ilhas interdisciplinares de racionalidade: o ensino da

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ILHAS INTERDISCIPLINARES DE RACIONALIDADE: O
ENSINO DA EVOLUÇÃO DOS RÉPTEIS SAURÍSQUIOS USANDO
COMO CONTEXTO O FILME JURASSIC WORD
Thais Angélica Castanho – [email protected]
Eliziane Ribeiro – [email protected]
Eloiza Aparecida Silva Avila de Matos – [email protected]
Awdry Feisser Miquelin – [email protected]
UTFPR - Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia
Ponta Grossa – Paraná
Resumo: As Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade – IIR é uma metodologia de ensino
proposta por Gérard Fourez, sua representação deve trazer melhor compreensão e
capacidade de buscar solucionar problemas relacionados ao cotidiano do educando,
possibilitando uma melhor compreensão e capacidade de decisão diante de uma situação
complexa, proporcionando aos participantes conhecimentos oriundos de inúmeras
disciplinas e, também, dos saberes de vida cotidiana, sendo abordada pelo autor
como Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT). Neste artigo apresentamos como a
metodologia proposta por Fourez, Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade contribui para a
aprendizagem sobre a evolução dos répteis saurísquios utilizando como contexto o filme
Jurassic Word. Participaram do projeto interdisciplinar, 18 alunos, matriculados em uma
turma do 6º ano de uma escola pública do município de Ponta Grossa-Pr. Os resultados
evidenciaram que a metodologia de ensino Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade
atribuiu-se como um meio considerável no ensino de evolução dos répteis saurísquios. O
desenvolvimento do projeto possibilitou os alunos compreender conteúdos científicos de
forma contextualizada.
Palavras-chave: Alfabetização Cientifica e Tecnológica, Ilhas Interdisciplinares de
Racionalidade, Evolução.
1
INTRODUÇÃO
A Zoologia dedica-se ao estudo da diversidade animal e é uma ciência histórica e
descritiva, pois seu completo entendimento se dá somente quando observa-se a perspectiva de
que os animais atuais são produtos de seus ancestrais e que cada um deles tem a sua história,
baseada em observações de características próprias e na sua descrição. Desta forma,
identificar as transformações nas populações de organismos ao longo do tempo e situar as
linhagens, com os seus representantes contemporâneos, são aspectos que facilitam a
aprendizagem atrelada ao conhecimento biológico. Nos currículos escolares, a disciplina de
Zoologia está vinculada às disciplinas de Ciências Naturais no Ensino Fundamental, e à
Biologia no Ensino Médio, e é por meio dela que a história dos animais, em todos os seus
aspectos, deve ser ensinada.
O ensino de Zoologia sobre a óptica da Evolução deve facilitar a compreensão da
biodiversidade, possibilitando ao aluno compreender as relações entre os diferentes grupos de
animais com o ambiente, e que a presença de distintas estruturas, órgãos e sistemas
relacionados com as funções básicas permitem sua adaptação em diversos meios. É necessário
que o aluno entenda que as diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações, que
ocorrem no tempo e no espaço, sendo propiciadoras de transformações no ambiente.
No entanto, é necessário capacitar o educando a ler e entender o mundo, ou seja,
alfabetizá-los cientificamente. Para que isso aconteça Fourez (1997) sugere que seja discutida
no âmbito escolar, uma nova estrutura curricular, em que os conhecimentos sejam baseados
em projetos, embasadas numa metodologia a qual intitula Ilhas de Racionalidade.
As Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade – IIR é uma metodologia de ensino proposta
por Gérard Fourez, sua representação deve trazer melhor compreensão e capacidade de buscar
solucionar problemas relacionados ao cotidiano do educando, possibilitando uma melhor
compreensão e capacidade de decisão diante de uma situação complexa, proporcionando aos
participantes conhecimentos oriundos de inúmeras disciplinas e, também, dos saberes de
vida cotidiana, sendo abordada pelo autor como Alfabetização Científica e Tecnológica
(ACT).
Baseando-se nos aspectos delineados, este trabalho analisou como a metodologia
proposta por Fourez, Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade contribui para a
aprendizagem sobre a evolução dos répteis saurísquios utilizando como contexto o filme
Jurassic Word.
2
ILHAS INTERDISCIPLINARES DE RACIONALIDADE
Segundo Fourez (1997, p. 113) os conhecimentos ensinados na escola são fragmentados.
