Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Estudo da Estrutura Genética de Populações Naturais de Hancornia speciosa Gomes (Apocynaceae), a Partir de Diferentes Parâmetros Biométricos Isabela Pavanelli de Souza1 (PBIC/ UEG), Renata Borges Araújo (PVIC/ UEG) Andréia Juliana Leite Rodrigues2 Universidade Estadual de Goiás, CEP – 75132-903, Brasil 1 – [email protected]; 2 – [email protected] Palavras-Chave: Hancornia speciosa, microssatélites, estrutura genética. 1 INTRODUÇÃO O Cerrado brasileiro é apontado como um dos centros de biodiversidade mais importantes do planeta, com 1,5% das espécies de plantas endêmicas em relação ao total global de plantas (MYERS et al., 2000). Dentre as espécies de frutíferas do Cerrado a mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) destaca-se por seu valor nutritivo, medicinal e econômico, principalmente para as comunidades que vivem do extrativismo dessa frutífera (FERREIRA & MARINHO, 2007). Apresenta seis variedades botânicas identificadas: H. speciosa Gomes (variedade típica) ou H. speciosa var. speciosa, H. speciosa var. maximiliani A. DC., H. speciosa var. cuyabensis Malme, H. speciosa var. lundii A. DC., H. speciosa var. gardneri (A. DC.) Muell. Arg., H. speciosa var. pubescens (Nees. et Martius) Muell. Arg. Estas variedades botânicas apresentam diferenças marcantes na morfologia foliar e no porte da planta adulta (MONACHINO, 1945). A manutenção da diversidade genética dentro das populações é o que permite a continuidade do processo evolutivo (FERREIRA; MORETZSOHN & BUSO, 2007). Por isso, é que se coloca como indispensável o estabelecimento de um programa efetivo de conservação dos recursos genéticos, para a manutenção da espécie, tanto in situ quanto ex situ. A execução desse programa depende, em 1 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 grande parte, da avaliação e caracterização da variabilidade genética das populações naturais, pois permitirá um maior conhecimento dos recursos genéticos, e estabelecer a melhor forma de conservar os recursos (HOSBINO et al., 2002; MOURA et al., 2005). Nos últimos anos, os marcadores microssatélites (Simple Sequence Repeats) se destacaram pelo conteúdo informativo e sua utilização em estudos ecológicos e genéticos. São seqüências (de uma a seis bases) repetitivas em “tandem”, sua análise é feita por meio da técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction), em que são utilizados iniciadores (primers) complementares as regiões que flanqueiam os microssatélites (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1998; HOSBINO et al., 2002). Devido às vantagens apresentadas pelos microssatélites na detecção de variabilidade genética de espécies vegetais, foi desenvolvido um lote de iniciadores por Rodrigues (2009) para a realização do estudo da estrutura populacional de progênies de Hancornia speciosa Gomes presentes no banco de germoplasma da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG). A partir do conjunto de iniciadores desenvolvidos, surgiu a necessidade de testar a sua eficiência na caracterização das populações em relação aos parâmetros genéticos e de distribuição da variabilidade. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo preliminar de caracterização genética de populações naturais de Hancornia speciosa Gomes, a partir de marcadores moleculares microssatélites que vise a confirmação dos marcadores como locos informativos de modo a serem posteriormente utilizados em analises de estrutura populacional da espécie. 2 MATERIAIS E MÉTODOS As plantas utilizadas neste estudo foram coletadas no banco de germoplasma da espécie Hancornia speciosa Gomes, construído por Ganga (2008) na área experimental da EA/UFG, localizada no município de Goiânia, GO. Foram selecionadas 35 progênies ao acaso, de modo a contemplar todas as populações dos indivíduos parentais (28 populações). O material genômico foi extraído no 2 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Laboratório de Genética Vegetal da EA/UFG, de acordo com o protocolo desenvolvido por Ferreira & Grattapaglia (1998), otimizado por Almeida Júnior (2008) para a espécie H. speciosa e quantificadas em eletroforese de gel de agarose a 1%. Os 35 genótipos de progênies de mangabeiras pertencentes à coleção de germoplasma da espécie na EA/UFG foram