contribuição do pré-natal para humanização do

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CONTRIBUIÇÃO DO PRÉ-NATAL PARA HUMANIZAÇÃO DO PARTO EM
ADOLESCENTES
Janaína Jordão da Silva1; Marilu Correa Soares2; Niviane Genz3; Sonia Maria Könzgen
Meincke4
Introdução: A gravidez é um período fisiológico na vida reprodutiva da mulher que se
caracteriza por modificações físicas, psíquicas e sociais e, ao se tornar mãe, a mulher
vivencia momentos de dúvidas, inseguranças e medos
(1)
. O pré-natal é considerado o
período de acompanhamento gestacional que tem por objetivo assegurar que a gravidez
transcorra sem intercorrências e culmine com o nascimento de um bebê saudável, sem o
comprometimento da saúde da mulher. Na assistência pré-natal uma das metas é
prevenir precocemente alterações que possam prejudicar os vínculos entre mãe e filho
(2)
. No cuidado à adolescente gestante, a captação precoce é essencial para a avaliação e
o controle permanente do risco desde o início da gestação, incentivo e orientação sobre
hábitos de vida saudáveis, apoio psicológico e rastreamento de dificuldades, prevenção
e diagnóstico de intercorrências com vistas à boa evolução gestacional e neonatal
(3)
.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo investigar as contribuições do pré-natal para a
humanização do processo de parturição em adolescentes. Metodologia: Trata-se de uma
pesquisa quantitativa, descritiva. Utilizou-se um recorte dos dados da pesquisa
multicêntrica Redes Sociais de Apoio à Paternidade na Adolescência (RAPAD)(4),
realizada no período de 3 de dezembro de 2008 a 2 de dezembro de 2009 em PelotasRS, Florianópolis-SC e João Pessoa-PB. Na coleta dos dados foi utilizado instrumento
com questões abertas e fechadas. Para o presente estudo selecionou-se o Bloco C –
Dados do Pré-Natal composto por 20 questões. Os sujeitos foram 181 puérperas
adolescentes da cidade de Pelotas-RS. Os preceitos éticos foram embasados na
Resolução 169/96, para tanto a pesquisa RAPAD foi aprovada pelo Comitê de Ética em
1
Enfermeira da A.C. Santa Casa do Rio Grande - Hospital de Cardiologia e Oncologia do Complexo
Hospitalar Enio Duarte Fernandez.
2
Enfermeira Obstetra. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela EERP-USP. Docente da
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira especialista em Oncologia. Mestranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas.
4
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFSC. Docente da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal de Pelotas.
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Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, sob o
Protocolo nº 007/2008. Resultados e Discussão: Constatou-se que 74,6% das gestantes
adolescentes realizaram seis consultas de pré-natal ou mais; 40,4% iniciaram no 1°
trimestre, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. Acredita-se que o período de
início das consultas de pré-natal é muito importante para que se tenha um
acompanhamento gestacional mais precoce, com o intuito de prevenir problemas.
Possibilita também iniciar mais cedo as orientações às gestantes para minimizar as
dúvidas que surgem na gestação, uma vez que cada período gestacional é diferente para
cada mulher. 97,2% das puérperas adolescentes realizaram os exames durante o prénatal e, destas, 71,8% receberam orientações sobre esses exames. Com relação aos
exames durante o pré-natal, vale reforçar que é de extrema importância a sua realização
como medida de prevenção dos agravos da gestação, possibilitando a detecção
antecipada dos problemas que poderão ser tratados precocemente, garantindo a saúde da
mãe e do bebê; 49,7% das puérperas referiram ter recebido informações sobre trabalho
de parto e parto; 43,1% relataram que essas orientações ajudaram no trabalho de parto e
parto. Durante a gravidez, o ideal é que as mulheres tenham um espaço específico de
atendimento que inclua dinâmicas de grupo, para discutir os medos, ansiedades,
fantasias e mitos sobre o parto e esclarecimento das dúvidas. Na adolescência, os grupos
exercem papel importante no sentido de fortalecer a mulher para vivência do processo
de parturição. Já 31,5% das puérperas tiveram a oportunidade de discutir outras
preocupações nas consultas de pré-natal e 66,3% não tiveram a oportunidade. Na
gestação as adolescentes costumam ser mais receptivas a orientações de saúde. Deve-se
encarar esta situação como uma oportunidade de atenção integral à adolescente, além
das orientações sobre o processo de parto, aleitamento e cuidados com o recém-nascido,
é importante buscar mudanças no comportamento no sentido de que a adolescente passe
a ter uma postura preventiva em relação a seu bem-estar. Quanto aos motivos pelos
quais não foi possível discutir outras preocupações durante o pré-natal, 25,9% das
entrevistadas relataram que o motivo foi a falta de atenção dos profissionais de saúde.