A escola segundo o autor deve apresentar novas propostas, sugerindo trabalhos que enfatizem
a interdisciplinariedade e a contextualização, que estimulem a problematização e a tomada de
decisões. Segundo Fourez (1992, p. 115) nas ultimas décadas a abordagem Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS), ganhou importância, e neste contexto o tema Alfabetização
Científica se desenvolveu.
Fourez considera uma pessoa alfabetizada cientificamente:
[...] que seus saberes lhe permitam uma certa autonomia (possibilidade de negociar
suas decisões face às diferentes situações sociais e naturais), uma certa capacidade
de se comunicar (achar maneiras de se dizer), e um conhecimento face à situações
concretas da vida cotidiana. Concretas não apenas no sentido material, mas também
na vida afetiva, social, ética e cultural (FOUREZ, 1992, p. 47).
Segundo Fourez (1992, p. 114) as questões mais relevantes, para um cidadão alfabetizado
cientificamente, são os saberes que permitem capacidade de comunicação, e autonomia. O
autor propõe alguns questionamentos na reflexão sobre o termo AC. Uma questão
fundamental para Fourez é como o ensino de ciências está sendo desenvolvido e se ele admite
aos educandos investigar o planeta à sua maneira, e se o mesmo está centralizado em teorias
intrigantes para os alunos.
Neste percurso Fourez (1992, p. 117) procurou designar alguns fundamentos sobre o
que seria indispensável para uma pessoa alfabetizada cientificamente. A primeira concepção é
saber fazer bom uso crítico dos conhecimentos especializados e dos especialistas. O uso
crítico destes conhecimentos também permite reconhecer o momento de abertura do que ele
designou de caixas pretas do conhecimento. Estas caixas pretas, segundo Fourez (1998, p.
121) são representações do mundo que aceitamos sem analisar atentamente seus instrumentos
de funcionamento, como o uso de tecnologias que usamos no dia-a-dia sem raciocinar sobre
os riscos e garantias de seu funcionamento.
Para Fourez (1992, p. 124) saber quando e como abrir as caixas-pretas é fundamental a
uma pessoa alfabetizada cientificamente, e o conhecimento seria o pré-requisito para sua
abertura. Fourez (1992, p. 128) ressalta a relevância dos projetos orientados por modelos
simples para a Alfabetização Científica, os quais nomeou “Ilhas de Racionalidade”.
As etapas de uma IIR, segundo Fourez (1997, p. 119) são:
Etapa 1 - Elaboração de um Clichê da situação estudada: O clichê é o essencial diante do
projeto, ou seja, o ponto de partida da atividade. O resultado desta etapa são os
questionamentos dos alunos, em que eles expressão seus pontos de vista e suas dúvidas.
Etapa 2 - Elaboração de um Panorama Espontâneo: Nesta etapa é amplificado as
circunstâncias do clichê. Essas ações ajudam na direção das escolhas diante do que se quer do
projeto auxiliando na melhoria dos objetivos da metodologia.
Etapa 3 - Consulta aos Especialistas e às Especialidades: É o instante em que a equipe
determina quais especialistas irão consultar. O especialista é um indivíduo que possui um
conhecimento preciso de um determinado contexto. Este momento está ligado à abertura de
caixas pretas, ou seja, concepções ainda inexploradas pelos educandos. Por isso é
significativa a separação e a concordância das indagações que deverão ser aprofundados, e a
forma com que a equipe irá conduzir as consultas aos especialistas e as especialidades, fará
com que o projeto de fato tenha a característica de ser multidisciplinar.
Etapa 4 - Ir à Prática: É a fase mais associada do cotidiano doa aluno, no qual pode haver:
saída de campo, entrevistas, leituras, entre outras práticas.
Etapa 5 - Abertura aprofundada de alguma Caixa Preta para buscar Princípios
Disciplinares: Esta etapa constitui-se em introduzir os conteúdos conceituais para atingir
disciplinas específicas.
Etapa 6 - Esquematizando a situação pensada: É a fase de estabelecer uma junção parcial
ou esquema que descreva o que foi estudado a partir da IIR. Esta etapa específica se pela
exibição do que já foi trabalhado durante o andamento do projeto e exibe os resultados
parciais da pesquisa.