avaliados a partir dos 35 locos microssatélites desenvolvidos por Rodrigues (2009) no Laboratório de Genética Vegetal da EMBRAPA – Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília. DF), segundo protocolo descrito por Rafalski et al., (1996). As estimativas das freqüências alélicas foram obtidas por meio da amplificação por PCR em um volume final de 25 µL por reação, composta pelas concentrações previamente estabelecidas. Para a visualização do padrão de bandas gerado foi utilizado eletroforese em gel de agarose 3,5% A genotipagem para cada loco avaliado foi obtida a partir da leitura das fotos dos géis. Os fragmentos visualizados foram estimados em pares de base, por comparação com DNA padrão de peso molecular conhecido (Ladder 10bp Invitrogen®), cuja amplitude é de 10bp a 330bp. Os dados obtidos a partir dessa leitura foram gentilmente cedidos para a realização deste trabalho. Em uma primeira análise os 35 genótipos foram avaliados individualmente, como representantes de uma única população. Em uma segunda análise, os indivíduos serão avaliados de acordo com a variedade botânica a qual pertence. A avaliação dos indivíduos realizou-se sob os aspectos: Parâmetros genéticos obtidas pelo programa GDA (LEWIS & ZAKIN, 2001), em que foram estimadas: a porcentagem de locos polimórficos (P); o número médio de alelos por loco (A); o número médio de alelos por loco polimórfico (Ap); a heterozigosidade esperada sob condições do equilíbrio de Hardy- Weinberg (He), heterozigosidade observada (Ho) e índice de fixação intrapopulacional (f). Estrutura populacional obtidas pelo programa Arlequin (EXCOFFIER; LAVAL & SCHNEIDER, 2005), em que foram estimados os índices da estatística F incluem: índice de fixação intrapopulacional (FIS), coeficiente de fixação de alelos intrapopulacional (FIT) e coeficiente de divergência genética entre subpopulações (FST) (WEIR, 1996). 3 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em uma primeira análise as progênies foram avaliadas como pertencentes a mesma população e posteriormente, de acordo com a variedade botânica a qual pertence. Para ambos os conjuntos de dados foram calculados os parâmetros de diversidade genética, com base nos 35 locos microssatélites (Tabela 1). Tabela 1. Estimativas de diversidade genética estimada com base nos 35 locos microssatélites para 35 indivíduos agrupados como uma única população. Iniciador AP He Ho f HS 01 13 0.89931 0.28125 0.690687 HS 02 4 0.68438 0.00000 1.000000 HS 03 7 0.81688 0.07143 0.914013 HS 04 13 0.84522 0.36364 0.573570 HS 05 7 0.73810 0.05556 0.926724 HS 06 7 0.75415 0.00000 1.000000 HS 07 5 0.69933 0.00000 1.000000 HS 08 12 0.89416 0.75000 0.163717 HS 09 8 0.81305 0.06061 0.926521 HS 10 8 0.85455 0.00000 1.000000 HS 11 8 0.77005 0.21739 0.722222 HS 12 5 0.66384 0.03333 0.950596 HS 13 8 0.84997 0.03448 0.960114 HS 14 6 0.71644 0.80769 -0.130248 HS 15 5 0.62890 0.03030 0.952522 HS 16 7 0.72542 0.00000 1.000000 HS 17 11 0.82739 0.29630 0.646259 HS 18 11 0.87296 0.03448 0.961165 HS 19 4 0.63403 0.00000 1.000000 HS 20 9 0.84675 0.82143 0.030445 HS 21 7 0.76734 0.08824 0.886533 HS 22 7 0.74306 0.09375 0.875585 HS 23 9 0.84636 0.00000 1.000000 HS 24 7 0.81932 0.00000 1.000000 HS 25 6 0.65944 0.03226 0.951846 HS 26 9 0.80114 0.08824 0.891328 HS 27 20 0.94616 0.51724 0.457715 HS 28 5 0.76950 0.00000 1.000000 HS 29 6 0.68065 0.00000 1.000000 HS 30 10 0.88470 0.07407 0.917722 HS 31 5 0.70130 0.00000 1.000000 HS 32 14 0.90129 0.78125 0.135045 HS 33 9 0.83275 0.08824 0.895459 HS 34 4 0.65628 0.20588 0.689516 HS 35 33 0.95478 0.91176 0.045709 Média 8.828571 0.785684 0.192538 0.758104 AP: número médio de alelos; Ho: heterozigozidade observada; He: heterozigozidade esperada sob equilíbrio de Hardy-Weinberg; f: índice de fixação. 