UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ KELIENE MARIA SOUSA DE JESUS UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO ELETROMAGNÉTICO DE UM REATOR ELÉTRICO TRIFÁSICO 2/2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO ELETROMAGNÉTICO DE UM REATOR ELÉTRICO TRIFÁSICO KELIENE MARIA SOUSA DE JESUS Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Mecânica da UFPA, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro, orientado pelo Prof. Dr.Newton Sure Soeiro. 2/2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO ELETROMAGNÉTICO DE UM REATOR ELÉTRICO TRIFÁSICO Keliene Maria Sousa de Jesus Avaliado por: Conceito:______________________________ Prof. Dr Newton Sure Soeiro _____________________________________ Conceito:_____________________________ Prof Dr Gustavo da Silva Vieira de Melo _____________________________________ Conceito:______________________________ Eng. Esp. Luiz Otávio Sinimbú de Lima _____________________________________ Conceito:____________________________ Eng.Alan Rafael Menezes do vale _____________________________________ Julgado em: 17 /02 / 2006 Conceito: ________________________ 1/2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Ao meu filho João Vitor, a minha mãe e aos meus irmãos. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ AGRADECIMENTOS • A Deus, que sempre me ilumina e me dá forças para enfrentar certas dificuldades da vida • Ao Professor Doutor Newton Sure Soeiro pela orientação, e contribuições não apenas na elaboração deste trabalho, como também na minha formação acadêmica. • Ao Grupo de Vibrações e Acústica da UFPA. • À Banca Examinadora, pela presteza no julgamento deste trabalho. • À empresa ELETRONORTE pelo fornecimento de materiais didáticos e de seus computadores que muito importante na elaboração deste trabalho. • Meus familiares que sempre me deram apoio e incentivo. • Ao Engº Mecânico Luiz Otávio Sinimbú de Lima pela preocupação em conseguir recursos tais como computadores e softwares que foram fundamentais na obtenção dos resultados desse trabalho. • A todas as pessoas não citadas, mas que de alguma forma me ajudaram nesses cinco anos de graduação. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ SUMÁRIO Pág CAPÍTULO 1-INTRODUÇÃO 1.1 Introdução Geral................................................................................................... 1 1.2 Objetivo Geral....................................................................................................... 2 1.3 Objetivo Específico............................................................................................... 2 1.4 Estrutura do Trabalho.......................................................................................... 3 1.5 Descrição do Objeto de Estudo (Reator Elétrico Trifásico)................................. 3 1.5.1 Introdução................................................................................................. 4 1.5.2 Descrição geral.......................................................................................... 5 1.5.3 Partes constituintes................................................................................... 6 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA 2.1 Eletromagnetismo................................................................................................. 8 2.2 Magnetismo........................................................................................................... 9 2.2.1 Campo Elétrico (E) .................................................................................. 10 2.2.2 Campo Magnético (H).............................................................................. 11 2.2.2.a Campo Magnético Produzido por uma Corrente....................... 11 2.2.2.b Campo Magnético e Vetor de Indução....................................... 13 2.2.2.c Campo Magnético (H) em uma Espira Circular........................ 14 2.2.2.d Campo Magnético (H) em um Solenóide.................................... 15 2.2.3 Densidade Superficial de Fluxo Magnético ............................................. 16 2.2.4 Fluxo Magnético e Densidade de Fluxo Magnético................................. 17 2.2.5 Permeabilidade Magnética....................................................................... 18 2.2.5.a Permeabilidade Magnética dos Materiais Ferromagnéticos...... 18 2.2.6 Forças Magnéticas.................................................................................... 19 2.2.6.a Regras para Determinar o Sentido das Forças........................... 19 2.2.6.b Força Magnética Sobre Correntes.............................................. 21 2.2.6.c Força Magnética Sobre Fios de Comprimento Infinitesimal..... 22 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 2.2.6.d Força Magnética Sobre Fios Possuindo Correntes..................... 23 2.2.7 Exemplo de Cálculo da Força Magnética................................................ 25 2.3 Magnetostática....................................................................................................... 30 2.3.1 As Equações de Maxwell.......................................................................... 30 2.3.2 As Equações de Maxwell na Magnetostática........................................... r r 2.3.2.a A Equação rot H = J ............................................................... r r 2.3.2.b A Equação div B = 0 ................................................................. r r 2.2.6.c A Equação rot E = 0 ................................................................. 31 31 33 33 CAPÍTULO 3 - MODELAGEM DO REATOR 3.1 Introdução ao Método de Elementos Finitos e Apresentação do Software Ansys....................................................................................................................... 34 3.1.1 Análise de Elementos Finitos (FEA)......................................................... 34 3.1.2 Etapas Básicas da Análise......................................................................... 35 3.2 Análise Magnetoestática Através do Método de Elementos Finitos...................... 37 3.3 Análise Magnética Estática para um Modelo Bi-Dimensional.............................. 41 3.4 Análise Magnética Estática para um Modelo Tri-Dimensional............................. 48 CAPÍTULO 4 - ANÁLISE MAGNÉTICA PARA O REATOR 4.1 Análise dos Resultados........................................................................................... 54 4.1.1 Definição do Modelo do Reator................................................................ 54 4.1.2 Construção do Modelo do Reator............................................................ 56 4.1.3 Definição dos Elementos e Propriedades do Material............................ 57 4.1.4 Malhagem do Modelo............................................................................... 58 4.1.5 Geração das Bobinas................................................................................. 59 4.1.6 Aplicação das Condições de Carregamento............................................ 51 4.1.7 Obtenção da Solução................................................................................ 62 4.1.7.a Método de solução..................................................................... 62 4.2 Modelo Bidimensional do Reator.......................................................................... 62 4.2.1 Vetores de Fluxo Magnético...................................................................... 62 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 4.2.2 Contornos de Fluxo Magnético................................................................ 63 4.2.3 Gráfico do Fluxo de Linha no Modelo..................................................... 63 4.2.4 Distribuição dos Vetores de Força............................................................ 64 4.2.5 Contornos de Força................................................................................... 64 4.2.6 Cálculo da Força Total Atuando na Armadura........................................ 65 4.3 Modelo Tridimensional do Reator.......................................................................... 65 4.3.1 Vetores de Fluxo Magnético...................................................................... 65 4.3.2 Contornos de Fluxo Magnético................................................................ 66 4.3.3 Distribuição dos Vetores de Força Atuando na Armadura...................... 66 CAPÍTULO 3-MODELAGEM DO REATOR 5.1 Conclusões............................................................................................................... 68 5.2 Recomendações para Trabalhos Futuros................................................................ 69 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 70 ANEXO 71 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ LISTA DE FIGURA Pág Figura 2.1 Comportamento de limalha de ferro após a retirada de um imã..................... 8 Figura 2.2 Distribuição vetorial do campo elétrico envolvendo uma carga elétrica....... 10 Figura 2.3 (a) Campo magnético gerado por pólos oposto de um imã (b) Campo 11 magnético por pólos de dois imãs.................................................................. Figura 2.4 A Lei de Biot-Sarvat expressa a intensidade e campo magnético dH 12 produzido por um elemento diferencial de corrente de corrente IdL............. Figura 2.5 Direção do campo usando a regra da mão direita........................................... 12 Figura 2.6 Distribuição de linhas de campo magnético no interior de uma espira.......... 13 Figura 2.7 Campo magnético para um solenóide retilíneo.............................................. 14 Figura 2.8 Linhas de forças de campo nos espaços compreendidos entre as espiras...... 15 Figura 2.9 Condutor retilíneo percorrido por uma corrente............................................. 16 Figura 2.10 Fluxo magnético em superfície S plana.......................................................... 17 Figura 2.11 Fluxo magnético em uma superfície S não – plana........................................ 17 Figura 2.12 Regra dos três dedos da mão direita............................................................... 19 Figura 2.13 Regra da palma da mão direita....................................................................... 21 Figura 2.14 Força magnética sobre um fio........................................................................ 21 Figura 2.15 Força magnética sobre um segmento. ............................................................ 22 Figura 2.16 Força sobre um fio com qualquer curvatura................................................... 24 Figura 2.17 Solenóide de geometria cilíndrica………………………………………….. 25 Figura 2.18 Gráfico da corrente elétrica variando no tempo e o espectro de freqüência.. 29 Figura 2.19 Origem do campo magnético: (1) corrente; (2) Imã permanente................... 30 Figura 2.20 Fio infinito percorrido por uma corrente........................................................ 32 Figura 3.1 Entidade de modelos sólidos usados no ANSYS. ......................................... 35 Figura 3.2 Representação de um sólido e um modelo malhado no ANSYS. .................. 36 Figura 3.3 Modelo 2-D do solenóide atuador. ................................................................ 42 Figura 3.4 Modelo numérico do solenóide atuador. ....................................................... 