Etapa 7 - Abrir algumas Caixas Pretas sem a ajuda de Especialistas: Nesta fase a equipe
poderá indagar questionamentos, ou caixas pretas, sem a ajuda de especialistas. Esta etapa
evidencia-se como um suplemento das etapas anteriores.
Etapa 8 - Síntese da Ilha Interdisciplinar de Racionalidade: Constitui-se na elaboração de
um texto ou relato do que foi instituído durante a intervenção do projeto, tomando o cuidado
de não contemplar unicamente uma disciplina.
3
O FILME JURASSIC WORD E O ENSINO DE EVOLUÇÃO DOS RÉPTEIS
No final do Carbonífero, surgiu um grupo de animais que poderia dominar a vida em
Terra, os amniotas. Descendentes dos reptiliomorfos, essas foram as primeiras criaturas a
proteger seus embriões em uma estrutura selada chamada ovo amniótico. A evolução do ovo
amniótico foi provavelmente a chave do desenvolvimento que permitiu aos tetrápodes a
conquista do ambiente terrestre. Amniotas formaram dois grandes grupos: sinápsidos
(mamíferos e seus parentes fósseis) e répteis. Muitos, mais tarde, dispensaram o ovo e
retiveram os embriões internamente, proporcionando-lhes maior proteção (POUGH, JANIS &
HEISER, 2003, p. 437).
Durante o Paleozóico e o Mesozóico, o clado dos amniotas, chamado répteis, dominou a
vida na Terra. Na forma de aves, serpentes e lagartos, os répteis formam o mais bem-sucedido
grupo de amniotas que existem. O final do Permiano viu o aparecimento dos arcossauros ou
répteis reinantes, um grupo que inclui dinossauros, aves, pterossauros, crocodilos e seus
parentes, que evoluíram e diversificaram-se em dois clados, ambos com representantes nos
dias de hoje. Ornitódiros incluíam pterossauros, dinossauros e aves. Crocodilotársios, o grupo
dos crocodilos, inclui numerosos grupos extintos, bem como os ainda existentes (HICKMAN,
ROBERTS & LARSON, 2004, p. 434).
A Era Mesozóica é comumente chamada de “A Era dos Dinossauros”, porque, por mais
de 150 milhões de anos, um único grupo muito diversificado de répteis dominou a vida na
Terra. Os primeiros dinossauros foram, provavelmente, caçadores bípedes menores do que um
cão, mas eles logo se desenvolveram em uma ampla variedade de formas e tamanhos e se
espalharam pelo mundo. Nesse período, variavam no tamanho, desde gigantes como uma
baleia até animais pequenos como uma ave. Nenhuma espécie individual de dinossauro durou
mais do que poucos milhões de anos (POUGH, JANIS & HEISER, 2003, p. 439).
Todos os dinossauros pertenciam a um de dois grupos – saurísquios (cintura pélvica de
lagarto), ou ornistísquios (cintura pélvica de ave). As características- chaves dos saurísquios
compreendem um pescoço alongado, o segundo dedo da mão longo e cavidades nos ossos que
abrigavam sacos preenchidos de ar conectados com os pulmões. Saurísquios primitivos
tinham um osso púbico que apontava para a frente, como em outros amniotas. Essa foi uma
característica primitiva herdada dos mais antigos dinossauros ancestrais dos saurísquios. Os
saurísquios abrangem grupos especializados tanto para o estilo de vida herbívoro quanto para
o carnívoro, e sobreviveram ao evento de extinção do final do Cretáceo na forma de aves
(HICKMAN, ROBERTS & LARSON, 2004, p. 503).
O filme Jurassic Word apresenta modelos realísticos, mostrando as formas, as cores e o
meio de defesa prováveis dos dinossauros. O desenvolvimento da Ilha Interdisciplinar de
Racionalidade usando como contexto o filme Jurassic Word, foi em propor o estudo do grupo
de dinossauros saurísquios, e conduzir os estudantes à compreensão das relações de
parentesco entre este grupo, e a evolução por adaptação e por seleção natural.
Diante disso, Almeida & Falcão (2010, p. 658), mencionam que os discentes entendem a
evolução dos animais como progresso, tendo uma visão de superioridade dos vertebrados em
relação aos invertebrados devido ao entendimento de evolução como progresso, ideia
fundamentada, portanto, em uma concepção errônea.