4 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Foram encontrados 100% de locos polimórficos para os indivíduos amostrados como uma população. O número médio de alelos encontrados para os 35 indivíduos como pertencentes a uma mesma população foi de 8,82. O iniciador que apresentou maior número de alelos foi HS35 com 33 alelos e o HS02, HS19 e o HS34, foram os que apresentaram menor número de alelos, com quatro alelos cada um. Os índices de heterozigozidade esperada (He) variaram entre 0,62 (HS15) e 0,95 (HS35), com média de 0,78. Para a heterozigozidade observada (H o) a média foi de 0,19, em 11 locos dos 35 não foram observados indivíduos heterozigotos (HS02, HS06, HS07, HS10, HS16, HS19, HS23, HS24, HS28, HS29, HS31). Ao agrupar os indivíduos de acordo com a variedade botânica a qual pertencem (var1: H. s. var. pubescens; var2: H. s. var. gardneri; var3: H. s. var. speciosa; var4: H. s. var. cuyabensis) foram encontrados 91,88% de locos polimórficos. Nota-se uma diminuição no número médio de alelos para 4,13 (Tabela 2). A variedade botânica que apresentou maior número de alelos foi a H. s. var. gardneri (6,94) e o menor número de alelos foi verificado em H. s. var. cuyabensis (2,92). Em relação à heterozigozidade esperada (He) a média foi de 0,65, e para a heterozigozidade observada (Ho) a média foi de 0,17. Tabela 2. Estimativas de diversidade genética estimada com base nos 35 locos microssatélites para as quatro variedades botânicas (var1: H. s. var. pubescens; var2: H. s. var. gardneri; var3: H. s. var. speciosa; var4: H. s. var. cuyabensis). Estimativas de diversidade genética por variedade botânica Variedade n AP He Ho f var1 4 3.375000 0.667211 0.17619 0.764491 var2 20 6.942857 0.744652 0.207345 0.727586 var3 6 3.303030 0.634902 0.145238 0.806720 var4 3 2.925926 0.559091 0.164141 0.775060 Média 8,25 4.136703 0.651464 0.173229 0.764972 n: número de indivíduos por variedade botânica; AP: número médio de alelos; Ho: heterozigozidade observada; He: heterozigozidade esperada sob equilíbrio de Hardy-Weinberg; f: índice de fixação. Para as progênies avaliadas como pertencentes a uma mesma população o número médio de alelos encontrado (Tabela 1), foi considerado relativamente alto o que reforça a característica multialélica dos microssatélites (SALLES et al., 2003). Ao se avaliar as progênies de acordo com a variedade botânica a qual pertencem 5 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 (var1: H. s. var. pubescens; var2: H. s. var. gardneri; var3: H. s. var. speciosa; var4: H. s. var. cuyabensis) pode-se observar redução à praticamente a metade no número médio de alelos (4,13) (Tabela 2). Esse fato pode ter resultado da estratégia de amostragem escolhida, que contemplou um pequeno número de indivíduos avaliados, não balanceados, por variedade botânica. A variedade H. s. var. gardneri foi a que apresentou o maior numero de alelos por loco (6,94) decorrente do maior número de indivíduos avaliados dessa variedade em relação às demais. Esses dados foram reforçados por Rodrigues (2009) que avaliou genótipos de 162 progênies de mangabeiras pertencentes à coleção de germoplasma da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás, localizada no município de Goiânia – GO, em relação a seis locos microssatélites previamente selecionados a partir de informações obtidas neste trabalho. Para a média do número de alelos por loco (A) obteve-se um valor de 20,17, superior ao encontrado por esse estudo (8,82) devido à maior amostragem. Logo, observa-se que esta medida de diversidade é influenciada pelo tamanho da amostra. Em estudos envolvendo frutíferas do Cerrado, foram encontrados resultados semelhantes para a média da estimativa do número de alelos (Tabela 3). Zucchi et al. (2003) em estudo de caracterização de estrutura genética de Cagaita (Eugenia dysenterica) obteve um número médio de alelos de 10,43. Para Araticum (Annona crassiflora) foi encontrado número médio de alelos de 19,3 (PEREIRA et al., 2008). No entanto, para Lobeira (Solanum lycocarpum) (MOURA, 2007) e Baru (Dypteryx alata Vogel) (SOARES, 2008) foram encontrados valores respectivamente inferiores 3,90 e 2,5. As estimativas são relativamente baixas para o esperado para locos microssatélites que são multialélicos por definição (GOLDSTEIN & SCHLÖTTERER, 1999). Em relação ao Baru deve-se levar em consideração que o baixo número de alelos encontrados é típico da espécie e considerado exceção às características das nativas do Cerrado por esse motivo (SOARES, 2008). 