42 Figura 3.5 Geometria do elemento PLANE 13................................................................ 43 Figura 3.6 Definição das propriedades no propriedades no modelo numérico................ 44 Figura 3.7 Modelo malhado............................................................................................. 44 Figura 3.8 Definição da componente armadura............................................................... 45 Figura 3.9 Aplicação do carregamento............................................................................ 45 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.10 Distribuição das linhas de densidade de fluxo............................................... 46 Figura 3.11 Distribuição dos vetores de densidade de fluxo............................................. 46 Figura 3.12 Distribuição de fluxo no modelo completo do atuador.................................. 47 Figura 3.13 Distribuição da força na armadura do atuador................................................ 47 Figura 3.14 Resultados da força total que atua na armadura............................................. Figura 3.15 Modelo do solenóide atuador.......................................................................... 48 Figura 3.16 Modelo numérico do solenóide atuador sem a região do ar........................... 49 Figura 3.17 Geometria usada na análise considerando a região do ar............................... 49 Figura 3.18 Curva B-H usada para todos os componentes exceto o ar.............................. 50 Figura 3.19 Discretização do modelo................................................................................ 50 Figura 3.20 Modelo numérico completo e a bobina.......................................................... 51 Figura 3.21 Condições de carregamento na arma.............................................................. 51 Figura 3.22 Vetores do fluxo magnético............................................................................ 52 Figura 3.23 Contornos do fluxo magnético....................................................................... 53 Figura 3.24 Resultados da força que atua na armadura do solenóide................................ 53 Figura 4.1 Modelo numérico da armadura e as chapas de aço silício.............................. 56 Figura 4.2 Modelo numérico representado a região do ar............................................... Figura 4.3 Geometria do SOLID96.................................................................................. 57 Figura 4.4 Curva B-H do aço silício................................................................................ 58 Figura 4.5 Discretização do ar......................................................................................... 58 Figura 4.6 Discretização da armadura e chapas de aço silício......................................... 59 Figura 4.7 Geometria do elemento SOURCE 36............................................................. 60 Figura 4.8 Bobinas usadas na modelagem numérica....................................................... 60 Figura 4.9 Bobinas destacando os sentidos das correntes................................................ 61 Figura 4.10 Condições de carregamento na armadura....................................................... 61 Figura 4.11 Distribuições de vetores de fluxo magnético.................................................. 62 Figura 4.12 Contornos de fluxo magnético........................................................................ 63 Figura 4.13 Fluxo de linhas no modelo............................................................................. Figura 4.14 Distribuição dos vetores de forças.................................................................. 64 Figura 4.15 Contornos de forças no modelo...................................................................... Figura 4.16 Cálculo da força total...................................................................................... 65 Figura 4.17 Distribuição dos vetores de densidade de fluxo magnético............................ 65 48 57 63 64 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 4.18 Contornos de densidade de fluxo magnético.................................................. 66 Figura 4.19 Distribuição dos vetores de força................................................................... 66 Figura 4.20 Cálculo da força total atuando na armadura................................................... 67 LISTA DE TABELAS Pág Tabela 1.1 Especificações técnicas do reator elétrico trifásico................................ 5 Tabela 2.1 Relação B-H para materiais ferromagnéticos.......................................... 26 Tabela 3.1 Propriedades dos materiais que constituem o núcleo do reator............... 43 Tabela 4.1 Parâmetros usados para a construção das bobinas.................................. 59 LISTA DE FLUXOGRAMA Pág Fluxograma 2.1 Diagrama sobre a divisão do eletromagnetismo em domínio de baixas e 10 altas freqüências........................................................................................ LISTA DE FOTOS Pág Foto 1.1 Foto de reator derivação trifásico............................................................ 4 Foto 4.1 Fotos do reator e do núcleo magnético na fábrica................................... 55 Foto 4.2 Fotos do núcleo magnético...................................................................... 55 Foto 4.3 Fotos da chapas de aço silício................................................................. 56 SIMBOLOGIA φ Fluxo Magnético µ Permeabilidade magnética ℜT Relutância Total ℜg Relutância do entreferro ℜs Relutância da luva UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ RESUMO Dentro do atual cenário do sistema elétrico brasileiro, em que o consumo de energia elétrica aumenta a cada dia, necessitando de novos e urgentes investimentos em geração e transmissão de energia, aumenta cada vez mais a importância do domínio e conhecimento operacional dos equipamentos de potência, evitando assim interrupções (não-programadas e intempestivas) no fornecimento de energia elétrica (SOEIRO et al. 2005). Em virtude disso, se fez necessário realizar um estudo a fim de caracterizar o comportamento eletromagnético de reatores derivações encontrados nas subestações da Região Norte. Nos últimos anos, foram realizados estudos que comprovaram que os núcleos desses tipos de reatores provocam forças que atuam nas paredes dos mesmos, fazendo com que, dentre outros fatores sejam responsáveis pelo elevado nível vibração e ruído transportados via fluido e estrutura, presente nesses equipamentos. Dessa forma, esse modela um reator através do método de elementos finitos usando o software ANSYS para a determinação da força eletromagnética, haja vista que a caracterização do campo magnético é muito importante, pois eventuais falhas podem estar relacionadas com o comportamento do campo magnético. Além disso, esse trabalho gera resultados que poderão ser aplicados em uma modelagem vibro-acústica completa, levando em consideração os efeitos eletromagnéticos. Palavras – chaves: Reatores, Análise eletromagnética, Elementos Finitos, Força Eletromagnética, CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 1.1 - Introdução Geral Nos últimos anos na região norte, assim como em todo o país, o consumo de energia elétrica vem crescendo em decorrência da necessidade de levar este recurso para áreas que até então se encontravam desprovidas deste serviço. A ELETRONORTE empresa UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ responsável pelo sistema de transmissão de energia na região, vem desenvolvendo inúmeros trabalhos, a fim de atender a demanda de energia que lhe é exigida, garantindo qualidade na prestação de seus serviços. Sabe-se que nas subestações da região, diversos são os equipamentos responsáveis pelo sistema de transmissão e geração de energia, dos quais pode-se destacar os de potência como reatores elétricos e transformadores considerados equipamentos essenciais para o sistema elétrico (SOEIRO et al., 2002). Neste trabalho tratar-se-á mais especificamente dos reatores elétricos, que são empregados para controlar as tensões nos barramentos (cabos ou barras que servem para interligar linhas dentro de uma subestação), em regime permanente e para redução das sobretensões, provocadas pela formação de um capacitor entre a terra, o ar e a linha de transmissão, além dos surtos de manobra, que são mudanças bruscas no regime energético. Tais equipamentos são usados também na compensação de reativos ou redução de corrente de curto-circuito. Com base em um levantamento histórico sobre os reatores elétricos da subestação de Ruropólis, constatou-se que esses equipamentos vêem apresentando problemas operacionais e estruturais, decorrentes dos elevados níveis de vibrações e ruídos. Tais problemas estão relacionados com a excitação eletromagnética do núcleo, pois a não linearidade da lei da magnetostricção explica a presença de harmônicos na vibração do núcleo. Dessa forma quando um determinado reator é ligado a uma rede elétrica de freqüência “f”, o núcleo do mesmo fica sujeito a uma vibração mecânica complexa de freqüência 2f. Essa vibração resulta da superposição de vibrações senoidais cujas freqüências são harmônicas pares (120-240-480...Hz) da freqüência da linha elétrica em 60Hz (GUARALDO et al., 1997). Vale ressaltar também que o ruído audível é causado UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ principalmente pela magnetostricção do núcleo, pois os harmônicos das vibrações podem ser perceptível ao ouvido humano. Com base nisso, se faz necessária realizar uma modelagem de um reator elétrico, com o intuito se caracterizar preliminarmente o comportamento eletromagnético desse equipamento. Essa modelagem foi feita através o método de elementos finitos (MEF) usando o software ANSYS. Esse método é um procedimento numérico usado para resolver problemas da engenharia na área da mecânica dos sólidos, mecânica dos fluidos, campo elétrico, condução de calor, magnetostática, etc. Na análise eletromagnética do reator, foi definido um modelo numérico que representa apenas um quarto da geometria original, considerando as três bobinas, onde por simetria os resultados serão rebatidos para o modelo completo. A análise estática do modelo foi baseada nos princípios da magnetostática, usando as equações de Maxwell para determinar o campo magnético, a densidade de fluxo magnético e a força magnética provocada pelo núcleo do reator. Dessa forma, os valores obtidos de força são os valores RMS, porém, como no caso real o reator funciona com corrente é alternada, o valor de pico da força, pode ser calculado através da formulação ( Fpico = Frms X 2 ) . 1.2 - Objetivo Geral Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo preliminar sobre a caracterização do comportamento eletromagnético de um reator elétrico trifásico, através do método de elementos finitos, com o intuito de determinar a força eletromagnética que atua na estrutura do mesmo. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 1.3 - Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalho consistem em: • Fazer um breve estudo sobre os fenômenos eletromagnéticos; • Definir as principais características físicas do reator e fazer um levantamento das informações técnicas que serão usadas na modelagem; • Definir um modelo numérico que melhor represente o caso a ser analisado, respeitando os recursos computacionais disponíveis; • Realizar uma análise magnética estática, a fim de determinar as forças que atuam na estrutura do reator, oriundas da excitação eletromagnética. 