Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A Iluminismo Corrente filosófica do séc. XVIII Valoriza a razão como meio de “iluminar” e esclarecer os homens no sentido do conhecimento e da transformação do mundo Tem em vista o progresso, a felicidade e o respeito pelos direitos naturais da pessoa humana CONTESTAM: - Privilégios e distinções sociais - Servidões e escravatura - Origem divina do poder - Concentração de poderes - Fanatismo, dogma e superstição DEFENDEM: - Direito natural - Contrato social - Soberania popular - Divisão dos poderes - Tolerância religiosa JOHN LOCKE: A sociedade civil como forma de os homens se regularem Os homens abdicaram das suas liberdades naturais para obterem a segurança e o direito à vida e à propriedade privada, pelo que a sociedade civil seria um produto da racionalidade humana, contribuindo para o aperfeiçoamento das relações entre os homens A propriedade como base de uma sociedade justa e equitativa Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A JEAN JACQUES ROUSSEAU A sociedade civil como responsável pela corrupção dos homens, sendo um instrumento ao serviço dos mais ricos e poderosos A propriedade como fonte de desigualdades sociais contribuindo para a escravidão e a miséria da maioria As desigualdades só poderiam ser eliminadas através do contrato social (regime democrático em que o Homem vivendo em sociedade e subordinado ao poder continuaria a ser livre) Com a organização democrática do Estado o Homem adquire, em troca da sua liberdade natural, liberdade política, caracterizada pela participação na votação das leis e no seu acatamento Da votação resultaria a vontade geral e se realizaria o bem comum SOBERANIA POPULAR VOLTAIRE Apoio ao absolutismo iluminista Eliminação da administração real, do poder da igreja e das instituições feudais, no sentido de se caminhar para o progresso Desconfia da capacidade política do povo pelo que o poder deveria estar nas mãos de uma minoria esclarecida Manifesta-se contra a Igreja Católica, culpando-a da intolerância religiosa e do obscurantismo intelectual da sociedade, sendo a causadora dos problemas sociais e um grande entrave ao progresso Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A CHARLES MONTESQUIEU Critica a sociedade parisiense, a ociosidade da corte e os abusos e privilégios da nobreza, a sede de poder do clero e o absolutismo régio Defende a separação dos poderes A monarquia constitucional como a forma de estado mais adequada aos principios da divisão de poderes A separação de poderes procurava atacar os fundamentos do absolutismo tendo conduzido à criação de orgãos representativos da vontade popular. Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A A Revolução Americana (século XVIII) “A revolução americana marca o nascimento de uma nação sob uma égide/apoio dos ideais iluministas” Entre os séculos XVI e XVIII, a Inglaterra estendeu o seu império à América do Norte. No século XVIII muitos ingleses, escoceses e irlandeses abandonaram a Grã-Bretanha por motivos religiosos e políticos, e fundaram colónias neste novo território. Em meados do século XVIII a Inglaterra possuía 13 colónias na costa atlântica do continente americano. Apesar de autónomas, uniam-se pela língua, pela religião, e pelos inimigos comuns (franceses e índios). As colónias do Norte e do Centro viviam do comércio, defendiam ideais democráticos e tolerância entre os povos. As colónias do Sul viviam da agricultura, das plantações de algodão e tabaco, onde trabalhavam os escravos negros. Como tudo começou? A Guerra dos Sete anos foi um conflito travado entre diversas monarquias nacionais europeias pelo controlo das regiões de exploração colonial. Um dos lados dessa guerra era liderado pela França que, com o apoio militar dos austríacos, procurava rivalizar contra a supremacia exercida pelos britânicos nas regiões da América do Norte e na Índia. A Guerra dos Sete Anos terminou com a vitória da Inglaterra e reforçou o seu Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A papel de grande potência colonial. Vencedora, a Inglaterra apossou-se de grande parte do Império Colonial Francês, especialmente das terras a oeste das treze colónias americanas. Durante a guerra a Inglaterra tinha prometido aos colonos que em troca de auxílio militar lhes permitiria a administração dos territórios conquistados. No entanto, os ingleses decidem não cumprir as promessas feitas e como a sua economia estava devastada pela Guerra dos Sete Anos, decidem que seriam as colónias americanas a pagar as despesas da guerra. Desta forma, lançaram uma série de impostos: Imposto sobre o selo, Imposto sobre o açúcar, Imposto sobre o Chá. O imposto sobre o selo tornava obrigatório a todos, o uso de papel selado em todos