6 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Tabela 3. Metanálise das estimativas de diversidade genética para frutíferas do Cerrado. Estimativas de diversidade genética para frutíferas do Cerrado Espécie n AP He Ho f Cagaita 116 10,43 0,442 0,458 -0,037 Araticum 32 19,30 0,906 0,805 0,113 Lobeira 240 3,90 0,334 0,346 -0,035 Baru 775 2,50 0,226 0,221 Média 290,8 9,03 0,477 0,457 0,0136 (ZUCCHI et al.,2003) (PEREIRA et al., 2008) (MOURA, 2007) (SOARES, 2008) n: número de indivíduos; AP: número médio de alelos; Ho: heterozigozidade observada; He: heterozigozidade esperada sob equilíbrio de Hardy-Weinberg; f: índice de fixação. Para os valores de heterozigozidade esperada (He) na avaliação das progênies de mangabeira como uma população, obteve-se uma média de 0,78 e heterozigozidade observada (Ho) de 0,19 (Tabela 1). Do mesmo modo, para a avaliação quanto à variedade botânica, a heterozigozidade esperada (0,65) superou os índices encontrados para a observada (0,17), valores decorrentes do alto índice de homozigotos encontrados nos locos em estudo. A menor heterozigozidade observada em relação à esperada sugere que a população não esteja em equilíbrio de Hardy-Weinberg, e que possa estar sobre algum efeito seletivo. Mas, para uma afirmação precisa sobre a espécie seria necessário um estudo com um maior número de indivíduos. O estudo realizado por Rodrigues (2009) robustece os dados obtidos pelo estudo preliminar, por apresentar maior amostragem. A heterozigozidade esperada foi superior à observada, 0,84 e 0,54 respectivamente, o que revela a alta diversidade genética aliada à alta taxa de endogamia nas subpopulações. Ambos índices foram elevados em relação aos obtidos nesse estudo (He = 0,78 e Ho = 0,19), decorrentes, mais uma vez, do maior número de indivíduos analisados que sugere maior número de heterozigotos amostrados. Para o estudo em que os indivíduos foram agrupados de acordo com a variabilidade botânica a qual pertencem, os valores encontrados são semelhantes aos obtidos pelo estudo preliminar, entretanto, ligeiramente superiores, a heterozigozidade esperada foi superior à observada, 0,77 e 0,52 respectivamente. Os valores de heterozigozidade esperada superior à observada corroboram com trabalhos de outras frutíferas do Cerrado (Tabela 3). Para Annona crassiflora, Pereira et al. (2008) obteve os valores de heterozigozidade esperada 7 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 (He) e observada (Ho) de, respectivamente, 0,906 e 0,805. Para Dypteryx alata Vogel, Soares (2008) estimou os mesmos parâmetros em 0,226 e 0,221, respectivamente. Em contrapartida alguns trabalhos de caracterização da estrutura genética de populações naturais de frutíferas do Cerrado encontraram valores de H o maiores que He (ZUCCHI et al., 2003; MOURA, 2007), o que indica a presença de mais heterozigotos nas populações estudadas do que o esperado pelo equilíbrio de Hardy-Weinberg. Para o mesmo conjunto de dados foi realizado um estudo preliminar da caracterização genética das 35 progênies de mangabeira, com os mesmos 35 locos microssatélites, a partir da análise de variância molecular (AMOVA) estimado pelo programa Arlequim. Na avaliação dos genótipos como pertencentes a uma única população foi possível estimar o valor do coeficiente de correlação de genes dentro de indivíduos (FIS) igual a 0,71 (Tabela 4). Este valor revela uma alta variação entre os genótipos (71,63%), maior que a variação dentro de indivíduos (28,37%). Na avaliação dos indivíduos de acordo com a variedade botânica a qual pertence (H. s. var. pubescens; H. s. var. gardneri; H. s. var. speciosa; H. s. var. cuyabensis) foi possível estimar o coeficiente de correlação intra-classe dos alelos para genes dentro de indivíduos, com relação a população total (FIT); o coeficiente de correlação de genes dentro de indivíduos, considerando uma subpopulação (FIS); e o coeficiente de correlação de genes dentro de subpopulações com relação à população total (FST) (Tabela 4). Os valores obtidos foram, para FIT (0,72), FIS (0,71) e FST (0,027). A maior variação foi observada entre os indivíduos dentro de variedades (69,66%) e a menor entre as variedades (2,8%). 