1.4 - Estrutura do Trabalho Esse trabalho está disposto de 5 capítulos, os quais serão, a seguir, brevemente comentados. Capítulo 1 - Toda a primeira parte desse trabalho é uma introdução. Seu objetivo principal é despertar o interesse do leitor e deixá-lo a par do tema que será discutido, mostrando ainda a importância que o trabalho tem para o sistema elétrico da região. Neste capítulo, faz - se um breve comentário sobre a importância de se fazer um estudo para caracterizar o comportamento eletromagnético do núcleo dos reatores elétricos, usando o método de elementos finitos. Além disso, este capítulo define toda a metodologia que será desenvolvida no trabalho para que se obtenham os resultados esperados. Por fim, será mostrado o funcionamento dos reatores elétricos trifásicos, com suas partes constituintes, a fim de esclarecer as dúvidas existentes sobre tais equipamentos. Capítulo 2 - Neste capítulo, partes dos princípios estudados estarão relacionados com os fenômenos eletromagnéticos, em particular, o princípio de campo magnético produzido pelas correntes elétricas em sua definição e efeitos. Esse estudo se faz necessário, pois serve de base para compreensão da teoria existente na realização de uma análise eletromagnética UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ usando o método de elementos finitos, discutida nesse trabalho. Dessa forma, serão mostradas as equações de Maxwell que sustentam a teoria da magnetostática, considerando as condições de contorno necessárias para a obtenção dos resultados corretos. Capítulo 3 - Esta parte constitui verdadeiramente o problema em questão, e está subdividida em três partes: a primeira, que versa sobre a teoria de elementos finitos voltada para análises eletromagnéticas, seguindo a parte que destaca dois exemplos para determinação da força magnética em um problema bidimensional e um segundo tridimensional, ressaltando que todos esses exemplos foram relevantes para a aplicação do caso real. Em uma última parte desse capítulo, será mostrada a modelagem completa do reator, definindo sua geometria, a discretização do modelo e a resolução da análise propriamente dita. Capítulo 4 - Nesta seção, serão mostrados os resultados da análise eletromagnética através do método de elementos finitos, usando o software ANSYS. Esses resultados serão ilustrados com figuras e tabelas possibilitando uma melhor visualização e compreensão dos mesmos. Capítulo 5 - Este é um capítulo onde serão discutidos os resultados obtidos durante a análise. As discussões serão feitas com base nas teorias estudadas sobre os fenômenos eletromagnéticos, de onde sairão conclusões que ajudarão na elaboração de outros trabalhos. 1.5 – Descrição do Objeto de Estudo (Reator Elétrico Trifásico) 1.5.1 - Introdução Em sistemas de potência, os reatores de derivação são empregados para controlar as tensões nos barramentos (cabos ou barras que servem para interligar linhas dentro de uma subestação), em regime permanente e para redução das sobretensões, provocadas pela formação de um capacitor entre a terra, o ar e a linha de transmissão, além dos surtos de manobra, que são mudanças bruscas no regime energético. Tais equipamentos são usados também na compensação de reativos ou redução de corrente de curto-circuito. Isto é conseguido com reatores com núcleo de ar ou com reatores com núcleo de ferro e entreferros (Ver Fig 1.1). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Foto1.1 - Reator derivação trifásico na base de operação. Os reatores possuem normalmente núcleo de ar, o qual pode estar colocado em um meio refrigerante de óleo ou mesmo de ar, e podem ser de uso interno ou externo. Os reatores de núcleo de ar imerso em óleo podem ser usados para qualquer nível de tensão em instalações internas e externas. Entre as vantagens dos reatores imersos em óleo estão incluídas: • Não produz nenhum campo magnético que cause aquecimento ou forças magnéticas em reatores adjacentes, ou estruturas de metais no momento que o curto-circuito é produzido; • Alta capacidade térmica. 1.5.2 - Descrição Geral: • Características Principais: Os reatores são previstos para operação ao tempo(ar livre) nas indicadas nas especificações técnica mostradas na tabela 1.1. Tabela 1.1 – Especificações técnicas do Reator Elétrico Trifásico Especificações Técnica N° de Fases 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Potência 30 MVAr Tensão 242 kV Freqüência 60 Hz Normas de Referência ABNT Peso Total (com óleo) 63.200 kg Transporte sem óleo 38.800 kg Peso do Óleo 17.700 kg Corrente Nominal • Função: Os reatores são usados para compensação de reativos ou redução de corrente de curto-circuito. • Classificação: Baseado na sua localização e uso, os reatores podem ser classificados em: – Reator série; – Reator shunt; – Reator de aterramento ou bobina de supressão de arco; – Reator de amortecimento para bancos de capacitores; – Reator para filtros; – Reator de núcleo saturado; • Tipos: monofásico x trifásicos. A escolha entre reatores trifásicos e bancos de unidades monofásicas depende de estudos técnico–econômicos, que devem considerar os fatores: • Custos de investimentos; • Confiabilidade – necessidade de unidade reserva; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ • Limitações de transporte (peso e altura máxima); • Limitações de capacidade de fabricação. Em geral, nos sistemas brasileiros, os reatores de alta tensão são formados por bancos de unidades monofásicas, em estrela aterrada. Os reatores de terciário são trifásicos, em estrela não aterrada. 1.5.3 - Partes Constituintes: • Núcleo e Armaduras: O núcleo é constituído de chapas de aço-silício de grãos orientados, laminadas a frio, possuindo como características principais uma alta permeabilidade e baixas perdas específicas. A principal diferença em relação aos transformadores, é que as colunas com enrolamentos são laminadas em sentido radial e possuem entreferros. O fluxo nos entreferros é distorcido e a laminação radial garante que suas linhas estejam sempre contidas nos planos das lâminas, o que produz as perdas no ferro. Os entreferros provocam, ainda, o aparecimento de forças nas seções do núcleo, dando origem a vibrações, que são transmitidas ao tanque. A estrutura de sustentação do núcleo deve levar em conta estas forças e a possibilidade da ocorrência de ressonâncias. • Enrolamentos: Os condutores utilizados são formados de cobre eletrolítico com cantos arredondados. Em função das necessidades definidas pelos valores das solicitações eletrodinâmicas calculadas nas condições de curto-circuito, podem ser utilizados condutores com vários graus de dureza e, conseqüentemente, com diferentes características mecânicas. Os enrolamentos dos reatores são semelhantes aos dos transformadores, podendo ser: em disco, em disco entrelaçado, helicoidal ou em camadas. • Isolamento: O isolamento dos reatores é constituído basicamente de óleo e celulose (papel e UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ prespam) e sua estrutura é semelhante àquela do isolamento dos transformadores. • Tanque e Conservador: Em chapas de aço ASTM-A36, com exceção das partes onde se torna necessário o uso de aço não-magnético para limitar sobre-aquecimentos localizados em presença de condutores de alta corrente. • Sistema de resfriamento: O sistema de resfriamento utilizado é o mais simples para esta finalidade, utilizando radiadores com circulação natural de óleo e de ar. CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 – Magnetismo Segundo a História, a palavra magnetismo tem como origem Magnésia, nome de uma antiga cidade no continente asiático, de onde há registro da descoberta de um mineral que tinha a propriedade de atrair partículas de ferro. Tal minério é o óxido de ferro (Fe3O4), chamado de magnetite (MARTIGNONI, 1977). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ O fenômeno do magnetismo está estritamente ligado à eletricidade. Embora em um ímã comum possa parecer que funciona sem qualquer fonte de corrente elétrica considerando o aspecto atômico, ele se deve ao movimento de cargas elétricas. A mesma propriedade pode ser adquirida, por meio de tratamento especial, de maneira notável, pelo ferro, gusa e aço e, em pequena proporção, pelo níquel, cromo, etc. Estas propriedades particulares e todas as outras derivadas constituem o complexo dos fenômenos magnéticos. Chamam-se corpos magnéticos aos que podem adquirir propriedades magnéticas; corpos magnetizantes, magnetos ou imãs aqueles que já as possuem, por natureza ou por tratamentos especiais a que forem sujeitos. A propriedade do aço, de ficar magnetizado por muito tempo, torna possível a construção de imãs aptos ao estudo experimental das ações magnéticas. Ao ser encostado um destes imãs na limalha de ferro e depois retirado sem sacudi-lo, pode – se observar que nas suas extremidades fica ligada uma notável quantidade de limalha, a qual vai diminuindo nas zonas centrais do magneto, até deixar uma zona completamente livre que é chamada linha neutra de acordo com a Fig. 2.1 (MARTIGNONI, 1997). Figura 2.1 – Comportamento de limalha de ferro após a retirada de um imã. A explicação desse fenômeno leva a concluir pela existência de um agente que atua sobre todos os corpos magnetizados, ou que podem assumir o estado magnético por indução, cuja essência consiste de um campo de forças denominado de campo magnético, o qual será mais tarde discutido neste capítulo. 2.2 - Eletromagnetismo A eletricidade e o magnetismo são aspectos do mesmo fenômeno, o eletromagnetismo. Uma característica que os distingue: no magnetismo não existe conceito UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ equivalente à carga elétrica, embora exista o conceito de pólo magnético com propriedades parecidas às da carga elétrica; enquanto na eletricidade existem cargas opostas, positivas e negativas, e partículas elementares portadoras dessas cargas, no magnetismo não há pólos magnéticos isolados nem partículas portadoras de pólos magnéticos. Dessa forma, quando um corpo está eletricamente carregado existe um campo elétrico ao seu entorno, da mesma forma que ao redor de um imã existe um campo magnético (GASPAR, 2002). O formalismo do eletromagnetismo é extremamente simples e baseado principalmente nas quatro equações de Maxwell (BASTOS, 1996). Com isso, este trabalho parte dessa idéia, onde será apresentado o eletromagnetismo em poucas equações. Existem dois domínios no eletromagnetismo que incluem as equações de Maxwell, sendo eles: • O domínio de alta freqüência, o qual trata de análise de ondas eletromagnéticas e a propagação de energia pelas mesmas (freqüências superiores a algumas dezenas de kHz). • O domínio das baixas freqüências que estuda a maior parte dos dispositivos eletromagnéticos como, por exemplo: Motores elétricos, relés, transformadores, reatores elétricos, disjuntores, e outros.