POSTERS 21 de Novembro, 16:00h P01 BIOFEEDBACK NO TRATAMENTO CLÍNICO DA INCONTINÊNCIA FECAL. QUE FATORES INTERFEREM NOS RESULTADOS? Conclusão: O biofeedback é um método seguro que pode ser eficaz no tratamento de pacientes com incontinência anal. O valor do score pré-biofeedback &#8804;10 é um fator indicativo de melhor resposta ao tratamento. Factores como parto vaginal, cirurgia colorretal, pressões anais e presença de lesão esfincteriana não se correlacionaram com resposta ao tratamento. P02 Murad-Regadas, S.M., Caetano A.C., Gonçalves B., Cajazeiras-Oliveira, M.T.C., Duarte, V.C., Rolanda C. CAUSA RARA DE HEMATOQUÉZIAS 1 - Departamento Cirúrgico do Hospital Médico da Universidade Federal do Ceará e Hospital S. Carlos, Brasil 2- Hospital de Braga, Portugal. Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria Introdução: A incontinência fecal é um distúrbio funcional que provoca alteração da qualidade de vida e que se manifesta predominantemente em mulheres na faixa etária mais alta. O biofeedback é uma alternativa terapêutica que visa a reabilitação do assoalho pélvico. Objetivo: Avaliar a eficácia do biofeedback e analisar fatores preditivos de resposta no tratamento da incontinência fecal. Métodos: Análise prospectiva dos dados de pacientes com diagnóstico de incontinência fecal submetidos a biofeedback. Foram excluídos doentes com lesão esfincteriana com indicação cirúrgica e doentes com dados incompletos (n=30). Foi utilizado o score de incontinência da Cleveland Clinic para quantificar a incontinência fecal. Os dados foram analisados de acordo com a resposta ao tratamento, definida pela melhoria do score, e dividida em insatisfatória (< 35%), moderada (36 a 49%) e satisfatória (&#8805; 50%). Foram avaliados possiveis fatores preditivos: score inicial, parto vaginal, cirurgia colo-proctológica, pressão de repouso (PR) e voluntária máxima (PMV) do canal anal e lesão esfincteriana. Resultados: Foram incluidos 58 pacientes (8 homens e 50 mulheres, média de 66 anos). Nas mulheres, 23 tinham antecedente de cirurgia colo-proctológica, 38 de parto vaginal e 8 não tinham qualquer antecedente. Nas mulheres, a PR foi 33 mmHg e a PVM foi 80 mmHg. Houve redução no score pré-biofeedback comparado com pós-biofeedback (10,7 para 6,7) (p=0,0001), sendo a resposta média ao tratamento 44%. Das 24 mulheres que apresentaram melhoria satisfatória, 70% (17) apresentaram um score pré-biofeedback &#8804;10. A resposta ao tratamento foi melhor nas mulheres com score pré-biofeedback &#8804;10 (n=24) (insatisfatória=21%, moderada=8% e satisfatória=71%) comparado com aquelas com as mulheres com score pré-biofeedback >10 (n=26) (insatisfatória=54%, moderada=19% e satisfatória=27%) (p= 0,008). O número de mulheres com antecedente cirúrgico ou parto vaginal foram similares nos dois grupos assim como a PR, PVM e a presença de lesão esfincteriana. Nos homens, 4 tinham antecedente de cirurgia colo-proctológica. A PR foi 40mmHg e a PVM foi 151mmHg e não houve alteração no score pré-biofeedback comparado com o score pós-biofeedback, sendo a resposta média ao tratamento 31%. A resposta ao tratamento não diferiu entre homens e mulheres (31% x 44%). Liliane Meireles, António P. Coutinho, Beatriz Neves, José Velosa Os autores descrevem o caso de uma doente de 67 anos, de raça negra, sem antecedentes pessoais de relevo, que foi enviada à consulta de Gastrenterologia por quadro de hematoquézias com cerca de 3 meses de evolução. Ao exame objetivo apresentava-se apirética e anictérica com mucosas coradas. O abdómen apresentava ruídos hidroaéreos mantidos, era mole, depressível e indolor à palpação. Laboratorialmente não apresentava anemia nem outras alteração analítica de relevo. Realizou-se colonoscopia que revelou dos 25 cm aos 50cm da margem anal, inúmeras lesões polipoides de tamanho compreendido entre 5 e 10 mm, com mucosa hiperemiada e com sufusões hemorrágicas. Foram efetuadas biopsias, verificando-se o desaparecimento da maioria das lesões polipoides à picada. O resultado anátomo-patológica foi de infiltrado inflamatório ligeiro e inespecífico. A doente realizou ainda endoscopia digestiva alta que revelou uma gastrite antral. Por suspeita de Pneumatosis coli, realizou tomografia computorizada abdominal que documentou múltiplas imagens quisticas aéreas na parede do cólon sigmoide, numa extensão de cerca de 25 cm, atribuíveis a Pneumatosis coli. A Pneumatosis coli é uma condição incomum caracterizada pela acumulação de gás na parede gastrointestinal. Muitas etiologias têm sido propostas, incluindo causas mecânicas e bacterianas. Os sintomas variam consoante a localização da lesão e incluem obstipação, diarreia, hematoquézias, dor abdominal, perda de peso e flatulência. Com o presente caso clínico os autores pretendem relembrar esta entidade cujo diagnóstico histopatológico continua a ser um desafio em material de biópsia. P03 THE ROLE OF LYMPHATIC VESSEL INVASION IN RECTAL CANCER: A RETROSPECTIVE STUDY Ana Franky Carvalho, David Araújo, Patrício Costa, Nuno Sousa, Mesquita Rodrigues, Pedro Leão 1. Hospital de Braga, Serviço de Cirurgia Geral 2. Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, Escola de Ciências da Saúde, Universidade do Minho Background: Lymph node status is important in staging colorectal cancer (CRC). Presence of metastatic nodes differentiates stage III from stage II. However, the influence of lymphatic vessels invasion (LVI) on the prognosis in patients with rectal cancer has not yet been fully explored. 18 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 Objective: To investigate the prognostic value of LVI versus lymphatic node invasion (LNI), in patients with rectal cancer. Design: This was a retrospective study. Settings: This study was conducted at a single institution. Patients: We enrolled 219 consecutive patients that underwent surgery in Hospital of Braga, between 2000 and June of 2011. We analyzed demographic and clinical and anatomopathological factors (including LVI, LNI, TNM and Dukes stage). We evaluated whether LVI has an impact in survival. Main Outcome Measures: The main outcomes measured were overall survival and 5-year survival rates. Results: Our study shows that LVI is an independent prognostic factor in both univariate and multivariate analyzes. In the multivariate analysis, and controlling for sex, QT and venous invasion, it was also found that age is also an independent prognostic factor. Using logistic regression we found that the LIV is a factor to LNI. Limitations: This was a retrospective study in a small number of patients from a single institution. There were no comparator groups. Conclusions: This study is innovative because it meets a thorough analysis of the parameter lymphatic invasion, including not only node invasion but also LVI, and it confirms that LVI is a determinant prognostic value in patients with retal cancer and in lymph nodes metastasis. P04 DISMOTILIDADE GASTROINTESTINAL INEXPLICADA QUANDO AS OPÇÕES TERAPÊUTICAS SE ESGOTAM: OPERAR OU NÃO OPERAR? Sílvia Giestas, Sara Campos, Sofia Mendes, Paulo Freire, Paulo Souto, Pedro Amaro, Paulo Andrade, Carlos Sofia Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitario de Coimbra Introdução: A obstipação é um sintoma comum (3-27% da população) e normalmente os doentes respondem a medidas de alterações na dieta, terapêutica farmacológica e/ou biofeedback. Nos casos de obstipação com trânsito lento refratários a terapêutica médica optimizada coloca-se a opção de resseção cirurgica, porém menos de 3% são candidatos. Caso clínico: sexo feminino, 54 anos. Seguida, há mais de 20 anos, em consulta de Gastroenterologia, por dispepsia e obstipação refratária a diversos esquemas terapêuticos em doente com várias alergias/intolerâncias medicamentosas (lactulose, macrogol, neomicina, metoclopramida, eritromicina). O estudo realizado em ambulatório (EDA, TEG, ecografia/TAC abdominal, defecografia e colonoscopia) não apresentou alterações de relevo. Por surgimento de vómitos pós-prandiais associados a anorexia marcada foi internada na Neurologia (Dezembro/2011). Fez TAC-CE com exclusão de lesões centrais. Posteriormente, por agravamento das queixas com vómitos/regurgitação após todas as refeições, trânsito intestinal apenas com recurso a enemas e emagrecimento acentuado (26Kg em 2 anos), a doente foi internada na Gastroenterologia (Janeiro/2013). Realizou EDA, TEG e cinerradiologia da deglutição sem alterações significativas. O cintigrama revelou esvaziamento gástrico lento. Efectuou tempo trânsito intestinal compatível com inércia cólica. Dado a doente se manter refratária e/ou intolerante aos esquemas terapêuticos instituídos foi observada pela Psiquiatria sem aparente somatização. Avaliada pela Cirurgia Geral mas sem indicação cirúrgica atendendo à dismotilidade gástrica. Iniciou após a alta estimulação tibial posterior com melhoria do quadro de obstipação (sem necessitar de enemas). Actualmente aumentou 6Kg referindo apenas episódios esporádicos de vómitos. Conclusão: os autores descrevem o caso pela dificuldade da abordagem terapêutica e diagnóstica. Apresenta-se iconografia. P05 LINFOGRANULOMA VENÉREO COMO CAUSA DE PROCTITE Diana Carvalho, Pedro Russo, Tiago Capela, Mário Jorge Silva, Mariana Costa, João Roxo, Joana Saiote Hospital Santo António dos Capuchos Introdução: O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelos serotipos L1, L2 ou L3 de Chlamydia trachomatis (CT). Constitui uma causa rara de proctite nos países industrializados, predominando em homossexuais masculinos com infecção VIH. O diagnóstico diferencial inclui diversas etiologias, em particular doença inflamatória intestinal. Objetivos: Apresentação de um caso de linfogranuloma venéreo com discussão da abordagem diagnóstica e terapêutica, revisão da literatura e incluindo iconografia. Caso: Homem, 37 anos, homossexual, com infecção VIH desde 2004, sem indicação para terapêutica antiretrovírica. Referenciado a avaliação por quadro de diarreia, rectorragias, proctalgia, proctorreia, tenesmo e falsas vontades com 4 semanas de evolução. Ao exame objetivo apresentava adenopatias inguinais indolores, toque rectal doloroso com dedo de luva com sangue. Após fibrosigmoidoscopia é lhe diagnosticada proctite ulcerosa, sendo medicado com 5-ASA sem resposta clinica. Repetiu fibrosigmoidoscopia que revelou anite e mucosa do recto distal edemaciada, friável, ulcerada, com formações nodulares. Biópsias rectais com erosões, exsudado fibrino-granulocitário, marcado infiltrado inflamatório misto, atrofia e distorção glandular. Imunomarcação para citomegalovírus e pesquisa de parasitas foram negativas. Laboratorialmente com IgG positiva para CT, sem outras alterações. PCR para CT nas biópsias e exsudado rectal foi positiva. Isolou-se serotipo L2 em exame cultural. Foi medicado com doxiciclina com remissão clínica ao fim da primeira semana. Conclusão: Este caso ilustra a importância do LGV no diagnóstico diferencial de proctite, permitindo tratamento atempado e evitando complicações. Salienta-se que consiste num problema de saúde pública podendo facilitar a transmissão de VIH e outras DST. REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 19 P06 TÉCNICA DE TIESRCH NO TRATAMENTO DO PROLAPSO RECTAL Kalina Hirstova, Juan Rachadell, Edgar Amorim, Mahomede Americano Hospital de Portimão O tratamento cirúrgico do prolapso rectal visa corrigir a morfologia e restaurar a função. Existem múltiplas opções cirúrgicas, porém até ao momento,não existe nenhuma técnica que seja considerarada gold standart. Os procedimentos perineais tem maior taxa de recorrência, mas baixa morbilidade e podem ser realizadas sem a necessidade de recorrer a anestesia geral. A técnica de Tiersch, descrita pela primeira vez em 1981, previne mecanicamente que o recto prolapse. Os autores apresentam o caso de uma mulher, com prolapso rectal recidivado e múltiplas comorbilidades, tratada pela técnica deTiesrch modificada. O nosso intuito é relembrar que esta técnica pode ser uma alternativa para melhorar a qualidade de vida dos doentes com maior risco cirúrgico. P07 FÍSTULA DUODENO-CÓLICA DIAGNOSTICADA POR ENDOSCOPIA Iolanda Ribeiro, Teresa Pinto Pais, Carlos Fernandes, Ana Paula Silva, Adélia Rodrigues, Luísa Proença, Sónia Leite, João Carvalho, José Fraga diferenciado. Repetiu TAC abdominal: massa necrótica no ângulo hepático com aumento dimensional relativamente ao exame anterior, com cerca de 12.2cm, e que apresenta invasão duodenal. Duas semanas depois, o doente apresentou vómitos fecalóides. Na EDA a cavidade gástrica estava dilatada e deformada, com fezes líquidas no antro; bulbo com fezes líquidas, observando-se na passagem para a 2ª porção duodenal, orifício de grandes dimensões que permitia a passagem para a colon ascendente. Considerando o mau estado geral do doente e o estado de caquexia, optou-se por tratamento de suporte. O doente faleceu dois dias depois. A fistula duodeno-cólica é uma complicação rara da neoplasia do colon com localização no ângulo hepático. Geralmente associa-se a neoplasias em estadio avançado. Os sintomas clássicos são a diarreia, dor abdominal e vómitos fecaloides; ocasionalmente os doentes podem apresentar hemorragia gastrointestinal. A maioria das fistulas malignas são diagnosticadas por TC abdominal, no entanto, a endoscopia alta poderá ter um papel importante na sua avaliação. O tratamento depende da extensão da neoplasia, presença de metastização e estado geral do doente. P08 UMA COLITE SEGMENTAR COM EVOLUÇÃO ATÍPICA Iolanda Ribeiro, Teresa Pinto Pais, Carlos Fernandes, Sónia Fernandes, Rolando Pinho, Sónia Leite, João Carvalho, José Fraga Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Homem, 81 anos, parcialmente dependente, com antecedentes de hipertensão arterial e fribrilhação auricular. Recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal com duas semanas de evolução, associada a náuseas, vómitos alimentares e perda ponderal. Negava perdas hemáticas. Estudo analítico: anemia normocrómica normocítica com