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Revista Ciencia & Inovação - FAM - V.3, N.1 - SET - 2016
Caracterização da altimetria e frequência cardíaca
em diferentes intensidades na pista do
Jardim Botânico de Americana/SP
Julio Cesar Fadini
Tiago Volpi Braz
Resumo
do monitor de frequência cardíaca Polar RS800CX®.A
distância percorrida e altimetria foram monitoradas pelo
Sensor de GPS Polar G5®. Utilizou-se média e desvio
padrão (DP), verificando normalidade e ANOVA – One
Way para diferença entre médias, com P ≤ 0,05. Os
resultados demonstraram que o ponto de maior altitude
da pista ocorre no intervalo dos 700 aos 800 metros e
menor dos 100 aos 200 metros. Nas velocidades de
6 e 8km/h foram encontradas diferenças significativas
em intervalos de 100 metros no início (0-400m) e meio
da pista (700-900m), enquanto que para 10 e 12 km/h
somente no início (100 a 400m), demonstrando que em
maiores velocidades, apesar da variação da altimetria,
a frequência cardíaca tende a encontrar seu platô e
manter estado de equilíbrio.
Graduado em Educação Física pela Faculdade de
Americana - FAM
Mestre em Educação Física pela UNIMEP, professor do
curso de graduação de Educação Física da Faculdade de
Americana - FAM
O objetivo deste trabalho foi caracterizar a altimetria
e frequência cardíaca em diferentes intensidades na
pista do Jardim Botânico Municipal de Americana/SP.
As coletas foram realizadas por um indivíduo saudável
do gênero masculino (25 anos, 1,75m, 86 kg, 16,1%
de gordura; VO2máx = 41,1 ml/kg/min-1, Limiar Anaeróbio
= 10 km/h-1, FClimiar = 155 bpm-1 , FCmáxima = 186
bpm-1; FCrepouso = 56 bpm-1) que praticava atividade
física vigorosa durante 150 minutos por semana com
frequência de 4 sessões semanais.Para coleta dos
dados foram realizadas 8 sessões de treino, 2 por
semana, com intervalo de 48 horas entre as mesmas.
Para cada intensidade realizada na pista (6, 8, 10 e
12 km/h) o estudo contou com amostra de 8 voltas
completas analisadas, totalizando 32 voltas de 1200
metros (volume de 38400 metros) na pista. Os dados
da frequência cardíaca (FC) foram obtidos por meio
Palavras-chave: frequência
treinamento aeróbio.
Introdução
cardíaca;
altimetria;
física, lazer ou visitação ao local. Porém, a pista localizase em uma área com elevada variação de terreno
(declives e aclives). Isto, de acordo com Buchheit
et al. (2014), cria uma condição de variabilidade de
intensidade para exercícios de caminhada/corrida, já
que inclinações, declives e aclives tendem a modificar
o comportamento de variáveis fisiológicas durante os
exercícios (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003), tais como
a frequência cardíaca (FC) do exercício, sensação
subjetiva de esforço (BORRESEN; LAMBERT, 2008),
fibras musculares recrutadas e percentual de consumo
máximo de O2 (DAANEN et al., 2012).
O estudo das características de locais de práticas
esportivas tem sido importante para aumentar a
qualidade da prescrição dos exercícios físicos, já
que os profissionais poderão considerar diferentes
informações para adequação da prática da sessão de
treinamento. Academias ar livre e parques municipais
são constantemente utilizados pela gestão pública
como forma de ofertar locais de práticas esportivas
para a população, porém, em sua maioria das vezes,
sem a devida orientação e monitoramento por parte
do profissional de Educação Física (QUEIROZ et al.,
2013).
Por exemplo, no caso prescrição do exercício contínuo
aeróbio para um portador de diabetes mellitus tipo 2
sedentário com sobrepeso, tendo em vista a redução
da glicemia e manutenção do estado de equilíbrio
fisiológico, submetê-lo a mesma velocidade (ex:
caminhada à 7 km/h) durante os 1200 metros na pista
com aclive e declive poderia implicar em problemas
práticos como elevação abrupta da intensidade do
exercício, ultrapassando limites do limiar anaeróbio
com posterior estimulação da atividade adrenérgica e
Em Americana/SP, um dos principais locais para a
prática esportiva de caminhadas e corridas é o jardim
botânico municipal. O local conta com uma pista com
demarcações a cada 100 metros e distância total
de 1200 metros, funcionando no período matutino,
vespertino e noturno. É um dos pontos turísticos da
cidade e possui volume de mais de 3000 pessoas por
semana, (PMA, 2015), seja pela prática de atividade
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liberação de hormônios hiperglicemiantes (SILVA et al.,
2005), situação não favorável no início de um programa
de treinos para o exemplo citado (ASANO et al., 2014).