(freqüência não superior a algumas dezenas de kHz). Sendo este domínio considerado a situação “quase - estácionária”. Neste trabalho, será feito um estudo sobre o comportamento eletromagnético de um reator elétrico, o que circunscreve o interesse no domínio de baixas freqüências, ou seja, pelo eletromagnetismo aplicado à eletrotécnica clássica. A seguir, é mostrado um diagrama no qual o eletromagnetismo é dividido segundo os domínios apresentados, sendo este trabalho baseado nas teorias da magnetostática usando as equações de Maxwell. ELETROMAGNETISMO (eqs. Maxwell) ELETROMAGNETISMO Baixas Freqüências (Eletrotécnica) Eletrostática ELETROMAGNETISMO Altas Freqüências (Ondas) MAGNETISMO MAGNETOSTÁTICA MAGNETODINÂMICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Fluxograma 2.1 – Diagrama sobre a divisão do eletromagnetismo em domínio de baixas e altas freqüências. As equações de Maxwell são um grupo de equações diferenciais lineares sobre o tempo e o espaço aplicadas às grandezas ditas “eletromagnéticas”. A estas equações são atribuídos princípios baseados em experiências desenvolvidas sobre o assunto. Nas equações de Maxwell as grandezas eletromagnéticas usadas são: • Campo Elétrico; • Campo Magnético e Indução Magnética; • Densidade superficial de Corrente; • Permeabilidade magnética. 2.2.1 - Campo Elétrico Campo elétrico é definido como sendo a região que envolve uma carga ou um conjunto de cargas Q sem movimento no espaço (BASTOS, 1996). O campo elétrico é uma grandeza vetorial e tem o caráter de um campo de vetores, como mostrado na Fig. 2.2. Figura 2.2 – Distribuição vetorial do campo elétrico envolvendo uma carga elétrica. 2.2.2 - Campo Magnético O conceito de campo magnético surgiu com observações feitas em imãs, onde verificou - se que ao redor deles produziam – se regiões que foram chamadas de campo magnético. As Figs. 2.3a e 2.3b mostram o comportamento de limalhas de ferro espalhadas sobre folhas de papel que estão sobre imãs. Na Fig. 2.3a tem-se o campo magnético gerado UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ por pólos opostos de um imã em forma de barra e na Fig. 2.3b o campo é gerado por pólos opostos de dois imãs. Figura 2.3 – a) Campo Magnético gerado por pólos opostos de um imã. b) Campo Magnético gerado por pólos de dois imãs. Portanto, com base nisso, define-se campo magnético como uma zona do espaço onde os corpos magnetizados tendem apresentar uma orientação fixa e determinada, revelando a existência de um campo especial de forças que age sobre os corpos magnetizados. A intensidade de campo magnético é, então, uma grandeza vetorial definida, em cada ponto, como a força que solicita uma massa magnética unitária colocada neste ponto. Neste trabalho será usado o conceito de campo magnético estacionário aplicado nas equações de Maxwell. A fonte de campo Magnético estacionário pode ser um imã permanente, um campo elétrico variando linearmente com o tempo, ou uma corrente contínua. No caso do imã permanente os parágrafos anteriores fazem uma breve explicação do seu comportamento. Já o campo elétrico não será aqui tratado. As relações dizem respeito ao campo magnético produzido por uma corrente. 2.2.2.a - Cálculo do Campo Magnético (H) Produzido por uma Corrente Para determinação do campo magnético devido à corrente elétrica, foram estabelecidas várias leis muito importantes na física. Uma delas é chamada Lei de Biot – Savart, também chamada de lei elementar de Laplace. Como explicação dessa Lei pode -se pensar num elemento diferencial de corrente como a pequena seção de um condutor filamentar, onde o condutor filamentar é o caso limite de um condutor cilíndrico de seção reta circular quando o raio tende a zero. Supondo-se para esse caso, que a corrente I esteja fluindo UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ em um vetor elementar diferencial de comprimento do filamento, dL, a lei experimental de Biot-Savart estabelece então que, em qualquer ponto P, a intensidade do campo magnético produzido por um elemento diferencial é proporcional ao produto da corrente pela magnitude do comprimento diferencial e pelo seno do ângulo que liga o filamento e a linha que conecta o filamento ao ponto P, onde o campo é desejado. Figura 2.4 – A lei de Biot-Savart expressa a intensidade e campo magnético dH produzido por um elemento diferencial de corrente IdL. A intensidade do campo magnético é inversamente proporcional ao quadrado da distância do elemento diferencial ao ponto P. A direção da intensidade do campo magnético é normal ao plano que contém o filamento diferencial e a linha traçada do filamento ao ponto P. De duas normais possíveis, aquela que deve ser escolhida é a que estiver na direção dada pela regra da mão direita (ver Fig. 2.5), aplicada de dL para a linha que liga com o filamento até o ponto P. P Figura 2.5 – Direção do campo magnético usando a regra mão direita. Usando unidades SI, a constante de proporcionalidade é 1/4π. A lei de Biot- Savart pode ser representada usando a notação vetorial. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ dH = IdL X a R 4πR 2 (2.1) As unidades da intensidade de campo magnético H são evidentemente amperé por metro, (A/m). A geometria está ilustrada na Fig. 2.4. Os índices podem ser usados para indicar o ponto ao qual as quantidades das equações 2.1 e 2.2 se referem. Se localizar o elemento de corrente no ponto 1 e descrever o ponto P no qual o campo deve ser determinado como ponto 2, então: dH 2 = I 1 dL 1 Xa R12 4πR 12 2 (2.2) 2.2.2.b - Campo Magnético (H) em uma Espira Circular Supõe - se agora, de forma semelhante ao que foi tratado para definição de campo magnético, que a corrente percorra um condutor em forma de espira. Neste caso, para melhor compreender a distribuição das linhas de força do campo magnético, será considerado cada elemento infinitesimal do condutor da espira como sendo retilíneo, dessa forma serão usados os mesmos princípios antes mencionados. Aplicando a regra da mão direita a cada um destes elementos infinitesimais se verá que eles exercem ações magnéticas igualmente dirigidas em todos os pontos internos da espira, onde são dirigidos para cima. No interior da espira, sendo as ações magnéticas concordes, seus efeitos somam-se (MARTIGNONI, 1977). A Fig. 2.6 mostra a distribuição das linhas num plano diametral de uma espira. Figura 2.6 – Distribuição de linha de campo magnético no interior de uma espira. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 2.2.2.c - Campo Magnético (H) em um Solenóide Com base no que foi explanado para a distribuição de linhas de força do campo magnético produzido por uma espira circular, pode-se analisar o campo magnético para um solenóide, o qual é composto por espiras iguais e próximas umas das outras, coaxiais, percorridas por correntes de igual intensidade. A linha que une os centros dessas espiras constitui o eixo do solenóide. Como base de exemplo, será considerado o caso mais simples, que é constituído pelo solenóide retilíneo, indicado na Fig. 2.7. H1 H B Figura 2.7 – Campo magnético para um solenóide retilíneo. Se o sentido das correntes, de igual intensidade, que atravessam as espiras é como indicado na Fig. 2.7, o campo magnético, por ele produzido, é dirigido no sentido H em todos os pontos internos do solenóide e, no sentidos H1, oposto ao anterior, em todos os pontos externos. Aplicando-se a regra da mão direita a todos os elementos, observa-se que estes produzem linhas de forças, conforme indica a Fig. 2.8. No espaço compreendido entre um elemento e o sucessivo atuam linhas de forças em sentidos contrários e, portanto, tendem a se anular. A distribuição das linhas de força procura abraçar o conjunto das espiras, conforme mostra a Fig. 2.8. As linhas de forças produzidas pelos elementos diametralmente opostos, isto é, os representados em B, nos quais a corrente que se afasta do observador, tem sentido contrário ao das anteriores; porém, no interior do solenóide os sentidos de todas as linhas de forças são concordes. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 2.8 – Linhas de forças de campo nos espaços compreendidos entre as espiras. No interior de um solenóide existe um feixe de linhas paralelas que saindo de uma das extremidades voltam a entrar na extremidade oposta. O eixo do solenóide é uma única linha de força retilínea que se fecha no infinito. Invertendo a corrente em todos os circuitos do solenóide, a distribuição do campo magnético é a mesma, mas invertendo o sentido das linhas de forças. 2.2.2.d -Campo Magnético e Vetor de Indução Quando um corpo de material magnético é colocado sob a ação de um campo magnético, este corpo magnetiza-se criando um campo próprio e maior que o já existente. Assim, as propriedades que fortalecem o campo magnético inicial são inerentes a cada corpo, variando de um para o outro, sendo notável nos materiais magnéticos (MARTIGNONI, 1977). A equação abaixo determina o valor do campo magnético resultante para a situação levantada acima. B = µH (2.3) Imagine, por exemplo, um solenóide fechado, em anel, que produz no seu espaço interno vazio um campo magnético cuja intensidade é dada por: H= (2.4) 4 * π NI 10 l UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Ainda no solenóide introduz-se um anel de ferro sob ação do campo inicial H que magnetiza-se e adquire uma determinada intensidade dada por: H1 = 4πJ (2.5) Sendo J a densidade de corrente Dentro do solenóide existirá um campo resultante da sobreposição dos dois campos distintos dados: B = H + H1 (2.6) 2.2.3 – Densidade Superficial de Corrente Supõe - se um fio condutor retilíneo e de seção S percorrido de forma uniforme por uma corrente I, no sentido indicado na Fig. 2.9. u I S Figura 2.9 – Condutor retilíneo percorrido por uma corrente. r Define - se um vetor unitário u perpendicular à seção S. A densidade superficial média de corrente atravessando a seção é dada por: r J = I S (2.7) Pode - se definir então o vetor r sentido dados por u r J= como possuindo um módulo igual e de direção e UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ r r J = J ⋅ u (2.8) r Desta maneira, o cálculo do fluxo J =através de S fornece I, pois I = r r J • d s ∫∫ (2.9) S r Sendo d s uma parcela elementar de superfície, pode - se aqui considerar que J varia na seção S. 2.2.4 - Fluxo Magnético e Densidade de Fluxo Magnético No eletromagnetismo, o fluxo de campo magnético está relacionado ao número de linhas de campo magnético que atravessam determinada superfície de área S, como mostram as Figs. 2.10 e 2.11. Assim, o fluxo que atravessa a superfície S é dado por: φ = S n ⋅ H (2.10) Figura 2.10 – Fluxo magnético em uma superfície S plana. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 2.11 – Fluxo magnético em uma superfície S não – plana. Quando Sn representa a projeção da superfície sobre o plano perpendicular a H, tem - se: S n = S ⋅ cos θ (2.11) Logo, o fluxo magnético é expresso pela Eq (2.12) baseado na Fig. 2.11. φ = S ⋅ H ⋅ cos θ (2.12) 2.2.5 - Permeabilidade Magnética Quando um corpo magnético é imerso em um campo magnético H, este produz um campo magnético resultante B, maior que o existente. Dessa forma, a relação entre B e H é chamada de permeabilidade magnética que é dada por: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ B µ= H (2.13) De acordo com (MARTIGNONI, 1977), a permeabilidade magnética é uma grandeza característica de cada material, pois indica a aptidão que um determinado material possui em reforçar um campo magnético inicial sendo: B = µH (2.14) No caso do ar, gases e em todos materiais não magnéticos em que B = H , a permeabilidade é 1, já para os matérias magnéticos esse valor se eleva, como será mostrado na próxima secção. 