valor de hemoglobina de 10.3g/dl, sem outras alterações de relevo. Exame objetivo: doente emagrecido e com desorientação temporo-espacial; hemodinâmicamente estável; abdómen: mole, depressível e doloroso a palpação generalizada, sem sinais de irritação peritoneal. TC abdominal: espessamento do colon na transição ascendente/hepático, sugerindo processo neoformativo; ascite de pequeno volume e sinais de invasão dos planos adiposos peri-colicos; sem metastização hepática ou pulmonar. Colonoscopia total: neoformação com áreas de necrose no ângulo hepático do colon, impedindo a progressão a montante. A histologia foi compatível com um processo inflamatório crónico, sem sinais de malignidade na representação disponível. O doente teve alta com melhoria da dor abdominal e orientado para consulta externa de cirurgia geral. Reinternado três semanas depois por hiponatrémia sintomática. Durante o internamento iniciou vários episódios de melenas, razão pela qual realizou EDA que demonstrou na transição entre o bulbo e a 2ª porção duodenal mucosa polipoide com áreas vinosas. O exame histológico revelou carcinoma pouco Homem de 71 anos, com antecedentes de fibrilação auricular e medicado com anti-agregante plaquetário. Recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal e hematoquézias com 4 dias de evolução. Referia ainda anorexia e perda de peso de 5kg em 2 meses. Negava febre. Ao exame objetivo: apirético, hemodinamicamente estável, mucosas coradas e hidratadas; abdómen mole, depressível, doloroso à palpação na região periumbilical e quadrante inferior esquerdo, sem sinais de irritação peritoneal e sem organomegalias palpáveis. Toque retal com sangue na luva. Estudo analítico: ligeira anemia normocrómica normocítica (hemoglobina=12,5g/dl), leucocitose (11,43x103/uL) e proteína C reativa elevada (11,7mg/dL). Rx abdominal revelou distensão do colon transverso e ascendente, sem ar livre intraperitoneal. Colonoscopia esquerda: colon descendente com mucosa congestiva e com ulceras circunferenciais, alterações interpretadas em contexto de provável colite isquémica. As biopsias revelaram um processo inflamatório inespecífico. Apesar da pausa alimentar e fluidoterapia, o doente manteve dor abdominal e perdas hemáticas, verificando ainda elevação dos parâmetros inflamatórios analíticos e pico febril de 38ºc. Perante este agravamento, realizou TC abdominal: entre a parede anterior do corpo gástrico e o angulo esplênico do colon, abcesso de 5cm de diâmetro, observando-se no seu seio imagem linear cálcica de 3cm compatível com espinha de peixe; esta coleção abaula a parede do estomago ou faz 20 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 mesmo parte dela e tem relações de proximidade com o colon esquerdo proximal. Distalmente a esta região o colon apresenta espessamente parietal captante de forma concêntrica, de provável natureza inflamatória. A endoscopia digestiva alta confirmou o abaulamento da parede anterior do estômago, não se observando corpo estranho ou orifício na mucosa. O doente foi submetido a tratamento cirúrgico, observando-se tumefação inflamatória entre a grande curvatura e o colon transverso, tendo realizado epiplonectomia de porção de grande epíplon envolvida no processo inflamatório. A ingestão de corpos estranhos, em especial, espinha de peixe, é um problema relativamente comum. No entanto, a perfuração gastrointestinal ocorre em menos de 1% dos casos. A apresentação clínica diversificada juntamente com o facto da maioria dos doentes não recordarem o episódio de ingestão do corpo estranho, torna o diagnóstico ainda mais difícil e moroso. P09 POLIPOSE CÓLICA Miguel Tomé; Filipa Caldeira; Sara Patrocínio; Nuno Mendonça; Inês Guerreiro; Lígia Santos; José Vaz Centro Hospitalar Barreiro Montijo EPE Os autores apresentam neste trabalho o caso clínico de um doente de 48 anos admitido no Serviço de Urgência por quadro de abdómen agudo. Intraoperatoriamente constatou-se peritonite fecal generalizada por tumor perfurado do cólon sigmóide, tendo sido realizada Operação de Hartmann. A suspeita inicial foi de diverticulite aguda complicada de perfuração, contudo o exame anatomopatológico da peça revelou adenocarcinoma moderadamente diferenciado em segmento de cólon com múltiplos pólipos adenomatosos. A investigação subsequente desenvolveu-se no sentido do despiste de polipose familiar para definição de estratégia cirúrgica. O interesse deste caso prende-se com a importância do mapeamento genético e a sua influência na abordagem e decisão terapêutica. P10 P11 HEMORRAGIA DE ANASTOMOSE ILEO-CÓLICA: TRATAMENTO ENDOSCÓPICO Ana Monteiro, Bruno Pereira, Vanessa Bettencourt, Luis Valencia, Arnandina Loureiro Hospital Amato Lusitano - Unidade Local de Saúde de Castelo Branco Introdução: A hemorragia da anastomose intestinal mecânica é uma complicação rara (0,5%)1, com poucos estudos relatados relativamente à incidência, severidade, tratamento e outcome.2 Caso Clínico: Os autores apresentam o caso clinico de uma doente de 62 anos de idade com múltiplas comorbilidades submetida a hemicolectomia direita com anastomose mecânica que no 11º dia pós operatório inicia quadro de hematoquézias profusas com repercussão hemodinâmica (Hipotensão, taquicardia, sudorese, queda de 2gr Hb, necessidade de 2 UCE). A doente é submetida a colonoscopia tendo-se identificado hemorragia em toalha de 1/3 da sutura. Dado o risco elevado operatório e friabilidade do tecido anastomótico é efectuada terapêutica endoscópica com clips(6). Verifica-se progressiva diminuição das dejecções hemáticas com progressiva melhoria clinica da doente. Alta ao 5ºdia pós terapêutica endoscópica. Conclusão: A hemorragia severa de anastomose mecânica é uma complicação rara da cirurgia colo-rectal. A abordagem endoscópica é uma opção válida e segura não apenas como meio diagnóstico mas também como opção terapêutica. Assim, salienta-se a importância da atitude ponderada e multidisciplinar na abordagem do doente. 1 Martinez-Serrano M.A., Pares D., Pera M.,et al: Management of lower gastrointestinal bleeding after colorectal resection and stapled anastomosis. Tech Coloproctol 2009; 13: 49-53 2 Staple line haemorrhage following laparoscopic left-sided colorectal resections may be more common when the inferior mesenteric artery is preserved. Linn TY, Moran BJ, Cecil TD - Tech Coloproctol - Dec 2008; 12(4); 289-93. P12 PAPEL DO DILTIAZEM NO TRATAMENTO DA FISSURA ANAL Aires Martins, Luísa Pereira, Manuel Ferreira, Álvaro Gonçalves, Ana Rodrigues, Bárbara Lima, Helena Devesa, Teresa Almeida, Paulo Passos, Francisco Fazeres, Alberto Midões ULSAM - Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Santa Luzia NEM TUDO O QUE PARECE É Filipa Caldeira; Sara Patrocínio; Miguel Tomé; Nuno Mendonça; Inês Guerreiro; Lígia Santos; Ekaterine Ivanova; José Vaz Centro Hospitalar Barreiro Montijo EPE Os autores apresentam neste trabalho o caso clínico de uma doente de 77 anos de idade, encaminhada à consulta de Coloproctologia com o diagnóstico de melanoma do canal anal em estadio IV. Por sintomatologia incapacitante e hemorragia frequente, com repercussão clínica e analítica, foi submetida a ressecção major. Contudo, o exame anatomopatológico da peça revelou um diagnóstico inesperado. O interesse deste caso prende-se com a raridade de ambos os diagnósticos e controvérsia quanto à abordagem terapêutica. Introdução: A fissura anal uma traduz-se numa solução de continuidade na anoderme sobre o esfíncter interno hipertrofiado ao nível do canal anal. A principal causa corresponde ao aumento de pressão a que a anoderme é sujeita durante a defecação. Pode ocorrer em qualquer idade, embora seja mais frequente em jovens e adultos de meia-idade, localizando-se predominantemente ao nível da comissura posterior, quer em homens quer em mulheres. Objetivo: Os autores pretendem com este trabalho estudar papel bloqueadores dos canais de cálcio, nomeadamente do Diltiazem no tratamento da fissura anal. Material e Métodos: Este é um trabalho retrospetivo que engloba os doentes submetidos a tratamento com Diltiazem REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 21 na consulta de proctologia do hospital através da análise dos registos dos doentes seguidos em consulta. Resultados: A maioria dos doentes tratados apresentou melhoria da sintomatologia, embora esta percentagem diminua significativamente no que se refere à cicatrização completa da fissura anal. Discussão/Conclusão: O tratamento conservador da fissura anal inclui a utilização de bloqueadores dos canais do cálcio, nitroglicerina ou toxina botulínica. A cirurgia pode ser necessária em fissuras crónicas ou de maior profundidade. Da análise dos dados obtidos verifica-se que a maioria das fissuras anais tem uma localização posterior, o que está de acordo com a literatura atual. Foi ainda possível observar que a maioria dos doentes tratados com Diltiazem teve melhoria da sintomatologia, sendo que em alguns esta melhoria teve apenas um caracter transitório à semelhança da cicatrização completa da fissura anal que apenas foi conseguida numa pequena percentagem dos doentes. P13 AVALIAÇÃO DE FACTORES ENDOSCÓPICOS E IMAGIOLÓGICOS PREDITIVOS DE EVOLUÇÃO DESFAVORÁVEL NA COLITE ISQUÉMICA Pedro Russo, Diana Carvalho, Joana Saiote, Jaime Ramos, Teresa Bentes Hospital Santo António dos Capuchos Introdução: A colite isquémica [CI] resulta de um suprimento sanguíneo inadequado do cólon, causando inflamação e, em casos mais graves, podendo mesmo originar necrose do cólon. Objetivos e Métodos: Avaliação de factores preditivos de evolução desfavorável (internamento prolongado, cirurgia ou morte) em doentes com CI. Foram incluídos 71 doentes num período de 40 meses consecutivos. Foram avaliados factores demográficos (idade, sexo), endoscópicos (grau e local das lesões), e imagiológicos (alterações em TC). Resultados: A idade média foi de 75,8 anos (47-92 anos). Observaram-se lesões no cólon esquerdo em 60 doentes (84,51%), cólon direito em 6 (8,45%) e pancolite em 5 (7,04%). As lesões endoscópicas de grau I observaram-se em 40,85% (29/71); grau II em 45,07% (32/71); grau III em 14,08% (10/71). 46 dos doentes efectuaram TC abdominal: 12 sem alterações, 29 apresentavam espessamento parietal, 3 abcesso/fleimão, 2 pneumatose cólica. 11 apresentavam ascite concomitante. O tempo médio de internamento foi superior nos doentes com atingimento do cólon direito (24,8 dias), e lesões endoscópicas grau III (18,6 dias). 4 doentes necessitaram de intervenção cirúrgica e 3 faleceram. Ocorreram mais mortes (2) e/ou necessidade de intervenção cirúrgica (2) nos doentes com pancolite, com lesões endoscópicas grau III (2 mortes, 3 cirurgias), e com fleimão/abcesso, pneumatose cólica e/ou ascite em TC (1 morte, 1 cirurgia; 0 mortes, 2 cirurgias; 1 morte, 3 cirurgias, respectivamente). Conclusões: A CI apresentou um curso mais agressivo nos pacientes com lesões endoscópicas grau III, nos pacientes com pancolite e com fleimão/abcesso, pneumatose cólica e/ ou ascite na TC. P14 DIVERTICULITE PERFURADA AO OVÁRIO - FORMA RARA DE COMPLICAÇÃO Ricardo Rodrigues Marques, Ana Rafael, Silvia Sofia Silva, Luis Viana Fernandes, Joaquim Torrinha Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental - EPE Introdução: A doença diverticular do cólon é uma patologia frequente, com uma prevalência de cerca de 65% na população acima dos 80 anos. Ocorre predominantemente nos países desenvolvidos. Não obstante ser uma doença comum e frequentemente assintomática, em cerca de 25% dos casos podem ocorrer complicações. Reportamos neste trabalho um caso raro de diverticulite complicada. Material e Métodos: Case report. Resultados: Sexo feminino, 82 anos de idade, internada por dor abdominal referida aos quadrantes esquerdos, com vómitos e diarreia. Da investigação etiológica realizada destacou-se na Angio-TC a presença de vários pontos de isquémia ao longo de todo o cólon e volumosa lesão quística direita com nível hidro-aereo, admitindo-se a hipótese diagnóstica de Colite Isquémica, motivo pelo qual a doente foi submetida a Laparotomia Exploradora urgente. Intra-operatoriamente constatou-se torção de volumoso quisto anexial esquerdo fistulizado ao cólon sigmóide e terço superior do recto, os quais se encontravam perfurados. Procedeu-se a Ressecção en bloc de cólon sigmóide, anexo esquerdo e terço superior do recto. O resultado histológico revelou Diverticulite perfurada com fistulização a cistadenoma seroso do ovário esquerdo. Discussão/Conclusão: A diverticulose cólica é uma patologia muito frequente nos países desenvolvidos, cuja prevalência aumenta com a idade. Afecta predominantemente o cólon sigmóide. As complicações associadas á doença diverticular são diversas e variam desde a comum hemorragia até ao processo inflamatório o qual se pode complicar com a formação de abcessos, fistulas e oclusão intestinal. O processo de fistulização é uma complicação rara (cerca de 2%) e pode manifestar-se de forma bizarra. Ocorre devido à extensão do processo inflamatório local para os órgãos vizinhos. A presença de fistulização ao ovário é rara, não havendo dados estatísticos seguros quanto à sua ocorrência. O diagnóstico é exigente e assenta na conjugação da clínica com os métodos de imagem (Ecografia, TAC e RM). O tratamento é cirúrgico. 