8 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Tabela 4. Análise de variância molecular (AMOVA) para 35 indivíduos de populações naturais de mangabeira (H. speciosa Gomes) com dados de 35 locos microssatélites. Os indivíduos foram avaliados isoladamente e quanto a variedade botânica que pertencem (H. s. var. pubescens; H. s. var. gardneri; H. s. var. speciosa; H. s. var. cuyabensis). FV EI DI Total ANÁLISE ENTRE INDIVÍUOS G.L SQ CV % Variação 34 590.60 7.24958Va 71.63 0 35 100.50 2.87143Vb 28.37 0 69 691.10 10.12101 - FV EV EIDV DI Total ANÁLISE ENTRE VARIEDADES G.L SQ CV % Variação 3 61.41 0.27912Va 2.80 29 482.140 6.93398 Vb 69.54 33 91.00 2.75758 Vc 27.66 65 634 9,97 - FIS: FST: FIT: 0.71547 0.02799 0.72343 P-valor: P-valor: 0.00000+-0.00000 (Va e FIS); 0.00000+-0.00000. (Va e FIS) 0.98925+-0.00360 (Vb e FST); 0.00000+-0.00000 (Vc e FIT) GL: graus de liberdade; SQ: soma dos quadrados; FV: fontes de variação; CV: componentes de variância; EI: entre indivíduos; EV: entre variedades; DI: dentro de indivíduos; EIDV: entre indivíduos, dentro de variedades. FIS 0.71629 O índice de fixação intrapopulacional (FIS), revelou uma variação entre os genótipos de 71,63%, maior que a encontrada dentro de indivíduos (28,37%). Para as quatro populações representadas pelas variedades botânicas das progênies em estudo foi possível avaliar algumas estimativas de estrutura genética (Tabela 4). A partir das estimativas dos coeficientes de fixação total de alelos entre populações (FIT = 0,72), coeficiente de fixação de alelos intrapopulacional (FIS = 0,71) e coeficiente de divergência genética entre subpopulações (FST = 0,027) foi possível observar que a maior variação se encontra entre os indivíduos dentro de variedades (69,66%) e a menor entre as variedades (2,8%). A baixa estimativa de variedade entre as populações (variedade botânicas) constata a necessidade de um estudo com maior amostragem, a fim de detectar possíveis diferenciações genéticas esperada entre as variedades botânicas. A variabilidade das progênies de mangabeira presentes no banco de germoplasma da EA/UFG foi observada por Ganga (2008) em relação à variação fenotípica quanto a caracteres de frutos, porte e diâmetro de caule. A autora detectou elevados níveis de variação fenotípica quanto à caracteres de frutos, em que a maioria dessa variação está entre populações e entre variedades botânicas. Para as medidas de diâmetro do caule, a 9 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 maior parte da variação genética encontra-se dentro de populações e para a altura está entre populações. Estudos de caracterização de populações naturais de Hancornia speciosa Gomes já foram desenvolvidos com marcadores moleculares de amplificação aleatória do polimorfismo genômico (RAPD). Capinan (2007) estudou três populações de mangabeiras nativas oriundas de três regiões do Estado da Bahia, com relação a 32 iniciadores RAPD. Foi possível detectar que 16,1% da variabilidade genética encontra-se entre populações, valor substancialmente menor que a variabilidade detectada dentro das populações naturais de mangabeira neste trabalho (83,9%). Valores como esses corroboram com Moura (2003), que desenvolveu um trabalho com oito populações naturais de mangabeira no Cerrado provenientes de quatro regiões (Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Bahia), avaliadas por marcadores moleculares RAPD, em que a maior variação genética encontravase dentro de subpopulações, assim como no presente estudo em que a maior variabilidade (69,54%) foi detectada entre os indivíduos dentro de subpopulações (variedades). Foi verificado ainda um alto índice de diferenciação entre as subpopulações revelado por meio da estimativa do parâmetro st (0,19) análogo ao FST utilizado para marcadores codominantes. Este valor não confirma os índices obtidos com o estudo preliminar, em que a estimativa para o parâmetro de diferenciação entre as subpopulações foi de 0,027, o menor encontrado entre os demais índices de variabilidade. Vale ressaltar que o baixo índice de variação interpopulacional encontrado pode ser explicado pelo pequeno número de indivíduos avaliados. Também foi analisada a variabilidade em relação às variedades botânicas e, pode-se constatar que a maior variabilidade encontra-se dentro das variedades (90, 70%) e não entre as variedades (4,71%), valores semelhantes aos obtidos com as 35 progênies de mangabeira agrupadas de acordo com a variedade botânica, em que foram obtidos índices de 69,66% de diversidade dentro das variedades e 2,8% entre estas. O presente estudo tem caráter preliminar, pois foi realizado com poucos indivíduos provenientes das populações naturais representadas pelas progênies do banco de germoplasma da EA/UFG, contudo, os dados apontam um elevado nível de