4 sessões semanais. O sujeito possuía experiência
de 3 anos de treinamento em corrida ou caminhada,
sendo que as intensidades propostas no estudo (6, 8,
10 e 12 km/h) faziam parte da rotina das sessões de
treinamento do mesmo. Além disto, também conhecia
a pista do jardim botânico municipal de Americana/SP
e já realizava treinos há pelos 12 meses no local (figura
1).
Desta forma, seria interessante por parte dos
profissionais de educação física o conhecimento das
características da pista, assim como apresentar a
relação desta variabilidade com parâmetros fisiológicos.
Neste sentido, a frequência cardíaca surge como um
método simples, válido e de fácil acesso para prescrição
do exercício aeróbio (PLEWS et al., 2013). Em situação
real de atuação populacional durante estudo com
1030 voluntários em um parque em SP o principal
método de prescrição da intensidade da caminhada
era a frequência cardíaca de esforço (QUEIROZ et al.,
2013), demonstrando sua validade ecológica. Assim,
o objetivo deste trabalho foi caracterizar a altimetria
e frequência cardíaca em diferentes intensidades na
pista do Jardim Botânico Municipal de Americana/SP.
A pista do jardim botânico municipal de Americana/SP
possui uma distância de 1200 metros e demarcações a
cada 100 metros. Estes intervalos foram utilizados para
apresentação dos resultados e controle das sessões
de treinamento (0-100m, 100-200m, 200-300m, 300400m, 400-500m, 500-600m, 600-700m, 700-800m,
800-900m, 900-1000m, 1000-1100m, 1100-1200m).
Para coleta dos dados foram realizadas 8 sessões de
treino, 2 por semana, com intervalo de 48 horas entre
as mesmas.Portanto, para cada intensidade realizada
na pista (6, 8, 10 e 12 km/h) o estudo contou com
amostra de 8 voltas completas analisadas, totalizando
32 voltas de 1200 metros (volume de 38400 metros)
na pista do jardim botânico municipal de Americana/
SP. A sequência das voltas completas nas sessões de
treinamento foram:
Métodos
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo
de caso descritivo sob abordagem transversal, já que
se buscou verificar o comportamento da altimetria e
frequência cardíaca em diferentes intensidades de
exercício aeróbio (6, 8, 10 e 12 km/h). Trata-se de uma
forma de pesquisa em que um único caso é estudado
em profundidade para alcançar uma compreensão
maior sobre outros casos semelhantes (PLEWS et al.,
2013). Esta pesquisa obedeceu à Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde conforme diretrizes
e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos.
Semana 1 = Sessão 1 e 2 (56 minutos); 4
repetições de 1200 metros em 12 minutos (1
volta) à 6 km/h com 2 minutos de recuperação
passiva.
Semana 2 = Sessão 3 e 4 (44 minutos); 4
repetições de 1200 metros em 9 minutos (1
volta) à 8 km/h com 2 minutos de recuperação
passiva.
Semana 3 = Sessão 5 e 6 (36 minutos); 4
repetições de 1200 metros em 7 minutos (1
volta) à 10 km/h com 2 minutos de recuperação
passiva.
PROCEDIMENTOS
As coletas foram realizadas por um indivíduo saudável
do gênero masculino (25 anos, 1,75m, 86 kg, 16,1%
de gordura; VO2máx = 41,1 ml/kg/min-1, Limiar Anaeróbio
= 10 km/h-1, FClimiar = 155 bpm-1 , FCmáxima = 186 bpm-1;
FCrepouso = 56 bpm-1) que praticava atividade física vigorosa
durante 150 minutos por semana com frequência de
Semana 4 = Sessão 7 e 8 (32 minutos); 4
repetições de 1200 metros em 6 minutos (1
volta) à 12 km/h com 2 minutos de recuperação
passiva.