22 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 P15 P17 INVAGINAÇÃO CÓLICA POR CARCINOMA ADENONEUROENDÓCRINO MISTO ENDOMETRIOSE CÓLICA RELATO DE CASO Marina Morais, André Costa Pinho, Joana Pardal, Joanne Lopes, Alexandre Duarte, Pedro Correia da Silva, J. Costa Maia Unidade de patologia Colo-Rectal, Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar São João, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto A invaginação cólica é uma causa rara de oclusão intestinal nos adultos, causada por lesões malignas em cerca de 70% dos casos. O diagnóstico é dificultado pela apresentação clínica inespecífica mas o tratamento atempado é essencial. Apresentamos um doente de 64 anos com uma invaginação do cólon ascendente, provocada por uma neoplasia pediculada com cerca de 8cm. O diagnóstico histológico foi inconclusivo após biopsia endoscópica. O doente foi submetido a hemicolectomia direita alargada e o resultado anátomo-patológico revelou um adenocarcinoma pouco diferenciado, com carcinoma misto adenoneuroendócrino (MANEC). O doente foi proposto para QT adjuvante. O MANEC é um subtipo histológico raro, e o seu diagnóstico tem implicações a nível de prognóstico, sendo ainda discutível qual a melhor abordagem terapêutica e follow-up após a cirurgia. P16 SETON LOOSE E FÍSTULA PERIANAL. UMA LIGAÇÃO EFICAZ Marta Ferreira, Carlos Casimiro, Vítor Marques, João Leitão, Luís Filipe Pinheiro Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE, Hospital S. Teotónio, Serviço de Cirurgia 1 Introdução: A abordagem das fístulas perianais, continua a constituir um desafio para o cirurgião. As recidivas e o risco da perturbação da continência fecal, tem levado ao surgimento de uma panóplia de alternativas, no tratamento desta entidade. Os A.A. apresentam a sua experiencia no tratamento definitivo das fístulas complexas, com a utilização de seton loose. Material e Métodos: Entre 2004 e 2012 foram tratados com esta técnica 57 doentes com fístulas complexas, implicando fistulotomia/fistulectomia parcial e colocação no trajeto restante, de referência vascular. Os doentes foram seguidos em consultas seriadas. Até aos 4 meses todas as referências foram substituídas por fios de seda, que em média se mantiveram durante 6 meses. Os doentes foram questionados sobre tolerância e perturbação da continência fecal. Resultados: Registaram-se 5 recidivas, 2 tratadas com abaixamento da mucosa e 3 com novo seton. À exceção de 2 doentes os restantes não apresentaram qualquer queixa relacionada com o seton. Em apenas 3 doentes houve registo de soiling, que desapareceu progressivamente, após remoção do seton. Conclusão: Os A.A concluem que nas fístulas perianais não susceptíveis de abordagem por fistulotomia simples, a aplicação de seton constitui uma excelente alternativa terapêutica. Mário Jorge Silva, Diana Carvalho, Mariana Nuno Costa, Pedro Russo, Tiago Capela, Ricardo Jorge Matos, João Costa Simões, Joana Saiote, Teresa Bentes Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Hospital de Santo António dos Capuchos (Director: Dr. António David Marques) Serviço de de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Hospital de Santo António dos Capuchos (Coordenador: Dr. Guedes da Silva) Apresenta-se o caso de uma doente de 33 anos avaliada em Consulta de Proctologia por quadro de rectorragias e dor abdominal tipo cólica cíclico, síncrono com a menstruação, com quatro meses de evolução. Durante a investigação etiológica realizada avaliação com colonoscopia que documentou estenose infranqueável aos 30 cm da margem anal revestida por mucosa macroscopicamente normal e cujas biópsias foram inconclusivas. Ressonância magnética pélvica documentou espessamento concêntrico no cólon sigmoideu hiperintenso nas ponderações em T1 com saturação de gordura e em T2, sugestivo de endometriose. Foi submetida a colectomia esquerda segmentar laparoscópica, tendo o exame anatomo-patológico confirmado o diagnóstico de endometriose sigmoideia. A doente manteve-se assintomática após a cirurgia. Os autores apresentam a marcha diagnóstica e terapêutica nesta doente, incluindo a iconografia dos exames realizados, assim como uma breve revisão teórica da patologia. P18 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA NITROGLICERINA TÓPICA COMO OPÇÃO TERAPÊUTICA NA FISSURA ANAL Helena Devesa; Bárbara Lima; Ana Rodrigues; Aires Martins; Álvaro Gonçalves; Luísa Pereira; Manuel Ferreira; Paulo Passos; Fernando Barbosa; Alberto Midões Unidade Local de Saúde do Alto Minho - ULSAM Introdução: A fissura anal é por vezes considerada uma patologia minor mas que pode tornar-se incapacitante para o doente. O tratamento médico com Nitroglicerina tópica apresenta-se como uma opção terapêutica com o objetivo de evitar ou atrasar a cirurgia e o consequente risco de complicações cirúrgicas. Objetivos: Avaliar a eficácia do tratamento com Nitroglicerina tópica em doentes com o diagnóstico de fissura anal. Material e Métodos: Revisão retrospectiva dos doentes observados em consulta de Proctologia entre Maio 2008 e Julho 2013, com o diagnóstico de fissura anal, e submetidos a tratamento com Nitroglicerina tópica a 0,4%. O tratamento consistiu em 2 aplicações diárias de Nitroglicerina tópica na região anal, durante 8 semanas. Foi avaliada a sintomatologia e a cicatrização às 8 semanas. Resultados: Dos 253 doentes observados, 11 faltaram às consultas subsequentes. Dos 242 doentes que foram avaliados após o fim do tratamento tópico com Nitroglicerina, registou-se REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 23 cicatrização em 44,86%. A taxa de recidiva foi de 16,67%, em média 8,25 meses após a cicatrização. 23,83% dos doentes apresentaram efeitos secundários, sendo o mais comum as cefaleias (72,55%). Não completaram o tratamento 18,22% dos doentes, 74,36% devido a efeitos secundários, 23,08% por ineficácia do tratamento e 2,56% por desaparecimento dos sintomas. Discussão/Conclusão: Os resultados da nossa instituição mostram uma taxa de cicatrização sobreponível à descrita na literatura. A Nitroglicerina tópica demonstra ser uma opção terapêutica válida no tratamento inicial da fissura anal, nomeadamente nos doentes que recusam cirurgia ou que apresentam maior risco cirúrgico pelas suas co-morbilidades. P19 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PÉLVICA E ECOENDOSCOPIA RECTAL – QUAL A MELHOR OPÇÃO NO ESTADIAMENTO DO ADENOCARCINOMA DO RECTO? Helena Devesa; Bárbara Lima; Ana Rodrigues; Aires Martins; Álvaro Gonçalves; Luísa Pereira; Manuel Ferreira; Teresa Almeida; Fernando Barbosa; Alberto Midões Unidade Local de Saúde do Alto Minho - ULSAM Introdução: Os exames complementares para diagnóstico e estadiamento do cancro do recto incluem a Ressonância Magnética (RM) pélvica e a ecoendoscopia rectal. Estes dois métodos complementam-se entre si – a ecoendoscopia é melhor na determinação da penetração da parede do recto pelo tumor, enquanto a RM pélvica mostra ser superior no estadiamento ganglionar. Objetivos: Determinar, entre RM pélvica e ecoendoscopia rectal, qual o exame complementar de diagnóstico com maior acuidade no estadiamento loco-regional do adenocarcinoma do recto. Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes operados por adenocarcinoma do recto entre Janeiro 2011 e Junho 2013, comparando o estadiamento pré-operatório (por RM pélvica e/ou ecoendoscopia) e o resultado histológico da peça operatória. Foram excluídos os doentes operados de urgência, sem estadiamento prévio. Resultados: Do total de doentes analisados (42), excluíram-se 4, por terem neoplasias irressecáveis. Dos 38 doentes avaliados, 35 fizeram RM pélvica e 19 ecoendoscopia. Dos que fizeram RM, 34,29% apresentaram resultados histológicos concordantes com o estadiamento. Daqueles que foram estadiados com ecoendoscopia, 15,79% apresentaram resultados concordantes. Os doentes que foram estadiados pelos dois métodos apresentaram uma concordância de 33,33%. Discussão/Conclusão: Os resultados apresentados têm taxas de sensibilidade da RM pélvica e da ecoendoscopia rectal inferiores aos descritos na literatura. Estes resultados podem dever-se à baixa amostragem e ao facto de, na nossa instituição, a ecoendoscopia só se ter começado a fazer em 2011, fazendo os doentes analisados neste estudo parte da curva de aprendizagem da realização da ecoendoscopia. Também o sobre-estadiamento imagiológico pós-quimioradioterapia neoadjuvante, pelas alterações pós-radiação, explicam a diminuição da sensibilidade do estadiamento pré-operatório. P20 ADENOCARCINOMA GÁSTRICA: UMA FORMA DIFERENTE DE METASTIZAÇÃO Ana Cristina Rodrigues, Luísa Pereira, Manuel Ferreira, Aires Martins, Álvaro Gonçalves, Mário Gonçalves, Bárbara Lima, Helena Devesa, Teresa Almeida, Paulo Passos, Alberto Midões ULSAM JF, homem de 71 anos, antecedente de adenocarcinoma gástrico submetido a gastrectomia subtotal D2 R2 em 2010 seguida de quimioterapia paliativa. Em Abril de 2013 o doente deu entrada no SU com quadro de dor abdominal na FIE e vómitos. Realizou colonoscopia que mostrou uma lesão estenosante na transição rectosigmóidea e foi colocada uma prótese. A TC revelou a presença de um extenso espessamento parietal nos 2/3 proximais do recto (T3N1). O quadro de vómitos e dor abdominal resolveu, houve restabelecimento do trânsito intestinal e o doente teve alta para a consulta. Em consulta de Grupo Oncológico em Maio foi decidido por resseção cirúrgica. Em Junho o doente dá entrada no SU com quadro de dor abdominal QIE e trânsito para fezes líquidas com perdas hemáticas. A TC mostrava prótese metálica na transição retosigmoideia em doente portador de neoplasia cólica distal, com componente proximal não abrangido pela prótese que condiciona acentuada estenose. Realizou nova colocação de prótese cólica sem intercorrências. Treze dias após a colocação da prótese o doente apresenta um ventre agudo e foi submetido a laparotomia exploradora tendo-se identificado uma neoplasia do cólon sigmoide com perfuração proximalmente à prótese; ausência de carcinamatose peritoneal. Realizou-se ressecção da lesão com confecção de colostomia. A histologia da peça revelou achados morfológicos compatíveis com metástase de carcinoma pouco coesivo, de origem gástrica. No pós-op o doente apresentou vómitos biliares de difícil controle, sem causa objectivada. Foi proposto para Unidade de Paliativos que recusou e teve alta para o domicílio com controle sintomático. 24 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 P21 COLITE COLAGENOSA: UM DIAGNÓSTICO A CONSIDERAR NA DIARREIA AQUOSA CRÓNICA Pedro Russo, Diana Carvalho, Mariana Costa, Mário Jorge Silva, Tiago Capela, Gonçalo Ramos Hospital Santo António dos Capuchos Caso Clínico: Mulher de 67 anos com quadro com 5 meses de evolução caracterizado por 4-5 dejecções diárias de consistência líquida com muco e desconforto abdominal difuso. Sem outros sintomas. Da investigação realizada destaca-se: coproculturas, exame parasitológico de fezes e pesquisa de toxina de Clostridium difficille negativos; serologias para o vírus da hepatite B e C, HIV 1 e 2 e VDRL negativos; estudo de doença celíaca negativo; função tiroideia sem alterações. Realizou colonoscopia esquerda, não tendo sido objectivadas alterações endoscópicas. As biopsias revelaram camada espessa de colagénio na membrana basal com discreto infiltrado inflamatório linfoplasmocitário, alterações compatíveis com o diagnóstico de colite colagenosa. Iniciou-se terapêutica com messalazina, que não foi tolerada. Após início de terapêutica com budesonido observou-se normalização do padrão defecatório. Comentários: Com este caso os autores pretendem salientar a importância das biopsias cólicas nos doentes com diarreia crónica, sem alterações endoscópicas, para a investigação de colite microscópica. Histopatologicamente a colite colagenosa distingue-se da colite linfocítica pela presença de uma camada espessa de colagénio subepitelial. A literatura sugere o budesonido como terapêutica com maior eficácia na colite colagenosa. P22 SCHISTOSOMÍASE: CAUSA RARA DE APENDICITE AGUDA? Rui Marinho, Ricardo Rocha, Marta Sousa, António Gomes, Nuno Pignatelli, Carla Carneiro, Vítor Nunes Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE Introdução: A Schistosomíase é uma doença parasitária causada por termatódeos do género Schistossoma, endémica em África e Sul da Ásia. A Apendicite Aguda (AA) por Schistossomas é pouco frequente nas áreas endémicas, sendo extremamente raras nos países desenvolvidos. Objetivo: Relato do único caso identificado em 1141 AA operadas de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2012. Caso Clínico: MNF, masculino, 70A, caucasiano, residente em Moçambique de 1964 a 1976, período durante o qual desenvolveu hematúria macroscópica por shistossomíase vesical, tratado com praziquantel durante 3 anos. Admitido no SU por quadro de dor abdominal com 3 dias de evolução sem outras queixas associadas. Ao exame objetivo apresentava abdómen agudo com dor mais intensa à direita, sugestivo de ventre em tábua. Analiticamente com leucocitose de 16500/L, neutrofilia de 89%, sem linfocitose nem eosinofilia e sem alterações da função hepática. Realizou TAC Abdominal que revelou espessamento parietal do apêndice com apendiculito no interior, pequena quantidade de líquido intraperitoneal, sem pneumoperitoneu. Foi submetido a apendicectomia por laparotomia por instabilidade hemodinâmica. Histologicamente apresentava apendicite aguda fleimonosa e presença de quistos de Schistossoma na parede do apêndice. Teve boa evolução pós operatória e no follow up subsequente. Discussão/Conclusões: As infecções apendiculares a Schistossoma podem produzir sintomas de AA, embora a sua etiopatogenia seja controversa. O conhecimento desta entidade é fundamental em hospitais com grandes comunidades de imigrantes do continente africano ou doentes com historial de viagens ou estadias em países endémicos. P23 COLITE ISQUÉMICA: ORIENTAÇÃO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA Ângela Rodrigues, Cidalina Caetano, Tarcísio Araújo, Isabel Pedroto Centro Hospitalar de Porto - Hospital de Santo António Introdução: A colite isquémica é a forma mais comum de isquemia intestinal e resulta de uma diminuição do fluxo sanguíneo do cólon devido a fenómenos oclusivos e não oclusivos. Ocorre habitualmente em indivíduos idosos, com várias comorbilidades e doença difusa dos pequenos vasos. Objetivos: Avaliar a orientação e outcome dos doentes com diagnóstico endoscópico e histológico de colite isquémica observados no serviço de urgência. Material e Métodos: Recolha retrospectiva de dados do período de Janeiro a Dezembro de 2012. Resultados: Identificados 37 doentes com colite isquémica, média de 75 anos, 78% com hipertensão arterial e 32% com Diabetes