Lutando contra os efeitos nocivos da lagosta branca e do pargo quadrado Muito já se escreveu sobre o problema dos psicotrópicos em nosso hemisfério. No entanto, existem modalidades que causam graves estragos nos âmbitos locais e internacionais. Trata-se de métodos como as mulas, compartimentos secretos em veículos e embarcações, e também a pesca da “lagosta branca” e do “pargo quadrado”. WRITER-ID | 17 agosto 2011 Instrutores do curso antidrogas do WHINSEC inspecionam a zona de treinamento, que simula um laboratório de drogas. (Foto: Lee A. Rials / Relações Públicas do WHINSEC) Muito já se escreveu sobre o problema dos psicotrópicos em nosso hemisfério. No entanto, existem modalidades que causam graves estragos nos âmbitos locais e internacionais. Trata-se de métodos como as mulas, compartimentos secretos em veículos e embarcações, e também a pesca da “lagosta branca” e do “pargo quadrado”. Estes termos, empregados em função dos nomes de frutos do mar de alta rentabilidade, a lagosta e o pargo, são utilizados para se referir a pagamentos com drogas pelo apoio logístico aos transportes ilícitos de cocaína, primordialmente, e também à pesca de malas com drogas que são lançadas ao mar para serem, em seguida, pescadas por falsos pescadores ou por elementos do mercado varejista de drogas. Historicamente conhecida como a Suíça das Américas, a Costa Rica é atualmente um destino comercial de embarques consideráveis de cocaína e do consumo de crack. Esta modalidade cria um grave problema de segurança, tem o potencial de afetar as relações internacionais e de causar enormes perdas no tesouro mais importante da Costa Rica: o turismo. Em janeiro de 2009, o comissário Erik Lacayo, ex-diretor da Força Pública da Costa Rica, afirmou em entrevista a um jornal costa-riquenho que esta modalidade interfere no desenvolvimento do mercado interno de drogas como a cocaína e o crack. Lacayo também afirmou que este flagelo estava atingindo níveis alarmantes. Informativos de caráter nacional e internacional indicam que os cartéis do narcotráfico continuam modernizando suas táticas em busca de novas rotas, novos mercados e novos métodos de distribuição e comercialização. A incógnita é descobrir se esta modalidade exerce algum efeito (positivo ou negativo) nas relações bilaterais, especialmente com os Estados Unidos, o maior sócio comercial da Costa Rica. A Lei de Patrulhamento Conjunto de 1999 entre Costa Rica e EUA é uma das alternativas estratégicas utilizadas no combate ao narcotráfico. Sob este acordo, o Serviço de Guarda-Costeira dos EUA, junto com seus homólogos costa-riquenhos, são os encarregados da aplicação desta lei, com missões específicas de detecção, dissuasão e detenção desta ameaça no mar. Esses desafios se agravam com a chegada da “lagosta branca” às costas e posterior venda nas ruas. Gerardo Lascares, vice-ministro da Segurança Pública durante o Governo do presidente Arias, afirmou que o consumo de crack tem caráter pandêmico. Não sabemos se esta modalidade é parte de um plano de expansão de comercialização ou se é simplesmente um evento fortuito cujas consequências colaterais resultaram em novos mercados. O que podemos garantir foi que houve efeitos palpáveis depois da escalada nas estatísticas de crimes como roubo, furto e assassinatos no âmbito nacional e de delitos transnacionais, como a lavagem de dinheiro e a criação de uma plataforma de lançamento para outros destinos. Estas variáveis podem ter ainda efeitos nocivos no turismo, no comércio local e internacional e, ainda mais, no lema nacional: a “Pura vida”. Bruce Bagley, autor do livro intitulado Drug Trafficking in America, declarou em uma entrevista na Costa Rica que esta modalidade pode afetar negativamente o turismo. Ele baseia suas afirmações em duas linhas de raciocínio. Primeiro, as operações policiais e militares no México deixaram enormes perdas que os cartéis desejam recuperar. Em segundo lugar, os narcotraficantes buscam constantemente novas plataformas de lançamento. Os efeitos colaterais podem traduzir-se na transformação do destino turístico do surfing em um lugar carente de segurança. Por este motivo, é importante induzir o leitor a aprofundar-se além da problemática de uma simples técnica de pagamento em espécies. Recordemos os efeitos colaterais e o potencial de se sangrar a sociedade e as economias de nações como a Costa Rica. A correlação entre as variáveis de consumo de drogas (especialmente a cocaína e o crack) e o crescimento da criminalidade é evidente. Diante deste panorama, o que estamos fazendo? Um dos mecanismos de defesa é a capacitação em plataformas como as do Instituto para a Cooperação e Segurança do Hemisfério (WHINSEC), na Geórgia, EUA. O WHINSEC é um dos pilares de combate aos desafios estratégicos, operacionais e táticos. Desde sua criação, centenas de efetivos das forças policiais da Costa Rica passaram pelas aulas do instituto com a finalidade de frequentar cursos de operações antidrogas, inteligência e cursos para os comandos subalternos, médios e superiores. A profissionalização dos efetivos é a chave para se enfrentar os desafios de um inimigo ágil, veloz e bem apoiado financeiramente. “O trabalho ainda não está no fim”, disse-nos o capitão Gerald Camacho, instrutor de táticas do WHINSEC. O vice-ministro de Segurança da Costa Rica, Walter Navarro, contou-nos em sua última visita ao Instituto que as lideranças das forças policiais reúnem-se constantemente para adotar qualquer tipo de legislação que tenha como objetivo erradicar este mal. Falamos de um fenômeno ilícito na Costa Rica e de sua repercussão. Concluímos que devemos insistir para que os eruditos das ciências sociais e os efetivos das forças policiais investiguem mais profundamente esta questão. Sobre o autor O tenente-coronel Samuel López Santana é instrutor do Curso de Comando e Estado-Maior da Escola Profissional de Educação Militar, Instituto de Cooperação para a Segurança do Hemisfério (WHINSEC). Copyright 2017 Diálogo Americas. All Rights Reserved.