Este resultado serve de reflexão para gestores, profissionais e usuários discutirem ações
que estimulem a utilização das consultas de pré-natal como um espaço incentivador para
formar e fortalecer o empoderamento dos usuários do sistema de saúde. O vínculo do
profissional de saúde com a gestante é muito importante. E isso se confirma nos
resultados em que 19,3% das puérperas adolescentes que tiveram a oportunidade de
discutir outras preocupações nas consultas de pré-natal referiram que já consultavam
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com o profissional há mais tempo, para 96,5% o profissional permitiu que
manifestassem suas ansiedades e dúvidas e para 12,3% o profissional já conhecia a
história de vida e familiar da adolescente. Assim, a relação que os profissionais de saúde
mantêm com as gestantes contribui para tornar as consultas de pré-natal um espaço
propício para que as adolescentes possam esclarecer todas as suas dúvidas e medos, não
somente os relacionados à gestação. Em relação à participação em grupos de preparação
para o trabalho de parto e parto, somente 9,9% participaram e 100% das que
participaram referiram que as orientações recebidas nos grupos foram úteis no momento
do parto. A presença paterna, nos grupos, foi de 2,7%, demonstrando que a participação
dos pais ainda é muito pequena quando comparada à participação das gestantes nos
grupos. A captação da gestante é tão importante quanto à do pai, e a equipe de saúde
tem um papel fundamental nesta ação, devendo favorecer o acolhimento dos pais na
unidade de saúde, proporcionando-lhes condições para interagir juntamente com a
gestante no processo gravídico, nas consultas e/ou na participação dos grupos de
gestantes, permitindo que o casal expresse suas preocupações e suas dúvidas,
orientando-os da melhor maneira possível. Portanto, a participação dos futuros pais e
mães nos grupos de gestantes possui efeitos benéficos, uma vez que busca diminuir a
ansiedade, esclarecer as dúvidas e temores durante o período gestacional, aumentando
assim a segurança e a autoconfiança do casal em relação à evolução da gestação, do
parto e dos cuidados com o recém-nascido. Conclusão: Com base nos resultados
encontrados, salienta-se a necessidade de utilizar o espaço do Pré-natal como cenário de
empoderamento da mulher. Os grupos podem ser uma estratégia de preparação para o
parto, principalmente com a população adolescente. Os profissionais de saúde precisam
estar sensibilizados para incentivar a presença do acompanhante nos grupos e nas
consultas de pré-natal, com o objetivo de desmistificar este período e proporcionar
esclarecimentos, conhecimento e segurança para que as gestantes adolescentes e
familiares que poderão se sentir mais tranquilos, seguros e acolhidos pelo sistema de
saúde. Acredita-se que o pré-natal tem grande relevância para tornar o momento da
parturição mais humanizado. Contudo, é preciso que os profissionais de saúde
promovam os cuidados e as informações de forma individualizada para as mulheres,
possibilitando a elas tornarem-se sujeitos ativos de sua saúde e com autonomia de suas
escolhas no processo de trabalho de parto, parto, nascimento e puerpério, e assim,
fortalecer as diretrizes do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento.
Palavras-Chave: Pré-Natal. Adolescência. Parto Humanizado.
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Área Temática; Políticas e Práticas em Saúde e Enfermagem
Referências:
1. BRASIL. Ministério da Saúde - Secretaria de Políticas da Saúde. Área Técnica da
Saúde da mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília:
Ministério da Saúde, 2008. 199 p.
2. VALENÇA, C.N.; GERMANO, R.M. Prevenindo a Depressão Puerperal Na
Estratégia Saúde Da Família: Ações Do Enfermeiro No Pré-Natal. Rev. Rene.
Fortaleza, v. 11, n. 2, p. 129-139, abr./jun.2010. Disponível em:
http://www.revistarene.ufc.br/vol11n2_pdf/a15v11n2.pdf Acessado em 10 de abril de
2012.
3. RIGOL, J.L.; SANTO, L.C. do E. Perfil Das Gestantes Adolescentes Atendidas em
Consulta De Enfermagem. Rev. Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.22, n.2,
p.122-140, jul. 2001.
4. MEINCKE, S.M.K. Redes Sociais de Apoio a Paternidade na adolescência.
Pesquisa financiada pelo CNPq Edital MCT/CNPq/MS-SCTIE-DECIT/CT-Saúde nº
022/2007.
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