
4πc
2d¨2
3c3
eq. 33
26
26
Direção de oscilação do dipolo
27
27
O espectro de radiação
Usando o par de Fourier para o momento de dipolo:
d(t) =
�
+∞
ˆ
e−iωt d(ω)dω
eq. 34
∞
Obtemos as relações
¨ =
d(t)
�
+∞
ˆ
ω 2 d(ω)dω
eq. 35a
∞
1
ˆ
Ê(ω) = − 2 ω 2 d(ω)senθ
c R0
eq. 35b
28
28
O espectro de radiação
E, usando as eqs. 35a e 35b e a definição de potência, podemos
calcular a energia por unidade de ângulo sólido por intervalo de
frequência e a energia total por unidade de frequência
dW
dωdΩ
dW
dω
=
=
1 4 ˆ
2
2
ω
|
d(ω)|
sen
θ
3
c
8πω 4 ˆ
2
|
d(ω)|
3c3
eq. 36
eq. 37
Detalhe: o espectro da radiação emitida está diretamente
relacionado com as frequências de oscilação do momento de
dipolo, o que não acontece quando as partículas encontram-se
no regime relativístico!
29
29
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