Segundo Oliveira et al., (2011, p. 26) é necessário que os alunos entendam que os grupos
animais são formados quando há uma modificação (mutação) nas características de
determinadas espécies, culminando na produção de outras com características novas. De
acordo com o que prescrevem os PCN (BRASIL, 1999, p. 69), na mesma proporção da
importância desse conteúdo, estão as dificuldades de ensino e aprendizagem, pois os
conceitos de evolução são complexos e abstratos.
O papel do pensamento evolutivo é como um eixo organizador do ensino de ciências, em
que a história dos seres vivos deve ser abordada com o intuito de permitir aos estudantes o
entendimento das relações de parentesco entre os grupos, em que sejam destacadas
explicações evolucionistas, que colaborem com o entendimento da evolução das espécies
(TIDON &VIERA, 2009, p. 128).
A aprendizagem no ensino de ciências norteada pela Teoria Evolutiva, propicia aos
discentes a percepção do processo de transformação que gerou a diversidade de animais
conhecida atualmente, levando em consideração, nesse contexto, a história evolutiva.
Indubitavelmente, essa abordagem insere os educandos em um aprendizado coerente,
dinâmico e significativo (LOPES; FERREIRA & STEVAUX, 2007, p. 269).
Segundo Fourez (1997, p. 123) é necessário capacitar o educando a ler e entender o
mundo, ou seja, alfabetizá-los cientificamente. Para que isso ocorra o professor e a escola,
devem ter como objetivo principal a formação de sujeitos críticos e reflexivos, sendo
necessárias mudanças no ambiente escolar e nas práticas pedagógicas. As práticas
educacionais devem ser orientadas por perspectivas filosóficas que considerem a
individualidade dos educandos, e o contexto em que a educação se desenvolve.
4
CAMINHO DA PESQUISA
Participaram do projeto interdisciplinar, 18 alunos, matriculados em uma turma do 6º ano
de uma escola pública do município de Ponta Grossa-Pr.
Etapa 1 – Elaboração do clichê da situação estudada: Para esta etapa dispomos a
sala, para que os alunos assistirem ao filme Jurassic Word, e pedimos para que cada um dos
educandos registrasse as duvidas e questionamentos de informações que não compreenderam
na passagem do filme. No decorrer da atividade percebemos conceitos satisfatórios e
equivocados relativos as informações contidas no filme. Segundo afirma Fourez (1997, p.
115) esta situação é absolutamente compreensível, pois estamos num estágio de sondagem
dos conhecimentos espontâneos.
Etapa 2 - Elaboração de um panorama espontâneo: Neste momento selecionamos as
dúvidas mais convenientes apontadas no clichê e identificamos disciplinas, e especialista para
ajudar responder tais indagações. As disciplinas evocadas para contribuir com o andamento
do projeto foram: ciências, geografia, filosofia e artes. Além disso, especificamos a presença
de um especialista na área de paleontologia. Fourez (1997, p. 118) explica que esta etapa é
uma ampliação do clichê e acontece ainda de forma extremamente espontânea, pois não há a
presença de especialistas.
Etapa 3 - Consulta ao especialista: Tivemos palestra com um paleontólogo, esse
especialista busca entender a diversidade e o desenvolvimento da vida no passado da Terra. O
especialista partiu das caixas pretas, ou seja, das dúvidas dos estudantes apontadas na etapa1.
Questionamentos direcionados ao especialista: a) Como são encontrados os fósseis? b) Como
sabem de qual animal são os ossos encontrados? c) Quais foram os fósseis encontrados na
nossa região? d) Foi encontrado fóssil de dinossauro?
Etapa 4 - Indo à prática: Fomos para o campo fotografar e identificar as espécies de aves
existentes. Essa atividade foi a mais interessante para os alunos, onde eles conseguiram
observar a diversidade de espécies de aves que existe, pois embora os répteis que imaginamos
como dinossauros tenham se extinguido há mais de 65 milhões de anos, seus prováveis
descendentes, as aves, sobreviveram. Por todo o Cenozóico, elas se desenvolveram,
diversificando-se em diferentes espécies adaptadas para viver em quase todas as partes do
mundo. Hoje, as aves prosperam suas 9.920 espécies atuais, entretanto, inúmeras espécies de
aves do Cenozóico não resistiram até os dias de hoje. Muitas são ainda desconhecidas, mas
todas as aves fósseis do Cenozóico descobertas até agora pertencem ao mesmo grande grupo
de aves atuais, os Neornithes (novas aves). Suas características distintivas são um bico
córneo, sem dentes, ossos dos membros fusionados e um coração eficiente com quatro
câmaras para ajudar o rápido movimento dos músculos durante o vôo.