Mellitus tipo 2, 57% dos doentes apresentava elevação da proteína C reactiva (média de 51 mg/L) e 35% anemia. O reto encontrava-se atingido em 10 doentes. Todos os doentes foram medicados com antibioterapia. Cerca de 26% tiveram alta hospitalar medicados com Ciprofloxacina ± Metronidazol durante 8 dias. Os restantes foram internados por uma média de 7 dias. A maioria destes foi medicado com antibioterapia de largo espectro (20 Piperaciclina/tazobactam, 2 Carbapenemos), alterada posteriormente para Ciprofloxacina ± Metronidazol em 10 casos. Completaram em média um total de 10 dias de antibiótico. Um doente faleceu na sequência de acidente vascular cerebral. Discussão/Conclusões: A maioria dos doentes necessitou de internamento, mas os casos mais ligeiros foram geridos em ambulatório. A evolução foi favorável, apesar da idade avançada e comorbilidades, não sendo necessária cirurgia e registando-se apenas um óbito. REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 25 P24 LESÃO INTRA-OPERATÓRIA DO NERVO FEMORAL EM CIRURGIA COLO-RECTAL – A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS Ricardo Rocha; Nuno Mendonça; Rui Marinho; Marta Sousa; António Gomes; Nuno Pignatelli; Carla Carneiro; Vitor Nunes Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE – Serviço de Cirurgia B Introdução: A lesão iatrogénica do nervo femoral é uma possível complicação da cirurgia abdomino-pélvica, constituindo um entidade rara ou pouco reportada. Está associada a limitação funcional auto-limitada, podendo contudo cursar com sequelas sensitivo-motoras permanentes. Casos Clínicos: Apresentamos 2 casos clínicos de doentes submetidos a hemicolectomia esquerda, por neoplasia do colon descendente, com posicionamento em litotomia e utilização de retactor em “anel”. Sem intercorrências intra-operatórias. Pós-operatório complicado por atraso na recuperação da autonomia para levante e marcha, por incapacidade na flexão da coxa e extensão do joelho esquerdo, associado a parestesia da face antero-interna da coxa e perna. Do estudo complementar salienta-se electromiograma com neuropraxia do nervo femoral esquerdo. Ambos iniciaram reabilitação motora, um dos casos com recuperação do estado funcional prévio em 2 semanas. O outro, ao fim de 3 meses, apresenta melhoria parcial da força muscular, mantendo ainda limitação da marcha com necessidade de apoio auxiliar. Discussão: A literatura aponta como mecanismos de lesão o traumatismo directo, indirecto, por isquemia ou ambos. Na cirurgia abdomino-pélvica são apontadas como possíveis causas o uso de retractores “em anel”, causando compressão do nervo femoral decorrente do estiramento do músculo psoas e o posicionamento exagerado em litotomia por compressão nervosa contra o ligamento inguinal. Conclusão: A lesão iatrogénica do nervo femoral pode ser uma complicação inesperada da cirurgia colo-rectal, cursando com importante incapacidade funcional. O conhecimento da anatomia torna-se fundamental para a compreensão das situações em que o nervo femoral pode estar em risco. P25 CARCINOMA PAVIMENTO-CELULAR DO CANAL ANAL: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO Diana Carvalho, Sónia Oliveira, Pedro Russo, Pedro Barata, Lurdes Batarda, Jaime Ramos Hospital Santo António dos Capuchos Introdução: Os tumores do canal anal são raros, correspondendo a 1-4% das neoplasias digestivas. O carcinoma pavimento-celular (CPC) é o tipo mais comum. A sua apresentação é inespecífica conduzindo frequentemente a atraso diagnóstico e terapêutico. Objetivos: Estudo da população de doentes com CPC seguido num centro de referência. Material e Métodos: Análise retrospectiva das características demográficas, doenças concomitantes, estadiamento, tratamento e resposta à terapêutica nos doentes observados entre Janeiro/2008 a Dezembro/2012. Resultados: Avaliados 22 doentes, 15 mulheres (68%), com mediana de idade 66 anos (34-84); 4 seropositivos para o VIH (idade média 40 anos). Em 11 doença estava no estádio IIIB, 9 no IIIA e 2 no II. A quimiorradioterapia (QRT), utilizando associação de mitomicina e fluoropiramidinas, foi efectuada em todos excepto num, que recusou o tratamento: radical em 17 (77%), adjuvante em 2, neoadjuvante+adjuvante em 1, e neoadjuvante seguida de ciclo adicional por neoplasia irressecável em 1. Quatro foram operados: excisão parcial em 2, ressecção abdomino-perineal em 1 e laparatomia explorada em 1. Verificou-se resposta parcial à quimioterapia em 3 doentes; recidiva documentada em 2, com 3 e 4 meses de intervalo livre de doença. Um abandonou o “follow-up”. Registaram-se 5 óbitos motivados pela doença. Conclusão: Nesta série predominou o padrão clássico da CPC do canal anal, afetando maioritariamente mulheres, sem imunossupressão e na 7 década de vida. O tratamento mais utilizado foi QRT obtendo-se 86% de respostas livres de doença, resultados sobreponiveis aos dados da literatura. P26 COLHIDO PELO TOURO: LESÃO TRAUMÁTICA DO PERÍNEO, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Marta Sousa, António Gomes, Ricardo Rocha, Rui Marinho, Carla Carneiro, Nuno Pignatelli, Vítor Nunes Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE Introdução: As lesões traumáticas não-obstétricas do períneo são pouco frequentes. A sua abordagem requer experiência em trauma e cirurgia colo-proctológica. O tratamento consiste no restabelecimento da anatomia e fisiologia pélvica evitando complicações precoces, nomeadamente a sépsis local, bem como, complicações tardias que possam resultar em incapacidade permanente, em particular a incontinência fecal. Casos Clínico: HDMR, sexo masculino, 28 anos, vítima de traumatismo penetrante do períneo por cornada de touro em agosto de 2010. À admissão encontrava-se com GSC 15 e hemodinamicamente estável. Apresentava extensa laceração do períneo com aproximadamente 20 cm, com secção completa dos esfíncteres. Submetido a sigmoidostomia em ansa e perineoplastia. Com a colaboração da Cirurgia Plástica foram realizados vários encerramentos com retalho e enxerto, apenas cicatrizando totalmente em maio de 2011. Realizou ecografia que revelou redução significativa da espessura do complexo esfincteriano com interrupção das fibras do esfíncter interno e manometria que revelou esfíncteres hipotónicos, sensibilidade normal e reflexos anorectais presentes. Iniciou reabilitação do pavimento pélvico com estimulação e biofeedback. O estudo de reavaliação demonstrou melhoria franca da força de contracção. Em junho de 2012 fez encerramento 26 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 do estoma, mantendo desde essa altura continência completa para gases e fezes sólidas. Atualmente em seguimento em consulta, não apresentando sequelas ou qualquer limitação da qualidade de vida. Conclusão/Discussão: Uma vez que as lesões traumáticas não-obstétricas do períneo são situações pouco frequentes, o seu tratamento requer uma abordagem precoce das suas possíveis complicações. A abordagem multidisciplinar deste tipo de lesões é fundamental para o sucesso do tratamento. P27 COLITE ISQUÉMICA – A EXPERIÊNCIA DE UMA DÉCADA Leitão C., Santos A., Pereira B., Caldeira A., Pereira E., Tristan J., Sousa R., Banhudo A. Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, Serviço de Gastrenterologia Introdução: A colite isquémica é a forma mais comum de isquemia intestinal, compreendendo uma grande variabilidade clínica e diferentes graus de severidade. Objetivos: Avaliar os aspectos clínico-epidemiológicos dos doentes internados com colite isquémica (CI). Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos internamentos por CI numa enfermaria de Gastrenterologia, no decurso de 10 anos (2002-2012). Resultados: Identificaram-se 194 doentes (59,40% do género feminino; idade média de 75,29anos). Antecedentes de hipertensão essencial(56,5%), doença cardiovascular(21,5%), arritmias(14,8%) e doença cerebrovascular(6,6%). Factores de risco predisponentes: uso de AINE´s (23,4%) e digitálicos (13,6%). A clínica predominante foi retorragias (79,2%) e dor abdominal (73,3%). A CI atingiu mais de 2 segmentos em 42,9% dos doentes, sendo o envolvimento do cólon esquerdo predominante (77,3%). A severidade endoscópica foi de grau I (57,1%), II (39,6%) e III (3,2%), associando-se ao atingimento de mais de 2segmentos (ρ<0,0001), do cólon sigmóide e cólon descendente (ρ<0,0001), à presença de anemia (ρ<0,04) e a maior mortalidade (ρ<0,0001). Administraram-se antibióticos em 84,4%. Num houve necessidade de realizar cirurgia. A morte ocorreu em 4 doentes. A duração média de internamento foi de 7,53 dias e associou-se ao atingimento de mais de 2segmentos (p<0,0001), maior tempo de início entre os sintomas e o diagnóstico (p<0,0001), realização de antibioterapia (p<0,009) e idades superiores a 80anos (p<0,001). Conclusões: Nesta série, verificou-se predomínio da CI no idoso do sexo feminino, com antecedentes de patologia cardiovascular. O envolvimento do cólon esquerdo foi predominante e associou-se a maior severidade endoscópica. A maioria dos doentes evoluiu favoravelmente, destacando-se reduzida necessidade cirúrgica e baixa mortalidade. P28 COMPLICAÇÕES HEMORRÁGICAS APÓS LAQUEAÇÃO ELÁSTICA HEMORROIDÁRIA EM DOENTES SOB ANTIAGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA COM ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Cláudio Martins, Suzane Ribeiro, Élia Gamito, Isabelle Cremers, Ana Paula Oliveira Centro Hospitalar de Setúbal - Hospital de São Bernardo Introdução: A laqueação elástica (LEH) é uma das opções terapêuticas para as hemorroidas internas. A incidência global de complicações associadas a esta técnica varia entre 3.5 a 10% e inclui a proctalgia, hemorragia, retenção urinária e sépsis. A hemorragia é a mais frequente com eventos hemorrágicos minor descritos em 1.7% e eventos major em 0.8% dos casos. Ao contrário da maioria dos procedimentos endoscópicos convencionais, cujas recomendações actuais preconizam a manutenção da terapêutica antiagregante plaquetária (TAAP) com acido acetilsalicílico (AAS), não existem, actualmente, recomendações formais para o manuseamento dessa terapêutica na LEH. Objetivos: Avaliar a incidência de complicações hemorrágicas em doentes submetidos a LEH sob TAAP com AAS. Métodos: Estudo retrospectivo das LEH efectuadas entre Janeiro e Setembro de 2012. Os doentes sob TAAP com AAS mantiveram esta terapêutica. Excluíram-se os doentes sob terapêutica com outros antiagregantes plaquetários e/ ou anticoagulantes. Resultados: Realizaram-se um total de 149 LEH, 23 das quais em doentes sob TAAP com AAS. A média de idades foi de 55 anos (68 anos para o grupo sob AAS vs 52 para o grupo sem TAAP), com predomínio global de doentes do género masculino (57%). Documentaram-se 4% (n=5) de complicações hemorrágicas no grupo sem TAAP, todas elas consideradas minor pois não requereram qualquer intervenção. No grupo sob TAAP, verificou-se um único caso de complicação hemorrágica que foi considerada major pois requereu suporte transfusional. Conclusão: A LEH é um método seguro no tratamento das hemorroidas internas. Nesta amostra, a TAAP com AAS não aumentou o risco de complicações hemorrágicas. P29 GIST RECTAL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Ana Monteiro, Vanessa Bettencourt, Luis Valencia, Horacio Perez Hospital Amato Lusitano - Unidade Local de Saúde de Castelo Branco Introdução: Tumores do estroma gastrointestinal (GIST) são tumores mesenquimatosos com uma incidência aproximada de 10 casos/milhão pessoas na Europa. A mediana de idade afectada é entre os 60-65 anos. A sua localização no cólon e recto compreende menos de 5% do total. Objetivo: Alertar que embora raro o GIST rectal deverá constar no diagnóstico diferencial de uma massa peri-rectal. O reconhecimento da possibilidade desta entidade desde a REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 27 abordagem inicial promoverá uma atitude terapêutica mais adequada e diminuir a possibilidade de recidiva. Caso Clínico: Doente de 43 anos de idade previamente saudável que recorre ao SU por massa dolorosa perianal com sinais inflamatórios com um mês de evolução condicionando abaulamento da parede rectal. A doente referia ter efectuado antibioterapia com efeito transitório sintomático. TC: massa 58x46mm heterogénea com área hipodensa central, sugestiva de liquefacção. Perante suspeição de colecção abecedada a doente é submetida a intervenção cirúrgica de urgência, tendo intra-operatóriamente sido verificada a presença de massa elástica coesa que se retirou. Anatomia patológica: tumor do estroma gastrointestinal do recto de baixo risco de comportamento agressivo, com 6cm de maior eixo e menos de 5mitoses/50cga, c-kit+, ki67+ 5%. Ausência de margens. Doente enviada a centro de referência para tratamento adjuvante. Ao 18º mês de seguimento é identificada recidiva local, sob terapêutica com Imatinib 400mg/dia. Submetida a ressecção da lesão. Anatomia patológica: Formação nodular com 2,8cm bem delimitada e não capsular - recidiva do GIST de alto grau 15mitoses/50cga. Actualmente medicada com Imatinib 400mg/dia sem evidência de nova recidiva. Discussão/Conclusão: O GIST é um tumor mesenquimatoso com um incidência baixa. A sua localização no recto e em doente jovem é muito rara, tornando-se um desafio diagnóstico. Estar alerta para esta apresentação e localização de GIST pode permitir um diagnóstico inicial correcto e assim facilitar um tratamento óptimo multidisciplinar. P30 CARCINOMA COLORRECTAL E COLOCAÇÃO DE PRÓTESES METÁLICAS AUTO-EXPANSIVEIS: HAVERÁ ALGUM BENEFÍCIO? Oliveira A., Correia T., Rodrigues C., Gomes D., Agostinho C., Portela F., Sofia C. Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: As próteses metálicas autoexpansíveis (PMAE) podem ser utilizadas no tratamento do carcinoma colorretal (CCR) estenosante como ponte para a cirurgia eletiva ou com objetivo paliativo em alternativa à colostomia definitiva. Objetivo e Métodos: Análise retrospectiva da eficácia, complicações e follow-up dos doentes que colocaram PMAE por CCR, no período entre Janeiro/2005 e Julho/2013. Dividiu-se em dois grupos: Grupo A (Intenção paliativa, 41 doentes) e Grupo B (Ponte para cirurgia eletiva, 12 doentes). Resultados: Colocaram-se 53 PMAE em 51 doentes (33M; 18F), com média etária de 72 anos, sem diferença entre os grupos. Posicionaram-se 10 no reto(18,9%), 30 no sigmóide(56,6%), 10 no descendente(18.9%), 2 no ângulo esplénico(3,8%) e 1 no transverso(1,9%). Apresentaram-se em oclusão/sub-oclusão 25 doentes, sendo 15 do grupo A. A neoplasia era infranqueável em 35 doentes (28 do A, 7 do B). Onze doentes do grupo B realizaram cirurgia com intenção curativa, com intervalo mediano de 10 dias entre a colocação da prótese e a cirurgia. Ocorreram seis complicações: 2 perfurações; 1 migração e 3 oclusões. O intervalo entre o diagnóstico e a colocação da prótese foi inferior (p<0,05) no grupo B (10 dias) em relação ao grupo A (92 dias). O follow-up médio foi de 267 dias, sendo estatisticamente superior no grupo B (423 versus 206 dias, p<0,05). Conclusão: As PMAE constituem um procedimento eficaz tanto como ponte para a cirurgia como na paliação de neoplasias inoperáveis. A sua colocação deverá ser considerada em alternativa à cirurgia de emergência em quadros de oclusão/ sub-oclusão no contexto de CCR. P31 CARCINOMA ESPINHOCELULAR EM SINUS PINONIDALIS SACROCOCCIGEO DE LONGA EVOLUÇÃO: CASO CLÍNICO Alexandre Monteiro, Carla Diogo, José Casanova, Sara Ramos, Horácio Zenha, Francisco Castro Sousa Serviço de Cirurgia A, Serviço de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, Serviço de Ortopedia - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: O sinus pilonidalis sacrococcigeo pode evoluir até grande extensão, atingindo por vezes a região perianal. A transformação neoplásica é uma complicação pouco frequente do sinus pilonidalis de longa evolução, e o carcinoma espinhocelular é o tipo histológico mais frequente, ocorrendo em cerca de 0,1%. Foi descrita pela primeira vez por Wolff em 1900 e actualmente existem menos de 100 casos descritos na literatura. Material e Métodos: Descreve-se o caso clínico de um doente de 40 anos com um sinus pilonidalis sacrococcigeo infectado e muito extenso com 20 anos de evolução, cujas biópsias revelaram tratar-se de um carcinoma espinhocelular. Resultados: A lesão de grandes dimensões apresentava-se altamente invasiva, com atingimento da região anal e perianal, com destruição total do cóccix e parcial do sacro. O estadiamento por TAC TAP, PET e Cintigrama Ósseo não revelou lesões à distância ou adenopatias da cadeia lombo-aórtica. Apresentava uma adenopatia inguinal direita cuja biopsia excisional foi negativa para neoplasia. A terapêutica cirurgica consistiu numa amputação abdomino-perineal associada a excisão alargada da região sacrococcigea, sacrectomia parcial, e reconstrução com retalho VRAM transperitoneal e dois retalhos fasciocutâneos de rotação da nádega. O pós-operatório decorreu sem intercorrências de maior, à excepção de pequena deiscência da sutura da AAP que foi encerrada com um enxerto de pele parcial. O doente foi encaminhado para realização de radio-quimioterapia adjuvantes. Conclusões: Os carcinomas espinhocelulares em sinus pilonidalis sacrococcigeos são lesões extremamente raras, porém agressivas, e surgem sobretudo em doença com evolução prolongada. A melhor prevenção consiste na ressecção cirúrgica do sinus em fase precoce, e o tratamento dos carcinomas em sinus pilonidalis implica ressecções alargadas 28 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 com necessidade de reconstruções complexas. Apesar disso, o prognóstico permanece reservado com taxas de recidiva local até 50%. P33 HEMORRAGIA DIVERTICULAR: E DEPOIS DO EPISÓDIO INICIAL? Tarcísio Araújo, F. Castro-Poças, Ângela Rodrigues, Isabel Pedroto P32 TRATAMENTO DE FISSURA ANAL COM TOXINA BOTULÍNICA - AUSÊNCIA DE CICATRIZAÇÃO DA FISSURA AO 1º E AO 6º MÊS, APÓS ADMINISTRAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA, COMO FATOR PREDITOR DE FALÊNCIA TERAPÊUTICA Manuel A. V. Ferreira; Dr. Francisco Fazeres; Dr. Paulo Passos Centro Hospitalar Alto Minho - Hospital Viana do Castelo Background: A fissura anal é uma das doenças proctológicas mais dolorosas e frequentes. O seu tratamento assenta essencialmente na esfincterectomia lateral interna. Esta técnica acarreta um risco de lesão permanente do esfíncter anal e consequentemente de incontinência o que levou à procura de novas estratégias terapêuticas como a injeção de toxina botulínica. A toxina botulínica é usada com o fim de desnervar quimicamente o esfíncter anal interno, o que leva ao seu relaxamento permitindo a cicatrização da fissura. Atendendo ao seu período limitado de atuação, procurou-se saber se a ausência de cicatrização no 1º e aos 6 meses é fator preditor de falência terapêutica. Métodos: Quarenta e quatro doentes com fissura anal externa foram submetidos a injeções de toxina botulínica. De seguida foram acompanhados em consulta externa tendo sido observados ao primeiro, sexto e décimo segundo mês e avaliados quanto à presença de sintomas e cicatrização da fissura Resultados: A inspeção ao primeiro mês demonstrou uma cicatrização completa em 50% e ausência de sintomas em 53% dos doentes. Na visita ao sexto mês 41% dos doentes manteve-se sem sintomas e sem evidência de fissura e 36% foram submetidos a tratamento cirúrgico. No final dos 12 meses, 23% dos doentes apresentaram-se sem evidência de fissura, 27% permaneceram assintomáticos e a percentagem de doentes intervencionados cirurgicamente subiu para 50%. A ausência de cicatrização ao 1º e aos 6 meses relacionou-se de forma estatisticamente significativa com a falência terapêutica ao final dos 12 meses. 5% dos doentes apresentaram efeitos secundários. Conclusão: A ausência de cicatrização verificada ao 1º e aos 6 meses relacionou-se a permanência dos sintomas e com maior necessidade cirúrgica nestes doentes. Ao todo, metade dos doentes foi submetida a tratamento cirúrgico num espaço de um ano após administração de toxina botulínica. No entanto, atendendo a baixa percentagem de efeitos secundários e à baixa morbilidade desta intervenção, pode levar a que o tratamento com toxina botulínica seja considerado terapêutica de primeira linha, sendo sempre crucial o acompanhamento próximo destes doentes ao longo do tempo. Serviço de Gastrenterologia, Hospital Geral de Santo António, Centro Hospitalar do Porto Introdução: a diverticulose do cólon é uma alteração gastrointestinal cada vez mais frequente no mundo ocidental, cuja prevalência tem crescido devido ao aumento da idade da população. A hemorragia diverticular é uma complicação rara, mas importante dado o risco de vida associado e acarretando por vezes a necessidade de cirurgia. Objetivo: analisar fatores de risco, recidiva hemorrágica e necessidade de cirurgia em doentes com hemorragia diverticular. Material e Métodos: análise retrospetiva de 24 doentes admitidos entre 1 de Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro de 2008 com o diagnóstico de hemorragia diverticular e seguimento durante os 4 anos seguintes. Resultados: a idade média foi de 80,21 ± 10,52 anos; 29,2% (n=7) eram do sexo feminino e 70,8% (n=17) eram do sexo masculino. Doze doentes (50%) estavam sob terapêutica com antiagregantes plaquetares e três (12,5%) com hipocoagulação oral. Apresentaram recidiva hemorrágica seis doentes (25%), no entanto destes só um necessitou de cirurgia. O tempo médio entre o episódio inicial e a recidiva foi de 2,16 anos. A sobrevida aos 4 anos foi de 58,3 %. Dos óbitos registados nenhum esteve directamente relacionado com o episódio hemorrágico. Apenas um doente foi submetido a cirurgia, tendo sido esta realizada após o segundo episódio. Conclusão: a hemorragia diverticular é uma complicação que atinge principalmente os mais idosos, mas a evolução é geralmente benigna e só raramente é necessária cirurgia. A antiagregação parece ter um papel potenciador de evento. A mortalidade após o evento parece estar mais relacionada com as comorbilidades do doente do que com complicações da hemorragia diverticular. P34 TRILHANDO PELA LAPAROSCOPIA COLO-RECTAL REVISÃO DE 12 CASOS Guilherme Fialho, Hugo Capote, Stelio Rua, Eduardo Soeiro, Ilda Barbosa Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano - Hospital Doutor José Maria Grande, Portalegre Introdução: A cirurgia laparoscópica tem vindo a afirmar-se como novo paradigma na abordagem cirúrgica do doente oncológico, particularmente na patologia maligna do cólon e recto. Objetivos: Avaliação da técnica e respectivo outcome na qualidade do cuidado ao doente e na sua qualidade de vida. Material/Métodos: Seleccionou-se uma amostra de 12 doentes submetidos a cirurgia laparoscópica do cólon e recto, nos 6 meses compreendidos entre 01Abr e 30Set, com REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 29 avaliação retrospectiva dos procedimentos e cuidados prestados e respectivo outcome na qualidade do cuidados prestados e na qualidade de vida do doente após a cirurgia. Resultados: Nos 12 doente avaliados, houve necessidade de conversão da laparosopia em 2 casos. Procederam-se a 4 ressecções anteriores do recto (tempo médio: 6h15m), 4 ressecções interesfinceterianas (7h02m) e 2 ressecções abdomino-perineais (4h45m). Como complicações imediatas registam-se 2 abcessos pre-sagrados (1 deles com evolução para fístula colo-vesical), 1 deiscência parcial de anastomose colo-rectal e 1 estenose de ileostomia (de derivação) Quanto ao impacto da cirurgia na qualidade de vida, descrevem-se a quase ausência de dor, com hábitos alimentares mantidos, com continência fecal e urinária mantidas, assim como a função sexual, com excepção para o doente complicado com fístula colo-vesical. Discussão: Sendo uma técnica cirúrgica em franca expansão, com notória melhoria na qualidade de vida do doente pós-cirúrgico, a cirurgia laparoscópica do cólon e recto acarreta uma curva de aprendizagem longa e consequente disponibilidade dos serviços envolvidos. Será necessária uma nova avaliação do impacto desta técnica na qualidade dos cuidados prestados, quando a sua execução estiver mais implementada. P35 RESSECÇÃO ANTERIOR RECTO-SIGMOIDE LAPAROSCÓPICA EXTRAÇÃO TRANSANAL (NOSE) P Alves, N. Rama, R. Malaquias, R. Brásio, I. Gil, V. Faria Serviço de Cirurgia I do Centro Hospitalar Leiria, EPE Introdução: A abordagem minimamente invasiva no contexto de patologia oncológica colo-retal é, nos dias de hoje, uma realidade nacional. A sua tendência crescente de reduzir o número e dimensão das incisões tem permitido o desenvolvimento de alternativas como o acesso por porta única e a extração transanal. É imperativo salientar que, seja qual for a abordagem utilizada, não se deve comprometer a radicalidade de resseção oncológica, recolhendo os benefícios da cirurgia minimamente invasiva. Material e Métodos: Apresenta-se o caso clínico de um doente do sexo masculino, 42 anos com pólipo da transição recto-sigmoide, submetido a polipectomia endoscópica com adenocarcinoma sem margens de segurança. Foi operado no Serviço de Cirurgia I do Centro Hospitalar de Leiria EPE, em Novembro de 2012 com realização de uma ressecção anterior recto-sigmoide por via laparoscópica. O procedimento foi realizado de acordo com a técnica padronizada, utilizada pela equipa cirúrgica, com recurso a 4 portas e extração transanal da peça operatória (NOSE). Resultados: Os autores salientam os principais passos da técnica cirúrgica. O tempo cirúrgico foi de 120 minutos, tendo o pós-operatório decorrido sem complicações, com alta clínica ao 5º dia. Conclusões: A sigmoidectomia laparoscópica com extração transanal do espécime (NOSE) é um procedimento exequível e reprodutível, com indicação em lesões benignas ou malignas iniciais e de pequeno volume. A sua utilização evita incisões de necessidade para extração da peça e respetiva morbilidade associada. P36 CUSTO/BENEFÍCIO DA AVALIAÇÃO ANATOMOPATOLÓGICA NA PATOLOGIA HEMORROIDÁRIA Sara Patrocínio; Miguel Tomé; Filipa Caldeira; Inês Guerreiro; Nuno Mendonça; Lígia Santos; Isabel Andrade Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, E.P.E. Introdução: A patologia hemorroidária é uma entidade muito frequente na população adulta, sendo o tratamento cirúrgico o mais indicado nos casos mais graves. Não existe no entanto consenso quanto à necessidade de exame anatomopatológico das peças de hemorroidectomia. O custo associado a esta prática é significativo tornando necessária a avaliação do custo/benefício da sua utilização rotineira. Objetivos: Caracterização da população de doentes submetidos a hemorroidectomia num determinado período de tempo no Serviço de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Avaliação da necessidade de exame anatomopatológico das peças de hemorroidectomia. Importância clínica e prognóstica das patologias diagnosticadas secundariamente. Material e Métodos: Foram incluídos no estudo descritivo e retrospectivo os doentes submetidos a hemorroidectomia entre Janeiro de 1990 e Setembro de 2013, no Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Os dados foram recolhidos através de consulta dos processos clinicos e base de dados dos Serviços de Cirurgia Geral e Anatomia Patológica. Para a análise e tratamento dos dados foi utilizado o programa informático Excel.® Resultados: Dada a taxa reduzida de achados histopatológicos inesperados nas peças de hemorroidectomia foi apenas realizada uma análise descritiva dos resultados obtidos e caracterização da população em estudo. Discussão/Conclusões: O custo elevado do exame anatomopatológico de rotina das peças de hemorroidectomia bem como a baixa prevalência de alterações histológicas inesperadas e sua relevância clínica e prognóstica reforçam a necessidade de uma reflexão ponderada acerca do uso racional e criterioso deste exame, tendo em conta a história clínica, factores de risco e exame proctológico de cada doente. 