Figura 1: Estrutura da pista analisada no presente estudo e sua distribuição da distância em cada 100 metros.
Fonte: Adaptado do sftware Google Earth Maps.Data da imagem: 20/04/2016;
Altitude do ponto de visão: 1,12 Km; Latitude = 22° 45’.85”S e Longitude = 47° 2’13.65”O
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Na figura 1, pode ser visualizado o tempo acumulado
nas diferentes intensidades em relação a distância
acumulada na pista analisada. As parciais a cada
100 metros da pista foi de 1 minuto, 45 segundos, 35
segundos e 30 segundos em relação as velocidades
de 6, 8, 10 e 12 km/h, respectivamente. Para controlar
a velocidade das voltas o sujeito usava as parciais dos
100 metros para determinar o ritmo da caminhada/
corrida. Antes do início da sessão e após o aquecimento
o sujeito realizava 3 estímulos de 100 metros para
ajustar a velocidade em que iria realizar as repetições
de 1200 metros (1 volta). O aquecimento de todas as
sessões consistia em corrida contínua de 3 minutos a
70 a 80% da frequência cardíaca máxima seguido de 6
repetições com 30 segundos de alongamento estático
ativo (extensão e flexão de joelho, abdução e flexão
de quadril, extensão tronco e dorsiflexão do tornozelo)
com descanso de 1 minuto da 3ª para 4ª repetição,
totalizando 7 minutos de aquecimento.
altimetria foram monitoradas pelo Sensor de GPS
Polar G5®. Foram respeitados todos os procedimentos
de calibração propostos no manual de utilizador do
produto.
O tratamento dos dados foi realizado no software Polar
Pro Trainer 5® (Polar Electro, OY, Kempele, Finlândia)
e posteriormente em planilhas do software Excel
(Microsoft Corporation, Redmond, WA). No software
Polar Pro Trainer 5® foi realizada uma inspeção
visual da distribuição dos batimentos cardíacos e em
seguida, para eliminar possíveis trechos com “spikes”
(batimentos fora do padrão da amostra) foi utilizado
filtro de potência fraca com zona mínima de proteção
de 6 batimentos.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os dados foram reportados pela média e desvio
padrão (DP) da média. A normalidade foi verificada
utilizando o teste de Shapiro-Wilk e homocedasticidade
pelo teste de Levene. Em seguida, foi realizada análise
de variância de um fator (ANOVA – One Way), com
medidas repetidas para a comparação de todas as
variáveis entre intervalos da distância a cada 100
metros e frequência cardíaca. Quando necessário, foi
empregado o Post Hoc de Tukey para comparações
múltiplas. O índice de significância adotado foi de P ≤
0,05.
Figura 2: Tempo Acumulado nas diferentes intensidades em relação
a distância acumulada na pista analisada
Resultados
A monitorização da intensidade nas velocidades 6, 8, 10
e 12 km/h foi descrita pela frequência cardíaca a cada
intervalo de 100 metros na pista do jardim botânico
municipal de Americana/SP (tabela 1 e figura 4), bem
como, a relação da distância acumulada com altimetria
da pista (figura 3).
Legenda: ‘ = minutos; “ = segundos
Tendo em vista padronização da coleta e influência
ciclo circadiano, todas as sessões foram realizadas
no período da manhã, das 11:00 às 12:00h, portanto,
sempre no mesmo horário do dia. Foi realizado
monitoramento da temperatura e umidade relativa
do ar para todas as sessões (variação de 27ºC/29°C
e 45%/52%, respectivamente). Antes do início das
sessões, o sujeito foi questionado sobre a ocorrência
de uma noite normal de sono, bem como, era orientado
a não realizar exercícios e ingerir bebidas alcoólicas e/
ou estimulantes 24 horas antes do dia das sessões,
realizando uma refeição leve duas horas antes do início
das sessões de treino.
O intervalo de maior altitude da pista ocorre dos 700
aos 800 metros (altura máxima = 597 metros) e menor
dos 100 aos 200 metros (altura mínima = 586 metros),
demonstrando uma variação de altitude de 11 metros.