2.2.5.a - Permeabilidade Magnética dos Materiais Ferromagnéticos Para o caso de materiais ferromagnéticos, a relação entra B e H não é constante. Na prática, as propriedades magnéticas dos materiais ferromagnéticos são caracterizadas por meio de curvas de magnetização, traçadas tomando-se como ordenadas a indução magnética B, e como abscissas, a intensidade de campo H. Para uma série de pontos da curva de magnetização de determinado material, por meio da relação µ = B/H calcula-se a permeabilidade magnética correspondente. No caso dos solenóides em lugar da intensidade de campo H, tem - se a relação. H= (2.15) 4π NI . 10 l UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ A tabela 2.1 mostra a relação µ = B/H para alguns materiais ferromagnéticos para o caso particular dos solenóides. 2.2.6 - Forças Magnéticas Antes de explicar qualquer princípio sobre força magnética serão primeiramente definidas algumas regras que ajudarão a definir melhor o vetor força magnética. 2.2.6.a - Regras para Determinar o Sentido das Forças a) Regra dos três dedos da mão direita Dispondo o indicador, o polegar e o médio da mão direita em ângulos retos entre si, colocando o indicador na direção do campo (fluxo) e o médio na direção da corrente, o polegar indica a força, de acordo com a Fig. 2.12. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 2.12 - Regra dos três dedos da mão direita. Tabela 2.1 – Relação B e H para materiais ferromagnéticos. Ferro forjado e aço Ferro fundido Lâmina de ferro Lâmina de ferro com normal silício fundido *B **Aes B Aes B Aes B Aes UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 1000 0,7 1000 2 1000 0,45 1000 0,8 2000 0,9 2000 4,5 2000 0,5 2000 1 3000 1 3000 8 3000 0,6 3000 1,25 4000 1,2 4000 13 4000 0,7 4000 1,45 5000 1,4 5000 20 5000 0,9 5000 1,6 6000 1,7 6000 28 6000 1,3 6000 1,8 7000 2,2 7000 40 7000 1,7 7000 2 8000 2,7 8000 55 8000 2,3 8000 2,5 9000 3,2 9000 80 9000 3,3 9000 3,1 10000 4 10000 110 10000 4,7 10000 4 11000 5 11000 150 11000 6,3 11000 5 12000 6,2 12000 200 12000 8 12000 7 13000 8,5 13000 10,5 13000 12 14000 12 14000 13,5 14000 23 15000 20 15000 18 15000 40 16000 35 16000 31 16000 75 17000 60 17000 52 17000 140 18000 100 18000 90 18000 240 19000 160 19000 148 20000 250 20000 300 21000 400 21000 460 22000 750 22000 670 23000 900 *B = Indução magnética **Aes = Ampere-espiras b) Regra da palma da mão direita Dispondo a mão direita com o polegar aberto e os outros dedos estendidos no sentido da corrente, o sentido da força eletromagnética é indicado pelo polegar, quando a mão é UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ colocada de maneira que a palma seja investida pelas linhas de força, como mostra a Fig. 2.13. Figura 2.13 - Regra da palma da mão direita. 2.2.6.b - Força Magnética sobre Correntes A corrente elétrica em um fio condutor é devida ao movimento dos elétrons. Logo, um fio conduzindo corrente deve estar sujeito a uma força elétrica. A Fig. 2.14 ilustra este fato, mostrando três fios condutores colocados em uma região onde há um campo magnético saindo da página. Figura 2.14 – Força Magnética sobre um fio. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Na primeira figura, da esquerda para a direita, a corrente é nula, não havendo, portanto, qualquer força sobre o fio. A aplicação da regra da mão direita mostra que a força nos dois casos seguintes deve ter o sentido indicado na Fig. 2.14 2.2.6.c - Força Magnética Sobre Fios de Comprimento Infinitesimal Como um primeiro passo para uma análise quantitativa mais detalhada, em situações mais gerais, considera - se a força magnética sobre um fio de comprimento infinitesimal ds . r Considerando o vetor d s possuindo módulo ds e orientação dada pela corrente que está fluindo ao longo do fio, como indicado na Fig. 2.15. Figura 2.15 - Força magnética sobre um segmento. A carga dq que passa através do segmento ds durante um intervalo do tempo dt é dq = I ⋅ dt (2.16) onde é a corrente no fio. O vetor velocidade da carga dq é UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ r r ds v= dt (2.17) Utilizando as duas equações acima, obtém-se para a força magnética que atua sobre o segmento infinitesimal r r r r ds r dF = dqv × B = (Idt ) × B dt (2.18) Cancelando os fatores dq , tem-se finalmente: r r r dF = Id s × B (2.19) r Sabe-se que, em geral, o campo magnético B assume diferentes valores em cada ponto do espaço e a forma do fio é representada por uma curva qualquer. A corrente I tem o mesmo valor em todos os pontos do espaço, já que a carga é conservada. 2.2.6.d - Força Magnética sobre Fios Possuindo Correntes Complementando a explicação da secção 2 deste capítulo a força resultante sobre o fio é obtida fazendo-se a soma vetorial de todas as forças infinitesimais, ou seja, integrando a Eq. 2.19 sobre todos os pontos do fio. Como a corrente I tem o mesmo valor ao longo do fio, pode-se retirar da integral, obtendo: r r r FB = I ∫ (d s × B ) fio (2.20) Dependendo da forma do fio e da configuração de campo magnético, a integral acima pode ser calculada de maneira bastante simples. A situação mais simples possível consiste de r um fio reto imerso em um campo magnético uniforme. Neste caso, B pode ser retirado da integral na Eq. 2.20, resultando em: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ r r r r r F = I ∫ (d s ) × B = IL × B fio (2.21) Na expressão acima, usa-se r r ∫ ds = L , r sendo L um vetor orientado no sentido da fio corrente e possuindo o comprimento L do fio. Agora, será considerado um fio possuindo uma curvatura qualquer, imerso em um campo magnético uniforme, como está ilustrado na Fig. 2.16. Figura 2.16 - Forca sobre um fio com qualquer curvatura. Novamente, o campo magnético na Eq. 2.20 pode ser retirado da integral, resultando em: r r r FB unif = I ∫ (d s ) × B fio (2.22) A integral na equação acima é simplesmente uma soma vetorial dos infinitos vetores r infinitesimais d s . Geometricamente, o vetor resultante é o que está indicado na Fig. 2.16 orientado de a para b e formando um ângulo θ com a direção do campo magnético. Pode-se UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ concluir que a resolução do problema de um fio qualquer imerso num campo magnético uniforme é equivalente ao problema de um fio reto orientado de uma extremidade à outra do r fio original. Denotando a integral na Eq. 2.22 por L (ver Fig. 2.16 ), tem-se: r v r FB unif = IL'×B (2.23) Usando a mesma abordagem acima, pode-se concluir facilmente que a força total sobre um fio formando uma curva fechada (espira), imerso em um campo r uniforme, é nula, uma vez que, neste caso, a resultante dos infinitos vetores d s é igual a zero. 2.2.7 – Exemplo de Cálculo da Força Magnética Um solenóide de geometria cilíndrica é mostrado na Fig. 2.17. (a) Se a bobina de excitação for percorrida por uma corrente em regime permanente de cc, determine uma expressão para a força no êmbolo. (b) Para os valores numéricos I = 10A, N = 500espiras, g = 5mm, a = 20mm, b = 2mm e l = 40mm, qual é a magnitude da força? (c) Para uma corrente alternada de 10 A a 60 Hz, qual é a força instantânea.Admita µnúcleo= ∞. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ µ= µ= Figura 2.17 – Solenóide de geometria cilíndrica. Resolução Para o cálculo da força é necessário primeiramente calcular a indutância e relutância • Indutância (L) Indutância (símbolo L) medida em "henry" cujo símbolo é H, é definida como o enlace de fluxo por unidade de corrente. No caso de um solenóide pode ser calculado por: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ N2 L= ℜ (2.24) k1 N 2 2πµ 0 alc 2 N 2 = L= ≡ 2 ℜ k 2g + k 3 2alg + bc Onde k 1 ≡ 2πµ 0 alc 2 N 2 , k 2 ≡ 2al , k 3 ≡ bc 2 • Relutância ( ℜ ) Para o solenóide do problema em questão a relutância pode ser definida pela equação 2.26 ℜT = ℜg + ℜs (2.25) Sendo: ℜ T = Relutância Total ℜ g = Relutância do Entreferro ℜ s = Relutância da Luva ℜ= g b + 2 µ 0 2πal µ 0 πc (2.26) Onde c = a − b 2 A expressão da força sendo a corrente contínua pode ser então obtida pela equação: Fe = 1 2 ∂L I 2 ∂g (2.27) UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ I 2 k 1k 2 Fe = − 2(k 2 g + k 3 ) 2 (2.28) Onde o sinal de negativo indica que a força tende a diminuir o entreferro. Se o solenóide for percorrido por uma corrente alternado de 10 A (eficaz) a 60 Hz. A variação da corrente no tempo pode ser definida pela equação 2.29. i(t ) = I p cos( 2 ⋅ f r ⋅ π ⋅ t ) (2.29) i(t ) = I p cos( 2 ⋅ 60 ⋅ π ⋅ t ) I p = I rms ⋅ 2 (2.30) Sendo: t = Tempo em segundo; f r = Freqüência da rede elétrica (60 Hz); I p = Valor de pico da magnitude de corrente em A; I rms = Valor rms da magnitude de corrente em A. Substituindo a equação 2.29 em 2.31 tem-se: i(t ) = I rms ⋅ 2 ⋅ cos( 2 ⋅ 60 ⋅ π ⋅ t ) (2.31) i(t ) = 10 ⋅ 2 ⋅ cos( 2 ⋅ 60 ⋅ π ⋅ t ) Dessa forma, a força instantânea pode ser então calculada pela substituição da Eq. 2.31 na Eq. 2.28. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ (i(t )) 2 k 1 k 2 Fe = − 2(k 2 g + k 3 ) 2 (2.32) (10 2 cos 120πt ) 2 k 1k 2 100k 1 k 2 =− cos 2 120πt (N) Fe = − 2 2 2(k 2 g + k 3 ) (k 2 g + k 3 ) Comentários: A equação da força instatânea pode ser também escrita através da eq. 2.33 1 100k k 1 100k 1 k 2 1 2 cos( 2 ⋅ π ⋅ 2.60 ⋅ t ) + Fe = − 2 2 (k 2 g + k 3 ) 2 2 (k 2 g + k 3 ) (2.33) 100k 1k 2 100k 1 k 2 Fe = − cos( 2 ⋅ π ⋅ 120 ⋅ t ) + 2 2(k 2 g + k 3 ) 2 2(k 2 g + k 3 ) (2.34) A Eq. 2.36 foi obtida usando as seguintes relações trigonométricas: cos( A + B ) = cos( A ) ⋅ cos(B ) − sen( A ) ⋅ sen(B ) (2.35) sen 2 ( A ) + cos 2 ( A ) = 1 (2.36) Sendo A=B, e substituindo os valores de A em B na Eq.2.38 tem-se: cos( A + A ) = cos( A ) ⋅ cos(B ) − sen( A ) ⋅ sen( A ) (2.37) cos( 2A ) = cos 2 ( A ) − sen 2 ( A ) (2.38) Substituindo a Eq. 2.38 na Eq. 2.40, obtém-se: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ cos( 2A ) 1 cos 2 ( A ) = + 2 2 (2.39) cos 2 ( 2 ⋅ π ⋅ 60) = cos( 2 ⋅ π ⋅ 120) 1 + 2 2 (2.40) Com isso, a equação para o calculo da força instantânea passa a ter uma freqüência de 120Hz e não mais de 60Hz, além da soma de uma parcela constante, pois quando a função cosseno é elevada a quadrado, seu valor negativo torna-se positivo, logo seus valores de picos máximo e mínimo oscilarão sobre a parcela constante mostrada na Eq. 2.40. Uma outra forma de explicar essa formulação é através de gráficos. A função da corrente na Eq. 2.32 foi plotada em função do tempo como mostra a Fig. 2.18 (a), através desse gráfico verifica-se que valores de pico máximo e mínimo oscilam sobre o eixo das Abscissas. A Fig. 2.18 (b), mostra o espectro de freqüência da função na freqüência de 60Hz. Na Fig. 2.18(c) a função da corrente foi quadrada, nesse gráfico os valores de pico mínimo tornaram-se positivos, e o valor médio dos picos máximos e mínimos é parcela constante da Eq. 2.42 multiplicada pela amplitude ao quadrado. A Fig. 2.18(d) mostra o espectro do sinal, cuja freqüência é de 120Hz. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 2.18 – Gráfico da corrente elétrica variando no tempo e o espectro de freqüência. Fazendo uma análise nas Fig. 2.18(a) e Fig. 2.18(d), verifica-se que no primeiro gráfico a período T1 = T , e freqüência f 1 = f , no segundo gráfico quando a função foi quadrada o valor do período passou a ser T1 = uma valor de f 2 = 2 ⋅ f 1 . T1 = T f1 = f = T2 = f2 = 1 T T 2 1 1 1 = = 2⋅ = 2⋅f T2 T T 2 T , conseqüentemente a freqüência f 2 assume 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ No exemplo em questão, como a freqüência da corrente é de 60Hz, e em virtude da força ser proporcional ao quadrado da corrente sua freqüência será de 120Hz (ver Fig. 2.18(d)). 