30 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 P37 MORBILIDADE ASSOCIADA AO ENCERRAMENTO DE UMA ILEOSTOMIA DERIVATIVA Marina Morais, Alexandre Duarte, Pedro Correia da Silva, J. Costa Maia Unidade de patologia Colo-Rectal, Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar São João, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Introdução: A deiscência anastomótica após cirurgia de ressecção do recto pode atingir os 6%. A ileostomia derivativa mostrou diminuir as consequências da deiscência anastomótica, apesar de também suportar riscos. Objctivos: Avaliar a taxa de complicações do encerramento de uma ileostomia de protecção de uma anastomose colo-rectal baixa e os factores preditivos. Métodos: Reavaliámos os processos clínicos dos doentes submetidos a encerramento de ileostomia entre 1 de Janeiro de 2008 e 30 de Junho de 2013. Registaram-se as características dos doentes (sexo, idade, classificação ASA), factores peri-operatórios (diagnóstico, classificação TMN, tempo entre a 1ª cirurgia até ao encerramento da ileostomia, tratamento neo- e adjuvante) e intra-operatórios (duração da cirurgia e tipo de encerramento: mecânico ou manual). Foram avaliadas as complicações que ocorreram até aos 30 dias da cirurgia. Resultados: Neste período, 69 doentes foram submetidos a encerramento de ileostomia, com uma idade média de 64,5 (30-92 anos). Como complicações, foram constatados 3 abcessos intra-abdominais, 3 suboclusões intestinais, 2 deiscências da anastomose íleo-ileal, 6 infecções da ferida, uma hérnia incisional e um episódio de febre sustentada sem foco esclarecido, perfazendo um total de complicações de 23,1%, com uma taxa de mortalidade de 8,6%. Neste estudo, o único factor preditivo de complicações pós-operatórias foi a maior duração da cirurgia de encerramento. Conclusões: O encerramento de uma ileostomia está associado a uma taxa significativa de complicações. Pode implicar os mesmos gastos que a cirurgia primária e como tal, não deve ser encarada como uma cirurgia minor. P38 COLITE A CITOMEGALOVÍRUS NA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL Ângela Rodrigues, Cidalina Caetano, Marta Salgado, Paula Lago, Isabel Pedroto Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António Introdução: O papel do citomegalovírus (CMV) na doença inflamatória intestinal (DII) encontra-se ainda em debate, não sendo claro se a infecção é responsável por agudização da doença ou apenas um marcador de doença grave. Objetivo: Analisar os doentes com DII e diagnóstico histológico de colite a CMV nos últimos 5 anos. Material e Métodos: Recolha de dados retrospectiva do período entre Janeiro de 2009 e Setembro de 2013. Resultados: Identificadas 7 colites a CMV: 3 doentes com Colite ulcerosa, 2 com Colite de Crohn e 2 com Colite não classificada; todos medicados com aminossalicilatos e 3 com Azatioprina (2 destes também sob corticoterapia). O diagnóstico de colite a CMV foi efectuado em contexto de agudização, sendo 2 doentes corticodependentes. Seis casos, apresentaram imunohistoquimica positiva (2 destes também com alterações compatíveis na coloração hematoxilina e eosina) e 1, PCR positiva. Um doente apresentou IgM CMV positivo (realizada pesquisa em 6 doentes) e um antigenemia positiva (efectuada determinação em 5 doentes). Todos os doentes efectuaram tratamento antivírico, apenas um sem corticoterapia concomitante. O tempo de seguimento após terapêutica antivírica variou entre 2-54 meses; neste período 3 doentes necessitaram de curso de corticoterapia adicional (após 11, 12, 24 meses) e 2 de iniciar imunossupressão. Discussão/Conclusões: A histologia é considerada o gold standard no diagnóstico da colite a CMV, tendo a serologia valor limitado. O tratamento antivírico está recomendado, não sendo claro o seu impacto no curso da doença. P39 ESTARÁ A LOCALIZAÇÃO DOS ADENOMAS COLO-RETAIS A MUDAR? Ana Maria Oliveira; Vera Anapaz; Catarina Graça Rodrigues; Luís Lourenço; Sara Folgado Alberto; Alexandra Martins; Jorge Reis; João Ramos de Deus Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca EPE Introdução: Vários estudos têm demonstrado a tendência à proximalização do carcinoma colo-retal (CCR); no entanto, poucos têm analisado a evolução da distribuição dos pólipos adenomatosos. Objetivos: Comparar a localização e as características de adenomas colo-retais entre dois períodos de tempo. Métodos: Estudo retrospetivo, observacional dos adenomas removidos durante a colonoscopia numa unidade hospitalar em dois períodos de tempo: ano de 2003 (período 1) e ano de 2012 (período 2). Os doentes com polipose adenomatosa familiar, cancro colo-retal não polipósico, doença inflamatória intestinal e antecedentes de CCR foram excluídos do estudo. Os dados foram avaliados segundo o teste do Qui-quadrado. Resultados: Durante os períodos considerados, foram analisados 864 adenomas de 2653 colonoscopias completas (333 adenomas de 1111 colonoscopias do período 1 e 531 adenomas de 1542 colonoscopias do período 2). Verificou-se um aumento significativo da proporção de pólipos adenomatosos no cólon proximal do período 1 para o 2, de 30,6% para 38,8% (p<0,05). Comparando as características avançadas dos adenomas entre os dois períodos, observou-se que do período 1 para o período 2, o número de adenomas com dimensão ≥1cm (p=0,001), com displasia de alto grau (p=0,001), e com componente viloso (p<0,0001) aumentou significativamente. Conclusões: A proporção de pólipos adenomatosos no cólon proximal aumentou de forma significativa nos últimos anos. REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 31 Esta conclusão poderá ter importantes implicações no que respeita aos métodos de rastreio de carcinoma colo-retal. De igual forma, também o número de adenomas com características avançadas aumentou nos últimos anos. P40 DIVERTICULITE AGUDA - CASUÍSTICA DE 3 ANOS Ana Marta Pereira, Paulo Martins, Vera Oliveira, Tiago Fonseca, Joana Magalhães, Gil Gonçalves, Mario Nora. Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga Introdução: A diverticulose intestinal afeta mais de metade da população acima dos 80 anos, com uma incidência crescente na população jovem. Aproximadamente 20% dos pacientes apresentam 1 episódio de diverticulite aguda durante a vida com apenas 1% destes submetidos a cirurgia. As indicações para cirurgia eletiva têm sido desafiadas por novos dados acerca da história natural da doença, tal como opções cirúrgicas no que respeita aos episódios agudos complicados. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi realizar o estudo dos casos de diverticulite aguda, analisando fatores de risco para a sua ocorrência, opções terapêuticas, morbilidade e mortalidade. Métodos: Estudo retrospetivo de pacientes com diagnóstico de diverticulite aguda na nossa instituíção, no período compreendido entre Janeiro de 2011 e Maio de 2013 Resultados: No referido período 84 doentes foram internados com o diagnóstico de diverticulite aguda, 53 do sexo masculino e 31 do sexo feminino. A média de idade do primeiro episódio foi de 59 anos. 13 destes doentes (15%) foram submetidos a cirurgia urgente por diverticulite aguda grave (Hinchey III/IV) e 4 a cirurgia eletiva (5%) por episódios repetidos ou alteração da qualidade de vida. A morbilidade precoce foi de 7% e tardia de 1% sempre nos casos cirúrgicos, sem registo de mortalidade. Discussão/Conclusão: O papel desempenhado pela cirurgia nos casos de diverticulite aguda complicada e recorrente mantém-se preponderante no entanto às custas de uma elevada taxa de morbilidade o que nos remete para uma melhor ponderação acerca das opções cirurgicas tal como indicação para cirurgia eletiva. P41 ENDOMETRIOSE INTESTINAL: APRESENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO INCOMUNS Correia T, Costa M, Oliveira A, Amaro P, Bento A, Oliveira F, Sofia C Serviço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Serviço de Cirurgia B - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Doente do sexo feminino, 42 anos de idade, referenciada para a consulta de Gastrenterologia por pólipo do cólon detectado em tomografia computorizada (TC) realizada após episódio de cólica renal. A lesão identificada no cego era descrita como estrutura polipóide com 33mm, com realce após contraste. Clinicamente a doente referia quadro de dor abdominal com cerca de 2 anos de evolução, de intensidade moderada, loca- lizada na região pélvica direita, com marcado agravamento durante o período menstrual. Negava outros sintomas, nomeadamente do foro ginecológico. A colonoscopia revelou formação polipóide com aparente exteriorização a partir do orifício apendicular, recoberta por mucosa normal. No cólon sigmóide distal identificou-se lesão igualmente procidente, ocupando cerca de um terço da circunferência luminal, recoberta com mucosa de padrão normal, discretamente congestiva e dura ao toque. O estudo histopatológico de ambas as lesões não revelou alterações. A repetição de colonoscopia e biópsias revelou apenas discreta inflamação inespecífica do córion na lesão do pólo cecal. A ecoendoscopia evidenciou lesão hipoecogénica, discretamente heterogénea, de configuração em crescente, localizada na quarta camada, sugerindo aspecto compatível com endometriose. A colonografia por TC confirmou os achados, excluindo mucocelo do apêndice. Atendendo às dúvidas diagnósticas, opções terapêuticas e preferência da doente, optou-se pela terapêutica cirúrgica com ressecção ileocólica e biopsia da lesão parietal do cólon sigmóide distal. O estudo das peças operatórias revelou a presença de endometriose do apêndice íleo-cecal com invaginação do apêndice para o lúmen do cego, confirmando igualmente a presença de endometriose do cólon sigmóide. Actualmente, a doente apresenta dismenorreia ligeira, mantendo acompanhamento em consulta de Ginecologia. Apresenta-se iconografia imagiológica, endoscópica e cirúrgica. Os autores apresentam documentação iconográfica. P42 HEMORRAGIA CÓLICA E EVENTO ADVERSO DURANTE PROCEDIMENTO TERAPÊUTICO Ricardo Küttner Magalhães, Ricardo Marcos-Pinto, Tarcísio Araújo, Maria João Magalhães, Marta Salgado, Teresa Moreira, F. Castro-Poças, Isabel Pedroto Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto Caso Clínico: Sexo feminino, 83 anos, submetida a exérese endoscópica de 8 pólipos com ansa diatérmica, sem intercorrências. No sigmóide removeu-se pólipo pediculado de 30 mm, tendo-se assistido a hemorragia de alto débito pela escara, pelo que foram injectados 5cc de adrenalina. De seguida foi aplicado endoclip, obtendo-se hemóstase completa. Aplicou-se outro endoclip na escara, no entanto, este não se destacou do cateter introdutor, após várias tentativas. Seccionou-se então o cateter imediatamente à saída do canal acessório do colonoscópio e removeu-se o colonoscópio sobre o cateter, seguido de nova secção do cateter a nível da margem anal, após leve tracção do mesmo e contrapressão a nível da região perianal. A porção distal do cateter permaneceu no recto proximal. A doente ficou em vigilância clínica, tendo ocorrido febre, dor discreta nos quadrantes inferiores do abdómen, sem sinais de irritação peritoneal e com elevação dos marcadores inflamatórios séricos. No dia seguinte repetiu-se colonoscopia, confirmando-se dois endoclips posicionados sobre escara e o cateter solto em 32 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 ambas as extremidades, tendo sido removido. A doente cumpriu pausa alimentar, fluidoterapia endovenosa e 5 dias de antibioterapia, encontrando-se totalmente assintomática e sem recidiva hemorrágica. Discussão: As complicações graves relacionadas com a colonoscopia constituem eventos pouco frequentes. Está descrita a ocorrência de deficiente funcionamento de endoclips ao nível do manípulo, sua libertação precoce e raros casos de incapacidade de destacar o clip do cateter. Pretende-se a sensibilização para a necessidade de reportar eventos adversos e a demonstração, neste caso particular e potencialmente grave, da sua resolução. P43 DIARREIA CRÓNICA: QUANDO DUAS CAUSAS SE ASSOCIAM Ricardo Küttner Magalhães, Ângela Rodrigues, Paulo Salgueiro, Cidalina Caetano, Marta Salgado, Teresa Moreira, F. Castro-Poças, Isabel Pedroto Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto Caso Clínico: Sexo masculino, 77 anos, com 8-14 dejecções líquidas/dia de cheiro fétido, com muco, sem sangue ou pús e com componente nocturno. Apresentava dor abdominal difusa, ligeira, diurna que alivia com as dejecções. Paralelamente reportava anorexia, astenia e perda de 8 Kg. Negava febre. Este quadro tinha 1 mês de evolução. Recorreu SU e foi assumido o diagnóstico de diarreia infecciosa, tendo tido alta com antibioterapia. Uma semana depois recorreu novamente ao SU, apresentando Hb 11.0g/dL, sem leucocitose, PCR 5.96mg/L, VS 35mm e potássio 2.68mmol/L. T3L 8.4pg/mL (2.0-4.4), T4L 3.5ng/dL (0.93-1.7), TSH 0.01mUI/mL (0.27-4.2), calprotectina fecal 493mg/g (<50), pesquisa de toxina do Clostridium difficile negativa, bacteriológico e parasitológico de fezes negativos. Rectosigmoidoscopia com discreto eritema difuso e contínuo da mucosa do sigmóide e recto. As biopsias revelaram processo o inflamatório linfoplasmocitário do córion, com frequentes imagens de permeação linfocitária, compatíveis com colite linfocítica. A ecografia tiroideia demonstrou bócio multinodular/hiperplasia nodular colóide. Foi introduzido Tiamazol que mesmo em doses crescentes não foi eficaz e após início de prednisolona se assistiu a normalização do trânsito intestinal e da função tiroideia. Discussão: A colite linfocítica e o hipertiroidismo constituem etiologias infrequentes de diarreia crónica. A associação das duas assume ainda maior raridade. Desconhece-se com certeza, neste caso, qual o contributo de cada uma, sendo que a corticoterapia sistémica é eficaz em ambas as causas. De salientar no entanto, que a melhoria clínica acompanhou a normalização da função tiroideia, apontando o hipertiroidismo como eventual factor preponderante. P44 SURPRESA DIAGNÓSTICA DURANTE ESTUDO ETIOLÓGICO DE OBSTIPAÇÃO Paula Sousa; Paula Ministro; Francisco Portela; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Américo