os atos jurídicos , tendo um valor estipulado por lei. A Lei do Selo ( Stamp Act , 1765) provocou grandes atritos entre os colonos e a Inglaterra, pois exigia a selagem até de baralhos e dados. Todas as publicações (jornais impressos em geral) eram seladas e, por isso, os seus preços tornavam-se mais elevados. Até 1773, o chá era levado pelos ingleses da Índia até às 13 colónias, onde era revendido pelos comerciantes (burguesia) à população. A partir de 1773, os burgueses coloniais são excluídos da rota do chá, e este passa a ser, monopólio da Companhia das Índias Orientais, onde vários políticos ingleses tinham interesses. A Companhia transportaria o chá diretamente das Índias para a América. Os intermediários tiveram grande prejuízo e ficou aberto um precedente perigoso: quem garantia que o mesmo não seria feito com outros produtos? Perante, este novo imposto sobre o chá, os colonos americanos protestaram. Disfarçados de índios, lançaram ao mar os carregamentos de chá dos navios ancorados no porto de Boston. Estávamos em 1773, foi o início da revolução americana. Boston Tea Party. Em 1774, 12 representantes das colónias (a Geórgia não enviou delegados) reúnemse em Filadélfia, num edifício conhecido como Carpenter’s Hall , exigindo os mesmos direitos e liberdades concedidos aos súbditos da metrópole. Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A 1º Congresso na Filadélfia (1774): Proibiu o comércio com a Inglaterra. Os colonos americanos só podiam exportar os seus produtos para Inglaterra ou para outras colónias inglesas e só podiam importar mercadorias europeias por intermédio de Londres (teoria do exclusivo comercial). 2º Congresso na Filadélfia (1775): foi decidido responder à guerra declarada pela metrópole e constituiu-se um exército, cujo comando foi entregue a George Washington. 3º Congresso na Filadélfia (1776): os delegados de todas as colónias aprovaram a Declaração da independência. A declaração da Independência de 1776: Defende o direito à igualdade e à independência como “Lei da Natureza”; Proclama, como direitos “inalienáveis” (isto é, que não se podem transmitir a outrem) e concedidos por Deus, “a Vida, a Liberdade e a procura da Felicidade”; Soberania popular com base em “governos, cujo justo poder vem do consentimento dos governados”; Prevê o direito dos povos deporem um governo que não os represente e de “instituir um novo governo”; Rejeita o “ absolutismo”. George Washington forma um exército de voluntários. Inicia-se a guerra da independência. A Guerra da Independência começa em março de 1775. Os americanos tomam Boston. Tinham força de vontade, mas interesses divergentes e falta de organização. Das colónias do Sul, só a Virgínia agia com decisão. A intervenção francesa foi decisiva. Os franceses estavam influenciados pelos ideais de liberdade do movimento, estimulados pela propaganda feita por Franklin e motivados pela intenção de golpear a Inglaterra, que lhes havia imposto pesadas perdas em 1763. Assinaram Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A um tratado, transferindo dinheiro para os americanos e procuraram estabelecer uma aliança com os espanhóis contra os ingleses. Após algumas derrotas, os independentistas vencem os ingleses na batalha de Yorktown (1781). A Inglaterra reconhecerá a independência dos Estados Unidos da América em 1783, no tratado de Versalhes. O trabalho dos chamados “pais fundadores” do novo Estado afigurava-se extremamente difícil. A 17 de setembro de 1787 em Filadélfia foi possível obter um consenso e assinar um documento: A constituição dos Estados Unidos. A constituição inclui uma introdução e 7 artigos suficientemente amplos e flexíveis, deixando à lei ordinária a tarefa da sua adaptação face às necessidades conjunturais da comunidade. A Constituição Americana estabelece um Estado central forte ao mesmo tempo que garante, pelo sistema federal, a relativa autonomia de cada Estado (um Estado Federal é uma forma de organização estadual caracterizada pela existência de vários poderes políticos, sendo um deles o soberano (Estado Federal) e os restantes, os dependentes (Estados Federados). Os direitos e liberdades individuais são assegurados pelas dez primeiras emendas, mas a escravatura dos negros é mantida e os índios são excluídos da nação americana. Em 1787, os Estados Unidos proclamaram sua primeira Constituição. Esta, resumia a tendência republicana defendida por Thommas Jefferson, que queria grande autonomia política para os Estados membros da Federação, e a tendência federalista, que lutava por um poder central forte. O presidente seria eleito pelo período de quatro anos por representantes das Assembleias dos cidadãos. Duas câmaras compunham o Congresso: a Câmara dos Representantes, com