2.3 - Magnetostática O campo magnético pode ter origem no movimento de cargas elétricas, corrente elétrica, ou em materiais com propriedades ferromagnéticas (ver Fig 2.19). A magnetostática estuda os fenômenos magnéticos não variáveis no tempo. Figura 2.19- Origem do campo magnético: (1) Corrente; (2) Imã permanente. 2.3.1 - As Equações de Maxwell no Eletreomagnetismo As quatro equações de Maxwell são as seguintes: r r r r rotH = J + ∂D / ∂t (2.41) r divB = 0 (2.42) r r rotE = −∂B / ∂t (2.43) r divD = ρ (2.44) Aqui neste trabalho, serão tratadas essas equações no domínio de baixas freqüência, r r ou seja, para os c asos estáticos onde, ∂D / ∂t = 0 . Além disso, na magnetostática não há UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ r variação temporal da grandeza ∂B / ∂t = 0 . Assim, as quatro equações de Maxwell se resumem para o caso particular da magnetostática nas Equações mostradas logo a seguir. 2.3.2 - As Equações de Maxwell na Magnetostática r r r 2.3.2.a - A Equação r o t H = J Esta equação indica qualitativamente e quantitativamente a formação de r r H de J , sendo sua expressão sob a forma integral igual a: ∫∫ r r r r o tH • d s = S ∫∫ r r J • ds S (2.45) Sendo S uma superfície, r r H o campo magnético e J a densidade de corrente. Utilizando o teorema de Stokes, o lado esquerdo da expressão fica sendo: ∫∫ r r r r o tH • d s = S ∫ r r H • dL L (S ) (2.46) em que L(S) é a linha que limita a superfície S. O lado direito de Eq. 2.28 representa o fluxo do vetor r J através de S, o que é a corrente de condução I atravessando S. Obtém-se então: ∫ r r H • dL = I L (S ) (2.47) que indica que a circulação de r H ao longo de um caminho L(S), que envolve uma seção S, r r r é igual à corrente atravessando esta seção. A equação de Maxwell r o t H = J escrita sob a forma acima é conhecida como “Lei de Ampère”. A aplicação desta equação no caso de um fio infinito percorrido por uma corrente I pode ser visualizada na Fig. 2.29. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 2.20 - Fio infinito percorrido por uma corrente. Escolhendo como seção S, o círculo de raio R, a aplicação da Lei de Ampère é simplesmente: ∫ r r H • dL = I L1 (2.48) sendo, r r r r H e d L vetores colineares e de mesmo sentido, o produto escalar H • d L se transforma em um produto de módulos HdL. Como, por uma questão de homogeneidade, H é idêntico em todos os pontos de L1, H não depende de L1 e a integração fica sendo: H ∫ dL = I L1 (2.49) e H = I / 2πR Vale salientar que a lei de Ampère, originando de uma equação de Maxwell, é sempre válida, porém, sua aplicabilidade nem sempre é factível. r r r Um aspecto também importante da equação r o t H = J, aparece quando aplica - se o r divergente de ambos os seus lados. Obtém-se div J = 0 , que é a equação da continuidade elétrica na qual a corrente que entra em um volume é a mesma que sai deste volume. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 2.3.2.b - A Equação r div B = 0 r Esta equação tem um sentido que é análogo à equação div J = 0, com a diferença que neste caso, é o fluxo magnético que é conservativo. r Nota-se que esta equação não indica propriamente a maneira como B é formado, r r r ao contrário da equação r o t H = J . No entanto, a condição de fluxo conservativo deve ser conhecida. r r r 2.3.2.c - A Equação r o t E = 0 r r r Esta equação, no caso particular de r o t E = − δ B / δ t , indica que não há r r formação de campo elétrico E devido à variação temporal de B . Isto não significa que não haja campo elétrico no domínio do estudo do problema magnetostático em questão. As três equações acima constituem o bloco principal da magnetostática. Podemos r r r atribuir à lei de Ampère, oriunda de r o t H = J um certo destaque em relação as outras duas equações, tendo em vista que ela associa o campo CAPITULO 3: MODELAGEM NUMÉRICA r r H a sua fonte geradora J . UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 3.1 - Introdução ao Método de Elementos Finitos e Apresentação do Software Ansys. O ANSYS é um software comercial que foi desenvolvido para resolver problemas de engenharia, atuando na área da mecânica, elétrica entra outras. Ele usa um procedimento numérico para resolver diversos problemas com precisão aceitáveis. Este software realiza análise através do método de elemento (MEF), o modelo que se origina da aplicação do MEF apresenta semelhança física com a estrutura real, com isso, o modelo pode ser facilmente visualizado. Neste trabalho, será utilizado dentre os vários aplicativos que o ANSYS contém, o EMAG, que é usado para resolver análise Magnética de baixas freqüências como o calculo da intensidade de campos magnéticos, densidade de fluxo magnético, forças e torques magnéticos e densidade de corrente. São três os tipos de análise magnética que este software realiza, sendo ela: • Estática - calcula parâmetros magnéticos devido a corrente contínua (DC) ou magnetos permanentes. • Harmônica - calcula parâmetros magnéticos devido à corrente alternada (AC). • Transiente - calcula parâmetros magnéticos devido a campo externo ou corrente elétrica com variação temporal arbitrária. 3.1.1 - Análise de Elementos Finitos (FEA) Essa análise é uma simulação de sistemas físicos (geometria e carregamento) por uma aproximação matemática do sistema real. O sistema real com infinitas incógnitas é aproximado por um número finito de incógnitas através de simples blocos inter-relacionados denominados de elementos. Quando se realiza esse tipo de análise é necessário selecionar de uma biblioteca tipos de elementos e defini-los apropriadamente para cada análise. O tipo de elemento determina entre outras coisas o conjunto de graus de liberdade (deslocamentos e/ou rotações, potencial escalar magnético, temperaturas, etc.) e se o elemento é bi ou tri-dimensional. 3.1.2 Etapas básicas da Análise. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Para realizar qualquer análise usando o software ANSYS é necessário seguir três etapas básicas sendo elas: pré-processamento, solução e pós-processamento as quais serão detalhadas a seguir. Etapa 1 - Pré - Processamento • Criar ou importar a geometria. Antes de se realiza uma análise é necessário criar um modelo numérico ou importa-lo, (mas ainda para essa segunda alternativa é importante que se saiba usar as ferramentas de modelagem sólida do ANSYS para modificá-lo). O esquema abaixo ilustra os quatro tipos de entidades de um modelo sólido. • Volumes (regiões 3-D) são delimitados por áreas. Representam um objeto sólido. • Áreas (superfícies) são delimitadas por linhas. Representam a face de um objeto sólido ou placas e cascas. Linhas (partes de curvas 3-D space) delimitadas por pontos. Representam as bordas • dos objetos. Pontos (posições no espaço 3-D) representa os vértices dos objetos. • Area Keypoint Line Are a Volum Figura 3. 1 – Entidades de uma modelo sólido usados no ANSYS • Definição dos materiais. Propriedades constitutivas, tais como permeabilidade magnético, módulo de Young, densidade, etc... são independentes da geometria. Embora elas não sejam necessariamente amarradas ao tipo de elemento elas são listadas para cada tipo de elemento para sua conveniência. Dependendo da aplicação a propriedade do material pode ser linear ou nãolinear. Como se pode ter múltiplos conjuntos de propriedades de material, cada um deles é identificado por um número de referência. • Geometria da malha (nós e elementos). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Quase todos modelos de elementos finitos hoje são construídos usando modelo sólido. Essa representação matemática, do tipo CAD, da estrutura define a geometria a ser discretizada com nós e elementos e pode ser também usado para aplicação de cargas ou outros dados de análise. Contudo o modelo sólido não participa do processo de solução por elementos finitos. Todas as informações de análise devem ser transferidas para o modelo de FEA (nós e elementos) para se iniciar a fase de solução. O processo de criação de um modelo de elementos finitos a partir de um modelo sólido é denominado de malhagem (Meshing). A Fig 3.2 ilustra o modelo sólido e o modelo malhado Figura 3.2 – Representação de um modelo sólido e um modelo malhado Etapa 2. - Solução (PROCESSAMENTO) Esta é a etapa onde são definidos os carregamentos, as condições de contornos e solução do problema. • Aplicação de Cargas As cargas podem ser aplicadas tanto para o modelo sólido quanto para o modelo de FEA diretamente (nos e elementos). Embora se possa aplicar as cargas no modelo sólido, o solver espera que todas as cargas estejam aplicadas em termos do modelo de elementos finitos. Então, as cargas são transferidas do modelo sólido automaticamente para os nós e elementos subjacentes durante a solução. • Solução. É nesse momento que o computador resolve todas as equações baseadas no método definido para resolver a análise. Etapa 3 - Pós – processamento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ A etapa de pós-processamento significa rever os resultados de uma análise. Essa é provavelmente a etapa mais importante, pois é nesse momento que são mostrados os efeitos das cargas aplicadas no modelo e a eficiência da malha de elementos finitos. No ANSYS, dois tipos de pós-processamento estão disponíveis para visualização dos seus resultados: • O General Postprocessor (também conhecido como “POST1”) que permite visualizar os resultados como um conjunto de dados para o modelo inteiro. • O Time-History Postprocessor (também conhecido como “POST26”) que permite visualizar os resultados em pontos isolados de seu modelo. Esse pós-processador é usado somente em análise transiente e/ou análise dinâmica. 3.2 - Análise Magnetoestática Através do Método de Elementos Finitos. Na área de engenharia elétrica o interesse reside sobre a magnitude e a distribuição de densidade de fluxo, B, ambos relacionados com o campo magnético, H, e fluxo Φ. A solução para B requer considerações de duas componentes vetoriais para problemas bidimensionais. Deste modo, a maioria dos métodos computacionais resolve em termos de potenciais. Os potenciais normalmente usados são: 1- Potencial escalar magnético, Ω – Este potencial é expressado em amper- voltas e pode ser muito mais familiar para projetos. Ele é um verdadeiro número escalar exato em três dimensões. 2- Potencial Vetor Magnético, A – Este potencial é expresso em Wbm-1 o comprimento na direção do vetor componente considerado e a componente. Nos interessa estudar aqui apenas o método potencial escalar, pois foi o método usado para resolver a análise do problema real. • Potencial escalar magnético Embora o potencial possua um significado físico real, matematicamente ele não é mais que um artifício que permite resolver um problema por diversas etapas menores. A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ intensidade do campo magnético escalar está relacionada com o potencial da seguinte forma: H = -grad Ω 3.1 O sinal negativo é para fazer uma analogia mais próxima com o potencial elétrico. A intensidade de campo magnético é definida como gradiente de um, potencial escalar magnético, quando a região de interesse tem uma densidade de corrente igual a zero. Dessa forma temos: H = -grad Ω J=0 3.2 Considerando a variação de H e B nas direções X e Y temos: Hx = − ∂Ω ∂x Bx = − µ 0 µ r Hy = − 3.3 ∂Ω ∂x ∂Ω ∂y By = − µ 0 µ r 3.4 3.5 ∂Ω ∂y 3.6 Comparando por analogia para o caso onde existe fluxo de corrente, temos: Jx = −σ ∂V ∂x 3.7 Jy = −σ ∂V ∂y 3.8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Considerando um caso tridimensional como mostra a Fig 3.1. O fluxo é continuo isto é não a danos na malha nem ganhos de fluxo sobre o elemento de dimensões δx, δy, δz,: matematicamente o divergente de B é zero. Portanto: ∂Bx ∂By ∂Bz + + =0 ∂x ∂y ∂z 3.9 Substituindo nas equações 3.3 a 3.6 temos: ∂ 2Ω x ∂x 2 • + ∂ 2Ω y ∂y 2 + ∂ 2Ω z ∂z 2 =0 3.10 Condições de Contornos para o potencial escalar magnético: A maioria dos problemas de engenharia requerem um solução de campo em uma região ou regiões interconectadas com condições de campos especificadas nos extremos das superfície. 