Etapa 5 - Abertura aprofundada de alguma caixa preta para buscar princípios
disciplinares: Estudamos questões conceituais de geografia, ciências e filosofia. Esses
conteúdos foram trabalhados a partir dos apontamentos feitos pelos estudantes na etapa 1.
No conteúdo de geografia foi estudado sobre a origem da Terra, as eras geológicas, e a
tectônica de placas. No conteúdo de ciências foi abordado sobre as características gerais dos
répteis, as mudanças que ocorreram para adaptação ao ambiente terrestre, como locomoção,
retenção de água, respiração, alimentação, reprodução e extinção das espécies ancestrais. No
conteúdo de filosofia foi trabalhado o conceito ética e clonagem.
Etapa 6 - Esquematizando a situação pensada: Nesta fase fizemos uma pesquisa
direcionada. Foi distribuída para cada um dos alunos uma espécie de dinossauro, e indicado a
pesquisa nos sítios selecionados. Eles deveriam buscar o máximo de características e hábitos
de vida do seu animal, eles também pesquisaram uma imagem da espécie estudada. Após a
pesquisa os alunos preencheram uma ficha com os dados do dinossauro pesquisado, e
apresentaram em sala na forma de seminários.
Etapa 7 - Abrir alguma caixa preta sem ajuda de especialistas: Nas aulas de
ciências abordamos a respeito da origem e evolução dos répteis. As seguintes questões
foram provenientes dos apontamentos da etapa 1: a) Todos os dinossauros foram extintos? b)
Ficou algum descendente dos dinossauros?
Etapa 8 - Elaborar uma síntese da Ilha de Racionalidade produzida: Na fase final criamos
um livro didático essa interação se deu mediante o uso de técnicas de pop-up, dobraduras, e
outros elementos que permitirão a manipulação das páginas do livro pelo leitor.
Para a elaboração do livro os alunos tiveram que buscar informações em todos os
conteúdos trabalhados. Nas aulas de ciências pesquisamos sobre as características principais
dos répteis saurísquios e como esses animais sobreviveram ao evento da extinção no final do
Cretáceo em forma de aves. Os alunos usaram as aulas de artes para fazer os desenhos que
compõem o livro.
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A metodologia de ensino Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade atribuiu-se como um
meio considerável no ensino de evolução dos répteis saurísquios. O desenvolvimento do
projeto possibilitou os alunos compreender conteúdos científicos de forma contextualizada.
Concatenado ao exposto, é mister enfatizar que as ferramentas estimulantes, que
promovam relações entre o que é familiar e o que ainda é desconhecido, tornam mais fácil o
acesso aos conteúdos científicos abstratos, constituindo-se em materiais potencialmente
significativos. Em meio a esse processo, as atividades desenvolvidas através da Ilha
Interdisciplinar de Racionalidade permite preencher as lacunas deixadas pelas aulas
tradicionais (FOUREZ, 1997, p. 126), possibilitando trabalhar conteúdos de forma
diferenciada, onde o discente participa, de modo mais ativo, do processo de ensinoaprendizagem (OLEQUES, BARTHOLOMEI-SANTO & BOER, 2011, p. 251).
Segundo Sepulveda & El-Hani (2009, p. 36), os avanços na genética e na paleontologia
têm mostrado quão complexos é a relação de parentesco entre as espécies vivas e fósseis. A
evolução não é tão simples como anteriormente se pensava, os organismos não evoluem como
o avanço pelos degraus de uma escada, ou por uma progressão em cadeia. Ao invés disso, à
medida que novas espécies evoluem das mais antigas, estas tendem a se ramificar e se
diversificar formando padrões complexos semelhantes aos ramos de um arbusto.
A evolução era tradicionalmente considerada como o aumento da complexidade, mas isso
nem sempre é correto. Alguns seres vivos têm se tornado menos complexos com o passar do
tempo ou perderam estruturas complexas que estavam presentes nos seus ancestrais
(RIDLEY, 2006, p. 46).
Segundo Costa, Melo & Teixeira (2011, p. 119), as atividades que envolvam a história
evolutiva dos organismos podem ser utilizadas com os alunos colocando-os em contato
constante com o pensamento evolutivo, e aproximando o tema a situações e problemas
inerentes ao cotidiano discente. Nesse ínterim, o papel do educador não é de impor um
conhecimento, e sim de apresentar, ao educando, novas formas de aprendizagem.