informatividade associados aos marcadores desenvolvidos. A partir dos dados 10 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 apresentados com estudos de estrutura genética de mangabeira com RAPD (MOURA, 2003; CAPINAN, 2007) pode-se confirmar a alta variabilidade genética da espécie encontrada no presente estudo, em relação à alta diferenciação entre as populações e elevada diversidade entre indivíduos dentro das subpopulações (variedades botânicas). microssatélites Entretanto, possibilitam a estudos obtenção de com marcadores informações moleculares importantes na caracterização das populações, como a heterozigozidade, que permite inferências sobre o sistema reprodutivo da espécie, informações sobre fluxo gênico e fluxo de alelos, por exemplo (HOSBINO et al., 2002). A partir desses dados preliminares, Rodrigues (2009) selecionou os marcadores moleculares microssatélites mais informativos para a avaliação da magnitude e distribuição espacial da variabilidade genética em populações naturais de H. speciosa do Cerrado. Em relação à estrutura genética interpopulacional, em que cada área geográfica foi considerada como uma população, o índice de divergência genética entre as subpopulações (FST = 0,19) revela um alto nível de diferenciação, reforçado pela estimativa do parâmetro análogo NST igual a 0,32. Foi apresentada ainda uma elevada variabilidade dentro das subpopulações (FIS = 0,21), assim como o que foi obtido pelo presente estudo. É importante ressaltar que o índice também confirma o obtido por Moura (2003), pela análise do parâmetro st, análogo ao FST para microssatélites, que revelou um valor de 0,19, idêntico ao obtido por Rodrigues (2009). Na análise das progênies de acordo com a variedade botânica por Rodrigues (2009), o valor encontrado para a estimativa FST (0,058) revela um elevado nível de diferenciação entre as variedades, superior ao encontrado no presente trabalho (0,027). Os valores mostram que a maior variabilidade está entre os indivíduos dentro das variedades (94,17%), e a menor entre elas (5,83%), informações que confirmam os índices obtidos pela análise preliminar (diversidade entre variedades = 2,80% e entre indivíduos dentro de variedades = 69,54%) e o de Moura (2003) com marcadores RAPD, em que a maior diferenciação está entre indivíduos dentro de variedades. Diante dos resultados apresentados por Rodrigues (2009), pode-se confirmar a alta variabilidade genética existente entre populações e entre os 11 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 indivíduos dentro das variedades botânicas. Pode-se autenticar a eficiência de dados obtidos por marcadores microssatélites como ferramenta na caracterização genética da espécie Hancornia speciosa Gomes, em relação a dados de marcadores moleculares RAPD que, mesmo capazes de detectar alta variabilidade nas populações, não oferecem dados informativos para inferências sobre a estrutura genética da espécie. 4 CONCLUSÕES Alto polimorfismo detectado nos indivíduos avaliados como uma única população e em relação as variedades botânicas; Foi detectado elevado número de alelos por loco e de índice de heterozigotos, tanto no estudo dos indivíduos considerados como única população, quanto subdivididos em relação as variedades botânicas; A maior parte da variabilidade encontra-se entre os genótipos e não dentro de indivíduos pela estimativa do FIS quando os indivíduos são considerados como uma população; Para as variedades botânicas das progênies, a maior variação está entre os indivíduos dentro de variedades e a menor entre as variedades, pelas estimativas do FIT (0,72), FIS (0,71) e FST (0,027); Em relação a frutíferas nativas do Cerrado, verifica-se que a maioria dos trabalhos compartilham resultados semelhantes aos encontrados pelo presente estudo; O estudo com mangabeira a partir de locos microssatélites selecionados pelo estudo preliminar de caracterização genética da espécie confirma a alta variabilidade genética existente entre populações e entre os indivíduos dentro das variedades botânicas; O estudo autentica a eficiência de dados obtidos por marcadores microssatélites como ferramenta na caracterização genética da espécie Hancornia speciosa Gomes. 12 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JÚNIOR, E.B. 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