Pode-se perceber que a altitude da pista varia durante
os intervalos de 100 metros. No percurso de 1200
metros, o trecho da pista com menor altitude situa-se
do início até os 400 metros. Em seguida, há uma região
acentuada por aclive dos 500 até os 800 metros. Na
tabela 1 pode ser verificada a média e desvio padrão
da frequência cardíaca nas diferentes intensidades
utilizadas nos intervalos de 100 metros.
Os dados da frequência cardíaca (FC) foram obtidos
por meio do monitor de frequência cardíaca Polar
RS800CX® (Polar Electro, OY, Kempele, Finlândia). A
frequência de amostragem do monitor foi ajustada para
registro do batimento cardíaco a cada 2 segundos. Os
intervalos de batimentos gravados foram transferidos
por meio de uma interface para um computador
compatível, responsável pelo armazenamento e
processamento dos sinais. A distância percorrida e
Foram encontrados resultados significativos (p<0,05)
na comparação de 100-200m e 200-300m, 700-800m e
800-900m para 6 km/h e 8km/h, respectivamente. Em
8km/h, também para comparação do intervalo 0-100m
com 100-200m. Na intensidade de 10 km/h houve
diferença significativa (p<0,05) para 0-100m e 100200m, 100-200m e 200-300m bem como 200-300m e
300-400m. Já para 12 km/h foi encontrada diferença
significativa apenas para 0-100m e 100-200m.
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Figura 3: Relação da distância acumulada com alimetria da pista do jardim botânico municipal de Americana/SP
Tabela 1: Média e desvio padrão da frequência cardíaca nas diferentes intensidades utilizadas nos
intervalos de 100 metros do Jardim Botânico Municipal de Americana/SP
Estes resultados permitem afirmar que depois dos 300
metros da pista não há variação no comportamento da
frequência cardíaca para as velocidades de 10 e 12
km/h, diferentemente de 6km/h e 8km/h, com variação
no intervalo 700-800m à 800-900m. Outro ponto a ser
destacado é que a frequência cardíaca no início do
exercício (0-300m) apresenta diferenças significativas
para todas velocidades controladas. O comportamento
da frequência cardíaca em relação a distância
acumulada durante as voltas nas intensidades de 6
km/h, 8 km/h, 10 km/h e 12 km/h podem ser observadas
na figura 4.
Figura 4. Comparação do comportamento da frequência cardíaca
em relação acumulada durante voltas nas velocidades de 6km/h,
8 km/h, 10 km/h e 12 km/h.
Com exceção dos intervalos 0-100m a 100-200m,
100-200m a 200-300m e 200-300m e 300m-400m na
comparação das velocidades de 8 km/h e 10 km/h, a
nova oneway demonstrou diferenças significativas
(p<0,05) para todas as outras comparações de
intervalos entre as velocidades analisadas (6, 8, 10 e
12 km/h).
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Revista Ciencia & Inovação - FAM - V.3, N.1 - SET - 2016
Discussão
As 2 intensidades de trabalho (8 e 10 km/h) estão
próximas do limiar anaeróbio do sujeito analisado (10
km/h). Pelo tempo controlado, 300 metros à 8 km/h
foram realizados em 2’15” e 10 km/h à 1’45”. Esta
duração de exercício aeróbio próximo do limiar parece
ser o bastante para aumento das catecolaminas
circulantes no sangue (BUCHHEIT et al., 2010), o que
pode ser explicado pela atuação do sistema nervoso
simpático (controle extrínseco da frequência cardíaca)
em exercícios aeróbios progressivos (BOSQUET;
GAMELIN; BERTHOIN, 2007).A frequência cardíaca
aumenta primeiramente por causa da supressão do
tônus vagal, com aumentos subsequentes por causa
da ativação simpática (BUCHHEIT, 2014)
Considerando os resultados do presente trabalho
foi possível caracterizar a altimetria e frequência
cardíaca em diferentes intensidades na pista do Jardim
Botânico Municipal de Americana/SP. Em principal, foi
demonstrado que o ponto de maior altitude da pista
ocorre no intervalo dos 700 aos 800 metros e menor dos
100 aos 200 metros (figura 3). Esta variação de altitude
interfere na frequência cardíaca quando mantida uma
velocidade constante nas intensidades de 6, 8, 10 e
12 km/h. Para 6 e 8 km/h a variação ocorre no início e
meio da pista, enquanto que 10 e 12 km/h somente nos
intervalos iniciais da pista (tabela 1).