E, segundo os autores supracitados (COSTA, MELO & TEIXEIRA, 2011, p. 121), desde
que a evolução ganhou centralidade nas Ciências Biológicas, muitos pesquisadores passaram
a reconhecer a importância deste ramo do conhecimento nas disciplinas escolares. Isso é
evidenciado ao serem observarmos os documentos curriculares oficiais, Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) (BRASIL, 1996, p. 66) e os Parâmetros curriculares nacionais (PCN, 1998, p.
62) como citado por outros autores, tais como Farias, Bessa & Arnt (2012, p. 373), Oliveira et
al., (2011, p. 23), Oliveira & Bizzo (2010, p. 64), Silva-Porto (2008, p. 123), os quais
reafirmam a importância do ensino de evolução no ambiente escolar.
Segundo Oleques, Bartholomei-Santos & Boer (2011, p. 256), na perspectiva de melhorar
o ensino, é importante que o professor busque por recursos simples e agradáveis que possam
interessar seus alunos e dar ênfase ao assunto abordado, permitindo que os conteúdos
desenvolvidos sejam de fácil compreensão.
Diante disso a metodologia Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade proporcionou aos
discentes obter informações, compreende-las e transformá-la em saber significativo, pois nos
livros pop-up produzidos ao final do projeto eles conseguiram explicitar, através das imagens
e dos textos como os répteis saurísquios sobreviveram ao evento da extinção no final do
Cretáceo na forma de aves. Através da elaboração dos livros pop-up os discentes perceberam
que os organismos mudam através do tempo para se adaptar aos novos ambientes ou modos
de vida, dando origem a novas espécies, e que a herança de caracteres pelos descendentes é o
principal componente das mudanças evolutivas. Também conseguiram observar que a
variação natural esta presente em todos os animais, e que todos os indivíduos diferem uns dos
outros geneticamente e, portanto, em sua anatomia e comportamento, e que a seleção natural é
o mecanismo que escolhe uma ou outra destas variações. Analisarão como os indivíduos
competem com outros organismos por alimento e território e lutam para evitar predadores e
sobreviver a extremos de clima, e aqueles que melhor transmitirem seus genes, sobrevivem,
encontram um parceiro e procriam, terão suas características herdadas pelas futuras gerações.
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade constituiu-se como uma metodologia
significativa para trabalhar conteúdos complexos. Durante o desenvolvimento do projeto os
discentes assimilaram conteúdos conceituais importantes sobre evolução dos répteis
saurísquios de forma contextualizada, onde conseguiram perceber, que todos os animais
mudam ou evoluem através das gerações, e que esse fato pode ser visto nas populações de
animais viventes, bem como através dos fósseis.
Ao final do projeto evidenciamos os objetivos da Alfabetização Científica e Tecnológica,
pois os resultados apresentados por meio da elaboração do livro pop-up mostrou que os
alunos conseguiram expressar a sua aprendizagem.
7
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INTERDISCIPLINARY ISLANDS OF RATIONALITY: TEACHING EVOLUTION
OF SAURISCHIA REPTILES USING AS A CONTEXT THE MOVIE JURASSIC
WORD
Abstract: The Interdisciplinary Islands of Rationality - IIRs is a teaching methodology
proposed by Gérard Fourez, its representation should bring better understanding and ability
to seek to solve problems related to the student's everyday life, enabling a better
understanding and decision in front of a complex situation, providing participants with
knowledge from many disciplines and also the knowledge of daily life, being addressed by the
author as Scientific and Technological Literacy (STL). In this article we present how the
methodology proposed by Fourez, Interdisciplinary Islands of Rationality contributes to
learning about the evolution of Saurischia reptiles using as a context the movie Jurassic
Word. Eighteen students enrolled in a class of 6th grade in a public school in the city of
Ponta Grossa-PR participated in the interdisciplinary project. The results showed that the
teaching methodology of Interdisciplinary Islands of Rationality has set itself as a
considerable resource in teaching Saurischia reptiles evolution. The development of the
project enabled the students to understand scientific content in a contextualized way.
Key-words: Scientific and Technological Literacy, Interdisciplinary Islands of Rationality,
Evolution.
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