Silva Centro Hospitalar Tondela-Viseu Doente de 47 anos, sexo feminino, com antecedentes de histerectomia com anexectomia, hipotiroidismo, diabetes mellitus tipo 2, obesidade mórbida e depressão, polimedicada. Referenciada à consulta de Gastrenterologia por obstipação marcada associada a rectorragias. Realizou colonoscopia que mostrou elevação lobulada de aspecto subepitelial no recto distal, com cerca de 8 mm de diâmetro; biopsias da mucosa sem alterações de relevo. A ressonância magnética pélvica mostrou estrutura quística multiloculada com cerca de 45x20x30 mm localizada à parede anterolateral esquerda do reto, com hipersinal em T2. A ecoendoscopia demonstrou várias formações quísticas intra e extra-parietais. Efectuou-se punção de uma delas, sendo a citologia compatível com linfangioma quístico, uma malformação vascular de natureza benigna que raramente tem localização rectal, podendo ser responsável por rectorragias recorrentes. A doente realizou ainda videodefecografia e tempo de trânsito cólico que demonstraram obstipação terminal associada a inércia cólica. Trata-se assim de uma obstipação multifactorial, atendendo aos antecedentes patológicos da doente e polimedicação. A obstipação é a queixa digestiva mais comum na população em geral. Quando é refractária ao tratamento empírico ou associada a sinais de alarme são necessários testes diagnósticos específicos e especializados. Com este caso pretende-se relatar uma patologia rara diagnosticada durante o estudo etiológico de obstipação. P45 APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE ANAL Paula Sousa; Diana Martins; Juliana Pinho; Joana Machado; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Francisco Portela; Júlio Constantino; Américo Silva Centro Hospitalar Tondela-Viseu Doente de 68 anos de idade, sem antecedentes de relevo, com quadro de proctalgia associado a perda de muco pelo ânus e a perda ponderal não quantificada com cerca de um mês de evolução. Realizada colonoscopia que demonstrou lesão subepitelial 3x2 cm no terço inferior do recto. As biopsias da mucosa foram inconclusivas. A ecoendoscopia mostrou lesão com 3,6x4,5 cm, hipoecogénica e homogénea, aparentemente na dependência da camada muscular própria. Efectuada punção da lesão, tendo o resultado anatomopatológico revelado achados compatíveis com o diagnóstico de carcinoma epidermóide. REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 33 Durante o estadiamento com tomografia computadorizada e ressonância magnética pélvica foram detectadas lesões compatíveis com metástases hepáticas e aparente invasão do músculo elevador do ânus à direita. Efectuada biopsia de uma das lesões hepática que confirmou tratar-se de metástase de carcinoma epidermóide. Com este caso pretende demonstrar-se apresentação atípica de neoplasia pouco frequente. P46 LIPOMA DO CÓLON COMO CAUSA DE INTUSSUSCEPÇÃO ILEO-CECO-CÓLICA Paula Sousa; Juliana Pinho; Diana Martins; Joana Machado; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Noel Carrilho; Américo Silva Centro Hospitalar Tondela-Viseu Doente do sexo feminino, 69 anos, sem antecedentes relevantes. Recorreu ao serviço de urgência por episódios recorrentes de dor abdominal generalizada, náuseas e vómitos. Ao exame objetivo apresentava abdómen difusamente doloroso, sem sinais de irritação peritoneal. Radiografia abdominal simples com níveis hidroaéreos no intestino delgado. A doente foi internada para vigilância e estudo. Durante o internamento apresentou quadro oclusivo, pelo que foi realizada colonoscopia urgente que demonstrou lesão mole não circunferencial no ângulo hepático, impedindo a passagem do endoscópio; efectuadas biopsias, que foram inconclusivas. A tomografia computadorizada abdominal colocou a hipótese de invaginação intestinal. Laparotomia exploradora urgente confirmou invaginação ileo-ceco-cólica. Efectuada hemicolectomia direita alargada a cerca de 50 cm de íleon terminal com anastomose primária latero-lateral mecânica. O exame anatomopatológico revelou lipomas submucosos cólicos, sem evidência de lesões malignas. A intussuscepção nos adultos é rara e quase sempre causada por uma lesão orgânica. As lesões benignas que mais frequentemente causam intussuscepção são os lipomas. Na maioria das vezes, os lipomas são lesões assintomáticas; quando sintomáticos causam dificuldades no diagnóstico diferencial pré-operatório entre lesões malignas e benignas. Este caso pretende demonstrar uma causa rara de obstrução intestinal nos adultos, que é por sua vez uma complicação rara de uma patologia benigna. P47 PSORÍASE INDUZIDA PELO INFLIXIMAB NUMA DOENTE COM DOENÇA DE CROHN Ana Maria Oliveira; Catarina Graça Rodrigues; Luís Lourenço; Vera Anapaz; Liliana Santos; Alexandra Martins; Jorge Reis; João Ramos de Deus Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE Introdução: Os agentes anti-TNF alfa são amplamente utilizados no tratamento da doença inflamatória intestinal (DII) e da psoríase, mas o desenvolvimento paradoxal de lesões cutâneas psoriáticas em doentes com DII tratados com estes fármacos tem sido reconhecido de forma crescente. Embora rara, esta complicação pode ser grave e levar à descontinuação da terapêutica. Caso Clínico: Doente de 53 anos, não fumadora, com doença de Crohn (DC) A3L3B3 (classificação de Montreal) diagnosticada em 2002, quando foi submetida a ileo-colectomia direita de urgência por suspeita de perfuração intestinal no contexto de lesão tumoral. O exame anátomo patológico da peça operatória revelou achados morfológicos compatíveis com DC; a doente foi medicada com messalazina. A avaliação endoscópica pós-operatória mostrou atividade da doença no ileon distal e na anastomose ileo-cólica estadio E4 (score de Rutgeerts), iniciando azatioprina. Nos anos seguintes, apresentou alguns episódios de dor abdominal e diarreia, controlados com ciclos de budesonido. Em 2007, verificou-se agravamento significativo destas queixas e perda ponderal, tendo iniciado infliximab (mantendo azatioprina que suspendeu ao fim de 12 meses). Em 2008, o intervalo das tomas de infliximab foi reduzido para 6 semanas. Desde então, encontra-se sem queixas digestivas. Contudo, desenvolveu uma dermatose psoriática atingindo o couro cabeludo, pavilhões auriculares e regiões axilar, inguinal e popliteia, de agravamento progressivo, sem resposta à corticoterapia tópica. Atualmente, a gravidade e extensão das lesões cutâneas requerem a descontinuação desta terapêutica. Conclusão: Descreve-se um caso de psoríase grave associada ao infliximab numa doente com DC. Apresenta-se iconografia detalhada. Discutem-se os algoritmos de abordagem desta complicação. P48 ADENOCARCINOMA DO INTESTINO DELGADO: TUMOR RARO COM APRESENTAÇÃO RARA André Goulart, Ana Franky Carvalho, Pedro Leão, Ricardo Pereira, Mesquita Rodrigues Serviço de Cirurgia Geral, Hospital de BragarnInstituto da Ciência da Vida e da Saúde (ICVS), Escola das Ciências da Saúde, Universidade do Minho, Braga Apesar do intestino delgado ser responsável por 80% do comprimento do tubo digestivo e por 90% da superfície mucosa, apenas 2,4% das neoplasias primárias do tubo digestivo ocorrem nesta localização. A incidência dos tumores malignos do intestino delgado tem aumentado nos últimos anos (22,7/1.000.000 habitantes em 2004). O adenocarcinoma do intestino delgado é a segunda neoplasia maligna mais comum do intestino delgado (7,3/1.000.000 habitantes), logo atrás do tumor carcinoide (9,3/1.000.000 habitantes). A sua localização preferencial ocorre no duodeno (55,7%), sendo rara no jejuno e íleo (15,6% e 13,3%, respetivamente). Os tumores malignos do intestino delgado quase sempre sintomáticos (94%) enquanto que pouco mais de metade (53%) dos tumores benignos apresentam sintomas. Os sintomas mais frequentes do adenocarcinoma do intestino delgado são a dor abdominal (43%), náuseas e vómitos (16%) e anemia (15%). Os autores apresentam o caso clínico de uma doente de 51 34 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 anos com anemia ferropénica refratária a tratamento médico. A investigação diagnóstica inicial com endoscopias digestivas alta e baixa e vídeo-cápsula não identificou a causa da hemorragia. A entero-TC sugeriu a presença de neoformação na transição jejuno-íleo e a enteroscopia com duplo balão identificou a neoformação (biópsia: adenocarcinoma). A doente realizou enterectomia segmentar em Abril de 2013, sem intercorrências cirúrgicas ou no pós-operatório. A anatomia patológica revelou adenocarcinoma bem diferenciado do jejuno, invasão de toda a espessura da parede, ausência de imagens de invasão vascular, ausência de metástases em vinte e quatro gânglios linfáticos isolados do mesentério, bordos cirúrgicos livres de lesões (TMN: pT3G1N0M0R0). A doente encontra-se em vigilância na Consulta Externa de Cirurgia Geral. P49 LINFOMA RECTAL APÓS INFECÇÃO A VÍRUS EPSTEIN BARR: UM CASO SINGULAR Capela, T.; Ribeiro, A.; Carvalho, D.; Silva, M. J.; Russo, P.; Costa, M.; Ramos, J Bettencourt, M. J.; David Marques, A. Hospital de Santo António dos Capuchos, CHLC, EPE Introdução: O Linfoma B associado ao vírus Epstein-Barr (EBV) é uma entidade rara, estando descrito em indivíduos imunodeprimidos. Caso Clínico: Mulher de 89 anos, caucasiana. Em 2010 observada por anorexia e perda ponderal com 6 meses de evolução. Apresentava anemia ferropénica, B2 microglobulina 1,5x o normal, VS de 90mm/h. Fez uma colonoscopia total que revelou úlcera no recto, irregular, friável. O estudo histológico de biópsias rectais descreveu infiltrado inflamatório misto da lâmina própria, úlceras agudas; ausência de displasia. Realizou TC abdomino-pélvica que não revelou alterações e abandonou seguimento clínico. Em Março de 2013: internada por hematoquézias, incontinência fecal e caquexia. A investigação revelou: Hb 9.5g/ dL, B2microglobulina 2x o normal, VIH negativo; exame proctológico e colonoscopia revelaram lesão peri-anal vegetante, friável, aderente aos planos profundos, estendendo-se o canal anal e recto distal. A RNM pélvica- lesão infiltrativa transmural e múltiplas adenopatias peri-rectais; TC torácio: lesões expansivas no parênquima pulmonar. Biopsias cólicas- linfoma B difuso de grandes células (centroblastico, non-GCB). A valiando retrospectivamente as laminas de 2010 verificou-se imunomarcação positiva para EBV. Face ao estadio da doença e à idade da utente opta-se por quimioterapia paliativa. Comentários: A infeção pelo EBV está associada a várias doenças proliferativas benignas e malignas do tecido linfoide designadamente o linfoma B de grandes células. No idoso e imunocompetente, embora conceptualmente plausível, não estão descritos casos, com surgimento deste tipo linfoma associado ao EBV. P50 COLITE POR SALMONELLA: CASO PARADIGMÁTICO DE SOBREPOSIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E ENDOSCÓPICAS COM A COLITE ISQUÉMICA E A DOENÇA INTESTINAL INFLAMATÓRIA Pedro Russo, Diana Carvalho, Mariana Costa, Tiago Capela, Mário Jorge Silva, Jaime Ramos, Joana Saiote Hospital Santo António dos Capuchos Caso Clínico: Mulher de 66 anos com quadro de dejecções pastosas com sangue com 15 dias de evolução, não acompanhadas de outros sintomas. Três semanas antes do início dos sintomas, tinha sido medicada com ibuprofeno e ciprofloxacina por quadro de edema e dor à mobilização da articulação tibiotársica esquerda. Observada no serviço de urgência: o exame físico não revelou alterações; a avaliação laboratorial revelou proteína C reactiva de 24 mg/L, contagem dos leucócitos, ureia e creatinina normais. Em rectosigmoidoscopia, efectuada 7 dias mais tarde observou-se, dos 30 ao 50 cm da margem anal, edema e hiperémia marcados da mucosa com hemorragia espontânea e áreas de ulceração superficial recobertas de exsudado fibrinoso; cólon a montante sem alterações. As coproculturas foram positivas para Salmonella. As biopsias foram compatíveis com colite de etiologia infecciosa. Medicada com ciprofloxacina e messalazina tendo ficado assintomática no 5º dia de tratamento; à 6ª semana, efectuou uma colonoscopia esquerda que revelou apenas discreto apagamento do padrão vascular no recto. Comentários: Este caso traduz o padrão clínico de colite por Salmonella, cuja duração dos sintomas é superior à da gastroenterite e destaca a semelhança endoscópica com outras formas de colite, nomeadamente isquémica. A coprocultura, apoiada pelos achados histológicos de colite aguda, é o único método que permite fazer o seu diagnóstico, importante para evitar tratamentos inapropriados, que podem exacerbar a doença e promover complicações graves. P51 ENDOMETRIOSE INTESTINAL COM OU SEM PROTOSIGMOIDITE ULCEROSA Ângela Rodrigues, F. Castro-Poças, Tarcisio Araújo, José Oliveira, Helder Ferreira, Paula Lago, Cidalina Caetano, Isabel Pedroto Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António Mulher, 48 anos, em 2002, após quadro persistente de alteração dos hábitos intestinais e retorragias foi diagnosticada colite ulcerosa. Medicada com messalazina oral e tópica, com episódios esporádicos de retorragias e actividade endoscópica ligeira/moderada. Em 2011 recorre à urgência por sintomatologia suboclusiva, tendo realizado tomografia computorizada abdominal que revelou massa ao nível do sigmóide. A colonoscopia evidenciou subestenose luminal em relação com lesão de aspecto infiltrativo. Foi submetida a laparatomia e colectomia do REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 35 sigmóide. Avaliação anatomopatológica revelou estruturas glandulares epiteliais de tipo endometrial envolvendo a subserosa, parede muscular e submucosa cólica. A D12 de pós-operatório, necessidade de reintervenção por abdómen agudo, constatando-se deiscência da sutura. Foi submetida a cirurgia de Hartmann e iniciou tratamento hormonal. Cerca de 16 meses depois foi realizada ooforectomia bilateral e reconstrução do trânsito intestinal sem intercorrências. Após a cirurgia, a doente mantém-se assintomática. Colonoscopia aos 6 e 15 meses sem alterações da mucosa. Ressonância magnética com suspeita de