A relação da caminhada/corrida em declives/ aclives
com a variação da intensidade do esforço está
bem consolidada (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003).
Diversos protocolos ergométricos de avaliação
cardiopulmonar utilizam-se da inclinação em esteira
para aumentar a solicitação fisiológica do exercício
contínuo ou intermitente, sem necessariamente,
aumentar a velocidade do estímulo (DAANEN et
al., 2012). O exercício aeróbio em aclive promove
maior recrutamento de unidades motoras no músculo
esquelético, aumenta o gasto energético e promove
mais adaptações de caráter neuromuscular quando
comparado a terrenos sem variação de altitude
(LAMBERTS et al., 2011). A angulação das passadas
é diferente, modificando vetores das ações articulares
e consequente incremento da solicitação mecânica
do complexo músculo-tendão-articulação. Em aclive
gera-se uma sobrecarga na articulação do tornozelo,
no momento de empurrar, ao longodo eixo vertical do
movimento, ocorrendo o encurtamento da passada com
inclinação do tronco a frente do centro de gravidade
(PINNINGTON et al., 2005). Esta maior solicitação
mecânica e energética também implica no aumento
da demanda do sistema cardiovascular durante o
exercício, fato ligado ao comportamento elevado da
frequência cardíaca em intervalos da pista com maior
altitude, casos de 100-200 metros e 700-800 metros
(figura 3).
Neste sentido, Bilman (2013) descreve que a gradual
retirada vagal (parassimpática)pode ocorrer em
exercícios do tipo 1 série de 1200m x 6, 8 e 10 km/h
antes de atingir o limiar da variabilidade da frequência
cardíaca (LiVFC). Posteriormente ao LiVFC, ocorre
um aumento acentuado da atividade simpática, o
que resulta no aumento da atividade glicolítica, e,
consequentemente, no aumento da produção de CO2
e hiperventilação, condições observadas na transição
do predomínio aeróbio-anaeróbio (VESTERINEN et al.,
2014). Como 8 e 10 km/h representavam intensidades
com predomínio aeróbio (≤ Limiar Anaeróbio) era de se
esperar comportamento parecido, devido ao início da
ativação do sistema nervoso simpático.
A variação da altimetria da pista também irá influenciar
diretamente a prescrição de treinamentos aeróbios
pelo método contínuo com velocidade constante (ex:
30 minutos à 6 km/h [caminhada]). Este tipo de sessão
de treino são comumente realizadas pelos usuários
da pista do jardim botânico municipal de Americana/
SP e em outros programas de atividades físicas em
larga escala para a população, tais como o descrito
por Queiroz et al. (2013). O conceito da prescrição da
intensidade destas sessões indica que a frequência
cardíaca deve atingir um platô e entrar em estado de
equilíbrio (do termo inglês steadystate) (DAANEN et
al., 2012). Quando este for o objetivo, o profissional
de educação física deverá analisar a variação de
altimetria da pista e propor soluções práticas para
a manutenção deste estado de equilíbrio, tais como,
diminuir a velocidade em trechos de aclive ou aumentar
em declive.
Da mesma forma, a frequência cardíaca é dependente
da intensidade de exercício utilizada (figura 4). Os
maiores valores foram encontrados para as velocidades
de 10 e 12 km/h, independente do intervalo da pista
considerado. Isto pode ser explicado pelo maior aporte
de O2 necessário aos músculos, débito cardíaco,
necessidade de elevação do fluxo sanguíneo e
manutenção da solicitação energética no organismo
(VESTERINEN et al., 2014). Interessante perceber que
apesar das velocidades serem diferentes (8 e 10 km/h)
o comportamento inicial (0-300 metros) da frequência
cardíaca não apresentou diferença significativa (figura
4). Em velocidades acima do limiar anaeróbio, caso dos
12 km/h para o voluntário da pesquisa, a estimulação
simpática ocorre em menos tempo, já que o débito
cardíaco necessário ao exercício é maior havendo a
necessidade de elevação da força de contração do
miocárdio bem como da frequência cardíaca (PLEWS
et al., 2013).