delegados de cada Estado na proporção de suas populações; e o Senado, com dois representantes por Estado. O Congresso votaria leis e orçamentos. O Senado encobriria pela política exterior principalmente. Uma Corte Suprema composta por nove juízes indicados pelo presidente resolveria os conflitos entre Estados e entre estes e a União. Nas suas linhas mestras, tais princípios constitucionais permanecem até hoje. Esta Constituição era a primeira da História mundial onde se consignavam os Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A direitos individuais dos cidadãos, se definiam os limites dos poderes dos diversos estados e do governo federal, e se estabelecia um sistema de equilíbrio entre os poderes legislativo, judicial e executivo de modo a impedir a supremacia de qualquer deles, além de outras disposições inovadoras. Em 1787, é aprovada a Constituição americana, garantindo as liberdades e direitos dos cidadãos, a divisão tripartida dos poderes, a soberania da nação e a liberdade religiosa. Poder legislativo Poder executivo Congresso Presidente e VicePresidente Câmara dos representantes Colégio eleitoral Senado Poder Judicial Supremo Tribunal Tribunais Cidadãos Relativamente à organização dos poderes, a Constituição americana estabelece a separação entre os poderes, legislativo, executivo e judicial e um sistema de governo presidencialista, em que o chefe do Estado é também chefe do governo, eleito por um colégio eleitoral escolhido pelos cidadãos eleitores. Os tribunais têm o poder de controlo dos atos dos governantes. O facto de a revolução Americana ter origem num ato de rebeldia, contra os alegados atos de tirania do governo britânico, e o estabelecimento pela lei constitucional de um sistema representativo, favoreceu a difusão na opinião pública internacional, a ideia de Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A que esta foi a primeira revolução liberal, isto é, o primeiro movimento de rutura com o Antigo Regime inspirado nos ideais iluministas de liberdade e igualdade jurídica dos cidadãos, da separação dos poderes, do sistema representativo, da tolerância religiosa e do laicismo do Estado. Em comemoração do primeiro centenário dos Estados Unidos, em 1876, a França ofereceu ao povo americano uma estátua que representa uma mulher erguendo uma tocha para proclamar a liberdade. A revolução americana deu início a uma vaga de revoluções liberais que ocorreram entre os séculos XVII e XIX e que puseram fim ao sistema de Antigo Regime baseado no absolutismo e na sociedade de ordens. Estes movimentos instituíram a soberania popular, a separação de poderes, a livre iniciativa económica, a tolerância religiosa e a descolonização. OS séculos XVII e XVIII correspondem ao auge do absolutismo e, ao mesmo tempo, um período em que a sociedade burguesa esbarra nas reminiscências do feudalismo (privilégios da nobreza, servidão,...). Na 2ª metade do XVIII, vários intelectuais passaram a criticar o antigo regime anunciando novos valores condizentes com o progresso daqueles tempos. Assim, o iluminismo constituiu o fundamento teórico que levou às revoluções burguesas. Os seus grandes Precursores foram: Locke que transferiu o racionalismo para análise política e social. Locke confrontava as bases teóricas do absolutismo ao formular a conceção de bondade natural do homem e de sua capacidade de construir sua felicidade e lutar pela liberdade. Os governos foram criados para garantir os direitos naturais do cidadão: vida, liberdade e propriedade. Caso não houvesse estas garantias caberia a sociedade civil o direito de rebelião. Negava-se o autoritarismo e o direito divino. Montesquieu: sistematizou a teoria da divisão de poderes. Voltaire: defendeu uma monarquia esclarecida, o que na prática significava um governo burguês baseado nas ideias dos filósofos. Criticava violentamente a igreja, a servidão, a guerra e a censura. Iluminismo e a Revolução Americana Curso: Línguas e Humanidades Ano letivo 2012/2013 História A Rousseau: criticava o absolutismo, acreditava na bondade inata do homem, na sua capacidade de aprendizagem e que o voto da maioria era sempre justo. Síntese: A guerra da independência das colónias americanas foi o ponto de partida para um movimento de revoluções em cadeia. Pela primeira vez os ideais iluministas da igualdade entre os Homens e da soberania popular eram aplicados na libertação de um povo. O nascimento da Nação Americana criou o primeiro país descolonizado e a primeira república democrática que se fundamentava no voto dos seus cidadãos, a escolha dos órgãos máximos de soberania (Congresso e Presidente da República). Esta revolução serviu de exemplo e de estímulo para outras, tais como a Revolução Francesa. Iluminismo e a Revolução Americana