lesões endometrióticas residuais no septo retovaginal e parede cólica que não se confirmaram em ecoendoscopia. A endometriose intestinal afecta 3,8% a 37% das mulheres com endometriose e atinge principalmente o reto e o sigmóide. Os focos de endometriose são mais comuns na subserosa e muscular própria, mas podem afectar também a submucosa e lâmina própria conduzindo a alterações que mimetizam outros processos, nomeadamente doença inflamatória intestinal, colite isquémica e neoplasia. Que seja do nosso conhecimento não existe outro caso clínico similar publicado em língua inglesa. Apresentamos iconografia imagiológica, endoscópica e histológica. P52 PROCTOSIGMOIDITE ULCEROSA DISTAL RESILIENTE Luís Carvalho Lourenço, Ana Maria Oliveira, Catarina G. Rodrigues, Leonel Ricardo, Liliana Santos, Sara Alberto, David Horta, Alexandra Martins, Jorge Reis, João de Deus Serviço de Gastrenterologia - Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E. Doente do sexo masculino, 42 anos, caucasiano, ex-fumador, com o diagnóstico de proctosigmoidite ulcerosa desde 2001, E2(envolvimento do reto e sigmoide distal), na sequência de um síndrome febril acompanhado de diarreia de 15 dias de evolução, com boa resposta inicial à terapêutica com antibioterapia (ciprofloxacina e metronidazol, 10 dias) e salicilatos. Esteve medicado com salicilatos (messalazina 800 mg PO 8/8h e enema diário), com necessidade de terapêutica com corticóides nos episódios de agudização da doença (ciclos de corticoterapia em 2002, 2003 e 2004), com subsequente remissão clínica e endoscópica. Manteve remissão sob salicilatos desde o final de 2004 até ao início de 2007, altura em que se assiste a novo episódio de diarreia sanguinlolenta (>3 dejeções/dia) e dor abdominal. É re-instituída corticoterapia e inicia terapêutica com azatioprina (aumento progressivo de dose até 2,7 mg/kg/dia 200 mg), com boa resposta (remissão clínica e endoscópica). Suspende-se prednisolona em Setembro de 2009, mantendo remissão clínica e endoscópica sob salicilatos e azatioprina até ao final de 2011, altura em que se assiste a recidiva da doença. Após novo ciclo de corticoterapia, inicia terapêutica biológica com adalimumab (quinzenalmente) em Março de 2012 com boa resposta. Mantém remissão até Dezembro de 2012, constatando-se recidiva clínica (dor abdominal e diarreia sanguinolenta, 3-4 dejeções/dia), com necessidade de terapêutica com corticóides. Decide-se encurtar o intervalo de administração de adalimumab (semanalmente), mantendo terapêutica com salicilatos e azatioprina na dose previamente instituída, encontrando-se actualmente em remissão clínica e endoscópica. Os autores reportam este caso pela dificuldade no controlo da doença. Pretende-se fomentar a discussão de alternativas aos biológicos mais utilizados e alertar para a necessidade de novas soluções para os doentes refratários à terapêutica da colite ulcerosa. P53 DOENÇA DE CROHN COM ENVOLVIMENTO PERIANAL GRAVE - UM DESAFIO MEDICO-CIRÚRGICO Diogo Branquinho, Pedro Amaro, Sara Campos, Paulo Freire, Francisco Portela, Carlos Sofia Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Os autores descrevem o caso e respectiva iconografia de um doente do sexo masculino, de 22 anos, com diagnóstico de D. Crohn desde Junho de 2012, com envolvimento estenosante do cólon e fistula perianal complexa ab initio (Montreal: A2L2B2p). Sem outros antecedentes pessoais relevantes. Não fumador e sem intervenções cirúrgicas prévias. Medicado cronicamente com Messalazina 3g e Azatioprina 150mg (2,5mg/kg). Em Setembro de 2013, apresentou agravamento clínico, com predomínio das queixas perianais dor intensa e incontinência fecal. Refira-se também o surgimento de lesões cutâneas compatíveis com eritema nodoso. Analiticamente, destacava-se anemia (Hb 10,9 g/dL) e elevação dos marcadores inflamatórios (PCR 10,5 mg/dL). Foi iniciada antibioterapia com ciprofloxacina, sem qualquer melhoria. Fez-se o estudo para início de terapêutica biológica para a qual se aguarda aprovação. Paralelamente, foi decidido levar o doente ao bloco operatório para que, sob anestesia, se pudesse avaliar melhor a região perianal. Tendo em conta a gravidade do quadro, foi proposta intervenção cirúrgica durante o internamento fistulotomia com enterostomia lateral de protecção. Apesar de ter havido alguma melhoria com esta intervenção, mantém-se a dúvida quanto à possibilidade e timing ideal para a reconstituição do trânsito. Na era dos biológicos, o risco de um estoma permanente para um doente com D. Crohn perianal diminuiu substancialmente. Mas mesmo tendo em conta o sucesso descrito da terapêutica biológica nestes casos, suscita-se a questão da integridade e competência do esfíncter anal. Aguarda-se neste caso que o início desses agentes possa permitir a reconstituição do trânsito e, posteriormente, a resolução da incontinência. 36 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 P54 UMA ETIOLOGIA RARA DE PÓLIPO ANO-RETAL Luís Elvas¹, Daniel Brito¹, Rita Carvalho¹, Miguel Areia¹, Sandra Saraiva¹, Susana Alves¹, Carlos Abrantes², José Paulo Magalhães², Paulo Figueiredo², Ana Teresa Cadime¹ Serviço de Gastrenterologia do IPOCFG, EPE Serviço de Anatomia Patológica do IPOCFG, EPE 1 2 Apresenta-se o caso de uma doente de 39 anos, previamente saudável, submetida a retossigmoidoscopia por queixas persistentes de desconforto anal. Na transição ano-retal identificou-se uma formação polipoide séssil, de localização aparentemente subepitelial, com erosão da mucosa e cerca de 10mm. As biopsias efetuadas revelaram infiltrado inflamatório, sem características específicas. Na ecoendoscopia retal visualizou-se um nódulo hipoecogénico, bem delimitado, com aparentes calcificações internas, na dependência das camadas mais superficiais parede (mucosa profunda / submucosa). Não foram identificadas adenopatias peri-retais. A lesão foi posteriormente submetida a polipectomia com ansa diatérmica, após injeção prévia de adrenalina diluída na submucosa, tendo sido aparentemente totalmente excisada num único fragmento. O estudo histológico revelou tratar-se de um pólipo linfoide benigno, caracterizado por proliferação linfoide na lâmina própria e submucosa sob a forma de folículos, cujos centros germinativos, sem expressão de Bcl-2, contêm linfócitos B com morfologia e imunofenotipo do centro germinativo, macrófagos e células foliculares dendríticas. Sem evidência de lesões linfoepiteliais. Os pólipos linfoides benignos colo-retais são raros, nomeadamente na população adulta, e encontram-se, na sua maioria, próximo da junção ano-retal. São frequentemente assintomáticos e, ainda que não tenham aparente potencial maligno, devem ser excisados para poder ser efetuado o estudo histológico e permitir excluir o diagnóstico de lesão maligna. P55 ÚLCERA RÁDICA DO RETO – UM CASO DE SUCESSO Luís Elvas, Sandra Saraiva, Daniel Brito, Rita Carvalho, Miguel Areia, Susana Alves, Ana Teresa Cadime ¹Serviço de Gastrenterologia do IPOCFG, EPE Apresenta-se o caso de uma doente 60 anos, com antecedentes de Adenocarcinoma bem diferenciado do endométrio pT2 N1 M0 (Estadio IIIc), submetida a intervenção cirúrgica, seguida de braquiterapia endo-vaginal e radioterapia externa adjuvantes. Seis meses após a última sessão de radioterapia externa apresenta o primeiro episódio de retorragias, pelo que foi submetida a colonoscopia total que revelou a presença de uma lesão ulcerada de fundo branco, no reto distal, com bordos elevados e telangiectasias, compatível com proctite rádica. Iniciou terapêutica com supositório de 5-ASA 1000mg numa administração diária e foi submetida a terapêutica endoscó- pica com árgon plasma. Ao fim de um mês verificou-se uma melhoria da sintomatologia mas um ligeiro agravamento do aspeto endoscópico da úlcera, sendo visível um aumento da sua profundidade, pelo que se medicou a doente com enemas de sucralfato e com supositório de 5-ASA 1000mg, ambos em duas administrações diárias. Após cinco meses de terapêutica, a vigilância endoscópica mensal permitiu constatar uma evolução favorável da lesão, sendo atualmente apenas visível uma pequena região cicatricial a 2cm da margem anal, com escassas telangiectasias circundantes. Os enemas de sucralfato estão indicados no tratamento das lesões retais secundárias à radioterapia. No entanto, a sua eficácia ainda não está hoje bem comprovada. Com a apresentação deste caso clínico pretende-se demonstrar o seu potencial benefício nestas lesões salientando, contudo, a necessidade de realização de mais estudos a respeito da terapêutica desta patologia. P56 RESULTADOS ONCOLÓGICOS APÓS REMOÇÃO ENDOSCÓPICA DE PÓLIPOS MALIGNOS COLO-RETAIS Bruno Gonçalves, Vasco Fontainhas, Ana Caetano, Aníbal Ferreira, Pedro Bastos, Carla Rolanda, Raquel Gonçalves Hospital de Braga Introdução: O pólipo maligno, definido como adenocarcinoma invasor da submucosa, é a forma clínica mais precoce do cancro colo-rectal. Nestes casos pode ser necessária cirurgia adicional após a sua remoção endoscópica. Objetivos: Propusemo-nos avaliar a prática do nosso serviço, analisando o estadiamento oncológico loco-regional, visando identificar indicadores de risco e aspetos da prática clínica a melhorar. Métodos: Estudo retrospetivo em 63 pacientes com pólipos malignos ressecados endoscopicamente entre 2007 e 2012. Avaliaram-se as características clínico-patológicas das lesões e correlacionaram-se com doença residual (DR), definida como presença de adenocarcinoma na parede intestinal ou gânglios ressecados. Resultados: 31 doentes foram operados enquanto 29 prosseguiram em vigilância clínica. Confirmou-se doença residual em 15 (48,4%) doentes: 8 (53,3%) na parede, 5 (33%) metástases ganglionares e 2 (13,3%) com ambas. Não se detectou nenhuma recorrência no grupo em vigilância. As características das lesões que se associaram a DR foram a configuração séssil (p=0.03), o grau de diferenciação G3 (p=0.01) e o estado de margens interceptadas/indeterminadas (p=0.01). A presença de pelo menos um fator de risco associou-se a DR (p=0.008). Vinte e dois doentes foram operados por avaliação histológica inadequada, sendo que 50% apresentavam doença residual. Nove doentes sofreram complicações pós-operatórias, nomeadamente deiscência anastomótica que se associou à ressecção anterior do recto (p=0,03). REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 37 Conclusões: A cirurgia deve ser equacionada na presença de características clínico-patológicas de risco para doença residual, podendo-se optar por vigilância nas situações de baixo risco. É necessária uma melhoria técnica na ressecção endoscópica e avaliação histopatológica a fim de reduzir intervenções desnecessárias. P57 NERVO PUDENDO: DISSECAÇÀO NO CADÁVER Jose Enrique Casal, Alberto de San Ildefonso, María Teresa García, Maria Angeles Toscano, Lucinda Perez, Nieves Cáceres Unidad Coloproctologia. Complejo Hospitalario Universitario de Vigo. España Introdução: O nervo pudendo (NP) é um nervo mixto, sensitivo e motor, que procede do plexo sacral. O objetivo deste estudo é investigar a anatomia do NP e as suas variações possiveis. Material e Método: Dissecção em decúbito ventral e por via transglútea para identificar a origem, terminação e as variações anatómicas de 16 nervos pudendos em 11 cadáveres humanos adultos em formol. Resultados: Em 75% das dissecções o NP originava-se em S2-S3-S4, em S3-S4 um 19% e em S4 um 6%. Em 81% dos casos os ramos terminais emergiam do canal do pudendo, em 13% o nervo retal inferior surgiu do NP ao nivel do ligamento sacro espinhoso, e em 6% originava-se em S4 e era independente do NP. Conclusões: O nervio pudendo origina-se mais frequentemente nas raízes S2-S3-S4. Devido à relação anatómica do NP com o ligamento sacro espinhoso pensamos que a via transglútea permite uma abordagem excelente e pode minimizar as lesões iatrogénicas pelas possiveis variações anatómicas do NRI. Casos clínicos: Descrevem-se três casos clínicos de doentes com patologia anorectal, submetidos a US endoanal com reconstrução tridimensional, procurando demonstrar, através do recurso a casos clínicos paradigmáticos (fístula anal, abcesso perianal e neoplasia rectal) a aplicação da USE tridimensional no estudo da região ano-rectal. Conclusão: A US endoluminal é um exame pouco dispendioso, amplamente disponível e de fácil execução que permite um varrimento completo do recto e canal anal, e o fornecimento de informações importantes para uma compreensão detalhada desta região anatómica, bem como a correcta identificação de estruturas/camadas com interfaces/ limites pouco precisos e que dificilmente se distinguem das estruturas vizinhas com técnicas convencionais. Pretende-se através do recurso a iconografia detalhada contribuir para a demonstração da importância das novas técnicas ecográficas e as suas aplicações no estudo do recto e canal anal. P58 CONTRIBUIÇÃO DA ULTRA-SONOGRAFIA TRIDIMENSIONAL NO ESTUDO DO CANAL ANAL E RECTO Antonieta Santos; Cátia Leitão; Eduardo Pereira; Ana Caldeira; Bruno Pereira; Rui Sousa; José Tristan; António Banhudo Hospital Amato Luisitano, Castelo Branco Introdução: A ultra-sonografia (US) endoluminal constitui uma ferramenta diagnóstica bem estabelecida na patologia gastrointestinal , permitindo a obtenção de imagens pormenorizadas da parede do tubo digestivo e espaço peri-digestivo imediato. O contínuo desenvolvimento das sondas de US endoanal, e muito recentemente a possibilidade de reconstrução tridimensional, veio permitir a obtenção de imagens ultra-sonográficas de elevada resolução, o que torna possível melhorar a identificação e caracterização de alterações estruturais decorrentes de lesões traumáticas, inflamatórias ou miopáticas, bem como fornecer a possibilidade de investigar situações consideradas funcionais. A US tridimensional representa um suplemento válido à ecoendoscopia convencional, fornecendo uma observação prática e intuitiva de diferentes interfaces e novas possibilidades de medição e resolução espacial. 38 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013