No entanto, cabe destacar que para todas velocidades
propostas (6, 8, 10 e 12 km/h) no início do exercício há
supressão do tônus vagal para alcançar o steadystate,
o que justifica a elevação abrupta da FC até os 300
metros da pista para as velocidades (figura 4). No caso
do voluntário analisado, a intensidade de 6km/h não
foi o suficiente para estimulação simpática e retirada
vagal, influenciando o comportamento da frequência
cardíaca nesta velocidade. Além disto, antes do início
do exercício já foi documento que os praticantes de
atividade física possuem uma resposta antecipatória
da frequência cardíaca (BUCHHEIT, 2014).
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Considerações Finais
Estabelecer uma velocidade média para a volta de 1200
metros levará o indivíduo a treinamentos pelo método
contínuo variativo e isto, pode extrapolar as respostas
esperadas para uma sessão do método contínuo
uniforme. Podem ocorrer falhas metodológicas como
momentos de intensidade dos treinamentos acima
do limiar anaeróbio quando o objetivo for trabalhar a
via oxidativa como predomínio, mesmo mantendo a
velocidade constante na volta. No caso de um diabético
tipo 2 sedentário com sobrepeso e sem experiência
motora isto pode provocar estimulação da atividade
adrenérgica e estados de hiperglicemia (ASANO et al.,
2014), situação esta que deve ser evitada no início do
programa de treinamento para este tipo de população.
Os resultados encontrados na tabela 1 sustentam este
entendimento, já que a variação do comportamento
da frequência cardíaca ocorre nos intervalos de 100
metros da pista.
Os resultados permitem concluir que o ponto de maior
altitude da pista ocorre no intervalo dos 700 aos 800
metros e menor dos 100 aos 200 metros. Isto implica
no comportamento da frequência cardíaca quando
mantida constante a intensidade. Nas velocidades de
6 e 8km/h foram encontradas diferenças significativas
em intervalos de 100 metros no início (0-400m) e meio
da pista (700-900m), enquanto que para 10 e 12 km/h
somente no início (100 a 400m), demonstrando que em
maiores velocidades, apesar da variação da altimetria,
a frequência cardíaca tende a encontrar seu platô e
manter estado de equilíbrio. Por fim, os dados descritos
neste estudo são de um estudo de caso, havendo a
necessidade de caracterizar as respostas fisiológicas
da frequência cardíaca em pesquisas com maior poder
amostral e diferentes populações.
O voluntário analisado no estudo era indivíduo saudável
com boa capacidade aeróbia (VO2máx = 41,1 ml/kg/min-1,
Limiar Anaeróbio = 10 km/h-1, FClimiar = 155 bpm-1, FCmáxima
= 186 bpm-1; FCrepouso = 56 bpm-1) praticante sistemático
de atividade física. Neste caso, conhecendo o
comportamento da frequência cardíaca em intervalos
de 100 metros em intensidades constantes do indivíduo
(figura 3), como proposto no presente estudo, o
profissional poderia prescrever diversas possibilidades
de sessões de treinamento aeróbio. Por exemplo,
o método intervalado extensivo com intensidade
crescente na mesma velocidade poderia ser prescrito
da seguinte forma: 6x400 m à 10 km/h com 2’ de
recuperação passiva (realizados no intervalo de 0-400
metros da pista; FC de 130 à 150 bpm) +6x400m à
10km/h com 2’ de recuperação passiva (realizados no
intervalo de 400-800 metros da pista; FC de 150 à 170
bpm).
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Como implicação prática do presente trabalho foi
possível estabelecer uma relação de causa e efeito
entre a frequência cardíaca em diferentes intensidades
e características da pista analisada,contribuindo para
os profissionais de educação física que trabalham
no local com prescrição de exercícios de caminhada/
corrida. No caso da pista do jardim botânico municipal
de Americana/SP, somente a velocidade do exercício
poderá implicar em erros metodológicos na prescrição
do treinamento aeróbio, já que a condição fisiológica
dos indivíduos não se mantém em estado de equilíbrio
devido a variação de altitude em alguns pontos da pista.
Porém, cabe destacar que esta variedade de terreno
também pode ser utilizada a favor do profissional,
desde que o mesmo considere isto ao traçar o objetivo
do treinamento, caso do método contínuo variativo.
Neste sentido, além da velocidade, seria interessante
adotar algum índice fisiológico para a prescrição do
exercício, monitorando a carga interna de treinamento
(CIT), sendo a frequência cardíaca como um método
simples, válido e de fácil acesso para prescrição treinos
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