1. Superfície infinitamente permeável: esta não terá variação de potencial sobre ela e pode ser definida como um equipotencial magnético escalar. 2. Superfície de fluxo paralelo: se uma superfície é identificada como tendo somente fluxo paralelo então as equipotenciais intersectam a superfície em um ângulo reto, isto é ∂Ω ∂n = 0 sobre a superfície. 3. Periodicidade: em algumas maquinas poderá ser considerada geometria cíclica que sugere a necessidade de se estudar somente um polo, mas há ausência de simetria de excitação. Portanto as simples condições 1 e 2 não podem ser usadas nas condições de superfície radial. • Determinação de Força e distribuição de forças Normalmente para um projeto de engenharia é necessário determinar a força total eletromagnética em um objeto (Por exemplo: a força na armadura de atuador ou no estator/rotor de uma máquina). Outra necessidade é a de se determinar a distribuição de forças atuando em uma bobina ou superfície de modo as componentes de tensões, as vibrações e os UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ ruídos induzidos eletromagneticamente possa determinar o comportamento de um dispositivo elétrico. Usando o método de elementos finitos a força pode-se determinada através de vários métodos, nesse trabalho serão usados os métodos virtual Work e Maxwell Force. • Metodos Maxwell Forces O tensor tensão Maxwell é usado para determinar as forças em regiões ferromagnéticas. Este cálculo de força é apresentado em superfície de elementos de material ar que tenha em uma face o carregamento não nulo. A equação é definida: 3.11 µo = permeabilidade do espaço livre T12 = Bx By T21 = Bx By • Metodos Virtual Work Forces A força magnética calculada usando o método de trabalho virtual é obtida com a derivada da energia versus o deslocamento da parte móvel. Este cálculo é valido para uma camada do elemento ar ao redor da parte móvel. Para determinar a força total na camada de ar atuando no corpo pode ser somada A equação básica da força de um elemento de material ar na direção é: T ∂H ∂d T Fs = ∫{B} d(vol) + ∫ (∫{B} {dH}) (vol) ∂s ∂s vol vol Onde : Fs = Força no elemento na direção s. vol = volume do elemento s = deslocamento virtual da coordenada nodal 3.12 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 3.3 – Análise Magnética Estática para um Modelo Bi-Dimensional Embora todo objeto e estrutura sejam em 3-D freqüentemente eles podem ser representados usando um modelo 2-D, devido a maior facilidade na construção do modelo e o tempo de solução menor que para os caso em 3-D. Usa –se elementos 2D para representar a geometria da estrutura desses modelos. Será mostrado a seguir um problema 2-D, que representa um solenóide atuador, o objetivo dessa análise é determinar a força que atua na armadura. O modelo será considerado axisimétrico. A figura 3.3 mostra com detalhes a geometria do modelo destacando seus componentes. Esse exemplo foi feito com intuito de se familiarizar com o tipo de modelagem eletromagnética usada para resolver o problema do reator. Figura 3.3 – Modelo 2-D do solenóide atuador. Construção do Modelo Numérico A Fig 3.4 mostra o modelo numérico do solenóide que é formado por áreas para representar o modelo geométrico. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.4 – Modelo numérico do solenóide atuador. Definição dos elementos e das propriedades dos materiais Em análise magnética estática 2-D são usados elementos do tipo PLANE 13 e PLANE 53, usaremos nessa análise o PLANE 13 para representar o modelo sólido. Esse elemento é definido por quatro nós com quarto graus de liberdades cada nó, ele tem a capacidade magnética linear e não-linear para modelar curva B-H ou magnetos permanentes. Na Fig 3.5 temos a geometria do elemento PLANE 13 Figura 3.5 – Geometria do elemento PLANE 13. Quanto às propriedades dos materiais usados podem ser visualizadas na tabela 3.1 e são UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ representadas na figura 3.6. Tabela 3.1 – Propriedades dos materiais Material Permeabilidade Magnética µ(H/m) Área Ar 1 A1 Entreferro 1000 A2 Bobinas 1 A3 Armadura 2000 A4 Figura 3.6 – Definição das propriedades no modelo numérico. Malhagem do modelo O modelo foi malhado de forma estruturada para se obter um melhor resultado, isso foi possível pela simplicidade do modelo. Foram feitos outros cálculos usando uma malha um pouco mais refinada, e seus resultados tiveram variações não significativas. O modelo malhado é mostrado na Fig 3.7. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.7 – Modelo discretizado. Aplicação do carregamento A posição da força que será calculada está definida nas figuras 3.8 e 3.9 destacada em vermelho. Figura 3.8 – Definição da componente armadura UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.9 – Aplicação do Carregamento Aplicação da Densidade de corrente A densidade de corrente é definida pelo numero de volta do enrolamento da bobina vezes a corrente dividida pela área. Nesse exemplo foi assumido um valor de 325 A v/m. O elemento que define a bobina pode ser visualizado na figura 3.9 identificada pela área em vermelho. Obtenção do fluxo paralelo Toda as linha que delimitam a parte externa do modelo foram definidas para aplicação do fluxo paralelo. Esta condição não permite vazamento de fluxo através dessas linhas. Obtenção da Solução Este problema foi resolvido usando a formulação de vetor potencial magnético. Nesta formulação os resultados são obtidos por um simples vetor potencial magnético de grau de liberdade AY. Neste método a bobina é parte integrante do modelo de elementos finitos. Análises dos Resultados É possível observar na figura 3.10 e 3.11 um certo vazamento de fluxo indesejável fora da estrutura de ferro. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.10– Distribuição das linhas de densidade de fluxo Figura 3.11 – Distribuição dos vetores de densidade de fluxo. Visualização isométrica do modelo A figura 3.12 mostra a distribuição da densidade de fluxo através do atuador completo. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.12 – Distribuição da densidade de fluxo no modelo completo do atuador. Um outro parâmetro analisado é a força que atua na armadura. Na Fig 3.13 a distribuição de força é mostrada destacando o valor Maximo de 1.593N. Valor Máximo Figura 3.13 – Distribuição da força na armadura do atuador. A força total que atua na armadura foi calculada pelo método do Tensor de Tensão de Maxwell e pelo método do Trabalho Virtual, como já era de se esperar os resultados deram próximos. (Ver Fig 3.14). UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.14 – Resultado da força total que atua na armadura. 3.4 – Análise Magnética para um Modelo Tri-Dimensional Este exemplo tem como objetivo calcular a força na armadura. Uma corrente continua excita a bobina que proporciona a força para mover a armadura. Esta análise trabalha um ¼ do modelo do quadrante positivo X e Y. A Fig 3.15 mostra o modelo do solenóide atuador. Figura 3.15 – Modelo do solenóide atuador. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Construção do Modelo Numérico O modelo numérico é representado por volumes, com exceção da bobina que será vista mais adiante. Figura 3.16 – Modelo numérico do solenóide atuador sem a região do ar Figura 3.17 – Geometria usada na análise considerando a região do ar Definição dos elementos e das propriedades dos materiais Usa-se para a região do ar a permeabilidade relativa de 1 H/m e para os outros componentes é usada a curva B – H, conforme Fig 3.18. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.18 – Curva B-H usada para todos os componentes exceto o ar Malhagem do modelo O modelo foi malhado de forma livre, deixando a critério do ANSYS o ajuste da malha. Figura 3.19– Malhagem do Modelo Geração da bobina Diferente do exemplo anterior, a bobina não faz parte da malha de elementos finitos, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ pois ela é um parâmetro pré-definido, tornando necessário apenas as informações mostradas na tabela 3.1 para sua construção. Para melhor entendimento (Ver secção 3.5 deste capitulo) Figura 3.20 – Modelo numérico completo e a bobina Aplicação das cargas Na Fig 3.21 a cor em vermelho mostra a condição de carregamento, ela representa a armadura onde a força será calculada. Condição de carregamento Figura 3.21 – Condição de carregamento na armadura UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Obtenção da Solução Este problema foi resolvido usando a formulação de potencial escalar magnético, formulação que também foi aplicada no caso do reator, com isso esse exemplo contribui de forma significativa no entendimento dessa formulação quando aplicado na análise principal desse trabalho. Dessa forma a explicação desse método foi feita no início desse capitulo. Análises dos Resultados Na Fig 3.22 pode-se visualizar a distribuição dos vetores de fluxo magnético ao redor da estrutura. Nas duas figuras mostradas a baixos é possível observar que os valores mais elevados de densidade de fluxo magnético estão situados na região da armadura isso porque quando o fluxo sai dessa região ele se divide em duas metades na estrutura de sustentação da bobina. Figura 3.22 – Vetores do fluxo magnético UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 3.23 – Contorno do fluxo magnético Figura 3.24 – Resultado da força que atua na armadura do solenóide Nesses resultados as força nas direções x e y se anulam enquanto que a força na direção z é multiplicada por quatro. Dessa forma a força que age sobre a armadura e que foi obtida pelo método do Trabalho Virtual é de 11,19N e a que foi obtida pelo método de Maxwell corresponde a 10,96 N. Da mesma forma do exemplo anterior, pode-se verificar que os valores das duas forças, que atuam na armadura na direção z, apresentam valores próximos. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ CAPÍTULO 4: ANÁLISE MAGNÉTICA PARA O REATOR Os resultados básicos de uma análise magnética incluem intensidade de campo magnético, densidade de fluxo magnético, força ou torque magnético e densidade de corrente. Existem duas formas um tanto quanto diferentes para se calcular esses parâmetros eletromagnéticos que são as formulações de potencial vetor magnético e o potencial escalar magnético. Essas duas formulações foram usadas nos exemplos apresentados no capítulo anterior do trabalho, sendo que a primeira formulação foi aplicada na análise bidimensional e a segunda na análise tridimensional. Neste capítulo será mostrada a análise desenvolvida para o Reator Elétrico e apresentados os resultados obtidos nas duas análises, com o propósito de se fazer uma comparação entre os resultados. 4.1 - Análise dos Resultados 4.1.1 - Definição do Modelo do Reator O modelo real do reator é composto por três bobinas, as quais possuem em seus interiores, chapas de aço silício, que são sustentadas por uma armadura e estão imersas em um óleo isolante, armazenado dentro da carcaça metálica do reator. Para efeito de análise, o UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ modelo numérico foi definido contendo apenas 1/4 da estrutura do reator com: a armadura, as chapas de aço silícico, as bobinas (a região do óleo isolante foi substituída pelo ar). Na estrutura externa, as paredes com irregularidades foram simuladas como uma caixa de paredes planas. Podem ser observados nas Figs. 1.1 e 4.2 as fotos do reator fechado e a separação da estrutura externa e o núcleo magnético. Na Figs. 4.3 e 4.4 têm-se com detalhes a composição do núcleo. O modelo numérico construído é uma aproximação do modelo real, que devido a sua complexidade tornou-se necessárias algumas simplificações. Vale ressaltar que a definição de um modelo numérico está vinculada aos recursos computacionais disponíveis, pois quanto mais complexo o modelo, maior será o tempo para obter a solução, além de exigir computadores mais sofisticados. Foto 4.1 – Fotos do reator e do núcleo magnético na fábrica. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Foto 4.2 – Fotos do Núcleo Magnético. Foto 4.3 – Foto da chapas de aço silício que compõe o núcleo magnético. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 4.1.2 - Construção do Modelo do Reator Como já mencionado anteriormente, o modelo numérico representa apenas 1/4 da estrutura do reator, pois o modelo pode ser considerado simétrico no eixo Y. A Fig. 4.4 mostra as chapas de aço silício e a armadura. Já na Fig .4.5, o volume representa a região de ar. Figura 4.1 – Modelo numérico da armadura e as chapas de aço silício. Figura 4.2 – Modelo numérico representando a região do ar. 4.1.3 - Definição dos Elementos E Propriedades do Material O elemento usado nessa análise foi o SOLID96, o qual tem a capacidade de modelar campos magnéticos em 3-D, usando a formulação potencial escalar magnético em uma análise estática. A geometria, a localização do nó e os sistemas de coordenadas para este elemento são UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ mostrados na Fig. 4.6. Figura 4.3 – Geometria do SOLID96. Para a região do ar foi usado a permeabilidade relativa de 1,0 H/m. A curva B – mostrada na Fig. 4.7 foi usada para todos os componentes que compõem a geometria, exceto o ar, pois os materiais são ferromagnéticos. Figura 4.4 – Curva B-H do aço silício. 4.1.4 - Discretização do Modelo UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ O modelo foi discretizado de forma livre, mas levando em consideração a disponibilidade de recursos computacionais e a convergência dos cálculos. Todo o modelo foi discretizado com o elemento SOLID96, como já mencionados no item anterior. Nas Figs. 4.8 e 4.9 é possível observar o modelo discretizado, destacando cada região. Figura 4.5 – Discretização da região do ar. Figura 4.6 – Discretização da armadura (cor vermelho) e as chapas de aço silício (cor lilás). 4.1.5 - Geração das Bobinas As três bobinas do reator são geradas no modelo numérico de forma independente da malha. As bobinas possuem geometrias pré-definidas chamadas de SOURC 36, que são usados para fornecer dados em problemas de campo magnético. Esse elemento representa a UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ distribuição de corrente no modelo trabalhado com a formulação potencial escalar magnético. As fontes de correntes são usadas para calcular a intensidade de campo magnético (Hs), usando a técnica de integração numérica envolvendo a lei de Biot-Savart. O termo Hs é usado na formulação como uma condição magnética no modelo. A Fig 4.10 detalha o elemento SOURC 36. Os parâmetros usados na criação das bobinas são listados na Tabela 4.1. Tabela 4.1 – Parâmetros usados para a construção das bobinas Parâmetros Aplicação Valores XC Valor do raio em X 450mm YC Valor do raio em Y 450mm DZ Dimensão Z 1640mm DY Dimensão Y 250mm CUR Valor da corrente 75.3A N Nº de enrolamentos 1234 V TCUR Corrente vezes o nº de voltas 12839 A-V Figura 4.7 – Geometria do elemento SOURCE 36. A Fig 4.11 mostra as três bobinas usadas no modelo. Na Fig. 4.12 pode ser observado que a corrente está no sentido anti-horário e defasadas de 120° uma das outras. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 4.8 – Bobinas usadas na modelagem numérica. Figura 4.9 – Bobinas destacando os sentidos das correntes. 4.1.6 - Aplicação das Condições de Carregamento Um dos objetivos do trabalho é calcular a força na estrutura de sustentação das bobinas (armadura), dessa forma o destaque em vermelho é a aplicação desse carregamento, ou seja, o lugar onde as forças devem ser calculadas. Essa condição calcula a força total que atua no componente selecionado na Fig. 4.13. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 4.10 – Condição de carregamento na armadura. 4.1.7 - Obtenção da Solução 4.1.7.a - Método de solução A formulação potencial escalar magnética é recomendada para aplicação de análise estática 3D. A aproximação escalar permite modelar a fonte de corrente como sendo primitiva ao invés de elementos, portanto a fonte de corrente não precisa ser parte da malha de elementos finitos. Para efeito de certificação dos resultados foram realizadas duas análises: uma bidimensional e outra tridimensional do reator. No primeiro caso, serão mostrados apenas os resultados. 4.2 - Modelo Bidimensional do Reator 4.2.1 - Vetores de Fluxo Magnético A Fig. 4.14 destaca os vetores de densidade de fluxo magnético distribuído no modelo bi-dimensional. As cores representadas em azul simulam os valores mínimos da densidade enquanto que a cor em vermelho destaca o máximo valor encontrado desse fluxo. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 4.11 – Distribuição de vetores de fluxo magnético. 4.2.2 - Contornos de Fluxo Magnético Figura 4.12 – Contornos de fluxo magnético 4.2.3 - Gráfico do Fluxo de Linha no Modelo UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Figura 4.13 – Fluxo de linha no modelo. 4.2.4 – Distribuição dos Vetores de Força Figura 4.14 – Distribuição dos vetores de forças. 4.2.5 - Contornos de Força UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Força máxima Figura 4.15 – Contornos de força no modelo. 4.2.6 -Cálculo da Força Total Atuando na Armadura Figura 4.16 – Cálculo da força total 4.3 - Modelo Tridimensional do Reator UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 4.3.1 - Vetores de Fluxo Magnético Figura 4.17 – Distribuição dos vetores de densidade de fluxo magnético 4.3.2 - Contornos de Fluxo Magnético Figura 4.18 – Contornos de densidade de fluxo magnético. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ 4.3.3 - Distribuição dos Vetores de Força Atuando na Armadura Figura 4.19 – Distribuição dos vetores de força. Figura 4.20 – Cálculo da força total atuando na armadura. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1 - Conclusões Como pôde ser visto nos resultados das figuras (4.15), (4.16), (4.21) e (4.22), a distribuição de densidade de fluxo magnético tanto para modelo bi - dimensional quanto para o modelo tri dimensional se comporta de forma semelhante e coerente com a teoria, pois o fluxo que sai do interior de cada bobina se soma atingindo seu valor máximo na parte lateral da armadura que são identificados nas figuras com cores que indicam esses valores. Outro valor que pode ser aqui destacado e que é considerado o objetivo principal do trabalho é o cálculo da força total atuando na armadura. Primeiramente, para o caso bidimensional, têm-se dois valores de força o qual são calculados pelos dois métodos: Deslocamento Virtual e Tensor Tensão de Maxwell. Usando a formulação do vetor potencial escalar, observa-se que os dois valores são relativamente próximos, sendo que para o primeiro método a força encontrada foi de aproximadamente 40 kN, e para o segundo foi de 50 kN, o que pode ser considerado aceitável por estarem na mesma ordem de grandeza ( ver Fig. 4.20). Quanto ao caso tridimensional os métodos de cálculo das forças foram os mesmos mas a formulação usada foi a potencial escalar magnético que é a formulação mais apropriada para as análises tridimensionais, pois apresenta um número de equações menor que para a formulação potencial vetor magnético, implicando, conseqüentemente, na necessidade de recursos computacionais mais sofisticados. Os valores encontrados nessa situação foram de aproximadamente 17,7 kN e 18,8 kN (ver Fig. 4.24), que são considerados excelentes quando comparados com os exemplos mostrados no capítulo 3. Vale ressaltar que as forças encontradas representam a parcela de apenas1/4 da geometria, ou seja, para encontrar a força total atuando na geometria completa é necessário multiplicar esse valor por 4. Dessa forma pode-se dizer que a força total que atua na armadura do modelo tem um valor de 71,2 kN e 75,6 kN. As diferenças verificadas entre os dois tipos de análises realizadas no modelo do reator, no que diz respeito aos valores de força magnética, podem ser justificadas por um conjunto de fatores que somados podem ter gerado tal diferença. Um dos fatores pode ser atribuído ao critério de convergência que foi assumido de 10-2 devido à dificuldade de se obterem resultados para critérios de convergência menores pela demora na obtenção dos mesmos. Por outro lado, outro fator negativo que pode ter contribuído na diferença dos resultados foi a qualidade da malha que não pôde ser mais refinada, devido ao aumento no número de elementos, o que acarretaria num aumento dos graus de liberdade do problema e a necessidade de hardware de maior capacidade para que o problema pudesse ser processado pelo ANSYS. Com base nos resultados encontrados nas análises bidimensional e tridimensional a força total foi diferente sendo que no primeiro caso variou entre 40 a 50 kN e no segundo 71,2 a 75,6 kN. Isso pode ser justificado pela própria aproximação dos modelos, ou seja, um modelo tridimensional se aproxima bem mais do modelo real que o bidimensional. A primeira análise foi importante porque forneceu um primeiro resultado com a finalidade de se ter uma noção do valor que seria encontrado na análise propriamente dita. De um modo geral, os resultados aqui encontrados possibilitam uma boa compressão do problema eletromagnético e permite sinalizar para as condições de carregamento que podem ser estabelecidas em um modelo vibro-acústico para o estudo da vibração e do ruído gerado pelo carregamento eletromagnético. 5.2 – Recomendações para Trabalhos Futuros UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ___________________________________________________________________ Após a conclusão deste trabalho é possível sinalizar para atividades futuras que poderão ser desenvolvidas visando o aperfeiçoamento dos resultados aqui apresentados, bem como ampliar a abordagem até então desenvolvida. Assim, oferecem-se as seguintes sugestões para trabalhos futuros: • Desenvolver um modelo tridimensional completo do reator, com os mesmos pressupostos usados nas análises apresentadas neste trabalho, estabelecendo comparações dos resultados; • Estudar o carregamento eletromagnético do modelo desenvolvido para uma abordagem que considere a corrente alternada e, como conseqüência, a variabilidade da carga com o tempo; • Desenvolvimento de um modelo tridimensional do Reator que permita a análise de carregamento completa e inclua o chapeamento do costado, tendo como suporte recursos ampliados de Hardware; • Desenvolver uma análise de vibração forçada em máquinas elétricas rotativas provocadas por forças eletromotrizes.